Editorial
É
grande nossa alegria ao editar a revista de número 35 da Escola de Pais, na Serra Gaúcha. Estamos oferecendo às queridas famílias, uma coletânea de temas, por nós escolhidos, cujos conteúdos são da maior importância na educação. Os tempos conturbados que estamos vivendo exigem mais do que amor. Para educar precisamos saber o que queremos para nossos filhos, fazendo escolhas e traçando metas. É hora de tomarmos as rédeas em nossas mãos e imprimir a direção moral, baseada na verdade, no amor, nos limites e na construção da paz. Nossos filhos merecem nossa dedicação. Eles querem para eles e para todos, um mundo melhor com mais espaço para a real felicidade de cada família. A nosso convite, uniram-se a nós nesta edição, profissionais das mais diversas áreas disponibilizando seus conhecimentos. Assim diversifica-se nossa revista, oportunizando aos pais, mães e educadores, cada vez mais, uma excelente leitura. Aos nossos parceiros, alguns já de vários anos, deixamos nosso abraço e a certeza de que estamos juntos em uma causa por si só vencedora: Os caminhos da Escola de Pais na arte de educar muito bem nossos filhos. Feliz Natal e um ano de grandes realizações na construção da paz. Atenciosamente Roque Reginatto Diretor Comercial Therezinha e Luiz Mazzurana Casal Diretor Regional da Escola de Pais
Escola de Pais O menor caminho entre pais e filhos Histórico
Como funciona
A Escola de Pais do Brasil é de origem cristã, iniciada em São Paulo, em 1963, por inspiração de Madre Inês de Jesus, cônega de Santo Agostinho. A apresentação à família brasileira foi feita pelo padre Leonel Corbeil e em seu início presidida pelo casal Alzira e Antônio Fernando Lopes. É filiada à Fédération intemacionak pour l’Éducation des Parents, com sede em Paris e faz parte da Federação Latino-Americana de Escola de Pais. A sede nacional localiza-se em São Paulo, na Rua Bartira, 1.094 - Perdizes. CEP 05009-000. Telefax (11) 3679-7511. Internet: www.escotadepais.org.br; e-mail: epbescoiadepais.com.br.
A Escola de Pais do Brasil é uma instituição que atua na área de educação e atualização dos pais, futuros pais e agentes educadores, no sentido de melhor conduzirem seus filhos e educandos, a partir de reflexões e da conscientização do seu papel de educadores. O trabalho da Escola de Pais do Brasil é voluntário e gratuito sendo desenvolvido por casais que, tendo participado do Círculo de Debates e posteriormente do CAC - Curso de Aperfeiçoamento e Capacitação -ingressaram na instituição. Os casais coordenadores de Círculos são devidamente preparados para atuarem onde forem solicitados. Funciona através de círculos de debates, uma vez por semana, com duração de uma hora e meia, nos quais os participantes, a partir de suas experiências, discutem e compartilham dúvidas, preocupações, dificuldades de educar e possíveis caminhos a serem buscados. Os assuntos são conduzidos por um casal coordenador da Escola de Pais, devidamente preparado para atuar como facilitador. Seu trabalho tem um caráter preventivo e permite, através de sua metodologia, manter o nível de interes-se dos pais, pois enfoca a real problemática educativa de cada grupo.
Missão Ajudar pais, futuros pais e agentes educadores a formar verdadeiros cidadãos. Linha psicopedagógica É definida, entre outros, por pedagogos, médicos, psicólogos e sociólogos que compõem o Conselho de Educadores da Escola de Pais do Brasil, com sede em São Paulo. Objetivos Conscientizar os pais de sua responsabilidade e de seu papel na educação dos filhos; Atualizar pais e educadores em práticas e princípios psicopedagógicos; Promover maior aproximação família/escola na perspectiva de uma educação integral do ser humano. Público alvo Pais e Educadores
CONTATO DAS SECCIONAIS DA SERRA GAÚCHA REPRESENTANTE NACIONAL Maria Inês e César Augusto Detoni Fone: (54) 3321.1735 | 3321.2794 e-mail: cezardetoni@via-rs.net DELEGADOS REGIONAIS Carla e Wagner Marçal (54) 3027.6420 | 98133.6110 | 99903.8802 e-mail: karla.marcal@yahoo.com.br Therezinha e Luiz Mazzurana Fone: (54) 3286.2278 | 54 99692.7675 e-mail: theremazzurana@hotmail.com PRESIDENTES Canela: Tanara Spall e Elton Andrade Fone: (54) 3282.1382 e-mail: tanaraspall@ibest.com.br; adm@stport.com.br
Onde funciona Escolas, empresas, associações de classe, centros comunitários, condomínios. Como solicitar a Escola de Pais Entrar em contato com a escola de seu filho ou entidade da qual você faz parte, solicitando um ciclo de debates ou contatar diretamente a Escola de Pais do Brasil, de sua cidade.
Caxias do Sul: Teresinha e Ermilo Guizzo Fone: (54) 3226.1253 e-mail: ermilo.guizzo@superig.com.br; ermilo.guizzo@hotmail.com.br Casal responsável pela parceria com o Projeto Pescar : Claire e Ivo Pioner Telefone: 054 32294614 54 991758507 E-mail: ivopioner@terra.com.br Gramado: Mari e Luiz Carlos Muraro Fone: (54) 3286.2623 e-mail: lc.muraro@via-rs.net São Marcos: Liéte e Marcílio de Araújo Fone: (54) 3291.1798 e-mail: araujo@nsol.com.br
CÍRCULOS DE DEBATE Temário ► Educar é um desafio ► Valores e limites na educação ► Pai, mãe e agentes educadores ► A educação do nascimento à puberdade ► Adolescência: o segundo nascimento ► A sexualidade no ciclo de vida da família ► Cidadania e cultura da paz
Benefícios esperados ► Melhoria na comunicação, no diálogo e na convivência entre pais e filhos. ► Definição de limites de forma mais adequada. ► Melhor orientação para uma sexualidade sadia. ► Prevenir o uso de drogas. ► Atender melhor às necessidades dos filhos e prepará-los para o mundo.
Compromisso com a Escola de Pais Instituições ou Comunidades que desejam o Círculo de Debates devem assumir alguns compromissos com a Escola de Pais do Brasil:
1
Escolher um local favorável para as reuniões e que seja amplo, arejado, bem iluminado e com cadeiras soltas;
2
Convocar os pais e demais participantes através de circulares, de motivação feita com os alunos, telefonemas na véspera da reunião e inscrição dos participantes, constituindo um grupo de no mínimo trinta pessoas;
4
Terminado o trabalho, a instituição solicitante deverá fornecer atestado em papel timbrado no qual conste o nome do coordenador que realizou o Círculo, o número de pessoas que frequentaram e o período de duração;
5
Na medida do possível, oferecer cafezinho e biscoitos para o momento de integração dos participantes;
3
Designar uma pessoa da instituição solicitante para acompanhar os trabalhos e dar ao Coordenador do Círculo; Se você quiser que a Escola de Pais do Brasil atue no colégio de seu filho ou na sua comunidade, fale com o responsável, peça que entre em contato conosco e então procuraremos atende-lo o mais breve possível. Através deste trabalho, os pais poderão encontrar o menor e melhor caminho para a educação do seus filhos.
Sumário www.escoladepais.org.br REVISTA “ORIENTAÇÃO FAMILIAR” Circulação Nacional
Utilidade Pública Federal Decreto 72.220, de 11.05.73 Registro no CNSS MEC 262-234-76 Utilidade Pública Municipal, Lei 3.229 CNPJ: 88.890.298/0001-01 Tiragem: 1.000 exemplares
Revista N° 35
Órgão de divulgação da Escola de Pais do Brasil da Serra Gaúcha, seccionais de Caxias do Sul, Canela, Gramado e São Marcos.
EDITORES Casais da Região Fone: (54) 3286-2278 / 54 99692-7675 e-mail: theremazzurana@hotmail.com Casal DR de Canela e Gramado
DIAGRAMAÇÃO Evandro Luís Böhm Rua Albino Fiss, 1021 Cidade Alta / Venâncio Aires/RS Fone: (51) 998220853 / 992044175 E-mail: evandrolb@hotmail.com Site: evandrolb.wixsite.com/elbdesigner
IMPRESSÃO
Mazzurana Artes Gráficas Gramadense Ltda. Rua Augusto Bordin, 208 / Floresta - Gramado/RS Fone: (54) 3286 2869 / (54) 3286 2947 www.graficamazzurana.com.br
07
Para Yasmin, com muito amor
08
Você sabe o que é o desenvolvimento neuropsicomotor infantil?
10
Transtorno do Espectro Autista (TEA)
12
Os pais deste século... amor e autoridade
14
7 perguntas para o pediatra Daniel Becker
17
Família, sempre de novo a família: Coisas que aquecem o coração
18
Abandono emocional. Uma Mãe, Um filho
19
Laringotraqueomalácia: fique atento ao seu bebê
20
Família na era digital
21
A geração dos filhos do quarto
22
Seccional de Caxias: 50 anos dedicados às famílias
24
Pais, professores e escola = crianças felizes
26
Ser Pai e Ser Mães: reflexões sobre a parentalidade
28
Crises de valores na sociedade atual
30
Feridas emocionais da infância que podem persistir na idade adulta
32
As Inteligencias múltiplas
34
Carta de uma adolescente para sua mãe
36
O melhor presente é estar presente
38
A importância dos cuidados da família no desenvolvimento da criança
40
Crianças saudáveis, sorrisos bonitos e faces harmônicas!
41
Anoitece e o tempo está bom
42
Vem doçura
7
Para Yasmin, com muito amor De sua mamãe Naná ► Naiara Pozzer
H
á um mês atrás nasceu uma filha e uma mãe. Juntas fomos nos adaptando, nos conhecendo, nos amando a cada dia e com esse amor veio a impossibilidade de ficar longe uma da outra. Como é difícil e maravilhoso ao mesmo tempo o primeiro mês. Tu tão frágil e dependente de mim e eu tão sensível e feliz em te ter.. Choramos juntas.. Muitas vezes sem saber o motivo, apenas por vontade de chorar e outras por dores e insegurança. Eu com dores nos seios e da cirurgia e você com cólicas desde o segundo dia de vida. Eu com insegurança de não ser uma boa mãe e não saber o certo porque chorava e você pela insegurança de ficar sozinha no carrinho ou de cair na hora do banho. O papai nos ajudou muito, foi e é essencial em nossas vidas! Pelo simples gesto de me abraçar quando chorava, de dizer : respira.. calma..respira, na hora da amamentação,de colocar a almofada em baixo do braço pra mim não cansar, de alcançar o paninho e lavar as conchas depois das ma-
madas, de fazer todos os cafés da manhãs e levar na cama enquanto dava de mamá, de aprender a segurar você de barriga pra baixo e embalar quando tinha e tem cólicas, de segurar tua mãozinha na hora do banho, de fazer você arrotar de madrugada, de manhã, de tarde e a noite..em fim..por estar conosco desde o primeiro momento em que nasceu, aprendendo e conhecendo esta nova realidade que mudou a vida de nós 3. Somos cada dia mais felizes em te ter minha pequena Yasmin... Nossa flor de Jasmin mais cheirosa do mundo! Que possamos comemorar muitos e muitos meses e anos de vida ao teu lado. Te amo eternamente. Texto retirado de página do face de Naiara Pozzer, com autorização. A Escola de Pais agradece a linda partilha!
