Revista Escola de Pais do Brasil - Seccionais da Serra Gaúcha - 2018

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Editorial Nesta edição da Revista da Escola de Pais do Brasil, de número 36, foi escolhido o seguinte tema: FAMILIA – ESTRUTURA BASE PARA A CONSTRUÇÃO DE VALORES E O EXERCICIO DA CIDADANIA, tema de nossa 5ª Revisão da EPB da Região Sul, em Caxias do Sul (RS), que de forma reflexiva tratou dos aspectos de formação e construção de valores através dos sentimentos e emoções da criança, através de ações sucessivas e experiências diferentes para a mesma situação. A percepção consistente das emoções, que de qualquer forma nos dá um olhar para o futuro no exercício da cidadania, com respeito, justiça, segurança e solidariedade. Nestas práticas de construção, usamos as estratégias e uma postura bastante participativas, educando com muito limite e muito afeto. Os pais e educadores são o elo de construção destes valores, que facilitam, quando bem trabalhadas estas questões, a passagem para a adolescência, vencendo as experiências emocionais que enfrentarão, sabendo lidar com ela e seus limites. A chegada da adolescência é o momento em que nós pais, temos que ajudá-los, nos conflitos que geram ansiedades para transformá-los em estímulos para que estejam preparados na sua vida adulta. E é competência da família, onde hoje todas as gerações ocupam a atenção das sociedades que queiram cuidar de seus cidadãos, ser o lugar para a sua resolução, com amor, limite e participação. A leitura de nossa revista nos oferece importantes princípios para a educação de nossos filhos e esperamos estar contribuindo com vocês, mães e pais, para um maior preparo nesta nobre missão: Conduzir os filhos para a descoberta das suas potencialidades, imprimindo a eles traços de caráter e ética, para o modo humano de existir e desenvolver a Cidadania junto ao seu meio. Aproveitem o momento. Conheçam um pouco mais da Escola de Pais do Brasil, e boa leitura. Mari e Luiz Carlos Muraro Casal Presidente da Seccional de Gramado Roque Reginatto Diretor Comercial da Revista Therezinha e Luiz Mazzurana Casal Diretor Regional da Escola de Pais


Escola de Pais O menor caminho entre pais e filhos Histórico

Como funciona

A Escola de Pais do Brasil é de origem cristã, iniciada em São Paulo, em 1963, por inspiração de Madre Inês de Jesus, cônega de Santo Agostinho. A apresentação à família brasileira foi feita pelo padre Leonel Corbeil e em seu início presidida pelo casal Alzira e Antônio Fernando Lopes. É filiada à Fédération intemacionak pour l’Éducation des Parents, com sede em Paris e faz parte da Federação Latino-Americana de Escola de Pais. A sede nacional localiza-se em São Paulo, na Rua Bartira, 1.094 - Perdizes. CEP 05009-000. Telefax (11) 3679-7511. Internet: www.escotadepais.org.br; e-mail: epbescoiadepais.com.br.

A Escola de Pais do Brasil é uma instituição que atua na área de educação e atualização dos pais, futuros pais e agentes educadores, no sentido de melhor conduzirem seus filhos e educandos, a partir de reflexões e da conscientização do seu papel de educadores. O trabalho da Escola de Pais do Brasil é voluntário e gratuito sendo desenvolvido por casais que, tendo participado do Círculo de Debates e posteriormente do CAC - Curso de Aperfeiçoamento e Capacitação -ingressaram na instituição. Os casais coordenadores de Círculos são devidamente preparados para atuarem onde forem solicitados. Funciona através de círculos de debates, uma vez por semana, com duração de uma hora e meia, nos quais os participantes, a partir de suas experiências, discutem e compartilham dúvidas, preocupações, dificuldades de educar e possíveis caminhos a serem buscados. Os assuntos são conduzidos por um casal coordenador da Escola de Pais, devidamente preparado para atuar como facilitador. Seu trabalho tem um caráter preventivo e permite, através de sua metodologia, manter o nível de interes-se dos pais, pois enfoca a real problemática educativa de cada grupo.

Missão Ajudar pais, futuros pais e agentes educadores a formar verdadeiros cidadãos. Linha psicopedagógica É definida, entre outros, por pedagogos, médicos, psicólogos e sociólogos que compõem o Conselho de Educadores da Escola de Pais do Brasil, com sede em São Paulo. Objetivos Conscientizar os pais de sua responsabilidade e de seu papel na educação dos filhos; Atualizar pais e educadores em práticas e princípios psicopedagógicos; Promover maior aproximação família/escola na perspectiva de uma educação integral do ser humano. Público alvo Pais e Educadores

CONTATO DAS SECCIONAIS DA SERRA GAÚCHA REPRESENTANTE NACIONAL Valéska e Everson Walber Fone: 54 99995 7788 | 54 99626 9038 e-mail: cezardetoni@via-rs.net DELEGADOS REGIONAIS Claire e Ivo Pioner Fone: 54 99175 8507 | 54 3229 4614 e-mail: ivopioner42@gmail.com Therezinha e Luiz Mazzurana Fone: 54 99692.7675 e-mail: theremazzurana@hotmail.com PRESIDENTES Canela: Tanara Spall e Elton Andrade Fone: (54) 3282.1382 e-mail: tanaraspall@ibest.com.br; adm@stport.com.br

Onde funciona Escolas, empresas, associações de classe, centros comunitários, condomínios. Como solicitar a Escola de Pais Entrar em contato com a escola de seu filho ou entidade da qual você faz parte, solicitando um ciclo de debates ou contatar diretamente a Escola de Pais do Brasil, de sua cidade.

Caxias do Sul: Clair Inês Bortolini Cunico e Sidnei Raimundo Cunico Fone: 54 3537.9160 | e-mail: sidneicunico@outlook.com Casal responsável pela parceria com o Projeto Pescar : Claire e Ivo Pioner Telefone: 054 32294614 54 991758507 E-mail: ivopioner@terra.com.br Gramado: Mari e Luiz Carlos Muraro Fone: (54) 3286.2623 e-mail: lc.muraro@via-rs.net São Marcos: Liéte e Marcílio de Araújo Fone: (54) 3291.1798 e-mail: araujo@nsol.com.br


CÍrCULOS DE DEBatE temário � Educar é um desafio � Valores e limites na educação � Pai, mãe e agentes educadores � A educação do nascimento à puberdade � Adolescência: o segundo nascimento � A sexualidade no ciclo de vida da família � Cidadania e cultura da paz

Benefícios esperados � Melhoria na comunicação, no diálogo e na convivência entre pais e filhos. � Definição de limites de forma mais adequada. � Melhor orientação para uma sexualidade sadia. � Prevenir o uso de drogas. � Atender melhor às necessidades dos filhos e prepará-los para o mundo.

Compromisso com a Escola de Pais Instituições ou Comunidades que desejam o Círculo de Debates devem assumir alguns compromissos com a Escola de Pais do Brasil:

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Escolher um local favorável para as reuniões e que seja amplo, arejado, bem iluminado e com cadeiras soltas;

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Convocar os pais e demais participantes através de circulares, de motivação feita com os alunos, telefonemas na véspera da reunião e inscrição dos participantes, constituindo um grupo de no mínimo trinta pessoas;

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Terminado o trabalho, a instituição solicitante deverá fornecer atestado em papel timbrado no qual conste o nome do coordenador que realizou o Círculo, o número de pessoas que frequentaram e o período de duração;

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Na medida do possível, oferecer cafezinho e biscoitos para o momento de integração dos participantes;

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Designar uma pessoa da instituição solicitante para acompanhar os trabalhos e dar ao Coordenador do Círculo; Se você quiser que a Escola de Pais do Brasil atue no colégio de seu filho ou na sua comunidade, fale com o responsável, peça que entre em contato conosco e então procuraremos atende-lo o mais breve possível. Através deste trabalho, os pais poderão encontrar o menor e melhor caminho para a educação do seus filhos.



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A vidA que recomeça Não vamos querer deixá-lo adulto antes do tempo, mas vamos ajudá-lo a viver as suas próprias fantasias e conquistas e deixar que os seus sonhos fluam além da imaginação e criatividade. arquivo pessoal

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 mari e Luiz Carlos muraro

inha esposa e eu fomos agraciados com a chegada de um neto, o que nos deixou muito radiantes e felizes. A felicidade maior é de poder ter a sua presença todas as semanas, junto com seus pais, em nossa casa e ter em nosso lar um conforto e amparo de uma família que se respeita e se quer bem e isto é muito acolhedor. Ainda é um bebê. Queremos ajudar na sua formação de valores, ter uma boa auto-estima, perceber que é na família o lugar para amar e ter a primeira experiência de convivência em busca do seu projeto de vida que irá ser traçado conforme o seu aprendizado. Ainda não temos muitas tarefas com ele, afinal são os pais que devem mostrar o mundo para ele, que devem educá-lo e cabe a nós, avós de primeira viagem, amá-lo sem a permissividade de que tudo pode, mas com o carinho indispensável apontando que, ali adiante existe um limite a ser respeitado. É uma felicidade inimaginável e inigualável, a de comungar com a sua intimidade, assim como fizemos com os nossos filhos pequenos por muito tempo, e ainda o fazemos. Aos poucos também vai ser oportunizado aos avós, acompanhar a sua formação, não para educá-lo e sim para aprenda a viver e conviver em uma grande família. Nosso maior compromisso vai ser acolhê-lo, amá-lo e dar toda a segurança necessária para que se desenvolva bem, ajudando a satisfazer todas as necessidades que venha ter no decorrer de sua vida. Não vamos querer deixá-lo adulto antes do tempo, mas vamos ajudá-lo a viver as suas próprias fantasias e conquistas e deixar que os seus sonhos fluam além da imaginação e criatividade. É nosso maior trabalho ensinar os valores universais que permeiam a nossa família, para possuir o maior valor que uma pessoa possa ter: A LIBERDADE. É para isso que devemos criar nossos filhos e acompanhar nossos netos. Este tempo de convívio é também a grande oportunidade que nós, avós temos de ensinar, a vivenciar valores e crenças, como contar as estórias de nossos avós como viviam antigamente, ensinar a rezar, ler a Bíblia e ensinar a ler bons livros, de toda esta magia da vida que nos remete aos tempos antigos de nossos antepassados.

Virão muitos momentos especiais e inesquecíveis. Voltar ao tempo e cumprir novamente a jornada de ver agora nosso neto crescer, ainda sustentado nestes valores, para nós importantes, é simplesmente fantástico, e é uma emoção que enche a nossa vida e o nosso coração de felicidade. Nos remete às recordações que ficaram adormecidas em nossa memória e relembrando destes momentos de ternura que só existem na infância. Agora não temos mais pressa, e isso nos proporciona a mais extraordinária oportunidade de semear no coração da criança, os melhores sentimentos que serão lembrados por toda a sua vida. A vida sempre recomeça e nós recomeçamos juntos, reaprendemos e tornamos a aprender, e as sementes lançadas sempre germinam, basta regá-las com amor e cuidado: é a garantia de bons frutos. Marí e Luiz Carlos Muraro Casal membro/presidente da Escola de Pais, em Gramado


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Atividade física na infância e Adolescência  Ruviane Pozzer

Esse texto é, em especial, aos meus queridos pacientes, os quais incentivo diariamente à prática de exercícios e aos seus responsáveis, que procuro deixar cientes da sua importância.

