ANUÁRIO | SC
ANUÁRIO DE ARQUITETURA DE SANTA CATARINA
40 escritórios de arquitetura e seus projetos inspiradores
artigos e entrevistas exclusivas
R$24,00 | Ano VIII - n°07 | Anuário 2015
ANUÁRIO | SC
ANUÁRIO DE ARQUITETURA DE SANTA CATARINA | 2015
EXPEDIENTE
PROJETO E COORDENAÇÃO EDITORIAL Simone Bobsin simonebobsin@arqsc.com.br
DIREÇÃO DE ARTE E PROJETO GRÁFICO Nuovo Design nuovo@nuovo.com.br
COORDENAÇÃO EXECUTIVA E MARKETING Clarice Mendonça de Oliveira anuario@arqsc.com.br
COLABORAÇÃO Ana Carla Fonseca, ARK7, Celaine Refosco, Célio Teodorico, Edna dos Santos- Duisenberg, Rosa Artigas, Vicente Wissenbach.
COMERCIAL Aline Senger comercial@arqsc.com.br
APOIO INSTITUCIONAL AsBEA-SC IAB/SC Programa Missão Casa (TVCOM-SC)
Eros Lelot Filho (São Paulo) legendaonline@gmail.com
IMPRESSÃO Gráfica COAN Tiragem 3.000 exemplares
ADMINISTRATIVO André Teixeira de Oliveira vogal@vogalinteligencia.com.br
EDITORA VOGAL Av. dos Lagos, 41 | Pedra Branca Palhoça | SC | 88137-000 (48) 3283.4432 contato@editoravogal.com.br
TEXTOS Letícia Wilson Simone Bobsin
CAPA Ilustração da artista plástica Celaine Refosco
REVISÃO Letícia Wilson
Célio Teodorico
anuarioarqsc | anuario@arqsc.com.br | www.arqsc.com.br
ARK7
Vicente Wissenbach
Rosa Artigas
Edna dos Santos - Duisenberg
Ana Carla Fonseca
Celaine Refosco
Nuovo Design
O ArqSC é uma publicação anual, dirigida ao público em geral, comercializada em bancas, livrarias e lojas especializadas e distribuída a um mailing de entidades de classe, imprensa, instituições de ensino e lojistas. Os textos foram produzidos a partir das informações repassadas pelos profissionais participantes.
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CAPA
Exercitar a expressão
Fotos: Willian Bucholtz
É com este conceito que apresentamos o anuário ArqSC, e a capa é a tradução desse novo pensamento. A 7ª edição traz a ideia de aproximar arquitetura e arte, áreas que se relacionam, a partir do convite para que um artista assine a ilustração da capa. Celaine Refosco, diretora-criativa do Orbitato – Instituto de Estudos em Arquitetura, Moda e Design – foi a nossa convidada para inaugurar esse novo projeto. Assim como o Orbitato, acreditamos que a diferenciação é um artigo raro hoje no mercado e essa foi a nossa aposta: nos diferenciarmos entre tantos títulos nas bancas. Compartilhamos aqui um pouco do processo de criação da capa. O trabalho da artista plástica e designer têxtil partiu da construção de relações geométricas baseada em fotos de materiais arquitetônicos, pedras e madeiras. “Usei pentágonos, hexaedros e outros poliedros irregulares, desenhados a mão com estilete, sobre as fotos, criando uma série de camadas, fazendo referência tanto às construções quanto aos seus vazados. Eventualmente, misturei traços vetorizados para ampliar a profundidade”, explica. A equipe da Nuovo Design adaptou os desenhos aos requisitos necessários a uma publicação comercializada em bancas e livrarias.
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EDITORIAL
Foto: Mariana Boro
“O centenário de Vilanova Artigas é uma oportunidade para a retomada dos estudos sobre a sua obra, ... dando a justa medida da ação de Artigas na formação de um pensamento peculiar sobre a produção arquitetônica nacional” – Rosa Artigas. Equipe ArqSC: André, Aline, Simone e Clarice.
Ser um ponto de referência e compartilhar ideias que merecem ser espalhadas. Essa é a proposta do anuário, que nasceu há 7 anos para divulgar e educar o olhar para a produção arquitetônica de Santa Catarina. Referência porque apresentamos projetos de escritórios de arquitetura que são reconhecidos em suas cidades. O ArqSC traz 46 projetos incríveis de interiores, arquitetura hospitalar, corporativa, além de intervenção urbana premiada e 3 obras de habitação popular que primam pela qualidade do desenho e soluções urbanas. Essa edição está cheia de novidades. O anuário ArqSC se reinventou a partir do próprio nome: a capa vem assinada pela artista plástica Celaine Refosco, do Instituto Orbitato, e o projeto ganhou novo design gráfico e direção de arte com a equipe da Nuovo Design, que desenvolveu ilustrações para alguns dos artigos trends. Essa é outra mudança, a publicação de artigos assinados por pesquisadores, professores e historiadores sobre assuntos relacionados ao amplo campo das artes, arquitetura e comportamento.
Temos textos sobre economia criativa de Ana Carla Fonseca e Edna dos Santos Duisenberg, principais nomes da cena brasileira sobre o tema. Nossa homenagem aos 30 anos do Laboratório Brasileiro de Design Industrial, criado em Florianópolis, vem por meio do artigo do professor e designer Célio Teodorico, profundo conhecedor da história que ajudou a construir. O LBDI foi um marco sem precedentes, com repercussão nos cenários nacional e internacional. Também homenageamos o arquiteto Vilanova Artigas, que completaria 100 anos de nascimento em 2015, com artigo da filha e historiadora Rosa Artigas; e o ícone do jornalismo de arquitetura no Brasil, Vicente Wissenbach. E ainda uma entrevista com Charles Watson sobre processo criativo, que quebra mitos e sugere atitudes. Seguiremos ampliando o conteúdo do anuário nas próximas edições, para que seja sempre fonte confiável de consulta, reflexão e divulgação da arquitetura de qualidade. Destacamos também o respaldo das instituições parceiras AsBEA-SC e IAB/SC. Em sua 7ª edição, o ArqSC chega refletindo a expressão e o pensamento de uma nova equipe, exercitando o que acreditamos. Boa leitura! Simone Bobsin
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ÍNDICE
04
Expediente
06
Capa
08
Editorial
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Comemoração Vilanova Artigas: 100 anos de nascimento
20
Exclusivo Vicente Wissenbach: ícone do jornalismo de arquitetura
26
Ponto de vista Economia Criativa
30
Entrevista Charles Watson O processo criativo
34
Experiência Brasileira 30 anos do LBDI
40
Paisagem Urbana Habitação popular e arquitetura
42
Mostra Six by Six Morar contemporâneo
10
51
Projetos
52
Allume Arquitetura de Iluminação
54
Ana Trevisan Arquitetura + Paisagismo
56
Anna Maya e Anderson Schussler
58
Amin Wendhausen Arquitetura
ÍNDICE
12
60
AOE - Arquitetura, Objeto e Espaço
62
Arte Urbana Arquitetos
64
AT Arquitetura
66
Bia Kubelka Arquitetura
68
Blasi Bahia Arquitetos Associados
70
Bragaglia Arquitetura
72
Brand & Henrichs Arquitetura + Engenharia
74
Calli Arquitetura
76
CMSP Arquitetura + Design
78
Cury Figueiredo Studio de Arquitetura
80
Dácio Medeiros e Débora Albergue de Souza
82
Espaço do Traço
86
Espaço Livre Arquitetura
88
Estela Cislaghi Arquitetura
90
Gobbi Arquitetos Associados
92
IDEIN - Ideia + Desenvolvimento Arquitetura
Revestimentos para Obras de Valor.
av. campeche 1235 | sala 03 campeche | florian贸polis | sc | 88 063 300 www.conectarepresentacao.com.br www.facebook.com/conectarepresentacaofloripa 48 3238 1217 | 48 9980 7828
ÍNDICE
14
94
IVVA - Investimentos de Valor em Arquitetura
96
Jardins & Afins Arquitetura Paisagística
98
Jobim Carlevaro Arquitetos
100
Juliana Pippi Arquitetura Design
102
Mantovani e Rita Arquitetura
104
MarchettiBonetti +
106
Metroquadrado®
108
MOS Arquitetos Associados
110
NTN Associados - Nelson Teixeira Netto
114
Pinheiro e Serrano Fonseca Arquitetura
120
Progetta Studio de Arquitetura e Interiores
122
Rady Modernel
124
Robson Nascimento Arquitetos
126
Ruschel Arquitetura e Urbanismo
130
TheissGirardi Arquitetura e Interiores
132
Endereços
55 48 3209-7002 Rua Deputado Paulo Preis, 590 - Loja 4 - Jurer锚 Internacional - Florian贸polis - SC moradaeco.com.br
COMEMORAÇÃO
Vilanova Artigas: 100 anos de nascimento Rosa Artigas
O arquiteto João Batista Vilanova Artigas nasceu em Curitiba, no Paraná, em 23 de junho de 1915. Mudou-se para São Paulo para se formar arquiteto na Escola Politécnica da USP, em 1937. Foi fundador da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, para a qual realizou, em 1962, uma reforma de ensino que influenciou outras faculdades de arquitetura no Brasil inteiro. Foi militante dos movimentos populares e, por isso, perseguido pela ditadura militar, tendo sido cassado em 1969, juntamente com outros professores das universidades brasileiras, por força do AI-5. Sua obra foi duas vezes premiada internacionalmente (Prêmio Jean Tschumi – 1972 e Prêmio Auguste Perret – 1985, ambos concedidos pela UIA – União Internacional de Arquitetos).
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A arquitetura que produziu foi reconhecida, por alguns críticos, como uma verdadeira “escola”, a chamada “Escola Paulista”, responsável pela orientação de várias gerações de arquitetos no Brasil todo. Dentre os 700 projetos que produziu durante sua carreira, destacam-se: Edifício da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo; Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães Prado, em Guarulhos; Passarelas Urbanas; escolas públicas; Estádio do Morumbi; clubes; sindicatos; edifícios de apartamentos e casas. Em 2015 serão comemorados 100 anos de nascimento de Vilanova Artigas. Esse projeto reúne um conjunto de ações que visam comemorar essa data. Nos últimos 30 anos, desde o falecimento do arquiteto, houve uma requalificação do papel da arquitetura brasileira no cenário cultural. Após um período no qual as referências sobre a produção da arquitetura eram as publicações estrangeiras, teve início, a partir dos anos 1990, um
Imagens e fotos: Arquivo da família
até então dispersas em diferentes publicações e acervos públicos e privados. A obra de Artigas foi tema, nestes últimos anos, de diversas dissertações e teses acadêmicas; dois livros com sua obra foram publicados, um em 1997, pelo Instituto Lina Bo e P M Bardi e outro na Série Espaços, da Cosac e Naify, em 2001, ambos esgotados há alguns anos. Duas exposições importantes foram realizadas: a primeira, logo após sua morte, em 1985, com caráter retrospectivo, foi exibida no Centro Cultural São Paulo e, concebida como mostra itinerante, viajou para várias cidades brasileiras. A outra, produzida pelo Instituto Tomie Ohtake em 2003, teve catálogo encartado com breve documentário e recebeu público recorde segundo documentou o próprio Instituto, na ocasião. Pequenas mostras e publicações foram feitas em centros culturais diversos, sempre com grande repercussão local: em Curitiba, Londrina, Florianópolis, na FAU-USP, etc.
Desenhos infantis de Artigas feito para os filhos.
resgate da produção brasileira que pode ser constatado com a expansão do mercado editorial sobre o assunto. Além da publicação de livros que abordam a evolução urbana das nossas cidades, pode-se, hoje, ter acesso a estudos monográficos sobre a obra de arquitetos como Oscar Niemeyer, Paulo Mendes da Rocha, Lina Bo Bardi, Lucio Costa, Oswaldo Bratke, João Filgueiras Lima, João Walter Toscano, Afonso Reidy, Ramos de Azevedo, Victor Dubugras, entre outros. Foram publicadas, também, coletâneas de projetos, organizadas por estilos ou movimentos, registrando e organizando informações
Estádio do Morumbi, 1953.
Em 2012 foi publicado um número especial da revista GG dedicado ao arquiteto, que também está esgotado. O centenário de Vilanova Artigas é uma oportunidade para a retomada dos estudos sobre a sua obra, hoje já distante do calor do debate que vigorou na cultura arquitetônica brasileira na virada do século, possibilita um olhar distanciado e desapaixonado, dando a justa medida da ação de Artigas na formação de um pensamento peculiar sobre a produção arquitetônica nacional. Hoje ele pertence à história.
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COMEMORAÇÃO
Detalhe de pilar da FAU-USP.
Fotos: Arquivo da família
Foto: Nelson Kon
Ginásio de Guarulhos, 1960.
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Residência do arquiteto, 1949, São Paulo.
Sobre o projeto Artigas 100 anos: A celebração dos 100 anos está ramificada em cinco vertentes que contam com um núcleo de pesquisa em comum. Fotos: Arquivo da família
1.
A inédita cinebiografia do arquiteto, com o título provisório de “Vilanova Artigas: As Cidades como as Casas, as Casas como as Cidades” tem, desde a sua captação, a vocação multiplataforma. O roteiro foi pensado para gerar longa-metragem, série de televisão e websérie. Estação Rodoviária de Jaú, 1973, em São Paulo, como várias obras modernas brasileiras, é apenas uma cobertura e um conjunto de pilares.
2.Um livro com curadoria sobre
50 obras mais relevantes que influenciaram e seguem inspirando arquitetos brasileiros e estrangeiros.
3.Livro dirigido para o público infantil com uma
história inspirada nos desenhos que Artigas fez para os netos.
4.Uma exposição/ocupação que será realizada
no espaço do Itaú Cultural, em São Paulo, que propõe um mergulho do público em aspectos da biografia profissional do arquiteto.
5.
Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães Prado - CECAP, 1967, Guarulhos - projeto de Vilanova Artigas, Fábio Penteado e Paulo Mendes da Rocha.
O site oficial que já está no ar (www.vilanovaartigas.com) pretende tornar público o acervo profissional e pessoal de Vilanova Artigas, além de centralizar todas as informações sobre os eventos do Centenário. Está programada uma segunda exposição que será realizada no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, que abordará 33 projetos do arquiteto realizados no Paraná (Londrina, Curitiba, Caiobá, Ponta Grossa) e documentação inédita sobre a família e a infância de Artigas. Ao final dos eventos, toda a coleção de documentos pessoais do arquiteto será encaminhada para a biblioteca da FAU-USP e tornada pública para pesquisadores e interessados.
Projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, 1961.
Historiadora e Coordenadora Geral Cultural - Casa Mário de Andrade.
da Oficina
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EXCLUSIVO
Vicente Wissenbach:
um ícone do jornalismo de arquitetura no Brasil por Simone Bobsin
Talvez muitos o conheçam em Florianópolis, para onde vem com frequência, sem saber de sua longa trajetória. São quase 50 anos de carreira de um dos maiores nomes do jornalismo especializado em arquitetura do Brasil. Em Santa Catarina, Vicente Wissenbach atua como consultor no projeto da Cidade Criativa Pedra Branca, entre outras ações como a curadoria e ciclo de palestras Destaques das Bienais, mostra vinculada à Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura, regional SC (AsBEA-SC). No ArqSC, colaborou desde o começo sugerindo pautas, projetos e abordagens sobre arquitetura. Continua sendo um grande mestre e parceiro. O conheci em uma das edições da Bienal Internacional de Arquitetura, em São Paulo. Fui fazer a cobertura jornalística para o Missão Casa, programa que comando na TVCOM, e encontrei um grupo de profissionais catarinenses, que me apresentaram a ele. Nos tornamos amigos e desde aquele dia nos encontramos para longas conversas sobre a profissão, a arquitetura e a vida. Essa entrevista é uma singela homenagem ao jornalista que foi condecorado com a Medalha Edgar Graeff, pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), durante o 19º Congresso Brasileiro de Arquitetos, em 2010, e um dos responsáveis pela criação da Bienal de Arquitetura de Buenos Aires, que completa exatos 30 anos em 2015. Wissenbach foi o único brasileiro que integrou o primeiro júri internacional da Bienal. Até hoje, faz a curadoria dos projetos nacionais apresentados na Argentina. Foto: Mariana Boro
Leia a seguir o relato de Vicente sobre sua trajetória no jornalismo, a criação do Jornal Arquiteto, da revista Projeto, das Bienais, da edição de livros, prêmios de arquitetura e tantas outras histórias que marcaram a cena arquitetônica brasileira.
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Foto: Arquivo CAyC
Foto: Vicente Schmitt
III Destaques das Bienais, no MASC, em Florianópolis, em 2013, com curadoria de Wissenbach e André Schmitt. Ao lado, mostra dos brasileiros na Bienal Internacional de Arquitetura de Buenos Aires, em 2011, curadoria de Wissenbach.
Aos 20 anos, participei da fundação do semanário Brasil Urgente e comecei a trabalhar como repórter geral e assistente de produção. Nesse período, entre 1962 e março de 1964, também fui um dos editores dos jornais da União Estadual de Estudantes e da UNE. Aprendi muito no Brasil Urgente, mas minha grande escola de jornalismo foi na Última Hora, onde entrei como repórter em 1964. Os grandes mestres do jornalismo estavam lá. Em 1965, a Última Hora foi vendida para o Grupo Folhas e fui convidado a montar a redação da sucursal paulista da Última Hora do Rio. No início dos anos 1970 houve uma grande perseguição a jornalistas não alinhados com o governo militar. Meu registro profissional foi “cassado”. Sem poder trabalhar na grande imprensa passei a fazer free lancers, principalmente para revistas de economia (Visão e Exame) e Casa Claudia. Continuei fazendo free lancers mesmo depois de lançar o Arquiteto. Nesse período, editei, para a Associação Nacional de Pós Graduação em Economia,
a revista Anpec e os Cadernos Anpec de Economia. Foi quando conheci muitos dos grandes economistas que depois seriam ministros e figuras importantes da economia brasileira. Além de editar, com Alexandre Wolner, o livro “A Zanini e a História da Cana de Açúcar no Brasil”.
