S U M Á R I O
03
Natureza e o Nascimento do Novo
12
Entrevista com Lucas Mota
16 20 26
The Black Pages: Álvares de Azevedo
Literatura Espanhola
Litera BR: Publicação com os melhores escritores brasileiros
MAIÊUTICA EDITORIAL
SEJAM BEM - VINDOS
Editorial AUGUSTO ROCHA Olá, meus amigos. Como estão?
Vamos
fazer
uma
viagem
pela
arte
e
logo
após
teremos
algumas palavras que Plutarco deixou para nós. Em seguida, Estamos em mais uma edição da nossa querida revista
vamos ouvir o que Lucas Mota tem para nos dizer.
e me sinto muito bem por estarmos caminhando firme
Vamos passear pela Espanha de Dom Quixote para entender
em solos férteis.
um
Esta edição não diferente das outras, foi pensada com
páginas
carinho para que cada um de vocês possam desfrutar
também ler os melhores escritores brasileiros na Litera BR.
da
Leremos
melhor
parte
que
a
literatura,
a
boa
cultura
e
educação pudessem ofertar. Não
quero
parecer
pouco
da
literatura
negras
a
carta
e
daquele
românticas
do
Theodor,
lugar.
de
Descansaremos
Álvares
de
verificaremos
nas
Azevedo
os
livros
e
na
prateleira e guardaremos as 3 palavrinhas.
pretensioso,
mas
diante
de
teus
olhos está a melhor revista sobre literatura que pode
Por fim, teremos uma aula de sabedoria com o melhor gordo inglês.
ser encontrada em terras brasileiras., pois ela não foi criada
para
agradar,
pessoa
melhor.
Quem
sabe...Apenas
mas
Presunção? sei
para Não. que
te
fazer
ser
Confiança tudo
que
uma
demais?
Preparem-se para a melhor aventura deste mês e aguardem que no próximo mês vocês me acompanharão novamente.
vocês
encontrarem nestas páginas fará bem à tua alma.
Boa leitura! Sejam felizes.
NATUREZA E O NASCIMENTO DO NOVO CAROL REYNOLDS*
Poucos aspectos da vida inspiram mais artistas do que a natureza. Seja na pintura, poesia,
música,
teatro
ou
dança,
artistas
criativos
ao
longo
dos
séculos
retrataram e refletiram sobre os fenômenos físicos do nosso mundo. Tanto os assuntos mais grandiosos (montanhas, planetas) quanto os mais íntimos e frágeis (asas da libélula) são elementos definidores das artes em toda a nossa herança ocidental. Quando os artistas retratam a natureza, geralmente respondem ou incorporam os estilos estéticos predominantes de seus dias. No século XVIII, artistas ocidentais se esforçaram para capturar a natureza de maneira realista, usando o que poderíamos
chamar
de
"abordagem
fotográfica".
Suas
principais
limitações
tendiam a ser técnicas: quão bem seus materiais (pigmentos, notas, palavras, movimentos) e conceitos retratam fenômenos naturais?
No início do século XIX, os artistas estavam se afastando do realismo, flertando com representações emocionalmente carregadas do poder da natureza e extraindo significados psicológicos da natureza. Hoje, chamamos essa tendência de romantismo e a reconhecemos como uma reação ao Iluminismo e um fator no movimento cataclísmico em direção a uma sociedade secularizada.Com o nascimento da fotografia, filme e gravação de som, o trabalho do artista passou de capturar a realidade exterior para um foco nas realidades
interiores.
Os
trabalhos
resultantes
transmitiram
visões
surpreendentes do mundo natural. A
explosão
de
novos
estilos
abalou
o
público
(por
exemplo,
surrealismo,
coreografia moderna, atonalidade).Ao longo de tudo isso, assuntos da natureza nunca perderam o favor dos artistas. Conseqüentemente, podemos examinar todo o espectro de nossa herança ocidental e ver como as representações da natureza refletem o que poderíamos chamar de "marcha da estética". Para o propósito deste ensaio, vamos considerar dois exemplos - o primeiro uma pintura e o segundo uma sinfonia. Ambos foram criados por artistas alemães treinados nas técnicas do classicismo do século XVIII, que chegaram à fama logo após 1800. Ambos foram atraídos pelos novos ideais do romantismo. Nosso pintor, Caspar David Friedrich, ganhou reputação ao explorar as idéias assustadoras
e
muitas
vezes
transcendentais
do
romantismo
gótico;
nosso
compositor, Ludwig van Beethoven, lutou com as forças monumentais da forma sinfônica, da cor da orquestra e do novo teclado dominante que chamamos de piano. Na vida espiritual de cada homem, a natureza desempenhou um papel central. Caspar David Friedrich, 1774-1840 Nascido no Mar Báltico de uma grande família alemã, Friedrich é conhecido como "o pintor da lua". Ele explorou questões sociais populares, incluindo o efeito da natureza na psique humana. As pinturas de Friedrich também refletem a agitação em torno de novas invenções científicas de sua época, que permitiram aos cientistas mapear a lua e decifrar fenômenos celestes.
Respondendo a essas "modas da época" e, provavelmente, às tragédias familiares que afetaram sua infância, Friedrich descreveu os símbolos cristãos como restos em ruínas justapostos à vitalidade da natureza. Por exemplo, ele embrulharia vestígios de uma antiga torre de igreja dentro de trepadeiras de inverno a ponto de florescer com a vida.Hoje, os espectadores têm dificuldade em imaginar as pinturas de Friedrich como radicais ou enervantes. Afinal, fomos à lua! Como nós, modernos, achamos provocativa a representação de um homem solitário olhando através de um oceano de neblina?No entanto foi. Em 1818, o andarilho de Friedrich acima do mar de neblina gritou "novo" e "radical". Primeiro, o homem é pintado por trás. Tente imaginar qualquer retrato de uma época anterior capturado com essa perspectiva. Tudo o que se espera de uma pintura de um ser humano é negado pela apresentação de Friedrich de uma figura que escalou rochas perigosas para obter seu ponto de vista.E o que chamou a atenção do sujeito? Um céu poderoso, porém sublime, ondulando com neblina. No seu promontório, a figura sombria se torna um elemento da natureza - uma extensão da própria rocha. Ele nos convida a ficar com ele e mergulhar em um rosto suave da natureza, ao mesmo tempo em que proclama o mundo abaixo como mascarado, perigoso e incognoscível. O próprio título da pintura mostra o passatempo favorito da era romântica: passear. Andarilhos, ou viajantes, tornaram-se o arquétipo dos buscadores românticos que viajavam,
não
para
chegar
a
um
destino,
mas
para
serem
envolvidos
nos
fenômenos da natureza.Para entrar mais plenamente nas pinturas de Friedrich, devemos tentar voltar a pensar no tempo e ver suas obras com olhos históricos. Ao fazer isso, vemos como o artista enquadrou suas idéias contra obras de épocas anteriores, quando essas imagens provocativas ainda não haviam aparecido. Ludwig van Beethoven, 1770-1827 Na mesma linha, como o som elementar de uma flauta, ou o "twitters" de um violino, pode ser tão radical que transporta um ouvinte desavisado para um novo mundo de som? As representações musicais da natureza de Beethoven em sua Sinfonia Pastoral em 1808 eram realmente tão novas?
A resposta é um retumbante "sim", com um pouco de "não" mantido em reserva. Enquanto
os
compositores
antes
de
Beethoven
incorporavam
referências
à
natureza, a música antes de seu tempo estava enraizada em formas objetivas e teóricas que seguiam convenções predefinidas. Inovações e delícias deveriam ser encontradas, é claro, mas os compositores não haviam levado as convenções a um ponto em que o conteúdo narrativo transbordou das estruturas formais para se tornar algo novo. A resposta é um retumbante "sim", com um pouco de "não" mantido em reserva. Enquanto
os
compositores
antes
de
Beethoven
incorporavam
referências
à
natureza, a música antes de seu tempo estava enraizada em formas objetivas e teóricas que seguiam convenções predefinidas. Inovações e delícias deveriam ser encontradas, é claro, mas os compositores não haviam levado as convenções a um ponto em que o conteúdo narrativo transbordou das estruturas formais para se tornar algo novo. No entanto, esse é o ímpeto por trás de muitas das composições de Beethoven: o desejo de estender, até obliterar, convenções formais injetando novas harmonias, ritmos e estilos melódicos ao ponto de desconforto para seus ouvintes.Na Sinfonia
Pastoral,
ouvimos
o
que
Beethoven
chamou
de
"expressão
de
sentimentos" atestando seu caso de amor com a natureza. Andador inveterado, Beethoven passou horas caminhando por florestas e prados ao redor de Viena. Em uma carta de 1810, ele escreveu:Como ficarei feliz em andar por um tempo entre os arbustos, bosques, sob as árvores, através da grama e ao redor das rochas. Ninguém pode amar o país tanto quanto eu. Pois certamente bosques, árvores e rochas produzem o eco que o homem deseja ouvir. O enquadramento ideal pastoral da Sinfonia Pastoral de Beethoven passa a ser um dos elementos programáticos mais antigos da música. Reconhecemos a pastoral quando
ouvimos
ritmos
suaves
e
oscilantes,
harmonias
simples
às
vezes
sustentadas por drones (notas sustentadas) e o uso de flautas ou canos de cana para evocar pastores que passam o tempo com a música. Beethoven pinta seus amados prados austríacos com chamados melódicos de rouxinol e cuco. O riacho balbucia com charme até de repente ser ofuscado por uma tempestade.
O movimento final retrata - para usar o título descritivo de Beethoven - os "sentimentos alegres e agradecidos do pastor após a tempestade".Olhando para esses dois trabalhos, encontramos dois instantâneos contrastantes da natureza, ainda que complementares. Temas da natureza continuariam a inspirar artistas visuais, mesmo nas mudanças mais radicais de estilo. Depois de Beethoven, os compositores cada vez mais atraíram seu público com imagens mais ousadas no som, impulsionando a música para novas formas que finalmente levaram às trilhas sonoras de nossos dias.
