BIBLIOTECA PÚBLICA DE ÁGUAS CLARAS CHEIN
BLUMENS L E U Q A R : A R RIENTADO O ª F O R P | 6 12882
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S FEIJÃ A T I E R F E D S LUCA
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Universidade de Brasília FAU - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Projeto de Diplomação 2 Trabalho de Finalização de Curso
Aluno: Lucas de Freitas Feijão 11/0128826 Professora Orientadora: Raquel Naves Blumenschein Banca Examinadora: Daniel Richard Sant’ana Augusto Prata Esteca Marta Adriana Bustos Romero
02/2017 Novembro de 2017
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AGRADECIMENTOS Nenhum agradecimento será longo o suficiente. Agradeço aos meus pais, que estiveram ao meu lado a todo momento, que me ajudaram desde o primeiro instante dessa jornada chamada universidade de todas as formas. Esse resultado também é de vocês! Agradeço à minha família, meus avós, tios e primos, não há palavras que possam exprimir o quanto vocês me ajudaram, me apoiaram ou apenas me entenderam durante todo esse curso. Agradeço aos meus amigos de curso, em especial Marcelle, Milla, André e Brisa por terem em acompanhado durante a estrada da faculdade. Aos meus amigos mais que bacanas Juuh e André, vocês foram minha base emocional em tantos momentos, tantas descobertas, tantos sofrimentos e tantas comilanças. Eu nada seria se não fosse vocês. Também agradeço aos meus chefes Aline e Rômulo e minha amiga de longa data Juliana, por tamanha ajuda e confiança, eu não teria conseguido sem vocês. Por fim, agradeço à minha orientadora, por não ter desacreditado de mim, sempre estar aberta a minhas ideias e me aceitar como orientando, desde que te conheci nutro grande admiração.
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“Mas por que ela tem que ir à biblioteca? ” “Porque é isso que a Hermione faz, Harry, ” disse Rony, encolhendo os ombros. “Quando tiver dúvida, vá à biblioteca.” J.K. Rowling – Harry Potter e A Câmara Secreta
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3 Introdução 7 Objetivo 9 Justificativa 10 Contexto
Bibliotecas em Brasília Águas Claras A Atual Biblioteca Pública de Águas Claras Terreno Legislação
24 Diretrizes
Conxeitos Diretrizes Projetuais Novas Diretrizes para Bibliotecas Públicas: O Programa Modelo Dinamarquês Programa de Necessidades
32 Referências
Biblioteca Ambrosiana e Real Gabinete Português de Leitura Biblioteca Cooroy Library at The Docks Biblioteca Nacional de Pequim Outras Referências
40 Projeto
Memorial de Projeto Planta de Locação Fachadas Ambiente Layout Cortes Praça Coruja Estrutura Detalhes
62 Referências Bibliográficas 9
Introdução
A Biblioteca é um programa milenar, alguns diriam que é tão antiga quanto a prórpia escrita. Passando por grande monumentos, como a Biblioteca de Alexandria, Biblioteca de Mafra ou a Biblioteca do Congresso Americano, até as pequenas bibliotecas com os mais diversos usos, fosse a Biblioteca Laurenciana, o Real Gabinete Português ou a Biblioteca de Liyuan, o programa bibliotecário foi sempre importante para seu tempo. Sendo utilizada como monumento à sabedoria, ao que é culto, ao longo do tempo em diversas nações, a Biblioteca, que antes deveria ser um arquivo de todo o conhecimento escrito produzido, é hoje um edifício cada vez mais multifuncional e que visa abarcar cada vez mais um público maior. Servindo como espaço de leitura, difusão de conhecimento ou apenas um ambiente de encontro da população, a Biblioteca é um gênero arquitetônica muito singular da contemporaneidade. Seus diversos usos, cada vez mais encorajados pelos especialistas da área de biblioteconomia, são um ótimo motivo para investir nesse tipo de projeto. A cidade de Brasília é extremamente carente em diversos aspectos no que tange equipamentos públicos, e a biblioteca é uma delas. Águas Claras, com sua posição central e grande público potencial então é um ótimo ponto para começar a mudar essa imagem.
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Objetivo
O objetivo desse trabalho é criar um projeto de uma nova Biblioteca Pública para a cidade de Águas Claras, buscando usar de seu potencial dentro do Distrito Federal. Usando as diretrizes do Novo Programa para Biblioteca Públicas do governo dinamarquês, já bastante utilizado no mundo para o ato de projetar bibliotecas comunitárias, a nova biblioteca deverá ser um espaço multiuso, capaz de receber o mais diverso público e trazer uma vida urbana e cultural ainda mais efetiva para a região.
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Justificativa
O porgrama biblioteca sempre foi uma grande paixão minha, desde que eu fazia colônia de férias na biblioteca pública da Asa Sul, passando pelos tempos escolares, aonde muitas horas eram gastas estudando, lendo ou apenas matando o tempo livre, até os dias de faculdade, quando meu contato com o programa biblioteca aumentou, nas aulas de história e ao visitar diversas bibliotecas na cidade para fins de pesquisa. Após fazer um estudo sobre as mudanças tecnológicas que as bibliotecas têm sofrido com o passar dos séculos e como isso tem eftado seu programa arquitetônico, tive acesso a diversas soluções de bibliotecas no mundo inteiro, das maiores às menores, em nações que sofrem com a pobreza e também nas mais ricas do mundo. Além disso, ao conhecer a situação das bibliotecas da cidade, percebi que havia um grande potencial renegado na cidade. Águas Claras, cidade aonde passei a viver pouco antes de entrar na UnB, é um local aonde não faltam reclamações sobre a falta de equipamentos públicos e, os que existem, mal conseguem suprir a demanda atual. Entre esses espaços, a atual Biblioteca Pública de Ágas Claras, um prédio minúsculo que nunca foi projetado para esse fim que está constantemente lotado e sem capacidade de expansão planejada. As bibliotecas atuais ainda se restringem muito ao programa “caixa de livros”, como denominada por alguns bibliotecários. Essas bibliotecas servem como grandes espaços de acervo e, com a revolução tecnológica do século 21, estão perdendo espaço na vida do cidadão comum. No entanto, é importante frisar que, pelo menos em Brasília, segundo bibliotecários de três das principais bibliotecas públicas da cidade, esse público ão deiou de frequentar o espaço das bibliotecas, mas os empréstimos por exemplo têm diminuído ano a ano. Existe um grande público potencial, ainda mais em regiões do globo em desenvolvimento. As Bibliotecas podem servir como espaço de difusão de conhecimento, mas também como ambientes de introdução das pessoas à tecnologia, pesquisa e leitura, tendo uma participação mais direta. Águas Claras já tem um público muito fiel para a biblioteca como espaço de estudo, mas ainda lhe falta poder abraçar seu público potencial nas cidades a sua volta, com acesso fácil pelo metrô e ônibus.
