CORRA, ADRIANA, CORRA!

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corra, ADRIANA, corra!

Adriana Pavan Feitsma começou a correr há 13 anos. E descobriu uma força que nem imaginava que tinha

Fotos Guto Gonçalves Texto Yara Achôa

E13



“Assim como nas corridas, as maiores batalhas da vida são travadas na solidão. E na vida, assim como nas corridas, o mais importante é o ato de participar, ainda que a ilusão da vitória nos dê forças para continuar lutando” Emil Zatopek


©Copyright 2013 by Yara Achôa e Guto Gonçalves

Realização

São Paulo - SP www.estudio13.com.br


APRESENTAÇÃO Ela gosta de cores, não poupa sorrisos e está sempre em movimento. Obstáculos, tira de letra! Para Adriana Pavan Feitsma, a vida e a corrida são uma festa! Yara Achôa e Guto Gonçalves


corra,

Adriana,

corra!


EM UM MOMENTO DE TRISTEZA NA VIDA, A CORRIDA CHEGOU PARA TRAZER ALENTO. Há 13 anos, Adriana Pavan Feitsma passava por uma fase delicada, dedicando-se aos cuidados com a saúde do ex-marido. Mas, por mais que estivesse exausta, não conseguia dormir bem. E então procurou um médico, em busca de uma solução prática para seu problema. “Pedi algo que me fizesse apagar e descansar. Ele receitou a corrida”, conta. Com a sugestão martelando em sua cabeça, Adriana aceitou o convite de uma grande amiga que já corria para participar de uma prova. “Nessa época eu nadava, mas nunca tinha corrido. Era uma prova de 10K, com percurso de duas voltas de 5K. Considerei fazer pelo menos a metade. E assim foi: fôlego eu tinha, mas parei porque senti as pernas pesadas”. Cansada e feliz, ela achou que a solução dos seus problemas estava ali. “Fiquei impressionada também com a disposição das pessoas. Todo mundo era muito legal. Sai disposta a iniciar os treinos com uma equipe”.

ADRIANA ENTROU PARA UM GRUPO DE CORRIDA. Mas confessa que na época não conseguia ser muito aplicada. “Com os problemas em casa, eu só ia quando dava”. Mesmo assim, fez muitas amizades e participou de várias provas, como a Volta à Ilha, em Florianópolis.


Maratona de Paris Já viúva, se dedicando apenas aos dois filhos pequenos, DECIDIU FAZER ALGO PARA ELA: CORRER UMA MARATONA. Escolheu a de Paris. Mas quando comunicou ao treinador sua vontade, ele a desanimou. “Ele falou que do jeito que eu treinava, não iria conseguir nunca correr uma maratona. Fiquei muito triste com essa reação”. Adriana resolveu, então, procurar outro técnico.

“Fui conversar com o Marcos Paulo Reis. Falei que queria correr uma maratona e o tempo que eu ia fazer na prova era problema meu. Só queria planilhas e orientações”. O treinador a acolheu e a amizade e o treinamento duram até hoje. Motivada e preparada, partiu para a Maratona de Paris em 2005. “Meu ex-cunhado, que mora na Alemanha, também foi e disse que correria a meu lado, para eu não me sentir sozinha”.

Partiram. Ela seguiu direitinho as orientações do treinador: tinha hora para tomar o gel, hora para tomar água e até um comprimido contra dor. “Meu cunhado debochou e disse que só precisava beber água. Eu estava indo bem e quando o Marcos Paulo me viu no quilômetro 21, falou: ‘larga esse traste’, referindo-se ao meu cunhado”, lembra Adriana, rindo. Ela abandonou o acompanhante e seguiu adiante, firme e forte!


NO QUILÔMETRO 30 ENCONTROU UM AMIGO E FOI COM ELE ATÉ O FINAL, FECHANDO A MARATONA EM 4H17M09S. “Lembro do Marcos Paulo na chegada gritando: você conseguiu!”. E o cunhado? “Terminou andando, com 5h40 de prova”, diverte-se. O resultado da estreia era motivo de orgulho. Mas alguém lhe disse que um “maratonista de verdade” deveria fazer 42K abaixo de quatro horas. E isso ficou em sua cabeça.


Cruce de Los Andes


Enquanto o diabinho da maratona sub-4 mexia com suas ideias, em 2007 outro desafio apareceu em seu caminho: o CRUCE DE LOS ANDES, CORRIDA DE MONTANHA DE 100 QUILÔMETROS, percorridos em três dias, pela Cordilheira dos Andes (da Argentina ao Chile). “Surgiu a oportunidade de fazer dupla com uma amiga. E decidi treinar de verdade, com ajuda também de nutricionista, musculação, tudo o que tinha direito. Cheguei para a prova super inteira, mas minha amiga não”. E no segundo dia do Cruce, a companheira de Adriana “quebrou”. Foi preciso, inclusive, carregá-la no ombro durante um trecho pantanoso. Mesmo com a dupla desclassificada, ela foi até o fim.