*Dr. Reynolds foi professor de História da Música na Southern Methodist University, em Dallas, TX. Desde que se aposentou, ela concentrou sua carreira profissional fora dos muros da universidade, ensinando e falando sobre a importância das artes plásticas para educadores em casa, audiências de concertos e entusiastas de viagens. Texto original https://www.memoriapress.com/articles/nature-the-birth-of-the-new/
Pouco a pouco, ensinamos CHERYL
SWOPE
Acima de tudo, deve-se treinar e exercitar a memória de uma criança. Se as crianças são naturalmente dotadas de boa memória ou, pelo contrário, são naturalmente esquecidas, a memória deve ser treinada. A vantagem natural será reforçada ou a deficiência natural compensada. A primeira turma será superior a outras, a segunda se destacará. ” Plutarco
Estas são as palavras do mais recente webinar sobre distúrbios da atenção? Um novo podcast sobre função executiva ou memória de trabalho? Um anúncio para exercícios cerebrais caros? Não, essa advertência aparece no ensaio do primeiro século “Sobre a criação de um menino”, que é frequentemente atribuído a Plutarco, como faremos aqui. Dentro do ensaio, Plutarco faz referência a Hesíodo, o c. 700 a.C. Poeta grego:Se a coisa que é pequena você adiciona mais, mas um pouco,E da mesma forma e, novamente, cheio em breve, isso se torna uma grande coisa.Na educação cristã clássica, treinamos e exercitamos a memória através da tradução de lembretes simples para a vida: ora et labora (orar e trabalhar) ou sempre fidelis (sempre fiéis) do latim para o inglês e viceversa. Fortalecemos a atenção e a concentração por meio da repetição, recitação, domínio das lições morais, regras fonéticas e gramaticais, fatos aritméticos e um forte fundo geral de conhecimento. Fortalecemos a mente e a alma de um aluno com o conforto eterno de passagens das Escrituras como "O Senhor é meu pastor" e "Ele me guia pelas águas tranquilas".
Os professores de alunos com necessidades variadas podem precisar ser mais criativos do que outros professores ou passar mais tempo em uma única lição, mas não precisamos comprometer a educação real de nossos alunos. Plutarco nos dá essa comparação:À medida que os agricultores colocam apostas ao lado de suas plantas, o tipo certo de professor fornece apoio firme aos jovens na forma de lições e advertências cuidadosamente escolhidas para produzir um crescimento correto de caráter. Para qualquer criança, pequena ou poderosa, pobre ou rica, lenta ou rápida, escreve Plutarco,... o único e essencial, o primeiro, o meio e o último, é uma educação sólida e uma educação correta. Não apenas a educação de nossos filhos deve ser tratada como de primordial importância, mas devemos insistir em que seja do tipo sólido e genuíno. Algumas pessoas se perguntam se a força de trabalho de hoje exige uma educação totalmente diferente. Alternativas à educação para fortalecer a memória e formar personagens geralmente aparecem na forma de programas utilitários e instrumentais e treinamento prático e prático. Nosso escritor antigo também tem uma resposta para isso:Em poucas palavras, é certamente absurdo treinar crianças pequenas para receberem sua comida com a mão direita e, no entanto, não tomar precauções para que sejam ensinadas lições morais de um tipo adequado e correto.
Petit à petit, l'oiseau fait son nid "Pouco a pouco, o pássaro constrói seu ninho", uma das frases francesas favoritas da minha filha, nos incentiva a ensinar passo a passo e com sensibilidade para o aluno. Ele vai prosperar em uma sala de aula tradicional? Ele exige um grupo menor de companheiros? Ele precisará de aulas particulares? Ele precisa de recursos visuais, equipamentos adaptáveis, mais prática? Por uma questão de misericórdia humana, compaixão cristã e dever vocacional, podemos fazer modificações para as diversas necessidades de nossos alunos, colocando fortes estacas de apoio ao lado de nossas plantas jovens, seja em um campo grande, num canteiro elevado ou em uma pequena estufa. Quase dois mil anos depois de Plutarco, Helen Keller mostrou sua primeira compreensão da palavra "á-g-u-a", escrita com os dedos em sua mão por sua professora Annie Sullivan. Ela logo aprendeu 625 palavras e Annie começou a trabalhar em "palavras indicativas de relações de lugar". Miss Sullivan escreveu a seguinte entrada no diário quando Helen tinha seis anos: Seu vestido foi colocado em um baú, e depois nele, e essas preposições foram escritas para ela. Muito em breve ela aprendeu a diferença entre ligar e entrar, embora demorasse algum tempo até que ela pudesse usar essas palavras em frases próprias.
Sempre que possível, ela se tornou uma atriz na lição e ficou encantada por estar na cadeira e ser colocada no guarda-roupa. Em conexão com esta lição, ela aprendeu os nomes dos membros da família e a palavra "é". Helen está no guarda-roupa. "Mildred está no berço." "A caixa está na mesa." "Papai está na cama" são espécimes de frases que ela construiu. Miss Sullivan demonstrou sensibilidade, sem vacilar com a determinação de dar educação ao aluno. Ela escreveu em 26 de setembro de 1888:Devido ao nervosismo do temperamento de Helen, foram tomadas todas as precauções para evitar excitar indevidamente seu cérebro já muito ativo. Ao ensinar a ela o uso da linguagem ... tentei acrescentar informações e inteligência gerais, aumentar o conhecimento das coisas ao seu redor e trazê-la a um relacionamento fácil e natural com as pessoas.Aos poucos, ensinamos. Não pressionamos demais nem tentamos apressar o processo. Plutarco nos diz: Por estarem com muita pressa para os filhos ... eles impõem tarefas extravagantes, que se revelam grandes demais por sua força e terminam em fracasso, além de causar-lhes tanto cansaço e angústia que se recusam a submeter pacientemente a instruções ... Água com moderação fará a planta crescer , enquanto uma inundação de água a sufocará. Do mesmo modo, a mente prosperará com um trabalho razoavelmente difícil, mas se afogará se o trabalho for excessivo.
Pérolas do Pensamento Ensinar qualquer aluno requer observação, sensibilidade e dedicação. Podemos nos lembrar de dicas simples para o aluno com necessidades especiais:Garanta a atenção do aluno antes de ensinar. Seja conciso e claro.Forneça pausas após tarefas mentais intensas.Estabeleça um código de conduta e crie rotinas previsíveis.Ensine com recursos visuais ou físicos para ajudar no entendimento, mas tome cuidado para que essas adições não sejam por si mesmas perturbadoras. Se alguma lição contiver muito conteúdo, use uma lupa mental para aumentar cada componente. Depois divida em partes menores e ensine-as.
Mexa o coração enquanto cuida da mente.Avalie a compreensão e o domínio. Pratique para manter a memória nítida e bem exercitada. Se isso lhe parecer um conselho que seria lucrativo para ensinar não apenas uma criança com necessidades especiais, mas qualquer criança, você estaria certo.
CHERYL SWOPE Com mestrado em educação especial, Cheryl possui certificações de ensino estaduais do ensino fundamental e médio em dificuldades de aprendizagem e distúrbios de comportamento. Ela serviu em escolas públicas e privadas. Cheryl e seu marido adotaram gêmeos menino / menina e educaram em casa as crianças até o ensino médio. Ambos os gêmeos têm autismo, dificuldades de aprendizagem e esquizofrenia. Agora, jovens adultos, seu amor duradouro pela literatura, história e latim inspiram Cheryl a compartilhar a mensagem esperançosa de que uma educação cristã clássica oferece benefícios a qualquer criança https://www.memoriapress.com/articles/little-by-little-we-teach/
Entrevista
Lucas Mota Estudante de Sistemas para Internet, leitor assíduo e dono da Livraria Redenção.
Primeiro Parágrafo- Olá, Lucas. Como vai? É um prazer enorme te entrevistar e desde já agradeço por ter se disponibilizado para esse bate Papo. Lucas Mota- Olá, Gutox. Vou bem, graças a Deus. É uma honra ser convidado (intimado) a conceder uma entrevista para a sua revista. PP- Você é da área de exatas, precisamente T.I., mas é dono de uma livraria. Como foi que surgiu essa paixão pelos livros? Lucas- Isso! Sou da área de TI, faço Sistemas Para Internet. Bom… É uma história um pouco simples e inusitada, tudo começou quando eu estava desempregado e procurando algo para fazer, um amigo que trabalhava em uma editora me falou que eu poderia me tornar um revendedor, eu passei um tempo analisando a ideia e finalmente tomei a iniciativa de vender os livros aqui na minha cidade. Já conhecia o produto porque eu era consumidor, tinha uma rede de contatos que me permitiu iniciar o trabalho e graças a Deus a Livraria Redenção se desenvolveu e está no mercado há um ano. PP- A Livraria Redenção tem um nicho de clientes específico, pois ela vende livros cristãos. Você já pensou em expandir as temáticas para alcançar outros públicos? Lucas- Perfeitamente! O propósito da Livraria Redenção é fornecer boa teologia com um preço acessível. Já pensei em inserir livros de outros temas no catálogo da livraria, mas não levei a ideia adiante, no momento atual, apenas livros teológicos são suficientes. Até porque tendo um bom conhecimento teológico, você molda a sua visão de mundo através das lentes do cristianismo, com isso, você acaba estudando outros assuntos que não estão separados da teologia. PP-Com as redes sociais podemos ver que há um grande crescimento de negócios online e até mesmo empresas físicas aproveitando dessa ferramenta para alcançar mais clientes. Você acredita que esse poder que as redes sociais possuem pode ser de alguma forma prejudicial? Lucas- A presença de uma empresa no mundo digital é muito importante. E no cenário atual que estamos vivendo, da pandemia causada pelo COVID-19, ter o seu negócio online é que está garantido o pão na mesa de muitos comerciantes, principalmente de pequenos negócios. Se pode ou não ser prejudicial vai depender de dois fatores: quem está utilizando e a forma que está utilizando os recursos disponíveis nas redes sociais. Riscos sempre vão existir, mas é inegável o fato de que as redes sociais e a internet em si trazem muitos benefícios para o nosso dia a dia. PP-Na sua visão, como você enxerga o mercado editorial neste período em que estamos vivendo? Lucas- É um momento delicado, mas as editoras continuam a fazer um bom trabalho com o lançamento de títulos que já estavam previstos no catálogo, sejam eles impressos ou digitais, realizando promoções, sorteios e produzindo conteúdo gratuito para os leitores.