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CONTEXTO
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Bibliotecas em Brasília
O Distrito Federal possui uma rede de bibliotecas, chamada de RBP/DF (Rede de Bibliotecas Públicas do Distrito Federal), composta por um total de 26 bibliotecas. Além dessas, o DF conta com mais de 50 universidades, faculdades e institutos de ensino superior, além de diversas bibliotecas de escolas públicas e privadas além de bibliotecas institucionais, como as do Senado ou de ministérios. Tendo uma biblioteca para cada 115 mil habitantes contando apenas as da RBP/DF, São Paulo tem uma para cada 225 mil no munícipio, a gama é muito grande. Ainda assim, a população de Brasília possui a sua dsposição estruturas carentes de qualidade, física e/ou programática. Bibliotecas que não possuem estrutura adequada, ou funcionam de forma improvisada, são encontradas em Águas Claras, Paranoá e Plano Piloto. Espaços que até possuem boa estrutura, mas por por falta de aporte finaceiro do governo estão fechadas ou mal funcionam são vistas na Asa Sul e no Gama. Até mesmo bibliotecas de grande visibilidade, como a Nacional de Brasília, possuem problemas seríssimos de estrutura, como elevadores quebrados, falta de ar-condicionado ou acervo pequeno por falta de pessoal para catalogar. Não estão melhores as bibliotecas de universidades como a Biblioteca Central da Universidade de Brasília, que sofre com a falta de espaço e um prédio antigo que necessita de reformas, ou bibliotecas institucionais, que vivem a mercê da governabilidade do país.
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Águas Claras
Fundada em 1992, sendo incialmente um bairro de Taguatinga, Águas Claras teve seu projeto executado como uma forma de justificar a construção do metrô, tendo a linha que lhe corta ao centro um papel muito importante no desenho urbano e na vida urbana da região. Seu projeto urbanístico foi feito por Paulo Zimbres, no entanto fooi altamente modificada com o passar dos anos. Foi emacipada como região administrativa em 2003, se tornando a RA XX. A cidade vem sofrendo desde sua fundação com diversos problemas: grandes níveis de especulação imobiliária, falta de espaços verdes, de equipamentos públicos, engarrafamentos constantes e muitos terrenos em obra ou vazios ainda.
Águas Claras
Atualmente a cidade, já considerada o maior canteiro de obras das américas, conta com cerca de 63% de seus lotes já construídos (722, contra 720 em obras ou não). Sua população atual é de cerca de 150 mil a 160 mil habitantes, sendo a 6a maior região administrativa no quesito população. Essa população se encontra em três “bairros”:Areal, Arniqueiras e Águas Claras Vertical, que responde por 65% da população total. A cidade possui uma grande área verde protegida, o Parque de Ecológico de Águas Claras, ocupando quase metade da área total da região da Águas Claras vertical. Entre os equipamentos públicos se destacam uma creche, um tribunal eleitoral e um tribunal de justiça, a CAESB e um batalhão policial, além da própria biblioteca pública. A falta de equipamentos públicos faz com que a população local tenha que recorrer às cidades de Taguatinga, Guará ou Brasília.
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Atual Biblioteca Pública de Águas Claras
A atual biblioteca de Águas Claras está localizada na Avenida Castanheiras, esquina com a Rua Ipê Amarelo, próxima ao que se pode chamar de “centro norte” da região, com forte comércio e grande fluxo de pedestres e veículos. Ela está a pouco mais de 600 metros da Estação Arniqueiras (por onde passam as linhas Ceilândia e Samambaia) e numa grande praça, Praça Coruja, aonde se localiza a sua pequena estrutura. Seu prédio originalmente era um stand de vendas provisório de um apartamento, que após ser doado pela empresa e reformado, foi inaugurado em 2009 como biblioteca. O espaço atualmente comporta cerca de 7 mil livros, possui 120m² e, devido ao diminuto espaço, recebe em média 160 pessoas por dia, estando constantemente lotado. A biblioteca se resume a uma sala de estudo em grupo com mesas redondas para 4 cadeiras, aonde os usuários se expremem para poder abrirem seus computadores e suas apostilas, uma sala de informática, com escrivaninhas com 8 computadores, grande parte sem funcionar, administração, acervo e banheiro. A atual estrutura, por não ter sido feita para receber uma biblioteca, possui diversos problemas que atrapalham o seu uso e afetam a qualidade do espaço para os usuários. Os maiores problemas são o pequeno espaço físico, que fica lotado de concurseiros estudando, e o calor que se sente dentro, devido às grandes vedações de vidro que não possuem circulação de ar. Além desses problemas não existe um espaço adeuado para o segurança, a sala da administração é muito apertado e não existe possibilidade da biblioteca ser considerada acessível, com um acesso pela rua a partir de escada e com seu espaço interior extremamente claustrofóbico, aonde mal passa uma pessoa em pé. Logo, fica claro que a atual biblioteca não comporta mais seu público e possui uma arquitetura deficiente.
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Terreno
A existência da praça fará com que o projeto recrie o espaço existente, permitindo que haja uma valorização do espaço urbano, afinal, é a única praça em toda a avenida, cercada por prédios e estacionamentos, e deve ser mais valorizada.
