CARTA DO DIRETOR
“Vivemos num espaço temporal em que se discute, quase diariamente, a importância da igualdade. É uma questão social com vertentes diversificadas e com combates de várias origens. Manifestações sociais ou alteração de quadros empresariais são assuntos de grande impacto social para a igualdade. Numa menor escala e às vezes sem a importância que deve ter, surgem ideias brilhantes que ajudam à luta.” Foi este pequeno texto que me fez refletir sobre realmente o nosso trabalho e a nossa luta diária, nesta edição tentamos fundir o homem e a mulher, mistura-los num só, numa palavra só, moda. Criamos entrevistas que nos darão frutos, criamos editoriais que nos fizeram entender em que erramos, mas, lutamos, presistmos e conseguimos realizar mais uma edição! Com o sentimento de que ainda há muito para fazer, vamos continuar o nosso caminho, vamos proteger aquilo que nos o Diretor,
faz correr, acordar todos os dias e proteger acima de tudo o bom nome português. Numa edição onde misturamos o designer mais conhecido com o pouco conhecido, com aquele que apresenta o brilhos com aquele que é mais sóbrio. Este ano será com pequenas palavras que vamos fazer o nosso destino, com poucos gestos, com as parcerias corretas e acima de tudo com a mesma garra do que quando começamos. Para todos os que fecham as portas a comunicação nacional... Não há rancores, não há desamores, apenas estaremos aqui no dia em que entenderem que nós, nós jornalistas, estamos aqui para e por vocês. Desfrutem, arrisquem, usem e desusem, mas lembrem-se “sejam felizes” como já dizia o maravilhoso Raúl Solnado.
03 10 12 16 18 20
Carta do Diretor OS MODELOS,
já não são o que eram!
AS TENDÊNCIAS NÃO PENSE DUAS VEZES MISTURE, ARRISQUE E USE
MÓNICA NETO
TOGETHER
24
MADE IN YOUTHLAND
40
NÃO AO CONTOURING
NÃO ÀS LONGAS PESTANAS
43
DAVID CATALÁN
44
A MODA QUE AINDA PERDURA
47
BRANCA DE NEVE
51
48 50 52 54 62 16 64
COMPRAS ONLINE KALUXA UMA FUSÃO DE NOVAS DESCOBERRTAS
AGENDA DRAMA LISBOA INDÚSTRIA DA MODA BETE MARQUES
JOÃO SOUSA MODA 2.0 OU MAIS... ROUPAS ELETRÓNICAS OS TUGA SNEAKERS MADE IN PORTUGAL THE SHOES MUST GO ON CAN WE LEAVE EACH OTHER?
66 68 70 72 76 78 81
Fábio Sernadas DIRETOR
Vera Gomes DIRETORA DE MODA
COORDENADORA DE MODA Vera Gomes COORDENADORA EXECUTIVA DE CULTURA E LIFESTYLE Patricia Silva MODA Margarida Sousa Luis Assunção Pedro Rocha ARTE Patrícia Silva REDAÇÃO Patrícia Silva, Ivânia Cardoso, Rafael Moreira, Cátia Pimenta, Solange Rodrigues, Márcia Mendonça, Maria Almeida, Letícia Carvalho, Maria Serrano, Rita Luz e Cristiano Teodoro DIRETOR DE IMAGEM E FOTOGRAFIA Pedro Afonso EDIÇÃO E PAGINÇÃO Luis Carlos Patricia Meinedo Daniela Faria Bruna Pires INFORMÁTICA Pedro Rocha Cristiano Gomes CONSELHO EDITORIAL Fábio Sernadas, Vera Gomes, Pedro Afonso, Patrícia Silva e Luis Carlos A FAIRE é uma revista mensal, direcionada para o público curioso, também com uma plataforma online. A FAIRE foca-se em moda, mas abrange temas como beleza, cultura e lifestyle. A FAIRE compromete-se a apoiar editorialmente a moda e projetos inovadores. A FAIRE nunca se deixará condicionar por interesses partidários ou por qualquer lógica de grupo, assumindo responsabilidade apenas perante os que pode desempenhar um papel importante ao nível da sensibilização social, promovendo uma sociedade mais informada e igualitária. A FAIRE dirige-se a um público de todos os meios sociais e de todas as profissões. A FAIRE estará sempre atenta à inovação, promovendo a interação com os seus leitores.