8
Você sabe o que é o desenvolvimento neuropsicomotor infantil? ►Débora Dal Ri
O
desenvolvimento infantil é descrito pela literatura como um processo dinâmico e progressivo, e a maturidade cerebral da criança está diretamente associada à sua idade cronológica, assim, alterações nas funções neurológicas repercutem na alteração plena da maturidade neurológica. O início do desenvolvimento motor se dá desde o momento da concepção e os primeiros sinais do feto são identificados por meio de atividades motoras. A partir do nascimento observa-se o aparecimento de habilidades como rolar, sentar, ficar em pé e caminhar, que são altamen-
te influenciadas pela maturação e seguem uma ordem de mudanças, desencadeadas por fatores ambientais como aprendizado e experiência. O período compreendido entre a trigésima semana gestacional até os dois anos de idade é considerado como de maior aceleração do crescimento e maturação cerebral, no qual a dieta equilibrada é fundamental para o adequado desenvolvimento da criança, sendo a nutrição um fator importante, uma vez que afeta o crescimento, a saúde e o desenvolvimento. Segundo alguns estudos em todo mundo, cerca de 200 milhões de crianças menores de 5 anos de idade estão em situação de risco e po-
9 reprodução
derão não atingir seu pleno desenvolvimento e a Organização Mundial da Saúde (OMS) dispõe de dados que indicam que 10% da população de qualquer país é formada por pessoas com algum tipo de deficiência. Diversos fatores influenciam o desenvolvimento neuropsicomotor, tais como o nível educacional e socioeconômico da família, padrão cultural, estímulos recebidos, condições ambientais e nutricionais. Estudos mostram que crianças alimentadas com leite materno apresentam melhor desenvolvimento neuropsicomotor, o que pode estar associado à presença do LC_PUFA no leite materno, nutriente capaz de produzir efeitos no sistema nervoso e no desenvolvimento motor do lactente, além das proteínas, cálcio, fósforo, magnésio e lactose, nutrientes importantes envolvidos na formação, contração e relaxamento muscular, beneficiando assim o desenvolvimento neuropsicomotor. Outro fator de risco para atraso citado na literatura é a idade em que a criança ingressa na rede de ensino. Estudo realizado em Londres afirmou que crianças que aos 9 meses de vida frequentavam creches ou berçários, aos 3 anos apresentavam melhor desempenho dentro do ambiente escolar, crianças inseridas no ambiente escolar recebem diversos estímulos, ao con-
trário daquelas que permanecem em casa aos cuidados de familiares ou babás. Já para as questões familiares, sabe-se que esta tem forte associação no desenvolvimento das crianças, na relação entre pais, filhos e desenvolvimento infantil destacou que a atuação paterna está relacionada a atividades físicas, já a materna relaciona-se aos cuidados diários e jogos verbais. O que demonstra que a presença familiar é fundamental para o desenvolvimento das crianças. Assim, destaco que quanto mais precoce for o diagnóstico de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor das crianças e consequente estimulação precoce, melhores serão os resultados tanto para o bem-estar da criança, quanto de sua família e comunidade. Isto porque o cérebro é descrito como mais plástico na vida intrauterina e primeira infância, assim se tornam mais efetivos os estímulos adequados. Desta forma, é importante também estar atento ao ambiente para que seja, dentro do possível, mais adequado, visando o desenvolvimento de todas as dimensões do comportamento infantil. Débora Dal Ri Fisioterapeuta na Clínica Espaço de Reabilitação Pós graduada em Fisioterapia Neurofuncional
10
Transtorno do Espectro Autista (TEA) ►Sirlei Fontana Kautzmann
reprodução
O
Transtorno do espectro Autista é um distúrbio psiquiátrico que costuma comprometer a interação social (capacidade de comunicação), e cognitiva (conhecimento) do indivíduo. Os sintomas aparecem já nos primeiros meses de vida, ficando com mais evidência até os três anos de idade. Os pais ou responsáveis devem ficar atentos quando a criança não atingir alguns marcos da linguagem: Balbuciar aos 12 meses. Gesticular (apontar, dar tchau) aos 12 meses. Dizer palavras soltas antes dos 16 meses. Dizer frases espontâneas de duas palavras aos 24 meses. Perder qualquer habilidade social ou de linguagem em qualquer idade. Na hora da mamada não fixar e nem olhar nos olhos da mãe. Algumas crianças, apesar de portar o TEA apresentam inteligência e fala intactas, outras mostram sérios problemas no desenvolvimento da linguagem e na interação social, mas varia de indivíduo para indivíduo e também depende do grau que cada um apresenta que pode ser leve, moderado e grave. A melhor forma de convi-
vência (ou tratamento) é promover-lhes um ambiente harmonioso, estável, seguro e também muita estimulação. Alguns sintomas do Transtorno do Espectro Autista: − A criança com autismo não se reconhece pelo nome. Quando chamada não responde, e muitas vezes são rotuladas como portadoras de deficiência auditiva. − Prefere ficar sozinha no berço ao colo do cuidador. − Não fala, não olha, tem uma fisionomia pouco expressiva e não interage com outras crianças. Apresenta certa apatia. − Muitas vezes separa objetos por cor, tamanho, etc., com facilidade, mantendo comportamentos repetitivos e sem finalidade aparente. Ficando horas repetindo o mesmo movimento com objetos. - A maioria apresenta problemas de comunicação e socialização. - Pode ter aversão ao ser tocada. - Quando lhe é dado o limite se irrita com muita facilidade e pode ter - Comportamento agressivo. Em alguns ca-
11
sos até surtos psicóticos. - Causas – Apesar dos muitos estudos sobre as causas, ainda não se descobriu a origem da síndrome. - Tratamento- É baseado em terapias por uma equipe multidisciplinar como Psicólogo, Psicopedagoga, Neuropsicopedagoga, Fonoaudióloga, músico terapeuta, terapeuta ocupacional e principalmente o Psiquiatra. Não há tratamento medicamentoso específico para essa síndrome, porém algumas drogas podem ser usadas em casos específicos para controle de alguns sintomas. - Na adolescência e na vida adulta, as manifestações do TEA vão depender de como o portador consegue aprender as regras sociais e desenvolver comportamentos que favorecem sua independência. − Alguns são capazes de se formar e ter sucesso na carreira profissional, mas é variável, vai depender do grau do que cada um apresenta, do diagnóstico precoce, do ambiente em que vive dos estímulos que recebe entre outros. O portador desse transtorno está segurado por lei para frequentar a escola regular; “A Lei 93.94, art. 58º” que, “Entende-se por Educação
Especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para Educados portadores de Necessidades Especiais. haverá quando necessário serviço de apoio especializado, na escola regular, para atender as peculiaridades dos portadores de Necessidades especiais”. O portador do Espectro Autista tem também o seu direito garantido por lei, de um monitor que o acompanhe enquanto permanecer na escola. “A Lei Nº 12.764’, que institui a Política Nacional de Proteção com Transtorno do Espectro Autista”. Diante destas oportunidades o portador do TEA ou qualquer portador de Necessidades Especiais tem e deve procurar os seus direitos como estudar, trabalhar e na medida do possível levar uma vida normal dentro de suas habilidades, com respeito e dignidade. Sirlei Fontana Kautzmann Psicopedagoga e Neuropsicopedagoga Pós Graduada em Educação Especial Inclusiva e Educação Profissional Tecnológica. End consultório, Borges de Medeiros 2070 sala 23 Ed. Dom Fernando Gramado
12
Os pais deste século... amor e autoridade ► Charles Ferdinand Ramuz
Consciente da importância da paternidade, o homem sente a necessidade de “aprender a ser pai”. Diz Ronald Levant, psicólogo, em seu livro “ Masculinity Reconstructed” - “Ao mesmo tempo em que estão se tornando pais nesta geração atual, os homens estão sendo informados de que tudo o que aprenderam com seus próprios pais sobre o que é ser pai, sendo aquela pessoa que dá duro, que não aparece muito, que mais critica do que elogia, que não demonstra afeição nem qualquer outra emoção a não ser raiva” - já não se aplica. Agora espera-se que os homens sejam sensíveis, interessados, esclarecidos, realmente presentes e envolvidos na vida dos filhos. O único problema é que muitos homens não sabem ser este tipo de pai, simplesmente porque não tiveram um pai assim.” Assim sente-se que o papel do pai vai se modificando face aos novos desafios de uma sociedade globalizante, hedonista, desumanamente competitiva e altamente insegura. O homem é assim obrigado a dar outro nível de proteção aos seus filhos, que os imunize contra forças destrutivas como drogas, promiscuidade sexual, seqüestros e tantos outros perigos. A ciência nos diz que as defesas psicológicas convencionais do homem não conseguem criar um escudo protetor tão forte quanto aquele que vem do coração do pai. A base dessa segurança é a presença ativa do pai tanto física quanto emocionalmente. O pai é o primeiro “outro” percebido pela criança como personagem fora da mãe. A relação filho - pai surge como resultado de uma aprendizagem, porque o pai se introduz na vida do filho. Inaugura assim o mundo do conhecimento e prepara a criança para as relações sócio - culturais. Podemos então apontar duas questões essenciais para ser pai: 1 - Introduzir a criança no mundo da autoridade. Ao regular a distância nas relações mãe - filho, o pai apresenta-se como princípio incondicional da autoridade, pois por sua existência, o filho se vê obrigado a renunciar à posse exclusiva da mãe. A autoridade do pai é indispensável à formação da personalidade do filho, assim como seu exercício adequado irá ensinar-lhe a se ajustar a uma estrutura social, feita de leis e obrigações, não alienadamente, mas de uma forma consciente e crítica. A palavra autoridade vem do latim “augere”, que significa aumentar, desenvolver, fazer crescer. A criança reclama autoridade, porque precisa dela para sua segurança. A falta de autoridade, ou erros em sua
aplicação, pode ser sentida pela criança e adolescente como desinteresse por sua vida, ou falta de afeto. O seu desenvolvimento fica prejudicado, pois não aprende a se submeter a nenhuma autoridade. 2 - Ser modelo de masculinidade e paternidade. O ser humano pode nascer homem ou mulher e a criança concebida define-se sexualmente não só pelo sexo biológico, mas também pelo lugar, pela posição psicológica que ocupa em relação ao progenitor do sexo oposto. Em outras palavras, o ser humano definese sexualmente tanto por oposição ao progenitor do sexo oposto, como também por analogia ou identificação com o progenitor do mesmo sexo. O pai é o representante do sexo masculino. Sua existência contribuirá para a construção e desenvolvimento da personalidade do filho. O pai é duplamente pai: enquanto participante natural do ato de engravidar, na geração, e como representante do sexo masculino na constelação familiar, na formação da sexualidade do filho. Conforme diz Gabriel Marcel, a paternidade fundase na obrigação criadora e na responsabilidade pela vida do filho. E a “adoção”, é o ato original específico da paternidade. Segundo E. Michel, a tarefa decisiva do pai é a edificação da personalidade sócio - cultural do filho. Bibliografia: Educar um Desafio, manual de estudos da Escola de Pais.
MEU FILHO Djalma Andrare
O meu filho, que é doce, que é inocente, Quando comigo sai, luz que fascina, Põe seus claros pezinhos, brandamente, Nas marcas dos meus pés, na areia fina. Ele segue-me os passos, inconsciente, Mas uma estranha angústia me domina, E calcando os meus pés mais firmemente Meu coração, aos poucos se ilumina. Sem saber, tu me obrigas, filho amado, A procurar a rota mais segura, A ter firmeza em cada passo dado. Nunca dirás – que horror n’alma me vai! Que te perdeste numa estrada escura Por seguires os passos de teu pai!”
13
A apaixonante missão educadora da família Frei Almir Ribeiro publica carta para associados da EPB sobre 54º Congresso Nacional Queridos amigos da Escola de Pais do Brasil Lá se vão vocês para mais um encontro de estudos sobre a beleza e a arte de educar... 1. Escrevo-lhes estas linhas do espaço de trabalho que tenho aqui nesta Imperial Cidade de Petrópolis, cercado de verde e respirando o ar puro da serra fluminense. Meu pensamento viaja para longe. Em todas as parte vejo e pressinto que membros da Escola de Pais do Brasil estão se preparando para mais uma viagem a São Paulo, São Paulo do Colégio Santa Cruz, berço da Escola de Pais. Na qualidade de amigo deste empreendimento em meu nome pessoal dirijo uma palavra a todos. Associo-me ao empenho de Terezinha e Djalma que mostram acreditar em nossa Escola de Pais do Brasil e nos passam claramente tal convicção. 2. Vejo as malas sendo preparadas, documentos e passagens colocados sobre a mesa de cabeceira na beirada da estante de livros. Viajantes que desejam encontrar-se com companheiros da mesma empreitada: ajudar os pais a educarem seus filhos, a realizarem a mais bela obra que é a educação das novas gerações de tal sorte que possam ser criaturas de pé, cheias de viço e de vigor para fazerem a travessia daquilo que chamamos vida e que possam dar sua colaboração para “humanizar o humano que anda desumanizado”. 3. Importante que os jovens que tenham estudos de qualidade, importante que os pais sejam presentes em suas vidas, mas que, antes de tudo, saibam fazer deles homens e mulheres de valor, que amem de verdade, respeitando o próprio mistério de cada um e o mistério do outro, que se sintam solidários às pessoas de boa vontade e onde estiverem, no casamento, na profissão, na vida em geral, sejam pessoas não arruinadas pela mesmice, pela mentira, pela superficialidade, mas seres humanos de verdade.
4. Queremos que os pais sejam capazes de transmitir, antes de tudo pela transparência de seu modo de ser, um entusiasmo pela vida, que passem para os filhos a certeza de que a vida vale a pena e vale a pena quando vivida com os valores da solidariedade, da verdade e da capacidade de recolher os que estão jogados à beira da estrada. 5. Os que estão se preparando para a viagem sabem que os esperam dias talvez um pouco cansativos, mas suculentos. Quantos temas importantíssimos ligados à família nesse mundo picadinho, fragmentado, família em construção e reconstrução. Que valores a sustentam? Ela é fábrica de gente. Como a família pode em nossos dias ajudar os jovens a se situarem belamente diante do mistério da sexualidade? Fomos perdendo o respeito por tudo e por todos. Como viver na vida do casal, da família e da sociedade o respeito? Tudo isso entra pelos nossos poros. Vamos falar dessas coisas lá no Colégio Santa Cruz. 6. Estamos para viver mais um momento forte da vida da Escola de Pais do Brasil. Que todos venham com coragem e participem com gosto desse evento que deve nos colocar novamente em estado de confiança: é possível incendiar o coração das novas gerações com o fogo de nossa confiança no amanha de um mundo de seres donos de si mesmos e construtores de um mundo de verdade e solidariedade. 7. E que Deus coloque dentro do coração de cada um doido desejo de viver unidos com Ele que inventou a bela realidade da família. Esta é um sonho do Altíssimo. Grande abraço do amigo de longa data.
Frei Almir Guimarães
14
7 perguntas para o pediatra Daniel Becker: “Seu filho deve aprender que não é o centro do mundo” ► Por Fabiana Santos
O
pediatra Daniel Becker é o criador da Pediatria Integral: um conceito de que a criança precisa ser vista de forma mais abrangente. Não é apenas tratar e prevenir doenças, mas cuidar do bem estar emocional, social e até espiritual da criança e da família. São 20 anos de experiência de consultório no Rio de Janeiro. Formado pela UFRJ, ele é especialista em Homeopatia e mestre em Saúde Pública. Médico do Instituto de Pediatria da UFRJ, ele foi pediatra da Médicos sem Fronteira em campos de refugiados na Ásia e fundador de uma ONG, o CEDAPS, Centro de Promoção da Saúde, com atuação em comunidades carentes. Becker é um apaixonado pela profissão e conta que ao olhar sua trajetória, se diz satisfeito pelas escolhas que fez. Ele é pai de dois filhos, um menino de 17 anos, roqueiro, e uma menina de 20 anos, psicóloga. “Eles são muito bacanas. Tenho muito orgulho deles”, diz o médico. Com tantos compromissos, entre palestras e consultas, ele abriu gentilmente um espaço na agenda para responder às minhas perguntas. 1. Na sua palestra no Ted, você diz que um dos pecados contra a infância é a “entronização”. O que isso significa? Estamos colocando nossas crianças em um trono? A gente vive em tempos de hipervalorização da infância tanto pela mídia quanto pretensamente pela família e pela sociedade. Mas na verdade a infância é desvalorizada naquilo que ela tem de real, na sua essência. Um dos fatores que explica esse paradoxo é a
reprodução
falta de intimidade e de convivência entre pais e filhos por causa das questões da vida moderna. E quando estão juntos, os pais não conhecem essas crianças, não sabem lidar com elas. Estão estressados com os seus trabalhos, estão viciados nos seus telefones e não querem também se submeter à desaprovação social de uma criança que chora ou se comporta mal. Acaba que essa criança não tem direito de se manifestar de forma negativa, que faz parte do comportamento infantil. Ela não pode fazer uma birra, dizer “não”, chorar, explorar seus limites de atuação no mundo. Como os pais não sabem lidar com essas situações, a criança acaba tendo todos os seus desejos realizados, não lhe colocam limites, não lhe dizem que ela tem que lidar com a frustração. A gente quer calar a qualquer custo o mal estar. Então para parar com o chilique, a gente acaba cedendo. Ao invés de aprender as regras de convivência, a criança passa a ser uma rainha que dita as normas, os programas, os horários.