A Praça Coruja é bastante utilizada pela população das proximidades, principalmente por crianças e bebês e seus acompanhantes, sendo uma praça de uso essencialmente familiar. Esse O terreno está localizado na Região administrativa de Águas público é composto pelos moradores da redondeza, aonde não há Claras, na área chamada Águas Claras Vertical, aonde estão qualquer espaço verde, com exceção das praças das quadras ao localizados os condomínios verticais característicos da cidade. A norte. Portanto, esse fluxo constitui o mais intenso e com maior Praça Coruja (local da atual biblioteca) está voltada para a Avenitaxa de permanência. O terreno também possui um considerável da Castanheiras e entre as ruas 7 Norte e Ipê Amarelo, enquanto fluxo de pessoas que atravessam a avenida e a boulevard para o terreno escolhido para a Biblioteca fica logo atrás, virada para a chegar ao comércio, ao metrô ou às suas casas, porém ele se Boulevard Águas Claras, seu endereço é Rua 7 Norte Lote 2. restringe às imediações do terreno, pois ele pouco oferece. Os terrenos, da praça e da nova biblioteca, estão em uma O decaimento é muito pequeno, 9 metros ao longo de 125 localização privilegiada, junto ao seu entorno. Com comércio metros, ou cerca de 7%, sendo plenamente confortável de atraforte e crescente na redondeza, muitos prédios residenciais e de vessá-lo. Atualmente o terreno é utilizado como estacionamento uso misto, lotes ainda para serem construídos, ponto de ônibus e irregular, na parte da biblioteca, e como biblioteca e praça no estação de metrô nas proximidades, o terreno tem grande capacirestante. Há pouca arborização, pouca sombra e o barulho dos dade de atrair pessoas e fazer uso do atual fluxo, ou potencial de carros passando pela avenida acaba perturbando os usuários, fluxo, existente. devido à proximidade. O estacionamento é muito utilizado pelo A proximidade ao local original da biblioteca permitirá que público do comércio próximo (academia, restaurantes, mercado, ainda exista o reconhecimento da população de que a biblioteca lanchonete, etc) e por visitantes e moradores dos residenciais ao não mudou de lugar e continua sendo a mesma instituição, além largo da praça, principalmente em caso de eventos, quando falta de tirar proveito de todas as qualidades de transporte, conexão e espaço para os carros. centralidade que a atual biblioteca possui. Além disso, o terreno é público, pertencente ao governo e possui como uso, segundo a LUOS, comercial, industrial e institucional, o que permite a construção de uma biblioteca.
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Biblioteca
Av. Ipê Amarelo
Rua 7 Norte Avenida Castanheiras
N
Boulevard Águas Claras
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Praça Coruja
Planta do Terreno
1120
N
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Corte do terreeno
Mapa de Fluxos Atual
Legenda Avenida de Tráfego Intenso Avenida de Tráfego Médio Rua de Tráfego Leve Rotas Comuns de Pedestres Prédios
Escala 1:1000
Trajeto do Comércio
Grande Uso da Praça Coruja
Playground da Praça
N
Legenda Avenida de Tráfego Intenso Avenida de Tráfego Médio Rua de Tráfego Leve Rotas Comuns de Pedestres Prédios
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Trajeto do Metrô
Trajeto do Comércio
Escala 1:1000
Planta Bioclimática
N
N
Rota
Ven
Rota do Sol
Ventos Predominantes Escala 1:1000
Trajetória Solar
Rosa dos Ventos para Brasília
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Sol às 9:00 de 21/setembro
Sol às 11:00 de 21/setembro
Sol às 14:00 de 21/setembro
Sol às 16:00 de 21/setembro
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Legislação
Lei LUOS
Águas Claras é regida pelo Plano Diretor Local de Taguatinga, PDL 90/1998, de quando a área ainda era um bairro daquela região administrativa. O terreno, portanto, ainda é regido por normas de 1998, de antes de Águas Claras ser emancipada como RA e antes do processo de construção dela se intensificar. Atualmente o terreno é legislado pela NGB 145/93. Segundo a LUOS (Lei de Uso e Ocupação do Solo do DF), o terreno é considerado do tipo CSII2, o que caracteriza como um lote de uso não residencial, mas comercial, industrial, institucional ou de serviços. Entre os diversos usos previstos pela LUOS, biblioteca se encontra entre eles.
PDL NGB
Condicionante
O que diz
CSII2 – Comercial, de Serviços, Industrial e Institucional (Permite Bibliotecas) Coeficiente de Aproveita- Excessão – Cmax = 2,0 mento do Solo CMin = 0,6 Taxa de Permeabilidade A>2000m² - Tp=30% 1,5m de lotes vizinhos Até 7 metros da rua quando houver lote Afastamentos obrigatórios do outro lado. Teoricamente, até 12 metros (4 pavimentos, não é necessário nesse lote) 1 vaga/50m² é o mínimo em geral, mas Quant. Mín. de Vagas de não há uma definição para o programa Estacionamento Biblioteca. A entrada do estacionamento deverá se dar pela Boulevard (via secundária) Outros O prédio poderá ter aberturas para a praça. Uso do terreno
Um resumo da legislação encontrada que rege o terreno se encontra na tabela.
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DIRETRIZES
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Conceitos
O projeto integra tanto a Biblioteca de Águas Claras quanto a Praça Coruja, estando dentro de uma malha urbana já em urbanizada e adensada, portanto, a fim de criar um espaço que integre ambas as avenidas e permite um fluxo mais livre entre elas e as ruas perpendiculares, a permeabilidade é essencial.
Permeabilidade
Comunidade
História x Modernidade
Contraste
A criação de um projeto que vise esse fluxo transversal e que permita fazer desse fluxo um espaço de permanência enriquece o espaço, garantindo uma maior qualidade ao ambiente e enobrecendo esse respiro urbano em uma avenida muito movimentada e com prédios de grande porte.
Uma biblioteca é um ambiente público, mesmo sendo ele específico por qualquer razão, e como tal deve abraçar esse público. Um ambiente com foco na comunidade é um ambiente que busca atender seu público variado, oferece programas diversos e busca trazê-la para dentro, esse conceito é parte primordial das Novas Diretrizes para Bibliotecas Públicas.
A biblioteca é um programa clássico, aonde se encontra um estilo muito intrínseco a ela e que se perdeu quase que por com o advento do modernismo. Essa busca por uma releitura da biblioteca clássica em contraste com o amplo programa contemporâneo, além dos novos materiais e novas técnicas, trará uma perspectiva diferente para as bibliotecas na cidade. O contraste é um conceito muitas vezes utilizado para trazer uma imagem única à arquitetura de um lugar, seja por uso de formas ou materiais diferentes. A busca por uma linguagem diferenciada para o projeto poderá trazer uma estética única e que visará marcar a biblioteca.
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Diretrizes Projetuais
-Levar em consideração o públio atual da biblioteca de Águas Claras, estudantes e concurseiros, e expandí-lo para além da cidade, oferecendo um espaço multiuso. -Usar das diretrizes do PMBP (Programa Modelo para Bibliotecas Públicas) do governo dinamarquês para fazer um projeto guiado pelo que há de mais moderno no ato de planejar e projetar uma biblioteca. -Criar um projeto que crie um espaço urbano novo no centro da cidade, com espaços verdes e utilização constante. -Fazer um edifício que tenha aspectos ambientalmente correto, servindo como modelo para outros, diminuindo os gastos com iluminação e ar-condicionado. -Produzir um uma obra rápida, a fim de diminuir gastos durante sua construção. -Criar ambientes de estudo que evitem a propagação exagerada do barulho, comum em grandes salas de estudo. -Oferecer uma planta que possa se facilmente modificada conforme as novas necessidades da biblioteca.