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genética de um indivíduo é imutável, mas o estilo de vida é modificável e a prática regular de atividade física, por si só, é capaz de reduzir consideravelmente a chance de desenvolver muitas doenças. A OMS (Organização Mundial da Saúde) tem se preocupado com a prevenção da obesidade em crianças e adolescentes por considerar que ela já se trata de uma epidemia mundial. Na América do Norte, por exemplo, estima-se que 250.000 pessoas faleçam a cada ano simplesmente por serem sedentárias. No Brasil, segundo dados estatísticos do IBGE, nos últimos 30 anos, aumentou em 35% a proporção de crianças e adolescentes acima do peso. Estudos mostram que isso acon-

tece não apenas em função da genética, mas, principalmente, pela vida sedentária e pela ausência de estímulo dos pais à prática de atividades físicas e a uma rotina alimentar saudável. Uma criança fisicamente ativa tem uma maior chance de se tornar um adulto fisicamente ativo, com mais saúde e produtividade, melhor qualidade de vida e maior longevidade (segundo a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte). É preciso ressaltar que a importância da atividade física na infância vai além da estética. Ela ajuda a prevenir doenças e é importante instrumento para auxiliar no crescimento e desenvolvimento motor do jovem, além de aprimorar o desenvolvimento cognitivo. O esporte trabalha a socialização e a liderança. A criança se desenvolve brincando, aprendendo e assimilando melhor os movimentos. Incentivar a prática de atividades físicas na infância é muito importante para que o esporte se

torne algo prazeroso desde cedo e colabore para um crescimento saudável. Uma diretriz recente da OMS concluiu que os benefícios à saúde com a prática de atividade física na infância e adolescência incluem melhora na capacidade cardiorrespiratória e força muscular, diminuição da gordura corporal, saúde óssea reforçada, biomarcadores favoráveis de saúde cardiovascular e metabólica e diminuição dos sintomas de ansiedade e depressão. Um estudo publicado no Jornal de Pediatria, em abril de 2015, comparou um grupo controle de 191 estudantes entre 15 e 17 anos em aulas de educação física convencionais na escola, com um grupo de estudo de 195 estudantes da mesma idade que participavam de atividades físicas diárias programadas, que incluíam atividades aeróbicas e exercícios de flexibilidade, fortalecimento muscular, jogos esportivos e alongamentos. No fim


9 do ano letivo, houve uma redução significativa na massa de gordura e no percentual de gordura corporal no grupo de estudo, em comparação ao grupo controle. Apesar dos jovens serem a parcela mais ativa da população, os indicadores de sedentarismo crescente têm alertado os profissionais de saúde pública. Conforme estudos publicados nas Revistas Científicas Pediatrics, em 2009, e International Journal Pediatrics Obesity, em 2010, a tendência com relação à obesidade infantil começa aos 6 meses e a escolha do padrão de crescimento é essencial para identificar o surgimento de excesso de peso em neonatos e crianças e adolescentes em idade escolar. A intervenção precoce, quando for observado aumento nos percentuais de peso por estatura ou IMC (índice de massa corporal), deve fornecer aos pais e cuidadores orientação e apoio para promover hábitos saudáveis e atividade física de rotina. Segundo artigo da Revista Paulista de Pediatria, de 2008, os efeitos benéficos da atividade física são evidenciados nos mais variados órgãos e sistemas: cardiovascular (aumento dos parâmetros ventilatórios funcionais), muscular (aumento de massa, força e resistência), esquelético (aumento do conteúdo de cálcio e mineralização óssea), cartilaginoso (aumento da espessura da cartilagem, com maior proteção articular) e endócrino (aumento da sensibilidade insulínica, melhora do perfil lipídico). No entanto, vale salientar que a atividade física pode prejudicar o crescimento e o desenvolvimento, de acordo com sua intensidade, presença de fatores estressantes, como competições e lesões, gasto energético, idade e estado nutricional. Os principais risco da atividade física ou esporte inadequado são as

lesões músculo-esqueléticas, como fraturas, escolioses, tendinites, dentre outras. A Academia Americana de Pediatria admite a realização de treinamentos de força e resistência para crianças, desde que programados de forma adequada em termos de frequência, tipo, intensidade e duração. Cargas máximas só devem ser realizadas por adolescentes que tenham atingido es-

tágio puberal avançado. Sendo assim, qual seria o tipo de exercício físico mais indicado para as crianças e adolescentes? Segundo artigo da Revista Paulista de Pediatria, diferentes modalidades esportivas são indicadas, desde que respeitadas as individualidades. O que se preconiza é que para uma prática esportiva saudável, algumas recomendações sejam levadas em consideração, como:

 encorajar crianças e adolescentes a participar de esportes condizentes com suas habilidades e interesses;  orientar atividade física apropriada para crianças e adolescentes com necessidades especiais ou limitações;  acompanhar crescimento (peso, altura) e evolução do desenvolvimento puberal;  assegurar dieta balanceada com aporte calórico, de cálcio e de ferro adequados;  prover condições de exercício seguras;  ficar atento para complicações físicas e emocionais;  aumentar o tempo de recuperação quando realizar atividades físicas de carga elevada;  evitar situações nas quais sejam necessárias apnéias prolongadas (mergulho, halterofilismo);  no treinamento de força, evitar cargas elevadas sobre a coluna;  nas atividades que exijam alta coordenação motora, ter em mente o desenvolvimento psicomotor da criança;  priorizar movimentos e habilidades naturais no lugar de exercícios elaborados A atividade física leve a moderada tem efeito benéfico sobre o crescimento estatural e o desenvolvimento ósseo, enquanto a atividade física intensa pode atenuar o crescimento, podendo causar atraso puberal e diminuição da mineralização esquelética. É preciso ter cuidado para evitar sobrecargas. Mas, certamente, pode-se afirmar que a atividade física aliada a alimentação sadia e ao meio ambiente favorável, faz com que a criança e o adolescente atinjam seu potencial de crescimento e desenvolvimento normal e, con-

sequentemente, um bom nível de saúde. Por isso, estimule sempre a criança e o jovem à prática de exercícios! Fisioterapeuta na clínica Espaço de Reabilitação CREFITO 5- 63191Especialização em Fisioterapia Cardio-Respiratória Método Neuroevolutivo Bobath Equoterapia Protocolo Intensivo Pediasuit Método Pilates e Mat Pilates Rua Madre Verônica, 311- sala507, Gramado-RS Centro Clínico São Miguel


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tdAH

transtorno de deficit de Atenção com Hiperatividade  Sirlei Fontana Kautzmann

O

Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade é um transtorno Neurobiológico que acomete em média cinco por cento das crianças e dos adolescentes. É uma patologia genética que prejudica a atenção (foco) do indivíduo. Desde muito cedo, o bebê com TDAH já apresenta alguns sintomas, como agitação, dificuldades para dormir e de se manter no sono pelo tempo necessário nos primeiros meses de vida. Já na pré-escola podemos detectar o TDAH, porém não é aconselhada a medicação antes dos sete anos, pois o paciente nessa faixa está passando por transformações cerebrais em virtude de não ter seu processo de amadurecimento físico e mental completo. Muitas vezes o TDAH é confundido com transtorno de ansiedade, devido ao fato de o diagnóstico ser clínico e não haver um exame específico para detectá-lo. Por essa razão o paciente que apresente o sintoma deverá ser avaliado por uma equipe multiprofissional para que se chegue a um diagnóstigo com segurança. O Neuropsicopedagogo é o profissional que tem propriedade, num primeiro momento, para avaliar e realizar os testes necessários para cada caso e, se achar conveniente, fazer os encaminhamentos a outros profissionais tais como pediatra, oftalmologista, otorrinolaringologista. Dependendo dos sintomas, é preciso também realizar exames laboratoriais, para identificar possíveis alterações de tireóide que podem causar agitação e fazer com que o paciente não consiga aquietar-se, e mesmo focar sequer para ouvir um comando, como pegar algo que lhe tenha sido solicitado, podendo esquecer completamente da ordem recebida. Podem esquecer-se dos materiais, trocar os cadernos, ou apostilas, ocasionando prejuízo na apresentação dos trabalhos. Há portadores que podem também ter comorbidades paralelas tais como: • Transtornos de tiques ( presentes em até 50 % dos casos ) • Transtornos por uso de drogas ( de 9 a 40 % dos casos ) • Transtorno Bi polar • Transtorno de ansiedade • Depressão • Transtorno de aprendizagem • TDO Transtorno Opositor desafiador • Transtorno de conduta ou personalidade

Para fechar um diagnóstico é preciso também observar o paciente em no mínimo três ambientes distintos, a fim de evitar a confusão com transtorno de ansiedade. Alguns pais, por receio, deixam de medicar seu filho, mas vale destacar que o TDAH não tratado trará um prejuízo muito grande por prejudicar o acompanhamento das atividades escolares e o consequente aparecimento de dificuldades de aprendizagem! Além disso, o paciente pode, muitas vezes, ser criticado e rotulado pela família e pela escola. A autoestima desse paciente começa a diminuir e ele tende a não gostar de estudar. A sugestão para a escola é que esse educando sente-se próximo ao professor, mesmo quando medicado,e que também a família o ajude em todos os sentidos, como anotar as atividades extraclasse, facilitando sua rotina diária. O professor também tem autonomia para realizar a avaliação desse aluno de formas variadas. Um exemplo de avaliação é pelas respostas durante as aulas e pelas atividades realizadas. A avalição deverá ser processual e contínua. Entretanto, se necessário, o educando poderá realizar suas avaliações formais em um ambiente livre de ruídos e de quaisquer outros estímulos . O indivíduo com TDAH não apresentará dificuldade apenas na escola, mas em todos os ambientes em que estiver inserido. É claro que o sintoma costuma apresentar-se durante o período escolar


11 as atividades. O ideal nesses casos é o reforço positivo, ou seja, elogiar o que ele consegue em vez de criticar ou enfatizar o que não consegue atingir. Outra sugestão para as escolas é jamais falar de algo negativo com os pais ou responsáveis na frente do aluno portador. Esse paciente, mesmo medicado, precisa de acompanhamento psicopedagógico, no qual ele faça um trabalho em conjunto, principalmente de reforço positivo, mas também outras intervenções junto à família e à escola!

porque é a única atividade que exige esforço e foco do estudante, mas os sintomas tendem a aparecer também na fase adulta. Temos hoje muito adulto medicado e levando uma vida saudável. O adolescente ou o adulto não medicado ainda corre o risco de não conseguir manter-se nos empregos, causar acidentes,

especialmente dirigindo veículo, perder seus pertences, esquecer os compromissos, e até de se envolver em brigas, em uso de drogas, entre outras patologias que podem se desenvolver na adolescência. Por isso é sempre importante prestar atenção naquele aluno que não aprende e que não realiza

Sirlei Fontana Kautzmann Psicopedagoga e Neuropsicopedagoga Pós Graduada em Educação Especial Inclusiva e Educação Profissional Tecnológica. End. consultório, Borges de Medeiros 2070 sala 23 Ed. Dom Fernando - Gramado


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o uso da tecnologia na primeira infância  Psicóloga Bruna Detoni

a

primeira infância compreende o desenvolvimento infantil dos 0 aos 6 anos de idade, período crítico para o desenvolvimento do cérebro, a construção das relações afetivas seguras e o estabelecimento de comportamentos saudáveis. Principalmente entre 0 a 2 anos, as habilidades de simbolização, memória e atenção são ainda imaturas e os bebês necessitam da exploração do ambiente e da interação social com cuidadores de confiança. Neste período, ouso da tecnologia –televisão, computador, tablets e celulares–pode ser um grande vilão para o desenvolvimento saudável. A Academia Americana de Pediatria, preocupada com este assunto, estabeleceu, em 2016, algumas recomendações às famílias, entre elas:  Evitar o uso de eletrônicos, exceto conversas por vídeo, antes dos 18 a 24 meses.  Entre os 18 e 24 meses, se for desejo introduzir os eletrônicos, escolher programas de qualidade e acompanhar as crianças enquanto assistem. Entre 2 e 5 anos:  Limitar o uso a uma hora por dia;  Escolher programação de alta qualidade;  Acompanhar, ajudar a entender o que está assistindo e a aplicar o que assiste ao mundo ao redor;  Evitar programas muito rápidos, aplicativos com muitas distrações e qualquer conteúdo violento;  Desligar televisões e outros aparelhos quando não estiverem em uso;  Não recorrer aos eletrônicos como a única maneira de acalmar a criança;  Não utilizar eletrônicos nos quartos, durante as refeições ou em momentos em que outras interações entre pais e filhos estão acontecendo (incluindo os telefones dos pais).  Não usar telas uma hora antes de dormir e remover aparelhos do quarto.

recomendações desde sempre e até a adolescência:  Monitorar o tempo de exposição e o conteúdo acessado. Os adultos também necessitam ficar atentos ao seu próprio uso, pois o excesso reduz interações verbais e não-verbais com a criança, está associada ao aumento de conflitos entre os pais e a crianças também a acidentes domésticos. Como qualquer outra coisa na vida, é necessário estabelecer um limite com relação ao uso das tecnologias, seja por parte das crianças quanto dos adolescentes e adultos. Encontrar um equilíbrio, estabelecer, cumprir e fazer cumprir regras claras é o melhor caminho, pois o uso da tecnologia não substitui a interação.