OS MODELOS JÁ NÃO SÃO O QUE ERAM! por Vera Gomes
Elas, loiras de olhos azuis, metro e oitenta de altura, tão magrinhas que pareciam que iam desmaiar a qualquer momento. Eles, morenos de olhos azuis, metro e oitenta ou noventa de altura abdominais e costas de fazer inveja a qualquer um. O estereótipo de modelo tanto feminino como masculino está criado. Passadas décadas de tanto frenesim de volta desta temática... Calma, a mudança chegou. A indústria cada vez mais é feita por talentos individuais, com características muito próprias. O ano 2018 foi considerado o ano de mudança dos estereótipos dos modelos que fazem parte do fashion world. Hoje em dia, eles criam uma história de estilo como se de uma imagem de marca em volta deles se tratasse, tornam-se pessoas que são inspiração de outras e o mercado tem de ter a capacidade de receber todo o tipo de inspiração, todo o tipo de pessoas. Só assim o mundo evolui. Será a moda inclusiva? SIM e a tendência a se tornar cada vez mais abrangente é que este círculo aumente. Já não é só a cor que conta. A diversidade é o sucesso de qualquer capa de revista e de qualquer desfile. De onde vêm, o
CAPA DE MAIO DE 2018 DA VOGUE UK: PRIMEIRA CAPA DA REVISTA BRITÂNICA ONDE A DIVERSIDADE É VISÍVEL, ATÉ AO NÍVEL CULTURAL (PRIMEIRA VEZ QUE APARECE UMA MULHER A VESTIR UM HIJAB)
que fizeram e o que fazem, a idade, as raízes, a religião, a orientação sexual são cada vez mais meros pormenores. A postura no próprio ambiente do desfile ou da sessão fotográfica é o que mais sobressai. Várias marcas já apostam até em street casting, ou seja, os modelos são pessoas que encontram na rua e que pensam que faz todo o sentido no conceito e história da marca. VETEMENTS é talvez a marca que mais juz faz a este conceito, não fosse ela corromper todos os estereótipos na coleção de primavera / verão 2015 onde a desconstrução não se apresentava apenas no vestuário, mas também em todo o ambiente. E assim se tornou uma marca em que as referências e a forma como são interpretadas são rudes logo, as pessoas que a apresentam têm de ter características como cara fechada, andar agressivo e a maquilhagem é dispensada.
Os designers e os agentes são os primeiros a apercebem-se desta fashion revolution. As passereles precisam de novas dinâmicas, as capas de revistas têm de conseguir criar um impacto crescente de lançamento para lançamento. Quem dá a cara? Sim, essas pessoas têm de mostrar o que valem. Entrar, marcar, ficar e talvez nunca mais sair. É um mundo de trabalho complicado. Até agora, o período laboral era muito curto, contudo
VERSACE: ENCERRAMENTO DO DESFILE COM TOP MODELS DOS ANOS 90, ONDE O FATOR IDADE FOI COMPLETAMENTE POSTO DE LADO.
hoje já se começam a ver modelos cada vez mais velho. Os detalhes naturais até agora considerados defeitos passam a ser valorizados, os sinais, as manchas, as sardas e até mesmo as rugas dão o je ne sais quais a uma possível imagem de marca. O mercado é cada vez mais exigente e de rápida mudança, ou seja, se compararmos o que era feito há dez anos atrás, conseguimos perceber que a envolvente tem de se
COLEÇÃO DE LINGERIE SAVAGE X FENTY CONTOU COM MODELOS DE VÁRIOS TONS DE PELE E TAMANHO, CONTANDO AINDA COM GRÁVIDAS.
adaptar às necessidades da indústria. As marcas crescem assim com uma imagem positiva, contudo isto deveria ser o normal pois a roupa é feita para todo o tipo de corpos logo, todos eles devem ser mostrados. Diversidade é a palavra que o mundo grita. Até porque... se todos gostássemos de azul, o que seria do amarelo?
por Pedro Rocha
TENDÊNCIAS TUDO QUE PRECISAS PARA ARRASAR EM 2019
Ano novo, vida nova e com isto cores renovadas também. Os tons pastel dominarão o ano de 2019 e os azuis pálidos juntamente com rosas claros, avermelhados e cinzas estarão presentes para a celebração de diferentes culturas e etnias. O laranja chama e o verde seco azulado são cores que funcionarão bem em texturas, assim como o amarelo manga ligeiramente retro. No entanto os pastéis não dominarão sozinhos e em grande oposição, as cores néon e a mistura quase aleatória de padrões estarão de igual modo em grande evidência.
LIVING CORAL
Coral torna-se a cor do ano e traz em si toda a estética pretendida para esta temporada.
ANIMAL PRINT all over again
Parece que o animal print veio para ficar. Se ele já esteve em evidência em seasons ant riores, este ano não é exceção. Desde a cobra ao crocodilo, do leopardo à zebra nenhum padrão representativo de um animal será deixado de lado. No entanto o padrão de chita, já bastante usado em 2018, este ano ganha grande destaque entre o reino animalesco. Animal da cabeça aos pés, desde vestidos a calças, como luvas a sapatos, mais uma vez nenhuma peça será deixada de lado com estes padrões que garatem um look arrojado e irreverente. Para aqueles mais ousados, estes prints podem ainda ser conjugados com outros padrões, à primeira vista, aleatórios o que vai de encontro à outra tendência “funky”.
PRINTS FEROZES Nas principais capitais da moda, este print ganha versões tanto mais clássicas como outras fora da caixa repletos de cores néon e brilhos como nos traz a Versace com este blazer e estas mules de um amarelo bold e impactante.
House of Holland
80’s & 90’s
oposição aos aos tons tons pastel pastel que quese seusarão usarão realness Em também este ano, os ombros empresariais ano, os ombros empresariais
Venessa Arizaga
Balenciaga
Marc Jaco
JcPenney
Styled by Cofferdams for Fucking Young
Versace
e as as cores cores vibrantes vibrantesdos dosanos anos80 80juntamente juntamencom os néon dos anos 90 colidem em 2019 te com os néon dos anos 90 colidem em para criar magia. Por um lado temos da 2019 para criar magia. Por um lado temos década de 80 cada cada vez mais da decada deversões 80 versões vez extremais mas e exageradas dos blazers que nos dão extremas e exageradas dos blazers que nos silhuetas poderosas e ainda o spandex super dão silhuetas poderosas e ainda o spandex colorido das aulas aeróbicas que lideravam super colorido das aulas aeróbicas que alideravam moda naa época. Por outroPor lado os lado anos moda na época. outro 90 esta temporada a reunião do os trazem-nos anos 90 trazem-nos esta temporada a techno com um festival colorido de néon reunião do techno com um festival coloriapresentando peculiares projetos arquitetódo de néon apresentando peculiares projenicos, materiais técnicos e cintilantes e aintos arquitetónicos, materiais técnicos e da a estética trazida diretamente dos “cool cintilantes e ainda a estética trazida diretakids” dispensavam exagementeque dosnão “cool kids” quenenhum não dispensaro colorido. vam nenhum exagero colorido. Tudo isto reúne oo estilo estilo desportivo desportivo glamoglamoroso que é uma das grandes tendências que é uma das grandes tendências deste ano apontada pela WGSN. WGSN.