Foto: Mariana Boro
“
Jornalismo
Com os palestrantes nacionais e internacionais no MASC: da esquerda para a direita Jô Vasconcelos, Pedro de Mello Saraiva, Mário Figueroa e Silvana Codina.
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EXCLUSIVO
O “Idea Man”
Jornal Arquiteto
Quando entrei na Última Hora, o diretor geral era o jornalista e escritor Jorge Cunha Lima. Numa iniciativa ousada para a época, contratou um jornalista americano para atuar como “Idea Man”. Esse profissional ficava à disposição da redação para conversar sobre criatividade, novas maneiras de abordar assuntos corriqueiros, descobrir pautas no cotidiano. Também criar matérias especiais e elaborar pautas.
O Alfredo Paesani, primeiro presidente do Sindicato dos Arquitetos, queria fazer um Informativo do SASP e me consultou sobre a viabilidade econômica. Sugeri fazermos um jornal e, para que a publicação tivesse mais força, convidamos o IAB para participar e também um nome forte para ser o diretor responsável. O Fábio Penteado topou e colaborou em muito para a consolidação do jornal impresso em papel Kraft e com design diferenciado. As peças de apresentação da nova publicação foram feitas pelo Washinton Olivetto, como cortesia.
Diariamente, ele fazia uma crítica às matérias publicadas e nos instigava a pensar em novas abordagens sobre o assunto. As conversas, no horário do expediente, eram rápidas. Quem desejava podia conversar após o expediente. E eu fazia isso duas ou três vezes por semana, depois de encerrar meu trabalho diário. Ele foi um de meus grandes mestres. Influenciou toda minha carreira profissional. Desde a de chefia de reportagem às edições de arquitetura e consultorias.
O lançamento foi um sucesso e, em pouco tempo, ele deixou de ser uma publicação paulista para ser o jornal dos arquitetos brasileiros. O jornal cobria todos os encontros nacionais e publicava as reivindicações de todo o Brasil. Acredito que o jornal tenha cumprido um importante missão na difusão do papel do arquiteto e urbanista. E na consolidação do salário mínimo profissional da categoria, denunciando prefeituras e governos que não cumpriam a lei. Quando o Jornal Arquiteto foi lançado, a revista Acrópole havia parado de circular após 32 anos. As outras revistas, como a Módulo, do Oscar Niemeyer, a Habitat, a Arquitetura do IAB do Rio, pararam de ser editadas nos idos de 1964. Havia apenas uma cobertura esporádica da arquitetura nas revistas de construção.
Envolvimento com arquitetura
Tudo o que sei sobre arquitetura e urbanismo aprendi nos inumeráveis seminários, encontros e congressos que participei no Brasil e no exterior, e com grandes mestres como Oscar Niemeyer, Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Rocha, Oswaldo Bratke, Jaime Lerner, Carlos Nelson, Eládio Dieste. Foi nesses eventos e através da revista que fiquei conhecendo um “mundareu” de gente boa em todo o país. E fiz grandes amigos em toda parte. E em Floripa encontrei dois grandes amigos e parceiros: André Schmitt e Valério Gomes.
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Arquivo Vicente Wissenbach
Como jornalista, sempre tive um contato muito grande com o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB). Nessa época, as entidades de classe expressavam o pensamento da sociedade civil e desempenharam um papel político muito importante na luta pela redemocratização do país. Defendiam, também, maior participação dos arquitetos no planejamento urbano. Por ter arquitetos na família, desde jovem convivi com um grande número de arquitetos.
Com Vera Niemeyer, Oscar Niemeyer e Mariza Castro Lopes.
Homenagem dos ex-presidentes do IAB, Gilberto Belleza e Haroldo Pinheiro.
Prêmios de Arquitetura Considero o Prêmio Opera Prima para estudantes de arquitetura um dos meus mais importantes projetos de premiação. Resistiu a todas as crises e mudanças. Continua revelando novos talentos.
Arquivo Paulo Caruso
Arquivo Vicente Wissenbach
Havia uma reivindicação de que passássemos a publicar projetos e, nesse mesmo período, começaram as diferenças entre IAB e sindicato. Além disso, nosso contrato estava terminando e resolvemos, em comum acordo, parar o jornal Arquiteto no número 60. A revista Projeto começou como um pequeno encarte no jornal. Quando se transformou em revista independente, mantivemos o Arquiteto como encarte da revista publicando matérias de interesse das duas entidades e informativos da Federação Nacional de Arquitetos e Urbanistas (FNA) e IAB Nacional. Em 1979, inicia a carreira-solo da revista com o editorial escrito por mim que dizia: “Finalmente estamos virando revista e, com sua ajuda e colaboração, vamos nos transformar na revista brasileira de arquitetura que os arquitetos há tanto tempo reclamam e nos cobram com insistência”. Depois da Projeto, vieram as revistas D&I – Design & Interiores, Obra, Cadernos Brasileiros de Arquitetura. Com o “tsunami” provocado pelo Plano Collor, fui obrigado a vender as revistas. Mas anos depois tive uma recaída e lancei a revista Finestra.
Foto: Arquivo IAB Nacional
Revista Projeto
Capa do catálogo da exposição “Tendências: arquitetura brasileira e Vilanova Artigas”, apresentada em Buenos Aires e São Paulo.
Charge de Paulo Caruso publicada no “Vão Livre” da revista Projeto.
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EXCLUSIVO
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Wissenbach entre os notáveis da cena arquitetônica internacional durante Bienal de Buenos Aires, em 1987.
Arquitetura brasileira hoje A grande virada na arquitetura e no urbanismo ocorrerá quando for obrigatória a existência de projeto executivo para a licitação das obras. Isso, além de impedir o desvirtuamento do projeto, contribuirá em muito para diminuir os “famosos” aditivos contratuais. Na área privada, irá melhorar quando os arquitetos conquistarem a direção e/ou o acompanhamento da obra, como ocorre na maioria dos países. Quanto ao urbanismo, a situação ainda é mais crítica. O Estado está delegando cada vez mais a função de planejar as cidades e a habitação para os empreinteiros. Esses são alguns dos temas, ao lado de tantos outros, que ganharam força com a implantação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo .
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Foto: Arquivo IAB Nacional
Conheci o Jorge Glusberg (crítico de arte e agitador cultural) no Congresso Brasileiro de Arquitetos, realizado em Salvador, em 1982. Fomos apresentados pelo arquiteto Éolo Maia. Durante a conversa, surgiu a ideia de levar uma exposição de arquitetura para Buenos Aires e trazermos uma da Argentina para o Brasil. No ano seguinte, desembarcamos com uma exposição com trabalhos de 100 escritórios de todo o país, do Amazonas ao Rio Grande do Sul. E uma delegação de 140 arquitetos. A exposição foi realizada no CAyC (Centro de Arte y Comunicación). O ciclo de palestras sobre arquitetura brasileira foi realizado num teatro próximo. O impacto foi tão grande que a manchete do Suplemento de Arquitetura do Clarin foi “La invasión brasileña”... Em 1984, Glusberg nos mandou uma mostra de porte que, junto com a nossa, ocupou todo o Centro Cultural São Paulo. Depois, foram apresentadas no Rio e em Belo Horizonte. Estava lançada a semente da Bienal de Buenos Aires. No Rio, fizemos uma reunião onde surgiu a ideia de realizarmos uma Bienal. Depois de amadurecida a ideia, há exatos 30 anos, surgiu a Bienal Internacional de Arquitectura de Buenos Aires. Participei ativamente na Comissão Organizadora da mostra e nos júris. Foi na I Bienal que o arquiteto brasileiro Severiano Porto ganhou o Grande Prêmio da Bienal, concedido por um júri com 33 membros internacionais e apenas um brasileiro: eu. Anos depois, num encontro em seu escritório no Rio, Severiano me disse emocionado: ¨Vicente, foi você que me tirou do anonimato...¨ No júri sempre tive um bom aliado, o arquiteto argentino César Pelli. Os que ele julgava importantes, defendia na reunião do júri. Nos tornamos grandes amigos...Numa das bienais, estávamos no saguão do hotel e ele, cercado por arquitetos, estudantes e fornecedores, olhou pra mim, apontou o relógio e disse “estamos atrasados...”, pegou-me pelo braço e entramos em um táxi. Perguntei-lhe: onde vamos? Ele respondeu: dar uma volta e tomar um café longe daqui... Foi nesses júris que acabei conhecendo muitos “Prêmios Pritzker” e alguns dos grandes astros da arquitetura internacional, ficando amigo de muitos deles como Clorindo Testa, César Pelli, Vignoly, Richard Meyer, Mario Botta e tantos outros.
Foto: Arquivo CAyC
Bienal de Buenos Aires nasceu na Bahia há exatos 30 anos
Vicente Wissenbach com Miguel Pereira e Fábio Magalhães.
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PONTO DE VISTA
Cidade criativa: novos olhares sobre um mundo de ponta cabeça Ana Carla Fonseca
Charmoso, atraente e acolhido no Brasil de braços abertos, o adjetivo “criativo” entrou para a pauta do dia. Indústrias criativas, economia criativa, cidade criativa, classe criativa, empreendedorismo criativo, cluster criativo. A lista é longa e a cada tanto recebe um novo ingressante, mas traz em seu cerne dois pilares fundamentais: economia criativa e cidade criativa. Tudo começou na década de 1990, diante de uma convergência de fatores. Entram nesse rol globalização (levando pessoas e empresas a conciliarem oportunidades mundiais e contextos locais), fragmentação das cadeias de produção (distribuindo a produção de uma única peça por vários países), presença crescente das tecnologias de comunicação e informação (conectando o mundo - ou ao menos o mundo com acesso a elas), maior transferibilidade de dinheiro entre países (há 20 anos nossos cartões de crédito nem funcionavam no exterior) e tantos outros. O resultado? Concorrência acirrada e ciclos de vida mais curtos de produtos e serviços, cada vez mais parecidos. Nesse cenário, das duas uma: ou trabalhadores e empresas competem oferecendo preços cada vez mais baixos; ou provendo bens e serviços inovadores, diferenciados, com valor agregado. E, para isso, haja criatividade. Economia criativa é, portanto, um novo paradigma econômico. Ela reconhece que, no contexto atual, a criativi-
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dade (que, diga-se de passagem, sempre foi um recurso importante), passa a ser o ativo mais diferencial de uma economia. Como a criatividade se concretiza em duas grandes vertentes - por um lado, ciência e tecnologia e, por outro, arte e cultura -, a economia criativa é uma fusão da economia da cultura e da economia do conhecimento. Na sua base estão as indústrias criativas - os setores econômicos que mais trazem criatividade em sua essência, abrangendo de artesanato, patrimônio e folclore a biotecnologia e nanociência, tendo em seu meio indústrias culturais, arquitetura, moda, design, mídias digitais, dentre outras. Mas talvez a grande beleza - e mensagem - da economia criativa seja reconhecer que todos podemos ser mais criativos do que somos - e devemos sê-lo, se quisermos que a economia, e não apenas parte dela, seja criativa. Basta ver como a indústria criativa da arquitetura, ao trazer a proposta da arquitetura verde, desruptiva, estimula e catalisa a criatividade de toda uma cadeia - da produção de materiais de construção sustentáveis à capacitação dos empreiteiros. Ou o impacto em efeito dominó (os spill over effects, no jargão econômico) que o design potencialmente tem, em todas as cadeias econômicas. E é nessa visão abrangente, transversal, de mudanças de olhares e horizontes, que se insere também a propos-
ta de cidade criativa. Uma lógica que busca transformar as cidades em espaços mais propícios à criatividade dos seis bilhões de cidadãos urbanos que seremos, em 2050, congregando 75% ou 80% da população mundial. Mas o que, afinal, é uma cidade criativa? Foi exatamente para responder a essa pergunta que, em 2008, organizamos uma primeira sistematização mundial do conceito, uma obra coletiva e voluntária, com a participação de 18 pesquisadores de 13 países, intitulada “Cidades Criativas - Perspectivas”. De lá para cá, após centenas de trabalhos em todos os continentes, uma tese de doutorado e muitas discussões com outros profissionais igualmente apaixonados por cidades, a resposta curta é que uma cidade criativa se reinventa permanentemente. A explicação um pouco mais longa é que uma cidade criativa - pequena ou grande, desenvolvida ou em desenvolvimento - persegue três características. A primeira são inovações, entendidas em sentido amplo: inovações sociais, inovações tecnológicas, a capacidade de perceber oportunidades e ultrapassar seus desafios. Por que, embora a cidade seja vista como um manancial de problemas, ela é um espaço de soluções. É aí que entra em cena a segunda característica, a das conexões. Entre público e privado, local e global, entre pessoas com ideias e sonhos diferentes (daí a importância do espaço público), entre áreas da cidade.
Costumamos pensar na criatividade urbana como nos ingredientes de um bolo de chocolate; dizemos que ela é criativa por conta daquele bairro efervescente de cultura, daquele outro onde os negócios acontecem, de um parque no qual as pessoas se encontram, do seu chocolate. Mas e quanto aos bairros menos chamativos, conhecidos e apetitosos, a farinha, os ovos, o açúcar urbanos, tão fundamentais para compor a receita única que dá sabor à cidade? Se criativa não é a cidade, é o cidadão. Para uma cidade ser criativa, todos os cidadãos devem poder sê-lo. Por fim, uma cidade criativa se apoia em cultura, por três dimensões básicas. Cultura como identidade, essência, como aquilo que os romanos chamavam de genius loci - o espírito do lugar. Cultura também por seu impacto econômico - o teatro, a gastronomia, as festas, o cinema, as instituições culturais -, gerando uma contribuição ainda raramente mensurada no Brasil. Cultura, enfim, como geradora de um ecossistema mais propício à criatividade, no qual a participação civil é elaborada em inteligência coletiva. Economia criativa e cidade criativa - conteúdo e continente, valendo-se da criatividade para transformar nosso dia-a-dia em uma narrativa mais encantadora e realizadora: no trabalho, no lazer, na vida que transcorre no espaço urbano.
Economista e Doutora em Urbanismo, coordenou livros e atuou em 29 países em economia criativa e cidades criativas. É Diretora da Garimpo de Soluções.
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PONTO DE VISTA
Economia criativa e design na era do conhecimento Edna dos Santos-Duisenberg
Estamos vivendo num período de transição da era industrial para a era do conhecimento, onde criatividade, capital intelectual, conectividade e inovação estão transformando nosso estilo de vida e revitalizando a economia mundial. Frente a essa nova realidade, estamos mudando nossos hábitos e a maneira como vivemos, estudamos, trabalhamos e nos relacionamos. Nesse contexto de profundas mudanças estruturais, surge a economia criativa como um novo conceito voltado para à dinâmica de transformar ideias em bens ou serviços dotados de conteúdo criativo, valor cultural e comercial. Através da economia criativa passamos a entender melhor complexas interações entre os aspectos econômicos, culturais, tecnológicos, sociais e ambientais que estão dando novos rumos à vida da sociedade contemporânea. Em um mundo cada vez mais repleto de imagens, sons, textos e símbolos, a economia criativa se impõe como vetor de crescimento econômico, empregos, comércio, diversidade cultural e inclusão social 1. Trata-se de uma área abrangente em que as indústrias criativas englobam desde o patrimônio cultural, as artes e a mídia até os setores mais intensivos em tecnologia e serviços, tais como o design e suas diversas facetas: arquitetura, design de interiores, design gráfico, moda, joias e brinquedos. Além de considerações de estética, formas, especificações e processos, o conceito de design passa a incorporar a noção de produto criativo funcional. 1 2008
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United Nations, UNCTAD/UNDP (2008) Creative Economy Report –
Muito mais do que seu inestimável valor cultural, o setor criativo representa grandes negócios e divisas. Durante a última década, o comércio internacional de bens e serviços criativos teve uma taxa anual de crescimento de 9%, movimentando anualmente mais de 624 bilhões de dólares2. Design é o setor que mais contribui para o mercado mundial de produtos criativos, representando 65% das exportações mundiais de bens criativos, ou seja, cerca de 300 bilhões de dólares. Arquitetura e serviços de design correlacionados, incluindo decoração, é o setor criativo que mais se destaca e, mesmo durante a crise econômica mundial, as exportações mundiais de serviços de design excederam 80 bilhões de dólares em 2008. O Brasil, apesar da abundância de talentos, tem intensidade criativa baixa, oferta limitada e as atividades criativas estão concentradas nas granges cidades. O país tem participação tímida no mercado mundial e, atualmente, exporta somente 7,4 bilhões de dólares de produtos criativos. Precisamos reforçar a capacidade criativa da nova geração e estimular a criatidade não só no campo artístico e cultural, mas também na ciência, na tecnologia, nos negócios e nos setores de ponta da fase post-industrial. Nosso país tem vasto potencial para ativar e melhor se beneficiar de sua economia criativa, mas precisamos não só de políticas públicas concertadas e mais ousadas, como também de visão estratégica de longo prazo. A partir daí, teremos condições de inovar e criar bases sólidas para um desenvolvimento mais inclusivo e sustentável no país 3. 2
UNCTAD - Creative Economy Global Databa-
1 United Nations, UNCTAD/UNDP (2008) Creative Economyse Report – 2008 2 UNCTAD - Creative Economy Global Database Dos Santos-Duisenberg, Edna (2013): TempoN°livre, e 3 Dos Santos-Duisenberg, Edna (2013): Tempo livre, lazer e3 economia criativa, Revista Inteligência Empresarial, 37, lazer COPPE, economia criativa, Revista Inteligência Empresarial, N° 37, COUniversidade Federal do Rio de Janeiro PPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Recentemente, tem-se observado um grande interesse por parte dos governos de cidades e municípios, inclusive no Brasil, pelo conceito das “cidades criativas”. O objetivo é reformular políticas urbanas no sentido de revigorar a vida cultural, social e recreativa das cidades afim de estimular crescimento socio-econômico e atrair investimentos, turismo e a chamada classe criativa. Nesse esquema, práticas de economia criativa se desenvolvem em paralelo à transição rumo à economia verde e ao design urbano de futuras cidades inteligentes. Debates interessantes ocorreram durante a IV Bienal Ibero-Americana de Design realizada em Madri, Espanha (25-29 novembro 2014). A abordagem mais ampla de design também tem sido usada para adaptar cidades e ajudá-las a enfrentar novos desafios demográficos, sociais e ambientais do século XXI. A ideia é oferecer uma melhor qualidade de vida a seus habitantes, e encontrar soluções inovadoras para lidar com os problemas cotidianos dos grandes centros urbanos tais como trânsito, poluição, segurança, delinquência etc. A cidade de Medellín, na Colômbia, é um caso de sucesso e foi eleita a Cidade Inovadora de 2013, pois através de urbanismo e intervenções arquitetônicas modernas tais como o Parque Explora, foi capaz de mudar a imagem da cidade, criando espaços culturais e tecnológicos de excelência em uma zona pobre, facilitando assim o processo de inclusão e tendo como impacto positivo a redução da pobreza e criminalidade.
