Primeiro Parágrafo N° 13

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ÍNDICE

04 / A BELA ADORMECIDA E O AUTOR DIVINO

09/ ENTREVISTA COM DANIEL DUTRA

13 / THE BLACK PAGES COM NEIL GAIMAN

19 / 3 PALAVRINHAS SÓ

20 / LITERA BR COM OS MELHORES ESCRITORES BRASILEIROS

35/ LITERATURA CELTA

40/ CARTAS PARA NINGUÉM- THEODOR MAUSS

41/ A DEFESA DO NONSENSE- G.K. CHESTERTON


notas do editor-chefe Para algumas pessoas o número 13 é sinônimo de azar, ou "má sorte" como alguns preferem chamar. Como não acredito nisso, resolvi fazer com que a décima terceira edição da nossa revista fosse a melhor possível. Para Zagallo, este número nunca significou algo ruim, muito pelo contrário, ele o considera seu número da sorte. Apesar da falta de crença entre o azar e a sorte, prefiro o que o mestre do futebol fala sobre o 13. Mas, como este não é o foco da nossa conversa, eu gostaria de agradecer-te, meu querido leitor, sei que você está aqui por gostar do que vemos fazendo nestes últimos tempos. Aqui você terá literatura, entrevista boa, Neil Gaiman, Chesterton, Theodor Mauss, Literatura Celta e textos dos melhores escritores do Brasil. Eu só posso desejar que você tenha uma boa leitura, pois certamente você terá. Te aguardo no próximo mês!

Augusto Rocha


A Bela Adormecida e o Autor Divino MARTIN COTHRAN

Uma noite, quando nossa família estava junta, meu neto de seis anos veio até mim (como costuma fazer), agarrou minha mão e me pediu que lesse uma história para ele. Então, fui até a estante onde guardamos os livros de nossos filhos; estava ficando tarde e precisávamos de algo bem curto. Olhei em volta até ver uma cópia antiga da história da "Bela Adormecida". Nós nos acomodamos no sofá com o Pequeno Livro Dourado e ele ouviu atentamente enquanto eu lia. A Bela Adormecida, como meu neto ouviu naquela noite, é a história de uma princesa chamada Aurora que é visitada por três boas fadas - Flora, Fauna e Merryweather - no dia de seu batizado. Flora dá a ela o dom da beleza e Fauna o dom da música. Mas antes que Merryweather possa dar seu presente, a cerimônia é interrompida por Maleficent, a "fada das trevas". Malévola, chateada por não ter sido convidada para a cerimônia, lança uma maldição sobre a criança: Em seu décimo sexto aniversário, Aurora vai picar o dedo em um fuso e morrer. Mas Merryweather, cuja bênção foi interrompida, ainda tem seu presente para dar. Ela declara que a criança não morrerá, mas apenas adormecerá até que seja despertada pelo beijo de seu verdadeiro amor.


Na tentativa de evitar a maldição, as três boas fadas levam Aurora para uma pequena cabana na floresta para criá-la em segredo, chamando-a de Rosa de Briar. Pouco antes de seu aniversário de dezesseis anos, ela conhece um jovem na floresta e se apaixona por ele e ele por ela. Cada um pensa que o outro é um plebeu. Quando ela vai para casa e conta às fadas madrinhas, elas finalmente contam a ela sobre a maldição. Eles explicam que depois de seu aniversário, quando o feitiço maligno terminar, ela será levada de volta ao castelo, onde se casará com um príncipe que seus pais escolheram para ela. Briar Rose está arrasada; ela conheceu seu verdadeiro amor e não quer se casar com um príncipe que ela nunca conheceu. Enquanto isso, Phillip, o jovem na floresta, retorna para casa em seu castelo e, após ser lembrado de que não é livre para se casar com quem deseja, mas com uma princesa da escolha de sua família, renuncia ao trono. Ele retorna à floresta na esperança de encontrar Briar Rose, que já foi levada de volta ao castelo de sua família. Quando Briar Rose retorna ao castelo, ela é pega nos desenhos finais de Malévola, que a atrai para uma sala alta onde ela pica o dedo em um fuso e adormece. As três boas fadas a encontram. Eles sabem que a única maneira de reanimá-la é através do beijo de seu verdadeiro amor, mas não sabem onde procurar por ele. Quando as fadas ouvem que Phillip renunciou ao trono e à família por causa de uma garota na floresta, elas percebem que ele é o homem de que precisam. Eles o encontram e o armam com três coisas: a Espada da Verdade, o Escudo da Virtude e a Força do Amor Verdadeiro - uma imagem do Verdadeiro, do Bom e do Belo. Malévola, com todo seu poder maligno, confronta Phillip antes que ele alcance Aurora. Mas o mal, aprendemos, não é páreo para o verdadeiro, o bom e o belo. Malévola é derrotada e Aurora, revivida pelo beijo de seu verdadeiro amor, desperta. Os dois amantes, sem saber que foram prometidos um ao outro, casam-se e, claro, vivem felizes para sempre. Isso, para qualquer pessoa familiarizada com a história, é também a versão Disney da história. Disney filosofa a relação entre Briar Rose e o príncipe de uma forma que torna a história, de uma forma simples e sutil, um comentário sobre o problema do destino e da liberdade. Qual é o problema do destino e da liberdade? É que queremos a garantia de que o universo está sob o controle de alguém ou algo e não é aleatório (ou, como diriam os existencialistas, “absurdo”), mas também sabemos que, para sermos criaturas verdadeiramente morais, devemos em certo sentido, ser livre para tomar as decisões pelas quais podemos ser moralmente julgados.


Um problema semelhante torna-se evidente no pensamento cristão primitivo, que sustentava que Deus era soberano e o homem responsável. Parecia que estávamos em um dilema: se Deus dita tudo o que acontece, então parece que o homem não é livre para escolher seu próprio caminho na vida, pois Deus já traçou o curso de seu caminho, e se o homem é livre para escolher seu próprio caminho, então Deus não é soberano sobre o curso do homem, pois o homem determina seu próprio caminho. Como podemos evitar nos empalar em um dos chifres desse dilema? Muito pergaminho foi gasto na tentativa de lidar com esse problema, e a história do pensamento cristão está repleta de tentativas de resolvê-lo. “Muitos escritores”, disse o teólogo reformado holandês Herman Bavinck, argumentam ou de tal forma que atribuem todas as coisas e eventos à vontade de Deus e consideram a resistência inadmissível, ou limitam a providência de Deus e colocam muitas coisas nas mãos dos humanos. ... A Escritura, no entanto, nos adverte contra esse antinomianismo e este Pelagianismo; corta pela raiz toda resignação falsa e fatalista, de um lado, e toda autoconfiança presunçosa, do outro. Mas como essas verdades aparentemente conflitantes podem ser reconciliadas? Agostinho plantou as sementes de uma explicação no início do século V d.C., que culminou em uma distinção explicitada por Tomás de Aquino - entre causação primária e secundária - uma distinção aceita por pensadores cristãos de diversas tradições. A maneira mais fácil de explicar a distinção de Tomás de Aquino é por meio da analogia da relação entre um autor e sua história. Os eventos em cada história - desde os pensamentos e ações dos personagens às consequências da trama - são ditados pelo autor. Esta é a causa primária. Da perspectiva da história, entretanto, cada personagem toma suas próprias decisões. Eles parecem resultar perfeitamente de condições anteriores dentro da história, e as ações dos personagens parecem ser produtos de sua própria vontade. Esta é a causalidade secundária. Mas a analogia não é perfeita porque, é claro, um autor humano é diferente de Deus o Autor; um escritor humano só pode fabricar personagens, só pode aproximar o ato da verdadeira criação. Deus é um Criador, mas o homem, nas palavras de J. R. R. Tolkien, é apenas um subcriador. Os personagens de um autor em uma história são autômatos, apenas capazes de refletir a vontade e os objetivos do autor humano.