Emporio Armani
O Street style de Tóquio torna-se cada vez mais uma potência mundial para o mundo da moda e com isto para 2019/2020 será uma das maiores estéticas a seguir. Sobreposição exagerada de peças, mistura de padrões diferentes e acessórios extravagantes. Ao contrário do que se costuma dizer, mais é mais! Aproveitando os tons pastel indicados para o ano de 2019, estas cores opostas de Tóquio irão se juntar e fazer toda uma loucura colorida que transforma o mundo da moda em pura originalidade.
obs
Extra, extra, extra. Esta é a definição dos acessórios e calçado para 2019. Se em temporadas anteriores o minimalismo dos acessórios era o esperado, desta vez é exatamente o oposto. De avestruz a pavão, as penas são o novo pelo para os acessórios e quanto maior melhor, como nos mostra a bolsa de Stella McCartney. É grande, tão grande que nunca mais terá problemas de espaço na sua mala. Temos também assistido a um reviver dos anos 90 ao longo do tempo, no entanto agora será dos pés à cabeça. Os sapatos de biqueira quadrada estão a renascer com todo o tipo de material e forma, desde tecido a pele, salto quadrado a salto redondo, nenhuma forma ou feitio será deixado de lado.
NÃO PENSE DUAS VEZES
ARRISQUE
Mistura de estilos é o que a edição deste mês lhe sugere. O mix entre o clássico e o streetwear é uma das grandes tendências do ano. Tudo é premitido - cores, padrões e estilos.
SHOPPING por Margarida Sousa
MISTURE ARRISQUE E USE
SHOPPING
por Luis Assunção
PORTUGAL FASHION TEM DADO OS PASSOS, CERTOS, INÉDITOS E DE ELEVADO VALOR. A CONVERSA COM MÓNICA NETO
por Fábio Sernadas
Entrando numa biblioteca e investigando um pouco, é fácil de saber como tudo começou… Situemos-nos na Idade da Pedra, quando o ser humano começou a usar peles de animais para se proteger do clima e com o tempo esse ritual, essa proteção foi se tornando cada vez mais sinónimo de poder. Passaram-se mais de duas décadas desde a sua criação e ano após ano, coleção após coleção tem conseguido cumprir a sua missão, enaltecer a Moda Portuguesa e levar além fronteiras o que de tão bom se faz no nosso país. Com a necessidade de criar uma fusão entre a comunicação e a moda, fomos falar com Mónica Neto, project leader do Portugal Fashion, a casa que recebe todos os anos, milhares de sonhos, desejos, nervos, paixões e muito amor pela moda nacional.
A pergunta era simples para começar e a resposta também era óbvia… Portugal é um país de moda? “claro que sim!”, abrimos assim a conversa sobre parcerias, moda, designers e um futuro promissor. Portugal é um país com tradição de produção que hoje luta para ser reconhecido também como país de criação e design. São várias as provas disso mesmo e o Portugal Fashion tem dado os passos certos, inéditos e de elevado valor. “Bons exemplos disso são entrada da Alexandra Moura para o calendário oficial de desfiles da Milano Moda Donna e o percurso incrível que a dupla Marques’Almeida tem vindo a conquistar, inclusive passando do calendário oficial de Londres para Paris.” acrescenta a project leader.
Atualmente com o frenesim das redes sociais, as notícias são tantas que por vezes é difícil captar a atenção do leitor e como nem tudo é um mar de rosas, Portugal, na moda, também tem os seus problemas. “Temos um ecossistema de moda super completo do ponto de vista dos elementos que dele fazem parte, mas que ainda não funciona a 100%.” Acrescentando que há muito potencial, é necessário que haja um esforço e dedicação, tanto por parte dos designers, da indústria como dos investidores para que funcionem verdadeiramente em sinergia, “porque só dessa forma se conseguirá escalar, verdadeiramente, o nome Portugal.”
Nunca esquecendo que é necessário trabalhar todos os dias para que se possa crescer e assim se pode dizer na promoção da moda nacional, sobretudo da moda de autor, esta que carece de mais apoios e ferramentas. O Portugal Fashion acredita que pode dar passos determinantes no sentido de um verdadeiro movimento de scale up da moda portuguesa, através de apoios que permitam acelerar novos projetos, tais como potenciar o cruzamento entre moda e a tecnologia, estimular a digitalização do setor, quer do ponto de vista de comunicação quer numa ótica de circuitos de vendas e dar continuidade ao caminho de promoção e comunicação internacional. Estávamos em setembro de 2018 quando, no Porto, se assinava o protocolo que gritava o não à concorrência e à criação de oportunidades de internacionalização para todos os criadores. ModaLisboa e Portugal Fashion assinavam assim um protocolo para melhorar a sua relação em prol de uma paixão, a moda portuguesa. Sendo plataformas com as suas individualidades, têm vindo a mostrar que podem unir esforços, pensarem e atuarem juntos. Mónica Neto considera que “quando equipas vencedoras e criativas estão dispostas a cooperar em prol de objetivos superiores a união acontece naturalmente nos resultados, para lá de marcas, geografias e identidades.” Surgiram as dúvidas do que iria acontecer e claro que tínhamos de perguntar o que realmente poderia mudar com esta parceria e é necessário realçar as sinergias que têm vindo a beneficiar diretamente os designers e marcas com novas dinâmicas e oportunidades e, sobretudo, com uma visão de futuro que passará certamente por uma melhor estratégia de promoção da moda nacional.
