De fato, as redes sociais estão maquinando nossas barras de rolagem. As fazendas de “bots”, os perfis-simulacros e os complexos avatares de criação e replicação de conteúdo são hoje uma força de orquestração política. É óbvio que as retóricas da pós-verdade envenenam as plataformas digitais com suas manobras obscuras de manipulação. Com essa enchente de estratégias abusivas tomando de assalto os discursos, no sentido de agendar polarizações, parece justo samplear esse tsunami de textos na intenção de criar novos textos. Partindo da apropriação de opiniões alheias coletadas no Twitter a partir de uma postagem específica, o livro A Borda Translúcida do Mundo sobrepõe esses comentários de modo a produzir uma trama ilegível em que apenas o ruído gráfico permanece. [Canoas, 2021.]