Deus é um autor no sentido supremo: em Seu ato de criação real, Ele torna possível todas as nossas ações. Em Sua soberania, todo personagem tem seu começo, meio e fim, mas Ele estimula e torna possível a atividade própria dos humanos. Os humanos têm naturezas capazes de agir para seus próprios fins, mas Deus, por meio de Sua graça, está por trás de tudo. Embora os poetas gregos não pudessem ter articulado as causas precisamente dessa forma, eles parecem ter tido a mesma percepção, apenas da perspectiva da poesia, e não da filosofia. Eles foram capazes de retratar a relação primária vs. secundária - que é melhor explicada por meio da analogia autor-história - de uma forma ligeiramente diferente, atribuindo às ordens primária e secundária papéis dentro das próprias histórias. Na Ilíada de Homero, os deuses são as principais causas, elencados como personagens da história. Eles emitem seus decretos imutáveis enquanto os atores humanos tomam suas decisões aparentemente independentes (causas secundárias), trazendo seu destino predeterminado.

Em Édipo Rei de Sófocles, o protagonista, Édipo, tenta fugir do destino proclamado para ele pelo Oráculo em Delfos de que matará seu pai, casará com sua mãe e destruirá sua cidade natal. Édipo conhece a profecia e tenta fugir dela, mas por causa de sua ignorância de suas origens, os atos que ele pensa que estão desafiando a profecia acabam sendo os próprios atos que trazem a profecia. As causas primárias iniciadas pelos destinos são provocadas pela própria vontade de Édipo, que está no papel de causa secundária. Na versão da Disney da história da Bela Adormecida, vemos esses dois níveis de causalidade operando da mesma maneira que os poetas gregos os usavam. Briar Rose e o príncipe se encontram na floresta - o reino da causalidade secundária. Eles se apaixonam livremente. Cada um deles decide se casar com o outro. Cada um conhece o outro, mas nenhum conhece o lugar do outro na ordem maior das coisas, a ordem da causa primária - a ordem de seus pais e seus reinos. Briar Rose não sabe que Phillip é um príncipe, e Phillip não sabe que Briar Rose é uma princesa. Quando cada um deles retorna para suas famílias e para seus papéis no mundo mais amplo, eles descobrem que estão comprometidos com outra pessoa - a princesa de um príncipe e o príncipe de uma princesa. Cada um de seus casamentos foi decidido por eles. Eles não têm escolha no assunto se desejam permanecer na ordem primária - a ordem dos reis e rainhas e príncipes e princesas.


A única opção para Phillip e Aurora é tentar desafiar o fim predestinado, renunciar aos “deuses” do mundo primário em favor da liberdade. O que eles descobrem no final é que a pessoa a quem cada um prometeu a si mesmo (e a si mesma) é a mesma pessoa a quem cada um foi prometido. Aurora descobre que o belo homem da floresta que ela ama é o príncipe com quem está destinada a se casar, e Phillip descobre que a bela donzela da floresta que ele ama é a princesa com quem está destinado a se casar. A escolha deles foi feita em total liberdade e, mesmo assim, sem o conhecimento de cada um, a escolha foi feita por eles. A decisão que tomam é a decisão que é feita por eles. De duas perspectivas diferentes, parecia ser duas coisas diferentes, mas na realidade eram uma e a mesma. Suas vidas foram escritas para eles por autoridades maiores do que eles e, ao mesmo tempo, eles também decidiam por si mesmos. E assim é neste mundo, aqui, como disse Lord Dunsany, nos “campos que conhecemos”. Nada disso deve parecer estranho para nós, que representamos nossos papéis em uma história na qual o Autor divino se colocou no papel principal. Assim os poetas gregos viram e os teólogos cristãos o explicaram. Quanto ao meu neto, ele não precisava saber de tudo isso. Tudo o que ele precisava saber era que, no reino da causação secundária, assim como no reino da causação primária, eles viveram felizes para sempre.

MARTIN COTHRAN Martin Cothran é o diretor da Classical Latin School Association e editor da revista Classical Teacher da Memoria Press. Ele é o autor de vários livros para escolas particulares e domésticas, incluindo os programas Traditional Logic, Material Logic e Classical Rhetoric da Memoria Press, bem como Lingua Biblica: Old Testament Stories in Latin. Ele é um ex-instrutor de latim, lógica e retórica na Highlands Latin School em Louisville, Kentucky. Ele possui um B.A. em filosofia e economia pela University of California em Santa Barbara e um mestrado em apologética cristã pela Simon Greenleaf School (agora parte da Trinity University). Ele é amplamente citado em questões educacionais e outras questões de importância pública, e é um convidado frequente do programa "Kentucky Tonight" da Kentucky Educational Television, um programa semanal de relações públicas. Seus artigos sobre eventos atuais apareceram em vários jornais, incluindo o Louisville Courier-Journal e o Lexington Herald-Leader.

www.memoriapress.com


ENTREVISTA EDIÇÃO 06 ABRIL DE 2019

Daniel Dutra

Artista gráfico, designer, editor de publicações independentes, proprietário da Editora Resistência

Por Gutox Wintermoon


Primeiro Parágrafo- Olá, Daniel. Como vai? Primeiramente, gostaria de agradecê-lo por ceder esta entrevista para nossa querida revista. E para começar nosso papo, gostaria de saber como houve este interesse de editar periódicos? Daniel Dutra- Olá, eu que agradeço pelo convite. Será um prazer poder falar um pouco sobre minhas atividades e produções. O interesse em edição de publicações veio basicamente de duas coisas: amor pela leitura e por publicações físicas. Uma das minhas publicações por exemplo surgiu da necessidade por não existir algo voltado para o tema abordado na época.

PP- Você é editor e criador de várias obras, gostaria de destacar o zine The Funeral Of Tears, que inclusive possuo algumas edições comigo. Este zine é voltado para o público gótico e afins. Como você enxerga a mídia alternativa. Ainda há espaço para os zines no meio underground? Daniel- Sim, ao longo de cerca de 15 anos de produção o The Funeral Of Tears seria a publicação que mais se destacou e a que eu mais me dediquei. Creio que que sempre haverá espaço para publicações impressas seja dentro ou fora do meio underground. A internet e as diversas outras formas de comunicação, tecnologia e publicidade não anulam a importância da mídia informativa impressa. Quando a TV surgiu todos achavam que o rádio iria acabar em pouco tempo, no entanto até hoje existe e tem seu público e sua importante no seguimento de comunicação e informação. PP- Além das publicações de zines alternativos, você também publicou o Parafraseando zine, que eu tive a honra de participar de uma das antologias publicadas. Qual é a tua ligação com a literatura? Existe algum escritor predileto? O fanzine Parafraseando foi uma espécie de experimento, chegou a ser lançado 5 edições apenas mas ainda existe possibilidade de retomar as atividades mas em uma nova roupagem dentro da literatura. É meio difícil limitar meu gosto pessoal a um escritor predileto, mas posso mencionar Alvares de Azevedo, Fernando Pessoa e Augusto dos Anjos.

