#15 SHOCK EDITION

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2019

Será... Será o ano de continuar com o nosso propósito, serão 365 dias para continuar a nossa missão! 2018 foi sem dúvida um excelente ano para nós e para todos aqueles que connosco cresceram. Mas como toda a gente, a vontade de querer fazer mais e melhor é constante, a sede de sucesso é muita e vamos conseguir fazer tudo aquilo que aqui viemos fazer! 2019 será um ano de muita moda portuguesa, será o ano em que os nossos leitores e os novos leitores vão entender que na FAIRE não serão só entrevistas e artigos, esses artigos terão várias funções: informar, cultivar, desenvolver e reeducar uma sociedade que percebe pouco de moda. Vamos criar mais conteúdos, vamos fazer tanto... Mas como sempre ouvi dizer, o segredo é a alma do negócio e vamos contar pouco a pouco o que vamos fazendo ao longo deste ano. Nesta edição quisemos chocar, mas chocar de uma forma subtil, com cuidado, com as equipas certas. Como se de um excerto de um filme estrangeiro se tratasse, este será o nosso ano: We wanted to shock, create a fusion. Protect and value. Something came back and made us move! With a keyword, we keep for us the essence, solve and fight to stay. o Diretor,


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2019 A EQUIPA ALEXANDRA MOURA SEE NOW BUY NOW MINTY SQUARE INDÚSTRIA DA MODA


SHOPPING

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OLGA NORONHA

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YOUR BODY IS WONDDERLAND BOYS JUST WANNA HAVE FUN

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O FUTURO É AGORA!

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BRANCA DE NEVE

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SHO(CK)RT HAIR OS TESOUROS PERDIDOS AGENDA CULTURAL HELENA MAGALHÃES JOÃO PAULO SOUSA SEMANAS DE MODA


DESFILES POLÉMICOS

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SABIA QUE...

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PUBLICIDADES POLÉMICAS

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A CONCEÇÃO HUMANA

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WHAT´S WRONG HERE

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WHAT DO YOU THINK

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Fábio Sernadas DIRETOR

Vera Gomes DIRETORA DE MODA

COORDENADORA DE MODA Vera Gomes COORDENADORA EXECUTIVA DE CULTURA E LIFESTYLE Patricia Silva MODA Margarida Sousa Luis Assunção ARTE Patrícia Silva REDAÇÃO Patrícia Silva, Ivânia Cardoso, Rafael Moreira, Cátia Pimenta, Solange Rodrigues, Márcia Mendonça, Maria Almeida, Letícia Carvalho, Maria Serrano e Cristiano Teodoro FOTOGRAFIA Afonso Duarte VIDEO Patricia Meinedo Inês da Silva EDIÇÃO E PAGINÇÃO Luis Carlos Patricia Meinedo Daniela Faria Bruna Pires INFORMÁTICA Pedro Rocha Cristiano Gomes CONSELHO EDITORIAL Fábio Sernadas, Vera Gomes, Pedro Afonso, Patrícia Silva e Luis Carlos A FAIRE é uma revista mensal, direcionada para o público curioso, também com uma plataforma online. A FAIRE foca-se em moda, mas abrange temas como beleza, cultura e lifestyle. A FAIRE compromete-se a apoiar editorialmente a moda e projetos inovadores. A FAIRE nunca se deixará condicionar por interesses partidários ou por qualquer lógica de grupo, assumindo responsabilidade apenas perante os que pode desempenhar um papel importante ao nível da sensibilização social, promovendo uma sociedade mais informada e igualitária. A FAIRE dirige-se a um público de todos os meios sociais e de todas as profissões. A FAIRE estará sempre atenta à inovação, promovendo a interação com os seus leitores.



ALEXANDRA MOURA

por Patrícia Silva

MODA E CIÊNCIA: átomos que se alinham

Os anos 90 distingue-se como uma década prestigiada no que toca ao desenvolvimento cultural, histórico e científico. Alexandra Moura que o diga! Em 1992, o interesse por Moda e a gênese voltada para a formação científica fundem-se. Intitulada como vanguardista, irreverente e de imaginação fértil, as suas peças transportam cosmos (universos) e leituras nostálgicas. O amor pelo que faz e a dedicação são evidentes. Estivemos à conversa com a designer galardoada e percebemos que, com Alexandra, o inesperado torna-se inesquecível. DO SOLO BRITÂNICO AOS ESCRITOS DA REI KAWAKUBO O sentido estético e a diferença no que toca a gostos foram os sintomas do que viria a ser um futuro promissor. Alexandra afirma que “naquela altura, havia muito pouco em Portugal”, foi em território Londrino que percebeu que havia quem pensasse como ela “havia muita mais gente estranha e esquisita (…) a maneira como eu via as próprias pessoas, os comportamentos, como elas se vestiam, como comunicavam através do vestuário, tudo isso, me chamava a atenção”, comenta a designer. O livro de Rei Kawakubo, fundadora da Comme des Garçons, foi a certeza que faltava para que as suas paixões fizessem sentido. Rica em imaginação fértil e com uma vontade aguda pela criatividade, Alexandra, desco-


briu a sua maneira de comunicar com o mundo. Largou e arriscou tudo com um único objetivo, alcançar o mundo da Moda. Em 1992, a designer entra na IADE– Universidade Europeia após passar nas provas, conseguindo assim superar os testes de desenho que eram das suas maiores barreiras, pois vinha de uma área completamente distinta, que trazia consigo uma dificuldade ainda maior – não saber desenhar. Ainda assim, a genética das Artes era nítida. O avô de Alexandra era o grande responsável pela inspiração e autodidatismo que corria nas suas veias artísticas, “Eu acho que apesar de nunca ter aprendido a desenhar, as minhas noções de profundidade, perspetiva, no fundo, elas estavam cá e, isso, obviamente que me facilitou imensamente nos tais obstáculos que foram as primeiras provas de desenho”, reconhece.

Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género e pelos gabinetes do Secretário de Estado da Cultura e da Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade. Contudo, a sua premiação não fica por aqui, sendo em maio de 2018 a vencedora do Globo de Ouro de Melhor Estilista. Recordar cerca de 16 anos em poucos minutos não foi tarefa fácil, no entanto, o sentimento de “dever cumprido” e felicidade foi algo que a designer fez questão de demonstrar “Vejo muita luta, muito trabalho, muita loucura, muito arriscar, muito atirar-me de cabeça. Corri muitos riscos, abdiquei de muita coisa

16 ANOS DE CARREIRA (UM TANTO) CÓSMICA Passando por acontecimentos como: a sua primeira coleção de Inverno em 1994\1995; a premiação no concurso de “Fardamentos de Bombeiros” na FIL; a seleção para o primeiro Desfile Nacional de Moda Dove no Convento do Beato, em Lisboa; as participações assíduas no Portugal Fashion; o Concurso de Novos Estilistas na FIL, a criação do primeiro atelier em 2003 e, posteriormente, a loja em 2012, e a apresentação das suas coleções em diversos países além de Portugal, nomeadamente Inglaterra e França. É em 2015 que Alexandra Moura recebe um dos seus primeiros louvores sendo distinguida com o Prémio Mulheres Criadoras de Cultura, atribuído pela

em prol de ir atingindo metas e, portanto, acho que foram e têm sido anos extremamente intensos.” Alucinante e intensa é a forma como Alexandra descreve o seu trabalho nos últimos anos, numa indústria em que o ritmo é vertiginoso, em que há muit vida, dentro e fora do atelier da artista, “eu olho para trás e penso: Há tanto que já foi feito, tanto trabalho que já foi conseguido!” No que toca à parte de produção, processo e materialização do seu trabalho, o seu percurso foi extremamente evolutivo. Se inicialmente a preocupação assentava na apresentação das coleções que ocorriam sazonalmente a cada 6 meses, o momento em que a marca Alexandra Moura se encontra ultra


passa o circuito internacional e a pressão é cada vez maior “No momento em que entramos no circuito internacional tudo muda e, muitas das vezes, deixamos quase de ter tempo para a verdadeira essência das coisas que é o ato criativo. Eu tento que isso nunca desapareça daqui porque, sem isso, acho que a moda por si só, esta coisa só de fazer roupa e de lançar coisas não é o que me alimenta”, afirma a designer. Os conceitos, a reflexão sobre as peças e o desafio da modelação são parte das etapas que a artista não deixa de se dedicar, sendo que tudo é trabalhado no atelier “Muitas vezes, nós estamos com 3 coleções nas mãos. Portanto, tirando o que é coleções, nós depois temos outros projetos. Temos projetos de fardamento, de clientes, de noivas, projetos de parcerias como aconteceu com o caso da Sumol, da Vigor, com a parceria de calçado, portanto, a par disto tudo, nós ainda temos tudo isso que é o outro lado, o atelier. O atelier não trabalha só coleções”, revela. No que toca a dificuldades, a maior pela qual a designer passou foi a sua “teimosia” em ficar a trabalhar

que o próprio país tem para esta indústria, agora já há muitos mais e que são uma mais valia e que também, por isso, é que isto cresceu e que de certa forma nos foi possível começar a educar o público, mas trabalhar aqui, neste país, é realmente muito complexo. Há muitas barreiras a vários níveis. É uma indústria que requer muito esforço da nossa parte, muito esforço financeiro, tudo aqui é muito caro. As produções das coisas, não são fáceis”, reconhece a designer. A necessidade de “educar” a sociedade é algo que a artista admite como uma necessidade, no que toca à valorização da indústria de moda nacional “Eu sempre fui muito de ficar cá, de querer fazer cá e de ser tudo nosso. Mas, às vezes, dá vontade de já não pensar assim. Às vezes somos melhor recebidos lá fora. Apesar de eu adorar o meu país e cá estar, eu nunca me considerei só uma pessoa portuguesa. Eu sempre me considerei uma cidadã do mundo, uma cidadã planetária.” DA NOSTALGIA AOS HERÓIS DO REAL Com um ADN onde reina a nostalgia e a intemporalidade, a célula mestre assenta na necessidade “reviver” os momentos em ritmos extremamente inconstantes. “Voltar às origens”, “perceber como surgimos” e o

no seu país. Alexandra reconhece que acabou por se tornar numa grande barreira, “o conservadorismo e a falta de cultura de moda que havia” eram fatores cada vez mais assentes na evolução Portuguesa, ainda que, atualmente, o panorama seja um pouco diferente. A falta de mercado, segundo Alexandra, é ainda o mais preocupante, “Há, de alguma forma agora, com esta invasão de estrangeiros, a loucura de gente que vem de fora para dentro; a própria possibilidade de gente que vai e pode regressar, que vêm com uma outra perspetiva, uma outra cultura visual e isso está também a ajudar, mas ainda é muito residual”, afirma. Segundo Alexandra, o mercado em Portugal para Moda de Autor e para uma estética que se coloque um pouco à parte do “mainstream” é pouco, “durante muito tempo a falta de apoios


“porquê de estarmos aqui”, são questões que certificam a Humanidade de Alexandra, “às vezes, nós criativos, somos hipersensíveis a determinadas coisas e eu acho que toda a conjuntura à nossa volta mexe connosco e isso faz-nos ir, muitas das vezes, buscar temáticas e conceitos mais de reflexão, nostalgia, introspeção”, considera. O lado cultural de povos de diferentes sítios do mundo, as próprias áreas de que era apaixonada - o universo – são coisas que a designer revela no seu trabalho e que a remetem para referências que vai adquirindo diariamente. Tudo pode ser uma inspiração para a artista, as correntes artísticas, sensoriais (comportamentais) e emocionais. As peças de Alexandra Moura, além de passereles, voam até aos palcos de teatro e de música, com foi o caso da peça de João e Inês, estreia nacional em Sintra e de Gisela João, cantora, “É sempre muito gratificante quando nós conseguimos fundir os nosso mundos e universos com outros mundos de alguém.”, revela Alexandra. O universo de poderes de Alexandra Moura vai ainda mais além. Não só é artista e designer de Moda, como também, é professora, mãe e esposa. Tendo uma carreira como professora há quase tantos anos quanto a marca, entrar na loucura já esteve mais longe do que pensava. Ainda assim, o gosto e a vontade de passar a