15 2. E o pecado que você chama de “superproteção da infância”? A superproteção é impedir que as crianças tenham suas próprias experiências. A gente está presente o tempo todo, aquilo que os americanos chamam de “helicopter parent”, pais que ficam flutuando em torno das crianças fazendo com que elas não tenham a experiência do mundo, justamente porque os pais se interpõem entre o mundo e a criança. Elas ficam impedidas de lidar com o risco, com a aventura, com as relações interpessoais, com os problemas da escola, com a dor, com os machucados. Se a criança tem um problema com uma outra criança, os pais se interpõem para resolver a questão, no playground não deixam ela se arriscar a subir mais alto no trepatrepa. É claro que ninguém quer que o filho quebre um dedo ou receba um ponto, mas são experiências da infância. A criança tem que ter a experiência do risco, do machucadinho e da frustração. Outra coisa muito grave é que para evitar os perigos do mundo, as famílias ficam muito em casa, se expõem pouco à natureza, as praças e as praias. Os riscos desses lugares existem e temos que lidar com eles, pois fazem parte da vida. 3. Qual o prejuízo real para crianças que não sabem ouvir a palavra “não”? O que vai ser (ou já está sendo) dessa geração sem limites? Eu já vi criança dormindo às duas da manhã, já vi criança de dois anos que comanda o que tem na geladeira e no armário da despensa. Outras que determinam o programa da família nos fins de semana, se elas não querem sair, ninguém sai. Pais que deixam a criança de 3 anos ficar horas na televisão porque não sabem desligar o aparelho e deixar ela ficar frustrada. Criança que come o biscoito ao invés da comida, que ganha o presente depois de ter se jogado no chão do shopping. Isso tudo causa um prejuízo enorme, tanto na qualidade de vida dessa família, quanto na psiquê, na emocionalidade dessa criança. Ela precisa saber que a sua vida tem limites, que a sua influência tem limites, que o mundo não gira em função do seu umbigo. Muitos meninos e meninas dessa geração vão levar isso para a vida adulta e não só terão dificuldades de convívio como vão quebrar a cara nos seus ambientes de trabalho e em relacionamentos interpessoais. Porque nem sempre a vida vai acolher esse tipo de onipotência que é resultado de uma educação cheia de falhas nesse sentido. 4. A culpa que os pais carregam é a grande vilã
nessa história? Eu tenho muito medo da gente restringir a questão à responsabilidade da família. A família é responsável sim, tem que saber lidar com a frustração, o choro, as emoções negativas da criança, tem que saber mostrar a ela que esses momentos passam, que estas situações vão deixar ensinamentos importantes. Os pais sentem culpa porque não estão presentes na vida dela e quando estão juntos querem dar coisas demais. A gente briga com essa história de dar presente, ao invés de dar presença. Muitas vezes o tal “deficit de atenção” é deficit de atenção de pai e mãe que a criança sofre. Mas a gente tem que justamente tomar muito cuidado para não piorar isso dizendo que os pais são os culpados porque o que leva a tudo isso é a vida moderna, é a perda de referências, é a falta de capacidade de aprender com as gerações anteriores, com a experiência dos outros, é a invasão do tempo de trabalho e do tempo de entretenimento no tempo em família, é o vício do smartphones. Tudo isso tem que ser pesado na compreensão desse fenômeno da entronização e da superproteção da infância, a gente não pode restringir a responsabilidade e nem as soluções apenas a nível familiar. 5. A justificativa sincera de muitos pais é de que eles fazem o melhor que podem, trabalham o dia todo, batalham para dar conforto aos filhos, chegam exaustos em casa. É até mesmo controverso: as pessoas querem ter filhos mas não conseguem ter tempo de conviver com eles. Como resolver este impasse? As pessoas querem ter filhos e imaginam que tudo vai ser um mar de rosas. Elas têm que ter consciência de que vão ter filhos neste mundo em que vivem: nas grandes cidades, muitas vezes com a falta de presença de familiares, com trabalhos que demandam excessivamente, com transporte que fazem elas chegarem tarde em casa, isso tudo tem que ser incorporado por um casal quando eles planejam filhos. Planejar ter filho é ver o futuro. Claro que a maioria das pessoas não faz isso, a gente quer ter filho, a gente quer reproduzir a nossa própria genética, isso faz parte de um mandato biológico. Mas hoje em dia a gente tem que pensar nas condições de vida que essa criança vai nascer e como nós vamos dedicar o nosso tempo a ela. Isso faz parte da responsabilidade de um casal. É preciso planejar a carreira, o local de trabalho para que a convivência familiar seja maximizada, para que a criança cresça com a presença dos pais,
16
tra disse: “Sua filha não tem um problema, sua filha é uma bailarina, leve-a para uma aula de ballet e vão ser felizes”. Gillian Barbara Pyrke, a menina da história, se tornou uma famosa coreógrafa da Broadway. Quantos gênios, artistas, cientistas nós não estamos perdendo medicando e rotulando essas crianças? reprodução
dos avós, tios, primos. Escolher um lugar para morar com natureza por perto. De novo a gente não pode reduzir a solução deste impasse a nível da família, a gente tem que tentar pensar na sociedade como um todo. A sociedade brasileira é insegura, desigual e cheia de problemas e isso influencia nas condições de vida das famílias. 6. O video americano “Childhood is not a mental disorder” já deu o que falar sobre o uso exagerado de remédios em crianças para controlar “doenças do comportamento”? Você concorda que é preciso ter muito cuidado com os diagnósticos? Eu gosto muito desse vídeo e ele traz mesmo uma dimensão terrível do que a sociedade está fazendo com a infância. O mercado pressiona a família por soluções fáceis, todo mundo quer resolver os problemas imediatamente. A energia da criança está sendo reprimida. É claro que o comportamento dela vai ser muito afetado por todas as questões que eu já citei, podendo se rebelar, ter insônia, desatenção, brigar na escola, ser impulsiva. Em vez da gente repensar como oferecer a estas crianças uma infância melhor, mais saudável, mais verdadeira, o que o mercado propõe é que elas sejam medicalizadas. A indústria de diagnósticos e de remédios é monstruosa e crescente. No Brasil, a Ritalina é o principal remédio usado para criança. Em 10 anos a venda de Ritalina subiu de 75 mil caixas para 2 milhões de caixas. O Ministério da Saúde agora está estabelecendo uma regulação para a venda do remédio. A gente não pode negar que essas doenças existem, o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é uma doença grave, mas ela atinge um pequeno número de crianças. A grande maioria desses diagnósticos está sendo feita de forma arbitrária, sem critério suficiente, eu diria até perversa. É preciso mudar o comportamento da família ou ir para psicoterapia, terapia ocupacional, fisioterapia, fonoaudiologia, que são benéficas para este tipo de problemas e poderiam ser tentadas antes e de forma mais eficaz. Porque o remédio vai ter efeitos colaterais, vai rotular esta criança, como o video expõe muito bem, vai colocar na cabecinha dela que ela é apenas um transtorno e não uma criança que tem potencialidades múltiplas e possibilidades infinitas para o seu futuro. Tem a historia de uma mãe que levou a filha ao pediatra porque achava que ela tinha problemas e o pediatra deixou a criança com uma música e saiu da sala por alguns minutos com a mãe. Eles ficaram observando a criança do lado de fora, enquanto ela dançava o tempo todo. E o pedia-
7.Quais as suas dicas para criarmos “crianças como crianças”? Acolher as crianças nas suas emoções. Especialmente as crianças pequenas têm uma racionalidade limitada e uma emocionalidade muito grande. Se ela está com raiva, você pode dizer pra ela “você está com muita raiva”. E mostrar de forma teatral o que está acontecendo com ela, fazê-la entender o sentimento que ela está tendo e dar permissão para ela sentir essas emoções, tanto negativas quanto positivas. Acolher também os desejos: “você quer esse brinquedo, eu sei que você quer muito ele, eu te entendo, mas a mamãe não pode comprar ele agora”. Isso quebra um pouco esse mecanismo da birra. Ter convivência com os nossos filhos, oferecer a eles oportunidades de conversa, de refeições em família, de sair na rua juntos, brincar nos parques, subir no trepa-trepa, ralar o joelho no chão, cair do skate (com capacete!), subir numa árvore, levar um zero, aprender com a frustração. Tudo isso é importante para formar uma criança mais feliz e um adulto mais íntegro, preparado para conviver com o outro. Pra saber respeitar o outro a primeira coisa que a criança tem que entender é que ela não é o centro do mundo. Ela é um membro da família e ter relações igualitárias com os outros membros da família vai fazê-la entender que ela vive numa sociedade. Esse é o nosso papel como pais. Texto retirado do site: www.tudosobreminhamae.com Coletado no site da Escola de Pais
17
Família, sempre de novo a família: Coisas que aquecem o coração. Retalhos de vida
N
a vida de todos os dias e, de modo particular na vida familiar, há fatos e dados que aquecem o coração, que tornam a vida mais fácil, mas bonita, mais enfeitada.
reprodução
► Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM
Gostaria agora de toma-los pela mão e mostrarlhes algumas paisagens delicadas que costumam aquecer o coração e que chegam mesmo a nos emocionar no seio da família. A menininha de poucos meses acaba de acordar em seu berço. Olha para um lado e para o outro. Consegue alcançar um coelhinho de borracha que “dormia” junto de seu travesseiro. Olha o bichinho, aperta, “mastiga”, sorri. Uma criança, um fiapo de gente que começa a querer comunicar-se. Que rosto de paz! O que, com efeito, será desta criança? Tarde de verão, brisa suave, um homem com boné está sentado junto à balaustrada da varanda. Pensa na mulher que tinha morrido há pouco tempo. Pensa tão fortemente que não consegue impedir que uma lágrima indiscreta lhe rolasse rosto abaixo. Levanta-se, vai à sala, traz um porta-retrato com foto dele e dela, coloca o retrato a certa distância dos olhos na tarde de verão. Lembra-se do dia em que a foto foi Olha, olha, olha… Depois entra, coloca o porta-retrato no devido lugar e vai esquentar uma sopa. Aquela mulher tinha o rosto corado. Estava trabalhando em quitutes de cozinha diante de um fogão a lenha. No momento fazia geleia de amora. De repente, pára um carro. É um de seus filhos. Ele vem ver a mãe. Mora ali perto. Chega e vai direto para a cozinha. Diz que trouxe um dinheirinho para ela comprar o que quisesse. Sobre a mesa da cozinha um forma
com broa de fubá. Mãe e filho se assentam, tomam café preto com um pedaço de broa de fubá com forte perfume e gosto de erva doce. Aqueles dois, rapaz e moça, se conhecem do tempo da Escola Municipal Professora Edite Assumpção, quando eram crianças. Muitas vezes já se tinham encontrado nas festas do bairro, na missa de domingo, nos velórios de gente da cidade pequena. Um dia, numa manhã de domingo, depois da missa das dez, sentaram num banco da praça. Os olhos dele nunca brilharam tanto quanto no momento em que olhou, como se fosse a primeira vez, os olhos verdes daquela mocinha. Naquele dia os dois entenderam o que é o milagre do amor. Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM Membro do Conselho de Educadores da EPB
18
Abandono emocional Uma Mãe, um Filho ►Fabiana Costa
reprodução
H
oje estava lendo um texto sobre este assunto e confesso que me tocou muito. Quem me conhece sabe que criei meu filho sozinha, após a separação quando meu filho tinha 3 anos, meu ex-marido também virou ex-pai! Não falo isso para gerar sentimentos de piedade por mim, ou de raiva contra o pai do meu filho, pois o que fiz faria com ou sem o pai junto! Mas me sinto tocada pelo meu filho que sofreu esse abandono afetivo e por todos os filhos de pais separados que passam por isso. Nunca quis fazer o papel de pãe, fiz o meu papel de mãe e o que meu coração sentia! Mas deixo o recado para todos casais separados não apenas para os pais mas para as mães também que por muitas vezes usam seus filhos contra seus ex-maridos. Que pensem muito bem antes de sair usando a sua mágoa contra o seu ex através dos filhos. Os adultos somos nós, as crianças querem apenas serem amadas e protegidas por aqueles que aprenderam a amar! Nunca falei mal ou coloquei meu filho contra seu pai, mas ele hoje praticamente um homem adulto sabe o que lhe aconteceu! E nessa história quem perdeu é quem ficou longe, que não viu os momentos mais lindos do crescimento de um ser humano gerado por ele. As vezes não se pode pagar pensão, mas dar amor e atenção não custa nada! A Escola de Pais agradece a bela partilha. Fabiana Costa - Relações públicas na empresa Wish Serrano Estudou Comunicão Social - Relações Públicas na instituição de ensino Universidade Católica de Pelotas - UCPel
19
Laringotraqueomalácia: fique atento ao seu bebê ► Naiara Pozzer
A
pelo médico Otorrinolaringologista, na qual se observa alteração anatômica da supraglote, com colabamento desta durante a inspiração. A alteração anatômica ocorre devido a um encurtamento das pregas ariepiglóticas, excesso de mucosa das aritenóides e queda da epiglote no sentido ântero-posterior. reprodução
Laringotraqueomalácia ou Laringomalácia é a anomalia da Laringe e Traquéia mais freqüente, que aparece logo após o nascimento representando de 60% a 75% dos casos de anomalias congênitas da laringe. A patologia pode ser congênita ou adquirida como é em casos de prematuridade ou em alterações cardiorespiratórias. A maioria dos bebês apresentam grau leve e sem a necessidade de intervenção cirúrgicas. Normalmente aparece nas duas primeiras semanas de vida, apresentando pico de incidência em torno de seis meses com a tendência de desaparecer até os dois anos de idade decorrente ao amadurecimento e sustentabilidade das cartilagens. Embora sua etiopatologia não esteja completamente elucidada, existe um colapso dos tecidos supraglóticos durante a inspiração de alta frequência, exacerbado na posição supina, durante a alimentação, agitação e choro. O diagnóstico pode se confundir com quadro de asma, bronquite ou pneumonia devido a dificuldade respiratória e rouquidão aguda, porém nesses casos, o bebê só apresenta o estridor inspiratório, sem a presença de febre e/ou secreção. Cerca de 70% dos casos, o Refluxo gastroesofágico (RGE) está presente. A disfagia (dificuldade em engolir) é altamente prevalente em crianças com laringotraqueomalácia. Os bebês apresentavam dificuldade durante as mamadas, principalmente engasgos, sintomatologia freqüentemente encontrada em pacientes com laringomalácia e que provoca interrupção das mamadas. A mãe deve ser bem orientada quanto à melhora gradativa e espontânea deste sintoma, desde que esta dificuldade não esteja interferindo no ganho de peso da criança; uma vez que o déficit pôndero-estatural é fator decisivo para a indicação de supraglotoplastia nos casos de laringomalácia severa. O líquido espessado reduz significativamente as aspirações traqueais e melhora a deglutição, sem ocorrer mais engasgos. A laringomalácia é dita severa quando a criança apresenta sintomas como cianose durante as mamadas, ganho de peso não-satisfatório, hipóxia e apnéia, RGE incontrolável, tórax escavado, hipertensão pulmonar, cor pulmonale ou intercorrências que necessitaram de internação devido à obstrução das vias aéreas superiores. O diagnóstico pode ser estabelecido pela videonasofaringolaringoscopia ou laringoscopia, realizado
Geralmente o médico sugere acompanhamento mensal quando o caso é de grau médio a severo.A laringomalácia pode estar associada com outras anomalias das vias aéreas superiores; sendo assim, alguns autores preconizam a realização de laringoscopia direta e broncoscopia de rotina para o diagnóstico. Na atual realidade clínica, 90% dos casos a laringotraqueomalácia desaparece até um ano de idade, seguindo apenas tratamento para o refluxo gastroesofágico e 10% dos casos necessitam da uma intervenção invasiva, cirúrgica para a melhora da patologia. Dentro desses 10% dos casos, geralmente são pacientes com alteração neurológica grave. Portanto, é uma patologia comumente benigna mas que merece atenção dos pais e profissionais da área da saúde. Caso perceba algum ruído na criança ou anormalidade, seja ela mínima ou não, procure sempre um pediatra para esclarecer as dúvidas e descartar possíveis. Naiara Pozzer, Fonoaudióloga Formação do Método Neuroevolutivo Bobath
20
Família na era digital ► Liete Maria de Araujo
reprodução
A
família vive hoje momentos de muitas transformações. O avanço tecnológico está influenciando, sobremaneira, a forma de vivermos. Aqueles momentos de encontro, de diálogo, de aproximação, tão necessários no seio familiar, estão diminuindo cada vez mais. Percebe-se que os pais estão perdendo a noção de entender e poder conversar com seus filhos. Existe uma correria tão grande dos pais, não sei se pela sobrevivência ou pelo desejo de ter mais ouadquirir mais bens materiais. Será que os bens materiais estão valendo mais que os valores pessoais? Por consequência, os paisestão passando para os filhos valores que não são condizentes com uma vida saudável e de harmonia. A tecnologia está aí, com muita coisa boa, mas temos que usá-la equilibradamente. Não esquecendo que a família é a base dos relacionamentos futuros. Segundo Lya Luft: “A infância é o chão que caminhamos em toda a nossa vida´. É na infância que semeamos para colher os frutos no futuro. Muitas vezes os pais envolvem-se tanto no trabalho que não há tempo para desfrutar de momentos gratificantes junto a seus filhos.