É a memória algo que nos move e faz continuar a lutar pelos nossos sonhos e claro era impossível esquecer aqueles nomes que ano após ano preenchem as passarelas de algumas das semanas de moda internacionais. Nomes como Miguel Vieira, Hugo Costa, Nycole, Alexandra Moura e Diogo Miranda, nomes que se tornam nas personagens principais de uma história de aventura pela moda europeia. É para todos nós, portugueses, muito importante que estes nomes voem além fronteiras. São nomes como estes que ajudam a colocar o nome Portugal, no mapa internacional, e claro depois porque mostram lá fora que os designers portugueses têm um talento enorme, podíamos usar uma vasta lista de sinónimos para falar sobre o trabalho deles. Seres capazes de andar lado a lado com marcas de “renome” internacional. “Representar e apoiar designers portugueses no estrangeiro é mostrar de peito aberto que Portugal tem zero motivos para se preocupar com a qualidade e criatividade que apresenta. De resto, permite-nos trabalhar em estreita parceria com as fashion weeks internacionais e proporcionar oportunidades que, de outro modo, provavelmente não seriam proporcionadas.” acrescenta Mónica Neto. Voltando a insistir na premissa que há muito trabalho por trás, os desfiles por sua vez, são apenas a componente mais visível das estratégias de internacionalização que designers e marcas têm vindo a desenhar a partir das capitais de moda internacionais. É depois desses desfiles que os designers têm possibilidade de passar a comunicar de forma mais global a sua identidade, e iniciar diferentes oportunidades de negócio.
Destas grandes conquistas nacionais é importante destacar a promoção e comunicação, que estão sempre inerentes a cada ação promovida, o network que é proporcionado, a formação, o mentoring e a aproximação a potenciais parceiros e investidores que podem alavancar o negócio de cada um deles. Algo que lutamos e foi essa umas das essências da criação da FAIRE, foi a cooperação com as diversas pessoas para a melhor comunicação e promoção da moda portuguesa e assim poderemos esperar, também, da nova estratégia do Portugal Fashion, uma estratégia onde haverá uma orientação mais colaborativa e global. “Nesse sentido, tudo o que sejam parcerias, sinergias e colaborações que acrescentem abrangência e oportunidades são sempre importantes e devem ser muito valorizadas.” refuta Mónica Neto. Para além das principais passerelles, não podemos esquecer da plataforma BLOOM, como se fosse o berçário do Portugal Fashion. A plataforma que está sempre sob o olhar atento da equipa residente e dos públicos especializados que visitam anualmente. “A imprensa respeita e destaca o Bloom e a “injeção" de talento na passerelle principal é a melhor prova dos seus resultados. Nycole, Inês Torcato, David Catalán ou Sara Maia são nomes recentemente lançados e são a prova mais do que provada de que é necessário continuar a apostar no talento dos mais jovens.” Haveria tanto para falar sobre a moda portuguesa, podíamos passar horas e horas a falar do que se faz mal e do que podemos vir a fazer, mas como todos sabemos, a moda é uma indústria criativa, o que por si só é sinónimo de inovação constante. Mónica Neto acredita que as mudanças serão mais estruturais do que criativas, pois as marcas, designers e plataformas estão em adaptação constante às novas lógicas de mercado.
T O G E T H E R
Fotografia: Pedro Afonso Styling: João Carvalho e Vera Gomes Modelos: Rafael Caetano e Diogo Morgado, Elite Lisbon Designers: Nuno Baltazar, Luís Carvalho, Inês Torcato, Nycole Especial agradecimento: Showpress e AMBITIOUS
MADE IN YOUTHLAND
UM(A) PARA TODOS, TODOS PARA UM(A) por Cristiano Teodoro
Vivemos um espaço temporal em que se discute, quase diariamente, a importância da igualdade. É uma questão social com vertentes diversificadas e com combates de várias origens. Manifestações sociais ou alteração de quadros empresariais são assuntos de grande impacto social para a igualdade. Numa menor escala, e às vezes sem a importância que deve ter, surgem ideias brilhantes que ajudam à luta. Falamos aqui de uma ideia espetacular de Diana Carriço, a fundadora da Made In Youthland, uma marca de cosmética de origem
portuguesa com visão humanista, para todos os géneros ou raças, e com produtos naturais adaptados a todos os tipos de pele. A ideia começou a ser pensada em 2013 quando fazia uma pesquisa sobre tendências de moda e beleza. Entendeu que as marcas davam falsas promessas e que vendiam ideias estereotipadas. Este foi o ponto de partida para a criação da Made In Youthland.