PP- Eu como consumidor de livros é um prazer poder folheá-lo e sentir o cheiro, anotar, rabiscar o livro, no entanto, há pessoas que também aderem ao leitor eletrônico. Você, como leitor tem preferência de livro físico ou ebook? LucasEu prefiro o livro físico/impresso, gosto de realizar marcações, anotações e sentir o livro em minhas mãos, mas também mantenho uma biblioteca virtual no Kindle.
PP- Todos nós sabemos que sempre há aqueles clientes um tanto exigentes que se tornam chatos. Já ocorreu algo desse tipo contigo? Lucas- No comércio você atende todo tipo de cliente, desde os mais “tranquilos” aos mais “exigentes”, eu prezo por sempre fornecer um bom atendimento, assim eu consigo cativar o cliente e fidelizá-lo.
PP- Que tipo de leitura você costuma fazer? Lucas- Os seguintes temas são de assuntos do meu interesse: teologia, educação, ficção, filosofia e política. PP- Mais uma vez eu gostaria de te agradecer por essa entrevista e desejo todo sucesso para você nessa jornada literária. Lucas- É uma honra ser entrevistado por você, fazer uma pequena participação nesse projeto fantástico que tu mantém, uma revista séria, com um ótimo conteúdo. Espero que tu continue a fazer um bom trabalho, tanto na revista quanto no Instituto Maiêutica, que os teus projetos continuem a prosperar e que o seu conteúdo chegue a mais pessoas. Pergunta extra: Me dá um livro? Lucas- Sobre o livro… Com certeza! Pode escolher um exemplar disponível no catálogo Promessa cumprida! Escolhi o livro "A Brisa dos Séculos" - Michael Reeves
@livraria.redencao
redencaolivraria
https://www.livrariaredencao.com.br
THE BLACK PAGES ÁLVARES DE
AZEVEDO
O PRÍNCIPE DOS POETAS ROMÂNTICOS
The Black Pages Manuel Antônio Álvares de Azevedo foi um poeta romântico brasileiro, contista, dramaturgo e ensaísta. Adepto do que foi chamado no Brasil de "Ultra-Romantismo", seu trabalho é caracterizado pelo dualismo e morbidade pesados, o que lhe deu o epíteto do "Lord Byron brasileiro". Ele é o patrono da segunda cadeira da Academia Brasileira de Letras e da nona cadeira da Academia Paulista de Letras. Azevedo nasceu em uma família rica na cidade de São Paulo, em 12 de setembro de 1831. O estudante de Filho do Direito Inácio Manuel Álvares de Azevedo e Maria Luísa Azevedo (née Mota), uma crença popular diz que ele nasceu na biblioteca da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, mas ele realmente nasceu na fazenda de seu avô materno, Severo Mota. Ele também tinha um irmão mais novo, Inácio Manuel Jr., mas morreu prematuramente em 1835. Álvares ficou muito chocado e horrorizado com isso. Em 1833, Álvares se mudou com a família para a cidade do Rio de Janeiro e, em 1840, ingressou no Colégio Stoll, no bairro de Botafogo, sendo um excelente aluno. Álvares de Azevedo influenciado por Lord Byron, Alfred de Musset, François-René de Chateaubriand, Alphonse de Lamartine, Heinrich Heine, William Shakespeare, Dante Alighieri, Johann Wolfgang von Goethe, Thomas Chatterton e José Bonifácio, o Jovem. Lira dos Vinte Anos (inicialmente planejada para ser publicada num projeto — As Três Liras — em conjunto com Aureliano Lessa e Bernardo Guimarães). é o título da principal obra do autor. Segundo alguns pesquisadores, o nome da coleção de poesias se dava ao fato de ter existido uma garota — a qual, até hoje, ninguém sabe a identidade, muito bem escondida pelo Dr. Jaci Monteiro — que tocava esse instrumento. É evidente a explicitação de Álvares de Azevedo na postura consciente do fazer poético, afinal em seus prefácios há um alto grau de conhecimento quanto à proposta ultra-romântica, a qual exibe um certo metarromantismo marcada pelo senso crítico.É, provavelmente, o primeiro a incorporar o cotidiano na poesia no Brasil, com o poema Ideias íntimas, da segunda parte da Lira. O autor de Lira dos Vinte Anos estabelece valores e critérios a sua obra. Revela-se, assim, uma verdadeira teorização programada.No segundo prefácio de Lira dos Vinte Anos, o seu autor nos revela a sua intencionalidade e o vincula de tal maneira ao texto poético, que a gratuidade e autonomia perde espaço e revela a intencionalidade do poeta, isto é, explicação de temas, motivos e outros elementos.Um aspecto característico de sua obra e que tem estimulado mais discussão diz respeito à sua poética, que ele mesmo definiu como uma "binomia", que consiste em aproximar extremos, numa atitude tipicamente romântica. É importante salientar o "Prefácio" à "Segunda parte" de Lira dos Vinte Anos, um dos pontos críticos de sua obra e na qual define toda a sua poética. Machado de Assis publicou na coluna “Semana Literária” do jornal Diário do Rio de Janeiro de 26 de junho de 1866 uma análise da Lira dos vinte anos. Ali escreveu: “Álvares de Azevedo era realmente um grande talento; só lhe faltou o tempo, como disse um dos seus necrólogos. [...] Era daqueles que o berço vota à imortalidade. Compare-se a idade com que morreu aos trabalhos que deixou, e ver-se-á que seiva poderosa não existia naquela organização rara.” “Em tão curta idade, o poeta da Lira dos vinte anos deixou documentos valiosíssimos de um talento robusto e de uma imaginação vigorosa. Avalie-se por aí o que viria a ser quando tivesse desenvolvido todos os seus recursos.”
The Black Pages O crítico literário português Lopes de Mendonça, num perfil literário de Álvares de Azevedo, escreve: “O jovem poeta não cantava somente para as turbas que se deixassem comover pela harmonia de seus cantos; cantava porque lhe ardia no peito um fogo devorador, porque a sua alma ébria, e palpitante, lhe acendia a imaginação, e como lhe intimava, que traduzisse aos outros, a magia dos seus sonhos, o fervor dos seus desejos, o esplêndido irradiar da sua esperança.” O jornal niteroiense A Pátria de 16 de maio de 1856, numa “Meditação aos ossos do poeta Álvares de Azevedo”, afirma que “aquele crânio foi um livro de versos sublimes como os de Byron, foi uma página divina de Shakespeare; foi um raio da inteligência de Homero; aquele crânio guardava um cérebro cheio como o de Camões, e constituiu uma cabeça que merecia uma coroa, como a que Tasso teve no Capitólio!” Atualmente, a literatura de Álvares de Azevedo tem suscitado alguns estudos acadêmicos, dos quais sublinham-se "O Belo e o Disforme", de Cilaine Alves Cunha (EDUSP, 2000), e "Entusiasmo indianista e ironia byroniana" (Tese de Doutorado, USP, 2000); "O poeta leitor. Um estudo das epígrafes hugoanas em Álvares de Azevedo", de Maria C. R. Alves (Dissertação de Mestrado, USP, 1999); "Álvares de Azevedo: A busca de uma literatura consciente", de Gilmar Tenorio Santini (Dissertação de Mestrado, UNESP, 2007); "Uma lira de duas cordas", de Rafael Fava Belúzio (Scriptum, 2015).
O crítico literário Alexei Bueno faz uma interessante observação sobre a "característica quase esquizoide da alma de Álvares de Azevedo", a dissociação entre sua obra "onde não faltam bebedeiras e orgias altamente byronianas" e sua vida pacata de "excelente e responsabilíssimo aluno, de enorme afeição familiar e provavelmente bastante casto". Essa mesma polarização é problematizada em "Uma lira de duas cordas", obra que faz uma inovadora leitura da recepção crítica do poeta.
CURIOSIDADES
→ Na
faculdade de Direito passou à se destacar onde desde logo ganhou fama por brilhantes e precoces produções literárias. Destacou-se pela facilidade de aprender línguas e pelo espírito jovial e sentimental.
→ É patrono da cadeira 2 da Academia Brasileira de Letras .→ Suas principais influências são: Lord Byron, Goethe, François-René de Chateaubriand, mas principalmente Alfred de Musset.
→ Um aspecto característico de sua obra e que tem estimulado mais discussão, diz respeito a sua poética,
que ele mesmo definiu como uma "binomia", que consiste em aproximar extremos, numa atitude tipicamente romântica.
→Segundo alguns pesquisadores, Álvares de Azevedo que teria escolhido o título "As Três Liras", pois havia uma garota - que até hoje ninguém sabe a identidade, muito bem escondida pelo Dr. Jaci Monteiro - que tocava esse instrumento.
→ É o primeiro a incorporar o cotidiano na poesia no Brasil, com o poemas Ideias íntimas, da segunda parte da Lira.
The Black Pages TRABALHOS Lira dos Vinte Anos (1853; antologia poética) Macário (1855; peça de teatro) Noite na Taverna (1855; livro de contos, sob o pseudônimo Job Stern) O Conde Lopo (1886; um poema épico que permanece apenas em fragmentos hoje) O Poema do Frade (1890; poema narrativo) Azevedo também escreveu muitas cartas e ensaios e traduziu para o português numerosos poemas de Victor Hugo, Parisina de Lord Byron, quinto ato de Othello de William Shakespeare e poema de Heinrich Heine "Sag 'mir wer einst die Uhren erfund", de Heinrich Heine (presente em sua Lira dos Vinte Anos sob o título "Relógios e Beijos"). Ele também escreveu um romance, O Livro de Fra. Gondicário; no entanto, as únicas partes existentes hoje são dois fragmentos de seu terceiro capítulo. REPRESENTAÇÕES NA CULTURA POPULAR Azevedo é o personagem principal do romance de adultos jovens de Mário Teixeira, Alma de Fogo (ISBN 9788508126774). A premissa do romance é que um serial killer está à solta nas ruas de São Paulo, e Azevedo decide investigar ao lado de seus amigos Aureliano Lessa e Bernardo Guimarães.Noite na Taverna foi adaptado para um filme em 2014, no qual Azevedo aparece como personagem interpretado por Victor Mendes. Uma biografia semi-ficcionalizada de Azevedo, Delírio, Poesia e Morte (ISBN 9788564590861), foi escrita por Luciana Fátima e publicada em 27 de junho de 2015 pela Editora Estronho. Fátima escreveu anteriormente um longo ensaio sobre a vida e o trabalho de Azevedo, em 2009, intitulado Álvares de Azevedo: O Poeta que Não Conheceu o Amor Foi Noivo da Morte (ISBN 9788574199047). Um livro infantil de 2014 de Márcia Abreu, Morrer Amanhã (ISBN 9788532290908), elabora uma história baseada na amizade entre Azevedo e um personagem fictício, o escravo afro-brasileiro Tonico.