“Eu acho que nós, seres humanos, realmente temos capacidades de super-heróis e transcendentais e, às vezes, até me enerva quando eles ficam maravilhados com os super-heróis da televisão não é, que aquilo é tudo mentira e nós, muitas das vezes, somos os super-heróis na vida real.” sua informação e conteúdo para jovens que se alimentam por esta essência que a moda guarda em si, é a paixão que a leva mais além.. Com a necessidade de aprender uma nova metodologia de trabalho, organização e prioridades, ter todas estas funcionalidades é um dom que Alexandra consegue conjugar, “eu acho que isto também partiu muito da própria educação que, desde que o Rodrigo nasceu, ele percebeu e acompanha-nos em muita coisa. Agora, que ele começa a ser mais crescido, nós também o preparámos para ter alguma autonomia e para estar bem com ele próprio”. Com os sintomas de uma paixão pela arte, o pequeno Rodrigo, segundo a mãe, já se mostra um amante por grafitti, fotografia e mistura de músicas. A arte, talvez, já faça parte de si. Assim como todos os super-heróis o futuro deles aproxima-se e, Alexandra, está de braços abertos para receber tal, “Os nossos projetos continuam a estar muito focados na internacio-

nalização porque, o nosso mercado é lá fora e é esse que nós temos de continuar a conquistar – conquistar o que ainda não temos e continuar o que já temos”, revela. Continuará ainda a abraçar outros projetos, nomeadamente, relacionados com artistas de música e artes performativas e, por último, a outra coisa que Alexandra queria realmente que acontecesse seria a possibilidade de “ter um espaço maior e mais concentrado em nós, faz parte de alguns dos objetivos que nós queríamos ter porque, gastamos muito tempo, dinheiro, recursos por termos de andar com isto tudo espalhado.” Com poderes ou não, aos bons nomes reais, portugueses, vanguardistas e, segundo o reconhecimento da Moda nacional e internacional, Alexandra Moura é um deles.



SEE NOW,

BUY NOW por Rafael Moreira

O conceito See now, Buy now (Veja agora, Compre agora) vai de encontro às necessidades criadas pelo avanço das tecnologias e torna-se possível ter acesso a uma infinidade de produtos de forma imediata, fazendo com que deixe de existir o tempo de espera entre a apresentação dos produtos e a sua chegada às respetivas lojas. Para que haja uma maior divulgação, as coleções normalmente são apresentadas com seis meses de antecedência: durante o verão, são lançadas as coleções de outono/inverno. Porém, algumas marcas estão a optar por outro caminho, colocando imediatamente a coleção à venda após a sua apresentação. A principal vantagem é a ligação e proximidade que é criada com o consumidor, para além do aumento considerável de vendas que as marcas consegues adquirir com este movimento. Burberry foi a impulsuinadora, quando em 2016, mal terminou a apresentação da coleção outono/inverno na Moda Londres, os seus produtos já se encontravam disponíveis. As grandes marcas ainda estão em fase de adaptação a esta nova tendência que promete revolucionar o mundo da moda.

A Michel Kors também aderiu, na sua coleção de inverno 2017 com uma seleção de peças à venda logo a seguir ao desfile de apresentação, já a Moschino disponibilizou inúmeras peças para compra online quatro dias depois, exemplos disso foram também Tommy Hilfiger, Ralph Lauren e Tom Ford. Mas não são apenas aspetos positivos, grandes marcas como Dior e Chanel são contrárias à tendência, que devido ao pouco tempo hábil para fabricar, defendendo que os produtos e a sua qualidade podem sair prejudicados. Os entendidos afirmam que, esta facilidade de compra se vai refletir no número de desfiles que, consequentemente irão diminuir, tal como o calendário da moda, que também mostra o ritmo no qual os consumidores querem adquirir novas tendências e se fartam delas. O modelo de compra imediata não fica restrito apenas ao mundo da moda, hoje com a facilidade em buscar e comprar produtos isso pode ser aplicado em diversos setores.


por Fábio Sernadas

ANA E JOÃO

Ana Cravo e João Figueiredo criaram uma plataforma a pensar na moda portuguesa, a Minty Square. De origem portuense, a Minty Square é uma plataforma online que pretende revolucionar o mundo do design de moda em Portugal e no mundo, descreve João Figueiredo, um dos fundadores. “Actualmente, ainda há uma grande dificuldade de acesso às plataformas de moda. há uma necessidade do mercado em globalizar os desfiles de moda e é nesse sentido que a expressão see now, buy now, acaba por se tornar a génese deste site”, acrescenta. Foi em 2015 que com base numa conversa, durante um desfile do Portugal Fashion, surgiu a pergunta: “onde é que as pessoas poderiam adquirir as peças daqueles designers” e assim nasceu toda a história da marca

OS REVOLUCIONÁRIOS DO E-COMMERCE PORTUGUÊS

Atentos há moda portuguesa e tendo como critérios a manufactura e a qualidade do material, esta tem que ser uma marca emergente ou uma marca de estilo mais diferenciado. Fazendo um trabalho de curadoria, no terreno, viajam até Berlim, Paris e Madrid sempre à procura de novos produtos para que possam trazer para Portugal. Ao longo da conversa com os fundadores da e-commerce portuguesa, surgem perguntas como, qual a missão da Minty e principais dificuldades na hora de trabalhar com os designers, as respostas foram claras para ambos. Com a necessidade de reeducar mentalidades, a Minty Square trabalha de perto com cada designer ou marca que tem sobre a sua “alçada”. Oferecendo alguns dos seus serviços e tornando-se mentores no e-commerce para algumas marcas, Ana e João trabalham para que os produtos portugueses sejam visto lá fora e é essa uma das suas missões, levar o design nacional além fronteiras. Ainda que grande número de vendas sejam estrangeiro, João acha “que o português cada vez mais valoriza o que de melhor se produz em Portugal.”


Atualmente o cliente português compra pelo gosto e não pelo preço. “Havia sempre uma maior procura pelo produto estrangeiro e acho que cada vez mais reconhecemos o nosso trabalho, mas existe ainda uma desconfiança no mercado nacional para as compras online, creio que também é algo que esteja a evoluir.” acrescenta. Destacando algumas falhas no âmbito da moda nacional, os fundadores fazem uma pergunta, na hora de aumentar a sua vasta lista de marcas, “o que é que perdes?”. Assumindo todo o risco de investimento e energia, os fundadores esperam que os designers percebem que estão ali para os ajudar e fazer com que o seu nome seja ainda mais conhecido e consiga vender em maior escala. Com mais de 100 marcas, sendo maior parte portuguesas, a Minty cresce dia após dia. O sonho de montar uma loja/showroom, existe mas, Ana e João deixam em repouso essa ideia e garantem que muitas ideias para o futuro. Para além de venda no estrangeiro, a Minty Square oferece ainda um serviço aos seus filiados, reconhecendo a dificuldade de se criar uma página web e que por vezes essas não são “alimentadas”, a e-commerce oferece ajuda nesse sentido. Para que cada designer possa ter a sua página e consiga alicerçar a sua marca, reforçando que o mundo digital é o futuro. Mas não esquecendo o offline, “Nós queremos acesso cada vez mais rápido ao conteúdo e é cada vez mais rápido pegar no telemóvel e no computador e comprar, do que ir a uma loja e experimentar. As pessoas cada vez mais gostam desse conforto.” A conquista da primeira ronda de investimento de um milhão de euros através de uma empresa de publicidade online em 2016 foi um dos momentos mais marcantes para a empresa, pois permitiu reforçar a equipa e impulsionar o processo de internacionalização. No entanto, quando João Figueiredo e Ana Cravo criaram a plataforma, em 2015, utilizaram capitais próprios e contaram com o apoio do IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação mas, para que o futuro seja ainda mais promissor, os designers da velha guarda e os mais jovens tem de se unir, inspirarem-se uns nos outros, para contruir um mercado sólido em Portugal e que possa quebrar barreiras pelo mundo fora.


por Vera Gomes

INDÚSTRIA

da Moda

Já se sabe que o mundo está em constante mudança e a sociedade é uma das protagonistas. A velocidade com que as coisas evoluem provoca alterações comportamentais, sociais, políticas e económicas. ‘The State of Fashion 2019’ é o estudo realizado pelo Business of Fashion e a companhia McKinsey&Company que retrata o comportamento dos consumidores e qual o caminho que a indústria da moda tomará. A rivalidade entre a China e os Estados Unidos não é de agora. Sempre foram os maiores rivais. Contudo, os mercados da moda sempre foram mais valia dos Estados Unidos, tendo agora a situação invertido face a 2018 e ao restante século. Volatilidade, incerteza e mudanças na economia glo-

bal são as causas apontadas para esta mudança bem como o Brexit, a possível desaceleração no crescimento económico e ainda os choques políticos externos ao sistema chinês.

Oficialmente o mercado está caracterizado com mudanças radicais, e os especialistas não consideram estas mudanças como sendo as melhores. Pessimismo aposenta-se principalmente quando a expectativa de crescimento da indústria diminua para o intervalo entre 3,5 ou 4,5%, um pouco abaixo dos valores apresentados em 2018. Os mercados de valor e de luxo são os que podem trazer alguma satisfação face aos números devido à sua evolução deste ano onde serão impulsionados por economias de rápido crescimento na Ásia e pelo boom continuo o turismo mundial.


Não se pode deixar de falar nas empresas que estão à frente deste crescimento. Marcas como Nike, LVMH e Inditex estão no grupo das vinte maiores empresas de capital aberto que dominam cada vez mais o setor em termos de criação de valor, ou seja, representam vinte e cinco biliões de dólares de lucro, o que representa 97% do valor total da indústria, comparando com os 70% de há dez anos atrás. As lojas on-line ainda não estão incluídas neste grupo pois nenhuma conseguiu resultados para tal. 2019 será o ano para analisar oportunidades, não só desafios.

As empresas começarão a investir em automação e em inteligência artificial, os consumidores vão construir ou quebrar marcas já existentes na base da confiança que as marcas lhes oferecem. O mercado mid-end não está optimista, ao contrário do mercado de luxo, que será o que trará esperança para o novo ano. Este estudo foi elaborado por McKinsey Global Fashion Index (MGFI), onde a análise das mais de quinhentas empresas na sua base de dados possibilitou a compreensão do desempenho de cada uma delas.


Assim sendo, estas duas plataformas criaram dez tópicos que facilitam a compreensão do estado da moda em 2019.

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“Caution Ahead”

Com a possibilidade de existir uma desaceleração da economia global até 2020, as empresas tornar-se-ão mais cautelosas e, ao mesmo tempo, procurarão novas oportunidades de mercado para aumento da produtividade face a anos anteriores.

SUBIDA COMÉRCIO 2.0 FIM DA ACORDADO “Trade 2.0” DA ÍNDIA PROPRIEDADE “GETTING WOKE’”

“IndianAscent”

Neste momento a Índia é apontada como o foco da indústria da moda devido à força que a classe média cresce e que o sector da manufatura fortalece. A Índia é um país que está em desenvolvimento, logo quem atua no mercado tem de perceber que sendo um mercado fragmentado, existirão dois tipos de público em simbiose: o educado e que está a par das tecnologias e o pobre que está ainda em ascenção.

“END OF OWNERSHIP”

Prevê-se cautela e desaceleração. Então as empresas têm de estar preparadas para o melhor ou para o pior. Devem preparar planos de contingência para enfrentar as possíveis mudanças nas cadeias globais de valor. Por um lado, os negócios podem ser reformulados por novas barreiras, tensões comerciais e incertezas por outro, novas oportunidades de crescimento do comércio e renegociação de acordos comerciais aparecem.

A vida útil de um produto-moda era visto com uma validade de no máximo seis meses. A partir daqui o tempo de vida passará a ser mais elástico aquando a possível reformulação de modelos de negócios usados. Os novos consumidores são o foco dos fashion players.