“Decidi que ia terminar o Cruce por mim. Foi a prova mais dura e a mais linda que fiz”


Adriana tinha vivido grandes emoções com o esporte, mas ela não imaginava o que ainda estava por vir. “Terminado o Cruce, PLANEJEI MELHORAR MEU TEMPO NA MARATONA, EM BERLIN”. O treinador apoiou e disse que se continuasse fazendo

tudo direitinho, seria possível baixar em 10 minutos o tempo da primeira maratona. “O meu grande desejo era completar em menos de quatro horas”. Como parte da preparação da prova, Adriana foi correr a Meia Maratona do Rio, no mês de julho.

Uma amiga se ofereceu para puxá-la até a metade do percurso, para mostrar que ELA PODIA ARRISCAR MAIS. “Passei nos 10K com 56 minutos e fui em busca de terminar em menos de duas horas”. Dito e feito: fechou com 1h58m.



maratona de

SETEMBRO CHEGOU E LÁ ESTAVA ADRIANA EM BERLIN, ao lado da irmã e de uma grande turma de sua assessoria esportiva. “Mas dessa vez queria fazer a prova sozinha. Também decidi que só iria olhar o relógio no quilômetro 21”. Foi justamente na altura da meia maratona que seu sonho de ser sub-4 começou a ganhar formas mais concretas. “Vi que tinha feito um tempo melhor do que no Rio”. Outra boa surpresa aconteceu no quilômetro 30, onde sua irmã estava ajudando a distribuir batatas para reposição de carboidratos dos corredores da MPR. “Tomando como base minha previsão inicial, minha irmã disse que eu estava adiantada. Com isso, segui mais confiante ainda”.

Adriana foi em frente. No final, eram dois quilômetros de reta – que Adriana enxergava como uma longa subida. “Eu tinha 14 minutos para percorrer aquela distância e conseguir meu objetivo”. A chegada era no Portão de Brandemburgo. “Aquele arco não chegava nunca... Quando finalmente passei por ele, pensei: ‘deu’. Mas ainda tinham 700 metros pela frente. CORRI COMO NUNCA E FECHEI A MARATONA COM O TEMPO DE 3H58M57S”, conta.

Berlin

Adriana vestia duas camisetas naquele dia. Um amigo, sabendo do significado e da importância daquela prova para ela, havia sugerido que após a corrida ela tirasse a camiseta de cima e a jogasse fora, como um ritual de renovação. “Joguei a camiseta fora, como que se deixasse meu passado para trás. Ali eu começava uma nova etapa”. Repensando a vida e emocionada com a conquista, ela teve um acesso de choro. “Chorei muito. Uma voluntária me deu uma banana, um isotônico, me cobriu com uma manta térmica e disse que isso era exaustão. Mas eu sabia que era mais do que isso. SÓ EU SABIA O QUE TUDO AQUILO REPRESENTAVA PARA MIM”. Recuperada, Adriana partiu para o encontro com a irmã e os amigos e foi recebida com euforia. “Eles diziam que a partir daquele momento eu entrava para o time dos corredores de verdade. SEI QUE CONSEGUI, EM UM LUGAR QUE SIGNIFICAVA MUITO PARA MIM. ESTAVA COMEÇANDO UMA NOVA VIDA, ONDE TOMARIA CONTA DE MIM MESMA. Essa maratona em Berlin teve um sabor inédito de vitória, de grande conquista”.



“Quando eu corro, não é contra o relógio, nem contra os quilômetros. Corro contra o que não fui, contra o que não realizei, contra as coisas que falhei. Corro dos meus medos, dos sonhos que larguei no caminho, corro para a imensidão, para libertar meus pensamentos, para encontrar o que não procuro, para me surpreender, corro para abrir os olhos, corro para sentir-me viva e única”



Depois de Berlin ela casou de novo e continuou treinando, mas sem pensar em grandes metas. No início de 2012 decidiu estabelecer novos desafios e focou nos treinos. Nessa retomada, buscou e conseguiu fazer 10K abaixo de uma hora. “Foi no Circuito Athenas, quando finalizei com 58 minutos”. EM MARÇO DE 2013, LISBOA FOI PALCO DE SUA VOLTA ÀS MEIAS MARATONAS: COMPLETOU A PROVA EM 2H09M. “Agora minha meta é fazer a Meia do Rio abaixo de duas horas”. Com a corrida Adriana descobriu uma força que nem imaginava que tinha. “É meu momento de encontrar amigos queridos, a maneira mais agradável de me manter em forma. É meu prazer, meu descanso de todos os problemas. É minha forma de estipular metas”.


E ONDE MAIS ADRIANA QUER CHEGAR? “Hoje não penso em chegar, penso em me manter. Quero continuar com disposição para correr sempre com alegria e saúde!”



Espaço reservado para as próximas conquistas ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________ ________________________________________________

Texto, fotos e edição Yara Achôa e Guto Gonçalves Realização Estúdio13 www.estudio13.com.br Tel. (11) 2478-1029 | (11) 99722-1505


Adriana Pavan Feitsma: 5K, 9K, 10K, 21K, 42K, Maratona de Paris, Maratona de Berlin, Cruce de Los Andes, Meia Maratona do Rio de Janeiro, Meia Maratona de Miami, Meia Maratona de Lisboa, Volta à Ilha, Revezamento de Ilha Bela, XTerra, Centro Histórico de São Paulo, São Silvestre, Circuito Athenas...


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