Fonte: http://alvaresdeazevedo2.blogspot.com/2011/03/curiosidades-de-alvares.html https://www.wikiwand.com/en/Álvares_de_Azevedo#/Representations_in_popular_culture pt.wikipedia.org › wiki › Álvares_de_Azevedo https://en.wikipedia.org/wiki/Álvares_de_Azevedo https://www.poemhunter.com/lvares-de-azevedo/biography/
The Black Pages Resenha- Noite na Taverna por Ana Késya*
A OBRA
Noite na Taverna é uma narrativa de contos ou de uma novela, do autor ultrarromântico brasileiro Álvares de Azevedo. A obra publicada postumamente (1855), traz uma representação do gótico na literatura brasileira. Pelas regras de sua lógica, são manifestadas uma coletânea de narrativas construída em sete partes, em uma espécie de enredo que reúne morbidez e perversão. A estrutura do livro é formada por um prólogo, um arranjo de epígrafes com os nomes de cada personagem, como subtítulos – antecedendo as narrativas – e um epílogo, findados em sete capítulos. Seu começo é encadeado à peça, mas não se trata de um texto dramatúrgico, mesmo existindo adaptações. É um livro de narrativas curtas em prosa, e não teatro. A obra exibe a representação da romantização do amor e da morte, mas que deixa explícito a marca de um amor carnal alarmando a depravação. O ENREDO Capítulo 1: "Uma Noite do Século" Narrada por um grupo de cinco homens, Noite na Taverna, abre o primeiro capítulo introduzindo o cenário no qual se passa – ocorre o que se pode chamar de “flashback”, pois como os próprios personagens afirmam “não é um conto, é uma lembrança do passado”. O que chama atenção são os elementos inverossímeis de suas histórias que procuram impressionar seus ouvintes, acrescentando cada vez mais detalhes engenhosos, escabrosos e chocantes. Uma taverna repleta de devassidão, de prostitutas, bêbados e libertinos. O plano de fundo apresentado é a exibição de um grupo de amigos – Solfieri, Bertram, Gennaro, Claudius Hermann, Arnold e Johann – que resolvem compartilhar entre eles as vivências pelo mundo em completa morbidez e lascívia. Seus relatos amorosos, esses que constituem os cinco contos, possuem em comum aspectos com amores nãocorrespondidos, antropofagia, assassinatos, violência sexual, incesto, necrofilia, entre outros. Tendo em vista todos esses temas, amplia-se para um questionamento provocado por um dos personagens, Solfieri, que indaga a respeito da imortalidade da alma, atestando não crer. OS PERSONAGENS Capítulo 2: "Solfieri" Solfieri dispara tomando a frente, narrando suas divagações que desenrolam-se em Roma, a “cidade do fanatismo e da perdição”. Certa noite, Solfieri avista pela janela um vulto de mulher muito bela chorando. Solfieri resolve segui-la e acabam chegando a um cemitério; o vulto desaparece e o personagem interrompe adormecendo sob o frio da noite. A imagem deste vulto o atordoou durante um ano, ainda que Solfieri tentasse, na troca de amores ou de orgias, nada o satisfazia a fim do que se imaginava ser o alento dos beijos da tal moça com quem havia vislumbrado.
The Black Pages Uma noite, um ano depois, após participar de uma orgia, caminhou pelas ruas de Roma e acabou entre “as luzes de quatro círios” que iluminavam um caixão entreaberto. E mais adiante estava a mulher que lhe provocara tantas alucinações, mas que agora era uma defunta. O homem descreve que tomou o cadáver em seus braços, despiu-lhe o véu e para acobertar sua perversidade de necrofilia, ele diz que a mulher não estava morta, mas que apenas havia sofrido um ataque cataléptico. Ao perceber que a mulher continuava viva, ele coloca sua capasobre ela e a leva para seu leito, contemplou-a e, depois de um delírio, a mulher veio afalecer. Solfieri confessa que mandou fazer uma estátua de cera da virgem, guardou-a em seu quarto, a susteve com uma grinalda de flores... Capítulo 3: "Bertram" Em seguida, Bertram, um dinamarquês ruivo, de olhos verdes assume contando uma lembrança de seu desventurado e miserável passado. Bertram começa contando sobre uma espanhola de Cádis, chamada Angela. No decorrer desse romance, o pai de Bertram fica doente, ele recebe uma carta do pai pedindo o seu retorno à Dinamarca. Dois anos depois, ele retorna para a Espanha e durante o tempo em que estava longe Angela casou-se com outro homem, tendo com ele um filho. No entanto, isso não foi o bastante para apagar a paixão enérgica entre os amantes. Bertram aposta em manter um caso velado com Angela, mas seu marido descobre tudo. O personagem conta que a amada Angela mata seu marido e seu filho e acaba por escapar com seu amante Bertram. Mais tarde, em um certo dia e sem maiores explicações, Angela foge. Deixando assim, Bertram em desespero e cada vez mais sucumbido por seus vícios. Por consequência de suas bebedeiras, o personagem desmaia em uma rua e é atropelado por uma carruagem. Um velho e sua filha, que eram os passageiros da carruagem, o socorrem e o levam à sua mansão para que ele possa se recuperar. Bertram se apaixona pela bela moça (com seus 18 anos), que, mais tarde, foge para casar-se com o rapaz. A história infelizmente não termina aqui, logo viria a se cansar da bela moça e a vendê-la para um pirata num jogo de cartas. De tantos fracassos, Bertram decide se matar afogado logo assim que se muda para Itália, mas quando está prestes a fazer isso é salvo por um marinheiro (que acidentalmente foi morto por ele). Chegando a mais uma tragédia de sua vida, Bertram é socorrido (mais uma vez), mas dessa vez por marinheiros e é aceito a bordo em troca de que combatesse, caso fosse necessário. Ao longo da viagem o personagem se apaixona pela esposa do capitão, sendo esse correspondido. Mais tarde, o navio é atacado por piratas e é perdido, porém, fazendo o outro afundar também. O navio encalha em um banco de areia e os náufragos – o capitão do navio, sua esposa, Bertram e dois outros marinheiros – agarram-se a um bote, mas em meio à tempestade, são apenas três que sobrevivem: o capitão, a mulher e Bertram. Mais à frente, os três apostam para ver quem deverá ser morto para servir de alimento para os outros e claro, o escolhido é o capitão, mas este não aceita seu destino e luta por sua vida – em vão. Bertram e a mulher são obrigados a comê-lo devido à falta de comida, mantendo-se por mais dois dias. Passando esses dois dias, a mulher pede a Bertram um último momento de amor antes de sua morte, pois a própria já estava fraca e com fome e, sabia que poderia ser a próxima a morrer. Contudo, com medo de morrer, Bertram a estrangula e passa a viver sozinho até que foi resgatado por um navio inglês.
The Black Pages Capítulo 4: "Gennaro" Gennaro, o pintor, conta que entrou como aprendiz para um velho pintor chamado Godofredo Walsh. O velho pintor, é casado com uma jovem de vinte anos, Nauza, que lhe serve de modelo. Com Godofredo, vive também Laura, de quinze anos, filha de seu primeiro casamento. Gennaro, aos seus dezoito anos, seduz Laura, que durante três meses frequenta o quarto do rapaz. Laura acaba engravidando e implora para que ele a peça em casamento, mas ele recusou porque estava apaixonado pela esposa de Godofredo, Nauza. Então Laura enfraquece. Certa noite, Gennaro é chamado, porque Laura está morrendo e murmura seu nome. O rapaz se achega e ela, sussurrando-lhe ao ouvido, dizendo que matou o filho e vem a falecer. Nesse período, Gennaro e Nauza tornam-se amantes. Em uma noite fria, o mestre arranca o aprendiz da cama e o leva para um passeio fora da cidade, Walsh pôsse a contar uma história (uma que era real) de sua vida, expondo o conhecimento que tinha dos fatos, sabendo que Gennaro fora amante da filha e agora é amante da mulher. O aprendiz e o mestre chegam à beira de um penhasco, o mestre descreve a traição, envolvendo a filha e a esposa e pede ao rapaz para jogar-se precipício abaixo. Gennaro assim o faz, mas, consegue escapar da morte e acorda salvo por camponeses, em uma cabana. Gennaro resolve partir, encontra no caminho o punhal com que o mestre havia tentado usar para matá-lo. Estava irado, foi até a casa do velho pintor, que parecia abandonada. Entrou e tudo estava um breu, tateando até a sala do pintor. Encontrando-a vazia, decidiu então ir ao quarto de Nauza e encontrou-a morta, envenenada pelo marido, que também estava morto por seu próprio veneno. Capítulo 5: "Claudius Hermann" Claudius Hermann, um assíduo apostador, chegou a apostar toda a sua fortuna. O homem expõe sua história, narrando a depravação que o ligava e as orgias das quais fazia parte. Ele conta que uma vez, em Londres, avista uma bela duquesa de nome Eleonora, esposa de um duque chamado Maffio. Em uma corrida de cavalos e se apaixona por ela à primeira vista. Claudius, um homem melancólico e um apreciador da poesia, interrompe a história após uma indagação de Bertram sobre a poesia retratada como um conjunto de sons e palavras, mas os colegas pedem para que o homem continue a narrar a história. Claudius, retorna a história, diga-se de passagem: com uma marca excessivamente sentimentalista. Por seis meses, Claudius Hermann encontra a duquesa em bailes e teatros, o personagem exerceu sobre ela quase que uma obsessão ao ponto de persegui-la. Até que ele consegue subornar um criado e compra a chave do castelo. Uma noite, após um baile, aproveitou do cansaço e sonolência da mulher e, com a chave comprada de um criado, entrou em seu quarto e lhe entorpeceu com um sonífero misturado ao vinho. Em seguida, esperou para que ela pudesse dormir profundamente e, a possui, repetindo o fato, noite após noite, durante um mês.