Renton Public
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Library, EUA
Novas Diretrizes para Bibliotecas Públicas: O Programa Modelo Dinamarquês
O Programa Modelo para Bibliotecas Públicas (PMBP), lançado em 2013 pela Agência de Cultura e Palácios do governo dinamarquês, é um projeto base para pessoas que atuam ou buscam atuar no desenvolvimento e requalificação de bibliotecas no mundo inteiro. O site possui um sistema um sistema de fácil entendimento e que busca apresentar diretrizes simples que podem guiar o projeto das bibliotecas. As bibliotecas, segundo o PMBP, possuem em comum alguns espaços que servem como base para o ato de projetar os espaços das bibliotecas. Cada espaço possui diversos usos e que não necessariamente precisam estar presentes em todos os projetos, mas servem como exemplos de diferentes usos. Esses espaços, portanto, são: Entrada, Workshops, Espaço de Aprendizado, Espaço de Estudos, Esaço dos Funcionários, Espaço Comum, Coleção Material, Espaço para Crianças. O que o PMBP traz de diferente são justamente o espaço de aprendizado, a praça comum e o workshop, que tratam de trazer um uso mais ativo, experimental, do público muito além da leitura passiva.
ry, Dinamarca
Herninig Libra
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Entrada Esse espaço é focado no ato de apresentar a biblioteca, seu funcionamento e sua oferta de serviços e acolher o público, convidando-o a entrar. É o espaço de maior fluxo de pessoas e assim o melhor local para alocar espaços que podem usufruir disso. Ao mesmo tempo, é um espaço para acalmar o usuário, buscando trazê-lo para o clima da biblioteca.
Workshops
Espaço de Aprendizado
Pode possuir uma recepção ou espaço para que funcionários possam ajudar o público. Espaços de estar e leitura informal e mostrar a agenda cultural da biblioteca e da cidade, o espaço interno do prédio, parte da coleção e das obras presentes é recomendável.
Espaço de Estudos
O projeto para Águas Claras traz a recepção como espaço de entrada, aonde haverá um grande espaço aberto, com ambientes de leitura informal, máquinas de lanche, bancada para os vários funcionários, desde bibliotecários até seguranças. A entrada no entanto já deverá começar no ambiente externo, com uma praça coberta pela laje jardim, unindo uma cafeteria à biblioteca.
Entrada Espaço dos Funcionários Workshops Espaço Comum
Cada vez mais as bibliotecas são espaços para aprendizados diferentes do mero livro. Nesses espaços, aquilo que a leitura traz a teoria, é posto em prática. Espaços para oficinas de teatro, marcenaria, corte e costura, culinária... São espaços públicos que podem funcionar independentemente da biblioteca e ainda assim trazendo a comunidade para ela.
Espaço Aprendizado Coleçãode Material
Entrada Espaço de Estudos A nova biblioteca possuirá umaCrianças sala específica para esse Espaço para
fim. Um ambiente multiuso, com mesas, cadeiras e bancadas, podendo ser usado desde aulas de artesanato até cursos de culinária. O objetivo será não criar um espaço de uso restrito, podendo ser aproveitado conforme a necessidade do momento.
Workshops Espaço dos Funcionários
Espaço de Aprendizado Espaço Comum É uma área para aprendizados mais ativos, podendo ser usados o computador, oferta de cursos ou espaços para palestras e debates. O importante é que a experiência do aprendizado não se limite ao livro, mas ainda exija atenção do usuário.
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Sc hole ershom
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Espaço de Estudos Coleção Material
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Para a Biblioteca de Águas Claras, o espaço de aprendizado será um espaço menos que acontece de forma natural ao ambiente da biblioteca. Um espaço aonde a multimídia e os livros se misturam a estações de trabalho, computadores e salas com isolamento acústico. Afinal, aqui o importante será aproveitar a infraestutura da biblioteca para treinar suas próprias habilidades.
Espaço dos Funcionários Espaço para Crianças Espaço Comum
Além disso, salas de informática e um auditório estarão presentes, podendo ter diversos usos.
Coleção Material
Espaço de Aprendizado
Espaço de Aprendizado Espaço Comum
Entrada Espaço de Estudos
Espaço de Estudos Coleção Material
Workshops Espaço dos Funcionários
Espaço dos Funcionários Espaço para Crianças
Provavelmente o principal espaço hoje nas bibliotecas. Não é necessário ser um espaço fechado, mas é preferível que tenha uma grande variedade de opções, como células individuais, mesas para grupos, espaços fechados e espaços abertos. Essa zona pode funcionar conjuntamente ao Espaço de Aprendizado.
Espaço para armazenamento do acervo da biblioteca. Esse acervo não precisa ser necessariamente livro e nem mesmo físico, podendo ter discos, quadrinhos, vídeos e mídias digitais. Esse espaço não deve ficar reclusa a uma área específica, podendo ser diluída ao lono do edifício, principalmente focando nos usos mais próximos.
Unida ao espaço de aprendizado, a área de estudo terá todas as opções de ambienets descritas acima. Com grandes salas de estudo em grupo, aonde a troca de ideias e o barulho poderão ocorrer sem maiores problemas, a biblioteca possuirá também salas de estudo individual e em grupo silenciosas, protegidas dos outros ambientes.
O projeto trará um acervo físico, multimídia e literário, ao longo de quase toda a edificação, passando por ambientes de leitura casual ou não. Isso visa não só aumentar o possível espaço de acervo como também evitar a proliferação de barulho, pois as estantes com livros servem como barrreiras sonoras.
Espaço de Aprendizado Espaço Comum Entrada Espaço de Estudos Coleção Material Workshops Espaço dos Funcionários Espaço para Crianças É a área mais restrita, aonde ficam localizadas as partes Espaço de Aprendizado administrativas. No entanto, ela não deve ser de difícil localização Espaço Comum dos usuários por ser importante a conexão entre a biblioteca e seu
público. É recomendável fazer uso de um sistema de “afunilamento” da área administrativa, aonde a parte mais pública seria a recepção.