PP- Estamos vivendo uma era tecnológica, onde o digital tem tomado grande parte das nossas vidas e isso não seria diferente com as artes. Você tem diversas publicações em formato pdf. Acredita que há uma apreciação por este formato, ou ainda há exigência por parte do público que haja a publicação impressa? Daniel- Realmente não existe da minha parte uma apreciação direta por publicações digitais em formato PDF, tais publicações minhas lançadas nos últimos tempos seria mais pela comodidade e pelo alcance que o formato propicia alcançar. PP- Onde os nossos leitores poderiam baixar ou mesmo apreciar a leitura das suas publicações? Daniel- Minhas publicações foram lançadas por minha própria editora chamada Editora Resistência, mas no momento ela esta com suas atividades suspensas. O publico poderá adquirir minhas publicações a partir de janeiro quando minha editora retomar os lançamentos.


É meio difícil limitar meu gosto pessoal a um escritor predileto, mas posso mencionar Alvares de Azevedo, Fernando Pessoa e Augusto dos Anjos. PP-

A

Editora

Resistência

é

especializada em publicações de imprensa

alternativa.

Haveria

espaço para publicações de livro através

dela?

Se

sim,

quais

trâmites o autor deve seguir se acaso

desejasse

publicar

pela

editora? Daniel-

Uma

das

primeiras

publicações realizadas pela Editora Resistência foi um livreto impresso de um escritor e artista plástico de Portugal

chamado

Emanuel

R.

Marques. A editora chegou a lançar também zines,

livretos

e

publicações

em

formato digital como e-zine e emagazine em PDF. Devido a Editora Resistência ter entrado em hiato apenas quando retomar as atividades que estarei divulgando as formas de lançamento de publicações.


PP- Como produtor e editor, você não se limita à literatura, mas também trabalha com coletâneas de bandas góticas e de metal. Já pensou em ter um projeto musical e lançar músicas autorais, ou isso não faz parte dos seus planos? Daniel- Realmente não faz parte dos meus planos. Meu envolvimento com a música esta ligado apenas a apreciação e produção de coletâneas e sets ambos voltados para a cena gótica e até metal. PP- Mesmo com toda essa problemática da pandemia que está atuando o nosso país, você pretende publicar algum material ainda neste ano? E quais os planos para o futuro?

Daniel- Não, este ano não há planos para novos lançamentos apenas tenho me dedicado a produzir sets góticos, novas artes digitais e colagens para uma futura exposição de minhas artes e traçando planos para um retorno da The Funeral Of Tears de uma forma mais profissional e organizada. PP- Para finalizar nosso papo, gostaria novamente de agradecê-lo e desejar sucesso para você! Daniel- Foi muito bom poder falar sobre meus projetos e trabalhos. Eu que agradeço o convite. Sempre que precisar estarei a disposição.


The Black Pages

O Universo de

Neil Gaiman


The Black Pages Neil Gaiman nasceu em Hampshire, Reino Unido, e agora mora nos Estados Unidos perto de Minneapolis. Quando criança, ele descobriu seu amor por livros, leitura e histórias, devorando as obras de C.S. Lewis, J.R.R. Tolkien, James Branch Cabell, Edgar Allan Poe, Michael Moorcock, Ursula K. LeGuin, Gene Wolfe e G.K. Chesterton. Uma autodescrita "criança selvagem que foi criada em bibliotecas", Gaiman credita aos bibliotecários um amor pela leitura ao longo da vida: "Eu não seria quem eu sou sem bibliotecas. Eu era o tipo de criança que devorava livros, e meus momentos mais felizes quando menino foram quando persuadi meus pais a me deixarem na biblioteca local a caminho do trabalho e passei o dia lá. Descobri que os bibliotecários realmente querem ajudá-lo: eles me ensinaram sobre empréstimos entre bibliotecas. " Gaiman começou sua carreira de escritor na Inglaterra como jornalista. Seu primeiro livro foi uma biografia de Duran Duran que levou três meses para escrever, e o segundo foi uma biografia de Douglas Adams, Don't Panic: The Official Hitch Hiker Guide to the Galaxy Companion. Gaiman descreve seus primeiros escritos: "Eu era muito, muito bom em pegar uma voz que já existia e parodiá-la ou combinála". Violent Cases foi a primeira de muitas colaborações com o artista Dave McKean. Essa história em quadrinhos inicial levou à série Black Orchid, publicada pela DC Comics.

Seguiu-se a inovadora série Sandman, coletando um grande número de prêmios nos Estados Unidos em sua edição de 75 edições, incluindo nove Will Eisner Comic Industry Awards e três Harvey Awards. Em 1991, Sandman se tornou o primeiro quadrinho a receber um prêmio literário, o Prêmio World Fantasy de 1991 de Melhor Curta. Neil Gaiman é considerado um dos criadores dos quadrinhos modernos, bem como um autor cuja obra cruza gêneros e atinge públicos de todas as idades. Ele está listado no Dicionário de Biografia Literária como um dos dez maiores escritores pós-modernos vivos e é um criador prolífico de obras de prosa, poesia, cinema, jornalismo, quadrinhos, letras de músicas e drama. Gaiman alcançou o status de cult e atraiu cada vez mais a atenção da mídia, com perfis recentes na revista The New Yorker e na CBS News Sunday Morning. O público de ficção científica e fantasia constitui uma parte substancial da base de fãs de Gaiman, e ele tem usado continuamente as mídias sociais para se comunicar com os leitores. Em 2001, Gaiman se tornou um dos primeiros escritores a estabelecer um blog, que agora tem mais de um milhão de leitores regulares. Em 2008, Gaiman se juntou ao Twitter como @neilhimself e agora tem mais de 1,5 milhão de seguidores e conta com o site de microblogging. Ele ganhou a categoria Twitter no primeiro Author Blog Awards, e seu romance adulto American Gods foi a primeira seleção para o clube do livro One Book, One Twitter (1b1t).