The Black Pages Um dia, porém, o marido Maffio, também bebe um pouco do sonífero sem saber. Claudius pensa em matálo, em desespero e ciúme, mas muda de ideia. O jovem Hermann sequestra a duquesa enquanto ainda está adormecida. Ao acordar, Eleonora percebe algo de estranho, estava seminua, em um local estranho com um desconhecido. A duquesa enraivece pedindo explicações a Claudius, que conta tudo a ela, forçando-a a ficar com ele. Tal nostálgico e melancólico, o narrador interrompe a narrativa, retira um papel do bolso, mostrando o verso aos colegas. Acaba por si contando que a mulher argumentou ser impossível amá-lo, ele contra-argumentou dizendo-lhe não ser possível alguém perdoá-la, uma vez que estava desonrada. Eleonora, ainda relutante, lhe respondeu que ficava, mas caiu desmaiada. Hermann se cala, pois está confuso e não se recorda de mais nada. Arnold, que despertando em um tom alegre e zombeteiro, dá continuidade ao relato, dizendo que alguns dias depois, Claudius, ao voltar para casa, encontrou o quarto ensanguentado com dois corpos abraçados; eram a duquesa e seu marido.
Capítulo 6: "Johann" É a vez de Johann, o homem conta que sua história se passa por Paris e, de que seu companheiro nessa ocasião é com um rapaz louro de nome Arthur. Johann conta que numa jogada definitiva, o jovem Arthur esbarra na mesa, por descuido ou de propósito. A mesa estremece e Johann é levado à derrota. Furioso, Johann convida Arthur para um duelo, que este então o aceita. Eles param em um hotel para pegar as armas, e lá o rapaz louro escreve duas cartas. Eles partem para uma rua deserta e mal-iluminada de Paris. Eles atiram – mas apenas uma arma estava carregada. Arthur, ao que parece, está prestes a morrer, então entrega a Johann as cartas que escreveu. A primeira está endereçada à sua mãe, e a segunda à sua namorada; o jovem também dá a Johann o endereço de sua namorada e um anel de noivado. Johann tem a brilhante ideia, assim pensa ele, de fingir ser Arthur, para então roubar sua namorada. Ele foi até a casa da moça e a seduziu, no decorrer da noite descobre que a moça era virgem. Ao sair, no dia seguinte, topou com um vulto à porta e uma voz levemente familiar. Johann é atacado por esta pessoa, um homem misterioso. Depois de uma rápida luta, ele mata o homem. Após vencer, Johann resolve ir embora, mas tropeça numa lanterna e por curiosidade escolhe ver o rosto do estranho, porém se choca quando descobre que se tratava de seu irmão. Desesperado e tomado por terror, retorna ao quarto, mas, outra vez, interrompe a narrativa, bebendo mais um copo. O homem conta que encontrou a moça desmaiada, pois havia se assustado com o barulho da briga, a levou para a janela e percebeu que estava com a irmã nos braços. Capítulo 7: "Último beijo de amor" “Último beijo de amor”, fecha a obra Noite na Taverna. Ao contrário dos outros, traz a narrativa em 3ª pessoa. O capítulo oferece um plano em que todos já dormem na taverna. Quando subitamente entra uma mulher pálida, vestida de preto, procurando alguém com uma lanterna na mão. Ela avista Arnold, tenta beijálo, mas volta-se para Johann, tornando-se sombria. A mulher misteriosa não carrega só a lanterna, mas ao que parece um objeto cortante, que é fincada no pescoço de Johann, então ela termina enxugando as mãos ensanguentadas no cabelo do homem ferido.
The Black Pages A mulher vai até Arnold e o desperta. Ele acorda e se assusta ao reconhecê-la; é a irmã de Johann, agora Giorgia, uma prostituta. Arnold pede que lhe chame de Arthur, assim como ela o conhecia. Arthur fica impressionado com a chegada tão inesperada de Giorgia, também, ao perceber que se passava, cinco anos desde a última vez que a viu. Pede-lhes beijos enquanto afirma palavras e juras de amor. Giorgia declara que queria apenas se vingar de Johann, pois depois de ter sido desonrada foi levada a prostituir-se. O rapaz recorda-se do duelo, do tempo passado no hospital para se recuperar, pensando que tudo era um sonho e que havia estado sob uma identidade falsa. Arthur/Arnold espera ficar junto dela agora, mas a moça acha que é tarde demais, pede-lhe apenas um beijo de despedida, porque está prestes a tirar a própria vida. Arnold fica horrorizado ao ver que Johann já se encontra morto, cobre o rosto, enquanto Giorgia cai ao chão. Arnold escolhe apertar o punhal contra o peito e cai sobre ela, após trocarem algumas palavras de amor e um beijo, já se encontram mortos e a luz da taverna se apaga. MANIFESTAÇÃO SOBRE AS TEMÁTICAS ABORDADAS Vinte anos inteiramente intensos e que permitiu deixar uma marca na literatura brasileira. Manoel Antônio Álvares de Azevedo, ou, Álvares de Azevedo foi um escritor da segunda geração romântica (Ultrarromântica, Byroniana ou Mal-do-século), contista, dramaturgo, poeta e ensaísta brasileiro. Foi genial, culto, precoce e construiu pouco em quantidade, porém, muito em virtude clássica, dentro da Língua Portuguesa. Morreu de complicações da tuberculose, aos vinte anos. Biógrafos afirmam que Álvares de Azevedo entrou em delicadas feridas da sociedade brasileira da época e bateu de frente com tabus, com isso em suas obras, sua intenção era para que carregassem traços nãoconformistas e antissociais. Em Noite na Taverna é possível notar o desconforto de que não há justiça, remorso nem compaixão. O texto não almeja dar um susto ou medo no leitor, mas antes, provocar o estranhamento e a repulsa. O autor vem apresentando características como egocentrismo, dualidade, pessimismo e humor negro, concluindo, como um legítimo representante do ultrarromantismo. Sem dúvidas, uma das suas qualidades é, justamente, prender a atenção do leitor em suas páginas, através do intrigante enredo e situações descritas. Não só chamam a atenção, como também choca o público leitor na década de 1850. A obra Noite na Taverna apresenta um mundo totalmente distinto da vida do autor. Com vinte anos apenas, o autor não teve muito tempo para viver imerso em completa devassidão, mas não só isso, sua biografia deixa claro o tipo de valores nos quais ele foi criado. Criado sob a educação de uma tradicional família brasileira, as orgias, a crueldade, e os vícios de seus personagens em nada correspondem à realidade ou à vida do poeta. Diz-se que, na verdade, seria um tipo de fuga. Os sentimentos e vivências que expostos em Noite na Taverna são puramente fantasiosos e criativo. Um escritor brilhante, um poeta original e claro, chama atenção pela qualidade de sua obra surpreendentemente precoce. Seus textos refletem o ambiente de sua época, onde a literatura estava impregnada de pessimismo, ceticismo, morbidez e pressentimento da morte. *Ana Késya Menezes é graduanda em Letras Português-Literaturas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nascida no dia 6 de março de 1999, na cidade de São Gonçalo (RJ), Ana Késya descobriu sua paixão pela escrita desde que aprendeu a escrever, aos 6 anos. Sendo cristã, ela sempre busca expressar questões do cotidiano com sensibilidade e sob a perspectiva da sua fé. Para conhecer mais seus textos acerca de relacionamentos, vida cristã e resenhas literárias, basta acessar http://anakesya.com .
a r u t a r e t i L a l o h n a p s E
SEPTEMBER 2019
A Era do Renascimento O InÃcio do Siglo de Oro
A unificação da Espanha em 1479 e o estabelecimento de seu império no exterior, que começou com a primeira viagem de Cristóvão Colombo ao Novo Mundo (1492-1493), contribuíram para o surgimento do Renascimento na Espanha, assim como a introdução da impressão no país. (1474) e a influência cultural da Itália. Os primeiros humanistas espanhóis incluíam os primeiros gramáticos e lexicógrafos de qualquer língua românica. Juan Luis Vives, os irmãos Juan e Alfonso de Valdés e outros eram seguidores de Erasmus, cujos escritos circularam na tradução a partir de 1536 em diante e cuja influência aparece na figura da Contra-Reforma de Santo Inácio de Loyola, que fundou a Sociedade de Jesus. (Jesuítas), e mais tarde no escritor e poeta religioso Luis de León. A Espanha também não tinha mulheres humanistas; algumas mulheres excepcionais conhecidas por sua erudição ensinaram nas universidades, incluindo Francisca de Nebrija e Lucía Medrano. Beatriz Galindo ("La Latina") ensinou latim à rainha Isabella I; Luisa Sigea de Velasco - humanista, estudiosa e escritora de poesia, diálogos e cartas em espanhol e latim - ensinou na corte portuguesa.Conectando a Idade Média e o Renascimento está a magistral Comedia de Calixto y Melibea (1499), um romance de 16 “atos” em forma de diálogo publicado anonimamente, mas atribuído a Fernando de Rojas. O personagem dominante, a procuradora Celestina, é retratada com realismo insuperável e confere à obra o título pelo qual é comumente conhecida, La Celestina. A análise da paixão e o dramático conflito que a luxúria desencadeia atingem grande intensidade psicológica nesta obra-prima da prosa espanhola, às vezes considerada o primeiro romance realista da Espanha. Essas figuras e obras do início da Renascença prepararam o caminho para o Siglo de Oro (“Era de Ouro”), período frequentemente datado da publicação em 1554 de Lazarillo de Tormes, o primeiro romance picaresco, até a morte em 1681 do dramaturgo e dramaturgo. poeta Pedro Calderón. Comparável à era elisabetana da Inglaterra, embora mais longa, o espanhol Siglo de Oro abrangeu os períodos renascentista e barroco e produziu não apenas drama e poesia que combinam com a estatura de Shakespeare, mas também o célebre romance de Quixote, de Miguel de Cervantes.
