AO INFINITO E ALÉM! É assim que Ana Maria Barranco encara hoje a corrida, que entrou em sua vida de forma definitiva há pouco mais de um ano
Texto Yara Achôa Fotos Guto Gonçalves
E13
editora
“Nunca pensei que um esporte pudesse mudar toda a minha perspectiva de vida. Até eu começar a correr”
Copyright® 2013 by Yara Achôa e Guto Gonçalves.
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Criação e edição
São Paulo - SP www.estudio13.com.br
Apresentação A promoção “por que sua história de superação no esporte merece virar um livro?”, no blog Eu Corro Porque.., chamou atenção de Ana Maria Barranco. O prêmio? Um livro personalizado (MySPORT_Book, do Estúdio13) com a história esportiva do autor da melhor resposta. Ana abriu o coração e revelou sua relação com a corrida. Venceu por ter uma história comum, como a minha, como a sua... Venceu porque descobriu que podia superar a si mesma. Venceu porque viu que, correndo, podia querer e dar mais à vida. Eis aqui seu depoimento. “A minha vida de corredora não tem um histórico de doença grave, paralisia, obesidade ou algo físico que me impedisse de fazer atividade física. Os outros depoimentos de superação me emocionaram e, pela garra que as pessoas demonstraram, quase me fizeram desistir de postar o meu. A minha história é de uma convivência nefasta com um inimigo bem conhecido: eu mesma. Mas um dia, que não teve nada de especial, resolvi levantar e ver se era mesmo tão legal acordar cedo e sair correndo. Agradeço à corrida por ter mudado a forma negativa como eu me via: não sou uma derrotada que não sabe fazer nada e que nunca vai conseguir completar uma tarefa. Eu me venci! Hoje eu corro e mostro para mim, todos os dias e em todas as atividades, que sou o que eu quero ser”. E eis aqui a história de Ana, a corredora! Yara Achôa
PRIMEIROS
PASSOS Por conta da profissão, representante comercial, Ana Maria de Carvalho Barranco sempre foi de um lado para o outro. E sempre andou muito a pé. Gostava de caminhar. Até que começou a achar pouco. Para dar vazão à sua energia, resolveu correr. “Na verdade, eu corria de qualquer jeito, dava uns trotinhos lentos. E achava que correr era aquilo e que aquilo era tudo o que eu conseguiria”, conta. Há quatro anos, quando ficou sócia do Clube Helvetia, em São Paulo, conheceu o grupo da educadora física Sandra Poiani. “Admirava os corredores de longe, mas achava que ‘eles corriam demais’. Era muito distante da minha realidade”. Mas foi só em 2011, por insistência da professora, que Ana foi conhecer o grupo. “Para mim, até então, correr com aquelas pessoas era quase estar entre ‘profissionais’. Imaginava que correr era treinar cada vez mais forte ou ir cada vez mais longe. E eu não tinha fôlego. Com muita paciência, a Sandra foi me explicando como funcionava o treinamento, passando planinhas, enfim, foi me conquistando”.
“De repente você percebe que a luta, na verdade, é contra aquela voz interior que faz você querer desistir”
Ana Maria de Carvalho Barranco, 50 anos, representante comercial. Corredora feliz há quase dois anos
A limitação que Ana sentia em relação à corrida era uma limitação que a atingia em vários aspectos da vida. “Em muitas situações, como no trabalho, por exemplo, eu achava que não ia conseguir. Pensava que era melhor nem iniciar determinado projeto, porque eu não iria adiante ou não iria dar certo. Por precaução, nem arriscava. Eu era minha maior inimiga”.
Ana guarda com carinho seus números de peito, com anotações sobre as corridas e suas marcas. “Novata na corrida, a primeira vez que alguém me perguntou sobre meu número de peito, pensei que era o tamanho do sutiã”, diverte-se.
“Não precisamos de motivos. Só precisamos de ruas”
O grupo de amigos corredores: à esquerda, Ana com Sandra, Ariane e Solange; acima, Carlos e Monica
“Se você está cansado de começar de novo, pare de desistir”
Ana Barranco diz que passar a treinar sob a supervisão de uma profissional competente foi importante. “Foi um grande passo. Senti que com orientação correta e planilhas eu poderia melhorar. Mas o maior incentivo foi o grupo. Fiz amigos que verdadeiramente me impulsionaram e me fizeram querer ir mais longe”. Além da educadora física Sandra Poiani, outras quatro pessoas ajudaram Ana a encontrar sentido na corrida: Solange Poiani, Carlos Eduardo Achôa Mello, Ariane Heller e Mônica. “Sei que a motivação deve estar dentro da gente, mas eles foram fundamentais para minha evolução. Sozinha eu não conseguiria. Fui adiante graças a eles”.
“Keep calm and go running”
Sandra, Ana, Ariane e Solange, alĂŠm de Carlos e Monica (lembrados a todo momento durante a sessĂŁo de fotos): amigos para sempre
A primeira participação em provas, por insistência dos amigos, aconteceu em agosto de 2011. “Foi a Corrida da Paz, com distância de oito quilômetros. Eu me lembro de um senhorzinho que me ultrapassou, acho que devia ter uns 90 anos... Todo mundo me ultrapassou. Cheguei entre os últimos, ‘recolhendo os corpos’. Mas não parei em nenhum momento. No dia seguinte estava acabada”, recorda.