Bruna Detoni Psicóloga Clínica Especialista em Psicoterapia da Infância e Adolescência (CEAPIA) Especialista em Psicoterapia Familiar e de Casal (DOMUS) Mestranda em Psicologia Social (PUCRS) Fone 51 991282777


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A criança e os “Porquês”  Janeo Antonio Pocahy

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xiste um período dentro do desenvolvimento infantil (entre 3 ou 4 anos) em que as crianças passam a demonstrar maior curiosidade em relação ao ambiente em que elas vivem, denominando-se tal momento como a fase dos “porquês”. Diante disso, é natural que a criança busque querer compreender determinados significados e que passe a questionar com mais frequência aquilo que para ela é desconhecido, pois há aqui também o início ou parte da formação de sua identidade. Essas mudanças de comportamentos, se devem também ao fato, de que a comunicação começa a ficar mais desenvolvida possibilitando um maior intercâmbio entre seus processos internos que permitem observar e sentir muito mais estímulos do que compreendê-los. Um dos maiores estudiosos do desenvolvimento infantil Jean Piaget, caracteriza esse período como “pré -operatório” que ocorre entre 2 à 7 anos, de modo que a criança começa apresentar a capacidade de substituição de um objeto ou acontecimento, por uma representação. Ou seja, é o momento do surgimento do simbólico, onde a ausência do objeto permite a criação de imagens mentais, fantasias, desenhos, dramatização e assim por diante. Concomitante a esse período, o autor acrescenta o conceito de “inteligência intuitiva” de forma que para criança tudo deve ter uma explicação e que as coisas não acontecem apenas pelo acaso. Acredito que seja importante prestarmos atenção, para assim podermos identificar e diferenciar o sentido das perguntas que as crianças nos fazem. Por exemplo, muitas vezes podemos ser surpreendidos por “porquês” relacionados a algum tipo de curiosidade da criança, ou até mesmo uma dúvida em si. Por outro lado, a criança pode estar usando esse tipo de artifício como uma maneira de apenas obter atenção dos seus pais ou cuidadores. Independente de qual seja a situação, é preciso estar disposto a ouvir e entender a real necessidade em questão. Contudo, não podemos simplesmente negar ou frustrar a importância de certas investidas da criança, porque isso em certa medida poderá interferir em seu nível de busca de novas descobertas, em seu poder de questionar, assim como em seu processo de aprendizagem, por ter sido invalidada em momentos anteriores onde estava disposta a entender.

reprodução/internet

Nosso papel é esclarecer dentro daquilo que se considera que seja adequado e compreensível para determinada idade. Por outro lado, sabemos que para muitas perguntas não existem respostas e que estamos sempre sujeitos a determinados acontecimentos aos quais não temos nenhum domínio e que fazem parte do acaso. Sendo assim, também é de grande importância mostrar a realidade tal como ela se apresenta, dentro de um olhar, com uma tradução, e que chegue até a criança de maneira mais acessível para que ela também aprenda e passe a entender desde cedo que a vida também e feita de incertezas, inseguranças e que nem sempre há respostas para tudo. Para que mais tarde, ela não venha se deparar com uma realidade que sempre lhe foi omitida ou até mesmo negada, o que com o passar do tempo, poderá lhe gerar um certo desconforto quando tiver que encarar certos desafios apresentados pela vida.

JanEO antOnIO POCaHY (Psicólogo e Sociólogo) Atendimento Clinico. Rua madre Verônica 311, (sala 306) Centro clinico São Miguel, centro de Gramado RS. Fone :3296-3516 Email: janeopsicologo@gmail.com


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infânciA não é tempo de construir currículo Pediatra explica que competências humanas adquiridas na infância, com o livre brincar, são cruciais para o desenvolvimento, e devem ser estimuladas pxhere.com

 Daniel Becker

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cada vez mais comum ver crianças precisando lidar com agendas atribuladas, preenchidas com aulas de idioma, música, reforço, teatro, espor-

tes. Para o pediatra Daniel Becker, pesquisador do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro e um dos criadores do programa Saúde da Família, essa visão curricular sobre as atividades nas quais a criança precisa se envolver pode acabar fazendo com que ela desenvolva comportamentos de competitividade e individualismo. O especialista defende que, na infância, a prioridade deve ser o livre brincar, atividade que não pode ser repetida em outra etapa da vida e que é capaz de estimular uma série de competências humanas que nenhuma sala de aula poderá ensinar. Becker concedeu entrevista a EXAME sobre a importância de cultivar a saúde desde os primeiros anos de vida durante o VII Simpósio Internacional de Desenvolvimento da Primeira Infância, em Fortaleza, do qual a reportagem participou a convite da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal. Muitos pais acreditam que deixar a criança ocupada com atividades que compõem um currículo, estão auxiliando na educação. Por que o senhor critica essa prática? Nós vivemos uma cultura de excesso de valorização da aprendizagem com adultos, é um paradigma da escola do desenvolvimento. Como se o desenvolvimento de uma criança só se desse na sua interação com adultos, em aulas, supervisões, atividades programadas e estruturadas. Quando, na verdade, isso só provê essa criança

de um tipo de ganho, um tipo de inteligência. Essa educação bancária – em que um domina o conhecimento e outro está ali para receber – é cada vez mais reconhecida como um modelo que tem muitas limitações. As nossas crianças brincam para serem adultas, por essa crença dos pais de que elas se tornarão mais prontas para o mercado. Brincando a criança aprende coisas que ninguém mais pode ensinar a ela. Uma criança que brinca no parque com amigos vai aprender a negociar, interagir, ter empatia, ouvir o outro, se fazer ouvir, avaliar riscos, resolver problemas, desenvolver coragem, autorregulação, auto estímulo, criatividade, imaginação… Uma série de habilidades que nenhuma aula vai oferecer para ela. E elas são muito mais importantes para um adulto bem-sucedido do que uma aula de Kumon ou violino. Não que precisemos desvalorizar a importância de matricular nossos filhos em algumas atividades, mas é importante nunca esquecer que brincando livremente na natureza a criança está aprendendo. Existe algum risco de essas crianças se tornarem adultos mais improdutivos ou com alguma deficiência? Há algumas pesquisas que já estão avaliando que as crianças da geração Y, os millennials, que foram superprotegidas e foram vítimas desse excesso de escolarização, estão se tornando adultos narcisistas, incapazes de lidar com a frustração e com o conflito, tendem a fugir das intempéries… Começamos a ter alguns indícios disso. São efeitos previsíveis. Uma criança que enfrenta a realidade com o pai e a mãe se interpondo entre ela e o proble-


15 divulgação

Daniel Becker, pediatra e pesquisador do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro

ma não vai aprender a resolver sozinha. Nem com o professor ensinando a ela alguma disciplina. Ela tem que cair e ralar o joelho. Porque a vida dói, a realidade dói. Mas passa. E, no dia seguinte, o machucado ganhou uma casquinha, o corpo está reagindo e fazendo alguma coisa. Daqui a pouco, aquela marquinha sumiu e o joelho voltou ao normal. Olha tudo o que ela aprendeu ali sobre enfrentar a dor, sobre saber que essa dor passa e que o corpo funciona e se regenera. Que aula vai oferecer a ela essa experiência? O senhor ressaltou, em sua palestra, que investir num pleno desenvolvimento na primeira infância ajuda a reduzir os custos futuros com saúde. Por quê? Porque as crianças se tornarão adultos mais capacitados, mais saudáveis, que poderão fazer melhores

escolhas e desenvolver bons hábitos, vão ter um melhor emprego e conseguir condições de vida melhores… E são essas as condições de vida determinantes de uma saúde melhor no longo prazo. Com melhores hábitos nutricionais, as doenças que mais matam atualmente têm maior chance de serem evitadas lá na frente, como diabetes, obesidade, hipertensão. É na primeira infância que a prevenção dessas doenças começa. Investir na capacitação familiar, em pré-natal e incentivo ao aleitamento materno, que ajuda a reforçar as defesas do organismo, é muito eficiente em termos de investimento em saúde pública. Daniel Becker, pediatra e pesquisador do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro


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Quando os filhos presenciam conflitos entre os pais Quando ocorre uma discussão entre o casal na presença do filho, é importante que o filho presencie os pais se desculpando  Suzy Camacho

É

no ambiente doméstico que as crianças e os adolescentes aprendem a se relacionar, a lidar com os conflitos e frustrações. Todos sabem que discutir faz parte da vida, mas de maneira saudável, ocasião em que cada pessoa expõe sua opinião sem ofensa nem agressão. A atitude de discutir de maneira equilibrada ensina a criança a argumentar em tom de voz adequado, a ouvir, mesmo sem concordar, a respeitar as diferenças de opinião e lidar com elas. As divergências entre os pais são normais. Cada qual teve uma educação diferente e convicções que podem gerar discórdia de condutas. Quando ocorre uma discussão entre o casal na presença do filho, é importante que o filho presencie os pais se desculpando, entrando num acordo. Então ele entenderá que é normal haver conflitos nas relações humanas, mesmo entre pessoas que se amam. É possível divergir, ficar irritado, nervoso, mas com respeito e sem afetar o amor entre as partes envolvidas. Tente sempre explicar aos filhos que os pais se desentendem, mas que os filhos não são culpados por essas discussões. Não é saudável que os pais fiquem sem conversar durante dias, devido às mágoas e aos ressentimen-

tos advindos da discussão entre eles. Além do sofrimento gerado nos filhos que observam essa situação desconfortável, eles irão aprender a se comportar do mesmo modo inadequado: usando o silêncio nocivo para provocar com uma punição aquele que divergiu da sua opinião. Essa atitude distancia o casal e impossibilita uma reconciliação e entendimento. Digo sempre que a pessoa mais equilibrada iniciará o diálogo para a reconciliação, independentemente de quem está certo ou errado. SEM PrEParO Para EntEnDEr Lembre-se de que muitas questões não devem ser discutidas na frente dos filhos, porque eles geralmente não estão preparados para entender. Comentários sobre familiares próximos, avós, irmãos, tios, devem ser realizados em separado, afinal os filhos têm vínculos com essas pessoas e podem ficar confusos com aquilo que ouvem, tornando-se rebeldes ou arredios. Tendem a desenvolver sentimentos ambivalentes, de amor e ódio, por pessoas que serão muito importantes para eles no futuro.

Não se deve difundir sentimentos negativos. Deixe que o tempo mostre aos filhos a personalidade de cada parente. Caso esteja com dúvidas a respeito de alguma conduta, converse com seu (sua) companheiro ( a) longe dos filhos. Se perceber que durante o diálogo o conflito está chegando a um nível insustentável, interrompa imediatamente a discussão dizendo que é melhor retornar o assunto em outro momento, porque você não quer brigar e não quer se descontrolar. Mas é fundamental que realmente retorne ao assunto mais tarde, quando os ânimos não estiverem alterados, para encontrar uma forma de resolver a questão. A criança não deve assistir a discussões em que ela é o alvo da discórdia. Os pais podem divergir quanto aos horários de se alimentar, dormir, tomar banho, jogar videogame, usar o celular, enfim, rotinas diárias que geram estresse. Mas não devem discordar na frente dos filhos. Quando o companheiro estipulou algo que você não concorde, não o desautorize imediatamente. Procure chamá-lo em separado e explique as suas razões para discordar da atitude tomada. Baseie-se em fatos que demonstrem o prejuízo dessa ati-


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tude sem atacar a pessoa que agiu de maneira inadequada, mas descrevendo onde haverá prejuízos para o filho e como seria melhor a outra opção de conduta. Caso haja o acordo, peça que a própria pessoa comunique aos filhos as mudanças de conduta, para que seja mantida a sua autoridade. Quando a criança percebe que os pais brigam por situações que ela está envolvida, poderá se sentir culpada pela briga entre as pessoas que mais ama, tornando-se angustiada, ansiosa e insegura, muitas vezes não sabendo a quem obedecer e o que fazer. O correto seria que os pais conversassem a sós para entrarem em acordo sobre as questões conflituosas.

Forma ideal de educar Os pais demonstram no ambiente doméstico, através das suas atitudes, a maneira de se resolver os problemas e como agir diante das diferenças de opiniões. Deveriam treinar para serem o modelo de corno se controlar em meio às discórdias, como argumentar de maneira respeitosa, como saber ceder mesmo estando com a razão, mas percebendo que o momento não é adequado para o enfrentamento. Quando os filhos presenciam os conflitos entre os pais, as atitudes podem ser muito prejudiciais ao desenvolvimento deles, principalmente quando os pais manifestam violência, tanto física (empurrar, bater, quebrar objetos), como psíquica (ameaçar, xingar, gritar, ofender, envergonhar o cônjuge). As pesquisas demonstram que há uma mudança negativa no comporta-mento deles. Tornam-se mais nervosos, estressados, agressivos. Utilizam as in-

formações que ouviram durante as brigas, para justificarem suas falhas e ações incorretas. As situações de brigas, discussões, ameaças constituem urna nefasta violência psicológica, pois os filhos ficam no cerne da briga entre os pais. O conflito passa a fazer parte do cotidiano desses jovens, prejudicando o desenvolvimento físico e psíquico. Muitas vezes os pais não têm consciência da gravidade dos efeitos negativos do seu conflito no desenvolvimento dos filhos. Tais situações geram nestes seres em formação sentimentos de medo, revolta, raiva, agressividade e repetição das atitudes dos pais. Há uma grande possibilidade de desenvolvimento de transtornos de conduta, depressão, ansiedade, uso de substâncias tóxicas, entre outros. Caso o conflito esteja sem solução, seria conveniente pedir o auxílio de urna outra pessoa, um profissional como um psicólogo, um médico, um professor, um familiar, um líder religioso ou um amigo, enfim, alguém que tenha o respeito e seja da confiança de ambos os pais para mediar uma solução. O importante é perceber a responsabilidade sobre a formação das pessoas mais importantes em nossas vidas: nossos filhos. Comece já a ficar atento às suas respostas e perceba quais os momentos mais delicados em que a possibilidade de conflito é maior. Mude as atitudes. Com certeza seu autocontrole lhe fará mais feliz e trará alegrias às pessoas ao seu redor. Suzy Camacho é psicoterapeuta familiar. Artigo publicado na revista Família Cristã, junho de 2018.