Os milenials têm o poder de mudar. A paixão por causas sociais e ambientais atingiu uma massa crítica fazendo com que as marcas vivam por um propósito com o objetivos de conseguirem novos compradores. Estes ajudarão as marcas a ter uma postura diferenciadora perante o mercado.

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DIGITAL NO AGORA AUTO TRANSPARÊNCIA OU NUNCA LANDGRAB CORROMPIDO COMANDO RADICAL NOW OR NEVER” “SELF DISRUPT” “ON DEMAND” “ON DEMAND” “RADICAL TRANSPARENCY”

O consumidor exige rapidez; exige rapidez no input de novos mercados e/ou objetos e ainda mais rapidez na compra do mesmo. Fashion players procuram encontrar essa velocidade através de novas tecnologias, maior disponibilidade de produtos e um menor espaço de tempo em todo este processo.

À medida que a corrida para ser a plataforma de escolha para os clientes e as marcas se intensifica, os fashion players do e-commerce continuam a inovar ao adicionar serviços rentáveis. Assim sendo, as marcas participantes nessas plataformas fortalecerão a sua liderança sobe aqueles que permanecem puros (sem esses serviços extra), confiando apenas nas margens de lucro.

As marcas mais tradicionais estão a mudar os seus modelos de negócio para conseguirem a atenção de consumidores mais jovens que cada vez mais está a aumentar devido à filiação com marcas e ao apetite de consumir as novidades. A disrupção terá um impacto significativo face aos modelos de negócios até agora praticados.

As novas tecnologias e a análise de dados permitiram que uma nova geração de start-ups atingisse uma produção ágil aquando a encomenda. Os vendedores conseguirão responder mais rapidamente às tendências e às prespectivas do consumidor com a produção just-in-time, que irá de reduzir o excesso de stock tornando os ciclos de produção menores e com lotes de menor quantidade.

Às empresas são exigidos níveis de transparência cada vez mais altos. Os consumidores mais desconfiados esperam total transparência na partilha de informações, proteção de dados, custo-benefício e integridade criativa.


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Shoes por Margarida Sousa

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Uma seleção de um guarda roupa arrojado. Veste algo que diga “Aqui vou eu!”

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por Luís Assunção


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Um passo. Uma atitude. Diverge das massas e a tua marca.


When the sun comes up Para um país à beira mar plantado é sempre necessário quem cuide da visão. Entre outras existentes, nesta edição, mostramos marcas que primam na proteção dos olhos e não só. Tornar estes acessórios uma peça statement no look é prioridade. Arrojados, são incapazes de deixar qualquer um indiferente.

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3 1. Darkside 2. VAVA Eyewear 3. Ildefonso Optical Boutique 4. Ildefonso Optical Boutique 5. Ildefonso Optical Boutique 6.Darkside




Golden bling!

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3 1. Ni Romiti Tebe 2. Liliana Guerreiro 3. Diogo Dalloz 4. Sopro Jewellery 5. Mater

os acessórios não dão vida a um outfit, então para que servem eles? Eles falam por si. Querem sempre destaque completo, como se de superstars se tratassem. O brilho, a dinâmica e a própria forma criam sensações a quem os usa. A beleza juntamente com a sua imponência são ouro sobre azul para se destacar onde quer que vá.


por Fábio Sernadas

OLGA NORONHA “talvez

Apaixonada pelo que faz, metódica e persistente, nesta edição falamos com Olga Noronha, que com apenas 11 anos, dá os primeiros passos na Joalharia Contemporânea, frequentando a Escola Engenho & Arte, no Porto e após finalizar o ensino secundário ruma a Londres. Em 2007, inicia um curso em Arte & Design no Central Saint Martins College of Art & Design. O seu trabalho é considerado o melhor desse ano e adquirido pela faculdade para integrar o seu espolio privado. Licenciada em Design de Joalharia pela mesma faculdade em 2011 é, de seguida, admitida investigadora do CITAD (Centro de Investigação em Território, Arquitetura e Design – Fundação para a Ciência e a Tecnologia). No mesmo ano é convidada a lecionar na Central Saint Martins College of Art & Design e assume-se palestrante em Whintrop University (USA) e na ESAD (PT). Em 2012, conclui o Mestrado de Investigação em Design (MRes) na Goldsmiths College, University of London, sendo seguidamente premiada com bolsa de mérito para doutoramento - Design Star Consortium – Arts and Humanities Research Council (AHRC). Uma criadora que torna o corpo humano numa espécie de “showcase”,

tudo tenha começado com as missangas”

descompõe o significado de usável e tenta sempre explorar posicionamentos e áreas menos comuns ou de forma a enfatizar ou eufemizar extensões do corpo. Sem história de joalheiros na família, Olga conta-nos que foi por volta dos seus seis, sete anos que tudo começou… com as missangas. “Um dia, um vizinho ofereceu-me uma caixa de madeira com diversos compartimentos e alicates. Comecei por pedir à minha mãe que me comprasse arames e, assim, comecei a manipulá-los, juntamente com pedras e outros materiais, construindo as minhas primeiras “jóias”. Algumas delas estão publicadas no livro 1.000 Jewelry Inspirations, Sandra Salamony, Lark Books, USA, 2008.” revela a designer. Em 2001, começa a frequentar uma escola de joalharia contemporânea. Entre 2004 e 2007 completa os seus estudos secundários na escola secundária artística Soares dos Reis e, em Setembro de 2007, muda-se para o Reino Unido. Em 2017 termina o doutoramento, com uma tese que junta as distintas áreas de arte, design, design de joalharia, medicina, engenharia, antropologia e sociologia. Defendendo que nunca se dedicou a 100% à moda, Olga Noronha garante-nos que é deveras feliz dividindo a sua vida profissional “ em três campos: criação artística (intuitiva); investigação artistica-cientifica (académica) e o design.” Considerando-se uma pessoa “adaptável e facilmente ‘inspirável’” por tudo que a rodeia, não deixa escapar um factor que não dispensa no momento da idealização de uma peça, “a obrigatoriedade de uma interacção activa e passiva.” Por interacção passiva refere-se à capacidade da peça veicular algo mais que uma simples ideia de acessório/ adereço, a jóia como escultura que tanto vive em contacto direto com o corpo do utilizador, como também é apreciada e sentida de um ponto de vista “exterior” – a obra de arte.


No entanto, nestes últimos anos o seu foco tem sido a análise artística e filosófica de atos e rituais medico-cirúrgicos, como se pode perceber nos seus principais trabalhos. “Fascina-me o facto de saber que posso quase que “intrometer-me” numa relação de rejeição subconsciente e ao mesmo tempo visceral, com a necessidade fulcral da intromissão de “corpos estranhos” no corpo humano.” Quando lhe perguntamos onde gostaria de chegar, a resposta foi clara e apenas

numa frase: “Ambição não me falta e sou cem por cento apologista do ‘lutar para vencer’ porque, afinal, ‘quem corre por gosto não cansa’.”admite a criadora. Nestes últimos anos, um dos seus principais objetivos tem sido, através de investigação artistico-científica, provar que o corpo se pode adaptar a materiais e formas distintas do que já é utilizado, sendo assim personalizado e quase que “redesenhado” , tornando-se ainda mais belo, depois de intervencionado a nível médico e/ou cirúrgico. No que toca a apresentação das suas peças, Olga agradece e enaltece o trabalho da ModaLisboa que lhe “dá carta branca” para criar momentos performativos imprevisíveis, nos quais não discute nem disputa “tendências”. Atualmente, Olga Noronha encontra-se ligada a várias instituições académicas nacionais e internacionais, bem como ao Museo Del Gioiello Vicenza, em Itália, assumindo a curadoria de parte do museu e espera que o futuro lhe reserve a curadoria de mais museus ou exposições internacionais.


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wonderland Fotografia: Pedro Afonso Produção: Fábio Sernadas e Pedro Afonso Jóias: Raluca Buzura Especial Obrigado à Collectiva















por Cristiano Teodoro

BOYS JUST WANNA HAVE...

FUN Consumismo: “hábito ou acção de consumir muito, em geral sem necessidade” Vivemos numa sociedade de consumo, é certo. O conceito de passeio de fim de semana cinge-se, cada vez mais, às idas ao centro comercial. Vemos montras, vemos algo de que gostamos, que por vezes nem precisamos mas que acabamos por comprar. Mas qual será o futuro do consumo de moda, principalmente no género masculino? Estamos a passar por diversas transformações no mundo da moda e se alguém ainda tem o preconceito de que a moda é só para meninas, aconselhamos a repensar a ideia. Por um lado, começamos a ter noção da igualdade de género. A marca Zara criou, em 2016, uma coleção neutra, para ambos os géneros: alterações sociais alimentadas pela moda e vice-versa. Em 2017 vimos a acontecer a colaboração da Louis Vuitton e da Supreme, que alimentou a moda masculina na alta costura. Jun Takahashi já contou ao mundo que vai deixar de apresentar coleção feminina para dar primazia ao design masculino. Uma das razões para este rodopio de estilo tem a ver com as próprias criações. De forma gradual, as marcas de alta costura estão a criar design streetwear. Hoddies, joggers e/ou sneakers são apostas, de peso, nas mais diversas marcas. Vemos uma mudança no consumo: se antes adquiríamos estes produtos de

marcas de desporto como Adidas ou Nike, hoje compramo-los de marcas como Balenciaga ou Vetements. Estas apostas de design andam paralelamente com as campanhas de marketing das empresas. De modo a promover uma aproximação com as massas, as marcas apostam em influenciadores digitais para a divulgação dos seus artigos. Isto porque os influenciadores são vistos como modelos sociais e promovem uma linguagem adaptada à população. Exemplo dos exemplos: David Beckham, antigo jogador de futebol é hoje, um dos homens mais influentes no mundo da moda. É embaixador do British Fashion Council e tem a sua própria marca de cosmética: House of 99. Sim, grande parte dos homens é já metrossexual: perde tempo com a beleza, coloca cremes, e faz a depilação. Se este comportamento influencia o consumo de moda? Sim! As semanas de moda são, por si só, um evento mediático. designers, modelos, estudantes de moda, ou apenas curiosos invadem praças, salões (ou até passadeiras) de modo a mostrarem o seu melhor estilo. Nas grandes semanas de moda, nota-se uma maior presença de homens a assistir às tendências. cias.


O consumo de moda, de uma perspetiva generalizada, está cada vez mais preocupado com o ambiente. As marcas de “slow-fashion” estão em crescimento e as marcas criam iniciativas de ajuda ao ambiente (por exemplo H&M CONSCIOUS). A moda é uma frente na economia circular, ou seja, reutilizar, reparar e reciclar. No entanto, em Portugal, as dinâmicas são diferentes: o “fast fashion” (marcas como Zara, Massimo Dutti ou H&M) está a crescer. E, apesar das tendências de roupa descontraída, o homem português continua um clássico: polos, chinos, blazers ou denim são artigos de grande consumo em Portugal. Ambos os estudos são da Euromonitor. No entanto, na apresentação da sua coleção primavera-verão 2019, Nuno Gama disse: “consegui desligar-me da minha estrutura normal de uma coleção. Fui muito pelos meus clientes, quis dar resposta ao que eles querem.