Igualmente com o intuito de incitar ações e projetos que usam o design para melhorar o bem-estar social e encorajar a articulação de políticas urbanas, o Conselho Internacional de Sociedades de Desenho Industrial (ICSID - International Council of Societies of Industrial Design) instituiu a designação bi-anual “Capital Mundial do Design”. Em 2014, a Capital Mundial do Design foi a Cidade do Cabo na, África do Sul, que formulou mais de 460 projetos sob o tema Design Live que visam a transformação econômica, social e cultural da cidade. Uma multitude de eventos estimularam arte e criatividade através da arquitetura, design de interior, gastronomia, moda, joias e artesanato criados ao redor do tema Beautiful space - beautiful things. A realização de um congresso e uma exposição internacional de design e a formulação de uma política de design para a cidade mereceram destaque. Além do mais, as autoridades locais aprovaram a Política para Artes, Cultura e Indústrias Criativas posicionando a Cidade do Cabo como centro de excelência criativa da África do Sul. A cidade eleita para 2016 é Taipei, em Taiwan, na China.
Economista, assessora internacional na área da economia criativa e políticas de desenvolvimento. Atualmente é Conselheira do Instituto da ONU para Treinamento e Pesquisa (UNITAR, Genebra) e Vice-Presidente da Federação Internacional das Associações de Multimedia (FIAM, Montreal).
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ENTREVISTA CHARLES WATSON
Criatividade sem concess천es por Simone Bobsin
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Dono de frases contundentes, de opiniões provocativas e olhar forte, o escocês Charles Watson não faz concessão quando o assunto é criatividade, tema que investiga há pelo menos 25 anos. São mais de 1.700 horas de entrevistas sobre o processo criativo com pessoas de várias áreas do conhecimento.
“A arte é tão complexa quanto a física ou a matemática.”
Professor de artes visuais no Parque Lage, no Rio de Janeiro – para onde mudou-se há 35 anos - Charles tem fama de ser rigoroso e exigente. Apaixonado pela vida e pelo seu trabalho, criou um método de ensino que estimula a absorção de novas ideias. “Uma coisa que eu gosto é fazer um parêntese na vida da pessoa, colocar ideias provocativas e dar tempo para essa ideia entrar”.
Foto: Rodrigo Sambaqui
Com esse pensamento, desenvolveu o workshop Processo Criativo, uma série de palestras que ministra em várias cidades brasileiras. Em Florianópolis, esteve pela segunda vez a convite das artistas Gláucia Olinger e Juliana Hoffmann. Outro projeto que oportunizou sua extensa pesquisa sobre o assunto é o Dynamic Encounter, viagens realizadas com grupos a ateliês, galerias e aos principais eventos de arte contemporânea no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos. Na entrevista concedida ao programa de TV Missão Casa e ao ArqSC, Charles falou sobre os fatores envolvidos no processo criativo, dos principais mitos sobre criatividade e citou as ex-alunas Beatriz Milhazes e Adriana Varejão como exemplos de determinação.
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ENTREVISTA CHARLES WATSON
ArqSC - Como você define a criatividade e quais os fatores da personalidade que influenciam o processo criativo? Charles Watson - A criatividade, pelo menos o que eu quero dizer quando falo essa palavra, sempre vai acontecer dentro de um contexto. Mihaly Csikszentmihalyi, um pesquisador, chama de um campo predefinido e simbólico de ação - e isso pode incluir a matemática, física, cosmologia, coreografia, arte, fotografia ... Normalmente, vai envolver uma pessoa ou um grupo que faz certas incursões nessa área ao ponto de modificar visivelmente um aspecto da estrutura da área, criando algo que é notavelmente diferente ou traz um ângulo de pensamento que até então não existia. Também é importante que um grupo ou alguém que seja perito ser capaz de perceber e identificar o quanto esse acontecimento foi pertinente ao ponto de dizer ‘temos que prestar atenção aqui porque algo acabou de acontecer’.
ArqSC - A atitude do indivíduo é determinante para se destacar em sua atividade? CW - Sim, mas a pessoa pode ser criativa e não se destacar. Isso depende de vários fatores, inclusive geográficos e históricos; é complexo. Para descrever uma pessoa como criativa, ela tem que ter um nível de concretude no trabalho. Ter uma ideia diferente não a faz criativa, é a concretização dessa ideia. Uma pessoa que pensa coisas inovadoras mas não realiza, não considero criativa. ArqSC - Você foi professor de Beatriz Milhazes e Adriana Varejão, artistas com repercussão no cenário da arte internacional. Dá para afirmar que elas têm atitudes determinantes ao processo criativo como dedicação, paixão, persistência?
“Na arte e em outras áreas da evolução humana, é o inútil que traz a evolução” 32
CW - Sem dúvida. Engraçado é que como as pessoas acham que você, como professor, vai perceber o talento dos alunos. Mas não é isso, são as posturas. Ambas são muito inteligentes. Conheço a Adriana desde jovem, ela discutia questões de filosofia oriental com 17 anos! A Bia tinha uma disciplina de ateliê desde que começou e sempre foi muito focada. Quando se fala em criatividade, a inteligência é importante até um certo ponto por um bom motivo: é curioso notar que é muito raro um Prêmio Nobel ter QI acima de 140. O principal é um senso de disciplina e coisas fortuitas que acontecem ao longo da vida: influências fortes, a capacidade de ter paixões. Adriana e Bia são muito passionais, possuem um forte envolvimento com o que fazem, são capazes de levar esse envolvimento às últimas consequências através do trabalho.
CW - São muitos e sempre criados por pessoas que não fazem um trabalho criativo. O mais óbvio é sobre o divino ou genético, achar que a pessoa nasce assim. Isso é bobagem. A gente faz porque quer e, inclusive, é um tipo de passividade muito conveniente achar que as coisas vieram de Deus ou da genética. Outro é o ócio criativo, as pessoas sempre falam sobre isso e que a criatividade é quando você está esperado a ideia vir. Uma certa verdade sobre isso que vai contra o senso comum é que o trabalho é que produz inspiração e não o contrário. Você é inspirado quando está disposto, e você está disposto na medida em que criou um diálogo diário com o que faz. Então, quando investe muito na sua área, você investe muita energia e chega a um platô que modifica sua maneira de ver o mundo.
“Ter uma ideia diferente não faz uma pessoa criativa, é a concretização dessa ideia”.
Fotos: Rodrigo Sambaqui
ArqSC - Quais são os mitos em relação à criatividade?
ArqSC - Qual o papel do estímulo na educação infantil no desenvolvimento do pensamento criativo? CW - Uma criança, eu diria também um adulto, tende a aprender a partir de paixões. Eu considero que um método de educação interessante é o que tenha a flexibilidade suficiente para desviar um percurso de acordo com a energia da criança naquele momento. A mesma coisa com o adulto, só que ele vai abrindo mão de suas paixões. Investe em áreas que tragam melhores salários, e não porque gosta ou porque os pais falaram: ‘agora vai fazer uma coisa séria na sua vida’. ArqSC - O seu método de ensino provoca uma “lavagem cerebral”, como você mesmo costuma falar? CW - Eu quero dizer lavar mesmo, tirar o lixo que todos nós temos na cabeça. Não por serem ideias que conquistamos, mas por pura osmose cultural absorvemos informações sem pensar sobre elas porque as escutamos repetidas vezes. Então, lavagem cerebral da maneira que algumas vezes citei - é criar um vácuo onde algo possa acontecer. Uma coisa que eu gosto é fazer um parêntese na vida da pessoa, colocar ideias provocativas e dar tempo para essa ideia entrar. ArqSC - Qual o seu processo criativo? CW - Veja, eu não sou bom escritor, mas eu aprendi “quando era artista”que escrever era uma maneira de me afastar do aspecto visual do que estava fazendo para ter uma noção mais clara sobre o trabalho. Mas em termos de pensamento verbal, de ver se as minhas ideias são razoáveis ou não, sem dúvida, são as palestras.
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EXPERIÊNCIA BRASILEIRA
LBDI em três por quatro
Fotos: Arquivo Célio Teodorico
Célio Teodorico
No espaço de trabalho: João Luís Rieth e Pedro Paulo em primeiro plano, equipe do LBDI; e estagiário holandês.
Oficina de modelos: em primeiro plano, o estagiário Guilherme Nehring e o vice-coordenador Marcelo Resende. Ao fundo Fábio Rautenberg e Célio Teodorico, ambos da equipe. Lucy Barroso na estação gráfica do laboratório.
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O Brasil se apresenta ainda hoje como um país de contrastes e começos; marcado por períodos de mudanças aparentemente pequenas, mas capazes de movimentos transformadores, que multiplicam conhecimentos em distintas áreas. Por trás de tais movimentos existem algumas pessoas no país, seja em universidades, centros de pesquisa e na iniciativa privada merecedoras de nossa atenção. Brasileiros que, no cenário político, empresarial ou acadêmico, fazem a diferença.
do do estado, com empresas de variados ramos: metal mecânica, têxtil, moveleira, utilidades domésticas, eletroeletrônica, de bens duráveis e de consumo, de base tecnológica, entre outras. O LBDI começou suas atividades na UFSC e, alguns meses depois, passou a funcionar no bairro Canasvieiras, espaço ocupado hoje pela Academia de Polícia. O CNPq, por meio de sua secretaria (SNDCT), via a necessidade de articular um conjunto de ações focadas no desenvolvimento industrial, promovidas junto aos agentes envolvidos nas atividades de inovação. Era necessário chegar até a indústria mais agilmente na prestação de serviços em design. Dessa forma, um bom começo seria a promoção de melhorias nas competências de recursos humanos, professores, profissionais, engenheiros, arquitetos e estudantes de design, para a atividade projetual.
O obstinado e visionário professor Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque (in memoriam) via no design, no início da década de 80, uma porta para o país. Para o então presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), seria um caminho para que as instituições de ensino contribuíssem na geração de inovações no campo do design e tecnologia, e sua posterior transferência para sociedade. O professor Itiro Iida, que à época trabalhava no CNPq, propiciou a aproximação de Cavalcanti com Gui Bonsiepe, remanescente da famosa escola de ULM alemã e reconhecido mundialmente pelas publicações que muito auxiliaram professores e estudantes de design em vários países. O trabalho desenvolvido por Bonsiepe no Chile e na Argentina, com a montagem e coordenação de dois laboratórios de design, resultou em iniciativas direcionadas ao setor produtivo, tendo ajudado no desenvolvimento de vários projetos implantados nesses países.
Foto: Cláudio Brandão
Em 1983, o CNPq criou uma unidade no Brasil focada no design, com o objetivo de diminuir a distância entre as universidades e a indústria brasileira. Oficialmente, o Laboratório Associado de Desenvolvimento de Produto/Desenho Industrial de Santa Catarina – LADP/ DI, foi criado em 22 de março de 1984, a partir de um Convênio de Cooperação entre várias instituições firmado por: CNPq, a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Fundação do Ensino da Engenharia em Santa Catarina (FEESC), a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC) e o Governo do Estado de Santa Catarina, através das secretarias de Administração e Indústria e Comércio. Alguns anos depois, o LADP/DI passou a ser chamado Laboratório Brasileiro de Design Industrial – LBDI. Sua posição geográfica foi estratégica, considerando as características do parque industrial rico e diversifica-
“O mito do progresso material contínuo vem conduzindo nossa sociedade até os limites da falência cultural, emocional e ecológica”. -Marshall McLuhan
Publicações do laboratório.
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EXPERIÊNCIA BRASILEIRA
Importância do LBDI O LBDI, nos anos 80 e 90, foi um marco sem precedentes, com repercussão no cenário nacional e internacional pelo papel desempenhado em sua curta trajetória (1984 a 1997); e serviu de referência em termos de disseminação do conhecimento e de experiências na área do design. Suas práticas foram incorporadas e compartilhadas por uma legião de estudantes, professores, profissionais e convidados do Brasil e do exterior, atingindo e transformando o ambiente acadêmico e de empresas privadas.
oferta de cursos de aperfeiçoamento focados na práxis do design, direcionados para estudantes, professores e profissionais das áreas de design, arquitetura, engenharias mecânica e de produção. Uma terceira via compreendia a pesquisa em design. É preciso estudar, refletir e propor; os seminários nacionais e internacionais realizados desempenharam um papel que transcendia o seu momento histórico. Aprofundar as questões do design de forma prospectiva, e poder conviver com designers do mundo inteiro compartilhando suas experiências - quem participou não esquecerá. É possível afirmar que se tratava de uma experiência viva, além do caráter científico, carregada de uma boa dose emocional.
Nesse contexto, é possível destacar três abordagens que marcaram a atuação do LBDI. A primeira se concentrava em sensibilizar o empresariado catarinense sobre a importância da incorporação do design em suas estratégias de negócio por meio da atuação prática. Parafraseando um amigo designer, Eduardo Belô, “design dá lucro”, e pode melhorar a qualidade de produtos e serviços da empresa, além de firmar e trabalhar sua identidade corporativa. Outra área de atuação residia na elaboração e
Fotos: Arquivo Célio Teodorico
Com a saída do Coordenador Técnico Gui Bonsiepe em meados de 1987, assumiu o cargo o designer Eduardo Barroso Neto, que ampliou a equipe e sugeriu a mudança de Laboratório Associado de Desenvolvimento de Produtos em Design Industrial para Laboratório Brasileiro de Design Industrial – LBDI.
Jogo de utensílios para crianças.
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Projeto de facão para corte da cana de açúcar.
O Legado Prestação de Serviços em Design – A realização de ações focadas junto às empresas de SC, através da realização de assessoria técnica na área de desenvolvimento de produtos e pesquisa em design. O LBDI realizava contatos com o objetivo de se aproximar do empresariado catarinense, mostrando os possíveis benefícios, a curto, médio e longo prazo, que o design poderia trazer para suas empresas. Naturalmente, a atuação extrapolava a concepção do projeto e envolvia questões ligadas aos investimentos, mercado e estratégia dessas empresas. Cursos de Aperfeiçoamento – Os cursos foram concebidos com o propósito de melhorar os recursos humanos tecnológicos em diferentes regiões do país. Outros cursos davam ênfase aos estudos em design. O LBDI foi pioneiro, no início dos anos 90, ao trabalhar e oferecer cursos sobre Gestão do Design no Brasil. Era o início do pensar e fazer design como uma poderosa ferramenta estratégica, ampliando a sua atuação e tornando mais claras suas relações com o mundo dos negócios.
Seminários – Os seminários tratavam de temas importantes no contexto do design mundial e brasileiro, e também de interesse acadêmico onde contribuições significativas deram algumas perspectivas ao ensino do design. Outra ação que merece destaque foi a viabilização de publicações de livros estrangeiros com abordagens inovadoras na área do design, até então não disponíveis no Brasil. No início dos anos 90, sem o apoio financeiro e institucional necessário e com plano Collor em vigor, a situação do LBDI começou a declinar. Sem força política e recursos, o laboratório foi convidado a sair do CEDHRA e ceder o espaço para à Academia de Polícia. Se mudou para o CTAI – SC, onde ficou por alguns anos, sem o laboratório de modelos e protótipos e salas para oferecimento de cursos, além de grande parte da equipe ter saído, dado as circunstâncias. Depois mudou-se novamente para uma sala na FIESC, e em 1997, não havia mais condições para continuar, sendo decretado o seu fechamento.
Curso de Rendering.
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EXPERIÊNCIA BRASILEIRA
Concluindo o inconcluso Tudo isso funcionava porque as pessoas que faziam parte do LBDI, as que participaram de alguma maneira com suas contribuições, e aqueles que vieram participar em qualquer umas das atividades ofertadas pelo laboratório, fazem parte desse momento histórico e de seu legado.
Fotos: Arquivo Célio Teodorico
Rendering manual do equipamento odontológico Dymatic pelas mãos de Célio Teodorico.
Modelo tridimensional feito à mão.
Produto finalizado.
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Hoje esse modelo necessitaria ser reinventado; algo absolutamente natural, afinal estamos falando de um período vivido há quase trinta anos. O design adquiriu maturidade e uma visão mais holística, busca interações centradas no usuário para propiciar experiências positivas. Elabora cenários para configuração dos elementos necessários ao que a sociedade precisa, dentro de um caminho viável tecnologicamente, sem esquecer das questões de impacto ambiental e da manutenção de negócios sustentáveis; como foi destacado no pensamento de Marshall McLuhan: “O mito do progresso material contínuo vem conduzindo nossa sociedade até os limites da falência cultural, emocional e ecológica”. A atividade econômica mudou muito, saindo do contexto de produção industrial; surgiram outras vias como a criação de conhecimento para o aumento da prestação de serviços, desenvolvendo áreas de atuação relativamente novas. Tanto comportamento quanto tecnologia são agentes desses processos. Em meio a tudo isso, o design assume um papel importante em suas abordagens: mudança de comportamento, escassez de recursos naturais, produção de lixo no planeta, melhoria da qualidade de vida, entre outras. Todas essas questões, não podem mais ser desprezadas. Evocariam um novo LBDI. O papel do design e sua transdiciplinaridade permitem uma atuação mais efetiva, centrada no usuário e focada nas necessidades humanas, ou seja, viver mais, com menos e melhor. A dimensão simbólica do caráter social e a significação das coisas, numa cultura materialista, assumem uma dinâmica muitas vezes efêmera na sociedade, influenciando escolhas e comportamento. O entendimento do princípio é o ponto de partida do trabalho do design, com base em conceitos ou referências úteis que norteiem a sua abordagem de efeito econômico, social e cultural. Professor Doutor do Departamento de Design da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), e do Programa de Pós Graduação em Design (PPG Design). Pesquisador, um dos fundadores do LBDI e designer premiado nacionalmente. É Diretor da Paradesign | Estúdio566.
