O dia dos bárbaros -- Alessandro Barbero

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Conhecido por seus trabalhos na área de história militar, é autor, entre outras obras, de Medioevo. Storia di voci, racconto di immagini (com Chiara Frugoni, 1999), Il ducato di Savoia (2002), Carlo Magno. Un padre dell’Europa (2004), Dizionario del Medioevo (com Chiara Frugoni, 2005), e La battaglia. Storia di Waterloo (2005). Em 2005, recebe do governo fran­ cês o título de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras. Além de historiador e ensaísta, Barbero fez carreira como roman­cista. Merece destaque seu Bella vita e guerre altrui di Mr. Pyle gentiluomo, de 1995, o primeiro de seus romances (Prêmio Strega, 1996, traduzido em sete idiomas).

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Bárbaros O Dia dos

9 de Agosto de 378

tinha que começar a cair.

Naquele começo de tarde de 9 de agosto, sob um sol quase a pino, os destacamentos estavam reunidos em perfeita ordem, em torno de seus estandartes em forma de dragão. Aos gritos de provocação dos bárbaros, respondiam com o bramido profundo do barritus, batendo ritmicamente com as lanças contra os escudos, com um estrondo sombrio e ameaçador que se espalhava por toda a planície.

Tradução de Maria Cecilia Casini

Alessandro Barbero

Alessandro Barbero, nascido em Turim em 1959, ensina história medieval na Universidade do Piemonte Oriental, na cidade de Vercelli.

Um belo dia o Império Romano

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Para o fatídico 9 de agosto caminhavam os misterio­ sos destinos dos dois líderes que protagonizaram a batalha: de um lado, Fritigerno, rei godo que após suas vitórias sobre os romanos teria entrado na es­ fera de influência do imperador Teodósio e talvez assumido posição de comando dentro do próprio Império do Oriente. De outro, o imperador Valente, cujo paradeiro após a contenda permaneceu desco­ nhecido para sempre. Os erros estratégicos que ante­ cederam esse evento, motivados por imperícia ou vaidade, são minuciosamente destrinchados, pos­sibilitando que o revés exemplar do ano de 378 nos conduza a uma visão da derrocada do Império Romano diversa daquela a que estamos acostu­ mados.

Não podia ser para sempre.

ISBN 978-85-7448-184-5

no século IV e coloca no centro de sua análise o grande embate de Adrianópolis, quando os godos e seus aliados, insatisfeitos com o não cumprimento dos compromissos acertados, dizimaram as legiões romanas e expuseram, entre outras deficiências, a fragilidade da infantaria frente a cavalarias bem treinadas.

Alessandro Barbero

O Dia dos

9 de Agosto de 378

Bárbaros

Adrianópolis. Uma cidade no centro da Trácia. Para alguns historiadores, o ponto culminante da ruptura do Império Romano. Embora não tão céle­ bre quanto eventos como Waterloo ou Estalingrado, a batalha de Adrianópolis (atual Edirne, na parte euro­peia da Turquia), naquela tarde de verão de 9 de agosto de 378, teve importância crucial no longo processo de esfacelamento do poderio romano, e portanto no curso da História: ali os “bárbaros”, pela primeira vez, vislumbraram a possibilidade de impor uma vitória contundente sobre as legiões ro­ manas. Sem perder de vista a importância desse combate, Alessandro Barbero traz em sua análise o contexto e os antecedentes daquela data crucial. Muito an­ tes da batalha de Adrianópolis, godos, gauleses, borgúndios e outros povos já coabitavam na vasta extensão do império. “É preciso resistir à tentação de considerar as fronteiras do império como uma barreira intransponível, e os romanos como um povo sob cerco, obcecado pela ideia de não dei­ xar entrar ninguém em seu território.” Seja como mão-de-obra livre ou escrava na lavoura, seja en­ grossando as fileiras do exército, havia muitos mi­ lhares de bárbaros sob a tutela de Roma antes da grande entrada de refugiados godos no ano de 376 — admitidos sob promessas de proteção e alimen­ tação, com a perspectiva de se obter com eles um bom contingente de trabalhadores. O Império Romano assistia havia tempos a uma crise administrativa, mais acentuadamente em sua matriz Ocidental. O refreamento da expansão territorial, a falta de trabalhadores e as disputas internas mina­ vam a solidez de sua estrutura. O autor reúne ele­ mentos para a compreensão dessa ruptura ocorrida

NATANAEL

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16/6/2010 15:47:33


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