Estamos vivendo a era da globalização, onde o mundo virtual nos aproxima de tudo e de todos, todavia, muitas vezes algumas pessoas tem uma vida solitária. Como exemplo é possível citar que existe, nas famílias, uma individualidade em que cada um fica no seu quarto assistindo a seus programas, nem mesmo fazendo as refeiçõesconjuntamente, tão pouco conseguindo se encontrar. Outra coisa que nos assusta também,é que as crianças não estão brincando mais como deviam brincar, fato que as impede de ter suas energias voltadas para o gradativo crescimento e desenvolvimento físico, além de que as brincadeiras fortalecem a sua criatividade. Nossos filhos passam mais tempo no mundo digital que no mundo real. Assim, fica claro que nos comunicamos com os mais distantes e deixamos de nos comunicar com os mais próximos, que, muitas vezes,estão ao nosso lado, dentro de nosso lar. Percebe-se que as pessoas estão encantadas com a tecnologia o que poderá empobrecer o relacionamento familiar, levando ao distanciamento social. Portanto, a família é a mola mestra da sociedade, é a instituição sagrada mais antiga, baseada no verdadeiro amor, onde os filhos encontram o seu porto mais seguro. PAIS, sejam presentes, acompanhem seus filhos, participem com eles, sejam modelos de pais para construírem um mundo melhor e mais humano. Nunca esqueçam que os filhos precisam é da sua presença, sua segurança, seu acolhimento e seu amor. Pensemos nisso !
Liete Maria de Araujo Professora e psicóloga Membro da EPB São Marcos (RS)
21
reprodução
A geração dos filhos do quarto ► Dra. Patrícia Machado da Silva Galeno
A
ntes, perdíamos nossos filhos nos quintais de casa, nos rios, nos matos, nos mares. Hoje temos perdido nossos filhos dentro do quarto. Quando brincavam nos quintais ouvíamos suas vozes, escutávamos suas fantasias, brincadeiras e opiniões. E ao ouví-los, mesmo à distância, sabíamos o que se passava em suas mentes. Quando entravam em casa não existia uma TV em cada quarto e nem dispositivos eletrônicos em suas mãos com internet e um mundo virtual a ser devorado. Hoje não escutamos as suas vozes, não ouvimos seus pensamentos e fantasias. Não ouvimos o que pensam, o que sentem, o que querem depois da escola. As crianças estão ali dentro de seus quartos, e por isso pensamos que elas estão “em segurança”. Mas que segurança temos na internet hoje? Agora ficam com seus fones de ouvido, trancados em seus quartos cheios de tecnologia e seguras em seus mundinhos, construindo saberes sem que saibamos quais são. Não sabemos mais o que são importe para eles, o que pensam sobre a vida, os amigos da vida real, sobre o que querem fazer no futuro. Perdem literalmente a vida, ainda vivos em seus corpos, mas mortos em seus relacionamentos com seus pais, fechados em um mundo global de informações e estímulos, de modismos passageiros, celebridades instantâneas, em que nada contribuem para a formação de crianças seguras e fortes para tomarem decisões moralmente corretas e de acordo com seus valores familiares. As famílias de hoje estão se perdendo e perdendo a nova geração de filhos do quarto, pois os filhos do quarto não sabem mais quem são ou o que pensam suas famílias. Os valores familiares estão perdendo espaço para os valores globais, da coletividade individualmente vivida. Sendo assim, já estão mortos também em sua identidade familiar. A nova geração dos filhos do quarto se tornam
uma mistura de tudo aquilo pelo qual são influenciados na internet, e nós pais nem sempre sabemos o que os filhos estão aprendendo nem o que eles são de fato hoje. Os pais não estranham esses comportamentos dos filhos porque a tecnologia conectada pela internet se tornou uma excelente babá eletrônica para acalmarem as crianças, mantê-las ocupadas e deixá-los dentro de casa, para assim ficarmos tranquilos e seguros como bons pais que somos. Nós profissionais de saúde temos visto muitas famílias doentes, sem entenderem porque os seus filhos estão tão distantes dos pais ou tão doentes emocionalmente. Temos visto crianças que se sentem abandonadas dentro de casa e que preferem não recorrer aos pais quando precisam de alguma coisa. Vemos muitas crianças deprimidas e ansiosas, se sentindo pouco amadas ou compradas. Quer mudar esse cenário em sua casa? Então, brinque com seus filhos, divirta-se com eles, escute as suas vozes, suas falas, seus pensamentos. Sinta a grande oportunidade de tê-los vivos em casa, por ter seus filhos “dando trabalho”, para que eles aprendam a viver em família, sentindo-se amados e pertencentes ao lar. E você saberá o que eles são de verdade, e eles poderão contar com você para o que precisarem. O amor então poderá fluir sem a interferência da tecnologia. Não precisamos dela para amarmos e muito menos para cuidarem de nossos filhos. Ame, viva, brinque, escute! *Adaptação da Psicóloga Patrícia Machado do texto de Cassiana Tardivo. Em seu Blog
22
SECCIONAL DE CAXIAS DO SUL 50 ANOS dedicados às famílias. Fundada em 25 de agosto de 1967 Para comemorar, veio a Caxias do Sul, o renomado professor e antropólogo Luiz Almeida Marins Filho que proferiu uma palestra com o tema “Educar: desafio da atualidade” em 14 de agosto de 2017, às 19h30min, no Teatro do Colégio Murialdo. Marco Antonio Tessari
Ao longo desses 50 anos foram realizados 350 Círculos de debates, atingindo cerca de 16.000 participantes( pais e mães), beneficiando aproximadamente 19.000
crianças e adolescentes. Vagner e Karla Marçal falaram dos 50 anos da EPB de Caxias do Sul e apresentaram o Prof. Marins.
23 A partir de sua fundação a Escola de Pais do Brasil seccional de Caxias do Sul teve os seguintes casais presidentes: Benno e Augusta Winkler Ivan e Nilza Cercatto Nilso e Beatriz Bridi Delio e Gisela Nabinger Ivo e Claire Pioner Valdemar e Neiva Debastiani Paulo e Ivanir Montanari Vagner e Karla Marçal Ermilo e Terezinha Guizzo
O evento congregou além das autoridades presentes, os casais das seccionais de Gramado e São Marcos, os casais presidentes e ex-presidentes. Também se fizeram presentes, pais, mães, professores, educadores, diretores, estudantes, psicólogos e comunidade em geral motivados em buscar novas formas de educar e refletir sobre os desafios maternos e paternos no mundo atual. Somos muito agradecidos pela presença dessas pessoas valorosas que acolheram nosso convite, ajudando a fazer brilhar esta “Noite Dos 50 Anos Da Escola de Pais em Caxias do Sul”. Marco Antonio Pereira
Platéia atenta na palestra do Prof. Marins Marco Antonio Tessari
Pessoas mais felizes são as que constroem suas vidas alicerçadas em valores e princípios elevados.” frase do Prof. Marins.
Texto por Carla e Vagner Marçal - Casal Diretor Regional de Caxias do Sul e São Marcos
24
Pais, professores e escola = crianças felizes O equilíbrio emocional como fator de aprendizado ► Adriana Fattori
E
ducar as crianças para que se desenvolvam e sejam felizes na sociedade moderna tem gerado angústia e incertezas, porém, ao considerarmos a tríade pais, professores e escola envoltos no espírito de apoio, confiança e cooperação é possível que esse objetivo seja alcançado com sucesso. Primeiramente é importante trazer à luz o que é a felicidade e por que se preocupar em proporcioná-la às crianças, é importante. De acordo com o Dicionário Michaelis, felicidade é o estado de espírito de quem se encontra alegre ou satisfeito; alegria, contentamento, fortúnio, júbilo; acontecimento ou situação feliz ou alegre; sorte, sucesso, ventura. Dito isso, cabe pensar: por que a educação deve estar atenta a felicidade se a organização curricular vislumbra tão somente as competências nos conteúdos que levam ao conhecimento universal? Ora, existe sim um programa a ser trabalhado e ao qual família e escola devem estar engajados. A escola visa a educação para a vida, tendo como objetivo o aprimoramento do saber, mas esse se dá permeado pelo desenvolvimento das habilidades nas relações humanas: saber se relacionar, interagir, compartilhar e se sensibilizar como o outro. Então, o primordial é a formação do ser antes do conhecer e resolver problemas, pois é o ser que vai se utilizar desse conhecimento para atuar na sua própria vida e na sociedade e, para que essa ação seja produtiva
e construtiva é preciso que o ser esteja bem, esteja equilibrado e esse equilíbrio é alcançado através do cuidado em todos os aspectos da criança, desde ao organismo estar bem alimentado e aquecido até a autoestima estar bem reforçada. Para isso, a criança precisa de garantias, precisa sentir que é amada, que é cuidada, que é importante e que faz parte de uma rede que olha por ela e para ela. A sociedade atual está conectada nas mais diversas mídias e linguagens e a toda essa informação desorganizada, as crianças têm acesso. Porém, sabemos que muita informação sem organização pode vir a perturbar a mente e gerar confusão, isolamento e tristeza. Ter acesso a tudo não significa satisfação. O que traz felicidade é equilíbrio emocional e, para que esse equilíbrio se desenvolva, é fundamental o conhecimento do “eu”. Através do convívio com adultos que criam vínculos de afeto, que olham para a criança e a ouvem, que lhe fazem perguntas, apontam caminhos, apoiam diante do erro encorajando a tentar novamente gera-se o sentimento de segurança, que talvez seja a palavra-chave para todo o resto, já que a felicidade é algo que se cria de dentro para fora e, saber lidar com as frustrações fortalece o equilíbrio emocional, trazendo estado de plenitude, bem-estar espiritual, paz interior. É preciso desconectá-los das coisas e conectá-los na vida, no aqui e agora. Os adultos devem estar atentos ao fato de que são a referência, o exemplo para a criança, portanto,
reprodução
25
educar é criar ambientes que proporcionem aprendizado, e aqui entra o importante papel da escola, que estimule e desperte a curiosidade, integre ao trabalho, desenvolva talentos, quanto ser modelo de ser humano, oferecendo seu tempo de qualidade para um olhar ou uma palavra, demonstrar gratidão sendo positivo e com menor enfoque ao que lhe falta, proporcionar a criança que desenvolva a autonomia fazendo escolhas e arcando com as consequências, encorajando-a a expressar seus sentimentos através de palavras e sempre oferecendo apoio e o “não” quando esse for necessário, pois limites também proporcionam segurança e internamente a criança sabe que só quem se importa dirá o não para que ela não avance do limite seguro e se machuque. Pessoas felizes são seguras e confiantes e é nas vivências do dia a dia que estão as oportunidades para esse exercício, através do encorajamento com apoio. Essa educação emocional proporciona que seja de-
senvolvida a habilidade de olhar para si e conseguir se entender para, então, poder olhar para o outro e entendê-lo, gerando a solidariedade, que talvez seja o mais humano dos sentimentos já que onde está a solidariedade não cabe o individualismo e o egoísmo. Desenvolver habilidades de conhecer-se a si e se relacionar com os outros ajuda a criança a ser uma pessoa mais empática, que consegue se colocar no lugar do outro. Pessoas generosas tem uma existência mais feliz. Enfim, pela minha própria experiência de vivência em escolas,trabalhando com as mais diversas faixas etárias e níveis sociais, posso observar que crianças felizes, seguras de si, se integram bem na escola, aprendem com facilidade e se preocupam com o outro. Cabe a nós, educadores, pais e professores, levar mais em consideração as emoções e desenvolver nas crianças a habilidade de lidar com elas, proporcionando ambiente seguro e acolhedor, valorizando o esforço e encorajando a tentativa e o erro, amenizando a ansiedade, pois sempre há oportunidade de corrigir. Assim, aprender pode ser divertido e o conhecimento se torna fonte de prazer, algo que nenhuma tecnologia pode proporcionar, pois só o ser humano humaniza.