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PAISAGEM URBANA
Habitação popular e arquitetura
Imagens ARK7
Equipe ARK7
FORQUILHINHAS
COLINA PEDRA BRANCA
SERRARIA
A qualificação dos projetos arquitetônicos e construtivos de habitação e do espaço público são premissas fundamentais para garantir qualidade de vida aos moradores. Na ausência de uma política de planejamento urbano e habitação de interesse social pelo poder público, o Programa Minha Casa Minha Vida é oferecido pela iniciativa privada em lotes aleatórios e em áreas que precisam de uma abordagem de extrema responsabilidade e qualificação da intervenção. São projetos que precisam deixar um legado de boas soluções urbanísticas e arquitetônicas, contribuindo para melhorias na região na medida em que configuram partes da cidade e da paisagem urbana.
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Identidade Os três edifícios projetados para o programa Minha Casa Minha Vida, para a construtora Habitatus, seguem esse conceito e foram concebidos pelo ARK7 arquitetos, com sede em Florianópolis, fruto da união dos escritórios MarchettiBonetti+ arquitetos e Jobim Carlevaro Rotolo arquitetos. A importância e o desafio de projetar habitação coletiva com qualidade, o cuidado na implantação e o desenho das unidades habitacionais foram motivo de pesquisa e elaboração constante da equipe. O resultado formal precisa ser compreendido como um exercício qualificador na construção dos bairros e da cidade, criando lugares com identidade. Percebe-se que, da implantação ao desenho das unidades, é possível conceber com diferenciais na organização do layout e na relação com o exterior a partir da análise das possibilidades de customização e posicionamento estratégico das áreas molhadas, paredes não estruturais, solução de sacadas e variação tipológica no desenho das unidades de esquina. Do ponto de vista tecnológico, a alternância de blocos estruturais de 14cm e 19cm, em fachada e transição da estrutura no nível térreo, possibilitou soluções estéticas mais elaboradas, bem como a criação de vagas cobertas em pilotis, bicicletário, áreas de lazer e halls de acesso mais qualificados. O domínio da modulação estrutural, elaboração de detalhes simples e estudo tipológico possibilitaram soluções estéticas que buscam qualificar a imagem do conjunto, atendendo as características econômicas dos empreendimentos. As áreas de lazer, como piscina, fitness e salão de festas, são espaços posicionados em locais que valorizam o ambiente dos edifícios no nível térreo. A acessibilidade, mesmo em terrenos com topografia acidentada, é resolvida com rampas, elevadores e passarelas. Participam do projeto os sócios do novo escritório ARK7, integrado pelos arquitetos Adriano Kremer, Giovani Bonetti, Leandro Rotolo Soares, Marcos Jobim, Silvana Carlevaro Jobim e Tais Marchetti Bonetti.
SERRARIA
Condomínio Residencial Celso Benjamin Schappo Localização: Esquina das Ruas 411 e Natalino Nascimento, Serraria – São José – SC Área do projeto: 14.767,69m² Tipo de projeto: Residencial Multifamiliar Descrição: Localizado em um terreno com declive de 14 metros, o condomínio residencial situa-se na parte mais alta do lote. O edifício é formado por quatro torres paralelas com oito pavimentos cada (seis tipos, dois garagens por torre), com exceção da primeira torre que contempla sete pavimentos (um de garagem). No total, são 168 unidades. A disposição arquitetônica dos blocos permitiu a consolidação de uma área verde nas cotas mais baixas do lote, qualificando as áreas sociais de lazer localizadas na primeira torre. O residencial conta com piscina, salão de festas, fitness, churrasqueiras externas e playground.
FORQUILHINHAS
Condomínio Residencial Monte Hermon Localização: R. Laudelino Carvalho, Forquilhinhas – São José - SC Área do projeto: 16.716,85m² Tipo de projeto: Residencial Multifamiliar Descrição: As seis torres que configuram o projeto estão implantadas de acordo com o declive do terreno, aproveitando ao máximo os desníveis para estruturar os térreos e acessos. Todas as torres possuem 5 pavimentos (três tipos, térreo e garagem) com exceção da torre B, que possui 4 pavimentos (três tipos e térreo). Os blocos estão interligados em determinados pontos por passarelas metálicas, que promovem e facilitam o deslocamento dos usuários pelo interior do terreno. A área de lazer encontra-se aos fundos e é rodeada por vegetação e ainda contempla piscina, playground, salão de festas e espaço fitness.
COLINA PEDRA BRANCA
Condomínio Residencial Colina Pedra Branca Localização: R.Vereador Jabor Knabben da Silva, Loteamento Colina Pedra Branca I - Palhoça – SC Área do projeto: 19.243,75m² Tipo de projeto: Residencial Multifamiliar Descrição: O lote por onde foi projetado o condomínio residencial, fruto de desmembramento de áreas, possui uma testada de 14,60 metros voltada para via de acesso. Possuindo um comprimento de 169 metros, o terreno foi ocupado por duas torres alinhadas, onde a fachada lateral, mais alongada, fica de frente para via interna de acesso às vagas de garagem. O residencial possui 176 apartamentos distribuídos nas duas torres de 13 pavimentos (11 tipos, térreo e subsolo garagem).
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MOSTRA SIX BY SIX
Morar Projetados para um público específico, os estúdios refletem um modo de viver atual em centros urbanos. O desenho arquitetônico da planta alia funcionalidade, liberdade de expressão e estética contemporânea para adequar os espaços ao jeito de viver de seu usuário. Em Florianópolis, o projeto do eStúdio Central tem plantas compactas e livres, com metragens em torno de 45m². A construtora Koerich Imóveis lançou um desafio a seis escritórios de arquitetura: com orçamento preestabelecido, cada qual projetou um apartamento para
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perfis distintos de moradores e apresentou na Mostra Six by Six, que ficará em exposição até a entrega do prédio. Nas páginas a seguir, você confere a identidade de cada um desses espaços.
Empreendimento eStúdio Central Mostra Six By Six R. Nereu Ramos, 160 Apartamentos: 101 | 102 | 103 | 104 |105 | 106 Centro | Florianópolis | SC
Fotos: Markito/FotoMundo
Apaixonado por carros
O ambiente para receber com conforto une sala, cozinha e bar numa atmosfera com referência ao automobilismo, paixão do morador. Anexado ao volume do bar, um escritório compacto que dá acesso ao quarto.
Os finais de semana de um jovem empresário paulista apaixonado por carros são aproveitados em Florianópolis e, para esse cliente, a arquiteta Paty Koerich criou um volume centralizado que divide as áreas social e íntima. O armário com 2,10m de altura confere privacidade e mantém a sensação de amplitude porque o móvel não vai até o teto. Para receber os amigos, a sala faz referência aos bares da noite e tem estante com prateleiras iluminadas, bancada para preparo de drinks, adega, frigobar e geladeira na cozinha. Os 47m² do eStúdio Monochrome têm linguagem high tech e a aposta nos tons de branco, cinza e preto. Paty Koerich é arquiteta e urbanista formada na Unisul, com atuação em interiores.
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MOSTRA SIX BY SIX
Vigorosa solidez
Fotos: Markito/FotoMundo
A referência do eStúdio do Jockey foi a equitação, hobby do usuário, um paulista que passa temporadas em Florianópolis. O projeto partiu do desejo de um espaço confortável, aconchegante e prático. “O desafio foi justamente, em 47 m², solucionar e propor ambientes funcionais e adequados ao perfil do morador”, explicam os arquitetos Taty Irie e Felipe Schneider, que integraram cozinha, área de serviço, living e quarto. Os tons terrosos e o uso de revestimentos como madeira, couro, lambri, tecido xadrez e tijolo rústico conferem uma linguagem de vigorosa solidez ao apartamento. Os são formados na UFSC, mantêm parceria em alguns projetos de interiores. Eles são titulares dos escritórios Taty Iriê Arquitetos Associados e Schneider | Martins Arquitetura.
A iluminação pontual destaca quadros e objetos, e a sanca com luz indireta proporciona o aconchego desejado. Foi desenhado um pendente, usando a mesma madeira utilizada nos móveis, buscando a minimização dos materiais.
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HIST
IDEIAS E PALAVRAS MOVEM O MUNDO
TAM N O C NS E G A IM
ÓRIAS
VÍDEO ROTEIRO FOTOGRAFIA VÍDEO RELEASE DESIGN GRÁFICO ASSESSORIA DE IMPRENSA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO PLATAFORMA DE DIVULGAÇÃO DE CONTEÚDO
+
Casade
La Gracia
www.
acasaa.com casadelagracia.com.br
MOSTRA SIX BY SIX
Conforto e afeto
Fotos: Markito/FotoMundo
Dossel e escrivaninha estilo Luiz XV no lugar da mesa de jantar chamam a atenção assim que se entra no eStúdio da Arquiteta. A fictícia moradora de 41 anos, residente em São Paulo, passa metade do mês em Florianópolis, no apartamento que traduz seu jeito sofisticado de viver. Como a moradora não cozinha, esse ambiente serve de apoio para refeições rápidas e para acomodar os livros e objetos de que mais gosta. O projeto explora móveis, objetos de família e souvenir de viagens, além das texturas requintadas como o papel de parede com aparência de madrepérola. São 48,81m² de conforto e afeto, com referência e inspiração nos arquitetos Miles Redd, Kelly Wearstler, Eric Cohler e Alberto Pinto. Marcelo Salum, formado na Univali, e Flávia Guglielmi, na UFSC, foram sócios durante 12 anos. Em 2014, decidiram seguir carreira solo. Esse projeto leva a assinatura da dupla, que também é autora do arquitetônico do edifício juntamente com o escritório PSF Arquitetos Associados.
As cores do tapete - caramelo, bege e preto - nortearam o projeto, como os tecidos e suas diversas texturas, desde crochê até animal print. Marcenaria em fórmica no tom amadeirado e preto.
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MOSTRA SIX BY SIX
Flexível e sob medida medida é uma solução para o máximo aproveitamento dos espaços flexíveis e a setorização dos ambientes a partir de paineis, estantes e armários camuflados. O escritório Blasi Bahia tem como titulares Bernardo Bahia e Marina Blasi Rodrigues, ambos formados na UFSC e com passagem pela Politécnica de Valência (Espanha) e Universidade do Porto (Portugal), respectivamente.
Fotos: Markito/FotoMundo
Projetado para um jovem casal, o eStúdio Contemporâneo, de 45 m², traz soluções funcionais de integração, porém com a possibilidade de fechamento da suíte com portas de correr. “A proposta foi contemplar todas as atividades cotidianas com qualidade de espaço, permitindo a privacidade e o convívio com praticidade e conforto”, define Bernardo Bahia. A marcenaria sob
Matizes de cinza são um fundo neutro para que a decoração tenha a cara do dono. Destaque para a madeira natural no piso. O mobiliário solto combina peças de design com iluminação feita por trilhos e luminárias decorativas.
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Explosão em amarelo em pontos focais realça a paleta de beges do apartamento de 45 m², que serve de apoio para a família que mora em Jurerê. Outro destaque são as ripas de madeira para marcar os espaços e distribuir a iluminação, dispensando o forro de gesso. A cozinha e a área de serviço integradas têm tanque camuflado por tampa deslizante. Essas ideias e soluções versáteis, com layout otimizado, conferem uma atmosfera descolada ao eStúdio Apoio Central, pensado para ser a futura residência do filho do casal. A arquiteta Mariana Pesca é formada pela Unisul, atua nas áreas de arquitetura, urbanismo e interiores, e tem especialização em Light Design pela IPOG com a FOC (Faculdades Oswaldo Cruz).
Fotos: Markito/FotoMundo
Atmosfera descolada
Boa ideia: a mesa de centro faz as vezes de rack para equipamentos e tem agregado o suporte articulado da televisão para atender o sofá, a cama e o jantar. A daybed retrátil vira cama de casal e o sofá também se torna cama, transformando o mesmo espaço de receber em dormitório.
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MOSTRA SIX BY SIX
Funções duplicadas
Fotos: Markito/FotoMundo
Cores escuras nas paredes e móveis compõem com estampas do mundo da moda. O closet aberto com bancada de apoio atende à necessidade do morador, que vive em São Paulo.
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O morador deste estúdio é um homem solteiro, de 40 anos, que atua no mundo da moda desde a adolescência e vive entre São Paulo e Florianópolis. A ilha é o cenário ideal para o exercício criativo. Para esse morador eventual, a equipe de arquitetos apresenta o conceito de um monoambiente com planta livre e linguagem autoral. Os espaços integrados exploram cores, texturas e elementos marcantes que trazem identidade ao eStúdio David Pollak. As soluções de mobiliário traduzem o seu jeito de morar: pufes viram mesas de centro; pórtico esconde armário; sofá e cama compõem a mesma peça; e painel ripado serve como galeria. Pinheiro e Serrano Fonseca Arquitetura tem como titulares os arquitetos Mário Pinheiro, formado pela Faculdade de Belas Artes de SP, e Dirlene Serrano e Ricardo Fonseca, ambos pela UFSC.
PROJETOS arquitet么nicos interiores corporativos institucionais hospitalar urban铆stico 51
A iluminação como obra de arte
Painéis em MDF recortados com fresa iluminados revestem as paredes e o teto do hall receptivo da galeria, que expõe luminárias em miniambientes. Aqui, elas ganharam status de obras de arte.
A percepção da arquitetura por meio da luz, tratada como obra de arte, foi o conceito que definiu o ambiente projetado pelas arquitetas Marina Makowiecky e Paola Simoni para a Mostra Casa e Cia 2014. A referência foi o espaço da Hermès, no Salão do Móvel de Milão do ano passado. A dupla promoveu uma experiência com a luz ao conduzir os visitantes a vários ambientes: primeiro, impactou logo na entrada no, hall receptivo, por meio de painéis de MDF recortados com fresa; depois apresentou uma galeria com exposição de luminárias em miniambientes, além de uma grande mesa centralizada no salão principal; já no laboratório, uma aula sobre a luz e suas características técnicas; e por último, auditório para palestras. O mobiliário de papelão foi escolhido para que fosse neutro, permitindo destacar as luminárias. Marina é formada na Unisul com Pós graduação em Iluminação e Design de Produto pela Faculdade Oswaldo Cruz (SP). Paola é graduada pela UFSC e pós graduada em Arquitetura Sustentável e Bioclimática, pela Unisul. Desde 2010 a Allume dedica-se exclusivamente a projetos luminotécnicos. Escritório associado à AsBEA-SC. A Santa Rita Iluminação foi parceira do projeto.
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O ambiente impactou o visitante, que foi conduzido aos espaços internos como o laboratório explicativo sobre o tema iluminação.
Foto: Felipe Carneiro
Fotos: Mariana Boro
Allume Arquitetura de iluminação R. Rui Barbosa, 466 | Agronômica Florianópolis | SC (48) 3028.2254 | 9654.1919 (Marina) | 9654.1900 (Paola) allume@allume.arq.br | www.allume.arq.br
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Área comum e paisagística marcadas pelo conforto
O estilo contemporâneo predomina nos ambientes, com mobiliário em MDF amadeirado em diferentes tons e bancadas em madeira natural. As composições apresentam espaços agradáveis para a convivência.
Conforto, funcionalidade e beleza foram as características adotadas pela arquiteta Ana Trevisan no planejamento dos ambientes internos das áreas comuns deste condomínio residencial multifamiliar localizado no bairro Agronômica, em Florianópolis. Ela atende a construtora há oitos anos e também assumiu o projeto de arquitetura dos espaços externos, totalizando 1.000 m² de área intervenção. Os espaços internos - hall de entrada, salão de festas, gourmet, festas kids, sala de jogos, academia e banheiros -, foram implantados no pavimento pilotis dos dois blocos do empreendimento. Os ambientes receberam detalha-
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mento diferenciado de marcenaria, revestimentos e cores. O mobiliário combina peças em fibra sintética, madeira, estofados, vidro e alumínio pintado. A paleta de cores prioriza nuances off-white, mas sempre pontuando elementos com tons marcantes. Ana Trevisan é formada há 10 anos pela Unisul, onde se especializou em Arquitetura da Paisagem em 2008. Para esse projeto, contou com a parceria da arquiteta Pollyanna Rodrigues e do paisagista Baiard Otto (in-memorian). Escritório associado à AsBEA-SC. Parceiros do projeto: Saccaro, Larco Home e Formacco Cezarium Edificações.
Os diferentes ambientes da área comum do prédio têm a mesma linguagem na definição do mobiliário, que combina vários materiais e texturas e explora cores neutras com pitadas de tons marcantes. A vegetação valoriza os contrastes em relação às cores, texturas e alturas das espécies.
Fotos: Mariana Boro
Foto: Mariana Boro
Ana Trevisan Arquitetura + Paisagismo R. Rui Barbosa, 466 Agronômica | Florianópolis | SC (48) 3065.6198 | 9961.7198 www.anatrevisan.com ana@anatrevisan.com
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Loft nada óbvio
Uma suíte singular: o cliente fez questão da plotagem de uma foto do Espaço Cultural Frontaria Azulejada, em Santos (SP), terra natal dele, feita pelo premiado fotógrafo Araquém Alcântara. Todos os ambientes exibem frases e trechos dos poemas preferidos. Já as imagens da Capela Sistina, de Michelângelo, e Panteão de Roma, são as paixões da arquiteta aprovadíssimas pelo proprietário do loft e inseridas no projeto. Um grande coqueiro marca o jardim com fonte criado embaixo da escada.
