Estábulo de São Paulo - Outubro 14

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Ano 02

São Paulo - Outubro de 2014

Número 09

Dias de luta Depto de Política do CAMRN

Após 118 dias de uma batalha histórica e inesquecível, a mais importante greve da Universidade de São Paulo chegou ao Pesquisa com docentes fim e, o mais importante, não teve arrego! p. 02 A greve provou, mais uma vez, a importância da união como instrumento de luta e como maneira de fazer recuar os GEAS p. 06 privilégios de quem faz do poder o palco dos interesses políticos corruptos. Por um lado, embora a maioria da comunidade AGENDA p. 08 acadêmica tenha achado legítima e justa as reivindicações e apoiado no discurso a mobilização, não houve uma real participação na construção do movimento. Por outro lado, é importante valorizar e reconhecer a força e a determinação dos poucos que lutaram pela Universidade Pública e pelo ensino público, destacando-se, principalmente, os funcionários. Um fato interessante a se ressaltar é que, embora o pedido do aumento do repasse do ICMS para as Universidades Estaduais Paulistas tenha sido uma pauta existente desde o começo, precisaram de mais de 100 dias de greve para o CRUESP(Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) “perceber” que o desenvolvimento das Universidades nos últimos anos não foi acompanhado pelo aumento das verbas estaduais e, assim, resolver solicitar a revisão dos cálculos do repasse à ALESP e à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, o que indica uma inversão de prioridades na administração e nas estruturas de poder da USP. Não há dúvida de que o desfecho da greve pode ser considerado uma batalha vencida contra o aparelho truculento e privatista que já destruiu o ensino público básico e médio, e que transforma os direitos sociais, como Educação, em mercadoria, e que, agora, quer destruir o ensino público superior também, tornando-o mais restrito ainda. Uma batalha foi vencida, mas a guerra continua, pois o repasse do ICMS não foi aumentado, o corte de verba das unidades e das bolsas também está mantido, o projeto de entrega dos Hospitais se mantém e o Plano de Demissão de Voluntária está aprovado, ou seja, o desmanche da USP está sendo posto em prática e, não podendo ser diferente, a luta contra esse projeto também.

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Pesquisa de opinião do corpo docente sobre a crise política e econômica na USP Nós, membros do Centro Acadêmico Moacyr Rossi Nilsson, acreditamos na importância do diálogo e transparência entre todos os membros que compõem a universidade. Acreditamos que o bem estar profissional e social entre estudantes, professores e funcionários é fundamental para o sucesso de todas as atividades que acontecem dentro da USP. A greve de 2014 foi a maior da história de nossa universidade. Foram 116 dias de luta contra as medidas autoritárias de nossos governantes e em prol do ensino público de qualidade. Houve participação de todos os setores (alunos, funcionários e professores) em diferentes faculdades. Na FMVZ, porém, o clima aparentava não estar em sintonia com o que se passava em grande parte da Universidade, uma vez que em toda a greve a FMVZ não parou suas atividades acadêmicas, com exceção do VPS, que realizou paralisação das aulas de graduação por um período. Para conhecer a opinião dos estudantes e decidir se aderiríamos ou não ao movimento, o Centro Acadêmico realizou assembleias, e as votações resultaram por fazer “paralisações pontuais”. Apesar de não termos aderido efetivamente ao movimento grevista, notou-se nas assembleias o interesse dos alunos em saber o que se passava e em dar sua opinião. Esse interesse dos alunos indica um crescimento de participação política na Veterinária. Sabíamos, então, a posição dos alunos, porém desconhecíamos a de nossos docentes. Foram realizadas quatro assembleias entre os docentes, e nós comparecemos a todas. Entretanto, como o número de presentes eram sempre entre quatro e dez professores, continuamos sem conhecer a posição da maioria. Por acreditar na real necessidade de conhecer o posicionamento do corpo docente, bem como tentar estabelecer um diálogo mais aberto acerca de questões pertinentes à universidade como um todo, os membros do Departamento de Política elaboraram um questionário para ser aplicado, pessoalmente, ao máximo de professores possível. Abordamos os docentes em suas salas ou nos corredores de nossa faculdade e, mesmo em momentos que poderiam ser impróprios, fomos sempre muito bem recebidos por nossos professores. Desfrutamos de conversas produtivas e muito interessantes, e gostaríamos de agradecer a todos que se dispuseram a conversar e se abriram ao diálogo, muitas vezes de maneira muito amistosa e sempre nos motivando a prosseguir em nossos objetivos de fomentar o debate político e cultural na faculdade. O nosso sincero agradecimento a vocês. É importante ressaltar que disponibilizamos o questionário para toda a grade docente por email, para que aqueles que não foram abordados pessoalmente pudessem responder e enviar sua opinião. Além dos entrevistados, outros quatro professores nos responderam via email. As respostas dos questionários foram organizadas em gráficos, e, a partir deles, podemos observar que a maioria de nossos professores acreditava na legitimidade da greve e era contra as medidas autoritárias que a reitoria tomou para “solucionar” a crise, como