Diana acredita que a relação entre marca e consumidor deve ter uma esfera transformista, daí ter criado esta marca, onde acredita que os produtos de cuidado da pele são “um roupeiro invisível”. Para a criadora, deve haver uma identificação com a marca, tem de fazer sentido para quem a compra. O packaging e o branding da marca é uma referência. Os frascos e correspondentes caixas são de cor negra, com letra branca e de fácil leitura. Todos os dezasseis produtos estão numerados com o código MY seguindo o número do produto. No site da marca, as fotografias dos corpos são praticamente impercetíveis em relação ao género deixando o visitante na dúvida, irrequieto e a perguntar-se sobre o valor da marca.
Estamos, caro leitor, perante uma marca que pauta pela diferença, marca nacional e, simultaneamente, universal. Sem barreiras ou fronteiras. Sem limites existenciais. É portuguesa e é para o mundo. É para todos e todos nós somos a razão da sua existência. A FAIRE deixa-lhe algumas sugestões de produtos. Faz-lhe sentido?
por Maria Serrano
NÃO AO CONTOURING, NÃO ÀS LONGAS PESTANAS
A
maquilhagem neste novo ano pede uma pele natural, cuidada e iluminada, ao contrário da tendência anterior que pedia um contouring extremo, bem como a nova tendência é a naturalidade das sobrancelhas (mas cuidadas) e pestanas que realçam a beleza da simplicidade. Menos base, pele mais natural: se utilizar base, opte por uma base mais fluída e com pouca cobertura para dar um acabamento mais natural possível. Corrija com um corrector os pontos necessários, use um iluminador e uma máscara de pestanas. Para usufruir da maquilhagem o foco será os lábios e os olhos. O vermelho intenso ou um nude discreto preenchido por um gloss nos lábios e os olhos preenchidos por um smokey eye em tons acastanhados ou então as pálpebras com cores garridas. Outra tendência no seu esplendor é utilizar os tons monocromáticos em rosa no blush, sombra e lábios. As dicas são várias, mas não há como enganar: o ano será repleto de naturalidade nas sobrancelhas, nas pestanas e numa pele cuidada e luminosa.
DAVID CATALÁN por Cristiano Teodoro
Diz ser uma pessoa linda e maravilhosa, mas tomamos a liberdade de o caracterizar também como criativo, com posições fortes e com grande capacidade talentosa. Falamos de David Catalán, o designer espanhol que trocou Madrid pelo Porto. Foi no Portugal Fashion, na Alfândega da Invicta, que o designer apresentou a sua coleção Primavera-Verão 2019. De nome “Off Into Space” tem como principal inspiração o fim da era de ouro de Hollywood e início dos anos 50. Numa linha desportiva, onde o principal destaque vai para as camisas e para as malhas e com contrastes de branco, azuis e amarelos, a coleção marcou a semana da moda. O designer diz que “é importante para a minha marca apresentar a minha coleção em eventos internacionais e o Portugal Fashion foi um ótimo começo, o que me deixa extremamente satisfeito”. Talvez, essa seja uma das razões de ter trocado Espanha por terras lusas. David conta à FAIRE, com uma animação característica, que o aluguer barato juntamente com a sua vida pessoal e o acolhimento que recebeu na Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos foram fortes justificações para a sua permanência em Portugal. Antes de estudar no norte do país, David passou pela Escola de Artes de Corella, onde estudou Design de Interiores, mas sempre com a moda no horizonte: “sempre foi a minha prioridade a moda, só fiz design de interiores como um complemento para trabalhar a minha visão estrutural”. Tendo essa visão consolidada decidiu ingressar na Escola de Design de La Rioja passando por Portugal onde se licenciou em Design de Moda e Vestuário.
A teia estava montada. De lápis e papel na mão, os seus desenhos deram-lhe passagem para fase final do concurso Bloom, o concurso de novos talentos do Portugal Fashion. Foi aí que lançou a coleção “Sursum Corda”. “Acho importante transmitir algo novo e fresco a cada coleção que apresento”, conta. As suas coleções passaram também por Madrid, Londres e Lisboa, mas foi no Porto que ficou. Estagiou com Maria Gambina, foi Assistente de Moda na Júlio Torcato e Designer na Denim Blue. Em 2013 fundou a sua marca em nome próprio, “uma marca de menswear baseada no Porto, com uma estética jovem, colorida e contemporânea, com um público relaxado, moderno e com a mente aberta”. A David Catalán é uma marca com um misto de atualidade sem nunca esquecer o clássico e as influências vintage. Prémios não lhe faltam, principalmente na sua pátria espanhola e em França, mas a ambição e talvez um pouco de modéstia, falem mais alto. Assume que gostava de ter uma maior visibilidade: “gostava de chegar a um panorama internacional e ser reconhecido pelo meu trabalho”. Trabalho esse que nunca se esgota com a marca a trabalhar em novas técnicas e novos materiais, sempre com o intuito de valorizar aquilo que é seu. Confrontado com a derradeira pergunta: o que falha em Portugal no que diz respeito a moda nacional?, David diz que são… os portugueses: “a mentalidade do consumidor, que procura mais marcas internacionais do que dar valor as marcas nacionais”. E agora? Irmão. Ibérico. Latino. Espanhol. Português. David é isto e mais. É arte, é criatividade, é inspiração. É de lá e de cá. E nós gostamos (muito) de o ter em Portugal. Gracias chico!