Espaço de Estudos Coleção Material
Devido ao porte da biblioteca, a administração da biblioteca será bem pequena, com uma sala dividida em baias, além da copa e dos banheiros. A recepção será dividida em “pública”, para informes ao público, devoluções e presença de seguranças, e “privada”, aonde ficarão os bibliotecários para fazer os empréstimos e buscas ao acervo.
Espaço dos Funcionários Espaço para Crianças
Espaço Comum
Coleção Material
Espaço para Crianças A área mais lúdica da biblioteca. É um espaço para as crianças terem experiências agradáveis com a leitura ou com outras crianças. Por ser uma zona de muito barulho, deve ficar mais afastado das áreas que requerem mais silêncio. Deve-se pensar não apenas nas crianças que lá ficam, mas também nos pais e responsáveis que ficam juntos, necessitando de um espaço para atuarem juntos às crianças ou apenas descansarem próximos a elas. A brinquedoteca do projeto será um espaço de fácil acesso, com um uso bem lúdico. O mobiliário deverá ser móvel, podendo mudar conforme o uso e a vontade das crianças e seus pais.
Entrada
Espaço Comum Seu nome é uma alusão ao ato de comunicação entre pessoas, não necessariamente uma praça. Aqui o importante é garantir um espaço de encontro e debate da população, como um café, uma praça, salas de reunião ou até mesmo espaços para atividades comunitárias, como leituras e recitais públicos, aulas de dança, espaço para apresentações.
Coleção Material
Espaço para Crianças
A Biblioteca projetada terá diversos espaços aonde o foco será o encontro das pessoas. Desde o café na entrada, que fará a ligação da biblioteca à cidade, até as praças nas lajes verdes, aonde não haverá restrições para barulho. A recepção, com seu grande espaço aberto, poderá ser usada para eventos internos, além de toda a Praça Coruja, que irá abarcar toda a frente a biblioteca.
Workshops Espaço de Aprendizado Espaço de Estudos Espaço dos Funcionários Espaço Comum Coleção Material Espaço para Crianças 29
Programa de Necessidades
Espaço Comum
+ Barulho
Organograma das Áreas Organograma
Entrada Espaço para Crianças Workshops Entrada
O programa de necessiddes da nova Biblioteca Pública de Águas Claras é totalmente baseada nos programas das bibliotecas do Programa Modelo Dinamarquês. O modelo define as macroáreas, aqui denominada de GRUPOS, e suas subdivisões, denominadas ESPAÇOS, foram retiradas a partir de uma análise das bibliotecas que servem como referência para o projeto. A Biblioteca das Docas, em Melbourne, Austrália, serviu como exemplo maior dos espaços internos para o projeto, tendo inclusive alguns de seus ambientes excluxivos inseridos no programa de necessidades. Para a Praça Coruja, o programa de necessidades parte dos usos comuns às outras praças da cidade, sempre muito utilizadas pela população local. Partindo do princípio de que a praça deverá ser um espaço de fluxo e permanência, ela deve possuir ambientes para públicos variados. Foi percebido em Águas Claras alguns dos principais espaços usados pelos moradores e transeuntes em praças como Praça Faisão e Praça João de Barro, localizadas ao longo da avenida Araucárias bem no centro da cidade, Praça Bem-Te-Vi, Praça Tiziu e Praça Irerê, que ficam dentro de quadras residenciais, além da Praça das Gaivotas e Praça das Araras, que servem com centros da partes baixa e alta de Águas Claras.
Espaço de Aprendizado Workshops Coleção Material Espaço de Aprendizado Espaço de Estudos Coleção Material Espaço dos Funcionários Espaço de Estudos
- Barulho
Espaço dos Funcionários
- Barulho Os ambientes são arranjados segundo a quantidade de ruído que eles emitem em relação aos ambientes que exigem mais silêncio.
Ambientes que podem ser acessados pelo público externo com mais facilidade ficam no térreo, podendo haver aberturas para o abiente externo.
Em comum, essas praças têm o fato de possuírem arborização, espaços para as pessoas sentarem, com sombra ou não, estruturas que definem espaços menores, parquinhos para crianças, e locais aonde as pessoas possam comer, seja um estabelecimento físico, seja um móvel.
Grupo Espaço Avenida
PEC/Academia Comunitária
Vegetação de médio a grande porte, garantindo sombra para a calçada e diminuído o ruído da avenida. Parquinho paras as crianças, provavelmente o espaço mais usado nas praças de Águas Claras. Espaço para exercícios físicos, muito requisitados por moradores da cidade, principalmente idosos.
Escadas/Rampas
Estrutura de madeira para um ambiente bucólico, com sobra e cadeiras. Escadas com rampas embutidas, diminuindo a área utilizada para esses tipos.
Vegetação para a calçada da avenida Playground
Praça Comunitária Pergolado
Área externa do Café
Café Arquibancada Natural
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Característica
Um “puxadinho” para o café, levando o ambiente para a praça e trazendo mais público para a biblioteca. Aproveitamento do declive do terreno para criar um espaço aonde as pessoas possam sentar, permitindo que a praça coberta sirva como um palco.