E isso acabou por reverter um bocadinho os estilos, os conteúdos, as formas” O importante: o sentimento de conforto e de um consumo consciente, descontraído e que o façam sentir bem consigo próprio. Spoiler Alert: A moda (já) não é só para as senhoras.


por Cristiano Teodoro

o futuro

É AGORA! Beleza Masculina

Está nas bocas do mundo e é o novo melhor amigo da pele masculina (e do seu telefone). O novo conceito de cuidado de rosto (e não só) que a FAIRE lhe dá a conhecer. Qual é o seu cuidado de beleza em relação ao seu rosto? Lavar o rosto com água e colocar creme hidrante? Esfoliar duas a três vezes por semana? Fazer uma máscara hidratante uma a duas vezes? Está no caminho certo, mas (há sempre um mas nestas coisas) pode ainda não estar a fazer o suficiente. Nascida em 2013, na Suécia, a FOREO veio revolucionar a forma de tratar do rosto. É para todos – FOREO é abreviação de For Every One – os tipos de pele, pessoas e smartphones. Está confuso? Já lá vamos! O seu grande conceito é o LUNA, um aparelho de limpeza facial. Têm três versões à disposição, sendo que o menino do momento é o LUNA 2 for Men, a escova que permite uma limpeza facial eficaz que prepara o rosto para um barbear suave. Permite ainda uma ação antienvelhecimento. Tem também a versão portátil, que pode levar para qualquer lugar, mas sem a utilidade que combate o envelhecimento da pele. O ritual é bastante fácil, curto e tecnológico. Sendo possuidor da escova, o primeiro passo é instalar a aplicação da marca no seu smartphone. Faz o registo e responde a algumas questões como o tipo de pele, a idade, ou a quantidade de água que bebe diariamente. Posto isto, a app envia, através de ligação Bluetooth, as informações para o LUNA, para um cuidado adequado à sua pele. Pode utilizar o creme de limpeza facial FOREO antes de utilizar a escova. Molha o rosto e com a parte traseira da escova faz o tratamento antienvelhecimento em zonas específicas do rosto. Em média dois minutos e tem o tratamento acabado com resultados acima dos 90%, segundo a marca.

A LUNA 2 for Men funciona através de pulsações T-Sonic que permite uma limpeza profunda através da sua base de silicone. Dada a profundidade da limpeza, as lâminas de barbear têm uma maior durabilidade. O modo antienvelhecimento funciona através de pulsações de baixa frequência. Por outro lado, o creme de limpeza possui com 96% ingredientes naturais. É feito com minerais hidrotermais que hidratam e regeneram a pele, e com extrato de moringa que ajuda à remoção de toxinas da pele. Esta é a junção mais feliz entre cuidados de beleza e avanço tecnológico. Será que estamos preparados para o próximo nível? PS: Também existem escovas de dentes.


por Maria Serrano

Maquilhagem

BRANCA DE NEVE

Para comemorar a entrada de um novo capítulo vamos dedicar este mês à maquilhagem de Inverno, a famosa maquilhagem da Branca de Neve. O famoso eyeliner e batom vermelho, rodeado de uma pele perfeita, bem fresca e iluminada. E quem melhor para retratar esta maquilhagem que a actriz Marylin Monroe, o ícone da sensualidade do século XX, que preencheu os anos 50, acompanhada sempre pelo o seu fiel maquilhador Allan Snyder. Nesta época, não existiam sombras com textura metalizada e, por isso, a vaselina era utilizada como camada finalizante na sombra dos olhos, bem como um primer para deixar a pele bem iluminada. Os lábios ainda não eram aumentados com injecções de preenchimento e, por isso, havia a necessidade de usar pelo menos a mistura de cinco produtos de tonalidades diferentes.

Para criar a ilusão de profundidade, o maquilhador delineava os lábios da actriz com um lápis no tom de chocolate. De seguida, um lápis cor de telha preenchia os lábios e com um lápis vermelho, a começar no centro, misturava os tons. Para manter a profundidade e volume, colocava um ponto no meio do lábio com um iluminador em creme e, finalmente um bálsamo brilhante por todo o lábio. Para um delineado expressivo nos olhos, o maquilhador misturava os tons preto e castanho, bem como o branco para criar profundidade. Para pestanas maiores, apenas eram usadas as pestanas postiças pela metade exterior do olhar para que se aparentassem maiores. Hoje em dia, não faltam produtos para usar e abusar desta maquilhagem clássica predilecta para este mês em que a dica é, como sempre, brilhar numa pele cuidada e iluminada.


HAIR SHO(CK)RT

por Letícia Carvalho

I DON’T CARE!

Muitas das coisas que foram chocantes há uns anos atrás, para as gerações anteriores a nossa, hoje passaram a ser assuntos corriqueiros. Aquilo que é chocante hoje, amanhã poderá ser apenas quotidiano e não ter tanta atenção como tem atualmente. As coisas na vida sempre têm um ciclo, algo encadeado numa outra coisa qualquer. Isso aplica-se para diversas áreas da vida, seja em relação ao vestuário, maquilhagem, sítios que as pessoas frequentam, relações, afeto, comportamento e por aí vai. Há alguns anos atrás, as mulheres mal podiam cortar o cabelo e possuirem cortes consideravelmente “masculinos”sem que as pessoas a sua volta, condicionadas pela sociedade em que estava inseridas, ficassem chocadas e, de alguma maneira, julgassem e atribuissem um determinado rótulo.


Porém, enganasse quem pensa que somente o sexo femino era, e ainda é, julgado a partir do corte de cabelo. Para os homens, o requisito sempre esteve associado a status e virilidade. A história dos cortes de cabelo no mundo ocidental, apesar de para muitas pessoas ser algo sem importância e banal, é uma das grandes maneiras de perceber a mentalidade das épocas. Mais do que ser apenas uma questão de aparência e vaidade, os cabelos podem ser sinônimos de posicionamento e estilo de vida. Nos anos 20, o cabelo curto, para as mulheres, começou a ser dotado de questões É importante relembrar que os famosos “loucos sociais fortemente entrelaçadas. anos 20” são fortemente marcados pela mudança Os homens utilizavam o cabelo de comportamento e mentalidade dos países oci“rente” à cabeça e cheio de pro- dentais, tendo maior reflexo e força nos Estados dutos, para que transmitissem Unidos. No entanto, os países do ocidente, na sua um certo status. grande maioria, começaram a seguir o exemplo e

podemos considerer que hoje muitos frutos deste choque estão presentes no que consideramos “normal” e nem se quer damos muita importância no nosso dia a dia. Apesar de ter sido quebrada, à um longo período de tempo, não se pode negar que ainda hoje haja muito preconceito e julgamentos baseados no cabelo das pessoas. Um dos exemplos que podemos dar é na procura de emprego, diversos cargos empresariais são negados a partir do cabelo da pessoa, por mais estranho que isso possa parecer.

No entanto, cada vez mais há conscientização sobre o assunto. Um dos espaços mais utilizados para se debater o tema são as redes sociais. No Youtube, por exemplo, podemos encontrar canais de vídeos dedicados somente a falar sobre a problemática envolvente ao corte de cabelo das pessoas. É de extrema importância que todos possam unir-se para que a liberdade na aparência seja de facto algo sem barreiras. Só dessa forma as pessoas poderão ter total autonomia para colorir as madeixas das cores mais inusitadas, alisar ou simplesmente as deixarem naturais, cortar da maneira que quiserem e fazer os penteados mais criativos. A personalidade das pessoas, mais do que nunca, está a ser exposta também através do cabelo e esse não devia ser um ponto importante quando o carácter da pessoa é posto à prova. De um choque, passamos para um processo de mudança e é importante que ele seja de facto finalizado.


OS TESOUROS

PERDIDOS

Old Rock | desde 2017

NAS NOSSAS LOJAS E BALCÕES Odin Tattoo | desde 2017 No aglomerado caótico de serviços e habitações que designamos por ‘cidades’, é praticamente impossível conhecer todos os ‘cantos à casa’. As urbes são no fundo entidades orgânicas que se desenvolvem e crescem com uma vontade própria. Será, portanto, inevitável encontrar alguns negócios perdidos em pracetas, ruas e cantos da cidade, de que nunca ouvimos falar e onde nos podemos perder, envoltos num microcosmos que desafia a imaginação.

Ao descer os degraus que nos conduzem ao Old Rock, em São João da Madeira, fazemos uma viagem ao passado, onde as paredes repletas de cassetes e ídolos musicais nos fazem recordar as décadas de 70 e 80. Quem frequenta o bar não são, porém, meros espectadores dos tempos de outrora, mas sim clientes que reconhecem a dinâmica do bar na noite sanjoanense. A sexta-feira conta com bandas nacionais e ao Sábado é o Rock & Roll que reina.

Há momentos na nossa vida que nunca queremos esquecer. Existem emoções que nunca devem ficar esbatidas. Quem opta por uma tatuagem conhece bem esta necessidade e em Aveiro, a Odin Tattoo é perita em imortalizar na pele, com tinta e talento, momentos, ideias, estéticas e sensações. O estúdio com três andares conta com tatuadores residentes e convidados, prontos a fazer da sua derme uma tela.

Se há um local onde podemos simultaneamente perder-mo-nos e encontrarmos tudo o que diga respeito a botões é a Aramarte no Porto. As peças que são criadas pelas mãos hábeis de Rui Oliveira, o proprietário, são verdadeiras peças de autor, únicas e vendidas a um preço simbólico. Colares, anéis e pulseiras são apenas alguns exemplos do que aqui se encontra. Na verdade, Rui consegue usar botões para criar uma infinitude de artefactos, fruto de muita


Aramarte | desde 2011

Poço dos Negros | desde 2016

imaginação e mestria em joalharia. A Mercearia Poço dos Negros, em Lisboa, é uma espécie de loja mágica, agregadora de delícias e raridades que escapam às prateleiras das grandes superfícies. Maria e Eduardo, os proprietários, fazem questão de trabalhar com produtores locais, de forma a garantir a qualidade dos produtos, assim como a preservação de processos e sabedoria centenária dos produtores portugueses. E claro está, aqui também não se perdeu a atenciosidade que caracteriza o nosso comércio. Em Braga, o Bar Mal Amado é não só um óptimo local para provar uma cerveja artesanal, mas também um estabelecimento que preserva alguns elementos antigos, votados de outra maneira, ao abandono, de que são exemplo as madeiras e tijolos de um forno cerâmico de Cabanelas. A excelente seleção de bebidas e ambiente amigável são argumentos incontornáveis

Mal Amado | desde 2016

para quem se encontre sem destino na noite bracarense. Seja pela oferta, pelo local ou simplesmente pela filosofia de funcionamento, alguns negócios continuam a surpreender positivamente quem os visita. Fincando pé pela preservação do que consideram importante, tornam-se únicos e preciosos, imortalizando aspetos e elementos que seriam irrevogavelmente perdidos ou eternamente desconhecidos. E ainda bem que assim é, porque por vezes precisamos de um pouco de indulgência. Precisamos de nos perder um pouco num momento só nosso.


CINEMA

O Grande Circo Místico

A Educadora de Infância

Astérix: O segredo da Porção

O Grande Circo Místico conta a história de um amor entre um aristocrata e uma acrobata. Trata-se do retrato dos 100 anos de existência do Grande Circo e das cinco gerações responsáveis pelo espetáculo e todas as suas histórias fantásticas ao redor do mundo nas primeiras décadas do século XX.

Lisa Spinelli é uma educadora de infância dedicada de corpo e alma à sua profissão. Tudo começa quando, ao observar Jimmy de cinco anos, a proclamar um poema da sua autoria, se apercebe que o mesmo tem um talento fora do comum. O drama decorre em torno do fascínio de Lisa e o contributo para o seu talento.

Após um pequeno incidente durante a colheita de visco, Panoramix decide que chegou a hora de garantir o futuro da aldeia. Acompanhado por Astérix e Obélix, irá viajar pela Gália à procura de um druida jovem e talentoso que possa ser treinado digno de conhecer o segredo da poção mágica.

Carlos Diegues 3 de Janeiro

Sara Colangelo 3 de Janeiro

Alexandre Astier, Louis Clichy 10 de Janeiro


Escape Room

Uma Luta Desigual

É o aniversário de Tyler, e juntamento com quatro amigos, são levados pela sua namorada a um local desconhecido onde são trancados num quarto. Para conseguirem sair de lá, terão de resolver vários enigmas que os levarão a outras pistas... É com o decorrer do jogo que Tyler e os amigos percebem que algo não está ser e podem até correr perigo.

A inspiradora história verídica que acompanha a jovem advogada Ruth Bader Ginsburg que se juntou ao seu marido Marty, para apresentar um caso inovador ao Tribunal de Apelações dos EUA e derrubar um século de discriminação de género. Ginsberg foi nomeada para o Supremo Tribunal no ano de 1993 pelo presidente Bill Clinton e tornou-se na segunda mulher juíza da Suprema Corte, depois de Sandra Day O’Connor.