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A descoberta da paternidade Em post no Facebook, fala sobre a descoberta da paternidade. Leia o depoimento completo:  marcos Piangers reprodução/internet

“M

inha primeira filha não foi planejada e demorei um tempo até entender porque minha mulher – minha namorada, na época – ficou tão nervosa quando aquelas duas listrinhas apareceram no teste. Eu sempre quis ser pai, uma espécie de substituição inconsciente daquilo que eu não tive quando era criança, e não fiquei nervoso com a notícia. Afinal, não era meu corpo que iria mudar. Não era minha profissão que iria mudar. Pra ser sincero, mal seria a minha vida que iria mudar – eu teria ainda nove meses de cerveja, amigos e futebol, não é mesmo? Talvez mais, se a Ana tirasse tudo de letra.

Fui me flagrar do que é ser pai no dia do parto. As pessoas tem aquela visão romântica, dizem que é o dia mais maravilhoso da sua vida. Quando o obstetra, amigo da família, disse naquela manhã de domingo: ‘Vamos fazer a cesária?’, fiquei chocado. ‘Com toda essa naturalidade, doutor! Espere aí! Eu não estou preparado!’. Mas a minha mulher estava, depois de nove meses de espera, e dor, e desequilíbrios hormonais. Não achei romântico nem mágico, achei brutal e sangrento. E, de noite, depois que todas as visitas inconvenientes foram embora, minha mulher estava exausta e minha filha chorava. Chamei a enfermeira, perguntei se ela poderia fazer algo para a criança dormir. E ela riu, e me olhou nos olhos e disse: ‘Agora é com você’. Ali virei pai.

Para o homem, a descoberta da paternidade vem aos poucos. A gente passa anos pra se acostumar com a ideia. Não fomos treinados, não brincamos de casinha, não ganhamos bonecas. Alguns homens acham que tudo isso é coisa de mulher, mas eu acho que não. A gente deveria ter treinamento desde pequeno, pra entender a importância de dividir as funções. Talvez, os homens crescessem mais sensíveis, gentis, mais cuidadosos com o sentimento dos outros. Esses dias eu estava entre bonecas e minha filha pequena. Demos papinha, colocamos uma roupinha quente, passeamos com a boneca de carrinho pela sala. ‘Um dia eu e você vamos casar, né pai?’. Respondi: ‘Papai já casou com a mamãe. Você vai casar com alguém mais legal ainda que o papai’. Alguém que está por aí, em algum lugar. Brincando de bola, de bicicleta, ou de boneca.

Em post no Facebook, o jornalista Marcos Piangers, autor de “O Papai é Pop”


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Ponto de equilíbrio  Marcilio Andrade de Araujo

a

o iniciar a nossa reflexão sobre o título desta matéria, sentimo-nos curiosos como esta roda, que chamamos de mundo, movimenta-se harmoniosa e equilibradamente ao nosso redor. Tudo é perfeito, e mesmo com o giro da terra nunca caímos quando ficamos de cabeça para baixo, assim é o movimento de todos os astros, que numa sincronia percebida, mas, muitas vezes, pouco notada, a não ser que contrarie nossas aspirações, faz com que a vida passe tão rapidamente que nem percebemos o quanto é importante todo este sistema funcionando a nosso favor. Temos pouco poder de aceitação quanto as variações climáticas, ora reclamando do frio, ora do calor, uns querendo que haja chuva, outros que haja sol, ou seja poucos aceitando que o equilíbrio natural tenha que passar, obrigatoriamente, por essas variações. Nesta perfeita metamorfoseda natureza estamos todos nós, os seres vivos, em especial, nesse contexto, as pessoas, as quais muitas delas pensam que são donas do mundo, podendo fazer o que bem entender não só consigo próprio como com qualquer semelhante. Somos frutos de uma admirável dádiva divina perfeita, que não nos impõe condições de riqueza e, muito menos, de prepotência so-

bre a quem quer que seja, fazendo-nos iguais tanto no nascimento quanto na morte. reprodução/internet

Então porque tantos rancores, tanto descaso e tanta discórdia dentro das famílias? As respostas são múltiplas e sobrepostas, mas fiquemos com a análise estrita do núcleo familiar para refletirmos sobre o que está nos faltando em nosso dia a dia para alcançarmos, a semelhança da natureza, o devido equilíbrio dentro do lar. São mães sobrecarregadas por dupla ou tripla jornada de trabalho que em nome da profissionalização ou falta de dinheiro para o sustento da casa relegam seus filhos para que sejam educados por outras pessoas que, muitas vezes, não nutrem o devido cuidado e afeto tão necessários às crianças, principalmente nos primeiros anos de vida. A consequência/preço de nossas opções nos remeterá a colher os frutos que o futuro nos proporcionará, não medido precipuamente pelo valor monetário, mas sim pelo valor humano, maior riqueza de nossas vidas. E a função do pai como fica nessa história? A resposta, em

tempos atuais, não admite omissões nem tampouco indiferenças: o pai não pode ficar alheio na educação e acompanhamento de seus filhos e de sua família. Ele representa o PONTO DE EQUILÍBRIO, na relação de sua prole. Sua autoridade, sem ser autoritário, servirá de norte para que seus filhos tenham o aconchego da mãe e a confiança do pai. Precisamos criar consciência entre as pessoas que ninguém merece ser feliz, a custa da infelicidade causada aos outros, principalmente para àqueles que nós mesmos colocamos no mundo. É vital que pai e mãe caminhem juntos, mesmo com divergências, naturais aos seres humanos, para que tenham filhos melhores, os quais, no futuro, também constituirão famílias do bem, honrando o exemplo recebido no chão que caminharam durante a infância. Roga-se a DEUS que ilumine as pessoas do mundo inteiro para que encontrem o ponto de equilíbrio de suas relações, especialmente na família, onde tudo começa, de forma que tenhamos uma humanidade mais solidária e menos egoísta, porque precisamos um do outro e, tenham certeza, só seremos felizes fazendo os outros felizes. Marcilio andrade de araujo Advogado e Membro da Escola de Pais – Seccional São Marcos - RS

ONDE HÁ UMA NECESSIDADE, HÁ UM LEÃO. CENTENÁRIO LIONS CLUBE INTERNACIONAL Lions e LEO Clube São Marcos/RS


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Participar da vida do filho é fundamental  Lucinéia e Anderson

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uando pequenos sonhamos como será nossa vida adulta. Temos várias expectativas e formulamos regras que entendemos serem importantes. Pensamos que quando formos Pais teremos mais tempo para os filhos, o trabalho não será prioridade, seremos mais parceiros, menos severos, mais amigos, mas o tempo passa, crescemos e infelizmente a realidade que nos é imposta é outra, temos obrigações e nos confrontamos com o pensamento infantil que para nós era o correto. Ser Pai e Mãe é uma alegria imensa, mas também uma preocupação sem igual. Os compromissos aumentam e assim esquecemos, por vezes, e muitas vezes, as regras que tínhamos criado quando pequenos. O tempo diminuiu, temos responsabilidades, a descontração e as brincadeiras sempre podem esperar, pois há algo mais urgente e aí piscamos e nossos filhos crescem. Pensando nisso e em como tentar fazer desse pequeno período em que os temos próximos de nós, em casa, optamos por aprender um pouco mais, e estamos nessa até hoje. Sempre que possível vamos a cursos e palestras, pois por mais que saibamos na teoria como devemos fazer, por vezes esquecemos de colocar em prática tal aprendizado. Os grupos de apoio aos pais fazem com que questões do dia -a-dia sejam debatidas e nos lembram do que realmente é importante.

Ingressamos na Escola de Pais do Brasil – EPB, como todos os pais fazem, para aprender, em 2016. E realmente como aprendemos tanto com a coordenadora e como com os colegas. Em 2017 veio o convite para participarmos de fato da Escola como colaboradores voluntários e de pronto aceitamos, mesmo receosos, pois não temos o que ensinar, estamos na fase do aprender, e ali descobrimos, ou melhor redescobrimos que aprendemos todos os dias, e que o grupo, que a Escola de Pais do Brasil é uma importante ferramenta de troca de conhecimentos.

arquivo pessoal

Esse ano participamos efetivamente como integrantes, é maravilhoso, não temos palavras. Acompanhamos os pais da Escola Municipal Presidente Vargas e o crescimento de cada um, e juntos, é claro, crescemos também. Quanta coisa boa, quantas ideias, quantas realidades distintas, mas com um único foco o de melhorar a família, a relação com os filhos, e a de fazer um mundo melhor para todos.

ção dos filhos é uma obrigação dos pais, mas podemos escolher a melhor forma de fazermos isso, sendo felizes e transmitindo energias positivas para que possamos plantar sementes que germinam em frutos melhores, ou então de forma ditatorial colhendo também os efeitos desse plantio. Pense nisso e faça o seu melhor, sempre!

Somos muito gratos a EPB, pois nos deram a chance de recomeçar, e nos dão essa chance diariamente. Sempre a tempo de revermos coisas, de melhorarmos como pessoas, pais, casal e seres humanos, enfim sempre há uma forma de cumprirmos as regras que nos estipulamos quando crianças.

Lucinéia da Silva Menezes e anderson Stenger Menezes. Membros da Escola de Pais desde 2017. Apaixonados pela vida e pela família. Moramos em Gramado, no bairro Floresta e trabalhamos como jornalista e comerciante, respectivamente. Temos duas missões principais: sermos melhores a cada dia como pessoas e como pais, para tanto Deus nos concedeu a honra e o direito de termos nossos pequenos, Pedro Augusto, com 9 anos e Manuela, nossa razão de lutar e de viver.

Fazer parte da educação e da cria-



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5ª revisão da região sul da Escola de Pais do Brasil

n

os dias 28, 29 e 30 de setembro de dois mil e dezoito aconteceu a 5ª Revisão da Região Sul da Escola de Pais do Brasil, nas dependências do Hotel Samuara em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul. Teve como tema central “Família – Estrutura Base para a Construção de Valores e o Exercício da Cidadania”. O primeiro dia do evento foi inaugurado com uma brilhante e profunda palestra proferida pelo professor e pesquisador Dr. Aldo Lucion, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul que apresentou uma gama de pesquisas, relatos e comprovações sobre os cuidados parentais cruciais para a sobrevivência humana e a continuidade da vida do planeta à luz do tema “Neurociência – amor e ódio”. A apresentação teve a coordenação de Cesar Detoni da Seccional de Erechim.

Professor Aldo Lucion

O segundo dia pela manhã iniciou com a Apresentação das Delegações, tradicional em todos os eventos da Escola de Pais do Brasil e também as mensagens dos casais RNs de cada estado.

Na sequência os participantes ouviram as saudações e o entusiasmo dos casais presidentes da DEN, do Conselho de Educadores e do Conselho Consultivo que desejaram sucesso e lançaram novos desafios. O casal Ruy e Regina Celia de Mathis falaram do resgate das histórias e registros que vão compor um novo projeto chamado Memória Viva, repensando a memória da Escola de Pais do Brasil ao longo de seus cinquenta e cinco anos desde a sua fundação. Após foi trazido para a discussão o tema “Educação dos Sentimentos” em um painel que contou com dois painelistas. O primeiro “A expressão do sentimento na criança” foi desenvolvido por Maria Cristina Ferronato, psicóloga e membro da EPB do estado de Santa Catarina e o segundo foi explanado por José Ariston da Silva, RN da Escola de Pais do Brasil do estado do Paraná. Ele apresentou “Educação para a Tolerância”. O painel ficou sob a coordenação do casal Ivanir e Dionísio Murillos da EPB da Seccional de Getúlio Vargas. À tarde houve a palestra com a psicóloga Bruna Detoni, que é filha do casal Cesar e Maria Inês Detoni da EPB da Seccional de Erechim. Trouxe uma grande contribuição apresentando o tema “Tecnologia na primeira infância: Há um limite?”. Seu enfoque agregou novos conhecimentos que contribuem no enriquecimento dos círculos trabalhados a cada semestre. Ainda tivemos a tradicional Reunião dos Estados com suas


23 seccionais e um belo fogo de chão com roda de chimarrão no espaço apropriado e privilegiado que o Hotel Samuara proporciona com maestria. Um ponto alto da Revisão foi o Jantar de Confraternização com o tema “Valorizando nossas Origens” em que descobrimos peculiaridades e histórias de várias culturas através dos relatos carregados de emoções. Um jantar regado à boa comida, aos vinhos e espumantes da região, muito animado com o som de canções típicas, coreografias e diferentes estilos musicais que deixou a todos transbordando de afeto e alegria. O terceiro e último dia iniciou com um momento de espiritualidade realizado pelo casal Ivonei e Dione Pioner. Ivonei é filho do casal Ivo e Claire Pioner, DR da Região Serra. Entre falas e canções conduziram a todos a questionarem seus sonhos e se colocarem a serviço. Dando sequência à manhã de trabalho o casal Rafael e Renata Tibola da Seccional de Carazinho apresentaram a Revisão do Segundo Círculo “Valores e Limites na Educação dos Filhos”. A coordenação ficou a cargo do casal Terezinha e Luiz Mazzurana da Seccional de Gramado. O momento da Tribuna Livre coordenado pelo Celso Christ da Seccional de Erechim propiciou vários relatos das diferentes seccionais sobre ações e atividades específicas, bem como notícias de ciclos presenciais, ciclos à distância e propostas de divulgação com maior veemência em todo o território nacional. Como Gran Finalle recebemos Ladir Brandalise com seu Grupo Girotondo, que abrilhantou nossa revisão com a música, a dança e a alegria das canções da cultura italiana. Ao final da manhã foram encerrados os trabalhos do nosso evento com os casais RNs dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina que fizeram a entrega do Bunner ao RN José Ariston da Silva do estado do Paraná simbolizando o início da próxima Revisão da Região Sul. Nossos agradecimentos a todos que sonharam, pla-

nejaram, torceram e fizeram acontecer essa 5ª Revisão da Região Sul. Em 2019 vamos todos ao estado do Paraná, pois a 6ª Revisão da Região Sul nos espera! Texto elaborado pelo casal Vagner e Karla Marçal