Adriana Fattori - Pedagoga Licenciada pela Faculdade de Educação de Taquara – FACCAT/FAETA Psicopedagoga Especialista, Lato Sensu pela Faculdade da Serra Gaúcha – FSG Para sua prática docente, bebe nas fontes de Maria Montessori (cientista italiana do século XX), Jean Piaget (pensador suíço do século XX) e Daniel Goleman (psicólogo da atualidade).
26
Ser Pai e Ser Mãe: reflexões sobre a parentalidade ► Bruna Detoni
A
parentalidade tem sido cada vez mais pesquisada, uma vez que é um exercício de crucial importância para o desenvolvimento de crianças saudáveis. É um termo complexo, que envolve pelo menos três aspectos essenciais: as particularidades dos pais/cuidadores, as particularidades dos filhos/filhas e o contexto cultural e comunitário onde vivem. As configurações familiares podem ser diversas atualmente, mas o papel de cuidador de uma criança segue sendo o mesmo. O lugar designado à criança dentro da estrutura familiar também se modificou na medida em que o bebê não é mais considerado um “lactente” que só necessita de cuidados que mantenham sua vida biológica, mas, sim, como um parceiro ativo das interações, que necessita de afeto e sustentação emocional para se desenvolver física e emocionalmente (Zornig, 2015). A construção da parentalidade se dá numa via de mão dupla: uma que pode se iniciar antes da concepção do bebê, por ser marcada pela história infantil de cada um dos pais, em que as representações dos pais sobre o bebê, incluindo medos, sonhos e lembranças da própria infância, servem como base e referência para a construção da parentalidade; e outra que se inicia pela participação do bebê nas interações com sua família (Zornig, 2015). Os bebês, as crianças, os adolescentes e também os adultos precisam de encontros significativos e investidos afetivamente para desenvolver o processo de simbolização e pensamento. O reconhecimento da vulnerabilidade dos pais aponta para a necessidade de práticas de sustentação ao processo de construção da parentalidade por meio da constatação de que é preciso cuidar
de quem cuida para favorecer uma experiência de mutualidade e troca nas relações entre pais e filhos. Conhecer e pensar questões da parentalidade é tão importante quanto saber sobre o desenvolvimento e potencialidades da criança e do bebê. Ainda que o conceito de “parentalidade” seja controverso e impossível de contextualização absoluta e global, é definido por alguns investigadores como sendo o conjunto de “atividades propositadas no sentido de assegurar a sobrevivência e o desenvolvimento da criança”, num ambiente seguro, de modo a socializar a criança e atingir o objetivo de torná-la progressivamente mais autônoma. É descrita como uma das tarefas mais complexas, difíceis e com maiores desafios e responsabilidades para o ser humano (Barroso e Machado, 2010). O que o conceito de parentalidade quer assinalar é sua diferença com o conceito legal de genitor, uma vez que não basta ser genitor nem ser designado como pai para preencher todas as condições, é necessário “tornar-se pai”, o que se faz por meio de um processo complexo implicando diferentes níveis de funcionamento social, psicológico e cultural (Houzel, 2004). Sabe-se que todas as crianças precisam de cuidados físicos, de nutrição e proteção. Além destes cuidados, Hoghughi e Speight (1998) destacam que as necessidades emocionais da criança po-
18
27
Escola de Pais do Brasil
A importância de aprender a esperar e ouvir: Não reprodução
Shirley Hilgert
U
ma das di�culdades que e u p e rce b o s e r m a i s comum a mães de primeira viagem (mas também pode acontecer em casos de segundo, terceiro, quarto �lho�) é a maternidade tornar-se uma �prisão� (palavra forte essa, mas é mais ou menos isso sim). Ou seja, o tempo passa e a vida não volta ao �normal� (ou pelo menos próximo disso). Para algumas mães, isto é encarado como natural, fazendo parte do pacote, mas outras se questionam se precisa mesmo ser assim e, o mais impor tante, até quando? demdos ser consideradas Em muitos meus textosnos já três aspectos seguintes: na primeira infância, seguida de envolvimento e apoio à criança ao longo dos últimos anos até a comentei que é natural e esperado idade adulta. 1) Amor, e compromisso, ou seja, as que os bebês sejam muitocuidado agarrados crianças precisam sentir que são amadas de forma às mães no início da vida, pois a Desta forma, devemos saber que não é preciconsistente eeincondicional, situação de dependência a proximi- e o comportamento so ser pais/mães perfeitos, mas é preciso sim ser de apego é uma consequência natural disso; dade da dupla cria um vínculo com “pais/mães suficientemente bons”, e isso envolve 2) Configuração de limite consistente, que características únicas, mas a intensium compromisso A pdea rsatisfazer t i r d e s tadequae período, é mesmo paraesiapliprópria.assumir Isso é totalestá relacionada com o estabelecimento dade e a duração desta ligação, que necessidades e s p e r ada d ocriança, q u e a agindo mãe comece a n t e n oem r msuas a l . N e s damente t e p e r í oas d o, cação de limites para ajudarm a ecriança muitas vezes parece simbiótica, um facilitador do processo deadesenvolviretomar, pouco pouco, sua vida e acontece inclusive incremento relações com o mundo exterior. O controle “su- umcomo onde não se ficientemente encontra o limite entre mento e considerando a necessidade denecessidades colocar bom” requer ana configuração de voltar-se para suas capacidade da mãe de comunicarum e o outro, depende, em grande limites. limites razoáveis que sejam se aplicados de forma (como mulher), o que naturalmente de forma quase que subliminar parte, da forma como a mãe lida comde modo consistente e amorosa, a criança cria uma situação em que o bebê não com que o �lho. Estas mudanças fazem este momento. eventualmente aceite a realidade limites e mais poderá ser atendido prontaparte dos do que chamamos de fase de Bruna Detoni, Psicóloga Clínica, Especialista incorpore emosuas ações; Preocupação Materna Primária, onde Até os os 3 ou 4 meses bebê no atendimento de Casal e se dá mente. Quando esta transição necessita de uma atenção do bem Família; Especialista nogradual, atendimento crianças 3) A facilitação desenvolvimento, ou espécie seja, o de regressão de forma o de bebê vaietendo ocorre uma adolescentes; Mestranda em intensa, que atendimento suga literalmente todas “suficientemente bom”, que envolve (para o bem) que permite que aPsicologia mãe Social; queSócia lidar comda esperas pequenas Diretora Repensar e Infância o fornecimento de uma rica e do variada as energias da mãe, e aí �ca difícil darestimulação (Consultoria e, emdesta Desenvolvimento). se aproxime estado do bebê. frustrações forma, ele vai atenção ao marido, à casa e até - Assistência Técnica Autorizada de Ferramentas Elétricas Bosch, Skil, Dremel e Tramontina. - Vendas de acessórios, máquinas, peças de manutenção e equipamentos de medição a laser.
Fone: (54) 3229.4455 | stedile@stedile.srv.br | www.stedile.srv.br Av. Ruben Bento Alves, 4570 - Bairro Santa Catarina - Caxias do Sul - RS
28 Escola de Pais do Brasil
47
afetiva por não encontrar evidências tranqüilizadoras deste amor�. O amor que não se expressa na ação, se assemelha a um rio congelado: continua sendo um rio, ►Djalma Falcão mas perde a sua função principal. o mundo contemporâneo "Amores congeladoso estilo de da n ãvida o t êentrou m c oem m crise. o a t Os u avalores r modernidade, as tradições, as crendinamicamente na relação ças e as formas de conduta se relaparental�. tivizaram. Essa relativização aconteceu por causa do Deve-se aproveitar, avanço do progresso do pensamento e do conhecimenentão, todasnuma as oportunito técnico e científico. Vivemos época onde as insdades do cotidiano com tituições e os códigos sociais e morais não podem mais determinar os modos de vida”. Aires dea Souza). atitudes que(Michel favoreçam formação desse vínculo Ao tratar deafetivo. valores e sua crise, impõe-se de logo para as divergências. salientar as dificuldades para sua abordagem, em vista carem, mais contribuem encantamento em face daSeguindo grandeza dos céus, Onde estão os encontros familiares, em entre importantes autores ( Ives de três pontos sempre presentes : 1º- Estudar um tema a linha que predomina suscita veneração diante da complexidade da um Michel que se2ºconversava ao redor vividas da mesa de e não La Taille, Aires de Souza, Anthony Giddens, no qual se está imerso; – As rápidas mudanças Mãe-Terra e alimenta enternecimento em face em cada canto vendo entre outros) pode-se dizer que valores são os determiem tempos contemporâneos e 3º –da A casa, distância entreTV juí-ou interaginda fragilidade recém-nascido. Éo do no computador? Onde estão as histórias na escolhas nantes das que fazemos e de dosum objetivos pelos zo e ação ( moralidade). Com efeito, é muito difícil a isensentimento que torna pessoas, coisas e situadiz Edênio Valle: ção analítica quando parte integral do objeto e, ao quais vivemos. Como horase deédormir? ções importantes “O que consideramos bom ou malpara (paranós. nós),Esse o que sentimento mesmo tempo, não seAtem a perspectiva em vida modernasociológica com o excesso de trabaé importante sem importância, desejável chama-se ou repug- cuidado. face da rapidez lho, comoa se sucedem acontecimentos. repetimos, correria deos todo dia não pode ser usada ouprofundo, irá depender dos nossos valores, Mas há que se enfrentar os óbices e discutir o quanto é nante, belo ou feio, Somente aquilo que passou porreuma emoção, como desculpa na formação de um bom da ética, da estética, da economia, aflitiva a questão da crise de valores no mundo contem- sidam eles no campo evocou um sentimento profundo e provovínculo quando qualidade nos ou doque da política mundo das ideias. Embora sejam eleporâneo. Chega-se mesmoafetivo, a perguntar: Crise dehá valores cou cuidado em nós deixa marcas indeléveis e momentos emaque pais e vem �lhos estãomentos juntos.centrais E na dinâmica e na organização de nossa ou valores em crise? Ao se iniciar discussão, a capermanece de�nitivamente� (BOFF, 2001) momentos, o afeto se coloca napercepção boca, noe orientação subjetiva”. lhar o que ensinanesses Libânio: Assim, pode-se afirmar que valores bem assentados “Entender oscoração, valores humanos como um fenômenos gestos. vivência no de construção social para se poder autônoma A epresença doagir afeto, do car na inho, da pessoal de cada um, precisam ser partilhados em comunidade REFERÊNCIAS e dinamicamente amadurecidos e conscientemente em relação a eles e à realidade da atenção, da disponibilidade, durante as trocas comum, a base sobre ao afeto pode qual são um dos fundamentos, é imprescindível que se ao longo de um processo FILHO, Luizsendo Schettini - Como afetivas na família, favorece a formação de a coesão social, seja em um casal- Internet aprofunde melhor a análise do fenômeno da constru- qual se torna possível ser parceiro das relações familiares indivíduos equilibrados e desenvolvidos ou numa família. Valores que se excluem, por sua vez, ção social dos valores. ” FOREST, Nilza Aparecida - Cuidar e Educar emocionalmente e projeta-se que de tensão são geradores e ruptura no tecido social. DesNão se pense, todavia que a preocupação comnas va- famílias Internet EMILIANO, Norma Pensando em orientam nossas ações, pois-são lores morais sejaeles uma característica deste nosso desa- sa maneira, os valores formam posteriormente. Família Internet fiante século XXI. A Escola de Pais do Brasil, sempre aten- conceitos ou ideias que as balizam. Deles dependem
“N
reprodução
Crise de valores na sociedade atual
comportamentos na medida em que são incenta aos desafios à família, já emcomeça 1983 dedicou um nossos É "Tudo comtodo o sentimento. o tivados ou rejeitados.Ceres e Nilton Sampaio são os representantes da Congresso Nacional ao tema: “Valores. Que Valores?”. sentimento que nos faz sensíveis ao que está à A sociedade contemporânea proporciona um estilo VALORES Diretoria Nacional da Escola de Pais do Brasil em nossa volta, que noséfaz gostar ou desgostar. o autônomo, de vida Émais mais aberto e reflexivo. A resAntes de falar de crise, importante tentar compreSalvador. Fazem parte do movimento há 40 anos. sentimento que nos às coisas envolve por nossa ponsabilidade vida, cada vez mais, cabe a nós. ender o que se entende por valores. Sãoune tantos os con-e nos com as pessoas.que, É o longe sentimento produz Como diz Giddens: “ Ali onde a tradição declina e a esceitos, interpretações e definições de expli- que
Ortocom Ortopedia
Próteses - Órteses - Splints - Coletes Imobilizadores Baropodometria - Palmilha sob medida. Fones: (54) 3222.6598 e 3222.6684 E-mail: ortocomcaxias@ortocom.com.br
Rua Sinimbu, 643 - Esq. c/ 13 de Maio - Caxias do Sul-RS