Adam Robitel 10 de Janeiro

Tiro e Queda

Mimi Leder 10 de Janeiro

Ramon de los Santos 17 de Janeiro

Baseado em factos reais, Correio da Droga relata um drama + centrado na figura de Leo Sharp, um horticultor que se tornou num correio de drogas. Sharp trabalhou durante anos secretamente para o cartel de Sinaloa do México e foi preso aos 90 anos, quando transportava 3 milhões de dólares de cocaína. Foi condenado apenas a três anos de prisão, depois do seu advogado conseguir argumentar a demência do seu cliente que o levou para um caminho errado.

Correio de Droga Clint Eastwood 31 de Janeiro

Protagonizada por Eduardo Madeira e Manuel Marques, esta comédia promete não ser apenas mais uma. Quando recebem a mensagem “ K4-37 “, estes arriscam e embarcam numa missão secreta onde viajam até Viana do Castelo. Depois de estarem instalados no hotel, eis que aparece uma misteriosa mulher e os orienta para o próximo passo.


EXPOSIÇÕES

ATÉ 6 DE JANEIRO EL JARDÍN DE LOS SENDEROS QUE SE BIFURCAN de Juan Araujo Culturgest, Lisboa

Nesta exposição, Juan Araujo desenvolveu um trabalho que define a pintura e desenho como um mapa de relações que oscilam entre a história da arte. A arquitetura moderna do Brasil e da América Latina foi o ponto de partida para a criação deste trabalho e, tal como é possível ver, a estrutura da exposição que o artista apresenta na Culturgest centra-se nas vanguardas de Roy Lichtenstein.

ATÉ 26 DE JANEIRO ORIGEM DO MUNDO – HOMENAGEM A GUSTAVE COURBET, de Henrique Silva– Fórum Cultural de Cerveira,

Vila Nova de Cerveira A exposição do artista e ex-diretor da Bienal de Cerveira, Henrique Silva, apresenta 30 desenhos pintados, na sua maioria, a tinta da china, definindo o corpo feminino como protagonista. O trabalho de Henrique Silva é de caráter individual e tenta evidenciar a relevância e arte do traço corporal feminino na sua simplicidade.

ATÉ 27 DE JANEIRO PARAGEM SUL – O TERRITÓRIO DA ARQUITETURA DE GREGOTTI E ASSOCIADOS (1953 – 2017), de Padiglione

d’Arte Contemporanea Milano (PAC) – Centro Cultural de Belém, Lisboa

Em dias de comemoração o CCB acolhe uma exposição retrospetiva da obra de Vittorio Gregotti. A exposição apresenta uma narrativa explicativa das atividades desenvolvidas pelo arquiteto ao longo de mais de seis décadas de projetos em Itália e no resto do mundo. A apresentação inicia-se com os trabalhos mais recentes e recua no tempo até à ligação ideal com os trabalhos da década de 1950. Mais tarde, nos anos 70, inventam-se novos caminhos, que foram seguidos de concursos e projetos para cidades europeias, incluindo projetos de habitação social, na década de 1980.


12 DE DEZEMBRO ATÉ 03 DE MARÇO JOAN MIRÓ E A MORTE DA PINTURA organizada pela Fundação de Serralves –Museu de Serralves, Porto A exposição centra-se na produção artística de Joan Miró em 1973. Com cerca de 80 anos de idade, o artista preparava uma importante retrospetiva no Grand Palais, em Paris, na década de 70. O mesmo é sustentado não só pela apresentação física das obras, como também através de uma secção documental que oferece, ao visitante, a possibilidade de observar os métodos de trabalho de Miró na execução dos “Sobreteixims”. Inclui ainda um filme do conhecido fotógrafo catalão Francesc Català Roca que regista o processo de criação e destruição das “Toiles brûlées”. Este trabalho, organizado pela Fundação de Serralves, apresenta obras referentes à Coleção do Estado Português, depositadas no local em que a exposição se realiza, assim como algumas obras que pertencem a diversas coleções públicas e privadas de Espanha e de França.

ATÉ 24 de FEVEREIRO LUZAZUL, de Miguel Soares – Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa

Miguel Soares apresenta um conjunto de várias obras inéditas, composto por imagens fixas de composição digital e por imagens em movimento, de animação 3D com composições musicais. A exposição propõe refletir sobre a realidade hipotética em que as novas máquinas tomam consciência de si e procuram reivindicar direitos sociais criando assim um paralelismo com as lutas desenvolvidas pelos humanos em séculos anteriores. “O projeto é o culminar de um percurso artístico dedicado à reflexão e à conceptualização do mundo real versus virtual.”


LITERATURA É costume pensar que, sempre que um ano se inicia, é momento de renascer e começar um novo ciclo na vida. Para que novos ares venham a acompanhar este 2019, nada melhor do que encher-se de coisas novas. Por isso, decidimos indicar alguns livros que serão lançados este mês e que podem servir de alavanque para o novo ano que se inicia.

Sobe a Maré Negra O Homem Mais Rico do Mundo

Mil Estrelas e Tu

O Romance escrito por Isabelle Broom, conta a história de amor entre Alice e Max vivido numa viagem a Sri Lanka. Alice, sentia-se sufocada por conta da pressão do quotidiano e da família, e, após distanciar-se de casa, sente-se independente e disposta a cometer riscos. Apesar de pensar estar pronta para o novo, o que ela não imaginava era conhecer Max e com ele viver uma história amor. Lançamento: 03/01/2019

6 Minutos Para Mudar a Sua Vida´ Este livro, escrito por Dominik Spenst, é um workbook prático o qual procura incentivar o leitor a tirar 6 minutos do seu dia para refletir e escrever sobre aquilo pelo que é grato, o que torna o dia e a vida tão bela, uma boa ação ou um bom sentimento. Afinal, segundo o autor, a felicidade não deve ser tratada como uma conquista, mas sim como um hábito. Sendo um hábito, só é possível de ser alcançado quando se é exercitado. Lançamento: 11/01/2019

Esta é uma biografia de um dos nomes mais aclamados em Portugal, Calouste Gulbenkian. Jonathan Conlin, autor do livro, refere ao facto de Gulbenkian ter sido o homem mais rico do mundo nos anos 50 e, com base nos arquivos da Fundação Calouste Gulbenkian, conta a história particular e de trabalho de uma das maiores influências da altura. O lançamento do livro será feito no mesmo ano em que Gulbenkian completaria 150 anos de vida. Lançamento: 03/01/2019

Tendo como temática o fim da vida, esta obra, de Margaret Drabble, tem como protagonista uma senhora de idade chamada Fran. A personagem reflete sobre como as pessoas lidam com a morte em si ou quando presumem já estar próxima. Com uma escrita sarcástica e ao mesmo tempo emotiva, o livro busca fazer com que o leitor reflita sobre a beleza da vida assim como a da morte. Lançamento: 11/01/2019


HELENA MAGALHÃES por Cátia Pimenta

Helena Magalhães, formada em Políticas Sociais e Criminologia, é atualmente escritora e jornalista freelancer. O medo de um emprego repetitivo e o seu envolvimento com questões de género e igualdade entre jovens foram motivos para que construísse uma carreira em Política Social. A paixão pela escrita sempre fez parte da sua vida desde muito nova e aos 26 anos abandonou a política social pela sua má estrutura no nosso país e decidiu dar uso à sua voz através do jornalismo e da escrita. Como nos diz a escritora, foi como se voltasse a reencontrar um velho amigo.

Muitas das coisas que hoje defende e que partilha nas suas redes sociais com as novas gerações - o feminismo, o self-love, o significado que tem o que fazemos, usarmos a nossa voz e fazer-nos ouvir – são fases que a jornalista criou aos longos dos seus trabalhos, maioritariamente com mulheres. Durante dois anos trabalhou com vítimas de violência doméstica e presenciou relações abusivas, conseguindo ver o quanto destruidor tudo isso pode ser para uma mulher, compreendendo tudo no seu livro Diz-lhe Que Não onde de uma forma divertida e sarcástica mostra que devemos agradar a uma só pessoa: a nós próprios. Em 2014 criou o seu blog pessoal onde foi escrevendo artigos e fazendo várias


presente. A escritora caracteriza-se como um freespirit e procura inspiração em tudo à sua volta. Escrever sobre o amor, relações falhadas, beleza, literatura e outras categorias é extensão do seu dia-a-dia, de artigos que lê, de conversas que tem com outras pessoas, livros que tem vontade de recomendar. Considerada uma boa storyteller e com gosto para contar histórias resume o seu blogue a uma forma sua de o fazer para os seus leitores, para os colocar a pensar em algo, a trazer mudanças nas suas próprias vidas, a procurar inspirações ou criar conexões ou então simplesmente para que se riam.

coisas de forma a estender o seu “eu” e dar a conhecer mais de si. Foi no meio de um trabalho que a fazia sentir-se frustrada e castrada misturando conteúdos com que não se identificava e os de blogues que já existiam que giravam em torno de moda, beleza e lifestyle que Helena Magalhães encontrou um caminho e impôs-se através da diferença chegando ao público que pensou ser o certo. Considerando que acabou por enveredar no mundo da moda e beleza afirma que o saber destacar-se entre os correntes blogues de lyfestyle foi difícil. Os blogues são um espelho de quem os escreve e o da escritora e jornalista centra-se em objetos como plantas, livros e decoração pois a mudança de casa fez com que estivesse virada para esse tema. Os conteúdos do seu blogue não seguem uma agenda planeada e o seu segundo livro não permitiu que estivesse tão ativa como nas redes sociais. Helena Magalhães confessa que é difícil sairmos do universo da história e das personagens em que mergulhamos e ter vontade para escrever sobre algo onde a nossa cabeça não está

Segundo Helena, estamos a viver a geração onde as pessoas são cada vez mais superficiais e o seu reflexo pode ver-se nas redes sociais. Sente genuinamente que a leitura em papel nunca deixará de existir mesmo que a imprensa não apoie muito a literatura, não incentive à leitura e não se disponibilize para novos autores. Os portugueses direcionam o seu foco para aquilo que está mesmo à sua frente, não procuram fora da caixa. Uma das suas missões é mostrar que


a literatura pode realmente ter algo de extraordinário e virada para um público mais jovem acredita que não serão os escritores da velha guarda a incentivar os jovens portugueses a ler. É necessário que haja mais apoio à literatura jovem para que se agarrem os futuros leitores. Em março de 2017 lança o livro “Diz-lhe Que Não” para as mulheres que vivem relações “pequenas” que nasceu da sua crónica “O Amor é Outra Coisa”. Com a noção de que o fracasso a poderia acompanhar por ser um livro que não facilita a compreensão do público, por ser escrito na primeira pessoa e não ser um romance nem crónicas pessoais mais sim um misto

dos dois, a autora afirma que o livro ficou conhecido pelo passar da palavra entre as pessoas. Um ano e meio depois, “Diz-lhe Que Não” continua na boca dos portugueses e é considerado um livro para as novas gerações, pois cria um impacto na vida de quem o lê. Consciencializada de que poderia ter mais sucesso mas que o nosso mercado de imprensa portuguesa continua a valorizar os nomes já conhecidos, a escritora afirma que o feedback mais importante é o dos seus leitores pois são os que o recomendarão a um amigo. Na opinião de Helena Magalhães, se a vida nos der limões devemos fazer uma limonada. Como? Mudarmos de vida quando recebemos todos os sinais e acreditarmos em nós próprios e ir em frente. As dificuldades irão surgir e os desafios virão juntos mas o segredo é cair, levantarmo-nos e continuar. Muitas pessoas à sua volta estão presas a empregos que não os satisfazem ou relações infelizes e de braços cruzados. Helena diz que “têm os limões mas estão a deixá-los apodrecer ao invés de fazerem uma bela limonada” e a escritora e também jornalista afirma que bebe da sua todos os dias.