das Áreas
Público Externo Público Externo
Espaço para Crianças Espaço Comum
+ Barulho
Espaço de Estudos Espaço dos Funcionários GrupoEntrada Espaço Quant Entrada Espaço BanheirosComum Térreo Entrada Circulação
1 2
Área Mín. 146 m² 9 m² 209 m²
Salão de Leitura 1
1
665 m²
Workshops
Coleção Material Workshops Salão de Leitura 2 1 Espaço de Aprendizado Entrada Sala de Estudo Individual 1 Sala de Reunião 1Crianças 1 Espaço para de Aprendizado Sala de Reunião 2 1 Entrada Espaço de Estudos Sala de Reunião 3 3 Workshops Banheiro PNE
2
Espaço Estudos Banheirode Feminino 2 Workshops Banheirodos Masculino 2 Espaço Funcionários Espaço de Aprendizado
Laboratório de Informática 1 Espaço dos Funcionários Sala Técnica 1 Espaço de Aprendizado Espaço Multímida 1 Espaço Comum Espaço Estudos Entrada Salas dede Prática 2 Estúdio Comum 1 Espaço Workshops Espaço de Estudos Café 1 Coleção Material Espaço dos Funcionários Cozinha 1 Espaço de Aprendizado Auditório 1 Coleção Material Foyer dos Funcionários 1 Espaço Espaço para Crianças Entrada Banheiros 2 Espaço de Estudos Espaço Comum Depósito 1 Espaço para Crianças Sala 1 Espaço dosTécnica Funcionários Espaço Comum Entrada Laje JardimMaterial 1 1 Workshops Coleção Laje Jardim 2 1 Espaço Comum Sala Multiuso 1 Coleção Material 1 Depósito Workshops Coleção Material Espaço de Aprendizado Espaço para Crianças Entrada/Controle 1 Espaço de Leitura e AtiviEspaço para Crianças 1 dades Espaço para Crianças Espaço de Espaço de Aprendizado Estudos Administração 1 Depósito 3 Banheiro 2 Espaço de Estudos Espaço dos Funcionários Copa 1 Recepção 1 Limpeza 1
Espaço Funcionários Espaço dos Comum
Área Ideal 146 m² 18 m²
1239 m²
574 m² 125 m² 12 m² 19 m² 9 m² 4 m² 13 m² 8 m² 52 m² 7 m² 149 m² 8 m² 16 m² 15 m² 15 m² 93 m² 30 m² 7 m² 11 m² 11 m² 300 m² 92 m² 76 m² 11 m² 23 m²
125 m² 12 m² 19 m² 27 m² 8 m² 26 m² 16 m² 52 m² 7 m² 149 m² 16 m² 16 m² 15 m² 15 m² 93 m² 30 m² 14 m² 11 m² 11 m² 392 m² 76 m² 11 m² 23 m²
38 m²
38 m²
60 m² 8 m² 5 m² 11 m² 34 m² 7 m²
60 m² 24 m² 10 m² 11 m² 34 m² 7 m²
Total
2960 m²
Espaço ColeçãoComum Material Coleção Material Espaço para Crianças Espaço para Crianças
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REFERÊNCIAS
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Biblioteca Ambrosiana, Milão Real Gabinete Português de Leitura, Rio de Janeiro
Duas bibliotecas clássicas, uma do renascimento europeu e outra do final do período imperial brasileiro. A Biblioteca ambrosiana foi uma das primeiras bibliotecas públicas na Europa. Projetada por Lelo Buzzi e inaugurada em 1609, sua arquitetura é bem característica da tipologia das bibliotecas da época e por mais algumas décadas posteriores: um grande salão quadrado central, com estantes cobrindo as paredes, aumentando a capacidade de armazenamento. Acima, encontra-se um mezanino que circunda o salão criando mais um pavimento de armazenagem de livros, acessível apenas pelo bibliotecário. O que mais chama atenção é a inexistência de espaços de leitura dentro da biblioteca, ou pelo menos de seu grande salão, devido ao fato de isso ainda não ser comum na época. As grandes janelas no teto permitem a iluminação do acervo e garantem a ornamentação do espaço. O Real Gabinete foi fundado em 1847 e teve seu prédio atual inaugurado em 1887. Seu interior é um verdadeiro exemplo da tipologia arquitetônica reinante das bibliotecas na época: o grande salão com mezanino em volta e paredes de estantes. Ao contrário do exemplo anterior, aqui há diversas mesas para consulta local e o uso de iluminação artificial. Seu estilo neomanuelino garantiu a essa biblioteca um espaço entre as mais bonitas do mundo em diversas listas.
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Biblioteca Cooroy, Queensland, Austrália
Projetado pelo escritório australiano Brewster Hjorth Architects na cidade de Sunshine Coast, Queensland, foi inaugurada em 2010. Sua construção fez parte de um projeto maior de reestruturação de áreas abandonadas ou com potencial da cidade. Alocada em meio a um antigo complexo industrial de manteiga, parte importante do crescimento da cidade, que já se encontrava em um estado de quase abandono. A antiga indústria virou museu, a área dos moinhos gerou um pequeno parque, e a área em desuso entre os dois foi usada para criar uma pequena biblioteca comunitária. Localizada próxima à estação de trem urbano, ao lado da principal avenida e em meio a um novo ponto cultural da cidade, a biblioteca então teria grande potencial. Seu projeto focou em elementos variados: um teto verde que une o jardim e o gramado próximo conforme desce o relevo do terreno, varandas protegidas para criar espaços para a comunidade, mistura entre salas focadas em tecnologia com ambientes informais de leitura para crianças e idosos e uso de diversos sistema para maior conforto térmico com menores gastos, como aberturas móveis para ventilação cruzada, uso da cobertura verde e um sistema de chaminés subterrâneas, que captam o ar externo e esfria no subsolo para entregar à biblioteca.
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Library at The Dock, Melbourne, Victoria, Austrália
Projetado pelo escritório Clare Design, da Austrália, em Melbourne, extremo sul do país, foi inaugurado em 2014. Um dos exemplos de bibliotecas que seguem as diretrizes dinamarquesas, seu espaço interno tem usos extremamente variados. Desde uma cafeteria e espaço para prática de tai chi no térreo, até zonas de estudos mais silenciosos e espaços específicos para jogos e apresentações nos andares superiores. O projeto fez parte de um projeto de revalorização das docas do rio Yarra, o principal a cortar a cidade. Além do próprio prédio, feito com uma mistura de madeira, ferro e vidro (sua estrutura foi toda feita em madeira), houve a criação de um gramado cercado por uma extensa calçada e várias fileiras de árvores próximos à rua. Isso permitiu criar um espaço agradável para as pessoas deitarem ou sentarem no solo, muito comum nessa região tão nublada. Próximo ao rio, aonde está localizada a principal entrada, foi feita uma cobertura, criando um espaço coberto que protege o transeunte da chuva ou do sol.
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Biblioteca Nacional de Pequim, China
Projetado pelo grupo alemão KSP Jürgen Engel Architekten como uma expansão da já existente biblioteca nacional, o projeto tinha como objetivo criar espaço para uma grande coleção de 12 milhões de livros que iam para a biblioteca. Om uma área total de 77 mil metros quadrados, a Biblioteca Nacional passou a receber 12 mil pessoas por dia. Sua arquitetura buscava mesclar o contemporâneo e o tradicional, já que a expansão abrigaria especialmente uma coleção de manuscritos antigos. Com isso, sua fachada mistura vários componentes que unem o antigo e o novo, como a grande escadaria imperial que leva o usuário direto ao segundo pavimento e o uso de metal ao longo de toda a fachada, criando um ar tecnológico. O interior não muda muito esse intuito. Dividido em níveis para diferentes usos, os últimos pavimentos recebem a biblioteca digital, com foco nos computadores e com um linguajar tecnológico, muito prateado e vidro. Os andares inferiores são compostos por mesas e guarda-corpos em madeira e com grandes átrios vazados que permite iluminação natural em toda a área durante o dia, trazendo um claro aspecto clássico e tradicional.