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reajuste de 0%, Plano de Demissão Voluntária, desvinculação dos hospitais, entre outros, e a maioria se mostrou contra o corte de ponto. Além de responder os questionários, muitos professores ainda acrescentaram comentários. Foram levantadas questões como, por exemplo, a necessidade de o movimento grevista abranger outras reivindicações além do reajuste salarial, e como as medidas adotadas pela reitoria podem minimizar a crise em um primeiro momento, mas outras como o Plano de Demissão Voluntária são prejudiciais. Houve também o questionamento por parte de alguns professores acerca da falta de metas e reivindicações próprias da FMVZ dentro do contexto da crise. Além disso, professores entrevistados ressaltaram a necessidade de utilizar novas formas de abordagem perante a reitoria, que não só o movimento grevista. Também recebemos algumas críticas (muito bem vindas!) sobre a estrutura do questionário. Alguns professores acharam nossa abordagem algumas vezes fragmentária, tendenciosa e repetitiva e também sugeriram a confecção de um questionário mais abrangente e com mais opções de respostas para as próximas pesquisas. Reconhecemos que o questionário aplicado não abrangia essa questão da melhor forma e continha alguns erros, porém vale lembrar que o mesmo foi feito dentro do contexto urgente da greve, e é um primeiro passo para retomarmos o contato entre alunos e professores e a abertura de diálogo na comunidade da FMVZ. Visamos melhorar a qualidade de nossas atividades e estamos abertos a sugestões. A pesquisa foi feita para vocês. Montamos gráficos que mostram as respostas por departamento para divulgar os resultados para toda a comunidade da FMVZ. Ao final, a lista dos docentes que participaram da pesquisa. Depto de Política do CAMRN

Resultado da pesquisa feita pelo CAMRN Opinião do corpo docente sobre a crise, a greve e as medidas da reitoria. 1) Qual o nível de informação o(a) senhor(a) considera ter sobre a situação política e econômica da USP, as pautas da greve e as medidas do Reitor Zago em sua gestão? 14 12 PESSIMO

10

RUIM

8

MÉDIO

6

BOM

4

ÓTIMO

2 0 VPT

VPS

VCM

VCI

3

VRA

TOTAL


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2) O(a) senhor(a) é a favor da greve realizada por funcionários e professores da USP? 12 10 8 SIM 6

NÃO

4

NÃO RESPONDERAM

2 0 VPT

VPS

VCM

VCI

VRA

TOTAL

3) Quanto à legitimidade das reivindicações dos grevistas, qual o posicionamento do(a) senhor(a)? 18 16 14 12 HÁ LEGITIMIDADE

10 8

NÃO HÁ LEGITIMIDADE

6

NÃO RESPONDERAM

4 2 0 VPT

VPS

VCM

VCI

VRA TOTAL

4) Quanto às medidas tomadas pela Reitoria, o(a) senhor(a) acha que são efetivas para resolução da crise enfrentada? 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0