Ao propor aos arquitetos Anna Maya e Anderson Schussler que fugissem do “óbvio”, o proprietário deste loft, de 140 m², no bairro Cachoeira do Bom Jesus, em Florianópolis, apostou na criatividade da dupla, formada há 10 anos. Materiais contrastantes e elementos ousados promoveram a linguagem irreverente desejada pelo cliente, um executivo paulista e solteiro. A ampliação do mezanino foi possível com a criação de uma passarela em direção à varanda do segundo pavimento. A parede revestida com tijolos rústicos marca o acesso a esse espaço, onde foi instalada a suíte.
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Uma grande bancada de trabalho ocupa a área atrás da cabeceira, diante de um amplo armário, com portas de correr que exibem a plotagem de uma imagem importante para o morador. Para o living, a opção foi por mobiliário contemporâneo e de tons neutros, para destacar soluções carregadas de significado. Anna Maya, graduada pela Universidade Santa Úrsula (RJ), atua há 18 anos em Florianópolis. Há 10 mantém parceria com Anderson, arquiteto formado pela Unisul. Parceiros do projeto: Dellanno, Ettore Design, Casa com Vidro.
Fotos:Sidney Kair
Foto:Sidney Kair
Anna Maya e Anderson Schussler Travessa Carreir茫o, 104 | 103 Centro | Florian贸polis | SC (48) 3028.1836 | 9919.9019 annamaya@annamaya.arq.br www.anna-anderson.com.br
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Modernismo é referência em projeto de loft Flávia Wendhausen e Joana Amin foram buscar na memória da construção da casa dos pais a referência para projetar este espaço que integrou a Mostra Casa & Cia 2014. Por coincidência, os pais das duas arquitetas tiveram suas casas projetadas pelo mesmo profissional, influenciado pela arquitetura modernista. Características como o uso de concreto aparente e a integração espacial marcaram o projeto do loft de 125m², onde foram mantidas as vigas metálicas aparentes, o pé-direito alto e utilizadas placas cimentícias no volume da lareira e bancos. Explorou-se a fluidez dos ambientes, setorizado pelo mobiliário e soluções que aliam funcionalidade e estética. O espaço multiuso agregou ampla sala de estar, jantar e a cozinha na
entrada de acesso ao ambiente; uma grande estante em forma de “L” dividia o banheiro, e o quarto ganhou privacidade por meio de uma cortina com 4,5m de altura. O layout foi pensado para um usuário descontraído, que valoriza obras de arte, móveis de design e o mix de materiais naturais e rústicos. As profissionais são graduadas em arquitetura e urbanismo na Unisul. Flávia soma ainda curso em Design de Interiores. Ambas têm experiência em projetos na área hospitalar e corporativa. Em 2014, abriram o escritório Amin Wendhausen Arquitetura para atuar em vários campos da arquitetura. Parceiros do projeto: Prima Forma Móveis, Spengler Decor e Ettore Design.
A arquitetura modernista influenciou o layout, a escolha de materiais, como no volume das janelas e bancos com estrutura de placas cimentícias, e, ainda, vigas metálicas aparentes e pé-direito alto. A cozinha e o jantar eram os protagonistas do espaço multiuso e integrados ao estar; por isso a linguagem única de todos os ambientes.
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Fotos: Mariana Boro
Foto: Marcus Quint
A estante com nichos vazados garantia privacidade ao banheiro, espaço que recebeu tapete persa, lustre de cristal e base de bancada em canos de cobre. O espaço fluido conectava-se com o dormitório ambientado com o essencial. Destaque para o amplo armário com portas de vidro e para cortina com 4,5m de altura que divide a área social.
Amin Wendhausen Arquitetura R.Joe Collaço, 341 | 3 Córrego Grande | Florianópolis | SC (48) 3028.8111 | 9963.1133 (Joana) | 9981.0787 (Flávia) flavia@awarquitetura.arq.br joana@awarquitetura.arq.br
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Paredes duplas de madeira envelopam arquitetura Em um terreno de 987m², de acentuada declividade, uma edificação monolítica construída há três décadas repousa à beira-mar. Dezenas de árvores de médio porte, incluindo espécies nativas, espalham-se pelo sítio. Esse foi o cenário encontrado pelo arquiteto Marcos Martins na enseada do Saco dos Limões, em Florianópolis, onde teria a missão de projetar uma residência de três pavimentos, com 132m². Ao analisar as condicionantes, o profissional optou por implantar a garagem no terceiro andar, ao nível da rua. O segundo foi reservado às áreas social e íntima; e, no térreo, foram dispostos os espaços de serviços. Um “envelope” de madeira, com paredes duplas, cobriu a antiga casa. O terraço frontal de madeira tornou-se um complemento da sala, no pavimento superior, e uma copa/ jantar no térreo. Do hall de entrada nasce o invólucro da escada, sendo o único elemento que ultrapassa a altura original da edificação, abrigando os reservatórios de água. Escritório sócio do IAB/SC. Parceiros: Projetar Esquadrias e Vidros e Madeireira Baía Sul.
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Para a reforma na edificação de 1984 optou-se por uma pele de madeira, envelopando toda a antiga casa e dando uniformidade e coerência à arquitetura. A implantação dos espaços foi definida em três níveis a partir da análise do terreno em acentuado declive. O cenário inclui vegetação nativa e vista para o mar.
Fotos: Mariana Boro
Foto: Mariana Boro
AOE - Arquitetura, Objeto e Espaço R. Jerônimo José Dias, 40 Saco dos Limões | Florianópolis | SC (48) 3225.2586 arq_martins@uol.com.br facebook.com/aoearqeurb
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Duas habitações unifamiliares de alto padrão serão construídas em cada um dos três lotes no bairro João Paulo, em Florianópolis, somando 1.855,88m² de área, com casas entre 250 m² a 300 m². Cada residência irá contemplar três suítes e ampla área de estar integrada ao terreno. O principal item foi manter a identidade do conjunto e privilegiar a privacidade entre as unidades. A topografia foi o principal desafio do projeto, que apresenta uma planta racional e simplificada. O elemento de integração é a forma inclinada, tanto para a sacada do pavimento superior quanto para as escadas de acesso ao térreo. Para tornar todos os pavimentos acessíveis e facilitar a comercialização das casas, os arquitetos optaram pela utilização de elevadores panorâmicos em todas as residências. A referência do escritório é a arquitetura moderna brasileira representada por Vilanova Artigas, Lina Bo Bardi e Paulo Mendes da Rocha. Arte Urbana existe desde 2008 e atua nas mais variadas escalas, da arquitetura de interiores ao projeto urbano. Além dos titulares André de Amorim, Antonio Couto Nunes e Rafael Linsmeyer, integram a equipe os colaboradores Felipe Finger, Sofia Bittencourt e Amanda Campos.
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Forma inclinada mantém identidade do conjunto
O elemento inclinado cinza cria uma espécie de “caixa” acoplada à estrutura branca. Para resolver a questão da topografia, já que algumas partes apresentavam quase 10 metros de desnível, as garagens foram locadas em subsolo para elevar o nível das casas e reduzir a altura dos muros. Fulget foi o material escolhido para a fachada. Vidro e metal também compõem o todo, valorizando a vegetação.
Foto: Arquivo Arte Urbana
Imagens: Arte Urbana Arquitetos
Arte Urbana Arquitetos R. Cônego Bernardo, 101 | 602 Trindade | Florianópolis | SC (48) 3039.0695 contato@arteurbana.arq.br www.arteurbana.arq.br
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Os livros do casal foram utilizados como elementos decorativos do grande móvel, com acabamento amadeirado e detalhes em laca grafite, que cobre toda a parede em volta da lareira, criando a sala de leitura. O mesmo material foi adotado para composição do home theater, na extremidade oposta. O uso de espelhos proporciona sensação de amplitude.
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Amplos e diferentes ambientes para receber O mote deste projeto de arquitetura de interiores era a qualificação do apartamento, localizado no bairro Itacorubi, em Florianópolis, para atender aos interesses do cliente: “exigente, sofisticado e detalhista; uma pessoa que valoriza objetos e móveis de design.” Ele já conhecia o trabalho das arquitetas Andréa Hermes Silva e Tatiana Filomeno, titulares da AT Arquitetura, o que facilitou o entendimento sobre as decisões de projeto. A intervenção aconteceu em todo o imóvel, de 165m2, sem grandes transformações estruturais. A principal modificação foi na área social, com a substituição do revestimento de piso e a incorporação e o fechamento da sacada, para viabilizar a criação de diferentes ambientes para receber amigos, como desejava o casal: jantar, ambiente da lareira, sala de TV, mesa de jogos e espaço gourmet. Outra mudança foi a transformação de duas suítes em um único espaço, criando um closet para o casal e permitindo que cada um tivesse um banheiro. Composições neutras e atemporais também eram premissas de projeto. Fundada em 2002, a AT Arquitetura desenvolve projetos de arquitetura de interiores e de edificações residenciais unifamiliares, multifamiliares e corporativas. Escritório associado à AsBEA-SC. Parceiros do projeto: Larco Home e Bontempo Florianópolis.
Fotos: Rudi Razador
As profissionais assumiram a diferença no nível do piso da área social e da sacada para setorizar o espaço gourmet e a mesa de jogos.
Foto: Rudi Razador
AT Arquitetura R. Lauro Linhares, 2123 | 206A Trindade | Florianópolis | SC (48) 3234.0914 at@atelierdearquitetura.com.br www.atelierdearquitetura.com.br
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Puro lazer em meio à paisagem
Um grande deck de madeira, no nível da casa e da borda, cerca a piscina criando diversos ambientes. Um outro, quadrado, é um lounge a céu aberto com futons, almofadas e lareira a álcool. A sala de ginástica, envidraçada, e o banheiro ficam no nível do jardim, mantendo um maior contato com a vegetação de tucaneiros, aroeiras e pitangueiras.
“Quando o cliente é o próprio arquiteto, penso que fica bem mais difícil satisfazer as exigências”, conta a arquiteta Bia Kubelka, que projetou a área de lazer da família, na Lagoa da Conceição, em Florianópolis. Ela direcionou o briefing às necessidades do marido, engenheiro civil, das filhas, genros e netos pequenos. “E assim nasceu esse projeto”, diz Bia, cujo partido principal foi a integração com a paisagem. Bia já havia projetado e executado quatro casas próprias, experiência que assegurou sua visão das exigências da dinâmica familiar e o papel da própria arquitetura nesse contexto. A área de piscina e lazer, com 250 m², deveria satisfazer crianças e adultos e contar com sauna, sala de ginástica e banheiro. A solução foi projetar diferentes usos para a piscina: no formato de um quadrado colorido e lúdico com 4,5x 4,5 m ficou estabelecida a área rasa da piscina com profundidade em torno de 50cm; uma raia de borda infinita, com profundidade de 1m até 1,40m; e ainda a parte funda que dá continuidade para dentro da sauna com acesso direto e submerso, limitada, na maior parte por paredes de vidro. A sauna é a vapor e a parte da piscina que fica no seu interior, funciona como uma hidromassagem com jatos de água. Formada em 1980, na FAU-UFRJ, Bia tem curso de design de interiores e especialização em construção sustentável, pelo INBEC. Com o curso de paisagismo ecológico básico e avançado, incorporou uma visão holística da arquitetura. Seu portfólio inclui a participação em mais de 10 mostras de decoração, projeto de um Parque Municipal de Pássaros, realizado em parceria com outros arquitetos, e Menção Honrosa no 2º Prêmio Arquitetura Catarinense com o Café do Museu.
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A piscina é totalmente em pastilhas de vidro e as edificações em concreto aparente, madeira e vidro. A escolha da cor se deu a partir da leitura do livro “Da Cor à Cor Inexistente”, de Israel Pedrosa. O uso do vermelho no centro do quadrado realça as outras cores. O colorido dos móveis compõe com a cor lúdica da piscina.
Foto: Mariana Boro
Fotos: Felipe Carneiro
Bia Kubelka Arquitetura R. Anita Garibaldi, 79 | 304 Centro | Florianópolis | SC (48) 3039.1215 | 9981.1647 biakubelka.arq@gmail.com
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Dois desejos: integração e ilha gourmet para receber os amigos Preparados para uma longa reunião com os proprietários deste apartamento, no Centro, em Florianópolis, os arquitetos Marina Blasi Rodrigues e Bernardo Bahia surpreenderam-se diante da simplicidade do briefing. “Temos esse espaço e dois desejos: fechar a sacada (ela) e uma ilha gourmet (ele)”, disseram eles sobre a área social, de 140m². As decisões de projeto para a transformação do ambiente ficariam por conta dos profissionais – uma demonstração da total confiança dos clientes, um casal que costuma reunir amigos e familiares em torno do preparo de uma boa comida, ao som de uma boa música, cercados por objetos de arte.
O foco principal do projeto foi a possibilidade de integração ou privacidade dos ambientes sociais por meio de painéis de marcenaria em laca off-white que correm ao longo dos seis metros de largura do ambiente. No comando da Blasi Bahia Arquitetos Associados, Marina e Bernardo são formados na UFSC, com passagem pelas Universidade Politécnica de Valência (Espanha) e Universidade do Porto (Portugal), respectivamente. Sua atuação no mercado prioriza projetos simples e elegantes, que durem no tempo. Empresa associada à AsBEA-SC. Parceiros do projeto: Larco Home, Decorblu e Helena Neckel Galeria de Arte.
O conjunto de mesa e cadeiras de espaldar em palha natural do jantar existente foi totalmente reformado – tecido, pintura, tachas e vidro. Objetos de decoração antes guardados “no fundo do armário” foram valorizados na composição. O projeto específico de aproveitamento do forro de gesso a partir da redistribuição das luminárias de embutir gerou expressiva economia na obra.
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Fotos: Vicente Schmitt
Painéis em madeira natural formam o pano de fundo da ilha gourmet, revestida com porcelanato travertino navona bianco, mesmo material adotado na lareira. Portas piso-teto disfarçam o acesso à cozinha e à área de serviço.
Foto: Correa
Blasi Bahia Arquitetos Associados R. Benevenuta Bartlet James, 69 Centro | Florianópolis | SC (48) 3209.2881 contato@blasibahia.com.br www.blasibahia.com.br
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Desenho arquitetônico coerente com o bairro Vários fatores influenciaram as decisões do projeto para a construção da nova unidade do Hippo Supermercado, localizada em Palhoça, na região metropolitana de Florianópolis. Um deles foi o investimento em lojas conceito com o oferecimento de alimentos de alto padrão; outro tem relação com a postura da rede em relação ao meio ambiente, que encontrou total sinergia com os valores difundidos no bairro Pedra Branca entre os quais a forte relação da edificação com o entorno e a coerência com a visão de urbanismo sustentável. O projeto, com área de intervenção de 2.096 m², valorizou as fachadas frontais envidraçadas e permeáveis, permitindo o diálogo com a rua. Foram incorporados critérios de baixo consumo energético, como iluminação natural, reuso de água da chuva e sistema de irrigação para a parede verde e telhas metálicas sob forma de sanduíche com isolante térmico. Esse projeto foi vencedor do 2º Prêmio Arquitetura Catarinense, promovido pela AsBEA-SC e pelo IAB/SC, na categoria Arquitetura Comercial. A Bragaglia Arquitetura foi fundada em 1986 pelos irmãos Umberto e Ricardo Bragaglia. A empresa consolidou sua marca na região Sul e hoje atua em todo o país, com escritórios em Chapecó e Florianópolis. Participam desse projeto os sócios Klaus Tortelli e Thaigo Ferrarro. Escritório associado à AsBEA-SC e ao IAB/SC. Parceiros no projeto: Protérmica Climatização, G.Engenharia e Grande Sul.
O programa arquitetônico desenvolvido para o interior, com pé-direito de 6m, contempla ampla área de vendas, restaurante e câmaras frias, depósito, mezanino e área administrativa. Os materiais mixam texturas de madeira, pedra basalto e vinílico no piso, e mobiliário preto na mesma cor da sanca que identifica cada setor e quebra a verticalidade do espaço. A cozinha é voltada ao passeio e transparente, podendo ser observada por quem está na rua.
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Fotos: Guilherme Llantada
Bragaglia Arquitetura Foto: Arquivo Bragaglia Arquitetura
A edificação respeita o impacto do projeto no entorno ao mesmo tempo em que se impõem por meio do forte desenho arquitetônico, com cobertura principal em forma de asa delta para melhor captação pluvial e colunas assimétricas em aço que espelham as árvores da praça. A escolha da pele de vidro favorece a relação com a rua, traz transparência e luminosidade. O acesso de entrada é demarcado por uma parede verde.
Av. Getúlio Vargas, 1801 | 6 Centro | Chapecó | SC (49) 3322.3745 Av. Madre Benvenuta, 1357 | 2 Santa Mônica | Florianópolis | SC (48) 3028.2243 bragagliafloripa@bragaglia.com.br www.bragaglia.com.br
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Jogo de volumes na fachada
O jovem casal queria uma casa ampla, que se destacasse no entorno, para receber a família e os amigos com conforto no bairro Pedra Branca. A implantação em um terreno de esquina favoreceu as escolhas adotadas: jogo de volumes na fachada, mesclando amplos panos de vidro à rigidez do concreto e revestimento cerâmico em conjunto com lajes e vigas em balanço. “Pensamos a casa com base nos conceitos do estilo modernista, onde predominam as linhas retas, a horizontalidade, o ritmo, as formas geométricas puras, a planta livre e aberta”, afirma a arquiteta Cíntia Brand. Outros itens levados em conta: uso de metais economizadores de água, tintas atóxicas, lâmpadas LED, ventilação cruzada e aproveitamento da água da chuva. O projeto de interiores foi desenvolvido em parceria com o designer Fernando Martins. A Brand & Hennrichs atua no estado há 13 anos e é integrada pela dupla Cíntia Cristine Brand, arquiteta formada pela Unisul, e Carlos Alexandre Hennrichs, engenheiro civil graduado pela UFSC, com mestrado em estruturas. Foram parceiros do projeto a Portobello Shop São José, Lohn Esquadrias e Continente Inox. Arquiteta associada ao IAB/SC.