The Black Pages Neil Gaiman escreve livros para leitores de todas as idades, incluindo as seguintes coleções e livros de imagens para jovens leitores: M is for Magic (2007); Interworld (2007), em coautoria com Michael Reaves; O dia em que troquei meu pai por dois peixes dourados (1997); The Wolves in the Walls (2003); Crazy Hair (2009), da Greenaway, ilustrado por Dave McKean; The Dangerous Alphabet (2008), ilustrado por Gris Grimly; Blueberry Girl (2009); e Instruções (2010), ilustrado por Charles Vess. Os livros de Gaiman são obras de gênero que se recusam a permanecer fiéis a seus gêneros. O terror gótico estava fora de moda no início dos anos 1990, quando Gaiman começou a trabalhar em Coraline (2002). Originalmente considerada assustadora demais para crianças, Coraline ganhou o prêmio British Science Fiction Award, o Hugo, a Nebula, o Bram Stoker e o prêmio americano Elizabeth Burr / Worzalla. Odd and the Frost Giants, originalmente escrito para o Dia Mundial do Livro de 2009, recebeu aclamação da crítica mundial. The Wolves in the Walls foi transformada em ópera pelo Scottish National Theatre em 2006, e Coraline foi adaptada como musical por Stephin Merritt em 2009. Stardust (1999), American Gods (2001), Anansi Boys (2005) e Good Omens (com Terry Pratchett, 1990). , bem como as coleções de contos Smoke and Mirrors (1998) e Fragile Things (2006). Sua primeira coleção de contos de ficção, Smoke and Mirrors: Short Fictions and Illusions, foi indicada para o prêmio MacMillan Silver Pen Awards do Reino Unido como a melhor coleção de contos do ano. Mais recentemente, Gaiman foi colaborador e co-editor com Al Sarrantonio of Stories (2010), e sua própria história no volume, A verdade é uma caverna nas montanhas negras, foi indicada para vários prêmios. American Gods foi lançado em uma edição expandida de décimo aniversário, e há uma série da HBO em andamento. Gaiman escreveu o roteiro da série original da BBC para a TV Neverwhere (1996); O primeiro longametragem de Dave McKean, Mirrormask (2005), para a Jim Henson Company; e co-escreveu o roteiro para Beowulf de Robert Zemeckis. Ele produziu Stardust, o filme de Matthew Vaughn baseado no livro de Gaiman de mesmo nome. Ele escreveu e dirigiu dois filmes: A Short Film About John Bolton (2002) e Sky Television's Statuesque (2009), estrelado por Bill Nighy e Amanda Palmer. Um longa-metragem de animação baseado em Coraline de Gaiman, dirigido por Henry Selick e lançado no início de 2009, garantiu um BAFTA de Melhor Filme de Animação e foi indicado ao Oscar na mesma categoria.


The Black Pages O episódio de Gaiman em 2011 de Doctor Who, "The Doctor's Wife", fez com que o Times o descrevesse como "um herói". Publicado pela primeira vez no Reino Unido no final de 2008, The Graveyard Book ganhou o Booktrust Prize for Teenage Fiction e a Newbery Medal, a mais alta honraria concedida na literatura infantil dos Estados Unidos, bem como o Locus Young Adult Award e o Hugo Best Novel Prêmio. A concessão da Medalha Carnegie CILIP do Reino Unido de 2010 torna Gaiman o primeiro autor a ganhar as Medalhas Newbery e Carnegie com o mesmo livro. The Graveyard Book, com suas ilustrações de Chris Riddell, também foi selecionado para a Medalha CILIP Kate Greenaway para ilustração - a primeira vez que um livro foi incluído nas duas categorias de Medalha em 30 anos. "Vinte e três anos atrás, morávamos em uma pequena cidade de Sussex, em uma casa alta do outro lado da rua de um cemitério. Não tínhamos jardim, e nosso filho de 18 meses adorava andar de triciclo. Se ele tentasse andar de triciclo em casa ele teria morrido porque havia escadas por toda parte, então todos os dias eu o levava descendo nossas escadas íngremes, e ele andava em seu pequeno triciclo dando voltas e mais voltas nas lápides. Enquanto eu o observava engatinhando feliz, pensava no quão incrivelmente em casa ele olhava. Achei que poderia fazer algo como The Jungle Book com a mesma equação de menino, órfão, crescendo em outro lugar, mas poderia fazer em um cemitério. Tive essa ideia quando tinha 24 anos. Sentei-me, tentei escrevê-lo e pensei: "Esta é uma ideia realmente boa e não é um texto muito bom. Não sou bom o suficiente para isso ainda, e vou adiar até que esteja melhor. " A adaptação cinematográfica de The Graveyard Book está em produção. Quem não sabe sobre o autor Neil Gaiman? Um dos autores de Good Omens (um novo programa de TV e livro famoso), Sandman, American Gods e muitos outros. Bem, aqui estão dez curiosidades que você provavelmente não sabia sobre o autor mundialmente famoso .

1. Neil estava em uma banda punk Sua banda punk era os Ex-Execs. Eles receberam uma oferta de um contrato de gravação, mas eles desistiram porque "foi projetado para nos ferrar", como ele disse. 2. Neil tem um gato que fala Fred, seu gato, fala. “Eu nunca tive um gato falante antes. Ele vagueia pelo sótão dizendo coisas como ‘Alô ...’ e ‘Mimi’. Bem, ‘hullo’ é mais como ‘hurro’, mas ainda é bastante desanimador se você não estiver acostumado a isso ”, disse Neil.


The Black Pages 4. Oceano no fim da pista começou como uma curta história Neil escreveu originalmente a história para sua esposa, a musicista Amanda Palmer, que estava gravando um álbum. Mas enquanto ele escrevia a história, “tomou vida própria”, disse ele. “Eu levantava todos os dias e dizia: 'bem, tem que ser terminado até o final da semana, não é?' E então o final da semana acontecia e eu dizia, 'Bem, não é um conto, é obviamente uma novela. ” E então pensei: ‘Bem, não é uma novela, deve ser uma novela’, e fiz uma contagem de palavras e pensei: ‘Caramba, essa coisa tem 56.000 palavras, isso é um romance. Não é um longo romance, mas é um romance. ' 5. Como jornalista, Neil não era apenas um jornalista sem rosto Como jornalista, Neil entrevistou pessoas como Divine for the Pink Flamingos, o comediante britânico Rik Mayall, a estrela de Monty Python Terry Jones e Richard O’Brien do The Rocky Horror Picture Show. 6. Manananggal é o personagem mitológico filipino favorito de Neils "Eu acho que tem que ser aquelas mulheres vampiras maravilhosas e bruxas que deixam sua parte inferior para trás e voam deixando suas entranhas e sugam sua vida com suas línguas incrivelmente longas. Não me atrevo a dizer o nome deles porque sempre vou errar, mas são eles ”, disse Neil quando questionado pelo BuzzFeed. 7. Neil Mantém Abelhas Você pode descobrir mais sobre a história dela em SunSet.com.

O dia em que Conheci Neil Gaiman O dia em que conheci o Neil Gaiman Às vezes achamos que todos os dias são iguais, principalmente os domingos. Normalmente, o domingo serve para descanso, passar o dia com a família, assistir algum filme ou série e o que achar mais de interessante e que não precise fazer qualquer esforço. Pois é domingo. É dia de descansar após uma semana pesada de trabalho. Mas eu não lembrava que naquele domingo eu possuía um compromisso. Apenas acordei, fiquei jogando conversa fora com pessoas aleatórias e foi aí que ouvi uma voz lá distante. Era minha mãe avisando que iriamos para a casa da minha tia para comemorar seu aniversário. Até hoje não sei quantos anos ela tem. Eu não tenho o costume de participar de reuniões de família, não que não goste, mas é que não sou muito de sair. Após o café da manhã, me arrumei para sair e separei um livro para ler um pouco se por acaso desse tempo, mas para a minha grata surpresa, acabei esquecendo o livro em casa, mas tudo bem, foi uma chance para que eu pudesse me socializar com todo mundo.