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Outras Referências
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j Lib
rar y, D i
nam
Campus Inacap, Chile
Sede do i+R, Áustria
A
oine, EU
a Des M
c Bibliote
City Dune, Dinamarca
o Pavilhã
arc
a
Museu da Fotografia, Brasil
asil Skol, Br
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PROJETO
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Memorial de Projeto
O projeto da Biblioteca Pública de Águas Claras foi pensado como um espaço multiuso e que sirva de ponto importante no espaço urbano da cidade. Sua arquitetura começou com a ideia de uma forma que consiga expandir a Praça Coruja para dentro do projeto, o que levou ao formato em L da planta. A parte que “invade” a praça seria então o ambiente mais independente da biblioteca, que pode servir à cidade a todo momento: o café. Com isso, esse espaço serve como uma expansão da biblioteca ao espaço urbano, usando da praça e da sombra da praça elevada, sobre uma laje-jardim, como espaço para seus clientes. A praça, em níveis, busca usar o desenho das curvas de níveis para criar espaços para alocar os equipamentos urbanos para uso do público. Ambientes com pergolados, academia comunitária e parquinho para crianças se misturam às calçadas, árvores e bancos. Ao se aproximar da biblioteca, essa praça serve então como um espaço de espera, como um foyer para o auditório, ou espaço para eventos da própria biblioteca. O edifício, em 3 níveis, levou em consideração a progressão da necessidade de silêncio nos ambientes, além de buscar facilitar o acesso aos espaços que podem ser abertos à população, o auditório e a sala de workshops. A recepção, que serve de entrada à biblioteca, é um grande espaço livre que pode abrigar exposições, eventos ou apenas servir como espaço de leitura e espera dos usuários. No térreo é possível acessar tanto a administração, o auditório e a sala de workshops, quanto a sala de informática e o espaço kids, que busca ser um ambiente lúdico com mobiliário móvel, com o espaço mudando conforme a vontade das crianças, como na Biblioteca Rentesmestervej. As alas de leitura aberta se encontram misturadas com o espaço de acervo, isso possibilita que o barulho das mesas de grupo não ecoe demais, pois as estantes com livros servem de barreira sonora. Há uma mistura de mesas para grupo e bancadas individuais, o que possibilita opções de estudo para todo o público. Junto à área de estudo, foi alocado o espaço de aprendizado e acervo multimídia, um espaço que pode ocorrer mais barulho. Nessa zona, além do acervo, se encontra mesas de trabalho em grupo e estações de trabalho para computadores ou quaisquer eletrônicos e um espaço para treinamento de música (salas de ensaio, isoladas acusticamente, e um estúdio de gravação). No último pavimento se localiza mais salas de estudo, assim como no pavimento abaixo, mas com a opção de salas de estudo silenciosas, com vidros isolantes acusticamente. A sala de estudo individual, com baias individuais, para um público e as chamadas salas de reunião, para grupos poderem falar à vontade sem atrapalhar, o espaço da biblioteca. Todo o acervo da biblioteca vai expandir para mais de 90 mil livros, quase 13 vezes mais que a atual biblioteca comporta, além de cerca de 3000 itens multimídia. A biblioteca também poderá receber até 316 pessoas sentadas nas salas de leitura e aprendi-
zado ao mesmo tempo, quase o dobro do que ela consegue receber ao longo de um dia inteiro atualmente, isso sem contabilizar as salas de informática, workshop, auditório, cafeteria, espaço kids e recantos de leitura. Além da estrutura interna da biblioteca, ainda foi planejada as lajes-jardim, uma em cada pavimento. Esses espaços oferecem opções de leitura ao ar-livre para os usuários, podendo também servir para as mais diversas atividades que a biblioteca possa oferecer: desde cursos de tai-chi para a terceira idade até colônia de férias para crianças. Além disso, ainda foi alocado estrutura para painéis fotovoltaicos, para servir à biblioteca, um edifício que possui alto consumo de energia elétrica, e poder servir como uma forma de educação da população, que, ao ter a oportunidade de entrar em contato com o aparelho, poderá aprender mais sobre esse método de energia alternativa e ecológica. A Biblioteca tem sua estrutura feita toda em metal, visando acelerar parte do processo de construção e assim evitar custos com a prolongação da obra, permitir vãos maiores e oferecer uma planta mais livre, para que o edifício tenha mais facilidade para ter uma reorganização interna. Para servir como proteção da luz solar que entra pela fachada norte e como um aspecto importante do visual da biblioteca, foi planejado um painel de aço corten cobrindo parte da fachada. Essa estrutura metálica é perfurada, o que permite a passagem de luz, porém em menor quantidade, além de permitir a passagem de vento. Esse painel possui uma leve inclinação, que busca diminuir a incidência mais forte da luz solar que vem do norte. Todo o acabamento do projeto é feito com um mecanismo conhecido como fachada ventilada, aonde existe uma estrutura metálica que separa a parede do edifício de seu revestimento. Por esse espaço, de cerca de 10cm, é possível a passagem do vento através do espaço entre as placas de revestimento, havendo a troca do ar mais quente pelo mais frio. Foi utilizado então revestimento cimentício na fachada norte, a que mais sofre com incidência solar durante o dia, que deve ser preso e parafusado em uma estrutura metálica. A fim de garantir a entrada de luz solar no espaço interno da biblioteca, foi utilizado uma abertura na cobertura, propiciando uma luz zenital que banha todos os pavimentos da biblioteca a partir de um átrio que passa pelas salas de estudo e a recepção. Todos os vidros da biblioteca devem possuir uma proteção especial para absorverem menos calor e não ofuscarem os usuários. A fachada sul da biblioteca, apesar de não receber muita luz é a que possui maior problema com barulho por estar voltada para o fosso da linha do metrô. Para proteger os usuários internos foi utilizado duas opções de fachada, em um pavimento ela é toda fechada, tendo sua parte externa uma estrutura móvel que pode servir como instalação artística ou como uma forma de fazer propaganda do edifício, e no pavimento superior ela é aberta, porém com a necessidade de ter vidros com bom isolamento acústico. A Biblioteca de Águas Claras é um projeto que busca conciliar um vasto público usuário, garantindo um espaço urbano mais agradável para a cidade e possibilitando um espaço interno agradável e utilitário. O objetivo maior do projeto pronto é que ele possa servir à comunidade todos os dias da semana, 24 horas por dia, tendo espaço para esse público.