DANÇA

ATÉ 12 DE JANEIRO Bisonte de Marco da Silva Ferreira - ESTREIA - Teatro Campo Alegre, Porto 26 DE JANEIRO Discursos através do movimento, espaço e memória “Bisonte” é um trabalho em que o artista Marco da Silva de Sara Garcia em parceria com a Companhia Instável Ferreira expõe o contexto das danças urbanas, baseando-se em referências biográficas e autorreferenciais. Teatro Campo Alegre, Porto às 21h A presença de “híper-masculinização”, em paralelo com um universo queer e feminista é algo presente na arte urbana e na forma como é representada e, dessa forma, a identidade deste tempo e desta geração caraterizam a performance. Marco da Silva Ferreira procura “levar as danças densas, virtuosas e dominantes, para falar de algo comum a todos: a intimidade e honestidade do ser humano”.

O espetáculo de Sara Garcia assume-se como uma provocação à reflexão em torno do que é o discurso e os meios de comunicação. Trata-se de recuar no tempo e no espaço. Uma busca e um encontro com a génese de toda a criação animal e vegetal. A imagem exalta sensações que comuniquem com o público direta e profundamente. Assim, Sara Garcia conduz um discurso que se constrói através do espaço, do movimento e da memória.

03 A 13 DE JANEIRO Cirque du Soleil: OVO no Altice Arena O Cirque du Soleil regressa a Lisboa já este mês, com um espetáculo que promete ser emocionante: OVO. A história sobre um mundo de insetos agitado pela chegada imprevista de um ovo misterioso, é composta por 50 artistas de 14 países especializados em atos acrobáticos.


18 DE JANEIRO Grease - O Musical Coliseu do Porto

Diogo Morgado e Marina Marques Guedes protagonizam o musical “Grease”, a partir da história de Jim Jacobs e Warren Casey, de 1971, que conta com encenação de Paulo Sousa Costa. Grease é a história de um casal de estudantes, Danny e Sandy, que trocam juras de amor no verão, mas separam-se, pois ela voltará para a Austrália. Entretanto, os planos mudam e Sandy acaba por se matricular na escola de Danny. A partir desse momento, tudo poderá acontecer.

19 DE JANEIRO O Quebra-Nozes no Coliseu do Porto O espetáculo de Sara Garcia assume-se como uma provocação à reflexão em torno do que é o discurso e os meios de comunicação. Trata-se de recuar no tempo e no espaço. Uma busca e um encontro com a génese de toda a criação animal e vegetal. A imagem exalta sensações que comuniquem com o público direta e profundamente. Assim, Sara Garcia conduz um discurso que se constrói através do espaço, do movimento e da memória.


MÚSICA

THE JUKEBOX TOUR 2019 – MARO 05 de Janeiro no Centro Cultural de Belém

Depois de um concerto esgotado no Capitólio no passado dia 6 de Julho para apresentar o seu primeiro álbum a solo, MARO regressa a Lisboa para tocar no Pequeno Auditório do CCB no dia 5 de Janeiro de 2019, naquele que será o primeiro concerto da “The Jukebox Tour” que leva 42 temas da artista a votação pelo público cerca de um mês antes da data.

Anavitória

24 de Janeiro no Coliseu do Porto

Depois do sucesso de “Trevo” em colaboração com Diogo Piçarra, as brasileiras Anavitória estão de volta a Portugal com a digressão do recém-lançado álbum O Tempo é Agora, que promete um som mais pop e pulsante, demonstrando o amadurecimento da dupla.


CARMINHO 12 de Janeiro no Parque de Exposições de Braga Depois da digressão mundial dos discos “Canto” e “Carminho canta Tom Jobim”, levando o talento, a voz, o fado, aos quatro cantos do mundo, apresenta-se em Braga com o seu novo disco “Maria”.

TITO PARIS 12 da Janeiro na Casa da Música

Tito Paris apresenta o novo disco ‘Mim ê Bô’, uma ilustração da diversidade cultural que tem acompanhado a vida do artista, com raízes cabo-verdianas e laços muito fortes com Portugal.

TIAGO NACARATO 24 de Janeiro no Centro Cultural de Belém

Tiago Nacarato, que também é uma das vozes habituais da Orquestra Bamba Social, estreia-se no Centro Cultural de Belém para um espetáculo em que irá apresentar temas que farão parte do seu álbum de estreia, bem como algumas das músicas que têm marcado a sua carreira.


TEATRO

25 E 26 DE JANEIRO ANARQUISMOS

de Pablo Fidalgo Lareo - ESTREIA NACIONAL (21h e 19h) Rivoli, Teatro Municipal do Porto, Porto “No Verão de 2005, quatro jovens estudantes de teatro decidem viver juntos num bairro de Madrid e construir uma biografia de grupo em que vivem, comem, escrevem e dormem juntos.” Uma história contada num palco com três membros do grupo (denominados como 1, 2 e 3) onde falam sobre 0, desaparecido há algum tempo e sem qualquer promessa de voltar para a casa. É, desta forma, que o público descobre as dificuldades e o quotidiano destes quatro jovens que tentam inventar uma outra dimensão, um sistema e uma forma de criar própria e única.

30 DE JANEIRO A 10 MARÇO BOUDOIR

produção de Nova Companhia - (17h e 21:30h) Rivoli, Teatro Municipal do Porto, Porto Ao longo dos séculos, diversos autores questionaram a sua própria existência e a sociedade em que viveram. Sade fez isso e muito mais. No séc. XVIII foi um revolucionário nas suas intenções pondo em causa os bons costumes da aristocracia francesa e a moralidade católica no seio de uma velha monarquia. No seu programa literário e filosófico propõe uma nova ordem mundial indo ao limite da libertinagem, tentando furar os tabus mais secretos. O ponto de partida para a dramatização deste espetáculo foi dado. O que pretende? “Acima de tudo, celebrar a liberdade do corpo e do pensamento na sociedade contemporânea”.


18 E 19 DE JANEIRO WORK IN PROGRESS - RAIORAIO LAMALAMA, de Luara Learth - às 21h – Rua das Gaivotas, Lisboa O work in progress tem como ponto de partida a fricção entre o filme Tropical Malady do artista tailandês, Apichatpong Weerasethakul e solo FLECHA (2016). Emergir nesta aventura em que o universo das animalidades presentes nas duas obras, num mundo onde corpo e espírito acolhem destoantes formas e subjetividades é necessário atravessar por uma relação abismal de amor entre caça e caçador, pela entrega da própria carne à alteridade.

15 a 22 DE JANEIRO: LIMBO,

de Sara Carinhas - às 21h – Teatro S.Luiz , Lisboa

“Num registo que varia entre a realidade e a ficção, o sonho e a morte, Limbo entrelaça síndromes e traumas com canções, coreografias, chá e bombas.”

A peça passa-se num espaço nada convencional, ocupado por um grupo de jovens atores de diferentes nacionalidades e percursos, que constroem um discurso em torno da violência, da maldade e do medo. Na tentativa de responder ao estado do mundo, nomeadamente, a guerra que explode dentro e fora de cada um deles.

11 E 12 DE JANEIRO: PECAR,

de Anajara Laisa Amarante- às 20h – Rua das Gaivotas, Lisboa

Descrita como uma performance – art cheia de movimento, Pecar apresenta-nos um viagem num mundo onde três criaturas diferentes se abrem e coexistem, ainda que em diferentes fases, pois todas elas são um só. Uma experiência que divide em 3 - a pecadora, a santa e a criatura libertada (e libertária) – no qual não se teme o pecado ou a destruição, e não se choca com mais nada. A cada três momentos, a construção do espaço e a criação da próxima personagem é feita diante do público.


JOÃO PAULO SOUSA do impensável ao inesquecível Solange Rodrigues

Se pensarmos em alguém cujo percurso esteja marcado por uma passagem entre o impensável e o inesquecível encontramos um nome, João Paulo Sousa. A história de João começa de forma inesperada quando a sua esposa, na altura namorada, o inscreveu num casting para os Morangos com Açúcar. A série da TVI foi apenas o início da sua carreira. Hoje, amealha também uma série, mas desta vez de experiências como apresentador televisivo e, mais recentemente, como locutor de rádio. O seu currículo bem caprichado mostra que a apresentação veio para ficar: Disney Kids, SIC; Curto Circuito, SIC Radical; Music Festivals, SIC Radical; The Surprising Machine, SIC; Sic Caras; Insólitos Oscares SIC Caras; Smile, SIC; Digressão 25 anos SIC; Não há Crise, SIC. Acrescentasse ainda que, por dois anos seguidos foi eleito pela SIC para substituir o João Baião, durante a sua ausência, no programa da tarde. Este ano continuou a ser o escolhido para novos desafios. Assumiu o papel de repórter na passadeira vermelha da Gala dos Globos de Ouro, estreou-se nas manhãs da Cidade-


Fm como locutor de rádio, e pisou os palcos na entrega dos prémios da revista GQ. Estivemos a convera com o apresentador, no Hotel Intercontinental em Lisboa, e falamos do passado e do presente.

Quando foi a última vez que passaste pela situação de fazeres parte de um momento que, até então, era impensável? Quando apresentei o Evento da GQ. O evento estava a ser transmitido em live streaming para o mundo inteiro e estavam lá estrelas mundiais. Esteve comigo no palco a Bruna Marquezine, muito famosa no Brasil, e ela e a equipa dela, vieram dar-me os parabéns no final da gala. Comecei a pensar: eles perceberam as minhas piadas! Porque algumas eram tipicamente portuguesas e eu falo muito rápido. Eles podiam ter tido dificuldade em compreender. Fiquei super surpreendido por terem percebido.

Numa entrevista recente, disseste que no mundo da televisão continuas a olhar para muitas coisas como se fossem a primeira vez. Podes dar-me alguns exemplos do que ainda te faz sentir dessa maneira? Sim, não quero perder isso. Conheço pessoas que quando fazem a mesma coisa durante muitos anos perdem um bocadinho a magia. Nada me continua a fascinar mais do que estar em direto. Vês a luzinha vermelha, preparas-te bem antes e arranca. Não há nada melhor do que isto, continuo a querer fazer o que faço como se fosse a primeira vez. Adoro trabalhar, gosto mesmo, não me importo de acordar as 5h da manhã para ir trabalhar na rádio e adoro fazer televisão. É o meu trabalho de sonho de sempre. Não quero ver problemas, só quero coisas boas, fazer o que faço. Para mim, é a melhor coisa do mundo.

Nos diretos, já tiveste algum momento em que tenhas ficado impressionado, envergonhado e não tivesses conseguido esconder isso? Eu prefiro estar em direto e não me importo de me enganar, acho que isso transmite mais verdade no que fazemos. Quando há alguma coisa que me embaraça isso dura segundos porque, normalmente o que faço é admitir essa vergonha ou seja o que for. Eu brinco muito com esses momentos, é a maior arma que eu aprendi durante estes anos a fazer diretos. Portanto, não há assim uma coisa que eu diga “Oh destruiu-me”. Vou brincar com as coisas e fazer com que as pessoas se riam comigo e não de mim. Uma Vez no Rock in Rio, durante um direto, falhou um concerto, e ficámos ali 40 minutos em que não podíamos ir para intervalo e tivemos de improvisar.


Há duas coisas importantes quando alguma coisa corre menos bem: estares bem preparado para aquilo que estas a fazer e estares 100% confortável contigo próprio.

Quando começaste a gravar o Disney Kids foste chamado à atenção pelas semelhanças com o Francisco Garcia. Na profissão de apresentador acontece muito fazerem-se pré idealizações de certos formatos?

Acontece um bocadinho. Aqui há uma explicação muito concreta, na altura eu estava na escola de atores e achava que ia ser ator. Uma das coisas que aprendi é que para fazeres uma determinada personagem tens de ver muito aquela personagem. Como nunca tinha apresentado fui ver como fazia o Francisco Garcia e interpretei-o durante um dia até a produção me ter chamado a atenção. Mas sim, às vezes acontece eu admirar muito uma pessoa, ver muito o trabalho dela e reparar que começo a levar um bocadinho dela comigo para aquilo que eu faço depois. Continuo a ser um grande consumidor de televisão, cinema, música, séries, tudo o que me possa inspirar para fazer melhor o meu trabalho. É muito difícil criares coisas 100% do zero sem teres visto nada, não crias inspiração sem veres outros trabalhos.