POESIA Sobrevivendo por séculos na tradição oral, as baladas espanholas (romances) vinculam o épico heróico medieval à poesia e ao drama modernos. Os primeiros romances datáveis - de meados do século XV, embora a própria forma de romance tenha sido rastreada até o século 11 - tratavam incidentes de fronteira ou temas líricos. Romances anônimos sobre temas heróicos medievais, comemorando a história como aconteceu, formaram o livro-fonte de todos sobre história e caráter nacionais; foram antologizados no Cancionero de romances de Antuérpia ("Ballad Songbook") e nos romances de Silva de varios ("Miscelânea de várias baladas"), ambos publicados por volta de 1550 e repetidamente a partir de então. A forma de romance (octossilábica, linhas alternativas com uma única assonância) foi rapidamente adotada pelos poetas cultos e também se tornou o meio de escolha do verso narrativo popular.
O catalão Juan Boscán Almogáver reviveu as tentativas de italianoizar a poesia espanhola, reintroduzindo medidores italianos; ele precedeu Garcilaso de la Vega, com quem a letra culta renasceu. Garcilaso adicionou intensas notas pessoais e temas característicos do Renascimento a uma técnica poética magistral derivada dos poetas medievais e clássicos. Seus curtos poemas, elegias e sonetos moldaram o desenvolvimento da poesia lírica da Espanha em todo o Siglo de Oro.Frei Luis de León, adotando algumas das técnicas de versos de Garcilaso, tipificou a "escola de Salamanca", que enfatizava o conteúdo e não a forma. O poeta e crítico Fernando de Herrera dirigia uma escola contrastante em Sevilha, derivada igualmente de Garcilaso, mas preocupada com sentimentos sutilmente refinados; O notável verso de Herrera expressou temas heroicos tópicos de maneira vibrante. A popularidade dos medidores nativos curtos foi reforçada pelas coleções tradicionais de baladas (romanceros) e pelo drama em evolução. Os modelos para a poesia épica eram obras dos poetas italianos Ludovico Ariosto e Torquato Tasso, mas os temas e heróis dos épicos espanhóis celebravam a conquista ou defesa no exterior do império e da fé no exterior. Alonso de Ercilla e Zúñiga alcançou uma distinção épica com Araucana (publicado em 1569-1590), narrando a resistência nativa à conquista da Espanha no Chile. Uma tentativa semelhante ao épico, Dragontea de Lope de Vega (1598), reconta a última viagem e morte de Sir Francis Drake.
DRAMA
O drama espanhol se originou na igreja. O Auto de los reyes magos ("Jogo dos Três Reis Magos"), datado da segunda metade do século XII, é um jogo incompleto do ciclo da Epifania. É o único texto existente do drama espanhol medieval. A caracterização realista da peça dos Reis Magos e de Herodes e seus conselheiros e sua forma polimétrica prenunciaram aspectos do desenvolvimento dramático posterior na Espanha. Uma referência no código legal do rei Alfonso X sugeriu a existência de um drama secular popular no século 13, mas nenhum texto sobreviveu. Esses juegos (pequenos entretenimentos satíricos dados pelos jogadores que viajam) antecederam as peças que constituem uma das principais contribuições da Espanha para gêneros dramáticos: os pasos, entremeses e sainetes, todos pequenos trabalhos tipicamente engraçados originalmente usados como interlúdios. Juan del Encina ajudou a emancipar o drama de laços eclesiásticos, dando performances para nobres patronos. Seu Cancionero (1496; "Songbook") contém diálogos dramáticos pastorais-religiosos em dialeto rústico, mas ele logo se voltou para temas seculares e farsa vívida. Sua concepção de drama evoluiu durante sua longa estadia na Itália, com o medievalismo nativo se transformando em experimentação renascentista. O trabalho do discípulo português de Encina, Gil Vicente, um poeta da corte de Lisboa que escreveu em castelhano e português, mostrou uma naturalidade significativamente melhorada do diálogo, agudeza da observação e senso de situação.
A transição do drama da corte para o mercado e a criação de um público mais amplo foram realizadas em grande parte por Lope de Rueda, que viajou pela Espanha com sua modesta trupe, apresentando um repertório de sua própria composição. Suas quatro comédias em prosa foram chamadas de desajeitadas, mas seus dez pasos mostraram seus méritos dramáticos. Ele foi o pai da peça de um ato da Espanha, talvez a forma dramática mais vital e popular do país. O primeiro dramaturgo a perceber as possibilidades teatrais das baladas foi Juan de la Cueva. Suas comédias e tragédias derivaram em grande parte da antiguidade clássica, mas em Los siete infantes de Lara ("Os sete príncipes de Lara"), El reto de Zamora ("O desafio de Zamora") e La libertad de España por Bernardo del Carpio ( “A Libertação da Espanha por Bernardo del Carpio”), todos publicados em 1588, ele reviveu lendas heróicas familiares em romances e ajudou a fundar um drama nacional.
PROSA ( ESCRITA HISTÓRICA )
A prosa antes da Contra-Reforma produziu alguns diálogos notáveis, especialmente o Diálogo de Mercúrio e Carón de Alfonso de Valdés (1528; "Diálogo entre Mercúrio e Caronte"). O Diálogo de la lengua de Juan de Valdés, irmão de Juan de Valdés, alcançou grande prestígio crítico. Os temas da história e do patriotismo floresceram à medida que o poder da Espanha aumentou; entre as melhores realizações desta época foi a tradução de Juan de Mariana para o espanhol (1601) de sua história latina da Espanha, que marcou o triunfo do vernáculo para todos os fins literários. Os principais marcos da escrita histórica emanavam do Novo Mundo, transmutando experiências vitais para a literatura com vivacidade desacostumada. As cartas e relatos de Cristóvão Colombo de suas viagens, as cartas e relatos ao rei Carlos V de Hernán Cortés e narrativas semelhantes de conquistadores mais humildes abriram novos horizontes aos leitores. Tentando capturar paisagens exóticas em palavras, eles ampliaram os recursos do idioma. O mais envolvente desses escritos foi a História verdadera da conquista da Nova Espanha (1632; Verdadeira história da conquista da Nova Espanha) pelo explorador Bernal Díaz del Castillo. O frei Bartolomé de Las Casas, às vezes chamado de “Apóstolo das Índias”, escreveu Brevísima Relação da Destruição das Índias (Uma Pequena Conta da Destruição das Índias, ou As Lágrimas dos Índios) em 1542, criticando a política colonial espanhola e abuso da população nativa. Seu trabalho ajudou a dar origem, entre os inimigos da Espanha, à infame Leyenda Negra ("Lenda Negra").
O ROMANCE O gosto popular do romance foi dominado por um século pela descendência do romance medieval medieval Amadís de Gaula. Esses romances de cavalaria perpetuavam certos ideais medievais, mas também representavam puro escapismo, provocando reações literárias como o romance pastoral e o romance picaresco. O primeiro, importado da Itália, exalava nostalgia pela idade de ouro das Arcadas; seus pastores eram cortesãos e poetas que, como os cavaleiros errantes do romance cavalheiresco, viravam as costas para a realidade. A Diana de Jorge de Montemayor (1559?) Iniciou a moda pastoral da Espanha, que mais tarde foi cultivada por escritores importantes como Cervantes (La Galatea, 1585) e Lope de Vega (La Arcadia, 1598).
Outra reação apareceu no romance picaresco, um gênero iniciado com o anônimo Lazarillo de Tormes (1554). Esse gênero espanhol nativo, amplamente imitado em outros lugares, apresentava como protagonista um pícaro (“ladino”), essencialmente um anti-herói, vivendo de bom humor e preocupado apenas em permanecer vivo. Passando de mestre em mestre, ele retratou a vida por baixo. Significativa para guiar a ficção à observação direta da vida, a fórmula picaresca é imitada há muito tempo, até escritores do século XX como Pío Baroja, Juan Antonio de Zunzunegui e Camilo José Cela.Miguel de Cervantes, a figura proeminente na literatura espanhola, produziu em Dom Quixote (parte 1, 1605; parte 2, 1615) o protótipo do romance moderno. Nominalmente satirizando o romance moribundo de cavalaria, Cervantes apresentou a "realidade" em dois níveis: a "verdade poética" de Dom Quixote e a "verdade histórica" de seu escudeiro, Sancho Panza. Onde Dom Quixote viu e atacou um exército em avanço, Sancho viu apenas um rebanho de ovelhas; o que Sancho percebeu como moinhos de vento eram gigantes ameaçadores para os cavaleiros errante. A interação constante dessas atitudes raramente compatíveis revelou o potencial do romance para comentários filosóficos sobre a existência; a interação dinâmica e a evolução dos dois personagens estabeleceram o realismo psicológico e abandonaram as caracterizações estáticas da ficção anterior. Nos Novelas ejemplares (1613; “Contos Exemplares”), Cervantes afirmou ser o primeiro a escrever romanas (contos à maneira italiana) em espanhol, diferenciando entre narrativas que interessam por sua ação e aquelas cujo mérito está no modo de dizendo.
Maria de Zayas e Sotomayor, a primeira romancista da Espanha, estava entre as poucas escritoras do período que não pertenciam a uma ordem religiosa. Ela também publicou contos de inspiração italiana, nas coleções Novelas amorosas y ejemplares (1637; Eng. Trad. Os encantamentos do amor: romances amorosos e exemplares) e Desengaños amorosos (1647; “Desilusão no amor”). Ambos empregam estruturas de enquadramento nas quais, como o Decameron de Giovanni Boccaccio, homens e mulheres se reúnem para contar histórias; muitos personagens da primeira coleção aparecem na segunda, incluindo a protagonista, Lisis. As histórias de Novelas amorosas são contadas durante as noites, as de Desengaños durante os dias; a maioria diz respeito à "batalha dos sexos", com vítimas inocentes e malfeitores de ambos os sexos, mas conspirações tratam da sedução, traição, abuso e até tortura de mulheres indefesas.