25 minuir seu sentimento de culpa pelo tempo que não passam com a criança, atendem a todas as suas vontades. Para se aproximar dos filhos, acabam por realizar seus desejos, muitas vezes, antecipando-se a eles. Tendem a ser pais mais permissivos e super-protetores, que não colocam limites aos filhos nem estabelecem regras claras. Pedagogos e psicólogos afirmam que as crianças mimadas, que se acostumaram a receber tudo sem dar nada em troca, transformam-se em adultos vulneráveis, que não conseguem ouvir um não e têm baixa tolerância à frustração. Hoje, sabemos que os limites dão segurança às crianças, que se sentem perdidas se não existirem regras de conduta em casa ou na escola. Os limites são como linhas vermelhas que funcionam como barreiras que a criança deve saber que não pode cruzar. Com os limites as pessoas vivenciam as frustrações, criam novas estratégias para resolver as situações e se esforçam para novas metas. E como a escola lida com esse padrão de comportamento? No Colégio Pentágono, existem, claro,

crianças superprotegidas e mimadas, mas não são o padrão. Escola é uma instituição que, para poder funcionar com eficácia, precisa de regras de conduta e procedimentos. Cabe à equipe pedagógica estabelecer normas claras dentro da sala de aula, nos corredores, nos intervalos. Limites são sinais de cuidado e orientação. Construir esses limites na escola leva tempo, dá trabalho, é um processo com idas e vindas, conforme a faixa etária. Um bom caminho é não ficar fazendo sermão, sempre explicar o porquê das regras, escutar o ponto de vista dos alunos, mas mantendo princípios que não se negociam. Ações agressivas e raivosas que, muitas vezes, são maneiras equivocadas de reagir às frustrações são combatidas com firmeza. Na imensa maioria das vezes, as famílias são parceiras, compreendem que precisamos atuar com sanções quando as regras não são respeitadas. Nos últimos anos, o Colégio Pentágono intensificou as ações para o desenvolvimento de competências sócio-emocionais. O aluno com bom rendimento acadêmico é o que aprendeu a desenvolver capacidades, como

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determinação, responsabilidade, flexibilidade. O aluno que teve oportunidade de refletir e vivenciar a empatia sabe atuar levando em conta as perspectivas próprias e de outras pessoas. O aluno que aprendeu a se conhecer consegue atuar para ter autocontrole. O tema da formação de limites é essencial, também, porque os nossos alunos logo chegarão ao mercado de trabalho, que pouco espaço dará aos imperadores.

adriana Giorgi Costa Orientadora Educacional do Colégio Pentágono, São Paulo capital.


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QuinzE grandes dicas da arte de educar  Içami Tiba

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É preciso ter o “pulso forte” “Criar uma criança é fácil, basta satisfazer-lhe as vontades. Educar é trabalhoso.” Mas trabalhe, vai valer a pena!

Menos culpa e mais responsabilidade “O principal “veneno” da educação dos filhos é a culpa. Culpa de trabalhar fora, quando pensa que devia estar com os filhos. Culpa de estar com os filhos, quando acha que devia estar trabalhando.” A organização é aliada de todo o processo educacional. Saiba organizar o seu tempo para conseguir “estar por completo”, seja no que diz respeito às responsabilidades profissionais, como para com a sua família.

Crie seu filho para voar “Os filhos são como os navios… a maior segurança para os navios pode estar no porto, mas eles foram construídos para singrar os mares.” Eu sei que é difícil para muitos pais imaginar os seus filhos “sozinhos” neste caótico e solitário planeta, mas a educação deve ser justamente direcionada para formar indivíduos que saibam viver neste mundo.

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Dando exemplos“Você quer educar? Seja educado. E ser educado não é falar ‘licença’ e ‘obrigado’. Ser educado é ser ético, progressivo, competente e feliz.” Reflita sobre o seu comportamento e atitude. Será que estou dando bons exemplos?

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Educando em prol de um futuro melhor “nenhum projeto é viável se não começa a construir-se desde já: o futuro será o que começamos a fazer dele no presente.”

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Todos temos responsabilidades! “O erro mais frequente na educação do filho é colocá-lo no topo da casa. O filho não pode ser a razão de viver de um casal. O filho é um dos elementos. O casal tem que deixá-lo, no máximo, no mesmo nível que eles. A sociedade pagará o preço quando alguém é educado achando-se o centro do universo.”

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Saber o valor das coisas é importante “Dinheiro ‘a rodo’ para o filho é prejudicial. Mesmo que os pais o tenham, precisam controlar e ensinar a gastar.” É preciso ensinar a dar valor a tudo neste mundo, principalmente ao trabalho e dedicação no desempenho das tarefas. Dinheiro não nasce em árvores e é importante que a criança entenda isso desde cedo.


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Pais, não fujam da responsabilidade! “a educação não pode ser delegada somente à escola. aluno é transitório, filho é para sempre.”

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Construindo a ordem “A primeira coisa a saber é que não há uma idade ideal para começar a se trabalhar disciplina. Pais que querem filhos disciplinados precisam proporcionar um ritmo básico para eles. Quem não tem ritmo desobedece porque a normalidade para ele é justamente a falta de ordem.”

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Senso de Justiça “Dar a mesma coisa para o filho que acertou e para o que errou não é bom para nenhum dos dois. É preciso ser justo.” Este é um exemplo de lição que os pais precisam ensinar no leito familiar. É preciso que haja pulso forte e que as crianças entendam o significado da justiça, para que possam reconhecer e respeitar o seu valor.

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A consequência da falta de educação…“ Nenhuma criança nasce folgada, ela aprende a ser.”

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Uma guia e proteção para toda a vida “Jovens que não tiveram nenhuma educação em valores vivem e aprendem o que aparece no momento, deixam-se levar por aquilo que é vigente. Quem tem valores sólidos dentro de si é capaz de olhar para uma situação sem ser envolvido por ela, e pode analisá-la e criticá-la.” Educar é ajudar a formar a personalidade e caráter do indivíduo. Quando esta formação é feita como se deve ser, é de se esperar que o jovem reconheça quais são os caminhos certos e errados na vida, e saiba escolher o melhor.

Dando os primeiros passos “A adolescência é um segundo parto: nascer da família para andar sozinho na sociedade.” Lembra quando falamos de “criar os filhos para o mundo”? É a partir da adolescência que o jovem começa a dar os primeiros passos pelo mundo a fora. Toda a educação que foi transmitida pela família, principalmente, começará a se refletir e dar resultados quando o indivíduo começar a manter o seu contato com a sociedade.

a atual “riqueza” não é material “no milênio passado, era rico quem tinha propriedades. Hoje, a riqueza está em adquirir conhecimento e saber aplicá-los. É importante que tenhamos consciência disso tudo e procuremos, por meio de ações e palavras, transmitir às crianças e aos jovens o valor do estudo para eles mesmos e para a sociedade.”

Simples como isso! “Quem ama, educa!” Pode parecer piegas ou muito clichê, mas não deixa de ser a pura verdade: a base para uma excelente educação é o amor. Se você ama seu filho de verdade, faça-o, nobre de caráter, uma grande pessoa, um ser humano para ser feliz! Amar é o primeiro passo para educar!

Içami tiba, psiquiatra (1941 – 2015) O autor do best-seller “Quem Ama, Educa!”,


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Elogie do jeito cErto reprodução/internet

 marcos meier

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ecentemente um grupo de crianças pequenas passou por um teste muito interessante*. Psicólogos propuseram uma tarefa de média dificuldade, mas que as crianças executariam sem grandes problemas. Todas conseguiram terminar a tarefa depois de certo tempo. Em seguida, foram divididas em dois grupos. O grupo A foi elogiado quanto à inteligência. “Uau, como você é inteligente!”, “Que esperta que você é!”, “Menino, que orgulho de ver o quanto você é genial!” … e outros elogios à capacidade de cada criança. O grupo B foi elogiado quanto ao esforço. “Menina, gostei de ver o quanto você se dedicou na tarefa!”, “Menino, que legal ter visto seu esforço!”, “Uau, que persistência você mostrou. Tentou, tentou, até conseguir, muito bem!” … e outros elogios relacionados ao

trabalho realizado e não à criança em si. Depois dessa fase, uma nova tarefa de dificuldade equivalente à primeira foi proposta aos dois grupos de crianças. Elas não eram obrigadas a cumprir a tarefa, podiam escolher se queriam ou não, sem qualquer tipo de consequência. As respostas das crianças surpreenderam. A grande maioria das crianças do grupo A simplesmente recusou a segunda tarefa. As crianças não queriam nem tentar. Por outro lado, quase todas as crianças do grupo B aceitaram tentar. Não recusaram a nova tarefa. A explicação é simples e nos ajuda a compreender como elogiar nossos filhos e nossos alunos. O ser humano foge de experiências que possam ser desagradáveis. As crianças “inteligentes” não querem o


29 sentimento de frustração de não conseguir realizar uma tarefa, pois isso pode modificar a imagem que os adultos têm delas. “Se eu não conseguir, eles não vão mais dizer que sou inteligente”. As “esforçadas” não ficam com medo de tentar, pois mesmo que não consigam é o esforço que será elogiado. Nós sabemos de muitos casos de jovens considerados inteligentes não passarem no vestibular, enquanto aqueles jovens “médios” obterem a vitória. Os inteligentes confiaram demais em sua capacidade e deixaram de se preparar adequadamente. Os outros sabiam que se não tivessem um excelente preparo não seriam aprovados e, justamente por isso, estudaram mais, resolveram mais exercícios, leram e se aprofundaram melhor em cada uma das disciplinas. No entanto, isso não é tudo. Além dos conteúdos escolares, nossos filhos precisam aprender valores, princípios e ética. Precisam respeitar as diferenças, lutar contra o preconceito, adquirir hábitos saudáveis e construir amizades sólidas. Não se consegue nada disso por meio de elogios frágeis, focados no ego de cada um. É preciso que sejam incentivados constantemente a agir assim. Isso se faz com elogios, feedbacks e incentivos ao comportamento esperado. Nossos filhos precisam ouvir frases como: “Que bom que você o ajudou, você tem um bom coração”, “parabéns meu filho por ter dito a verdade apesar de estar com medo… você é ético”, “filha, fiquei orgulhoso de você ter dado atenção àquela menina nova ao invés de tê-la excluído como algumas colegas fizeram… você é solidária”, “isso mesmo filho, deixar seu primo brincar com seu videogame foi muito legal, você é um bom amigo”. Elogios desse tipo estão fundamentados em ações reais e reforçam o comportamento da criança que tenderá a repeti-los. Isso não é “tática” paterna, é incentivo real.

Por outro lado, elogiar superficialidades é uma tendência atual. “Que linda você é amor”, “acho você muito esperto meu filho”, “Como você é charmoso”, “que cabelo lindo”, “seus olhos são tão bonitos”. Elogios como esses não estão baseados em fatos, nem em comportamentos, nem em atitudes. São apenas impressões e interpretações dos adultos. Em breve, crianças como essas estarão fazendo chantagens emocionais, birras, manhas e “charminhos”. Quando adultos, não terão desenvolvido resistência à frustração e a fragilidade emocional estará presente. Homens e mulheres de personalidade forte e saudável são como carvalhos que crescem nas encostas de montanhas. Os ventos não os derrubam, pois cresceram na presença deles. São frondosos, copas grandes e o verde de suas folhas mostra vigor, pois se alimentaram da terra fértil. Que nossos filhos recebam o vento e a terra adubada por nossa postura firme e carinhosa.

Marcos Meier Psicólogo, professor de matemática, escritor e mestre em educação. Palestrante nacional e internacional a respeito de relacionamento interpessoal nas empresas, educação de filhos e formação de professores. Possui uma coluna semanal na RPC Tv, afiliada da Rede Globo no Paraná, na qual discorre sobre educação e comportamento. Sobre estes temas, é também comentarista de rádio há 12 anos e autor de mais de dez livros. Por sua contribuição à cidade, recebeu o título de cidadão honorário de Curitiba. De seu site: WWW.marcosmaier.com.br

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EscolA dE PAis AlErtA:

Pais e educadores cheguem na frente

O trabalho da BrIGaDa MILItar tEM ESta PrOPOSta e merece todo o nosso respeito  Sd Zorzi crposerra/1º Bpat

Ao todo 2300 alunos de todas as escolas, da rede municipal, estadual e particular, já participaram do Proerd. Ainda 280 estudantes recebem as lições do programa neste 2º semestre de 2018, sendo que a formatura está prevista para acontecer no começo do mês de dezembro.