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Planta de Locação
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Escala 1:500
Corte do Terreno1:500
1
Leste 1 : 500
“A PRAÇA, EM NÍVEIS, BUSCA USAR O DESENHO DAS CURVAS DE NÍVEIS PARA CRIAR ESPAÇOS PARA ALOCAR OS EQUIPAMENTOS URBANOS PARA USO DO PÚBLICO..”
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Fachadas
Fachada Leste Escala 1:250
Fachada Norte Escala 1:250
Fachada Oeste Escala 1:250
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20/11/2017 16:23:14
Fachada Sul Escala 1:250
Ambientes 12 13
15 16
Pavimento Ambiente Entrada Circulação Banheiro Masculino Banheiro Feminino Recepção Administração Banheiro Masculino Banheiro Feminino Copa Limpeza Depósito Café Pavimento Cozinha Térreo Foyer Banheiro Feminino Banheiro Masculino Auditório Depósito Sala Técnica Sala de Informática Sala Técnica Espaço Kids Depósito Sala de Workshops Entrada/Controle Circulação Depósito Laje Jardim Salão de Leitura Salão de Leitura/Acervo Banheiro PNE Pavimento 1 Banheiro Masculino Banheiro Feminino Espaço Multimídia Esp. Multimídia/Acervo Sala de Prática Estúdio Circulação Depósito Laje Jardim Pavimento 2 Salão de Leitura Salão de Leitura/Acervo Estudo Individual Sala de Reunião
No 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44
14 21 17
19
20
22 1
18
2
23 24
3
25
5
4 9
10 11
7
6
8
Pav Térreo Escala 1:500
28
34 35
36 36
37
29
29 30 31 33 32 26
30
27
Pav 1 Escala 1:500
40 43
41 41 42
44
41
44 44 44 44
42 30 32 31 38 39
Pav 2 Escala 1:500
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Layout 12 13
15 16
14 21 17
19
20
2
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3 10 11
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Pavimento Térreo
1
18
24
22
5
4 9
6
7 8
Entrada Circulação Banheiro Masculino
1 2 3
Banheiro Feminino
4
Recepção Administração Banheiro Masculino Banheiro Feminino Copa Limpeza Depósito Café Cozinha Foyer Banheiro Feminino Banheiro Masculino
5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Auditório
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Depósito Sala Técnica Sala de Informática Sala Técnica Espaço Kids Depósito Sala de Workshops Entrada/Controle
18 19 20 21 22 23 24 25
Pav Térreo Escala 1:250
28
34 35
36 36
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29
29
Pavimento 1
Circulação Depósito Laje Jardim Salão de Leitura Salão de Leitura/Acervo Banheiro PNE
26 27 28 29 30 31
Banheiro Masculino
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Banheiro Feminino
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Espaço Multimídia
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Esp. Multimídia/Acervo Sala de Prática Estúdio
35 36 37
30 30
31 33 32 26 27
Pav Térreo Escala 1:250
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Pavimento 2
Circulação
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Depósito
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Laje Jardim
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Salão de Leitura
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Salão de Leitura/Acervo
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Estudo Individual
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Sala de Reunião
44
40 43
41 41 42
44
41
44 44 44 44
20/11/2017 16:15:43
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42 30 32 31 38 39
Pav Térreo Escala 1:250
“ESSE ESPAÇO OFERECE OPÇÕES DE LEITURA AO AR-LIVRE PARA OS USUÁRIOS, TAMBÉM SERVE PARA AS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES QUE A BIBLIOTECA POSSA OFERECER”
Pav Térreo Escala 1:250
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“A RECEPÇÃO, QUE SERVE DE ENTRADA À BIBLIOTECA, É UM GRANDE ESPAÇO LIVRE QUE PODE ABRIGAR EXPOSIÇÕES, EVENTOS OU APENAS SERVIR COMO ESPAÇO DE LEITURA E ESPERA DOS USUÁRIOS.”
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Cortes
Corte AA Escala 1:250
Corte BB Escala 1:250
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Corte CC Escala 1:250
A
B
C
C
B
A
A
B
C
C
B
A
A
B
C
C
B
A
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“AS ALAS DE LEITURA ABERTA SE ENCONTRAM MISTURADAS COM O ESPAÇO DE ACERVO, ISSO POSSIBILITA QUE O BARULHO DAS MESAS DE GRUPO NÃO ECOE DEMAIS, POIS AS ESTANTES COM LIVROS SERVEM DE BARREIRA SONORA”
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20/11/2017 16:29:49
“UMA ESTRUTURA MÓVEL QUE PODE SERVIR COMO INSTALAÇÃO ARTÍSTICA OU COMO UMA FORMA DE FAZER PROPAGANDA DO EDIFÍCIO” “FOI PLANEJADO UM PAINEL DE AÇO CORTEN COBRINDO PARTE DA FACHADA. ESSA ESTRUTURA METÁLICA É PERFURADA, O QUE PERMITE A PASSAGEM DE LUZ”
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“AO SE APROXIMAR DA BIBLIOTECA, ESSA PRAÇA SERVE ENTÃO COMO UM ESPAÇO DE ESPERA, COMO UM FOYER PARA O AUDITÓRIO, OU ESPAÇO PARA EVENTOS DA PRÓPRIA BIBLIOTECA.”
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Estrutura
I A
B 10.00
C 6.00
D 6.00
E 6.00
F G 6.00
2.36
H 5.64
J
0.472.53
8.00
1
5
8.00
6
2.01 2.90
3 4
2.89
8.00
2
6.00
7
9 10
1.60
8.00
8
Planta de Locação de Pilares Escala 1:250
1
60
Nível 0 1 : 250
Detalhes
Painel Perfurado 0.95 0.48
0.48
Vista 3D do Painel
1
Desenho 1
Detalhe do Painel Perfurado em Corten Escala 1:10
1 : 10
Fachada Ventilada
Camadas da Fachada Ventilada
21/11/2017 22:53:07
Imagens retiradas do Archdaily e Revista Techne
Detalhe da Contrução
Detalhe do Fucionamento
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“A biblioteca é o mais duradouro dos memoriais, o verdadeiro monumento à preservação de um evento ou um nome ou uma emoção; por isso, e apenas isso, é respeitada por guerras e revoluções” Mark Twain
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