“É impossível, disse o orgulho. É arriscado, afirmou a experiência. É inútil, disse a razão. Dê uma chance, sussurrou o coração”
A emoção de conseguir fazer algo que nunca havia pensado antes, que ela só via em revistas e na televisão, marcou a nova corredora. “Senti aquela felicidade de criança, maravilhada com um presente. E me senti também responsável por aquela conquista: a partir dali eu ia honrar isso para sempre. Percebi que era capaz”. Um mês depois, lá estava Ana encarando sua segunda corrida...
“Não importa se você corre muito ou pouco. Você já superou a maioria que ficou em casa”
Com a corrida, Ana diz que passou a se cuidar mais: aprendeu a comer melhor, a organizar seu dia, a pensar mais em si. “Antes eu vivia mais em função dos horários do meu filho e dos clientes. O esporte abriu espaço para mim”. Hoje ela corre de três a quatro vezes por semana, bem cedinho. Às sextas, porém, o treino em grupo é diferente e acontece à noite. “Saímos do clube, vamos até o Parque do Ibirapuera, damos duas voltas, e retornamos. É um percurso de 14 quilômetros. Meu grande momento de superação aconteceu no dia em que consegui realizar o treino sem andar e chegar inteira”. Ana acredita que a mudança que a corrida trouxe à sua vida aconteceu no momento certo. “Acho que algumas pessoas não levam a atividade física adiante porque não tem tempo”.
Olhando para trás e vendo onde chegou, ela sente orgulho de sua evolução – e agradece também o apoio que teve do marido, Gerson, e do filho, André. “Às vezes eu me questiono que outra coisa teria me levado tão adiante... Sempre fiz minhas coisas, mas nunca senti tanto orgulho de mim. Mas não me considero uma super mulher, sou apenas esforçada”. E onde Ana quer chegar? “Agora é ao infinito e além”, brinca. Ela diz que ainda precisa se preparar física e mentalmente para provas mais longas – a maior até agora foi de 12 quilômetros. “Minha meta é fazer a São Silvestre em 2013. Quero melhorar o fôlego para correr o tempo todo”. Outro de seus sonhos é correr uma meia maratona, de preferência em um destino internacional. “Quem sabe em Nova York...”
“Eu sou corredor porque eu corro. Não porque corro rápido. Não porque corro mais longe”
Um dos momentos mais especiais que Ana vivenciou na corrida aconteceu em uma prova de 10 quilômetros. Em um trecho de subida, ela observou uma jovem já se curvando de cansaço. Ao lado, uma amiga que tentava motivar gritava “vai, vai”. Ana se aproximou e falou: “Vamos. Se você for comigo, eu vou com você”. A jovem sorriu e “renasceu”. “Ela me acompanhou por um tempo e depois eu segui adiante. No final, ela veio até mim, me agradeceu e disse: ‘cheguei por você’. Eu me emocionei. Pude retribuir o que uma vez fizeram por mim”.
Sobre o
MySPORT_Book
Como você começou a correr? Diante dessa pergunta, os olhos costumam acender um brilho especial e o corredor começa a narrar suas histórias, recheadas de episódios de determinação, força de vontade e superação. O MySPORT_Book, livro de fotos e textos personalizados, nasceu da paixão pelos esportes em geral – mas especialmente pela corrida de rua – de um fotógrafo e uma jornalista especializados no tema. A ideia é eternizar grandes conquistas por meio de belas e marcantes imagens e suas histórias igualmente impactantes.
MySPORT_Book,
o troféu que faltava em sua coleção!
Sobre os autores
Formada em comunicação pela FAAP há 24 anos, a jornalista Yara Achôa colaborou com as principais revistas femininas e de variedades do país. Há nove anos especializou-se em temas de saúde, bem-estar e esporte – especialmente corrida, atividade que pratica com paixão. Sempre gostou de ouvir boas histórias para transformá-las em emocionantes matérias.
Também com 24 anos de estrada, o fotógrafo Guto Gonçalves passou por agências de publicidade e revistas até montar seu próprio estúdio, especializando-se em portrait e esporte.
Juntos, jornalista e fotógrafo, comandam hoje o Estúdio13.
Ana Barranco revela seu espírito de corredora pelas máximas que coleciona: “Nunca pensei que um esporte pudesse mudar toda a minha perspectiva de vida. Até eu começar a correr” “De repente você percebe que a luta, na verdade, é contra aquela voz interior que faz você querer desistir” “Se você está cansado de começar de novo, pare de desistir” “É impossível, disse o orgulho. É arriscado, afirmou a experiência. É inútil, disse a razão. Dê uma chance, sussurrou o coração” “Não importa se você corre muito ou pouco. Você já superou a maioria que ficou em casa” “Eu sou corredor porque eu corro. Não porque corro rápido. Não porque corro mais longe” “Não precisamos de motivos. Só precisamos de ruas” “Alguns param devido ao progresso lento. Eles não compreendem o fato de que o progresso lento é... progresso!” “Keep calm and go running”