ESCRITOS MÍSTICOS O florescimento do misticismo espanhol coincidiu com a contra-reforma, embora os antecedentes apareçam, particularmente no judeu espanhol expatriado León Hebreo, cujo Dialoghi di amore (1535; "Os Diálogos do Amor"), escrito em italiano, influenciou profundamente o século XVI e depois pensamento espanhol. A importância literária dos místicos deriva de tentativas de transcender as limitações da linguagem, liberando recursos de expressão anteriormente inexplorados. Os escritos de Santa Teresa de Ávila, notadamente sua autobiografia e cartas, revelam um grande romancista embrionário. Em sua prosa e em sua poesia, Frei Luis de León demonstrou devoção apaixonada, sinceridade e profundo sentimento pela natureza, em um estilo de pureza singular; ele também escreveu um tratado conservador sobre a educação das mulheres, La perfecta casada (1583; A Esposa Perfeita), encobrindo Provérbios 31. São João da Cruz alcançou preeminência através de poemas de estilo exaltado que expressavam a experiência da união mística.
Escritos sobre mulheresEntre as vozes femininas que defendiam os interesses das mulheres durante o Renascimento e Siglo de Oro estavam Sor Teresa de Cartagena no século XV e Luisa de Padilla, Isabel de Liaño e Sor Maria de Santa Isabel no início do século XVI. Eles eram defensores dos direitos das mulheres à educação e do livre arbítrio no matrimônio. As reações tradicionalistas durante a Contra-Reforma incluíram tratados sobre o treinamento de mulheres, como o Espejo da Perfeita Esposa de Fray Alonso de Herrera (c. 1637, "Espelho da esposa perfeita").
Texto original: https://www.britannica.com/art/Spanish-literature
Isaac NUNES
Se o destino de falasse de você, eu ficaria em dúvida. Hoje eu não duvido que você é minha alma gêmea. Se a razão comentasse seu nome, eu acharia um erro no raciocínio. Hoje já não vejo razão para não te ter. Se a saudade me dissesse que a sentiria por você, teríamos brigado feio. E hoje ela me domina todos os dias. Se o amor me contasse que meu coração seria seu, teria o arrancado do peito. E eu arranquei. Hoje você é meu coração fora de mim. Com amor para Larissa Moreira Nunes
escritonoquarto.blogspot.com
Felipe MARCOS
RECOMEÇAR Eis-me aqui como uma obra abandonada, sem saber como, quando e se vou novamente recomeçar do zero. Tudo o que tracei para me reconstruir parece ter sido em vão. A ponte que parecia me levar para um lugar melhor, terminou em um vazio. O sol que parecia brilhar, foi ofuscada pelo retorno das tempestades. Trouxe com ela doenças mortais, e, na verdade, eu sempre soube que o mundo lá fora era frio, vazio, mas é pior que eu pensava. A batalha dos reinos se acirrou, cada um com o seu objeto de devoção. De tempos em tempos, sou obrigado a fazer menção à carta aos idólatras, o maior dos vírus. O circo está novamente em lágrimas, o cenário é de terra arrasada, o palhaço já não tem mais forças pra sorrir. E eu? Acho que estou lentamente regressando ao fundo do mar, aonde me afoguei anteriormente. Aprendi a nadar por essas águas, mas uma hora os braços cansam. Mas de todas as coisas que ainda me faltam aprender, a que eu mais quero pra que eu possa ter paz é ser grato, pelo sim e pelo não, pelo deserto, e pela bonança.
JOÃO DIAS
Fora da Caixa
(Em homenagem ao grupo Cristãos Fora da Caixa) Alguns tentam limitar a seu modo de visão quadrada A multiforme graça de um infinito e informe Deus Encaixotam o poder transformador de uma salvação total Enquanto a criação inteira persiste em gemer com dores de parto Olhamos pros nossos narizes evocando "a salvação é individual" E com ela persistimos em negar também a outros abençoar Batemos no peito em todo culto repetindo mantras vãos Enquanto cuspimos santidade, os "pecadores" morrem em dores Até quando vamos sufocar nossa fé com ideologias E aprisionar a Verdade em caixões de egoísmo As pedras que clamam um dia poderão nos apedrejar Exceto se acordamos pra luz divina e nos pormos Fora da caixa Os que escondem sua luz debaixo do alqueire Serão os que tropeçarão no pior abismo Aqueles que causam a queda como pedras de escândalo Serão despedaçados quando a Rocha desprezada Cair sobre eles (11/06/2020)
GUTOX WINTERMOON
A Canção dos Pássaros Nem amanheceu e estou criando uma canção para os pássaros cantarem quando eu despertar do meu sono.Olhei para o alto e vi que o céu nunca tinha ficado tão azul quanto agora e ainda nem amanheceu. Estou compondo. Sempre falo sobre o tempo, gosto de falar sobre quem se torna amigo e ele tem me abraçado por um bom tempo. É um abraço longo e neste momento eu crio o solo. Páginas soltam da parede e o relógio salta os olhos quando vê que horas são e eu aqui acordado. A harmonia está tomando forma. Às vezes a vida te ensina coisas que em primeiro momento você acredita que não está preparado, mas sempre é uma boa hora para aprender algo novo e por isso apaguei a primeira estrofe. Recompondo os versos sinto faíscas na minha cabeça. Estou observando as pessoas daqui de cima, a porta está entreaberta e estou reescrevendo cada trecho que ainda não foi composto. Engraçado que quando você se concentra, as tríades parecem dançar sobre a melodia e é neste momento que o refrão entra. Eu me perdi no buraco do coelho bem quando afinava minha caneta, mas não me renderei. Talvez você não entenda o que está acontecendo, por isso te peço que volte para a primeira linha e assobie a melodia. Meus
braços
estão
cansados
e
sinto
pesos
nos
olhos,
isso
daria
um
ótimo
desfecho, porém as métricas não estariam em suas formalidades. A
vida
nem
sempre
é
exata,
mas
é
uma
equação
que
tentamos
resolver
diariamente. Tudo isso acontece para que possamos nos lembrar que somos feitos de outono e que independente da estação haverá alguém cantando quando você acordar pela manhã.E aqui estou eu terminando todas as partes enquanto as palavras explodem sob meus dedos e a harmonia exala no ar. Iniciarei esta parte com fusa para não haver qualquer mal-entendido sob quaisquer perspectivas.Parei aqui e lembrei da saudade que assola. O
sol
logo
vem
e
a
manhã
transforma
tudo
em
poesia,
por
isso
que
estou
escrevendo uma canção e assim ouvirei aquilo que será bom.O silêncio acalma o coração e eu quase perco o tom quando saí do tema proposto inicialmente, mas já finalizei todo o conceito. Eu sei que o dia será o melhor possível, pois quando eu acordar começará o meu concerto e dar-se-á início ao meu conserto e é com essa certeza que entrego tudo ao maestro e em paz me deito.
TICÃO
Fragmentos de Nada O abraço do pavão verde-amarelo De boca grande e braços curtos, Fadiga os que ouvem seu total Negativismo, Se lança sob quem se aproxima E não cria laços, só amarra Quem cai em suas garras. Faz com que o tempo seja longo demais Para quem quer viver e não suporta Tamanha lorota que o falador Cheio de prosa se desconversa Em meio a sua palestra sobre quaisquer Que seja o assunto da mesa Vira e mexe, ele está ali de novo Falando muito para quem agrega pouco Pisa pesado, pra quem tem medo de muito Fala fino quando lhe falam grosso Retrato atemporal da moral falha Olho por olho, dente por dente Língua na navalha, Sangue escorre pelos dedos De tempos em tempos Ciclos indefinidos finitos(ou não Que nem cabe no calendário Maia.
livros na prateleira Certas portas não devem ser abertas. E Coraline descobre isso pouco tempo depois de chegar com os pais à sua nova casa, um apartamento em um casarão antigo ocupado por vizinhos excêntricos e envolto por uma névoa insistente, um mundo de estranhezas e magia, o tipo de universo que apenas Neil Gaiman pode criar. Ao abrir uma porta misteriosa na sala de casa, a menina se depara com um lugar macabro e fascinante. Ali, naquele outro mundo, seus outros pais são criaturas muito pálidas, com botões negros no lugar dos olhos, sempre dispostos a lhe dar atenção, fazer suas comidas preferidas e mostrar os brinquedos mais divertidos. Coraline enfim se sente... em casa. Mas essa sensação logo desaparece, quando ela descobre que o lugar guarda mistérios e perigos, e a menina se dá conta de que voltar para sua verdadeira casa vai ser muito mais difícil ― e assustador ― do que imaginava.
Feminilidade Radical Como podemos entender o delicado equilíbrio entre a influência cultural, a perspectiva histórica e a autoridade bíblica quando se trata de nosso papel como mulheres no lar, no trabalho, na igreja e na cultura? De que forma as três ondas do feminismo impediram a visão de Deus para as mulheres? E, finalmente, como podemos entender para onde ir a partir daqui? Em meio à confusão radical de nossa cultura acerca da feminilidade, Carolyn ensina a verdade radical do plano sábio e gracioso de Deus para as mulheres. A Autora: Carolyn McCulley é autora, palestrante e cineasta. Ela já escreveu para várias publicações, incluindo The Washington Post e Christianity Today, e ministérios como The Gospel Coalition, Desiring God, True Woman e outros.