SOBrE O PrOErD O Programa Educacional de Resistência às Drogas - PROERD é a adaptação brasileira do programa norte-americano Drug Abuse Resistence Education D.A.R.E., surgido em 1983.

“r

esistir às drogas e à violência!” Este é o compromisso prestado junto a comunidade por alunos, dos 5º anos das escolas de Gramado desde o ano de 2003. O ensinamento é levado aos estabelecimentos de ensino pela Brigada Militar através do Programa Educacional de Resistência à Violência e às Drogas (PROERD). É o chegar antes do problema estar instalado. O primeiro a promover as aulas do programa no município foi o Sargento Gilberto Abreu, em meados do ano de 2003, depois quem deu continuidade foi a Tenente Robriane Dalsin. Atualmente os encontros são ministrados pelo Sargento Jorge Scaglia e a Soldado Talita Raaber.

No Brasil, o programa foi implantado em 1992, pela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro e de São Paulo, sendo hoje adotado em todo o Brasil. No Rio Grande do Sul, a Brigada Militar desenvolve o programa desde 1998, já realizado em 451 municípios. Hoje é aplicado em mais de 60 países envolvendo 60 mil policiais. A Brigada Militar conta com mais de 600 instrutores Policiais Militares voluntários tendo mais de um milhão de alunos formados em todo o Estado. O PROERD é desenvolvido por um Policial Militar fardado, de forma voluntária, que recebe formação específica para o desenvolvimento do programa em escolas. Este conta ainda com a presença constante da professora em sala de aula, bem como, o apoio integral dos pais dos alunos.


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Os encontros são compostos por dez lições, que abordam temas como: segurança pessoal, maneiras de dizer não as ofertas de drogas, abuso e uso das drogas, auto-estima, influência dos meios de comunicação, alternativas para não usar drogas, pressão dos companheiros, consequências do uso das drogas lícitas e ilícitas, maneiras de se lidar com as tensões do dia-a-dia e formas de evitar a violência, além de noções de cidadania e segurança pessoal. Trata-se de combater o consumo de drogas através da educação. O Proerd mostra para as crianças e os adolescentes um caminho mais seguro, principalmente saber tomar decisão e dizer não Alguns depoimentos dos militares envolvidos em Gramado. O capitão Lemartine Venzo, comandante da BM de Gramado: A Brigada Militar é parceira de

todas as iniciativas que venham a garantir um futuro melhor para os cidadãos. “Acreditamos que a formação passa por um envolvimento da família, da escola e também do auxílio da Brigada Militar. O objetivo é esclarecer sobre os malefícios das drogas, consequências do bulluing e principalmente passar uma mensagem de valorização da vida, ensinando os alunos a fazer boas escolhas”. O sargento Scaglia: Instrutor do Proedrd desde 2016, ressalta o valor do programa: “O Proerd representa a Brigada Militar fazendo parte da comunidade escolar, se aproximando das crianças e adolescentes, ajudando estes a se protegerem das drogas, a valorizar a família, enfim a buscar o caminho certo”. Ele também destaca a importância do apoio dos pais para o sucesso do Proerd. “Todos os anos antes do inicio dos encontros em sala de

aula é realizado uma reunião com os pais dos alunos explanando sobre o projeto e o conteúdo. A cartilha trabalhada durante o Proerd, após finalizado, permanece com o aluno que leva para casa onde compartilha com os pais o aprendizado. a soldado raabe: Ministra as aulas desde 2012, destaca a importância do Proerd: “Esta é a nossa parcela para construir uma sociedade melhor. É auxiliar os alunos a aprender a tomar decisões sábias, sempre analisando quais os riscos e as consequências dos atos. Mostrar para as crianças os perigos das drogas, também do álcool e do cigarro, e desta forma prevenir o uso de drogas e a violência entre as crianças e adolescentes.” O PrOErD foi lançado em Gramado no ano de 2003

BrIGaDa MILItar JÁ InStrUIU MaIS DE 2,3 MIL CrIanÇaS a DIZEr nÃO aS DrOGaS E a VIOLÊnCIa Sd Zorzi Comunicação Social 1º BPAT Jornalista - DRT/RS 16797


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o cérebro adolescente Para o psiquiatra americano Daniel Siegel, o comportamento rebelde, impulsivo e conflituoso da juventude é resultado da remodelação por que o cérebro passa nessa fase

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psiquiatra americano Daniel Siegel explica como as mudanças vividas pelo cérebro entre os 12 e 24 anos resulta no comportamento conflituoso dos adolescentes. Para o autor, é possível, por meio da compreensão desses processos e de experiências estimulantes, atenuar os períodos mais difíceis da fase e tornar o cérebro mais saudável e criativo durante a idade adulta.

De seu escritório em Los Angeles, Siegel conversou com o site de Veja, passando essas informações preciosas que a Escola de Pais está proporcionando aos pais e educadores, através desta leitura. O psiquiatra americano Daniel Siegel

“Precisamos mudar a maneira de enxergar a adolescência. Ela não é um período de loucura ou imaturidade. É a essência de quem deveremos ser, do que somos capazes e do que precisamos como indivíduos”, afirma o psiquiatra “Durante a adolescência há um crescimento do circuito cerebral que utiliza a dopamina, um neurotransmissor que nos faz buscar prazer e recompensa. Ele começa no início da adolescência e chega ao seu auge na metade dela, levando os adolescentes a buscar emoções e sensações intensas. Esse aumento natural da dopamina pode dar aos adolescentes um poderoso sentimento de estarem vivos quando estão envolvidos em atividades e experiências novas e estimulantes.” Que tipos de experiências e atividades seriam essas? Uma delas, e a mais importante, é a que promove a vontade de refletir sobre valores, em vez de seguir proibições. Um ótimo exemplo são as campanhas ame-

ricanas contra o fumo na adolescência. Enquanto elas mostravam imagens de corpos degradados ou davam informações médicas com o objetivo de amedrontar os jovens, o número de viciados apenas cresceu. A situação só mudou quando os publicitários começaram a mostrar de que forma as companhias faziam uma lavagem cerebral nos jovens com o propósito de ganhar mais dinheiro com a venda dos maços. Em vez de focar no medo, algo negativo, a campanha centrou esforços no valor positivo de ser forte diante de adultos manipuladores. Essa é a diferença entre estimular um impulso e promover uma reflexão sobre valores. E isso ajuda também a promover importantes ligações cerebrais, que vão definir o cérebro adulto. as experiências vividas durante a adolescência são mesmo capazes de ter efeito por toda a vida? Entre os doze e os 24 anos ocorre a diminuição da produção

de neurônios e das conexões cerebrais – as que ficam se tornam mais fortes e produtivas. Durante a infância há uma superprodução de neurônios e das conexões entre eles, as sinapses. Esse crescimento é intenso até cerca dos onze anos para as meninas e doze e meio para os meninos. A partir daí o cérebro escolhe os neurônios e conexões que são mais usadas e descarta aquelas que parecem inúteis. Quanto mais usamos algumas conexões, melhores e mais complexas elas se tornam. Por isso, as experiências que temos durante a adolescência, nossos hábitos e sensações moldam o adulto que seremos. A formação do cérebro vai responder ao foco que você der a suas atividades nesse período. Por exemplo, se você quiser ser um medalhista olímpico, é melhor começar antes da adolescência, assim as ligações serão fortalecidas durante a juventude. Se o interesse for apenas ter uma habilidade musical, o ideal é começar antes do fim da adolescência – quanto


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mais usamos os neurônios e circuitos, melhores eles serão. Uma adolescência difícil, com experiências negativas, pode causar problemas ao cérebro adulto? Muito stress pode ser realmente negativo. Ele pode causar uma diminuição exagerada de neurônios e sinapses, o que é destrutivo – perdemos mais células do que deveríamos. Nesse período, a tensão não tem nenhum ângulo positivo. É bastante estressante ter que decidir o futuro antes dos 24 anos? Entendo o que diz. Tudo isso pode, realmente, parecer muita pressão sobre os jovens. No entanto, acredito que, mais que tensão, podemos ver esses processos como uma oferta para que o adolescente perceba que pode, ativamente, mudar sua vida. Eles podem ter a responsabilidade sobre o rumo de suas existências: é mais um convite a refletir sobre esse poder do jovem que uma expectativa sobre o que pode dar errado. além da rebeldia e impulsividade, o comportamento típico dos adolescentes inclui tristeza e o tédio com a vida. Por que isso acontece?

Sabemos que o nível basal de dopamina no cérebro não é grande. Ele é baixo e, quando isso acontece, pode causar irritação, melancolia, tristeza e até depressão. Outro circuito envolvido nisso é o sistema límbico do cérebro, responsável por nossas emoções mais primitivas. Ele também está mudando, então as emoções, os sentimentos e as sensações podem ser perturbadas. Por isso os adolescentes parecem viver em uma gangorra de emoções: de um dia de um jeito, no seguinte o contrário. E a essência da adolescência? Há quatro aspectos que chamo de ‘essência da adolescência’: entusiasmo emocional, entrosamento social, busca de novidades e criatividade. Esses quatro elementos são cruciais durante a adolescência. Viver com paixão, estar rodeado de amigos, ir atrás de novas ideias e experiências e manter o cérebro sempre criativo são experiências que os adolescentes vivem intensamente e são elas que, quando adultos, mantêm a mente em boa forma. O cérebro é maleável, muda durante toda a nossa vida, e pode ser moldado

por novas experiências. O senhor afirma que a adolescência é que dá o ‘direito de nascer’ ao ser humano. Seria um novo nascimento? Nascemos com potenciais que podem ou não se realizar. E eles só irão se tornar concretos a partir das mudanças vividas pela mente adolescente. A adolescência é o momento em que ganhamos a consciência de quem somos e do que podemos ser – em que nos tornamos humanos de maneira plena. “Precisamos mudar a maneira de enxergar a adolescência. Ela não é um período de loucura ou imaturidade. É a essência de quem deveremos ser, do que somos capazes e do que precisamos como indivíduos”, afirma o psiquiatra, autor de outros dez livros sobre a mente adolescente. Artigo publicado na íntegra, em 15 de junho de 2014 na Revista Veja.

Síntese realizada por Therezinha e Luiz Mazzurana Casal DR da EPB de Gramado e Região.


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Adolescência feliz: PossívEl?  João Malheiro

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ma das grandes angústias da imensa maioria das famílias é a chegada da adolescência dos filhos. Entretanto, a tão temida transição da infância para a idade adulta, com suas rápidas transformações físicas, psíquicas e espirituais, pode ser bastante amenizada se os pais têm uma visão mais esclarecida do fenômeno. Infelizmente, muitos tendem a ser um pouco ingênuos e pensar que não devem interferir nessa fase da vida de seus filhos. Argumentam que “o importante é deixá-los experimentar um pouco de tudo, para poderem gozar a vida a que têm direito”. Depois descobrem que quase sempre esses princípios permeados de bondosidade eram falhos. Outros querem intervir, mas não sabem o que ou como fazer e sofrem com as reações agressivas e/ou transgressivas dos adolescentes, próprias dessas idades. O objetivo deste artigo é mostrar que é possível se preparar para essa fase e diminuir em parte, muitos desgastes emocionais: tantos nos pais quantos nos filhos! Para que isso seja possível é sempre bom recordar quais são os três grandes eixos nos quais giram os conflitos dos jovens nessas idades: a DESCOBErta Da PróPrIa IDEntIDaDE O aUMEntO Da MatUrIDaDE aFEtIVa Para UM aMOr rEaL a COnQUISta Da VErDaDEIra LIBErDaDE Todos os sentimentos instáveis, todas as reações agressivas, todas as fugas existenciais são explicadas, em parte, por algum desajuste desses eixos. Quanto à primeira frente, cada vez mais se vêem jovens adultos (entre os 25 e 30 anos) que ainda não se encontraram na vida. Seu entusiasmo em geral gira apenas com “brinquedinhos” eletrônicos, roupas, cabelos, festinhas, tatuagens, sexo, drogas, esportes radicais, visibilidade que não seriam mais próprios dessa idade. Todo o dinheiro que já ganham é a grande motivação das suas vidas e este, muitas vezes, é desperdiçado em gastos inconsequentes. Já faz muito anos que costumo fazer um trabalho de coaching com este público-alvo e com frequência encontro “meninos-adultos”, muitos deles já casados e com filhos, mas ainda totalmente adolescentes. Os sinais claros desses atrasos psicológicos se evidenciam em solidão, frustração, vazio existencial, síndromes de todos os tipos e falta de transcendência, falta de espiritualidade. Como professor universitário tenho também encontrado com bastante frequência muitos calouros que entraram em determinados cursos porque “era o