The Black Pages E foi num momento em meio a todo o falatório que meus olhos forma em direção à estante onde se encontravam diversos livros. Não sei se foi o meu estrabismo, mas meus olhos focaram num determinado livro de lombada azul. Por ser míope, eu não sabia qual livro era, então cheguei mais perto e li o título que me chamou mais atenção ainda “ O Oceano no Fim do Caminho”. Peguei o bendito livro, vi a capa e a curiosidade aguçava cada vez mais e foi que enfim, eu li o nome do autor. Quase caio pra trás. Pensei: " Cara! Neil Gaiman aqui?!" Li o prólogo e logo me encantei, já conhecia o Sandman, li algumas HQ's em pdf – pobre sofre, né?-, mas nunca um romance do Gaiman. Tinha amigos que conheciam o Gaiman, e as leituras de Sandman foi uma recomendação deles, mas como já tinha dito, nunca li nenhum romance dele e foi então que entendi entendi o motivo da empolgação quando Gaiman era citado. Encontrei um podcast que falava sobre “O Oceano no Fim do Caminho”, onde as pessoas que falavam sobre o livro possuíam uma empolgação absurda na fala. E agora após dezenove páginas lidas, sinto que posso dizer: Eu conheço Neil Gaiman! Claro que nem metade da metade, mas já o considero um velho amigo que me guardava segredos e quando foram a mim revelados admirei mais. Quando o dono do livro chegou, ficamos conversando sobre ele e aproveitei pra pedir emprestado (não para sempre), trouxe pra casa, inclusive está sobre meu peito enquanto digito e decidi priorizar esta leitura. Uma coisa é certa que sempre há algo bom em cada ocasião, mesmo que seja uma situação bastante ruim. O apóstoloPaulo fala em Romanos 8:28 que "todas as coisas cooperam pra o bem daqueles que amam a Deus e são chamados pelo seu decreto". Isso é fato incontestável e aquele domingo não foi um domingo qualquer, foi um domingo bom, divertido e animado, mas deixou de ser apenas um mero domingo, foi o domingo que conheci o Neil Gaiman. Gutox Wintermoon

Texto escrito em 11 de agosto de 2015


3 Palavrinhas Só "Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade,porque ele tem cuidado de vós" (1Pe 5:7) É uma forma tranquilizadora de felicidade quando podemos sentir: "Ele cuida de mim". Cristão! Não desonre a religião mostrando sempre um semblante de ansiedade; vem, lança o teu fardo sobre o Senhor.Você está cambaleando debaixo de um peso que seu Pai não sentiria. O que lhe parece um peso esmagador será para Ele como o pó da balança.Nada é tão doce como…"Deitar tranquilo nas mãos do Senhor,E reconhecer nenhuma vontade senão a dEle". Ó filho do sofrimento, sê paciente; Deus não ignorou a ti em Sua providência. Ele, que alimenta os pardais, também irá lhe suprir com aquilo que você necessita. Não fique sentado em desespero;esperança hoje, esperança sempre. Segure nos braços da fé contra o mar de problemas, e a contraposição desses braços acabará com suas angústias. Há Um que tem cuidado de ti. Os olhos do Senhor estão fixos sobre você; Seu coração bate com piedade pelo seu infortúnio, e Sua onipotente mão ainda lhe trará a ajuda necessária. A nuvem mais escura irá se dissipar em chuvas de misericórdia. A escuridão mais densa dará lugar ao amanhecer. Se tu és um de Sua família, Ele irá curar tuas chagas e teu coração quebrado. Não duvides de Sua graça por causa da tua tribulação, mas acredite que Ele te ama tanto em épocas de dificuldades como em momentos de felicidade. Que serena e pacata vida você pode levar se você deixar o prover ao Deus da providência! Com um pouco de azeite na botija e um punhado de farinha na panela, Elias sobreviveu à fome (1Rs 17:16), e você fará o mesmo. Se Deus cuida de você, por que você precisa cuidar também? Você pode confiar nEle para sua alma, mas não para seu corpo? Ele nunca Se recusou a carregar seus fardos, Ele nunca Se enfraqueceu pelo peso deles. Venha, então, alma preocupada e nervosa, e deixe todas as tuas preocupações na mão do gracioso Deus! Charles H. Spurgeon



TICĂƒO mantra_3.0_fake.exe


Inspira, respira...pausa Medito, repito E minha mente está em brasa Não fujo do conflito Pareço estar aflito, No caos aonde hábito O juiz não tem apito E nem martelo, Tudo é efêmero Quando se fala de belo Singelo, a grosso modo As metas que imponho Eu mesmo ignoro O fato que desacato O tempo e espaço É como se apagasse A linha que traço Tratados e meridianos Nem ruim, nem bom Mediano Não sou cancelado E nem passo pano sigo digitando, Sem eira nem beira expondo convicções Sem sair da cadeira De frente pra uma tela Sem pílula vermelha quase não se escapa Por um triz O mantra não adianta Quando se está na matrix


FELIPE MARCOS DO INÍCIO ATÉ AQUI


No início de tudo A luz não brilhava sobre meu futuro Por uma rara mazela pra época Tive minha existência jogada as traças pela ciência Mas já estava consumado que esta poesia seria feita vinte e quatro anos depois Sofri desgastes ao longo do tempo O mal do século me rondou a todo momento Cheguei a sucumbir, mas fui alteado Mas já estava consumado que esta poesia seria feita vinte e quatro anos depois Aos vinte, Deus entregou a poesia em minhas mãos O fez para que eu não morresse Rejeitei ao princípio Mas já estava consumado que esta poesia seria feita vinte e quatro anos depois


LUCAS MOTTA Vida Trívia


O carinho que falta Entrelace dos dedos Teu ombro em fim de noite O meu aconchego Repousava meus lábios E sentia teu riso Ouvia em tua voz frouxa O meu réquiem escondido Desejando sentir um pouco mais Mesmo que simples e fugaz Eu desejei sentir E o mais, hoje mas O clamor de minha prece Por mais breve que seja Transbordava ao ouvir teu nome A Maré viva Uma nova perspectiva Eu um errante Seguindo os teus olhos Cansados, marejados Mostrando o caminho para casa Teu corpo, minha morada Tua pele, meu manto Me cobrindo de esperança Vida trívia O amor e a monotonia Arte em desarmonia O desencarne da vida Nossa alegoria Tuas mentiras, meu vício Nosso amor, um hospício Loucos e eternos E para sempre, amem Amém


JOÃO DIAS

PENTECOSTES AO CONTRÁRIO


O que sobrou daquelas línguas que vieram Como fogo do céu pra unir todos na mesma língua, na mesma fé? Quem ainda ousa se fazer de costureiro Pra recosturar o véu que se partiu na hora nona? Quando o que nos separa consegue ser maior do que Quem devia nos unir Precisamos rever em nós quem são nossos deuses e ídolos: O orgulho, soberba, ganância, ideologias, inveja Eis quando a mordida de Adão e a marca de Caim ainda nos devora O resultado fatal de placas, dogmas, teologias vazias e discórdias Anátemas, maldições, opressões internas e externas e excomunhões O Pentecostes ao contrário até pros ditos pentecostais Bem-vindos de volta às ruínas da Torre de Nova Babel Qual o fim da tragédia eclesiástica que não sai mais para fora E vive ensimesmada na pseudocultura "cristã" do próprio umbigo? Ó "rica e abastada" Laodicéia brasileira do século XXI Desgraçada em miséria e cegueira teu fim será


EDILSON JR. SEMBLANTE


Cinzenta manhã de inverno Aguça o cheiro de paz Traz conforto ao ser Preso atrás de vitrais Singular sentimento Me deprime ao extremo Nostalgia me domina Dilacera meu peito Meu coração agora sangra Minha alma se despedaça Num segundo, sou luz resplandecente No outro, só cinzas de tristeza Ultra-romantismo crônico Intrínseco desejo mórbido O mal-do-século me fez assim De repente me fecho e morro Transpiro a solidão dos mortos Nas sombras caio em devaneio Moribundo nos braços da Deusa Minguante e soturno, desvaneço Sou um estranho dentre os vivos Uma árvore retorcida pelo tempo Espírito perdido pela névoa Espectro num cemitério maldito Sou o choro da criança O desespero num funeral Sou o último suspiro Melancolia fatal Sou lágrima que escorre Sou brisa que beija a face O viajante que não retorna Sou o semblante da saudade Transpiro a solidão dos mortos Do teu olhar ainda lembro Transpiro a solidão dos mortos Por que fostes tão cedo?