29 colha do estilo de vida prevalece, a individualidade não pode ficar isenta. O senso de identidade tem que ser criado e recriado de forma mais ativa que antes.” Nossa vida é regida por ações, escolhas que vão se somando. Cada gesto vai determinando o que nós somos ou podemos ser. No mundo das incertezas em que vivemos não há uma fórmula para a melhor forma de viver que não a coerência com nossas próprias convicções. CRISE DE VALORES Todas as culturas e sociedades desenvolvem valores. Na sociedade capitalista, os bens materiais tendem a se tornar valores supremos em torno dos quais giram nossas escolhas e decisões. Porque o valor está no capital e no acúmulo de riquezas apequenam-se a honestidade, a solidariedade, a liberdade, entre outros que ao longo dos séculos se sedimentaram como valores universais inquestionáveis. Assim, seria em torno deles que deveriam orbitar os nossos comportamentos. Quando eles já não são a bússola orientadora do conviver, a sociedade envereda pelo comportamento do interesse, do lucro fácil, da esperteza e da desonestidade. Instala-se a crise daqueles valores fundamentais que já não se reconhecem como alicerces do relacionamento humano. Neste arcabouço de descrenças, os mecanismos sociais que deveriam dar uma direção comportamental saudável já não conseguem imprimir um conjunto de ideias motriz às nossas condutas pessoais. A família, a escola, a igreja e o estado que deveriam ser instituições orientadoras e construtoras alienam-se do seu papel. As leis, os princípios religiosos, os códigos morais e mesmo as lições escolares passam a contribuir para um padrão moral que corresponde à ideologia dominante, qual seja o consumismo, a falcatrua acintosa ou velada, o beneficiar-se, seja de que maneira for, do aparelhamento estatal e do enfraquecimento das convicções da convivência solidária. Não é assim de surpreender a instalação de uma crise ético-moral sem precedentes. Não se percebe que não houve a eliminação de um valor, mas sua substituição por outro: o interesse público deu lugar aos interesses pessoais que se deixam quase sempre levar pelo egoísmo. Invertem-se os valores e instala-se a crise! A violência passou a ser vista como algo normal e aceitável. A corrupção virou moda. Sua generalização mostra que as pessoas passaram a dar mais valor aos interesses escusos do que à honra, à dignidade e ao respeito pelo outro. O individualismo e o egoísmo parecem imprimir a marca dominante do comportamento coletivo. Vive-se a cultura do hedonismo, isto é, do culto do prazer e da satisfação imediata dos desejos. A impunidade prevalece: ser esperto passou a ser mais importante que honesto. Não é, portanto, de surpreender a instalação da crise ética na qual estamos mergulhados. Diz Oliveira (2005): “A crise de valores está, então, na banalização entre os valores e os contra-valores. Tudo parece conviver numa harmonia que mascara a contradição. O bem e o mal parecem próximos, como se fosse o mesmo fazer o bem ou fazer o mal. Da mesma forma a confusão entre os valores aparece no campo da justiça: a injustiça convive de modo quase trivial com a justiça de modo a a s diferenças” MANIFESTAÇÕES DA CRISE A crise de valores se manifesta de muitos modos,
Oliveira ( 2005) nos aponta vários ( cinco) dos quais destacamos três. 1. Crise das Instituições – se insere no mesmo contexto da crise de valores. Já mencionamos que a família – a quem caberia ensinar o valor da convivência e do respeito ao outro; a religião- ensinar o valor da transcendência e o estado- zelar pelos valores cívicos, estão flagrantemente falhando em seus papeis. Constata-se, assim, que a crise de valores geralmente vem associada à crise das instituições que os deviam conservar e propagar. É bastante olhar à nossa volta para constatar como essas instituições sociais fundamentais estão claudicando nos seus objetivos com desastrosos reflexos na tessitura social. 2. Crise de Identidade – a supervalorização do sujeito criou um excessivo individualismo, pelo qual nos sentimos donos de nós mesmos sem ao menos saber quem somos. A crise de identidade dá ao homem a sensação de poder fazer qualquer coisa sem, no entanto, dotá-lo do senso crítico indispensável às suas escolhas. Repetindo Sartre, citado por Oliveira “ O que vou fazer daquilo que fizeram de mim?” A liberdade pregada pelos contra-valores leva à escravidão, à dependência e ao desespero. O homem perde sua identidade: não sabe quem é, o que quer e para onde vai. 3. Crise de significado – decorrente direta da anterior, instala-se a crise de significado ou de sentido. Qual o sentido da vida? Qual o sentido da história? Qual o sentido das coisas? A cultura do descartável (das relações amorosas às doutrinas e opções religiosas, entre tantas) não pode, claramente, oferecer resposta à crise do sentido da existência. O sentido da vida não está naquilo que nos escapa, mas no que plantamos, com raízes profundas, no terreno da nossa história pessoal e coletiva. CONCLUSÃO A este ponto, fica-nos um gosto amargo de desânimo. E a pergunta, à guisa de conclusão, se impõe: O que fazer? Entregarmo-nos à desesperança de que não há solução ou procurar nesta profunda crise de valores o caminho da salvação? Para responder, olhemos para a família como o inescapável ponto de apoio. Nos grandes momentos de crise precisamos estabelecer critérios pelos quais deveremos pautar nosso comportamento. Neste sentido, os pais e educadores têm papel fundamental: na medida em que se tornam exemplo para os filhos e educandos. Ensinam a estabelecer critérios válidos para o acerto de suas decisões. A família deve lutar para ensinar que crise tem também o sentido da purificação. E é lá, na família, que pode começar o caminho de volta ao cultivo dos valores fundamentais. Ensinar que vale a pena ser honesto, que é saudável o sentimento de revolta contra o esbanjamento da coisa pública, da mentira de promessas hipócritas e, muitas vezes, criminosas. É inadiável ensinar com palavras e, sobretudo, exemplos que urge construir um mundo melhor, passando de uma ética relativista para uma ética comunitária e solidária. Podemos e devemos iniciar a marcha para um momento fecundo de renovação humanitária. Geofísico, Economista, Mestre em Família na Sociedade Contemporânea pela Universidade Católica de Salvador, Membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. Juntamente com Terezinha casal Presidente Nacional da Escola de Pais do Brasil
30
Feridas emocionais da infância que podem persistir na idade adulta ► Texto traduzido e adaptado por Josie Conti
E
reprodução
mbora não seja regra absoluta, não podemos negar que nossa infância e primeiras experiências afetivas podem influenciar na maneira com que lidamos com os relacionamos posteriores e na leitura que temos das coisas que acontecem ao nosso redor. As boas e más experiências infantis afetam sim nossa qualidade de vida quando adultos. Influenciam também, depois, em como trataremos nossos filhos tanto do ponto de vista do afeto quanto do enfrentamento de adversidades. Agiremos, reproduzindo os comportamentos que conhecemos ou seremos diferentes? Abaixo, estão descritas 5 feridas emocionais segundo a especialista em comportamento canadense Lisa Bourbeau. Para a autora, são elas algumas das mais determinantes nas dificuldades de relacionamentos que as pessoas podem carregar ao longo da vida adulta posterior. 1- O medo do abandono Um dos medos frequentes nas crianças é o medo da ausência de seus pais, o medo do abandono. A criança, nos primórdios de sua vida, ainda não consegue separar fantasia de realidade, e, por também não conseguir quantificar o tempo, entende que as ausências podem ser sinônimos do abandono absoluto. Se a aprendizagem dessa separação necessária já é complexa em ambientes onde os pais lidam com o fato com tranquilidade, no caso de pessoas que tiveram experiências de negligência na infância, as marcas deixadas podem acarretar um medo de
solidão e rejeição contínuos todas as vezes em que a pessoa não tiver perto de si (fisicamente) a pessoa amada. A ferida causada pelo abandono não é fácil de curar. A pessoa saberá que está curada quando os momentos de solidão não forem vistos como desamor e rejeição, e, dentro de si, existirem diálogos positivos e esperançosos. 2- O medo da rejeição É uma ferida profunda que é formada quando, durante o desenvolvimento, a criança não se sentiu suficientemente amada e acolhida pelas figuras de referência que estavam ao seu redor assim como, posteriormente, pode ser afetada também por rejeições em ambiente escolar. Como a pessoa, no começo, forma sua identidade a partir da maneira como que é tratada, se ela for
31 reprodução
desvalorizada e depreciada constantemente, pode internalizar em si uma autoimagem de que não é merecedora de afeto e de que não possui atributos suficientes para ser aceita em sociedade. O rejeitado passa, então, a rejeitar-se, e, na idade adulta, muitas vezes, mesmo frente ao sucesso e obtendo bons resultados, essa pessoa pode apresentar grande fragilidade frente a qualquer crítica que exponha seus medos internos de insucesso. 3- A humilhação Esta ferida é gerada no momento em que sentimos que os outros nos desaprovam e criticam. Podemos criar esses problemas em nossos filhos, dizendo-lhes que eles são estúpidos, maus ou mesmo exagerando em comparações; isso destrói a criança e sua autoestima. Uma pessoa criada em um ambiente assim pode desenvolver uma personalidade exageradamente dependente. Outra possibilidade é o desenvolvimento da “tirania” também em si, um mecanismo de defesa em que a pessoa passa a humilhar aos outros para se sentir mais valorizada. 4- Traição ou medo de confiar Uma criança que se sentiu repetidamente traída por um de seus pais, principalmente quando o mesmo não cumpria as suas promessas, pode nutrir uma desconfiança que, mais tarde, pode ser transformada em inveja e outros sentimentos negativos. Quem não recebe o que foi prometido pode não se sentir digno de ter os que os outros têm. Pessoas que passaram por isso desenvolvem uma tendência maior a tentar controlar tudo e todos ao redor em uma tentativa de trazer para si o coman-
do de variáveis que, antigamente, faziam com que se sentissem preteridas e injustiçadas. Quando perdem o controle, ficam nervosas e se sentem perdidas. 5- Injustiça A ferida da injustiça surge a partir de um ambiente no qual os cuidadores primários são frios e autoritários. Na infância, quando existe uma demanda além da capacidade real da criança, ela pode ter sentimentos de impotência e inutilidade que depois pode carregar ao longo dos anos. Em ambientes assim, a criança pode desenvolver um fanatismo pela ordem e pelo perfeccionismo como tentativa de minimizar os erros e as cobranças. Soma-se a isso a incapacidade de tomar decisões com confiança. Nota final de Josie CONTI: Como dito no começo, existem feridas da infância que aumentam a probabilidade de sequelas emocionais na vida adulta. Entretanto, nada é regra e existem pessoas que desenvolvem mecanismos adaptativos e superam essas questões. Outras, entretanto, não se saem tão bem. Se você for uma delas, procure ajuda de um profissional da saúde mental. Nunca é tarde para rever questões mal resolvidas. O passado não muda, mas o futuro ainda é um livro em branco. Josie Conti, Blogueira e empresária. Após trabalhar anos como psicóloga, abandonou o serviço público para manter seus valores pessoais. Hoje, a Josie Conti ME e sua equipe trabalham prioritariamente na internet na administração funcional, editorial e publicitária de redes sociais.
32
As Inteligências múltiplas ► Howard Gardner
fotos:reprodução
A
Teoria das Inteligências Múltiplas, de Howard Gard-ner (1985), é uma alternativa para o conceito de inteligência. Sua insatisfação com a ideia de QI e com visões unitárias de inteligência o levou a redefinir a inteligência à luz das origens biológicas da habilidade para resolver problemas. Gardner afirma que o conceito de inteligência, como tradicionalmente definido em psicometria (testes de QI), não é suficiente para descrever a grande variedade de habilidades cognitivas humanas. Por exemplo, uma criança que aprende a multiplicar facilmente não é necessariamente mais inteligente que uma criança que tenha habilidades mais fortes em outro tipo de inteligência. A criança que leva mais tempo para dominar uma multiplicação simples pode ser excelente em um campo fora da matemática. Gardner sugere que alguns talentos só se desenvolvem porque são valorizados pelo ambiente, o que torna fundamental o papel da educação. Nos anos 80, uma equipe de pesquisadores, liderada por Gardner, se valeu dos avanços da neurociência, de estudos e observou crianças normais e crianças superdotadas, adultos com lesões cerebrais e populações ditas excepcionais; questionou o tradicional conceito de inteligência e o redefiniu como “habilidade para resolver problemas”. Desse estudo, foram identificadas sete inteligências e, mais tarde, surgiram mais duas que estão sendo pesquisadas.