“GOSTAVA DE CHEGAR A UM PANORAMA INTERNACIONAL E SER RECONHECIDO PELO MEU TRABALHO”.
por Patrícia Dias
A MODA QUE AINDA anos
Históricamente, a era de 70 foi marcada por uma revolução e afirmação da sociedade em termos culturais. Nos dias de hoje é possível fazer uma releitura e adaptação das tendências de vestuário da época. Num período em que a moda se regia pela música, o movimento hippie, que já tinha emergido na década anterior, foi o grande impulsionador da liberdade de estilo. A moda não ficou de fora destas mudanças e devido ao caracter descontraído do hippie, do rock and roll e da vida boémia, o vestuário foi uma forma de o refletir. O visual dos anos 70 distinguiu-se por looks descontraídos que remetiam um estilo de vida positivo. Caracterizado como boho e hippie chic, a sua identidade foi marcada essencialmente pela incorporação de acessórios de bijuteria, óculos de sol, faixas para o cabelo, e cintos largos nos looks. As tendências de vestuário mais badaladas foram as distintas bootcuts, mais conhecidas por calças à boca de sino, jeans, peças brilhantes e fluidas, cintura alta, calças cigarret e coletes. O crochê, a renda, os bordados, missangas e as franjas foram os materiais que se afirmaram. Além disso, a aplicação de uma paleta de cores intensa, contrastante e brilhante, bem como os estampados floridos e psicadélicos são também marcas da moda da geração de 70.
Um estilo que eclodiu após a coleção do italiano Emilio Pucci, estilista que se distinguiu pela ampla gama de padrões que criou. As coleções atuais ainda são definidas pela predominância de cores fortes como o vermelho, o rosa, o amarelo e o azulão mesmo nas estações mais frias. Os padrões florais ainda continuam em voga principalmente durante a Primavera e Verão. Com especial primazia para a época festivaleira, que sustenta a ousadia de utilizar diferentes texturas, cores e estampados que evidenciam o estilo boho chic. A título exemplificativo, o mítico Coachella Valley Music and Arts Festival, que decorre anualmente nos EUA, é um dos eventos que mais evoca coordenados 70’s e tem características desta década como inspiração, um estilo que já é assinatura do festival. Na contemporaneidade, as bootcut voltaram e são tendência das últimas coleções. Em modelo jeans, sarja, bombazina, estão disponíveis em diversos formatos, materiais e cores. Formam looks versáteis: leves, casuais ou mesmo formais. Atualmente fazem parte das coleções das maiores empresas de vestuário mais consumidas em Portugal. A década de 70 representou um importante contributo para a moda, as suas criações são intemporais e ainda hoje estão em uso.
A PERDURA
70 e contemporaneidade
A ARMA DAS MARCAS NAS COMPRAS JUSTAS
COMPRAS
ONLINE
por Cátia Pimenta
O espaço digital está na moda e tudo o que é de moda é bonito. Que o digam as novas tecnologias que sem dúvida vieram para ficar e o surgimento das compras online foi uma questão de tempo. São milhares de lojas à distância de um click que trazem opções de escolha no conforto do sofá de casa e fazem chegar até nós de forma cómoda a nossa encomenda. Claro está que nem tudo é tão rápido e eficaz como deveria mas estamos a falar de um processo que continua a evoluir até tornar-se quase perfeito. Mulheres e homens que adoram fazer compras este é o vosso sonho ou não! Nas lojas online é possível comprar tudo (mesmo tudo!) desde roupa, calçado, acessórios de moda, viagens, livros, gifts, artigos de arte, tecnologias e até grandes variedades de vinhos. Para as mulheres que são as grandes viajantes online de compras, a Internet oferece um mundo infinito de escolhas desde marcas de alta-costura a coletividades privadas, cadeias internacionais bastante conhecidas a designers anónimos que viram no espaço online uma oportunidade de lançamento.
As compras online trazem-nos inúmeras vantagens que permitem a adesão a esta moda. A comodidade de o fazer no seu próprio espaço evitando lojas cheias e funcionárias insistentes e a possibilidade de poupar tempo para quem o tem escasso; os preços bastante competitivos do mercado e a possibilidade de comparação em vários sites são suportes à escolha final do consumidor; a disponibilidade ou não de determinado artigo é uma informação que nos chega de forma mais rápida; o acesso a marcas ou estilistas a preços apetecíveis que não estão no mercado de residência; a variedade de artigos é mais vasta considerando a Internet a maior loja para comprar seja o que for; as encomendas são recebidas em casa ou requerem levantamento no posto de correios da área de residência em caso de indisponibilidade; e a permissão para troca e reembolsos no caso de não estar contente com o artigo são algumas das vantagens que podemos enumerar. Mas não nos podemos esquecer que tudo o que traz vantagens suporta também desvantagens. A impossibilidade de experimentar uma peça de roupa ou calçado, o modelo, corte ou tamanho pode negar o avanço da compra, as medidas de pagamento, os diferentes tamanhos como os americanos, britânicos e europeus pedem um especial cuidado para evitar enganos, os custos adicionais de envio dos artigos e em muitos dos casos de devoluções ou trocas são ao encargo do comprador sendo circunstâncias que, na maioria das vezes, levam o consumidor a desistir do processo da compra.