GUTOX WINTERMOON Algum Tipo de Satélite


A mesa continua bagunçada como costuma esta,r é quase uma prece diária ver o que resta sobre ela. Os olhos tremem enquanto teu rosto abusa da minha visão, tortura minhas pupilas, toda vez que te vejo elas dilatam. Isso não é bom. Agora observo o que escrevi na outra folha, pego partes daquilo que se foi e deixo que tornem a ser de uma forma um pouco mais concentrada e absurda. Conselhos estampados no espelho para que possamos aprender toda vez que nosso reflexo nos encara, mas nem sempre vemos a deformidade que diariamente causamos na beleza. Troco a música antes que ela me troque por outros bits melhores que minha fala e é aqui que procuro uma frase de efeito e não sei o que dizer, apenas sei que teu rosto tortura minha visão. Foi uma ênfase necessária. Paro e olho, não há nada do que se esperar de alguém que não te espera. A estrada está seca. Segue. As chamas derretem as calotas polares dos corações. Me pergunto quantos corpos jazem sob o teu poder… Ou tua falta de pudor. Reinvento rodas Imprimo novidades Penduro cordas Redescubro vaidades Como uma espécie de satélite orbito e observo teu corpo. O céu abstrato cai e meus olhos insistem em tremer, confesso que cometi diversos crimes e coloquei vírgulas demais para atrapalhar o caminhar da tua língua sobre estas letras estampadas em forma de lugares e corações partidos. Para não tirar o foco das andanças primeiras te convido a dançar até que nossos pés se quebrem e nossos ossos se fragmentem, basta apenas fingir que isso é divertido, mas também podemos ir para os campos verdejantes. Percebi que as palavras incolores estão queimando nossos calcanhares como as luzes brilhantes desbotam a cidade. Eu sei que sinto que há um tipo de turbulência lá fora e não posso resistir ao chamado. Uma parte do sabor derrete em meu cérebro. Eu admiro.


E. DANIELLA DONO DO SORRISO MAIS BONITO


Entra em minha mente quando bem quer e lá, permanece. Ora, à noite ao adormecer, ora, ao descerrar os olhos no amanhecer. Certeza que há razão para tamanho apelo? Dono do sorriso mais bonito... Tirou-me o sono tantas vezes, que transformou-se em rotina. Diariamente, estou a lembrar detalhadamente. E quando sou eu, o motivo? Ah... Que sorriso! Não o tires de mim, nem do meu pensamento. Moço, do seu sorriso, nasce o meu; quando estás naquele canto inquieto do meu ser.


Literatura

Celta


GAÉLICO IRLANDÊS A introdução do céltico na Irlanda não foi datada com autoridade, mas não pode ser posterior à chegada dos primeiros colonos da cultura La Tène no século 3 aC. A língua é freqüentemente descrita em sua forma mais antiga como Goídelic, em homenagem aos celtas (Goídil; singular, Goídel) que a falavam. A forma moderna, conhecida em inglês como gaélico (em gaélico chamado Gaedhilge ou Gaeilge), é derivada do escocês Gàidhlig. A evidência mais antiga do gaélico irlandês consiste em inscrições sepulcrais arcaicas no alfabeto ogham com base em um sistema de traços e entalhes cortados nas bordas de pedra ou madeira geralmente atribuídos aos séculos 4 e 5 DC. Os escritos do alfabeto romano datam de glosas do século VIII em irlandês antigo, mas as composições dos séculos 7 e até 6 são preservadas em manuscritos muito posteriores. Quatro períodos distintos são reconhecidos na literatura gaélica irlandesa. A literatura primitiva (linguisticamente arcaica, antigo e irlandês médio antigo) era composta por uma classe profissional, os fili (singular, fili) e por clérigos. A literatura medieval (linguisticamente tardia, irlandês médio e clássico moderno) foi dominada pelas ordens bárdicas leigas e hereditárias. Na literatura tardia (século 17 ao final do 19) a autoria passou para as mãos de indivíduos entre os camponeses, a classe a que a maioria dos falantes de irlandês foi reduzida, usando os dialetos em que a língua foi fragmentada. O reavivamento subsequente continua até os dias atuais.

PERÍODO INICIAL A literatura irlandesa era originalmente aristocrática e cultivada pelos fili, que parecem ter herdado o papel da erudita ordem sacerdotal representada na Gália de César pelos druidas, vates ("videntes") e bardos e por terem sido juízes, historiadores e poetas oficiais responsáveis por todo o folclore tradicional e pela realização de todos os ritos e cerimônias. A chegada do cristianismo e o desaparecimento gradual do paganismo levaram ao abandono de suas funções especificamente sacerdotais. Não obstante, os fili parecem ter retido a responsabilidade pela transmissão oral da tradição ou aprendizagem nativa, o que estava em marcante contraste com o novo livro ou aprendizado de manuscrito da Igreja Cristã. Felizmente, os eruditos eclesiásticos não eram tão hostis à tradição nativa quanto seus colegas no exterior, e parecem estar ansiosos para enviá-la por escrito. Como resultado, a cultura oral da Irlanda foi amplamente registrada por escrito, muito antes que pudesse ter desenvolvido essa arte em si. O registro consistia principalmente em história, lendária e factual; leis; genealogias; e poemas, mas a prosa era o veículo predominante.


Os fili eram poderosos no início da sociedade irlandesa e muitas vezes arrogantes, cumprindo suas exigências com a ameaça de uma sátira (áer), uma maldição de poeta que poderia arruinar reputações e, assim se pensava, até matar. As leis estabelecem penalidades para o abuso do áer, e a crença em seus poderes continuou até os tempos modernos. O trabalho oficial dos fili foi preservado em fragmentos de anais e tratados. VERSÍCULO O versículo mais antigo foi preservado principalmente em passagens incorporadas a documentos posteriores, tanto literários quanto jurídicos; a maioria sofreu na transmissão e é muito obscura. Um dos primeiros poemas é um elogio a São Columba (c. 521–597) em frases retóricas curtas ligadas por aliteração, atribuídas a Dallán Forgaill, poeta-chefe da Irlanda. Esse artifício de prosa rítmica aliterativa foi usado novamente nas sagas. Provavelmente, o metro real mais antigo era aquele em que duas meias linhas eram ligadas por aliteração - um sistema que lembra os primeiros versos germânicos. A rima foi usada desde o século 7; o requisito era apenas que deveria haver identidade de vogal e comprimento silábico e que as consoantes deveriam pertencer à mesma classe fonética - um sistema também encontrado no galês primitivo. A quadra (sete ou oito sílabas em uma linha e rima entre a segunda e a quarta linhas) foi derivada de metros de hinos latinos. As quadras da métrica popular posterior, o debide (literalmente “cortado em dois”), consistia em dois dísticos com as duas linhas de cada um rimando.