Insert Coin, conta-me como surgiu esta dupla e este registo old school? É um espetáculo que envolve música e eu gosto mesmo de música. Nasceu de um outro espetáculo que eu fiz há imensos anos, também com o Joel, que era sobre vídeos da net, e algumas coisas que já tinham uns toques de anos 80, 90 e 2000, e uma parte musical. Mas sempre dissemos que um dia tínhamos de fazer um espetáculo que fosse só com música. Quisemos criar algo que fossemos nós a levá-lo aos sítios onde as pessoas já estão, nos festivais, nas festas académicas, festas de verão, da aldeia e da cidade, etc. Eu sou um grande fã da música dos anos 80 e 90, e sou acima de tudo apresentador de Insertcoin, um espetáculo que eu criei. A cada sítio que vamos adaptamos os vídeos, feitos de raiz por nós, às características locais e queremos que durante aquela hora as pessoas não pensem em mais nada e se divirtam. Isto é um espetáculo feito para todos, e tudo o que envolva estar em cima de um palco em direto, ter público, não há nada que me dê mais prazer.

Apresentas-te sempre muito bem vestido, tens aí um fraquinho pela moda? Moda é uma coisa com a qual nunca me senti desconfortável, dá-me o que tu quiseres. Uma coisa que faço sempre quando vou a uma prova de roupa e me dizem “ah não sei se tu eras capaz de vestir isto”, é escolher sempre, ir experimentar e senão me sentir confortável eu digo, mas desde que me sinta confortável não tenho esse medo de arriscar. É fixe, estou bem, sinto-me confortável, bora siga!

Os teus diferentes trabalhos têm-te posto em contacto com diferentes públicos, como tem sido essa experiência? Eu faço mesmo questão que isso aconteça. Uma das coisas que eu mais queria que me acontecesse, ao saltar da SIC Radical para a generalista, era isso, não ter um público tão específico. Eu próprio não gosto quando vejo uma coisa que não é para mim, odeio esse sentimento de estou a ver que é 100% para um


público específico. Se faço rádio, televisão ou espetáculos, quero que seja para toda a gente. Claro que tenho um público que me segue mais do que outro, mas eu gosto de fazer o meu trabalho sempre a pensar em todos, esforço-me mesmo para que assim seja.

Consideras-te uma pessoa que procura a critica com fim a melhorar? Para mim, em primeiro lugar, não há opinião mais importante do que a do publico. Eu não peço autoavaliações, mas faço questão de perguntar a opinião aos meus amigos, família, aos meus chefes e à minha agência etc. Gosto quando as pessoas dizem que me ouviram a falar de algo e que isso as deixou a pensar em determinadas coisas, e aí, desconstruo esse feedback e percebo como os assuntos tocam as pessoas. Quando acontece algum tipo de critica mais depreciativa gosto de ler com atenção e perceber porque é que a pessoa não gostou, se falei de um tema que ela não gostou ou se foi a forma como abordei o assunto. À minha volta gosto de perceber como é que as pessoas trabalham, pessoas que eu admiro e que fazem o mesmo que eu e dá certo. Quando entrei na CidadeFm fui falar com imensas pessoas que já trabalhavam na área para perceber como é que eles fazem. Sempre que possível gosto de ir assistir às suas emissões e tento absorver ao máximo do conhecimento dos meus colegas, não para fazer igual, mas para encontrar novos caminhos e soluções.

Especial obrigado ao Patrick de Pádua e AMBITIOUS


GUIA DAS SEMANAS DE MODA (AW 19/20 / S LONDRES Men’s 5-7 de janeiro / 8-10 de junho LONDRES Women’s 13-17 de setembro FLORENÇA Men’s 8-11 de janeiro / 11-14 de junho MILÃO Men’s 11-14 de janeiro / 14-17 de junho

MILÃO Women’s 17-23 de setembro

PARIS Women’s 23 de setembro-1 de outubro

BERLIM Fashion Week 15-18 de janeiro

MADRID Fashion Week 24-29 de janeiro / sem data

PARIS Men’s 15-20 de janeiro / 18-23 de junho PARIS Haute Couture 21-24 de janeiro / 30 de julho-4 de julho

COPENHAGA 30 de janeiro- 1 de fevereiro NOVA IORQUE Men’s 4-6 de fevereiro


SS20) NOVA IORQUE Women’s 7-13 de fevereiro / 6-14 de setembro ESTOCOLMO Fashion Week 4-6 de fevereiro MODA LISBOA início de março (ainda a confirmar) / meados de outubro (ainda a confirmar)

TOKYO Fashion Week 18-23 de março / 14-20 de outubro PORTUGAL FASHION meados de março (ainda a confirmar) / fins de outubro (ainda a confirmar) SEOUL Fashion Week 19-24 de março / (ainda a confirmar)

SHANGAI Fashion Week 27 de março-3 de abril / 10 de outubro-13 de outubro SÃO PAULO Fashion Week fins de abril (ainda a confirmar) / fins de outubro (ainda a confirmar)


por Vera Gomes

S E L I DESF POLÉMICOS

YEEZY SS17 Kanye West nunca faz por menos do que ser falado por todo o mundo. A segunda apresentação do artista foi considerada desastrosa, ou de génio. Os sapatos extremamente altos, o calor e o tempo excessivo fizeram com que modelos desmaiassem, outras desistissem e se sentassem em plena apresentação e outras descalçaram-se durante o desfile. As redes sociais explodiram e com relatos de editores de moda a abandonar o desfile, pedindo até um boicote à marca. Congrats Kanye, you did it again.

RICK OWENS SS16 O que é aquilo? Uma mulher a mostrar a roupa do criador, vestindo literalmente outra. Os seus corpos unidos: umas eram carregadas e as cabeças caiam, outras com as pernas penduradas nos ombros, outras eram transportadas como se de mochilas se tratassem. Isto tudo foi uma metáfora assumida pelo criador que remete à forma como a mulher trata as outras pessoas, sendo um dos focos os esforços físicos da gravidez. Volume é a peça-chave das suas coleções e os desta coleção traze uma mensagem: todas as mulheres são fortes, mesmo as que ainda não sabem que são.


GUCCI FW18 ‘Somos o Doutor Frankenstein das nossas vidas’ afirma Alessandre Michele. A metáfora utilizada pelo criador sobre como as pessoas constroem a sua identidade, a auto-regeneração através da tecnologia é trabalhada em salas de cirurgia e, o ser humano em geral, tem uma sala dessas na sua mente. A procissão de transumanos a caminhar na passerele com cabeças debaixo do braço demonstra o laboratório criativo que o designer tem a apresentar.

COMME DES GARÇONS SS97 Body meets dress, dress meets body. ‘If we don’t take risks, then who will?’ questiona Rei Kawakubo que aparentemente leva esta frase como lema de vida de designer de moda. Após década e meia de se estrear em Paris, apresenta uma coleção onde os enchimentos deformam as peças e criam uma nova silhueta feminina. Well done!


HUSSEIN CHALAYAN SS98 Conceptual, experimental e inovador são as características que pairam sobre o designer Hussein Chalayan. Focou-se nas baínhas. Estas dão o comprimento de cada peça, sendo essa peça o chador, uma peça típica vestida por mulheres iranianas. A coleção Between mostra de forma inflexível o status das mulheres muçulmanas. Desde a peça-chave da coleção a arrastar no chão até ao último onde a modelo apenas tem a cara tapada e nua por baixo foram das imagens que mais ficaram nessa década.

ALEXANDER MCQUEEN SS99 McQueen será sempre recordado como O artista. Não fazia as coisas por menos. Nesta estação, o seu desfile iniciou com uma performance. No centro da passerele existe um robots tradicionalmente utilizado para pintar carros, uma plataforma giratória onde aparece a modelo Shalom Harlow num vestido branco numa dança coreografada. O vestido é pintado na hora. Impossível ficar indiferente com as criações de McQueen, mais uma vez.


THIERRY MUGLER FW95

Showman é como podemos caracterizar o designer Mugler, pretendendo criar vestuário para o circo e para o cinema, onde a alfaiataria realça. Neste show vários nomes sonantes nos anos noventa realçam como por exemplo o coreografo de toda a performance, Tom Brown e ainda a aparição de atrizes e modelos nunca mais esquecidas como Tippi Hedren, Patty Hearst e ainda Veruschka. O látex fetichista reinou na coleção e o fato prateado tornou-se na imagem que assustadora e tentadora ao mesmo tempo que remetia ao início da era da Internet e um final apropriado para esta lista dos desfiles de moda inesquecíveis dos anos noventa.

DIOR SS00 (JOHN GALLIANO) Homeless foi o nome dado a uma das coleções que mais controvérsias gerou no mundo da moda. A coleção de alta costura tem como principal inspiração o sem-abrigo das ruas parisienses, especificamente aqueles que ele diz observar enquanto observava o Sena. Apresentou vestuário desconstruído com o típico requinte apresentado pela marca, incluindo peças que faziam lembrar pilhas de jornais, utensílios de cozinha amassados e garrafas de whisky. Chocou França, os críticos de moda e os defensores do bem-estar social. Para acalmar as águas redime-se afirmando que nunca quis fazer um espectáculo de miséria.


VERSACE SS98 Gianni é morto em Outubro desse ano, 1997 e a sua irmã Donatella assume o comando da marca. Gianni era visto como o génio, nunca abdicando da sua musa, a irmã. Contudo, ele sempre teve os holofotes e Donatella ficava na sombra. Aquando a morte de Gianni, ela vê-se obrigada a continuar o trabalho do seu irmão, embora a sua confiança estivesse abalada. Todos os comparavam e, ainda antes do desfile, a mais recente diretora criativa da marca assume perante os meios sociais que está apavorada, pois ela não queria viver sobre a linguagem do seu irmão. Comparações iam surgir e, sabendo que ele é insubstituível, sabia que na boca do mundo o seu trabalho ia ser visto como uma falha, uma incapacidade de levar o trabalho feito pelo seu irmão em duas décadas avante. Donatella mostrou que também é Versace pura e dura, e os seus desfiles são dos mais cobiçados nas semanas de moda.



por Vera Gomes

SABIA QUE... SURREAL!

Elsa Schiaparelli ficou conhecida pelas suas criações inspiradas no surrealismo. A casa foi criada em 1930, em Paris, onde desenvolveu criações ainda hoje faladas como luvas decoradas com unhas, chapéus de senhora com um sapato virado ao contrário e ainda vestidos decorados com imagens de lagostas.

CROCO

Sabia que o primeiro logotipo foi criado em 1933? Um crocodilo bordado. Que ainda hoje é visto e numa grande marca de sportswear francesa, a Lacoste.

GENES

Genes é um termo local dos marinheiros de Génova. Usavam calças de algodão que derivavam do termo serge des Nîmes proveniente de Nîmes, França. A matéria-prima é então uma sarja de algodão, tingida de azul índigo. Surge assim as Jeans, um clássico dos operários americanos que ficaram conhecidas em 1873 através da marca Levi Strauss & Co. O primeiro par de jeans foi vendido por seis dólares.


UPS! NÃO ERA SUPOSTO ACONTECER

Em novembro de 1988 Anna Wintour criou uma capa para a revista Vogue America onde surpreendeu com o look casualmente chocante para a década que se estava a viver. Sem make-up, e um mix muito sóbrio de um casaco Christian Lacroix com uns jeans. Nos anos 80 isto era impensável. Tão impensável que a gráfica pensava que era um erro. No entanto, nada disto foi planeado por Anna.

ROSA PARA MENINA, AZUL PARA MENINO

CAMINHANDO SOBRE VERMELHO

Em 1670, o rei Louis XIV de França começou a usar saltos altos. Tinham a particularidade da sola ser vermelha, tinto esse na altura bastante dispendioso. E por isso os membros da sua corte tinham a permissão de usar saltos com sola vermelha. Hoje em dia, essa sola é exclusiva da marca Christian Louboutin que não foi inspirada pelo rei Louis XIV de França, mas sim pelo Andy Wharol.