menos pior”, porque “pode dar mais dinheiro depois”, porque “sei lá”... Os índices de evasão universitária dos primeiros anos beiram os 50% e atualmente é comum encontrar muitos egressos iniciarem uma nova faculdade porque “agora sim encontrei o que eu queria”... É comprovado que estamos vivendo já faz mais de 50 anos em uma cultura bastante hedonista/consumista na qual se privilegia tudo o que seja sentir, gostar, desejar, curtir, gozar, possuir, imediatismo, superficialidade, portanto, uma cultura que favorece uma autêntica hiper-atrofia afetiva na capacidade de amar. Se não houver por parte dos pais e educadores um afã de corrigir essa tendência, além de estarem semeando grandes desajustes para o futuro, estarão dificultando a passagem da adolescência dos seus filhos. Como facilita enormemente um jovem passar por esses terremotos emocionais quando já vê uma estrada, uma meta a atingir e já possui a “gasolina” para avançar nesse itinerário. Quem já foi excursionista, lembrar-se-á da experiência de ter tido que enfrentar uma tormenta em plena escalada. Incomodava, dava medo, mas valorizava alcançar o cume. Analogamente, é o que acontece quando o jovem entra na “montanha russa” da adolescência. Sente medo, sente insegurança, sente ansiedade, mas nesses altos e baixos emocionais manter o olhar para a frente é o que diminuiu a angustia e a depressão. Tendo este pano de fundo, fica fácil entender um jovem de 18 anos com reações agressivas diante dos pais ou professores. Simplesmente, ele está comunicando que está sofrendo porque não está vendo nada na frente e se sente fraco e com complexos de vários tipos. Está pedindo socorro e muitas vezes os educadores não detectam. O que fazer então? É preciso corrigir adequadamente os sentimentos e fugir do emotivismo. Como fazer isso? Para bem responder, pensemos a realidade mais um pouco. Infelizmente, a pressão social que os veículos de marketing exercem sobre os adolescentes produzem autênticas seduções aos sentidos, levando-os a acreditar que é possível ser feliz satisfazendo apenas as necessidades materiais do ser humano. Quando a criança cresce nesta mentira, é praticamente impossível que ela consiga se desgrudar desse tipo de alegria, dificultando-a olhar e descobrir o futuro. Perguntemo-nos: fica fácil uma criança vislumbrar a sua identidade neste estado interior, uma vez que nenhum ideal se torna realidade sem sacrifício, sem esforço? Parece que não. Por outro lado, quando uma


35 criança experimenta mais cedo as alegrias intelectuais que brotam de um estudo sério, de uma boa leitura, de uma conversa ou reflexão, quase sempre terá mais inclinação para ir substituindo as alegrias materiais e efêmeras por outras mais duradouras, como a conquista da sua vocação... Entende-se agora por que um grande número de jovens decide o curso universitário apenas na fila de inscrição do vestibular? Será só o aumento de opções? Será só falta de informação? E então, como fazer isso? É essencial conduzir a criança desde pequena e o adolescente a exercitar-se em pequenos vencimentos diários naqueles aspectos que custa a todo o ser humano, ainda que não se sinta nenhum benefício imediato. Nesses vencimentos deverá existir luta, treino, aprendizagem, tanto na família quanto na escola, para superar a preguiça, a apatia, o orgulho, a busca desordenada de comodidades, o apego ao bens materiais, o egoísmos, etc. Já podemos concluir que promover as virtudes da temperança e fortaleza durante os primeiros anos da criança é a grande estratégia para facilitar a descoberta da própria identidade e para conseguir a maturidade no amor. Facilitando o vencimento nessas duas “frentes de batalha” da adolescência, indiretamente também se estará favorecendo o vencimento na terceira: a conquista da liberdade humana. Para conseguir a terceira frente, a autêntica liberdade, deve-se educar no amor à verdade e no amor ao sacrifício da verdade. O grande problema do homem de todos os tempos foi cair na ilusão que se pode viver a verdade sem sacrifício, o que quer dizer produzir a “própria verdade”. Esta é a tão sonhada libertinagem

dos adolescentes, que buscam a liberdade absoluta, mas que só existe na teoria ou ficção. Esta, por sua vez, é a que cria também as condições mais favoráveis para a descoberta da própria identidade. Quando vemos muitos jovens adolescentes reclamando dos pais, dos professores, da sociedade, não será que estão reclamando da mentira que vêm ao seu redor? Na sociedade mentirosa em que vivemos, parece que existe nos adolescentes uma disfarçada nostalgia da verdade que é o autêntico desejo da verdadeira liberdade. Isto pude comprovar em milhares de jovens na Jornada Mundial da Juventude, na Espanha, em agosto do ano passado. Terminemos dizendo que é possível sim que os nossos filhos passem a adolescência de forma feliz, mesmo que tenham que passar um ou outro mau bocado. O segredo está em facilitar-lhes, com a educação das virtudes da afetividade, a descoberta da vocação existencial, que sempre inicia pela profissional. Depois, lhes fortalecermos a capacidade de amar, aprendendo a suplantar o próprio egoísmo, para que possam corresponder a sua missão. Por fim, que o nosso exemplo de fidelidade e amor seja sempre um ponto de referência para que eles vivam coerentemente a escolha que fizeram, sabendo que essa coerência será sempre o melhor exercício da própria liberdade. João Malheiro é doutor em Educação pela UFRJ e diretor do Colégio Porto Real, Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. É autor de vários livros. Publicado no Portal da Família em 08/04/2014. Divulgue este artigo para outras famílias. Síntese por Therezinha e Luiz Mazzurana Casal DR da EPB de Gramado e Região


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os filhos querem colo…

sEmPrE Texto Anônimo

“no dia 12 de maio de 2011, uma amiga do meu filho pulou do 8º andar do prédio onde morava. Era uma adolescente. tinha acabado de almoçar, estava com o uniforme do Colégio, e a mochila nas costas, o que indicava que iria para o colégio à tarde, pois nas quartas e sextas eles têm aula o dia todo. Foi um choque para todos os colegas! aí vem a pergunta: Por quê? Ela tinha apenas 15 anos. Que problemas uma menina de 15 anos pode ter? Fiz esta pergunta ao meu filho, e a resposta me deixou chocada… Ele me disse: – Mãe, eu acho que era falta de colo.”

Questionei: – Como assim? E ele me disse: –Os pais trabalham praticamente o dia todo, sempre com a mesma desculpa de que querem dar aos filhos tudo aquilo que nunca tiveram e, na maioria das vezes, eles estão conseguindo. Eles estão dando um estudo no melhor colégio, cursos de idiomas, dinheiro para gastar no shopping, um computador de última geração pro filho ficar enfiado em casa durante o pouco tempo livre que sobra, roupas, tênis, celular, tudo muito caro, etc… E sempre cobrando da gente boas notas, pois estão investindo muito… Na maioria das vezes, os pais não têm mais tempo para os filhos, não conversam mais, não fazem um carinho… Ele fez uma pausa. Eu estava boquiaberta com o que ele acabara de falar-me e meus pensamentos foram a mil. Mal comecei uma frase. – Meu filho, você tem razão. É isso mesmo… E ele me interrompeu dizendo: Mãe, quando a gente chega em casa, o que mais a gente quer é o colo da mãe. Quando vai mal nas provas ou quando acontece alguma coisa ruim, a gente quer colo. Por que você acha que hoje tantos jovens são quase revoltados? Na maioria das vezes, eles estão querendo chamar a atenção, ser notados… Só que no lugar errado e de forma errada: na rua e com violência. Dei um grande abraço em meu filho, beijei-o com muito carinho. E lhe disse: Meu filho, espero que a morte dela não tenha sido em vão, pois quem sabe desta forma muitos pais vão repensar suas atitudes para com seus filhos! Ele olhou-me carinhosamente e concluiu, antes

de sair para a escola: Não somos máquinas, mãe. Não somos todos iguais. Não é porque o filho da vizinha tira só dez que todos nós vamos tirar 10. Talvez, nem todos nós queiramos falar inglês! Seus olhos cheios de lágrimas revelavam a dor que sentia pela morte da colega e, ao mesmo tempo, o quanto meu filho valorizava a nossa família. Já fora de casa, ele voltou correndo e me deu um forte abraço e me disse: – Mãe, obrigado por eu poder contar sempre com você nos maus momentos…E, obrigado, também, pelas broncas, pois sei que as mereço. Depois que ele virou a esquina, fechei suavemente a porta, pensativa e convencida de que o tempo e o amor são os melhores investimentos que podemos fazer pelos nossos filhos. O resto é consequência. Nada é mais importante que estes meios essenciais para a felicidade de nossos filhos. E, sem dúvida, só assim poderemos também ser felizes com a consciência tranquila de ter cumprido bem a nossa missão de pais.


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o Banco da Praça

 Carla Leidens

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ui almoçar na minha mãe com a combinação de ir a pé buscar meu carro, que estava com dois pneus furados. Assim o fiz. Só que saí muito antes do horário combinado com o mecânico. Caminhei da Igreja em Canela em direção à praça. Lentamente andei curtindo o sol e o lindo e dia co-

mecei a prestar atenção nas pessoas. Uma mãe que levava a filha pequena para a escola me encheu de saudade de quando eu fazia o mesmo trajeto com a ruiva à tira colo. Um vendedor ambulante descansava na sombra de uma árvore, com o olhar perdido no horizonte e essa cena me comoveu.

Não pude deixar de pensar na sua dura realidade. Pude apreciar a nova fachada de uma loja, que por certo já mudou há bastante tempo e eu ainda não havia percebido. Havia fila na lotérica e fiquei em dúvida se as pessoas estavam em busca do prêmio milionário da Mega-Sena


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ou se estavam naquela fila para pagar as suas contas do começo do mês. Andava assim com os olhos ávidos, querendo encontrar a vida. Foi quando cheguei à praça. Olhei para o banco vazio e o meu coração sentiu um aperto grande. Evitei a cena e fui ao banco fazer um depósito, mas meu pensamento estava fixo na praça. Era ali que meu pai sentava todas as tardes. Me ligava e frequentemente nos encontrávamos para falarmos por 5 ou 10min apenas. Eu estava sempre apressada. Não tinha tempo. Hoje atravessei a rua automaticamente e sentei naquele banco da praça. Rezei para o meu pai, conversei com ele como se estivesse sussurrando ao vento a falta imensa que ele faz na minha vida. Disse a ele que eu gostaria de ter tido mais tempo para nossas conversas e que me arrependo imensamente de não ter percebido o quão raros e mágicos eram aqueles encontros. Que eu deveria ter deixado todas as reuniões, os compromissos e a correria do dia a dia para

ficar mais tempo com ele. Aproveitar a paz da sua voz e o carinho que havia em suas mãos. Estava assim, absorta em meus pensamentos e saudade, quando olhei para o lado. Havia no outro banco um pai e uma filha sentada em seu colo. Ao lado deles apenas uma sacola plástica de onde tiravam os biscoitos que comiam lentamente. Havia uma cumplicidade no carinho entre os dois e a vida parecia não passar. Tive vontade de avisar aos dois que esses momentos ficariam para sempre em suas memórias e que deveriam aproveitá-los ao máximo. Ambos olhavam na mesma direção e pareciam saber disso. Não interferi, fiquei ali, com lágrimas nos olhos, apenas querendo que o tempo voltasse.

Carla Leidens é Relações Públicas, mora em Canela e é apaixonada pelas palavras e pelas pessoas.


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o tempo que temos na mão  Leo Aversa

Os filhos crescem e a gente fica pensando: até quando vão precisar dos pais?