Muitos dos primeiros versos eram de natureza oficial, mas o da igreja dificilmente era mais animado do que o dos fili, que freqüentemente apresentava um estilo deliberadamente obscuro. Mais interessante foi o Saltério do século 10, uma história bíblica em 150 poemas. Mas a verdadeira glória do verso irlandês estava em poetas anônimos que compuseram poemas como o famoso endereço a Pangur, um gato branco. Eles evitavam medidores complicados e usavam uma linguagem que havia sido cultivada por séculos, com um frescor de percepção negado aos fili. Que os fili puderam, no entanto, adaptar sua técnica foi demonstrado por um poema sobre o mar do século 11, onde o prefácio, a escolha do tema e as expressões metafóricas sugerem influência escandinava. Esta e outras poesias da natureza continuaram a tradição de letras nativas, sagas e canções sazonais que mostraram notável sensibilidade. O movimento monástico e eremítico na Igreja irlandesa também deu um forte impulso à poesia da natureza. Essa poesia quase franciscana tinha um apelo especial para os escribas monásticos, de modo que grande parte dela foi preservada. O verso histórico surgiu em parte porque o registro do passado era uma parte importante do trabalho dos fili; alguns dos primeiros poemas eram genealogia métrica. Com o passar do tempo, a necessidade de compêndios de informações cresceu, e estes eram, novamente, em forma métrica.


Em um longo poema, Fianna bátar in Emain ("Os guerreiros que estavam em Emain"), Cináed ua Artacáin resumiu o material da saga, enquanto Fland Mainistrech reuniu o trabalho de gerações de fili que trabalharam para sincronizar a história da Irlanda com a dos mundo exterior. Igualmente importante é uma grande coleção, em prosa e verso, chamada Dindshenchas, que forneceu lendas apropriadas a locais famosos da Irlanda entre os séculos IX e XI.

PROSA O primeiro épico irlandês era uma narrativa em prosa que geralmente continha passagens poéticas não narrativas, muitas vezes em forma de diálogo. A semelhança entre este e o tipo de épico encontrado no sânscrito antigo sugere que a tradição remonta aos tempos indo-europeus. As sagas mais antigas provavelmente foram escritas pela primeira vez nos séculos 7 e 8, a partir de uma tradição oral. Estes foram preservados de forma imperfeita, uma vez que as invasões escandinavas nos séculos IX e X interromperam os estudos literários. Só no século 11 a vida se tornou suficientemente estabelecida para que as obras fossem coletadas em mosteiros, e mesmo assim a coleta parece ter sido aleatória. O grande códice Lebor Na Huidre (O Livro da Vaca Dun), escrito no início do século 12, mostrava tratamentos mais antigos do material da saga do que os encontrados no Livro de Leinster, escrito anos depois. O material preservou uma imagem da sociedade primitiva - lutando em carros, recebendo cabeças como troféus, a posição dos druidas, a força dos tabus - para a qual há pouca ou nenhuma evidência de fontes estritamente históricas. O ciclo mais importante foi o dos Ulaid, um povo que deu seu nome ao Ulster. Conchobar (rei do Ulaid), Cú Chulainn (um menino guerreiro), Medb (rainha de Connaught) e Noísi e Deirdre, amantes condenados, foram figuras proeminentes na literatura irlandesa primitiva e foi baseada em elementos das sagas do Ulaid que a abordagem mais próxima de um épico irlandês foi construída - Táin Bó Cuailnge (The Cattle Raid of Cooley). Colocado pela primeira vez no século 7 ou 8, é notável principalmente por sua vivacidade concisa. A melhor seção é aquela em que Fergus, um exilado do Ulster, relembra os feitos da juventude de Cú Chulainn. Mas o valor do Táin geralmente reside no fato de que, como era continuamente trabalhado, ele fornece um registro da degeneração do estilo irlandês. O Táin reuniu em torno de si uma série de histórias auxiliares, incluindo a de sua revelação aos fili no século 7 pelo fantasma de Fergus e a da tragédia de Noísi e Deirdre. Neste período começaram a aparecer histórias com uma origem fora da tradição reconhecida. Um elemento exótico foi representado por The Taking of Troy e The Story of Alexander, que apareceu nas listas de saga mais antigas, mas o aprendizado clássico teve comparativamente pouco efeito até o período seguinte. As histórias de Finn, cujas tradições remontam a um período anterior, só se desenvolveram realmente quando os fili não estavam mais no controle. O ciclo do “homem selvagem da floresta” associado a Suibne Geilt teve suas origens em Strathclyde, onde a literatura irlandesa e britônica deve ter entrado em contato em uma data anterior; essa mistura de hagiografia, saga e material natural foi uma das histórias mais atraentes do período posterior.


Os primeiros escritos didáticos, na língua irlandesa, mas em conteúdo principalmente de origem latina, compreendiam regras monásticas, homilias e hagiografia. As vidas dos santos foram principalmente obras de fantasia, cada vez mais incorporando elementos do folclore e material de saga. A ênfase sempre foi no milagroso, mas eles são valiosos como documentos sociais. Outro gênero importante de trabalho religioso foi a visão, exemplificada em Fís Adamnáín (A Visão de Adamnan), cuja alma é representada deixando seu corpo por um tempo para visitar o céu e o inferno sob a orientação de um anjo. Tanto a vida dos santos quanto as visões tendiam a degenerar em extravagância, de modo que paródias foram compostas, notavelmente Aislinge Meic Con Glinne (A Visão de MacConglinne). A teoria sempre foi importante na vida cultural irlandesa, e os fili acumularam um corpo considerável de especulação acadêmica. Alguns fragmentos sobreviventes discutem a natureza da inspiração e a origem da linguagem, com instruções práticas sobre questões de métricas e estilo. Logo no início, um vocabulário técnico foi desenvolvido para lidar com a gramática latina e também irlandesa. Em vários textos antigos, a discussão da arte do poeta foi misturada com questões relacionadas ao seu status legal.

A contribuição mais valiosa feita pelos gaeltachts foi uma série de reminiscências pessoais que descrevem a vida local. Um dos melhores é An tOileánach (1929; The Islandman), de Tomás Ó Criomhthain. Ao mesmo tempo, as memórias do gaeltacht ameaçaram virar moda e inspiraram a brilhante peça satírica An Béal Bocht (1941; The Poor Mouth) de Flann O’Brien (pseudônimo de Brian Ó Nualláin). Menos características, mas talvez não menos valiosas, foram as autobiografias escritas em irlandês. Junto com a enxurrada de biografias acadêmicas em irlandês, algumas sobre figuras literárias ou semiliterárias, eles mostram como o revival aumentou seu alcance e profundidade. Texto Original: Britannica.com


CARTAS PARA NINGUÉM

THEODOR MAUSS

Olá! Faz tempo que não nos falamos, não recebi a sua última carta. Talvez os correios se esqueceram de mim. Acho engraçado de alguma forma, como nos comunicamos. Parece que estamos séculos distantes das outras pessoas. Mas gosto de tudo isso. Melhor do que ficar trocando emails. Cartas tem suas particularidades. Esses dias eu estava observando as nuvens, sinto que elas são escritas pelo dedo de Deus. Nós não enxergamos tanto, pois estamos apenas olhando para o nosso umbigo. O que acha? Não sei se estou ficando louco, mas o céu, para mim, é algo que me chama muita atenção. Creio que sempre há uma mensagem escrita nele. Isso me traz um conforto gritante à alma.