A segurança é uma incógnita e um fator que continua a preocupar os consumidores. Será que é realmente seguro comprar online? Podemos ver que cada vez mais o qie é e a dica mais importante para ter a certeza é verificar sempre se o endereço da página da loja começa por “https” e não pelo usual “http”. Além disso, por norma um site seguro apresenta no canto superior ou inferior direito a figura de um cadeado para tornar segura a transmissão de dados bancários. A grande parte dos sites de compras online disponibiliza um suporte de ajuda às compras como o “carrinho de compras” onde pode ir adicionando os artigos que pretende e quantidades e alterar as suas compras sempre que pretender. Após estarem escolhidos os artigos o processo avança para a validação da compra (é importante verificar sempre se está tudo de acordo com o que deseja, tamanhos, quantidades e os valores finaisW incluíndo possíveis despesas de envio) e por fim o pagamento da mesma. Existem sites que permitem o pagamento de várias formas como o cartão de crédito, transferência bancária, PayPal (é um intermediário entre o comprador e o site que não permite a divulgação de dados bancários ao destinatário) ou MBWay (onde é criada uma conta para a transferência exata do valor da compra sem divulgar informação). Às marcas, os consumidores pedem facilidade no acesso e rapidez no serviço, segurança na compra e nos dados que disponibilizam. As compras online já mostraram que vieram para ficar, assim como as tecnologias, e esta moda quer tornar a simplicidade e eficácia em armas de compra justa.
KALUXA DE SOUSA “A MINHA ROUPA DÁ VIDA, BRILHO E COR A MULHERES GORDAS” por Rita Luz
Dedicada, extrovertida, confiante, carismática e mulher do povo. Esta é Carla de Sousa, ou Kaluxa como é mais conhecida, uma mulher que não esconde as suas formas e que ajuda os outros a aceitarem o próprio corpo. Criou a sua marca de roupa, a Kxx´l, que pretende vestir as gordinhas de cores alegres. Nasceu e cresceu no meio dos “trapos”. Desde criança que lida com o peso a mais e com as dificuldades de encontrar roupa para o seu tamanho. Na altura, pegava nos tecidos das lojas de roupa da mãe e da avó e modificava as suas peças, dando-lhes um toque alegre e de cor. Agora, anos mais tarde, abriu a sua própria loja no Cacém. “Lembro-me de ser miúda e modificar a roupa que a minha mãe me comprava”, conta. O sonho de ter a sua própria marca de roupa tornou-se realidade em 2017, quando abriu a Kxx´l, uma loja destinada a mulheres que vestem números grandes. A loja distingue-se pela diversidade de cores, tonalidades e exuberância das suas peças que, pretendem colocar um sorriso no semblante de gordinhas que lutam por se sentir bem com os seus corpos. Kaluxa faz questão de acompanhar todo o processo de produção das suas roupas, desde as clássicas às mais casuais. O atelier: “é como a maternidade dos meus sonhos e é lá que me inspiro e estou colada desde a primeira peça”, conta Kaluxa. A seu encargo artístico, estão as túnicas, os macacões e vestidos que a própria desenha. Kaluxa refere que se inspira “no que realmente não há” e que cria estas roupas para que as mulheres gordas tenham o direito a serem tão felizes como as outras mulheres.
Além da sua loja, há muito tempo que Kaluxa dá a cara pelas gordinhas e gordinhos, como são carinhosamente tratados pela própria, na luta contra o preconceito de quem vive com peso a mais. No programa “A Tarde é Sua”, apresentado por Fátima Lopes, esta ajuda gordinhas a nível exterior, promovendo uma mudança total de visual e de indumentária, mas sobretudo a nível interior, garantindo que depois de uma boa conversa, estes sentem-se melhor com a sua autoestima. Todas estas pessoas que a Kaluxa ajudou: “Deixaram uma marca em mim pelas suas vivências e essência”, referiu. Saber ouvir bem faz a diferença e Kaluxa é uma boa ouvinte. ´
É uma gordinha confiante e resolvida com o seu próprio corpo e que, por saber o que os mesmos sentem, sabe ouvi-los, motivá-los e ajudálos sem nunca os julgar. Esta pretende mostrar que a autoestima não depende do peso da balança. Kaluxa é também autora do livro “Diário de uma Gorda”. Um livro que a própria refere como sendo o seu diário e que escreveu com intuito de dar a conhecer a outras pessoas o que as gordinhas e gordinhos sofrem com a aparência.