As inteligências linguísticas Habilidade para lidar com palavras de maneira criativa e de se expressar de maneira clara e objetiva. É a inteligência da fala e da comunicação oral e não tem relação com a cultura da pessoa. É usar a linguagem para convencer estimular, transmitir informações ou simplesmente agradar. Exemplo: oradores, escritores, professores, poetas, jornalistas, publicitários. (Vinícius de Moraes) Inteligências lógico-matemática Capacidade de analisar problemas operações matemáticas e questões científicas. É a mais associada com a ideia tradicional de inteligência. Exemplo: matemáticos, engenheiros, cientistas, físicos. (Einstein) Inteligência musical Habilidade para tocar, compor e criar padrões musicais. Capacidade de entender a linguagem sonora e de se expressar por meio dela. Permite organizar elementos sonoros timbres, ritmos, de forma criativa e independe de aprendizado formal. É a mais associada com a ideia de talento. Exemplo: músicos, compositores, dançarinos. (Roberto Carlos) Inteligência sinestésica Potencial de usar o corpo para dança, esportes, coreografias. Capacidade de utilizar o próprio corpo para expressar ideias e sentimentos (gestos). Facilidade de usar as mãos. Incluem habilidades como coordenação, equilíbrio, flexibilidade, força, velocidade e destreza. Exemplos: mímicos, dançarinos, desportistas, mágicos, malabaristas. (Mané Garrincha e Pelé)
33
Inteligência espacial Capacidade de compreender o mundo visual de modo minucioso. Capacidade de reproduzir, pelo desenho, situações reais ou mentais; de organizar elementos visuais de forma harmônica; de situar-se e localizar-se no espaço. Capacidade de transportar-se mentalmente a um espaço. Exemplo: arquitetos, desenhistas, escultores, ilustradores, navegadores, pilotos. (Pietá, Michelangelo) Inteligência intrapessoal Capacidade de se conhecer. De estar bem consigo mesmo, de administrar os próprios sentimentos a favor de seus projetos. Inclui disciplina, autoestima e autoaceitação. Exemplo: escritores, psicoterapeutas, conselheiros. Essa inteligência é importante para todas as profissões. Inteligência interpessoal Habilidade de entender intenções, motivações e desejos dos outros. Capacidade de compreender as pessoas e de interagir bem com elas, o que significa ter sensibilidade para o sentido de expressões faciais, voz, gestos e posturas; habilidade para responder de forma adequada às situações interpessoais. Exemplo: terapeutas, políticos, religiosos, professores, animadores de espetáculos, oradores. É preciso compreender os sentimentos dos outros e reagir de forma adequada a essa compreensão. Essa inteligência é fator indispensável para propiciar clima harmonioso nas relações humanas. Inteligências ainda em estudos: Naturalista Traduz-se na sensibilidade para compreender e organizar objetos, fenômenos e padrões da natureza, como reconhecer e classificar plantas, animais, minerais, incluindo rochas e gramíneas e toda a variedade de fauna,
flora, meioambiente e seus componentes. Está voltada para a análise e compreensão dos fenômenos da natureza (físicos, climáticos, astronômicos, químicos). Exemplo: paisagistas, arquitetos e mateiros. (Charles Darwin) Inteligência existencial Abrange a capacidade de refletir e ponderar sobre questões fundamentais da existência. Seria característica de líderes espirituais e de pensadores filosóficos. (Mahatma Gandhi) Sobre o autor Howard Gardner é formado no campo da psicologia e da neurologia, nasceu na Pensilvânia, em 1943. Desenvolveu sua teoria na Universidade de Harvard, EUA. Publicou Frames of Mind (estruturas da mente) em 1983 e Inteligências Múltiplas: Teoria na Prática, 1993. Hoje, leciona neurologia na escola de Medicina da Universidade de Boston e é professor de Cognição e Pedagogia e de Psicologia em Harvard. Nos escritos sobre educação que se seguiram, enfatizou a importância de trabalhar a formação ética simultaneamente ao desenvolvimento das inteligências. Conclusão Nosso filhos, assim como nós, possuem todas as inteligências, mas destacam-se em duas ou três. Não podemos, portanto, exigir nota dez em tudo. Isso é para gênios. A maioria das pessoas é, ao mesmo tempo, inteligente para algumas áreas do conhecimento e limitada para outras. Isso é a média. Existem gênios e também pessoas desprovidas de inteligência. A Ciência já reuniu elementos suficientes para concluir que a inteligência é resultado de dois fatores: genética e experiência de cada um, no seu meio ambiente. Tudo isso vem confirmar os princípios da EPB, ou seja, conhecer sempre mais, estudar mais, partilhar com outros pais, para poder interferir com sucesso na educação dos nossos filhos. Publicado na Revista do Congresso 2012 Howard Gardner, Norte-americano professor da Universidade de Harvard
34
Uma adolescência feliz e harmoniosa Parece simples, mas não caiu do céu. Esta vivência foi cultivada na família e hoje é colheita no coração dos pais. É certo que aí aconteceu o essencial: Amor, segurança e limites
Carta de uma adolescente para sua Mãe
À
s vezes falamos coisas que não devemos falar, ouvimos coisas que não devemos ouvir, choramos por algo que não devemos chorar, amamos quem não devemos amar, vivemos de um jeito que não devemos viver, acreditamos em pessoas que não deveríamos acreditar, e confiamos em pessoas que, cedo ou tarde deixamos de confiar. E em todos esses momentos, você como mãe e amiga, esteve ali, preocupada, me dando apoio, um ombro, os ouvidos, ou até um colo, enfim, dando tudo, ultrapassando tudo e todos, fazendo mil coisas, tudo para mim, apenas para que eu me sentisse melhor. Sei que às vezes não sou a pessoa que aparento ser, e muitas vezes você deixa de acreditar em mim por certas coisas, mas fique sabendo que eu te amo e essa é a maior verdade do mundo! Amo você atucanada, virando a mulher maravilha para poder dar conta de tudo, amo você brava comigo, brava com tudo, amo suas piadas, as vezes bem idiotas, mas admito que se não fosse elas hoje talvez eu estaria chorando, amo você cantando, amo você falando amo você, amo seus abraços, amo seus beijos. Amo seus conselhos, amo seu “Deus te abençoe”, amo seu “Bom dia”, amo seu “Bom trabalho”, amo seu simples “oi” e amo seu difícil “tchau”. Sei que está preocupada com o dia em que não vai mais me ver chegar do trabalho morta de fome, com o dia em que não vai mais precisar dizer aquele “Deus te abençoe” toda vez que saio de casa, com aquele momento em que vou sair daquela porta e voltar apenas nos finais de semanas....
Mas fique sabendo que quando esse dia chegar, eu vou estar preparada, simplesmente porque, me espelhei em você, porque simplesmente segui os mesmos passos que você. Não se já ouviu falar que todas as mulheres são como espelhos. Eu me espelho em você, cantando, falando, dormindo, comendo, rindo, na aula, em casa, no trabalho, enfim me espelho em você, em todos os momentos de todas as horas de todos os dias. Você é um exemplo de mãe, um exemplo de amiga, um exemplo de conselheira, um exemplo de pessoa, um exemplo de cristã, um exemplo de companheira, um exemplo de esposa, um exemplo de irmã, um exemplo de filha, um exemplo de tudo! Mãe eu te amo porque sempre foi você, apenas você. Te amo porque todas as noites daqueles pesadelos horríveis, você segurava minha mão e ficava ali do meu lado esperando pegar no sono para ter certeza que dormiria tranquila antes de apagar a luz. E quando eu me machucava você largava tudo, chutava bola, tropeçava no tapete, pulava mesa, até que chegasse para me socorrer. E aquela famosa frase: “Vai doer? – Não, só uma picadinha!” Com você eu descobri que sonhos podem se tornar realidade, mesmo que sejam os mais loucos, o importante é acreditar. Com você aprendi a falar, caminhar, rir, comer, bom aprendi a viver. Eu não tenho palavras para poder agradecer tudo o que você fez por mim, aquelas horas e horas lendo e relendo a minha matéria para
35 reprodução
você entender para me explicar estão incluídas. Sei que é bem difícil ser uma “Super Mãe”, devido a essas explosões de gás e meteoritos que dão “super poderes”, mas fique sabendo que você não precisa de nada disso. Você já é uma heroína, com super poderes ou não, o simples fato de “salvar” sempre já é uma atitude heroica, pelo menos para mim. Acordar cedinho e esquentar o leite, voltar do supermercado com 30 mil sacolas pesadas e grandes. Tudo que você faz, são atos heroicos! Tá, vou resumir porque essa carta já está
muito grande e tenho que tomar banho. ...você é a super heroína Tânia, e ninguém vai tirar isso da minha cabeça... Lalala... Te amo muito, mais que o céu e mais que o mar. E obrigada por tudo mesmo... Obrigada por ser minha mãe Beijos. Te amo e um Feliz dia das Mães! Com carinho, Bela!
“Não somos obrigados a escolher as sementes, mas seremos obrigados a colher os frutos das sementes que plantamos.”
Já tenho um filho adolescente? Terei em breve? Meu olhar precisa ser diferente daquele que tivemos na sua infância! Ele já possui certa escala de valores, adquirida na infância e meninice e começam viver seus conceitos de integridade, verdade, bondade... ou outros, infelizmente. Nosso papel de pais??? Acompanhar, continuar semeando, ser porto seguro, , amando sempre incondicionalmente, dialogando e principalmente ouvindo muito. Ser referencial de valores para eles.... Mais forte do que a mídia... Mais forte do que tudo o que a TV e as redes sociais possam fazer em sua personalidade. Prepará-los para viver e conviver neste mundo em mudanças, serem homens e mulheres resilientes. Se não fizermos isso, o mundo o fará a seu modo. “Não existe educação neutra. Bem ou mal sempre educamos.” Educar um Desafio - Manual da EPB
36
O melhor presente é estar presente ►Piangers
A
Anita devia ter uns cinco anos quando saiu com essa: “Pai, você já notou que os brinquedos são muito mais legais na loja e nas propagandas do que na nossa casa?”. Tadinha. Lá em casa, os brinquedos não voam, como na televisão. Lá em casa, os brinquedos não são brilhantes e plastificados, como na loja. Interessante corno a Anita levou só cinco anos pra descobrir que a gente gosta mesmo é do ato de comprar: depois que a gente tem, perde a graça. Foi então que a gente co-meçou a tentar fazer nossos próprios brinquedos. Começamos a guardar as caixas de papelão. Uma virou casinha, outra virou um foguete todo pintado. Usamos folhas de papel em branco para fazer nossos próprios jogos de tabuleiro. Criamos um caminho, caiu na casa da Galinha Pintadinha tem que cantar uma música. Caiu na casa da professora Isabela tem que contar até três em francês. “Un, deux, trais!”, diz a Anita, pra andar três casas com o peão feito de tampa de garrafa pet. Pai fresco, sempre achei que comprar presentes substituiria meu tempo ausente. Trabalhava muito, então sempre levava uma lembrancinha das via-gens, um livro de princesa, um coelhinho de pelúcia inofensivo. Mas três coisas aconteciam: um, os brinquedos não substituiam a minha ausência (spoiler: nada substitui sua au-
sência, pai); dois, minha filha ficava acostumada a sempre ganhar alguma coisa e, quando eu chegava, só perguntava do presente; e três, ela brincava com o presente por uns dois segundos, pra o deixar abandonado em algum canto da casa. Aprendi o seguinte: os brinquedos mais divertidos são os mais simples. Uma cartela de adesivos representa horas de diversão ao custo de cinquenta centavos. Um palito, uma vez lá em casa virou varinha de condão, espada, arma de raio laser e foi a grande sensação do Natal (ao custo de zero reais). Mas nada deixa as crianças mais animadas do que jogá-las para o alto e pegá-las antes de caírem no chão. Será uma eternidade de “de novo!”, ao custo de um mau jeito nas costas. A Anita vai crescendo e, eventualmente, se deixando seduzir por brinquedos mais caros. Ela veio esses dias com um papo de que queria um Apple Watch, ia ganhar dinheiro das duas avós no Natal, juntar com um dinheiro antigo, vender uns tênis velhos na Internet pra poder comprar. Fomos na loja ver aquela coisa, ela mexeu por uns dois minutos pra sentenciar: “Que coisa mais sem graça, pai. Vamos embora”. A capacidade de entender que algo é melhor na propaganda do que na vida real talvez tenha sido meu melhor presente pra ela. Tive que viajar para uma palestra e no evento ganhei um
37 reprodução
macaquinho de pelúcia. “Dá de presente pras suas filhas”, me disse a contratante, superbem intencionada. Eu agradeci. Mas no avião, voltando pra casa, passou pela minha cabeça o que ia acontecer quando chegasse em casa: minhas duas filhas iriam brigar pelo macaco, eu diria que era um presente para as duas, a mais nova iria chorar, a mais velha iria agarrar o macaco, eu diria pra mais velha deixar a mais nova brincar, a mais velha iria chorar, a mais nova ficaria com o macaco por trinta segundos para então abando-
ná-lo no meio da sala, a mais velha continuaria chorando porque fui injusto com ela. Olhei para um pai que estava com um bebê no colo. “Tó, de presente pra você e seu filho”. Ele agradeceu, surpreso. Espero que ele saiba: nada substitui sua presença, pai. Marcos Daniel Piangers Barros é radialista, apresentador e colunista. Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina.
38
A importância dos cuidados da família no desenvolvimento da criança ►Janeo Antonio Pocahy
“Imagine uma criança, que em sua tenra infância fazia parte de uma família extremamente desorganizada, que a todo momento discutiam ou brigavam por qualquer motivo, traiam uns aos outros,e agrediam-se esporadicamente.”