SIM NÃO NÃO RESPONDERAM

VPT

VPS

VCM

VCI

VRA

4

TOTAL


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5) O(a) senhor(a) é a favor do corte de ponto no salário dos funcionários da FMVZ? 16 14 12 10

SIM

8

NÃO

6

NÃO RESPONDERAM

4 2 0 VPT

VPS

VCM

VCI

VRA

TOTAL

6) Qual o nível de informação e participação do corpo docente da FMVZ em relação a assuntos de interesse geral da Universidade e da comunidade acadêmica? 10 PÉSSIMO

8

RUIM

6

MÉDIO

4

BOM

2

ÓTIMO NÃO RESPONDERAM

0 VPT

VPS

VCM

VCI

VRA

TOTAL

Professores que participaram da pesquisa: VCI Antônio Assis Neto Jose Roberto Kfoury Junior Luis Claudio L. C. Silva Maria Angélica Miglino Stefano Carlo F. Hagen

VCM Fernando Jose Benesi Lilian Gregory Marcia Mery Kogika Maria Claudia A. Sucupira Maria Helena M. A. Larsson

VPS Evelise Oliveira Telles Fabio Gregori Fernando Ferreira Paulo Eduardo Brandão

VPT Bruno Cogliati Cristina de O. Massoco Sales Gomes Eliana R. Matushima Frederico Pinto Luciano F. Felicio

VRA Claudia Barbosa Fernandes

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Grupo de estudos de animais selvagens (Geas)

O que são animais silvestres? Os termos aplicados aos animais, "selvagem" ou "doméstico" e "silvestre" ou "exótico", frequentemente são usados de maneira incorreta pelo leigo. Geralmente exótico é aplicado a animais de cores e formas bizarras; doméstico é o mesmo que manso; e selvagem e silvestre são usados indistintamente, como sinônimos. (...) Algumas definições do dicionário talvez ajudem a desfazer o "imbróglio": Animal doméstico: "Diz-se do animal criado pelo homem a fim de lhe servir no trabalho ou fornecer-lhe seus produtos: lã, leite, ovos etc." Para ser considerado doméstico, um animal deve ser criado pelo homem para uma certa finalidade, o que implica em que sua reprodução e genética são controladas. Ao longo de muitas gerações, a aptidão do animal foi reforçada, melhorada e, muitas vezes, totalmente modificada por meio de cruzamentos seletivos. O processo de domesticação de uma espécie demora décadas ou séculos, exigindo trabalho meticuloso de seleção artificial, muito frequentemente, levando à extinção da espécie em seu estado selvagem, como ocorreu com o cão, o boi e o cavalo, por exemplo. Considere-se o caso do cão (Canis familiaris): existem mais de 305 raças caninas reconhecidas internacionalmente, além de muitas outras raças regionais, aceitas apenas em seus países. Cada uma dessas raças tem padrões morfológicos, anatômicos e comportamentais bem definidos e os cruzamentos devem ser feitos de maneira controlada, com registro dos ascendentes até a terceira ou quarta geração, a fim de garantir a pureza da raça. Este é um animal doméstico típico. Aquele leãozinho que foi adotado por um circo ou por uma família humana habitou-se a conviver com o homem, tornando-se relativamente dócil. Mas a espécie leão (Panthera leo) continua a ser selvagem. Animal selvagem: "Que não está domesticado; bravo." Esta definição confunde novamente as coisas, pois mistura domesticação com docilidade. Proponho separar esse verbete em dois: Animal selvagem é aquele que ainda habita seus ecossistemas de origem, constituindo populações sujeitas à seleção natural, cuja reprodução e genética não foram controlados pelo homem. Animal feroz ou (bravo) é aquele cujo comportamento é agressivo e oferece perigo ao homem. Animais domésticos abandonados pelo homem ou que fugiram do cativeiro podem retornar ao estado selvagem, reproduzindo-se livremente e voltando a ser selecionados pelo meio. Nesse caso, são chamados de animais ferais. Por exemplo, isso ocorreu com o mustang ou cavalo norte-americano (os próprios norte-