3 Palavrinhas Só O QUE O CORAÇÃO GRATO VÊ Algumas coisas não foram feitas para coexistir. Rabos compridos de gatos e cadeiras de balanço. Combinação ruim. Touro numa loja de louça? Não é uma boa ideia. Bênçãos e amargura? Esta é uma mistura que não fica bem com Deus. Talvez você já a experimentou? A gratidão não vem naturalmente. A pena de si mesmo, sim. Reclamações sim. No entanto, não combinam bem com a bondade que temos recebido. Eu participei de um banquete em que um soldado recebeu a doação de uma casa. Ele quase caiu de gratidão. Ele abraçou o guitarrista da banda, a mulher na fileira da frente. Ele agradeceu o garçom e os outros soldados. Ele até me agradeceu e eu nada fiz. Não é que nós devíamos ser gratos também? João 14:2 diz que Jesus está preparando uma casa para nós. Nossa escritura de posse é tão certo quanto a daquele soldado! O coração grato vê todo dia como um presente. https://www.maxlucado.com.br/devocional-diario/o-que-o-coracao-grato-ve/
Cartas Para Ninguém
Theodor Mauss
Olá! Hoje pude responder à tua carta, infelizmente tive alguns imprevistos, mas graças à Deus está tudo certo. Ultimamente tem sido uma benção apesar de todas as coisas que está nos acontecendo. Fico
feliz
por
estar
tudo
bem
contigo
também,
muito
bom
saber
de
todas
estas
novidades. Ainda bem que toda aquele problema já se foi, não é? Agora é seguir em frente e viver a vida da melhor forma possível. Eu tenho lido vários livros e estou aproveitando este tempo um pouco livre para poder exercitar meu corpo. Estou tentando seguir aquele velho lema "mente sã, corpo são". Pelas tuas cartas, você também está tentando manter a saúde em dias. Isso é muito bom! Mas mudando um pouco de assunto... Seria interessante você se manter um pouco em casa, estou vendo os noticiarios e tenho me preocupado. Mas acredito que Deus está no controle. Já leu aquele livro do John Piper? Corona e Cristo. Me surpreendeu. Vou enviar um exemplar para você. Creio que irá gostar.
Mande mais notícias. Deus te abençoe sempre.
Forte abraço, do seu amigo, Theodor Mauss
Um Acidente G.K Chesterton
UM AMIGO MEU, que estava visitando uma pobre mulher enlutada e procurava alguma frase de consolo que não fosse insolente nem fraca, disse, enfim: “Acredito que é possível atravessar essas grandes penas e sair delas melhor do que se entrou. O que desgasta são as pequenas preocupações”. “É bem verdade”, respondeu a velha senhora com ênfase, “e eu sei bem disso, considerando que tive uma dezena delas.” É, talvez, neste sentido que é profundamente verdadeiro que as pequenas preocupações são as mais desgastantes. Em seu significado mais vago, embora a expressão contenha uma verdade, contém também algumas possibilidades de auto-engano e erro. As pessoas que têm tanto grandes quanto pequenos problemas têm o direito de dizer que consideram piores os pequenos, e é indubitavelmente verdade que as costas que estão vergadas sob fardos incríveis conseguem sentir um leve aumento sob eles: um gigante sustentando a terra e toda a sua criação animal poderia achar que o gafanhoto é um fardo a mais. Mas temo que a máxima de que as menores preocupações são as piores seja às vezes usada e abusada pelas pessoas porque elas não têm senão as menores de todas as penas. A dama pode desculpar a si mesma por irritar-se com uma pétala de rosa amassada refletindo sobre a extraordinária dignidade com que ela usaria a coroa de espinhos – se fosse preciso. O cavalheiro pode permitir-se maldizer o jantar e imaginar que se portaria muito melhor se fosse mera questão de passar fome. Não é preciso negar que o gafanhoto no ombro de um homem é um fardo; mas não precisamos respeitar excessivamente o cavalheiro que está sempre dizendo que preferiria carregar um elefante quando sabe que não há elefantes no país. Podemos admitir que uma palha pode quebrar as costas de um camelo, mas gostamos de saber que é realmente a última palha e não a primeira. Admito que aqueles que sofrem grandes males têm um direito real de queixar-se, desde que se queixem sobre outra coisa. É um fato singular que, se são pessoas sãs, quase sempre queixamse mesmo sobre outras coisas. Falar de forma racional sobre os próprios problemas reais é a forma mais rápida de perder a cabeça. Mas pessoas com grandes problemas falam sobre os pequenos, e o homem que reclama da pétala de rosa amassada tem com freqüência sua carne cheia de espinhos. Porém, se um homem tem habitualmente uma vida diária muito clara e feliz, então acho que temos o direito de pedir-lhe que não transforme tocas de toupeira em montanhas. .Não nego que as toupeiras possam às vezes ser importantes. Pequenos aborrecimentos têm em si esta maldade, de que podem ser mais abruptos porque são mais invisíveis; não projetam sombras diante de si, não têm atmosfera. Ninguém nunca teve uma premonição mística de que iria tropeçar no genuflexório. William III morreu por tropeçar em uma toca de toupeira; não creio que com todas as suas diversas habilidades ele conseguisse tropeçar em uma montanha.
Mas, levando tudo isso em consideração, repito que podemos pedir a um homem feliz (não William III) que suporte o que é pura inconveniência, e até que faça dela parte de sua felicidade. Não me refiro aqui à dor objetiva ou à pobreza objetiva. Refiro-me àquelas inúmeras limitações acidentais que estão sempre cruzando nosso caminho – mau tempo, confinamento a esta ou aquela casa ou aposento, desencontros, esperas em estações de trem, extravios de correspondência, deparar-se com a falta de pontualidade quando quereríamos pontualidade, ou, o que é pior, encontrar pontualidade onde não a queríamos. É sobre os prazeres poéticos que podem ser tirados de todas estas coisas que eu canto – canto com confiança, pois recentemente experimentei os prazeres poéticos que surgem de ter de sentar-se em uma cadeira por causa de uma torção no pé, sendo a única alternativa ficar em uma só perna como uma cegonha – uma cegonha é uma imagem poética: portanto, adotei-a avidamente. Para apreciar qualquer coisa, devemos sempre isolá-la, mesmo se a coisa em si simboliza algo diferente do isolamento. Se desejamos ver o que uma casa é, deve tratar-se de uma casa em alguma paisagem desabitada. Se quisermos representar o que um homem realmente é, devemos representar um homem sozinho em um deserto ou em alto-mar. Enquanto é uma figura solitária, significa tudo o que a humanidade é; enquanto for solitário, significa a sociedade humana; enquanto for solitário, significa sociabilidade e camaradagem. Acrescente-se outra personagem e a imagem torna-se menos humana – e não mais. Um é companhia, dois é nenhum. Se você deseja simbolizar a construção humana, desenhe uma torre escura no horizonte; se deseja simbolizar a luz, que não haja estrelas no céu. De fato, durante todo esse período estranhamente iluminado ao qual chamamos dia há apenas uma estrela no céu – uma grande e ardente estrela que chamamos sol. Um sol é esplêndido; seis sóis seria apenas vulgar. Uma Torre de Giotto é sublime; uma fileira de Torres de Giotto seria apenas como uma fileira de postes brancos. A poesia da arte está em contemplar a torre solitária; a poesia da natureza em contemplar a árvore solitária; a poesia do amor em seguir a mulher solitária; a poesia da religião em adorar a estrela solitária. E assim, na mesma pensativa lucidez, percebo que a poesia de toda a anatomia humana está em ficar sobre uma perna. Para expressar uma completa e perfeita “pernice”, a perna deve ficar em um sublime isolamento, como a torre no deserto. Como Ibsen diz tão bem, a perna mais forte é aquela que é mais solitária. Esta perna solitária sobre a qual repouso tem toda a simplicidade de uma coluna dórica. Os estudantes de arquitetura contam-nos que o único uso legítimo de uma coluna é suportar peso. Esta minha coluna preenche sua legítima função. Ela suporta peso. Sendo de consistência animal e orgânica, poderá até mesmo aperfeiçoar-se por esse processo, e, durante estes poucos dias em que estou equilibrado de forma desigual, o desamparo ou deslocamento de uma perna poderá ser compensado pela espantosa força e pela beleza clássica da outra.
Mrs. Mountstuart Jenkinson, da novela de Mr. George Meredith, poderia passar a qualquer momento e, ao ver-me em minha atitude de cegonha, exclamar, com a mesma admiração e uma exatidão mais literal: “Ele tem uma perna.” Notem como esta famosa frase literária apóia meu argumento sobre esse isolamento de qualquer coisa admirável. Mrs Mountsuart Jenkinson, desejando ilustrar de forma clara e perfeita a graça humana, disse que Sir Willoughby Patterne tinha uma perna. Ela delicadamente passou por alto e omitiu o desajeitado e ofensivo fato de que ele na verdade tinha duas. Duas pernas seriam supérfluas e irrelevantes, um reflexo e uma confusão. Duas pernas teriam confundido Mrs Mountstuart Jenkinson como dois Monumentos em Londres. Que já tendo uma perna boa ele tivesse outra – isso seria o mesmo que usar vãs repetições como fazem os gentios. Ela ficaria tão desconcertada quanto se ele fosse uma centopéia. Todo pessimismo tem um otimismo secreto como seu objeto. Toda desistência da vida, toda negação de prazer, toda escuridão, toda austeridade, toda desolação tem como real objetivo esta separação de algo que possa assim ser pungente e perfeitamente aproveitado. Sinto-me grato pela leve torção que introduziu esta misteriosa e fascinante divisão entre um dos meus pés e o outro. O caminho para amar qualquer coisa é dar-se conta de que ela poderia ser perdida. Em um dos meus pés posso sentir quão forte e esplêndido é um pé; no outro posso perceber quão diferente ele poderia ter sido. Amoral disto é totalmente entusiasmante. Este mundo e todos os nossos poderes nele são muito mais terríveis e belos do que até mesmo nós sabemos, até que algum acidente no-lo recorde. Se você deseja perceber aquela felicidade sem limites, limite-se mesmo que apenas por um momento. Se deseja perceber quão tímida e maravilhosamente você foi criado à imagem de Deus, fique de pé sobre uma só perna. Se quer dar-se conta da esplêndida visão de todas as coisas visíveis – pisque um olho. Extraído do livro "Tremendas Trivialidades" publicado pela editora Ecclesiae
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Feliz daquele que no livro d'alma não tem folhas escritas. E nem saudade amarga, arrependida, nem lágrimas malditas. ÁLVARES DE AZEVEDO
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