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sinal da Jardim Botânico com a Maria Angélica fechou, os carros pararam e, quando íamos atravessar, o Martin, pela primeira vez, soltou a minha mão. Ele olhou para os lados, fez uma cara séria e foi, sozinho e decidido, cruzando as faixas brancas, a caminho do lado de lá. FOI Só UM PEQUEnO GEStO de um filho aos oito anos, mas, para o pai, que ficou com a mão solta no ar, foi um grande choque. a gente tem a ilusão de que os filhos vão precisar sempre de nós para comer direito, se vestir, se lembrar da hora e, é claro, atravessar a rua. É uma ideia aconchegante, que dá todo um sentido para a vida. a nossa, não a deles. Quando Martin me largou foi como se o futuro, lá na frente, desse uma piscada para mim: esse menino daqui a pouco vai ser um adolescente, depois um homem e, no futuro, aquele lá na frente, é ele que vai

estar segurando uma criança pela mão, preocupado se os carros vão parar no sinal. Será que nesse dia, lá na frente, ele ainda vai precisar de mim? Do instante no sinal não vai ficar a minha melancolia, mas, sim, a alegria dele por largar a mão do pai pela primeira vez. Será um desses momentos da infância que ficam guardados no fundo da gaveta, na caixinha das joias. Outros tantos serão esquecidos pelo caminho, e é natural que seja assim, diz a cabeça, enquanto o coração fica apertado, com saudade do que já foi, de atravessar – ainda ontem – essa mesma esquina com um carrinho de bebê, mostrando para o Martin o sinal, os carros, a faixa, e avisando do perigo de atravessar a rua sozinho. Uma das coisas que os pais aprendem rápido com os filhos é que o tempo passa voando. Dias depois levei o meu pai ao cinema. Ele tem 80 anos e está com alzheimer. Ver um filme é uma das coisas que ainda o diverte, mesmo esquecendo cinco minutos depois. a memó-

ria dele é como um trem que vai embora devagar. O que ele ainda lembra hoje, já não vai lembrar amanhã. Ainda assim, parece feliz com as poucas recordações que lhe restam. A tristeza fica com a gente, que fica na estação vendo ele ir embora. O que eu mais queria é que ele estivesse bem, que ele conseguisse ler esta coluna, que me explicasse o que se faz quando o filho larga a sua mão pela primeira vez. Eu queria ele de volta. Escolho um filme de super-heróis, porque coisas mais complicadas ele já não consegue acompanhar. O filme está em terceira dimensão, então preciso explicar várias vezes por que ele está usando óculos escuros dentro de um cinema. Ele esquece o que eu disse, olha para mim de óculos escuros no meio da escuridão e começa a rir. Eu também acho graça, e, nesse instante em que rimos juntos, a caixinha de joias se abre no fundo da minha gaveta, e eu vejo o quanto a gente já foi feliz. O filme começa e ele fica fascinado com a terceira dimensão na tela, até que chega aquela cena clichê que tem em todo filme 3D, quando voam pedras, balas ou mísseis para à frente, na direção da plateia. Meu pai, que já tinha esquecido que aquilo será só uma ilusão de ótica, é pego de surpresa e, vendo as pedras vindo em nossa direção, leva a mão à frente. Não na frente dele. Na minha. E nesse pequeno gesto de um pai, aos 80 anos, me dou conta que, aconteça o que acontecer, a gente sempre vai precisar um do outro. Leo aversa, colunista de O Globo, 02 de maio de 2018 – cedido Paulo Prata Filho - Florianópolis - SC


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mãE também precisa de colo!  Josielma Ramos

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uando nós mulheres nos tornamos mães, algo muda significativamente em nossas vidas, deixamos de ser simples humanas e nos tornamos um ser supremo, tão supremo que nossos poderes incluem: Super força: Ser capaz de segurar o mundo com as mãos, cuidar da casa, do trabalho, dos filhos com muita facilidade. Super segurança: Ser uma mulher segura de si, que não chora, não sente e não vacila. Super quietinha: Fazer tudo sem reclamar, porque afinal, não faz mais do que sua obrigação né, quem foi que mandou parir? Só que o que ninguém vê, ninguém percebe e quase ninguém fala (quase porque quando falamos não somos ouvidas), é que sim, depois de parir, ainda somos humanas, e talvez mais humanas ainda do que éramos antes, ficamos sensíveis, tudo doi e não é uma dor carnal, é uma dor na alma, na mente.

Mãe também precisa de colo! As pessoas estão mais preocupadas em saber porque seu bebê não engorda, porque ele não fala ou não anda ainda. Estão preocupadas em comparar seu filho com o filho da conhecida da prima da avó dela que com a mesma idade do seu filho já recitava todos os sonetos de

camões de cor enquanto o seu só come giz de cera e põe o dedo no nariz. Ninguém entende que cada criança tem seu próprio tempo, minha filha tem 1 ano e 4 meses, e não anda ainda, minha sobrinha que é um mês mais nova começou a andar com 11 meses, dá pra comparar? As pessoas que não nos conhecem direito comparam e muito, até mesmo alguns que conhecem comparam, porém o que muitos não sabem é que minha filha nasceu prematura de 29 semanas (seis meses de gestação) ou seja, hoje ela seria um bebê de 1 ano de idade se tivesse nascido no tempo certo, tá vendo porque não dá pra comparar! Além de cada criança ter seu próprio tempo, crianças prematuras demoram muito mais para se desenvolver, claro que tem exceções, porém ninguém está preocupado de fato com o desenvolvimento de nossos filhos, as pessoas gostam mesmo é de falar, falar mal, falar que estamos fazendo tudo errado, falar que somos péssimas mães, ninguém se preocupa se aquela mãe dorme a noite porque o filho está doente ou o dente está nascendo, ninguém se preocupa se a criança está comendo mal porque está com algum problema, ninguém se preocupa se aquela mãe nem consegue limpar a casa porque seu filho quer colo o dia todo e chora muito, mas com certeza se preocupam em falar que ela não arrumou a casa porque é uma porca.

Ninguém oferece ajuda, ninguém oferece uma rede de apoio, seus “melhores amigos” somem, eles vão postar fotos todo dia na balada que antes sempre te chamavam, mas agora eles nem vão lembrar que você existe, porque mãe não pode ir para a balada e se divertir, e se vão logo perguntam: – Deixou seu filho com quem? Aqueles que diziam que iam ser as titias e titios, que estariam com você pra tudo, vão sumir, e o colo? o colo que a gente também precisa? Não tem colo, não tem titio e titia, não tem ajuda, ninguém se compadece da dor de uma mãe, porque ela é mãe e tem que ser forte sozinha. Se você leu até aqui e se identificou, comente, prometo te dar colo, e se você tem uma amiga que é mãe, não a abandone, seja amiga até depois do parto, a gente precisa de apoio.

Josielma ramos Nascida em 1989 em Simplício Mendes – PI, vive atualmente em Santana de Parnaíba – SP. Mãe, escritora, poetisa, blogueira e palestrante.


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Quem manda na sua casa? você ou seus filhos?  Júlia Pereira Damasceno de Moraes

É

preciso que você tenha bem claro quem manda na sua casa. Só assim será capaz de administrar adequadamente seu lar. Seus filhos necessitam se sentir seguros e a clareza de quem é o responsável transmite essa segurança de uma forma bastante eficiente.

Não faço aqui apologia ao autoritarismo e à ditadura. Pelo contrário, acredito na democracia. Mas de quem saiba governar. Em um grupo social sempre há um líder. Mesmo entre outras espécies animais essa ideia se confirma. Quando o pai ou a mãe não assumem seu papel na gestão familiar, outra personalidade se destaca naturalmente e assume a liderança. Ocorre que, muitas vezes, não há bagagem de conhecimento, cultura e/ou maturidade para que essa configuração familiar dê certo. Não há lugar que não tenha regras. Alguém as inventa, para o bem ou para o mal. Se os pais se eximem dessa função de organizadores do ambiente familiar, os filhos o farão. E não têm idade para isso. Você não conhece bebês que já mandam em casa? Crianças que nem falam ainda, mas que, com um olhar apenas, subjugam seus pais, manipulando-os para que façam suas vontades? Você nunca viu crianças que batem os pés, se jogam no chão por um salgadinho no mercado ou por um jogo qualquer de última geração? a deseducação não escolhe idade, cor, religião ou classe econômica. É preciso analisar a educação do filho, demonstrando de maneira que não haja dúvidas, quem é o responsável pela família (o pai e/ou a mãe, ou o responsável legal, por assim dizer) e simultaneamente, demonstrar que há regras nesse ambiente, e as regras se aplicam a todos os integrantes da casa. É complicado, por exemplo, dizer para a criança que não deve falar palavrões se ela ouve constantemente seus

pais gritando xingamentos e absurdos que ninguém deveria ouvir. Do mesmo modo, é complicado ensinar honestidade se o filho vê o adulto surrupiando trocos no mercado ou furando filas, com cara de paisagem. Respeito se aprende vendo, mais do que ouvindo. Mas com relação a limites, as palavras e os olhares devem bastar. Dizer sim e não, não é e nem deve ser, prerrogativa dos filhos. Os pais não têm de ser os melhores amiguinhos dos filhos. Têm de ser pais. Por exemplo, é comum os pais levarem seus filhos na casa de amigos e a criança querer levar um “souvenir” que seja um brinquedo, uma folha, um papel qualquer. Não acredito que se deva deixar fazê-lo e, ainda que sofra críticas, vou dizer porquê. O filho deve aprender o limite dos outros. Deve aprender, a criança, que o mundo não existe para lhe servir, para seu bel prazer. Assim, brincou e se divertiu com as coisas do amiguinho, (que bom) mas as coisas SÃO DO AMIGUINHO! Não são dele! Não pode levar para casa o que não é seu! Isso o ensinará, certamente, ainda que chore e faça birra (o que é normal no início, pois tentará romper o limite) o respeitar o que é do outro. Ser pai traz uma enorme responsabilidade que transcende o “ser amigo”, especialmente se esse termo é analisado do ponto de vista do filho. Mas educar é uma atividade exaustiva, que toma muito tempo. Talvez nem sobre tempo para frivolidades. Dizer não é, sim, coisa de amigo. Mas AMIGO, de um jeito que só um pai e uma mãe verdadeiramente responsáveis sabem ser. Nesse ponto, lembro das vezes em que ouvia os termos “é para teu próprio bem”, “você vai entender quando tiver teus filhos”, e muitos outros jargões que mães responsáveis e pais que se importam dizem. Agradeço meus pais pela quantia de vezes que me fizeram perceber, sem rodeios, que eu devia obedecer as regras para usufruir da companhia deles e de tudo o que isso significava. Nunca quebrei uma escola. Nunca desobedeci

nem agredi um professor. Nunca respondi com desrespeito minha mãe, nem meu pai. Não fui um anjo de adolescente, mas reconhecia limites e sabia perfeitamente quando os ultrapassava. Quando não se sabe quem estabelece (e se existem) limites na casa da criança, ela sequer poderá saber se os ultrapassou. Pior é quando ela sabe que está agindo de maneira incorreta e destaca que, na casa dela, é assim mesmo, ninguém se importa ou, se importa, não sabe demonstrar isso de maneira positiva ou eficiente. Quem manda na sua casa? Seus filhos? Ouça seus filhos, escute o que eles têm a dizer. Dê limite parâmetros de acordo com os ideais da família. Discuta a razão das regras diretamente com as crianças. Fale sobre valores e, mais que isso, demonstre no cotidiano os valores sendo colocados em prática, através das mais simples atitudes. Explique o que acontece se não forem obedecidas as diretrizes comportamentais que norteiam a casa. Defina direitos e DEVERES em casa e na rua. Cobre DIREITOS E DEVERES DAS CRIANÇAS. São algumas das formas que eu acredito ser o caminho certo para criarmos adultos responsáveis e pais de valor. Não apenas pais que se tornaram gestores familiares fracassados, simplesmente por não saberem deixar claro para seus filhos, quem é o adulto responsável da casa.

Júlia Pereira Damasceno de Moraes Mulher, filha, mãe, esposa, professora, educadora, eterna aprendiz. Aspirante a escrevente. Amante do saber e do conhecimento. Preocupada com o rumo que os adolescentes e jovens estão tomando e com a falta de referencial de vida para muitos dos alunos seus. Os pais se preocupam com o mundo que vão deixar para os filhos, mas não estão se preocupando com os filhos que vão deixar para o mundo. Isso é grave!


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Promoção da saúde bucal na escola  Magali Ester Knorst

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Saúde Bucal deve estar inserida no processo de educação em saúde nas escolas. A importância da longevidade dos dentes é reconhecida por todos os adultos, principalmente por aqueles que foram vítimas de um odontologia curativa onde o pensamento de extrair dentes se sobrepunha a prevenção. Na atualidade temos condições de promover cada vez mais a Saúde Bucal, dando condições de manutenção dos dentes e dos tecidos de suporte dos dentes. A avaliação e promoção de saúde bucal deve ser uma ação essencial que integra e se configura como a forma do cirurgião-dentista e a equipe de saúde bucal identificam sinais e sintomas relacionados a alterações dentárias e gengivais em educandos matriculados nas escolas.

Com base nessa avaliação, é possível planejar ações para a promoção da saúde bucal, que está inserida num conceito amplo de saúde que transcende a dimensão meramente técnica do setor odontológico, promovendo uma integração às demais práticas de saúde coletiva. Significa a construção de políticas públicas saudáveis. O desenvolvimento de estratégias direcionadas a todas as pessoas, que garantam o acesso à água tratada e fluoretada, a universalização do uso de dentifrício fluoretado e escova dental. Estas ações devem mostrar a importância da saúde bucal relacionada com os atos de sorrir, mastigar, engolir e falar.

Ações clínicas resolutivas devem ser desenvolvidas e acompanhadas pela equipe responsável de um posto de saúde que atenda a área da escola. O uso racional de flúor direcionado para grupos mais vulneráveis, além da realização de escovação supervisionada nas escolas, são estratégias de controle de doenças bucais sustentadas por evidências de efetividade. Entretanto, sua efetividade está relacionada à integração a outras estratégias coletivas de promoção da saúde desenvolvidas no ambiente escolar. O envolvimento dos escolares, pais e responsáveis, bem como de profissionais de educação nas atividades, é uma importante estratégia que pode oportunizar o reconhecimento de problemas, seus determinantes e fatores de risco associados, favorecendo o empoderamento individual e coletivo. As ações de mobilização coletiva para as práticas educativas em saúde, favorecem o aprendizado e o controle de todas as doenças, inclusive as da boca.

Magali Ester Knorst Cirurgiã Dentista CRORS 8998 Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial




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