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Fotos: Carlos Alexandre Hennrichs
BRAND & HENNRICHS ARQUITETURA + ENGENHARIA Foto: Thais Andriani
Fachada envidraçada revela o living com pé-direito duplo e permite a entrada de luz. A privacidade é mantida com a adoção de vidro laminado espelhado, que não permite a visualização durante o dia.
Av. dos Lagos, 41 | 116/117 Pedra Branca | Palhoça | SC (48) 3342.4262 | 9969.1028 bh@bharquitetura.com.br www.bharquitetura.com.br
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Para exercer a gastronomia
A ideia de transformar parte do terraço deste apartamento de cobertura, no bairro Itacorubi, em Florianópolis, em área social, atendeu ao briefing do cliente, um casal de empresários e seus três filhos jovens que costumam receber amigos em casa e gostam de cozinhar. A intervenção realizada pelos arquitetos Silvana Margarin e Rafael Caramori se deu ainda na planta original do imóvel de 302m². Parte do terraço foi fechado e integrado ao conjunto, transformando-se em um espaço gourmet bem equipado e sala de jantar. Também foi eliminada uma parede de alvenaria entre o living e a cozinha, ambientes setorizados por uma mesa em corian. Acessível por amplas portas-janelas, a varanda ganhou um ambiente de estar para possibilitar a sua incorporação à área social quando houver necessidade. Os quartos refletem a individualidade de seus usuários, cada qual com um estilo próprio. Na concepção do projeto, predominam as cores neutras e as peças de design contemporâneo. Graduados em arquitetura e urbanismo pela Unisinos (RS), a dupla atua com interiores, arquitetura residencial, luminotécnica e paisagismo. Silvana é pós-graduada em arquitetura comercial. Parceiros do projeto: Luzze Iluminação, Bontempo Florianópolis e Pedecril.
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Fotos: Fernando Willadino
Foto: Fernando Willadino
O sofá de veludo na cor berinjela é a única peça de tom marcante do projeto. O móvel do home theater, projetado sob medida para os equipamentos, tem como acabamento laca alto brilho. Na substituição do revestimento do piso, os arquitetos optaram por um porcelanato italiano no padrão Paonazzetto. A lareira foi instalada sobre uma bancada flutuante em um charmoso recanto que acolhe e oferece conforto.
Calli Arquitetura R. Victor Meirelles, 600 | 214 Campinas | São José | SC (48) 3241.4310 calli@calli.com.br www.calli.com.br
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Clássico atualizado
A sala do advogado ganhou dois ambientes, a pedido do cliente: um para trabalho, com destaque para a mesa de pedras naturais pertencente ao advogado há anos; e outro para reuniões, com um sofá. As poltronas atendem às duas situações. O projeto luminotécnico priorizou o uso de LED, para maior eficiência energética, com iluminação geral e pontos focais para valorizar obras de arte.
Apesar das características contemporâneas, este escritório de advocacia exibe uma atmosfera clássica. Essas “pitadas”, como definem as arquitetas e urbanistas Cristina Maria da Silveira Piazza e Tatiani Pires Passos, estão nos materiais e acabamentos nobres adotados, como a laca perolada, as lâminas de madeira natural e os lustres em cristal. As pedras naturais seguem a matéria-prima da mesa do advogado titular que o acompanha desde o primeiro escritório. Para a nova sede, no Centro, em Florianópolis, as profissionais qualificaram totalmente o espaço, de 42m², com a substituição das instalações elétricas, hidráulicas e de condicionamento
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de ar, e redistribuíram o layout, para abrigar recepção, sala do advogado e o mobiliário necessário para dispor três mil livros. Um chuveiro foi incluído no banheiro, preservando a aura sofisticada de lavabo. Mestre em Engenharia Civil e arquiteta da Caixa, Cristina Piazza atende esse cliente há mais de 20 anos, em diversos projetos. Para esse trabalho, contou com a parceria de Tatiani, coordenadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Avantis, de Balneário Camboriú, especialista em Arquitetura Hospitalar e Biossegurança. Parceiros do projeto: Bontempo Florianópolis, Shopping Kilar e Meise Oficina de Arte...
Fotos: Rudi Razador
Foto: Rudi Razador
Na ambientação dos espaços, as arquitetas optaram pelos tons de café, verde escuro, baunilha, pérola e cobre, para atender à “personalidade clássica” do advogado. A intervenção exigiu a instalação de um chuveiro no banheiro, pois o cliente costuma praticar atividade física antes de iniciar a jornada de trabalho.
CMSP Arquitetura + Design Cristina Maria da Silveira Piazza (48) 3224.1263 | 9981.0364 arq.cristina_piazza@yahoo.com.br Tatiani Passos (48) 8811.7087 tatipassos@yahoo.com.br
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Imóveis integrados para receber escritório de advocacia Um escritório de advocacia para três sócios e seis estagiários em uma área de 130m². Esse foi o principal desafio enfrentado pela arquiteta Maria Aparecida Cury Figueiredo no desenvolvimento do projeto de arquitetura de interiores da nova sede da empresa, no Centro, em Florianópolis, de propriedade de um antigo cliente. Ele possuía duas salas comerciais disponíveis para a implantação do escritório. A solução foi integrar os imóveis e planejar um layout eficiente para comportar as diversas salas necessárias. Algumas divisórias foram executadas em gesso acartonado e, outras, com painéis de MDF
deslizantes, permitindo a integração dos ambientes quando necessário. Para o mobiliário, a profissional preferiu MDF, nos tons preto e amadeirado, refletindo a sobriedade esperada para o local. O uso de espelho ouro imprimiu uma atmosfera sofisticada ao espaço. Na recepção, as pastilhas do tipo “tijolinho” aquecem e humanizam o ambiente. Maria Aparecida é formada pela UFSC, com pós-graduação em marketing pela ESAG/SC. Atua há 18 anos no mercado desenvolvendo projetos nas áreas residencial, comercial, interiores e execução de obras. Escritório associado à AsBEA-SC.
Elementos que aquecem e acolhem quem chega: tijolo, marcenaria e o vidro na cor bordô, onde foi aplicada a logo do escritório.
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Na sala de reuniões, o painel de vidro branco e preto torna o ambiente sofisticado e pode ser usado como quadro negro. A iluminação pontua a área de trabalho e também foi usada na marcenaria de forma discreta.
Foto: Arquivo Cury Figueiredo
Fotos: Ronald T. Pimentel
Cury Figueiredo Studio de Arquitetura Av. Osmar Cunha, 183 | Bl.A | 1106 Centro | Florianópolis | SC (48) 3225.7371 | 9982.3752
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Reforçar e valorizar a identidade das agências UNICRED Florianópolis, tomando como partido o conceito moderno de espaço de negócios sem, no entanto, perder as características e os princípios cooperativistas. Esse foi o mote do projeto elaborado e executado pela EPC Engenharia, refletido nas soluções e materiais adotados, tanto nos ambientes de atendimento como nos setores administrativos. O fluxograma de funcionamento das agências determinou o zoneamento e as áreas específicas, garantindo fluidez ao layout. O processo de implantação trouxe também a necessidade de adequar a logística das obras, através da padronização de itens como mobiliário, divisórias, revestimentos e iluminação, viabilizando a execução dentro dos prazos estabelecidos. Graduado pela UFSC, Dácio Medeiros responde pelos projetos de arquitetura da EPC Engenharia desde 2004, com trabalhos nas áreas residencial, comercial e institucional. Débora Alberge de Souza, formada pela Univali, atua como coordenadora de projetos na empresa desde 2011. A execução esteve sob a responsabilidade dos engenheiros Antônio Carlos de Souza e Saulo Batista da Costa. Profissionais associados ao IAB/SC. Parceiros do projeto: Portobello Shop São José e Office Flex Mobiliário Corporativo.
Para atenuar a dispersão do ruído, comum em ambientes de atendimento, optou-se pelo uso de forro mineral e carpete modular, proporcionando maior conforto acústico.
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Projeto reforça identidade visual de cooperativa de crédito
A combinação de lâmpadas fluorescentes e compactas, com temperatura de cor de 3000k a 5000k, resultou numa iluminação eficiente e agradável. A leveza das divisórias em alumínio e vidro destaca, com sutileza, o contraste dos painéis e móveis de madeira e o piso em porcelanato na cor concreto.
Foto: Arquivo Dácio Medeiros
Fotos: Mariana Boro
Dácio Medeiros e Débora Albergue de Souza R. Antônio Mattos Areas, 118 Estreito | Florianópolis | SC (48) 3244.0858 dacio@epcengenharia.com.br www.epcengenharia.com.br
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Materiais compõem volumetria expressiva As arquitetas Maíra Queiroz e Vanessa Faller projetaram esta residência de 1.167m², em Florianópolis, inspiradas pelo trabalho do escritório paulista Bernardes & Jacobsen e o do arquiteto chileno Andrés Gálvez. A referência é a mistura de elementos e a criação de volumes limpos e expressivos. A implantação foi determinada pelo desnível acentuado do terreno e pela valorização da paisagem e da insolação, com as áreas sociais e suítes beneficiadas pela ventilação cruzada e as de serviço voltadas para onde havia maior incidência de sol. A topografia favoreceu a instalação de uma grande garagem no subsolo e a execução da piscina com borda infinita. Essa foi uma solicitação do casal, que tem três filhos. Eles chegaram a acampar uma noite no terreno para avaliar os pontos com melhor visual do entorno. Influenciada pela cultura oriental, a moradora solicitou a criação de um lago de carpas e de um espaço de meditação.
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Fotos: Lio Simas
Foto: Rô Reitz
O home theater tem automação, estante em MDF amadeirado e vidro na cor uva, além do painel de diferentes profundidades que, aliado a materiais de grande absorção, auxilia na qualidade acústica. A lareira central é um dos pontos focais da área social. O quintal com lago de carpas foi um pedido do casal e a raia aquecida tem fechamento e cobertura em vidro retrátil.
Espaço do Traço R. João Pio Duarte Silva, 1801 | 5 Córrego Grande | Florianópolis | SC (48) 3232.8937 R. Presidente Kennedy, 171 Jardim América | Rio do Sul | SC (47) 8806.2696 contato@espacodotraco.com.br www.espacodotraco.com.br
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Os materiais escolhidos conferem uma atmosfera aconchegante à estrutura, como a madeira dos brises e pergolados, pedras, telha cerâmica e o porcelanato de padrão amadeirado aplicado em uma das fachadas. A casa funciona com um moderno sistema de automação. Maira Queiroz e Vanessa Faller atuam há 10 anos nas regiões de Florianópolis, Alto Vale catarinense e em São Paulo. Colecionam prêmios na Casa Cor SC. Ambas são formadas na UFSC. Para esse projeto, são parceiros S.C.A. Mobiliário Contemporâneo, Infinita Superfícies, Ouse Iluminação, Casa a Caso Santa Mônica, Domutech Automação e Portobello Shop Florianópolis.
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ESPAÇO DO TRAÇO
A sala de estar e jantar é o coração da casa, com acesso à varanda frontal e ao jardim dos fundos. A mescla de pedra, tecidos sofisticados, papel de parede e madeira natural tornou o espaço convidativo. A mesa de dez lugares confere escala à grande sala de jantar.
A mistura de elementos e a criação de volumes limpos e expressivos é a referência do projeto arquitetônico. Na sala de jantar, o painel em lâmina natural de madeira embute a porta de acesso à escada da garagem e elevador. Corian foi o material escolhido como acabamento do fogão à lenha, na cozinha e área gourmet.
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Horizontalidade na escala do pedestre A localização da edificação, na Rodovia SC 401, em Florianópolis, e o acesso em duas vias foram os partidos para o projeto arquitetônico deste edifício comercial de alto padrão, cujo desafio foi destacar-se na paisagem urbana e respeitar a escala do pedestre. Por isso, explora o conceito estético horizontal, distribuindo as salas em três pavimentos. No térreo, ficam as lojas comerciais e os acessos principais aos andares; no ático, o auditório e salas com terraço e vista privilegiada do entorno. O projeto reforça o traço arquitetônico de linhas retas e formas limpas de Patrízia Chippari, arquiteta graduada pela Universidade Mackenzie de São Paulo em 1996, que tem escritório próprio desde 2004 com foco em arquitetura corporativa. Escritório associado à AsBEA-SC. São parceiros da obra a Basis Brasil Construções, Alucomaxx do Brasil e Santa Rita Vidros Especiais.
Com frente para duas vias, a proposta foi de uma implantação permeável, sem separar o espaço público do privado.
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Foto: Espaço Livre Arquitetura
Imagens: Espaço Livre Arquitetura
ESPAÇO LIVRE ARQUITETURA
Hall de acesso ao edifício, que possui vidros de alta performance, paredes verdes e átrio central.
Av. Trompowsky, 354 | 202 Centro | Florianópolis | SC (48) 3225-1528 | 9969.1910 patrizia@espacolivre.arq.br www.espacolivre.arq.br
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Sob medida para recém-casados Recém-casados, os clientes da arquiteta Estela Cislaghi queriam um apartamento com total otimização da planta compacta, de 70 m². Iniciar o projeto durante a construção do prédio, no bairro Trindade, em Florianópolis, foi um facilitador para alterar o layout, retirando as paredes para proporcionar a integração da cozinha com o estar. O mobiliário sob medida, todo desenhado pela arquiteta, setorizou e organizou os ambientes por meio de painéis. Predomina a composição de tons de cinza, bege e madeira, sempre com acabamento com brilho. A iluminação tem projeto discreto em função do tamanho dos espaços, com peças decorativas leves. O destaque fica por conta de uma solicitação da cliente: utilizar o lustre que ganharam da sogra já que é uma peça de família. Graduada pela UFSC, Estela tem especialização em iluminação e Design de Interiores. Atua desde 1996 à frente de escritório próprio. Associada ao IAB/SC. A Arcoban Móveis sob medida é parceria do projeto.
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No quarto, cabeceira estofada com detalhe em tachas e armários brancos. Piso em laminado de madeira e móveis em laca brilho. O tom grafite na laca e o vidro Argentato Grígio são acabamentos que dão um toque sofisticado aos móveis.
Fotos: Mariana Boro
Foto: Mariana Boro
Estela Cislaghi Arquitetura Av. Rio Branco, 817 | 1106 Centro | Florianópolis | SC (48) 3324.2364 arquitetura@estelacislaghi.com.br www.estelacislaghiarquitetura.com.br
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Arquitetura explora os elementos formais
A arquitetura explora formas curvas e retas e compĂľe elementos distintos: vidros refletivos, esquadrias de alumĂnio, revestimentos em pastilha cerâmica e texturas tipo romana.
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A Associação dos Municípios da Região da Grande Florianópolis, no bairro Capoeiras, em Florianópolis, necessitava de uma nova sede, com espaço físico maior para atender a demanda de mais funcionários. O briefing incluía salas de treinamento, auditório para 120 pessoas, local de eventos, além dos escritórios e estacionamento. O maior desafio para a construção dos 3.534,59 m² foi a implantação em um terreno irregular, confrontado por três ruas e por uma futura praça pública. O partido prioriza o acesso por uma das vias e incorpora uma grande figueira existente, originando uma edificação em forma de L. O saguão, que ao fundo se abre para a árvore, é o ambiente central que articula os espaços, unindo dois blocos retangulares onde foram locados os escritórios. A arquitetura explora os elementos formais de paredes e painéis curvos, além de valorizar a iluminação natural por meio da transparência do vidro. O escritório Gobbi Arquitetos Associados tem 34 anos de experiência e, em 2010, foi reestruturado. Paulo Gobbi é o arquiteto titular e também professor na UFSC. Associado à AsBEA-SC. Bella Luminárias foi parceira do projeto.
Fotos: Bruna Mendes Gobbi
Foto: Bruna Mendes Gobbi
A ampla abertura de vidro marca a escada tipo “cascata” moldada in loco, e revela a figueira existente. O saguão articula os vários ambientes. Destaque para os pendentes sobre o lounge.
Gobbi Arquitetos Associados R. Miguel Daux, 118 Coqueiros | Florianópolis | SC (48) 3244.8282 | 9911.8283 arquitetura@gobbiarquitetos.com.br www.gobbiarquitetos.com.br
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Desafio: projetar um hospital com a estrutura em plena execução “Quando a UNIMED Grande Florianópolis nos convidou para participar deste projeto, tínhamos a certeza de que, mesmo com a experiência de termos desenvolvido todas as unidades assistenciais da rede, pronto-atendimentos, ambulatórios, laboratórios, bem como as áreas administrativas e de vendas, estávamos diante do nosso maior desafio... projetar um hospital dentro de um complexo de serviços em plena execução! ...”. Essa é a impressão que a arquiteta Patrícia Paiva D’Alessandro, coordenadora do projeto, tem sobre o processo que resultou na ocupação de parte de um complexo de serviços com 30.000 m² implantado em São José. “Restrições projetuais, como o caso da impossibilidade de interferência na fachada, restrições estruturais, com destaque para as circulações verticais já estabelecidas, e, restrições espaciais, propriamente ditas, uma vez que o complexo é composto por um embasamento com quetro pavimentos e duas torres distintas... um grande desafio!”, conclui a arquiteta. O hospital, de complexidade cirúrgica, com aproximadamente 17.000 m², possuí 144 leitos – internação e UTI’s (adulta/pediátrica), além de serviço de hemodinâmica, centro cirúrgico, centro de diagnóstico por imagem e laboratório de análises clínicas. Todos os ambientes foram projetados e alinhados com os preceitos de hotelaria hospitalar e excelência na atenção e cuidado. Assinam o projeto os arquitetos Patricia P. D’Alessandro, Emerson da Silva e Benhur A. Basso do núcleo da Saúde, uma das cinco áreas de negócios da IDEIN Arquitetura. Escritório associado à AsBEA-SC. Parceiros do projeto: Arte Mobília, Marelli e Referência SC.