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americanos o denominam de The american feral horse); com odingo australiano, descendente do cão levado pelos primeiros aborígenes; e com o porco-monteiro (porco feral brasileiro), temido no interior do Mato Grosso e Estados do Sul pela sua ferocidade. No Brasil existem ainda cavalos, bois e até búfalos ferais, no Pantanal e na Ilha de Marajó. Silvestre: "adj. m.+f. (lat. silvestre) 1. Da selva ou mato selvático. 2. Que cresce ou nasce, ou dá flores ou frutos, sem cultivo: Plantas silvestres; figueira silvestre. 3 Que se criou ou nasceu sem cultivo, no meio das selvas ou plantas. 4 Que se desenvolve nos bosques ou florestas. 5 Que não dá frutos; bravio, inculto, agreste." Exótico: "adj. (gr. exotikós) 1. Diz-se do animal ou da planta que não é natural do país onde vive. 2. Procedente de país estranho. 3. De mau gosto. 4. Desajeitado. 5. Esquisito, extravagante." Essas definições não esclarecem a diferença entre selvagem e silvestre, mas já eliminam o uso da palavra exótico para animais da fauna brasileira. Afirmar que "as matas brasileiras são habitadas por centenas de tucanos, papagaios e outros pássaros exóticos", só tem sentido se dito por um norte-americano ou europeu, tomando como referência seu próprio país; são comuns os textos traduzidos que fazem tais afirmações. Se tomarmos o Brasil como referência, tucanos e papagaios não são exóticos, mas, silvestres. Esta é a interpretação da legislação, que deve ser adotada tecnicamente. O que diz a lei A Lei 9.605/98, conhecida como nova lei de Crimes Ambientais, em seu Artigo 29, Parágrafo 3º, define animais silvestres com clareza:"são espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras". Portanto, as oposições selvagem x doméstico e silvestre x exótico não são excludentes, podendo existir quatro combinações, como nos exemplos abaixo:  O leão é um animal selvagem e exótico, originado da África;  O cão é um animal doméstico e exótico, originário do lobo eurasiano e introduzido no Brasil, após o Descobrimento;  A anta é um animal selvagem e silvestre, pois sua distribuição geográfica original inclui a maior parte do território brasileiro;  O pato (Cairina moschata) é uma ave doméstica e silvestre, pois os portugueses já o encontraram sendo criado pelos índios e o levaram para a Europa; é um dos raros silvestres domesticados, até o momento. Uma última ressalva é quanto às raças de animais domésticos desenvolvidas no Brasil - o fila brasileiro, o mangalarga, o gado caracu, entre outros, são raças brasileiras, porém, as respectivas espécies biológicas a que pertencem (cão, cavalo e boi) continuam sendo exóticas, pois não faziam parte da fauna brasileira original. Por Armando José Capeletto Fonte: http://www.bioclima.info/silvestr01.php

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AGENDA Evento

Tipo

Data

Local

Informações

Pet South America

Pequenos Animais

28 a 30 de outubro

São Paulo SP

www.petsa.com.br

Congresso Paulista de Especialistas

Pequenos animais

28 a 30 de outubro

São Paulo SP

www.petsa.com.br

Medicina Veterinária do Coletivo

07 e 08 de Novembro

Belo Horizonte - MG

www.itecbr.org

O uso dos ácidos graxos na clínica dermatológica

Pequenos Animais

13 de Novembro

CCZ-SP

www.amvzn.com.br

Simpósio Internacional de Diagnóstico por Imagem Veterinário

Diagnóstico por Imagem

22 e 23 de Novembro

Belo Horizonte - MG

www.sindiv2014.com.br

Pequenos animais

27 a 30 de novembro

Recife – PE

www.feirapernor.com.br/index.php /conevepa

Animais aquáticos

27 a 30 de novembro

Recife – PE

www.feirapernor.com.br/index.php /simeveca

Conferência Internacional de Medicina Veterinária do Coletivo

CONEVEPA

SIMEVECA

Dica de fonte para mais eventos: http://www.vetagenda.com.br/index.php?page=7

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