Durante anos esta dualidade tinha outra interpretação. Se nos dias de hoje as bebés têm direito ao cor de rosa e os bebés ao azul, isto só assim o é desde 1918. Antes o rosa era associado aos meninos pois diz-se que para além de derivar do vermelho, é a cor mais forte e mais apaixonante e o azul seria para as meninas pois é a cor mais delicada.

MULTA POR FALTA DE COMPRIMENTO

Durante os anos 70 a coreia do Sul tinha uma brigada especial: Fashion Police. A polícia andava pelas ruas a medir o comprimento das mini-saias das mulheres e, caso fossem muito curtas, podiam ser multadas ou até mesmo presas.

BOMBA: BIKINI FEVER

Louis Réard batiza a criação como bikini inspirando-se no site sul coreano, Bikini Atoll, através do qual os Estados Unidos conduziram um teste nuclear. O bikini teria na sociedade o efeito de uma bomba atómica gigante.

RULES, RULES, RULES

Uma das peças-chave da subcultura do hip-hop, as baggy pants, nasceram nas prisões americanas onde os prisioneiros não podiam usar cintos. Tornou-se de tal maneira moda que, nos governos da América do Norte criou leis que proibiam o uso desta peça de roupa.

CHUCK FOR THE WIN!

Criados por Keds, em 1917, a marca é conhecida por fazer sneakers com sola de borracha. Até então, as solas eram duras e faziam barulho quando calcadas, agora a borracha já não imite qualquer tipo de som. Converse foi a primeira a apostar em calçado atlético, as sapatilhas de basquetebol All-Star, sapatilhas cujo o nome dado foi o do lendário jogador e vendedor da marca, Charles H. Chuck Taylor em 1923. A sua assinatura foi adicionada nos sneakers em 1932.


por Vera Gomes

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polémicas

A sweatshirt racista O ano não começa da melhor forma para a marca H&M. Uma fotografia de um menino negro com uma sweatshirt verde com a frase “ coolest monkey in the jungle.” foi o que provocou o alvoroço. Uma marca que se rege por bastantes colaborações com figuras públicas, pode ter posto possíveis trabalhos em causa devido à má gestão de marketing. The Weeknd e G-Eazy foram dos primeiros a reagir e The Weeknd, que no ano passado colaborou com uma coleção de 18 peças, afirmou sentir-se embaraçado quando se depara com essa notícia. G-Eazy seria o próximo mas, com o que aconteceu, cancelou a parceria, afirmando que o seu nome não pode estar associado a uma empresa que permite tais críticas raciais. H&M retira o produto e pede desculpa pelo que aconteceu e oferece a peça em questão mundialmente.


The (not) Greastest Show A marca de luxo Dolce & Gabanna foi o centro das atenções da última polémica. Em plena de semana de moda de Shangai, em novembro de 2018, a marca anuncia através de vídeos uma asiática a comer comida italiana com pausinhos. Toda esta mistura cultural é vista como um insulto às mulheres pois os media consideram que a marca as banaliza nestes intitulado “The Greatest Show”, interpretando assim como racismo. Stefano Gabbana responde nas redes sociais a comentários menos próprios e, mais tarde, afirma que tanto a sua conta privada como a da marca foram hackeadas. Os criadores pediram desculpa mas, mesmo assim, os danos já não tiveram reparação: o desfile foi cancelado e até mesmo vendedores se recusam a vender a marca no mercado chinês.

Executivo da Victoria’s Secret do tão esperado show, o executivo da marca on demand Antes Victoria’s Secret, Ed Razek, falou sobre o que iria acon-

tecer e não conteve comentários menos controversos. Insinuou que ninguém quer ver moda em tamanho grande, muito menos lingerie e ainda deu espaço ao tema do uso de modelos trangéneros, afirmando que não há espaço para eles no desfile VS pois é um espectáculo de pura fantasia de 42 minutos. O Twitter foi invadido de comentários a tal controvérsia, incluindo a modelo transexual Carmen Carrera, fazendo com que o executivo pedisse desculpa por tais palavras.


Revolve revolta Em setembro, a Revolve apresenta uma sweatshirt com a frase “Being fat is not beautiful, it’s an excuse” estampada. A modelo Tess Holliday, defensora de que a pessoa tem de estar feliz com o seu tipo de corpo apenas deixou o comentário “LOLLLLL @REVOLVE y’all are a mess” e muitos outros questionam como chegou a sweat a público. A marca defende o sucedido como o desejo de partilhar comentários sobre a normalidade moderna, do cyberbullying e ainda a oportunidade de criação de uma comunidade para os mais afectados sobre o mesmo. Os lucros desta coleção deveriam ser doados para caridade mas as críticas não perdoaram. Assim sendo, doaram 20.000 dólares para a Girls Write Now, associação que ajuda mulheres a encontrar a sua voz na comunidade através do poder da escrita.

Bronzeador controverso Gigi Hadid é apanhada no meio da polémica. A modelo é capa da Vogue Itália em maio e o tom da sua pele é o centro das atenções. Fotografada por Steven Klein, o criativo queria apenas dar um ar de bronzeado à modelo mas, tudo foi mal interpretado e os leitores julgaram que ele queria que Hadid tivesse pele escura. Racista foi como foi interpretada a sessão quando a intenção era apenas criar um tema inspirado na praia, levando o criativo a responder de forma mais brusca para a sociedade deixar os falsos moralismos e que se não se pode bronzear uma modelo para um trabalho então que se torne ilegal todos esses produtos, para todos. A revista acaba por pedir desculpa, Gigi Hadid também.



A CONCEÇÃO HUMANA PELAS MÃOS DE LUÍS MIGUEL SANDÃO por Patrícia Silva

As artes sempre inundaram a bagagem de Luís Miguel Sandão. Um autodidata estimulado pelos seus interesses dedicados ao mundo artístico foram um presságio daquilo que seria a sua participação no mundo do design e da moda. O secundário mostrou ser a hora da decisão final e, depois de realizar um período de três anos em Ciências e Tecnologias, resultantes das suas vontades, a indecisão entre a Medicina e o Design de Moda rapidamente se fez ouvir, “Acredito que durante os 3 anos sempre soube que Design de Moda era a escolha certa para mim, mas foi efetivamente durante o 12º ano que, entre conversas com amigos, colegas e familiares, decidi por que caminho enveredar durante o ensino superior.”, afirma o jovem designer. Olhando para a Moda como uma extensão natural do interesse pela Arte e pelo Corpo Humano, no que toca à sua anatomia e funcionamento, a presença de conceitos científicos quase que se difunde nos esboços de Luís Miguel Sandão.

Dos Novos Criadores do Portuguese Fashion News, ao BLOOM – Portugal Fashion

Em 2017 o trabalho do jovem designer é reconhecido e premiado no concurso de Novos Criadores do Portuguese Fashion News, mesmo antes de terminar a sua formação académica, terminando a mesma em julho de 2018. Ainda que estivesse fora do país e isso não lhe permitisse presenciar o momento, tal como desejava, Luís guarda sobretudo o carinho pelo processo de desenvolvimento do seu trabalho e todas as pessoas que o acompanharam, “recordo-me vivamente do momento em que soube que tinha vencido o concurso, e da imensa alegria que representava e representa outras pessoas verem no meu trabalho e na minha identidade algo de valoroso”, reconhece. Quanto à sua participação mais recente, no BLOOM, foi uma estreia que se fez marcar pela originalidade, conceito e irreverência. Surgindo como um trabalho que se iniciou no segundo semestre do meu último ano de faculdade, ainda em registo académico, a liberdade de edificar um projeto de autor tornou-se ainda mais clara, “tive liberdade total para explorar conceitos que me fossem próximos e queridos, tornando-se óbvio que algo relacionado com a anatomia Humana, que estaria na génese de tudo quanto criasse”, explica Luís. Com uma criatividade dotada, o designer de moda alicia o universo dos gémeos siameses com a mitologia abordada no musical “Hedwig and the Angry Inch”, de John Cameron Mitchelle e o mundo sensorial de desconforto, o qual procura explorar na arte conceptual do filme “The Dark Knight”, de Christopher Nolan.


Com um acompanhamento dedicado por parte dos professores, o artista rapidamente chegou às silhuetas, detalhes, cores e materiais que melhor representariam a mensagem que queria passar. Restava apenas a materialização de todos os coordenados que o mesmo apresentou, já depois da conclusão da sua licenciatura.

THE ORIGIN OF LOVE, pelas mãos de Luís Miguel Sandão Não só o nome da sua coleção, como também a representação do seu ímpeto pelas artes, a harmonia entre os fenómenos que o designer procura explorar e a relação que o artista traça entre a contemporaneidade e a união dos corpos, em que explora a mitologia do amor, é nítida.

Sendo uma coleção que aborda temas que dizem respeito “ao Homem, e à sua perceção do amor, medo, desconforto e até mesmo à dimensão em que estes se mostram como construções e/ou constrangimentos para a vida”, segundo o artista, seria natural que os materiais traduzissem a ideia de artifício, de construção social - o que é possível verificar através do conjunto de tecidos sintéticos. No que toca à paleta cromática, a mesma surgiu do cruzamento direto que o designer faz entre a arte conceptual de “The Dark Knight”, nomeadamente as máscaras de palhaço, e a maquilhagem da personagem principal em “Hedwig and The Angry Inch”, que, tal como o reconhece, também se mostrou essencial na procura de materiais com algum brilho e/ou transparência. A necessidade de recorrer à “reinterpretação da indumentária clássica” ao trabalho de Luís Miguel Sandão é uma fase da materialização direta que pretende desconstruir perante a questão do corpo e da existência do Homem enquanto isso mesmo, material,

“ (…) a roupa que veste deve derivar de algo neutro e estabelecido enquanto standard”, é, desta forma, que Luís edifica o surgimento das peças clássicas. Luís Miguel Sandão, QUEM É? Um jovem de 18 anos, de essências nortenhas - o Porto é a sua casa – fascinado pela Anatomia Humana, pautado pela constante busca de estabelecer novos limites para o corpo e vocaciona-lo através das artes (Quase como uma melodia que compunha e tocava nas aulas de piano!) Com um trabalho que se vai testando e moldando através da extensão, construção e deformação das formas do Homem, a sua profunda admiração pela biologia e morfologia humanas é a força motriz do seu trabalho e da sua identidade enquanto designer.


Até aos dias de hoje, a peça que mais o marcou foi, curiosamente, um vestido que criou com uma tia-avó, antes de ingressar no ensino secundário, que tinha por base pinturas de flores que a mesma fazia em muitas das suas peças, “recordo-me vivamente de todo o processo, mas guardo sobretudo o sentimento de realização que reside em poder ver, passar pelas minhas mãos e pela minha cabeça uma partilha de identidade e de valores com uma pessoa por quem nutro tanto carinho e admiração”, relembra. Atualmente, a peça continua guardada no seu armário e, tal como o jovem designer afirma, será sempre um sinal de “perpétua recordação” de que a sua identidade depende também de todas as pessoas que, de alguma forma, ajudaram a construir o Luís Miguel Sandão.

PRÓXIMO PASSO… Reconhecendo que possa existir uma divergência ideológica na receção do trabalho de jovens criadores como ele no contexto nacional e internacional, Luís afirma que, maioritariamente, tudo depende de cada designer e da forma como o trabalho do mesmo é rececionado. Acredita que é necessária uma maior aposta na formação de jovens com espírito crítico, convictos da sua identidade, vontade e competências, bem como capazes de as defender. Com vista integral para o seu projeto de cariz cultural – a Associação Juvenil Ethos, Pathos, Logos – o seu próximo passo assenta na procura e desenvolvimento dos seus interesses na área da interpretação, cenografia, figurinos e design gráfico. Ainda assim, o design de moda não cairá em esquecimento e, como tal, pretende alcançar oportunidades para prosseguir a sua formação académica pois, segundo o mesmo, julga estar longe de terminada.


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WHAT ʻS RE OR NE G Fotografia: Pedro Afonso Modelo: Erlom Castro Agência: Elite Lisbon Designer: Ricardo Andrez Maquilhagem: André Fernandes Produção: Vera Gomes e Pedro Afonso

















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