E
dentro do núcleo familiar que a criança estabelece seus primeiros contatos com a realidade. Posteriormente, sua trajetória estará marcada por outras relações por meio de interações sociais que serão permeadas por amiguinhos, colegas de escola, professores, ligações parentais de todas ordens e instâncias que tendem a ocorrer dentro de um determinado contexto social ao qual se está inserido. Dessa forma, família e demais cuidadores, tem papel um fundamental na apresentação dos primeiros modelos de comportamentos a serem seguidos, também como, na constituição de trocas afetivas por meio de cuidados especiais para cada estágio do desenvolvimento infantil. É importante destacar que já nos primeiros momentos de vida sejam priorizados alguns cuidados ou necessidades básicas como carinho, empatia, proteção, aceitação, afeto, amor e que esses, possam ser transmitidos da melhor maneira possível para que a criança sintase aceita e conectada com a família de origem. A Terapia Focada em Esquemas do norte americano Jeffrey Young, tem postulado que se no início da nossa infância, nos primeiros contatos com nossos pais, ou cuidadores, nós não tivermos algumas necessidades básicas supridas, como aquelas citadas anteriormente, poderemos vir a desenvolver esquemas ou crenças. O modelo propõe que estas crenças vão contribuir na maneira de como iremos interpretar a realidade, funcionando como uma espécie de lente, que tende a
influenciar na forma de como nós iremos perceber o mundo, as pessoas e a nós mesmos. Esquemas ou crenças, são como verdades absolutas para o indivíduo, atuam de modo coerente com a realidade, e influenciam na constituição de alguns aspectos da personalidade produzindo modelos de interpretação na maioria das vezes disfuncionais. Em suma, a formação ocorre como uma consequência, ou resposta a um determinado tipo ambiente familiar que não conseguiu atender algumas necessidades básicas da criança, que deveriam ter sido supridas durante o período que varia, entre os primeiros anos de vida, até meados da adolescência. A psicologia evolucionista por sua vez, preconiza que algumas caraterísticas como memória, linguagem e percepção, podem ser explicadas a partir de adaptações do organismo ao meio, assim a mente e os processos envolvidos, seriam resultados de uma seleção natural. Nesse sentido, mesmo com certa dificuldade, o indivíduo busca adaptar-se para sobreviver ao ambiente (muitas vezes hostil) utilizando-se de certos mecanismos que em um determinado momento, foram a melhor forma que ele encontrou para se manter dentro daquela realidade. Sendo assim, lá na infância, nos seus primeiros momentos de vida até a adolescência, as crenças desenvolvidas, a forma de pensar e de agir foram funcionais e fundamentais para a sobrevivência. Contudo, nos dias de hoje, pensar da mesma maneira, e comportar-se utilizando os mesmos padrões do passado para circunstâncias do presente, podem gerar altas cargas de sofrimento, isso ocorre por não estarem mais de acordo com as novas demandas da realidade atual. Para melhor ilustrar estas ideias, pensamos em uma situação como exemplo: imagine uma criança, que em sua tenra infância fazia parte de uma família
reprodução
39
extremamente desorganizada, que a todo momento discutiam ou brigavam por qualquer motivo, traíam uns aos outros, e agrediam-se esporadicamente. Podemos concluir que esse ambiente era realmente tenso, hostil e não conseguiu transmitir nenhum tipo de segurança para essa criança. Pense um pouco sobre a vida dela, as pessoas que deveriam lhe passar segurança, cuidados, carinho e proteção, não conseguiam fazer isso nem consigo mesmas, imagine para uma criança enquanto sujeito frágil e dependente de todos os tipos de cuidados necessários, principalmente nessas primeiras etapas do desenvolvimento. Nesse sentido, como uma maneira de sobreviver a esse ambiente conflituoso, ela teve que se proteger de alguma forma, criar mecanismos de proteção. Portanto, desconfiar das pessoas, não confiar no outro, pode ter sido a melhor maneira que ela encontrou para sobreviver dentro daquele contexto. Dessa forma, há uma grande possibilidade em evitar relacionamentos futuros, buscando viver de algum modo mais isolada. Imaginamos agora que a mesma criança que foi maltratada, que passou por diversas dificuldades esteja nesse momento em idade escolar. Há uma grande chance de que ela apresente maior dificuldade em relacionar-se com seus colegas, em fazer amizades, interagir e até mesmo de sentir-se fracassada por pensar que não dispõe de algumas qualidades para ser aceita pelo grupo. Por outro lado, se a sua capacidade de resiliência for muito maior, diminuem-se as probabilidades de que isso aconteça. Contudo, sempre haverá maiores indícios de que se sinta rejeitada, inferiorizada não sendo digna ou merecedora de amor, porque é a sua crença, essa é a visão que tem de “si mesma” enquanto pessoa. Por sentir-se indiferente e com uma baixa auto-estima, poderá ser alvo de preconceitos ou qualquer outra forma de maus tratos como por exemplo bullyng. Se isso ocorrer, estará confirmando assim sua crença, de que realmente as pessoas não são dignas de confiança e por isso o melhor a fazer é isolar-me de todos para tentar fugir
dessas emoções terríveis que as pessoas me causam enquanto desprezo. Outra situação muito comum nos dias de hoje, pode ser observada a partir do comportamento juvenil, em especial por adolescentes que passam a maior parte do seu tempo em frente aos seus computadores, notebooks, ou mesmo com seus aparelhos celulares. O contato com o universo virtual por meio das redes sociais, jogos patológicos, entre outros conteúdos, são muitas vezes uma forma de se desconectar da realidade e de emoções negativas que os sentimentos de solidão acabam provocando. É claro que em boa medida precisamos dessas ferramentas para nos mantermos informados e atualizados com certas situações, mas quando isso é demais, é preciso ficarmos atentos. Diante de tudo isso, é preciso levar em conta que por mais que façamos o melhor por nossos filhos, nunca haverá um tipo de família ou cuidador que consiga atender todas as demandas ou necessidades ideais para um bom desenvolvimento de uma criança. Pois, dada a complexidade do que somos como seres humanos, somadas as nossas diferenças individuais, agregando-se a todos os valores e constructos dos nossos relacionamentos interpessoais e das interações entre indivíduos e sociedade, conclui-se que a família encontra-se alicerçada em estruturas muito mais complexas do que apenas a rede de convívio nuclear. Contudo, podemos garantir em boa parte, a formação de nossos filhos como pessoas felizes, proporcionando-lhes altas doses de amor, carinho, proteção e muitas cargas de afeto, com isso já temos uma medida significativa de que as coisas estão indo em uma boa direção. Psicólogo e Sociólogo. / trabalho com psicologia clinica. Rua Madre Verônica n:311/ sala 306 Centro Clínico São Miguel / Gramado . Fone: (54) 3286- 3516.
40
Crianças saudáveis, sorrisos bonitos e faces harmônicas! ►Magali Ester Knorst
T
odos nós desejamos isto! Tornar isto possível oportunizando um sorriso bonito as nossas crianças não é tão difícil assim. Os hábitos saudáveis adquiridos na primeira infância na alimentação, higiene pessoal, disciplina com os estudos se perpetuam ao longo da vida. Por este motivo o cuidado alimentar e de higiene são tão importantes. Alimentar-se adequadamente, evitando a frequência da ingestão de alimentos açucarados, e associar a escovação dentária, possibilita o desenvolvimento de uma de dentição saudável na 1ª infância, com grande chances de ser igualmente saudáveis na dentição permanente. As desarmonias faciais decorrem de fatores genéticos, que são herdados de pais e mães, e de fatores ambientais como os hábitos de chupar dedo, chupetas, respirar pela boca por exemplo. Entao, se não podemos modificar os fatores genéticos, poderemos com a prevenção diminuir em muito as desarmonias faciais somente controlando os fatores ambientais. Novamente com a prevenção estaremos diminuindo muito os tratamentos das desarmonias dento/faciais.
reprodução/shutterstock
Consultar o cirurgião dentista, e obter orientações na condução da saúde bucal de seu filho é um grande facilitador na prevenção das doenças bucais, bem como das desarmonias faciais. A saúde e a educação são os maiores legado os dos pais para os seus filhos! Pense nisto! Magali Ester Knorst Cirurgiã Dentista Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial. 25 anos de profissão!
41
Anoitece e o tempo está bom ► Charles Ferdinand Ramuz
Belo o casal que vive carinhosa e corajosamente unido até o fim da caminhada! Charles Ferdinand Ramuz, escritor e poeta suíço, escreveu tocante declaração de amor de um marido para sua mulher por ocasião dos quarenta anos de vida a dois. Mulher, vem sentar-te ao meu lado, ali no banco em frente à casa: é teu direito. Vai fazer quarenta anos que estamos juntos. Anoitece e o tempo está bom e é também o anoitecer de nossa vida: tu bem mereces um instante de repouso. Os filhos estão encaminhados e se foram mundo afora. Novamente nós dois, apenas os dois como no começo. Lembras-te mulher? Não tínhamos nada para começar, tudo estava por fazer. Nós demos tudo, mas foi duro. Foi preciso coragem e muita perseverança. É preciso amor. E o amor não é aquilo que a gente pensa quando começa. Não são apenas beijos que se trocam, palavras sussurradas ao ouvido ou sentir-se apertado um contra o outro. O tempo da vida é longo. O dia das núpcias é apenas um dia e, em seguida, tu te lembras? É só em seguida que a vida começa. É preciso fazer o que está desfeito; refazer ainda uma outra vez, porque está sempre desfeito. Chegam os filhos: é preciso alimentá-los, vesti-los, educá-los. E não acaba nunca. Às vezes ficavam doentes e tu passavas a noite em pé. Eu trabalhava o dia inteiro, do amanhecer ao anoitecer.
Às vezes dava desespero: os anos iam passando e impressão era que não progredíamos. Parecia até mesmo andávamos para trás. Lembras-te, mulher? Tantas preocupações, tanto trabalho: somente tu estavas perto. Permanecemos fiéis um ao lado do outro. Pude apoiar-me em ti e tu te apoiaste em mim. Tivemos sorte de estarmos unidos; lançamonos os dois à obra, aguentamos firme. O amor verdadeiro não é aquilo que se pensa. O amor verdadeiro não é de um dia, mas de sempre. É ajudar-se, compreender-se. Pouco a pouco a gente vê que tudo se arranja. As crianças cresceram e se saíram bem. Nós lhes havíamos dado o exemplo. Que todas as casas do país sejam sólidas, e o país será solido. Por isso, vem sentar-te aqui a meu lado e olha pois é tempo da colheita, quando tudo é rosado ao anoitecer e uma poeira de rosas se eleva por toda a parte entre as árvores. Senta-te bem perto de mim. Não diremos nada; não precisamos dizer nada. Precisamos apenas estar juntos, ainda uma vez e, no contentamento da tarefa cumprida, esperar que a noite chegue. Charles Ferdinand Ramuz, escritor e poeta suíço crédito da Foto: Rodrigo Pessoa Korn
42
Vem Doçura Tenho todo tempo do mundo. Tudo pode esperar, menos tu. Dá-me tua mão macia. Eu sei pular corda, brincar de cabra cega, encher balão, jogar com bolinhas de gude, fazer de velhos trapos, uma pua, como diria vovó Lilinha (boneca simples, mas fofinha e muito divertida). Vem, minha doçura. Preciso de ti. Todos os adultos são iguais. Apenas perdem o colorido. Furtam a verdade. Preocupados com suas tarefas fingem não ver o que está acontecendo. Quantas doçuras passaram a infância esperando por cuidadores ou aprenderam a substituí-los por televisão ou qualquer outra parafernália da era eletrônica. Doçura, por favor. Vem cá! Nada te é proibido. Só não brincamos de guerra. Vamos deixar de lado o mocinho o e bandido, a dor, o mal, a violência, a fome, a lágrima. Vem doçura. Basta apenas um pouquinho de paciência e a beleza das flores, com seus perfumes inigualáveis e as suas diferentes matizes que começaram a surgir. Vamos brincar de semear vida, em paz com a natureza. Doçura, vem. Teu sono tem sido tão pequeno, pois sabes toda a programação da noite. Onde estão os príncipes encantados, as fadas, os bichinhos, o sapatinho de cristal eles não existem no teu mundo? Falando sério o que está faltando é alguém que te ponha no colo e te dê um beijo de esperança. Como é gostoso acreditar nos anjos, em esperança, em alguém que cuide do sono e que ao acordarmos, esteja pronto para ficar do nosso lado, ou talvez decifrar o toquinho de gente que existe em cada um de nós! Vem doçura, vem e, mil vezes obrigada por estares perto de mim. Meu pedacinho de céu! Professora Nanci do Carmo Jung
Este poema é uma homenagem ao Miguel, nosso menino da capa e seus avós, Neusa e Mário Ecker, dedicado casal da seccional de Gramado.
MATO GROSSO DO SUL Campo Grande Bonito
MATO GROSSO Primavera do Leste
CEARÁ Fortaleza
BAHIA Alagoinhas Muritiba Salvador Santo Antonio de Jesus
MINAS GERAIS Belo Horizonte Governador Valadares João Monlevade Poços de Caldas Varginha
GOIÁS Anápolis Goianésia Goiânia Mineiros Rio Verde Piracanjuba
SÃO PAULO Americana Bauru Dracena Garça Limeira Mogi das Cruzes Salto de Pirapora (Núcleo) Osasco Piracicaba Praia Grande Santa Bárbara D´Oeste Santo André São João São Paulo-Centro Sorocaba
PARAÍBA Campina Grande Areal Esperança João Pessoa
PARANÁ Curitiba Guarapuava São Miguel do Iguaçu
SANTA CATARINA Blumenau Chapecó Curitibanos Grande Florianópolis Joaçaba/ Herval D´Oeste Lages Maravilha São Bento do Sul São Joaquim Timbó Urussanga Videira Xanxerê
DISTRITO FEDERAL Brasília PERNAMBUCO Caruaru Garanhuns Recife
RIO GRANDE DO SUL Canela Carazinho Caxias do Sul Erechim Getúlio Vargas Gramado Marau Não-Me-Toque Sananduva Santa Maria São Marcos Tapera
ALAGOAS Arapiraca Teotônio Vilela Junqueiro
ENDEREÇOS DAS ESCOLAS DE PAIS DO BRASIL - SECCIONAIS DO CENTRO E NORDESTE DO RIO GRANDE DO SUL REPRESENTANTE NACIONAL Maria Inês e César Augusto Detoni - Rua Ulderico Franklin da Silva, 85 - Bairro José Bonifácio - Erechim - RS Fone: (54) 3321.1735 | 3321.2794 e-mail: cezardetoni@via-rs.net DELEGADOS REGIONAIS Carla e Wagner Marçal - Rua Carlos Vergani, 331 - Bairro São Leopoldo - Caxias do Sul - RS CEP 95080-360 (54) 3027.6420 | 8133.6110 | 99903.8802 e-mail: karla.marcal@yahoo.com.br Therezinha e Luiz Mazzurana - Rua Maria Virgínia de Oliveira, 50 - Bairro Centro - Gramado - RS CEP: 95670-000 Fone: (54) 3286.2278 | 54 99692.7675 e-mail: theremazzurana@hotmail.com PRESIDENTES Canela: Tanara Spall e Elton Andrade - Rua Assis Brasil, 1063 - Bairro Leodoro Azevedo Canela - RS CEP: 95680-000 Fone: (54) 3282.1382 e-mail: tanaraspall@ibest.com.br; adm@stport.com.br Caxias do Sul: Teresinha e Ermilo Guizzo - Rua Sarmento Leite, 3354 - Bairro Rio Branco - Caxias do Sul - RS CEP: 95084-000 Fone: (54) 3226.1253 e-mail: ermilo.guizzo@superig.com.br; ermilo.guizzo@hotmail.com.br Gramado: Mari e Luiz Carlos Muraro - Rua Pará, 74 - Bairro Dutra Gramado - Gramado - RS CEP: 95670-000 Fone: (54) 3286.2623 e-mail: lc.muraro@via-rs.net Ivoti: Marfisa e Jeferson Luiz Barbieri - Rua Aloysio Gabriel Linck, 804 - Bairro Jardim do Alto - Ivoti -RS CEP: 93900-000 Fone: (54) 3563.7332 e-mail: marfisabarbieri@sino.net; jefersonbarbieri@sinos.net São Marcos: Liéte e Marcílio de Araújo - Rua Luiz Trevisan, 531 - Bairro Centro - São Marcos -RS CEP: 95190-000 Fone: (54) 3291.1798 e-mail: araujo@nsol.com.br