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Fotos: André Moecke
Idein-Ideia + desenvolvimento arquitetura Foto: André Moecke
O posto de enfermagem foi localizado na entrada da unidade para melhor atendimento aos visitantes e acompanhantes. Disposto no centro do andar, reduz o deslocamento da equipe, facilitando o acesso dos funcionários ao local. Os tons pastéis predominam nos revestimentos de piso e no mobiliário em geral.
Av. Des. Vitor Lima, 260| 613/614 Trindade | Florianópolis | SC (48) 3233.6273 contato@idein.com.br www.idein.com.br
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Layout permite integração visual dos ambientes A edificação já estava sendo construída, no Centro de Florianópolis, quando os arquitetos Carina Beduschi e Ernando Zatariano iniciaram o projeto de interiores da nova sede da empresa de advocacia OSF. O primeiro dos três pavimentos também já tinha sido destinado às áreas de serviços e de garagem, por isso a dupla dedicou-se àqueles reservados ao escritório, totalizando uma área de 175 m². Eles localizaram a recepção, a administração e a sala de reuniões no segundo andar. O último foi reservado às salas dos sócios, com fechamento interno em painéis de vidro. Elas foram voltadas para um grande hall, com biblioteca e estações de trabalho, onde os advogados costumam realizar reuniões diárias. A integração visual se repete na sala de reuniões, em harmonia com a edificação, com amplas aberturas para a área externa. Sóbria e contemporânea, a proposta traduz o perfil da empresa. Ernando e Carina são amigos há mais de doze anos, desde o início da faculdade, na Unisul. Parceiros do projeto: Modecol Móveis e Decorações e Marmoraria Biguaçu.
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Fotos:Fernando Willadino
IVVA - Investimentos de Valor em Arquitetura Foto: Daniel Oliveira
As cores predominantes são o cinza e o preto, que se relacionam com o amadeirado dos móveis e valorizam o piso de porcelanato no formato 80X80cm. A recepção foi marcada por um grande painel em laca cinza alto brilho, com iluminação com fita de LED para destacar a logomarca do escritório. A bancada em silestone cimento e as poltronas Le Corbusier revelam a linguagem contemporânea adotada.
Av. Alm. Tamandaré, 94 | 803 Coqueiros | Florianópolis | SC (48) 3240-0646 contato@ivva.com.br www.ivva.com.br
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Rua, espaço público de convívio A rua é o objeto central do projeto da Cidade Pedra Branca, um empreendimento privado com extensão de 250 hectares, baseado no conceito de Novo Urbanismo, onde o uso do espaço edificado é planejado de modo que tudo aconteça em um só lugar: trabalho, lazer e moradia. A rua adquire papel vital, pois nela acontecem as relações de troca entre as pessoas, deixando de ser apenas um canal de circulação para tornar-se um espaço público de convívio. “Esse trabalho foca o Streetscape, modalidade de projeto paisagístico pouco difundida no Brasil, mas amplamente aplicada internacionalmente, para a Rua da Universidade, comercialmente conhecida como Passeio Pedra Branca”, explica a arquiteta paisagista Juliana Castro, à frente do projeto que possui área de interferência de 11.700 m² e foi desenvolvido em dois anos, com consultoria do escritório dinamarquês Gehl Architects. O desafio foi criar um espaço público atrativo para as pessoas caminharem e pedalarem compartilhado com o automóvel, que assume o papel de coadjuvante da cena urbana. Para isso, foram trabalhados a pavimentação, mobiliário, vegetação, iluminação e “surpresas urbanas”que estão dispostas a fim de transformar a rua em um espaço arquitetonicamente planejado para o convívio. Juliana é graduada pela UFSC e tem atuação reconhecida no campo de arquitetura paisagística para empreendimentos imobiliários, praças públicas, ambientes comerciais e residenciais. Esse projeto, que tem parceria da Pedra Branca, foi premiado na 2ª edição do Prêmio Arquitetura Catarinense, promovido pela AsBEA-SC, e recebeu menção honrosa no 8º Prêmio de Arquitetura, da AsBEA Nacional. O escritório Jardins & Afins é associado à entidade. Parceiro: Cidade Criativa Pedra Branca.
Formada pelo recuo frontal das edificações, passeio público e via, a rua que dá acesso à praça contempla o uso do espaço compartilhado entre pedestres, ciclistas e automóveis. Foram incluídos espaços destinados a estares para descanso e atendimento nos bares e restaurantes.
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O mobiliário simboliza o cuidado com a qualidade de tudo que está sendo idealizado para o bairro, como a iluminação, acessibilidade e a vegetação com espécies da Mata Atlântica. Para a pavimentação dos passeios e da rua foi definido o uso do basalto por ser um material durável, possuir regularidade e oferecer possibilidades de aplicação.
Foto: Fernando Willadino
Fotos: Fábio Cabral
Jardins & Afins Arquitetura Paisagística R. Lauro Linhares, 2055 | 501 Trindade | Florianópolis | SC (48) 3233.6411 contato@jardinseafins.com.br www.jardinseafins.com.br
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A arquitetura é marcada por uma fachada limpa e parte do corpo da casa do andar térreo em balanço. As soluções construtivas adotadas valorizam estrutura do plano de vidro da fachada. Destaque para os materiais utilizados: madeira, vidro e alumínio cinza escuro.
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Com vista para a baía de Cacupé A casa localizada no bairro Cacupé, em Florianópolis, foi implantada com o objetivo de proporcionar as melhores vistas para a baía, partido que determinou a organização do programa de necessidades: as áreas de estar no pavimento superior, os dormitórios no térreo, e serviços com garagem no subsolo. Essa decisão criou uma fachada frontal com menos elementos. O acesso é feito a partir da rua ou por elevador e escada a partir do subsolo. As soluções construtivas, com laje nervurada e pilares de concreto aparente, permitem vãos adequados para a separação da estrutura do plano de vidro da fachada. Já os materiais utilizados combinam madeira, vidro, alumínio cinza escuro e detalhes em preto e branco, paleta de cores que caracteriza os projetos do escritório e cria forte impacto visual. “Buscamos sempre uma relação profunda entre interior e exterior de forma a garantir a maior integração possível com as vistas e a natureza”, afirma Marcos Jobim, do escritório Jobim Carlevaro Arquitetos, que completa 10 anos em 2015 e acumula prêmios na Bienal Internacional de SP, Prêmio Jovens Arquitetos pelo IAB/SP, Concursos Nacionais e Internacional. Todos os sócios são formados pela UFSC – Marcos Jobim, Silvana Carlevaro e Paola Carlevaro, e somam experiência de três anos em Barcelona. Escritório associado à AsBEA.
A implantação da casa foi determinada para que os proprietários tivessem a melhor vista da baía. Por isso o pavimento superior abriga a área social e a piscina com borda infinita. A relação interior e exterior é garantida por meio de amplas aberturas e guarda-corpo em vidro, materiais combinados ainda com a madeira e o alumínio.
Foto: Ana C. Nascimento
Fotos: Rô Reitz
JOBIM CARLEVARO ARQUITETOS R. da Pedra, 347 | 1103 Passeio Pedra Branca | Palhoça | SC (48) 9124.9648 | 8824.1930 info@jobimcarlevaro.com.br www.jobimcarlevaro.com.br
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Bossa Floripa: atmosfera carioca na Ilha A proprietária deste apartamento de 300 m², na avenida Beira-Mar Norte, em Florianópolis, desejava um projeto “by Juliana Pippi”. Lisonjeada com a escolha, a arquiteta recebeu total liberdade para desenvolver a proposta que priorizou o conforto da familia – um casal com dois filhos jovens –, a integração das áreas sociais e, a pedido, imprimiu uma atmosfera carioca com referências à Bossa Nova e a valorização do design nacional e da arte. O projeto ganhou o nome de Bossa Floripa. Juliana eliminou a sala de jantar – a mesa foi acoplada à bancada
Sala de jantar e cozinha gourmet integradas. Destaque para o tijolo inglês, que também reveste a sala de TV. Azul Frida e painéis em madeira vazados pontuam os espaços.
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da cozinha – e criou uma sala de TV para os jovens, além do home theater. Cores azul Frida e cobre quebram a base neutra do projeto e a madeira presente na mobília confere acolhimento. Juliana coordena uma equipe de nove profissionais e acumula premiações estaduais, nacionais e internacionais – The International Property Awards, no qual foi vencedora mundial na categorial Public Service Interior. Parceiros desse projeto: Ettore Design, HZ Móveis e Sofistique. Profissional associada ao IAB/SC.
Fotos: Rô Reitz
Foto: Mariana Boro
A sacada foi incorporada ao estar, ampliando a área social. A fluidez do espaço traz conforto. Móveis de design valorizam o ambiente: banco Alça, de Tadeu Paisan, e mesa de centro UM, da Latoog.
JULIANA PIPPI ARQUITETURA DESIGN R. Felipe Schmidt, 649 | 805/806 Centro | Florianópolis | SC (48) 3225.3974 contato@julianapippi.com www.julianapippi.com
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Flexibilidade nas plantas para atender diferentes perfis de usuários e a possibilidade de conjugar as unidades foram o briefing para o desenvolvimento do projeto arquitetônico e de interiores deste prédio residencial inserido em uma avenida comercial, no Centro de Florianópolis. O desafio foi resolver as variações de plantas, garantindo a racionalidade estrutural proposta. Com uma arquitetura de linhas horizontais, a torre - com 14 pavimentos e 12.610 m² de área construída - foi concebida como um bloco único marcada por tonalidades diferentes de revestimentos na fachada cuja intenção foi provocar uma certa assimetria. Os volumes do embasamento somam a solidez do concreto aparente, a transparência do vidro e a tela metálica. Todos os quartos possuem janelas panorâmicas e as suítes abrem-se para um pequeno balcão. Com mais de 30 anos no mercado catarinense, o escritório Mantovani e Rita tem à frente o arquiteto Roberto Rita. Integra a equipe nesse projeto os colegas Júlia Kosciuk, Rejane Padaratz, Antônio C. Nunes, Davidson Weber, André Fornari e Emanuel Guerra. São parceiros da obra Dimas Construções e Jardins & Afins Arquitetura Paisagística. Escritório associado à AsBEA-SC.
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Fachada transparente valoriza galeria no interior
A inexistência de gradil permite maior integração com a cidade. Volumes distintos marcam a fachada e sinalizam a entrada de acesso.
Foto: Arquivo Mantovani e Rita
Imagens: AG Studio
MANTOVANI E RITA ARQUITETURA Travessa Abílio de Oliveira, 51 Centro | Florianópolis | SC (48) 3223.3620 mantovanierita@mantovanierita.com.br www.mantovanierita.com.br
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Reflexo do céu na fachada, licença poética ao entorno
O projeto institucional no Centro de Florianópolis destaca-se com seus 3.024 m² de área construída para agregar as necessidades da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Santa Catarina, a partir de um programa baseado no organograma da entidade e seu modelo de gestão. O desenho arquitetônico da fachada principal que dá acesso ao prédio tem vidros que refletem o céu e as nuvens, oferecendo uma licença poética e mimetizando a edificação na paisagem urbana. Nas fachadas laterais, a composição mistura revestimento em alumínio composto e aberturas marcadas por linhas horizontais. A entrada sinaliza a importância da relação do interior com a rua, por meio de grandes panos de vidro sombreados pela árvore existente no terreno e brise horizontal. O escritório MarchettiBonetti + completou 20 anos em 2014, é associado ao IAB/SC e AsBEA-SC, e tem em seu portfólio prêmios como da Bienal de Arquitetura de Buenos Aires, com o Projeto Pedra Branca; prêmio AsBEA Nacional, entre outros. Giovani e Taís são formados na UFSC e comandam uma equipe com mais de 20 profissionais. Participaram desse projeto: Adriano Kremer, Elisa Zmuda Parareda, Antonia Adami Corrêa, Sandro Della Casa, Carlos Fernandez Rolim, Luana Morés e Vinicius Coutinho Pereira. Parceiros: Florense Móveis, Santa Rita Vidros Especiais e CLW Estruturas Metálicas.
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A fachada em vidro revela a imponência do hall de entrada e favorece a relação com a rua. O brise horizontal tem dupla função: define a escala no acesso de entrada e faz sombreamento junto com o antigo flamboyant.
Fotos: Rô Reitz
Foto: Rô Reitz
MARCHETTIBONETTI + R. Vítor Konder, 262 Centro | Florianópolis | SC (48) 3223.2217 marchettibonetti@ marchettibonetti.com.br www.marchettibonetti.com.br
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Arquitetura Ê protagonista do espaço
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Fotos: Chan
A caixa de concreto rústico moldado in loco forma um pórtico de 17m de comprimento por 7m de altura, abraçando as salas de estar, jantar e espaço gourmet. O projeto tira partido da topografia em desnível e explora panos de vidro e volumes.
Foto: Chan
Influenciado pela topografia do terreno – desníveis e lago aos fundos - o projeto desta casa construída em Joinville teve o serviço implantado na parte frontal e as áreas íntimas, de lazer e convivência, nos fundos do terreno, com vista para o lago, aproveitando o máximo de luz da face norte e leste. As poucas aberturas surgem para dar volumes à fachada principal. Um dos destaques é a estrutura de concreto rústico aparente que marca a volumetria e explora a expressividade dos materiais e acabamentos em estado natural. Ênfase também para a dimensão das esquadrias de alumínio, que dividem e integram os ambientes – são 90m² de vidro, emoldurado pelo volume de concreto. A abordagem contemporânea no uso dos materiais e as soluções de ventilação constante em grandes aberturas marcam os projetos do escritório integrado pelos arquitetos Marcos Deretti Lopes e Luis Eduardo S. Thiago, formados pela UFSC, e Miguel Cañas Martins, na Federal de Pelotas. Fazem parte da equipe: Angela Borba, Cleonice Hermann, Flaviano Bonassa, Fernanda Brito de Souza, Danara Barata, Rafaela Rodrigues, Neita Lira Just e Aline Schmit. Aneliza Bozolla assina o interior. Parceiros do projeto: Paulo Madeiras, Petry Esquadrias e Conquest Prestadora de Serviços. Escritório integrante da AsBEA-SC.
METROQUADRADO® R. Senador Felipe Schmidt, 385 Centro | Joinville | SC (47) 3433. 4898 projetos@m2arquitetura.com.br www.metroquadrado.sc
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Selo LEED à primeira edificação de SC Estratégias de uso e aproveitamento de recursos naturais renováveis firmaram-se como premissas do projeto da nova sede regional do Operador Nacional do Sistema Elétrico, no Centro Empresarial Office Park, na SC 401, em Florianópolis. Ao reduzir a necessidade de uso intensivo de energia elétrica, a solução adotada garantiu à construção uma característica inovadora de edifício sustentável, tanto que conquistou o título de primeira edificação corporativa de Santa Catarina certificada pelo Green Building Council com selo LEED – sigla em inglês para Liderança em Energia e Design Ambiental. O conceito atende ao perfil de atuação da MOS Arquitetos Associados, fundada em 1999 por Ricardo Monti, quem define os primeiros traços e a identidade arquitetônica do escritório. A concepção de “prédio verde”, implementada no projeto, com direção técnica dos engenheiros Dilnei Bittencourt e Flávio Ludvig, do grupo Portobello, observou a horizontalidade do espaço, privilegiando a integração dos grupos de trabalho e a funcionalidade de todos os sistemas mecânicos e eletrônicos de suporte, aliados ao conforto dos usuários. O escritório possui os primeiros Selos e Certificação LEED no Estado, além de premiações nacionais. Empresa associada à AsBEA-SC e ao IAB/SC.
A edificação apresenta três pavimentos, com mezanino e subsolo, totalizando 4.300m² de área. Duas torres de circulação vertical, inseridas em tubos de vidro, possibilitam ventilação e iluminação naturais aos ambientes internos.
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Fotos: Mauro Goulart
MOS Arquitetos Associados Foto: Arquivo MOS
A eficiência energética foi assegurada por softwares que proporcionam redução no consumo dos sistemas de ar condicionado, chillers de última geração, insuflamento pelo piso elevado e controle local de temperatura e umidade. A diminuição do consumo de energia também é garantida pelos sistemas de iluminação dimerizados e com lâmpadas LED, elevadores automáticos e com controle de chamadas.
Av. Prefeito Osmar Cunha | 1104 Centro |Florianópolis | SC (48) 3222.9802 mos@mosarquitetos.com.br www.mosarquitetos.com.br
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Projetos estruturam espaços urbanos do bairro O projeto de um centro empresarial e de um conjunto de 10 edifícios residenciais somam, juntos, 80.000 m² de área que será implantada no bairro Córrego Grande, em Florianópolis. A composição urbana da obra inclui a criação de um parque, uma rua e a revitalização de uma praça do bairro. Os edifícios têm seus pátios interligados por galerias no térreo. Essa tipologia reforça a criação da rua, com seus volumes, espaços de uso comum e expressivos pórticos urbanos de acesso. Já os apartamentos relacionam-se com os pátios, a rua e o parque. O centro empresarial possui duas galerias, uma delas em frente ao supermercado e a outra interliga a rua com o parque. Esses espaços comerciais, semipúblicos, reforçam as operações e estruturam a vida urbana do bairro.
Edifícios residenciais formam um conjunto que se relaciona com a rua e a praça em um espaço semipúblico com equipamentos que estimulam o convívio e a interação.