Eu espero que esteja tudo bem contigo. Quando receber, se receber esta carta, olha para o céu. Talvez esteja algo escrito lá para você;

Do seu amigo, Theodor Mauss


A

D E F E S A

A O

N O N S E N S E

G.K. CHESTERTON

A

Existem duas maneiras iguais e eternas de olhar para este nosso mundo crepuscular: podemos vê-lo como o crepúsculo da noite ou o crepúsculo da manhã; podemos pensar em qualquer coisa, desde uma bolota caída, como um descendente ou um ancestral. Há momentos em que somos quase esmagados, não tanto com o fardo do mal, mas com o fardo da bondade da humanidade, quando sentimos que não somos mais que herdeiros de um esplendor humilhante. Mas há outros momentos em que tudo parece primitivo, quando as estrelas antigas são apenas faíscas lançadas da fogueira de um menino, quando toda a terra parece tão jovem e experimental que até o cabelo branco dos idosos, na bela frase bíblica, é como amêndoa -árvores que florescem, como o espinheiro branco cultivado em maio. Que é bom para um homem perceber que ele é “o herdeiro de todas as idades” é muito comumente admitido; é um ponto menos popular, mas igualmente importante, que às vezes é bom para ele perceber que não é apenas um ancestral, mas um ancestral da antiguidade primitiva; é bom para ele se perguntar se não é um herói e ter dúvidas enobrecedoras de saber se não é um mito solar.


Os assuntos que evocam mais completamente este sentido da infância duradoura do mundo são aqueles que são realmente novos, abruptos e inventivos em qualquer época; e se nos perguntassem qual foi a melhor prova deste jovem aventureiro no século XIX, deveríamos dizer, com todo o respeito às suas ciências e filosofias portentosas, que se encontrava nas rimas do Sr. Edward Lear e na literatura de um absurdo. Aristófanes, Rabelais e Sterne escreveram coisas sem sentido; mas, a menos que estejamos enganados, é em um sentido muito diferente. O absurdo desses homens era satírico - isto é, simbólico; era uma espécie de cambalhota exuberante em torno de uma verdade descoberta. Há toda a diferença do mundo entre o instinto de sátira, que, vendo nos bigodes do Kaiser algo típico dele, os torna cada vez maiores; e o instinto de tolice que, sem nenhuma razão, imagina como seriam aqueles bigodes no atual arcebispo de Canterbury se ele os cultivasse em um ataque de distração.

A

O Sr. Lear é cronológica e essencialmente o pai do absurdo; nós o consideramos superior a Lewis Carroll. Em certo sentido, de fato, Lewis Carroll tem uma grande vantagem. Nós sabemos o que Lewis Carroll era na vida diária: ele era um padre singularmente sério e convencional, universalmente respeitado, mas muito pedante e algo como um filisteu. Assim, sua estranha vida dupla na terra e na terra dos sonhos enfatiza a ideia que está por trás do absurdo - a ideia de fuga, de fuga para um mundo onde as coisas não são fixadas horrivelmente em uma adequação eterna, onde maçãs crescem em pereiras, e qualquer homem estranho que você encontrar pode ter três pernas. Lewis Carroll, vivendo uma vida em que teria trovejado moralmente contra qualquer um que andasse no gramado errado, e outra vida na qual ele alegremente chamaria o sol de verde e a lua de azul, era, por sua natureza muito dividida, seu pé em ambos os mundos, um tipo perfeito da posição do absurdo moderno.

Enquanto o País das Maravilhas de Lewis Carroll é puramente intelectual, Lear introduz outro elemento - o elemento do poético e até emocional. Carroll trabalha pela razão pura, mas esse contraste não é tão forte; pois, afinal de contas, a humanidade em geral sempre considerou a razão um tanto piada. Lear apresenta suas palavras sem sentido e suas criaturas amorfas, não com a pompa da razão, mas com o prelúdio romântico de tons ricos e ritmos obsessivos. “Longe e poucos, longe e poucos, são as terras onde vivem os Jumblies”, é um tipo de poesia totalmente diferente daquela exibida em “Jabberwocky”. Carroll, com um senso de pureza matemática, faz de todo o seu poema um mosaico de palavras novas e misteriosas. Mas Edward Lear, com uma afronta mais sutil e plácida, está sempre introduzindo fragmentos de seu próprio dialeto élfico no meio de declarações simples e racionais, até que estejamos quase atordoados em admitir que sabemos o que significam.


A grande literatura sempre foi alegórica - alegórica de alguma visão de todo o universo. A Ilíada só é grande porque toda vida é uma batalha, a Odisséia porque toda vida é uma jornada, o Livro de Jó porque toda vida é um enigma. Se, portanto, o absurdo é realmente a literatura do futuro, ele deve ter sua própria versão do Cosmos para oferecer; o mundo não deve ser apenas trágico, romântico e religioso, mas também sem sentido. A religião há séculos tenta fazer os homens exultarem com as “maravilhas” da criação, mas se esquece de que uma coisa não pode ser completamente maravilhosa enquanto permanecer sensível. Enquanto considerarmos uma árvore uma coisa óbvia, natural e razoavelmente criada para uma girafa comer, não podemos nos maravilhar com isso. É quando o consideramos como uma onda prodigiosa de solo vivo estendendo-se aos céus sem motivo em particular que tiramos nossos chapéus, para espanto do zelador do parque. Na verdade, tudo tem um outro lado, como a lua, a padroeira do absurdo. Visto daquele outro lado, um pássaro é uma flor que se soltou de sua cadeia de caule, um homem um quadrúpede implorando nas patas traseiras, uma casa um chapéu gigantesco para proteger um homem do sol, uma cadeira um aparelho de quatro pernas de madeira para um aleijado com apenas dois. Este é o lado das coisas que tende mais verdadeiramente à maravilha espiritual. É significativo que no maior poema religioso existente, o Livro de Jó, o argumento que convence o infiel não é (como foi representado pelo religiosidade meramente racional do século XVIII) uma imagem da beneficência ordenada da Criação, mas , ao contrário, uma imagem da enorme e indecifrável irracionalidade disso. “Mandaste a chuva sobre o deserto onde ninguém está?” Essa simples sensação de admiração pelas formas das coisas e por sua exuberante independência de nossos padrões intelectuais e de nossas definições triviais é a base da espiritualidade, assim como a base do absurdo. Tolice e fé (por mais estranho que a conjunção possa parecer) são as duas afirmações simbólicas supremas da verdade de que extrair a alma das coisas com um silogismo é tão impossível quanto extrair o Leviatã com um gancho.

A

G. K. Chesterton foi um jornalista, romancista, ensaísta e poeta britânico do início do século XX, agora considerado por muitos como um dos maiores escritores da Inglaterra. Seus prodigiosos escritos sobre cristianismo, política, literatura, filosofia e cultura conquistaram-lhe o respeito das maiores mentes de sua época, bem como um amplo público.



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“Então, lutando para continuar dormindo, desejando que o sonho durasse para sempre, certo de que uma vez que acabasse, jamais voltaria……você desperta”. – Sandman

Maiêutica Editorial


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