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Fotos: Arquivo NTN Associados
Imagens: Arquivo NTN Associados
NTN ASSOCIADOS NELSON TEIXEIRA NETTO Rod. Gilson da Costa Xavier, 576 Santo Ant么nio de Lisboa | Florian贸polis | SC (48) 3238.0587 ntnarquitetura@ntnarquitetura.com.br www.ntnarquitetura.com.br
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Arquitetura articulada com a cidade
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NTN ASSOCIADOS NELSON TEIXEIRA NETTO Implantado em um condomínio residencial no Cacupé, em Florianópolis, este projeto propõe uma nova centralidade para o bairro a partir de edificações que articulam os espaços privados com o ambiente público - praia, rua e praça. Os prédios voltados para a rua formam mirantes, pátios, varandas e passarelas suspensas, totalmente integradas às árvores já existentes no terreno. A premissa básica do escritório é a visão de que a arquitetura está relacionada à formação da cidade, interfere e proporciona qualidade à vida comunitária e social. Nesse caso, a arquitetura proposta reforça as características do meio ambiente onde está inserida, e a sustentabilidade numa visão holística e integrada. Compõem o projeto futuras instalações de restaurantes, lojas, escritórios, galeria de arte e apoio de eventos. Nelson Teixeira Netto, formado pela UFRGS em 1979 e mestre pelo Royal College of Art de Londres, está à frente de uma equipe de 9 profissionais. Sua atuação nacional inclui projetos em vários campos da arquitetura e premiações principalmente em projetos urbanísticos. Escritório associado à AsBEA-SC.
Imagens: Arquivo NTN Associados
Pátios, varandas e ruas suspensas compõem o projeto que explora volumes e a expressividade dos materiais e acabamentos em estado natural como a madeira e o concreto aparente.
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Planos e volumes marcam a arquitetura Um casal com dois filhos jovens, que gosta de receber os amigos e são apreciadores da natureza e de tecnologia. Esse é o perfil dos proprietários desta residência, no bairro Cachoeira do Bom Jesus, em Florianópolis. A equipe da Pinheiro e Serrano Fonseca Arquitetura recebeu total liberdade para apresentar a proposta para a residência de 290,00 m², seguindo, como referência, as outras casas projetadas pelo escritório no mesmo condomínio. A única ressalva feita pelos clientes foi a integração das áreas sociais. A volumetria é marcante, com grandes superfícies envidraçadas nas duas fachadas principais. A opção por esquadrias de PVC garantiu maior conforto térmico e acústico, além de facilitar a manutenção. Empregada com destaque, a madeira valoriza o conjunto e contribui para suavizar a luz natural na área de maior incidência solar. Escritório associado à AsBEA-SC. Parceiros do projeto: Terras e Terras Incorporação e Vtech Esquadrias de PVC.
A cor branca evidencia a volumetria e contribui para destacar a edificação no entorno. As superfícies envidraçadas reforçam o conceito de integração.
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Fotos: Lio Simas
O desenho arquitetônico de linhas limpas marca os dois blocos e as áreas e funções distintas: social e de lazer, íntima e de serviço.
Foto: Lio Simas
Pinheiro e Serrano Fonseca Arquitetura R. São Jorge, 108 Centro | Florianópolis | SC (48) 3333.3087 contato@psfarquitetura.com.br www.psfarquitetura.com.br
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PINHEIRO E SERRANO FONSECA ARQUITETURA
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Piscina é o centro das atenções A garantia de iluminação e a ventilação naturais a todos os 46 apartamentos era a prioridade do projeto deste empreendimento residencial localizado na praia conhecida como Novo Campeche, no Sul da Ilha de Santa Catarina. Partindo dessa premissa, a equipe da Pinheiro e Serrano Fonseca Arquitetura planejou a implantação das duas torres de três pavimentos, totalizando 6.148,93 m² de área. O espaço da piscina foi tratado como centro do projeto, planejado para ser o local de convivência entre os moradores. Por isso, foi importante prever soluções e o uso de materiais que garantissem conforto, segurança, aconchego e funcionalidade. A arquitetura desenvolvida é voltada para a valorização do imóvel através da melhor distribuição espacial, da utilização da luz e do conforto ambiental. Parceiro do projeto: KDS Engenharia.
No traçado arquitetônico do empreendimento, os edifícios residenciais de Punta del Este, no Uruguai, serviram de referência. Seguindo a orientação da construtora para o uso de materiais de acabamento de alto padrão, os arquitetos especificaram pastilhas e cerâmicas como revestimentos das fachadas.
A área da piscina foi tratada como centro de convivência, circundada por palmeiras e por amplos gazebos.
Fotos: Lio Simas
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Azul da cor do mar No planejamento deste apartamento de praia, em Jurerê Internacional, em Florianópolis, a equipe da Pinheiro e Serrano Fonseca Arquitetura inspirou-se nos tons azuis do céu e do mar sem apelar para os ícones náuticos. Tais nuances estão expressas nos quadros e em elementos decorativos, destacados diante da neutralidade do mobiliário, nas cores branco e cinza. Na definição do projeto, a única condicionante era a preservação da alvenaria e dos pontos de infraestrutura da arquitetura original do prédio. Um amplo living integra a cozinha ao estar. A mesa de jantar acoplada à bancada reforça o conceito de integração e proporciona maior fluidez na circulação. As cadeiras, com espaldar bai-
xo, conferem leveza ao ambiente. Um módulo de marcenaria abraça o sofá, marcando o zoneamento. As texturas foram exploradas através do uso de papéis de parede e da padronagem têxtil da marcenaria. Além dos arquitetos titulares do escritório, Mario Pinheiro, Dirlene Serrano e Ricardo Fonseca, atuaram nos três projetos apresentados no ArqSC 2015 os arquitetos Gustavo Schott, Thiago Patricio, Amanda de Carvalho, Marina Bianchini e Giulia Garcia. O escritório PSF Arquitetura soma experiências em projetos corporativos, comerciais, residenciais, no planejamento e execução de obras. Parceiros do projeto: Marmoraria Florianópolis.
O mobiliário de padrão neutro adotado para o living se repete na cozinha, proporcionando unidade visual. As bancadas foram executadas em Corian branco com cuba esculpida. Um espelho cumpre o papel de rodapia, refletindo a área social.
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PINHEIRO E SERRANO FONSECA ARQUITETURA
No quarto do casal, a ambientação segue a mesma linguagem visual e proposta cromática. Um recorte no painel amadeirado serve de expositor a quadros de destaque, valorizando a cabeceira.
Fotos: Mariana Boro
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Espaços amplos e fluidos para o casal Um dos mais importantes arquitetos do século XX, Frank Lloyd Wright sempre inspirou gerações de profissionais. Especialmente a Casa da Cascata, projetada por ele em 1934 nos Estados Unidos. A arquitetura orgânica proposta, integrando ambientes internos e aproximando o entorno, serviu de referência aos arquitetos Fábio Silva e Allan Chierighini no planejamento desta residência, de 900 m², em Jurerê Internacional, em Florianópolis. Como os clientes viajam muito a trabalho – ele é consultor em telecomunicações e ela é advogada – investiram nos espaços de lazer e em ambientes amplos e confortáveis. Para proporcionar privacidade e farta insolação, a área da piscina foi posicionada na face Sul, nos fundos do terreno. Com deck e spa, foi anexada ao espaço gourmet e à generosa varanda que conduz ao living. Integração total, sem desníveis ou bloqueios visuais. Merece destaque o inédito sistema de automação residencial desenvolvido junto com o cliente, que buscou o equipamento em Dubai e Nova York. A tecnologia dispensa cabeamento e, entre outras funções, permite abrir e fechar a casa, monitorar de qualquer lugar do mundo e saber quem chega primeiro em casa. Fábio e Allan comandam o escritório Progetta Studio, fundado em 2007, dedicado a projetos contemporâneos e sofisticados de arquitetura, interiores, design luminotécnico e de mobiliário. A dupla utiliza a plataforma tecnológica BIM para proporcionar maior agilidade, racionalidade e eficiência aos trabalhos. Parceiros do projeto: Sacarro, Arcoban Móveis sob medida e Decori.
A linguagem contemporânea é evidenciada nas formas e linhas puras das amplas marquises, sacadas, pergolados e elementos verticais. Itens de sustentabilidade são adotados no projeto como aproveitamento da iluminação e da ventilação natural, captação de água da chuva e aquecimento solar, inclusive da piscina e do spa.
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O conceito de uma planta fluida e “limpa” nos ambientes internos, conduzindo o olhar do morador até os limites do terreno, levou a escolha de materiais e acabamentos de cor branca, potencializando a amplitude. O sistema luminotécnico em LED e a automação residencial é de alta performance.
Foto: Guilherme Llantada
Fotos: Guilherme Llantada
Progetta Studio de arquitetura e interiores R. Osvaldo Cruz, 484 A Balneário do Estreito | Florianópolis | SC (48) 4141.3321 progetta@progettastudio.com.br www.progettastudio.com.br
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Projeto favorece a visibilidade dos produtos A generosa área de 480 m² para uma loja de decoração em um shopping, em Florianópolis, determinou algumas decisões de projeto, como criar uma fachada que chamasse a atenção, manter a entrada com de pé-direito duplo e optar por piso em madeira maciça para receber com acolhimento. O desejo do cliente da arquiteta Radigiane Modernel era de um espaço amplo, fluido, com soluções que favorecessem a visibilidade dos objetos. Ao mesmo tempo, era importante que o consumidor percebesse como ficaria a inserção dos produtos na sua casa. Para isso, foram criadas ilhas individuais de exposição como se fossem miniambientes, com iluminação apropriada para a valorização das peças. As estantes em drywall possuem vários nichos e prateleiras para exposição dos produtos, e a escolha levou em conta a facilidade de execução da obra e a leveza. Somente o balcão frontal de atendimento recebeu uma cor vibrante. “Por ser uma loja com pé-direito duplo, adotei iluminação cênica e direcionada para focar e marcar pontos de interesse, e na área com pé-direito baixo utilizei luminárias com lâmpadas econômicas na cor quente para conduzir os clientes para o fundo da loja, considerando a extensão de 45 m”, esclarece Radigiane, arquiteta e urbanista formada há 25 anos com atuação em projetos residenciais, comerciais, interiores e gerenciamento de obras. Profissional associada ao IAB/SC.
Luminárias e lâmpadas de LED nos nichos destacam os objetos no espaço fluido com pé-direito duplo na entrada e piso em madeira. Microambientes como cozinha, bancadas e estantes possibilitam enxergar as peças como se estivessem na casa do cliente.
Foto: Mariana Boro
Fotos: Ulah Klein
Rady Modernel R. Feliciano Nunes Pires, 168 | Ático Centro | Florianópolis | SC (48) 3039.4710 | 8844.8535 arq.rmarquitetura@uol.com.br
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Preservação ambiental orienta projeto de condomínio É na praia da Ferrugem, em Garopaba, que está sendo implantado este condomínio residencial horizontal de alto padrão projetado pelos arquitetos Robson Nascimento e Sergio Müller. Ocupando uma área total de 67.245,95m² na região conhecida como “Fazendinha”, o empreendimento foi planejado de forma a preservar e intensa área verde do local. “O desafio nos trouxe muita satisfação, uma vez que o briefing era a valorização dessa vegetação e não a sua extração. Logo, o que poderia ser a problemática, virou a solução”, enfatiza Robson. A arquitetura, então, teve seus traços orientados pelo próprio meio ambiente, propondo a integração entre a paisagem natural e os elementos urbanos. Na definição da proposta, a dupla buscou referências em iniciativas semelhantes desenvolvidas na ilha de Bali, na Indonésia. No mercado desde 1995, o escritório Robson Nascimento Arquitetos é especializado em projetos deste porte, residências e de edifícios corporativos, desenvolvidos em Santa Catarina, no Brasil e no exterior. Empresa associada à AsBEA-SC. A Giesta Incorporadora é parceria do projeto.
No máster plan do empreendimento, foram projetados 51 lotes, vias de circulação, áreas verdes e de lazer, juntamente com os equipamentos recreativos. A natureza determinou o traçado urbanístico e as linhas arquitetônicas.
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Imagens: Rapid Design
As áreas comuns, como salão de festas, piscinas, sala de jogos e espaço de cinema, foram planejadas de forma a valorizar a paisagem natural.
Foto: Studio Criativo
Robson Nascimento Arquitetos R. das Algas, 343 | 01 Jurerê Internacional | Florianópolis | SC (48) 3282.9349 contato@rnascimentoarquitetos.com.br www.rnascimentoarquitetos.com.br
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Residência em esquina privilegiada é marcada por alvenaria em “L”
A residência de 915 m² foi implantada em privilegiado terreno de esquina, em um condomínio fechado, em Jurerê Internacional, Florianópolis. O amplo programa de necessidades desenvolve-se basicamente em dois pavimentos, além do apartamento do caseiro no subsolo. No térreo encontra-se a área social, com confortável sala de estar de pé-direito duplo, espaço gourmet e piscina; a garagem e a suíte de hóspedes localizam-se rebaixados 50 cm em relação aos demais ambientes e a acessibilidade é garantida a partir de rampas e elevador. No segundo pavimento fica a parte íntima, onde mezanino e suítes usufruem de visuais por meio de terraços com pergolados. A fachada principal de configuração linear é composta de cheios e vazios, com superfícies de pedra, alvenaria com reboco rústico, vidro e quebra-sóis de madeira, os quais propiciam privacidade ao mesmo tempo em que cria proteção solar. Esquadrias de madeira garapeira compõem essa fachada, enquanto esquadrias de PVC ambientam o interior da residência. O acesso principal na esquina da casa é marcado por uma alvenaria em “L” e pergolado com cobertura de vidro. Um generoso pergolado no segundo pavimento qualifica a varanda do casal e cria a marcação dessa esquina na escala urbana. Parceiro do projeto: Decori.
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A casa tira partido de esquina privilegiada e explora desenho arquitetônico linear, composto de cheios e vazios, e superfícies de pedra, alvenaria com reboco rústico e quebra-sóis de madeira.
Foto: Guilherme Llantada
Fotos: Arquivo Ruschel Arquitetura
Ruschel Arquitetura e Urbanismo Rod. João Paulo, 2251 João Paulo | Florianópolis | SC (48) 3238.4993 ruschel@ruschelarquitetura.com www.ruschelarquitetura.com
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Complexo multifuncional em Belo Horizonte A existência de uma extensa Área de Preservação Permanente (APP) e topografia acentuada condicionou o projeto do núcleo urbano, desenvolvido pela Ruschel Arquitetura e Urbanismo, para um novo bairro planejado em Belo Horizonte (MG). Nessa área de 27.711,19 m², a Praça do Comércio e Praça Principal devido sua centralidade urbana passam a ser o “coração” do empreendimento e a conexão de todos os elementos do programa: residências nas torres de apartamentos, Office, Apart hotel e Centro Comunitário. Essas edificações permitirão atividades que se relacionam com a área verde da APP através de um conceito de parque com transparência, permeabilidade visual, tratamento de esquinas, pergolados e decks em balanço. As edificações comerciais constituem um marco na paisagem da escala do pedestre e do automóvel, sendo a entrada principal de todo empreendimento. O acesso se dá por um pórtico com pé direito triplo em sua esquina, unificando as duas torres verticais e conduzindo o pedestre até o terceiro pavimento, onde
criou-se um boulevard que se conecta com a Praça do Comércio. “Em todo o complexo procurou-se desenvolver uma linguagem de arquitetura contemporânea com elementos tipológicos que qualificam o projeto”, explica Marília Ruschel, citando galerias, pé direitos duplos, marcações de base e topo das edificações, além de elementos funcionais de proteção solar como brises e pergolados. Graduada pela UFRGS, Marília participou, por dois anos, de pesquisas junto a Architectural Association School (Londres); tem especialização em Planejamento Urbano (UFSC). Empresa associada à AsBEA-SC.
Na praça desenvolveu-se um comércio onde as lojas configuram as ruas, gerando um espaço central de lazer e vida em comunidade, além de um anfiteatro que conecta à área residencial.
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RUSCHEL ARQUITETURA E URBANISMO
Imagens: ARTrender STUDIO
Foram adotados materiais da arquitetura vernacular como tijolos, vidros, decks de madeira e texturas, contribuindo para a criação da ambiência urbana e do caráter de lugar.
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Retrofit atualiza edificação
O guarda-corpo em vidro laminado reflexivo fixado com spiders em aço inox 340 permite uma vista ampla e sem barreiras para a beira-mar mesmo com a pessoa sentada.
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O prédio do início da década de 1980, localizado em uma das regiões mais nobres do Centro de Florianópolis, apresentava desgaste no concreto aparente, diversas infiltrações e ferragens estruturais expostas. Outro problema sério aos moradores era o ruído da rua, já que não havia tratamento acústico nas esquadrias. Havia também o desejo de atualização da fachada para valorizar o endereço. Na proposta de retrofit de uma área com cerca de 2.920 m², a maior intervenção dos arquitetos foi exatamente na fachada frontal com a ampliação das esquadrias para o melhor aproveitamento da exuberante vista para o mar. A solução foi aumentar o tamanho das janelas com o rebaixo do peitoril e a criação de um guarda-corpo em vidro laminado fixado por spiders. Sentada, a pessoa consegue apreciar o mar sem barreiras. Para resolver a acústica, optou-se por esquadrias em PVC com vidros duplos reflexivos, conferindo conforto térmico e acústico, trazendo modernidade ao edifício. Alcides e Rosane são formados pela UFSC, associados ao IAB/SC, e atuam à frente do escritório TheissGirardi há 20 anos com projetos em vários campos da arquitetura. Para esse projeto foram parceiros Marmoraria Florianópolis, Casa com Vidro e Artinox.
A foto ao lado mostra o prédio antes do retrofit. A alvenaria recebeu granito Branco Itaúnas fixado com inserts de aço inox, permitindo respiro e maior estabilidade às peças colocadas. As fachadas laterais receberam pastilhas cerâmicas, e na dos fundos, foi aplicada tinta especial para garantir vedação contra a umidade.
Foto: Fernando Willadino
Foto: Arquivo TheisGirardi
Fotos: Mariana Boro
THEISSGIRARDI ARQUITETURA E INTERIORES R. Felipe Schmidt 657 | 701 Centro | Florianópolis | SC (48) 3225.0511 | 8432.8003 contato@theissgirardi.com.br www.theissgirardi.com.br
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ENDEREÇOS
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ANUÁRIO DE ARQUITETURA DE SANTA CATARINA | 2015
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