COMÉRCIO PORTUGUÊS NO SÉCULO XXI ARTS & CRAFTS LX | DESDE 2014
UMA FUSÃO DE NOVAS
VOLTARIA | DESDE 2016
DESCOBERTAS Longe vão os tempos em que a vida de cada um era circunscrita a um pequeno espaço. Fenómenos como a globalização, internet e a modernização de meios de transporte possibilitam a descoberta dos locais mais recônditos, das culturas mais obscuras. Deste contacto entre gentes e nações obtemos novas perspetivas de vida, novo conhecimento. Os mais aventureiros entre nós gostam de explorar esta fusão de experiências, cores e sabores, com um comércio de proximidade eclético que encanta e surpreende quem o visita. No restaurante japonês de sushi, Matsuri, em Aveiro, temos o exemplo perfeito da mais-valia de uniões culturais. Aqui, os pratos são confecionados com um chishiki (conhecimento aprofundado) que já atraiu a atenção da crítica internacional, mas também com seishin (espírito aventureiro), responsável pela exploração de novas vertentes gastronómicas. O peixe usado é todo ele fresco, fruto de sinergias com os forne-
cedores locais. E no espaço, claro está, não falta o nosso próprio calor humano mediterrâneo. Por entre notas soltas, objetos que desaparecem e uma rima emparelhada chegamos ao café O Poeta, em São João da Madeira. Este ameno estabelecimento que revitalizou um dos espaços verdes da cidade é, com a sua fachada envidraçada e tons quentes, o local perfeito para uma tarde com amigos ou em família. E se procura algo mais para animar o seu dia, pode sempre contar com o talento de grupos musicais e espetáculos de magia que fixam o nosso olhar. Na petisqueira Voltaria, no Porto, apenas a mistura de sabores se sobrepõe à fusão de nacionalidades que preenche este acolhedor espaço. Uma das paredes do estabelecimento, repleta de mensagens de visitantes, revela o agradecimento destes, não só pela afabilidade e simpatia com que são recebidos, mas também pelos sabores proporcionados pelos deliciosos petiscos, alguns típi-
CAFÉ O POETA | DESDE 2013
CALDO ENTORNADO | DESDE 2010
MATSURI | DESDE 2009
cos, outros, criações exclusivas de Fátima, que mesclam habilmente ingredientes para criar sabores inovadores. Impulsionada pelo curso de empreendedorismo criado pela organização do castelo de São Jorge, em Lisboa, a Arts & Crafts lx representa um reavivar do talento, convivência e sinergia artística que se juntava anteriormente nas bancas do castelo. Rosa Nunes, a proprietária, dedica-se à criação de mandalas, colares e pulseiras com materiais variados, tais como aço inoxidável, prata e cristais swarovski. O espaço é partilhado com outros artistas, o que garante à Arts & Crafts lx uma visão artística caleidoscópica que dá gosto descobrir. Em Braga, perto da Sé, encontramos o Caldo Entornado, um bar/restaurante que representa uma união de esforços e de vidas. Rodrigo e Inês, um casal bem disposto e apaixonado por restauração, complementou a cozinha tradicional portuguesa com um bar que funde cocktails e música cuidadosamente seleccionada. O resultado são serões e noites animadas, centralizadas num único local. A fama deste bar/restaurante já o precede e continua a crescer, quiçá também pela sua participação ativa na noite branca
e nos festejos bracarenses de São João. A nossa cultura encerra tesouros que devemos preservar, contudo tal protecionismo não significa que a cultura deva ser hermética. A história portuguesa tem como pilar fundamental a descoberta de novos locais e populações e é interessante observarmos o eco dessa faceta no século XXI. O eco de um povo que soube perpetuar as virtudes do nosso conhecimento e fundi-lo com novos elementos, estéticas e gastronomias que nos trazem algo surpreendente. A variedade é a especiaria da vida e um excelente tempero à oferta do nosso comércio.
CINEMA
FELIZ DIA PARA MORRER 2 14-02-2019
É no dia dos namorados que, a morte regressa sempre para atormentar. Desta vez, a heroína Tree, descobre que morrer repetidamente é muito mais fácil que enfrentar todos os perigos que se aproximam.
TODOS LO SABEN 14-02-2019
Laura e os seus filhos viajam até À sua cidade Natal, Buenos Aires, para celebrarem o casamento da irmã. Mas, situações estranham acabam por gerar uma crise familiar que irá trazer segredos do passado.
COMO TREINARES O TEU DRAGÃO: O MUNDO SECRETO 21-02-2019
Hiccup é agora líder de Berk. Aquilo que começou com uma improvável amizade entre um viking adolescente e um terrível dragão, tornou-se uma trilogia maravilhosa. É agora que vamos descobrir os seus verdadeiros destinos.
THE PRODIGY 28-02-2019
O FILME LEGO 2 28-02-2019
PORTUGAL NÃO ESTÁ À VENDA 21-02-2019
Esta é a história de Sebastião Dias e a sua família. Falidos e desesperados com o país, esta família só pretende proteger tudo o que é seu: as suas vidas, tradições, memórias... É uma trágico-comédia que promete dar que falar!
Tudo parece bem, até que os cidadãos que vê obrigados a enfrentar uma invasão de extraterrestres. A batalha para ser ganha, levará o grupo de amigos a mundos longínquos nunca antes explorados, mas não é o desconhecido que os fará parar.
O filme gira em torno de Sarah, uma mãe preocupada com o comportamento do seu filho mais novo. Algo parece estar errado, e Sarah percebe que a sua família corre perigo quando Miles é possuído por uma força maligna sobrenatural.
EXPOSIÇÕES
ATÉ 20 DE MAIO “ARQUITETURA É VIDA”, de Carlos Bunga MUSEU MAAT, Lisboa
Uma maqueta que representa a habitação social onde Carlos Bunga cresceu, é a porta de entrada desta exposição. Inicia-se uma viagem desde a miniatura ao monumental. Com materiais como a tinta e cartão, o artista construiu maquetas arquitetónicas, peças de mobiliário enquanto esculturas e pinturas como ambientes imersivos. A exposição Arquitetura da Vida conta ainda com filmes das atuações e ações do artista mostrando a documentação de uma década de trabalhos.
ATÉ 8 DE FEVEREIRO “M-METAMORPHOSIS”, de João Amoêdo Pinto CARRASCO ART – Galery, Lisboa
M-Metamorphosis, de João Amoêdo Pinto (até 8 de FEV) - CARRASCO ART – galery, Lisboa M-Metamorphosis destaca-se como a primeira exposição individual do artista João Amoêdo Pinto na galeria Carrasco Arte. Uma exposição dedicada à sua companheira, a qual representa uma relação perturbada, de mudança e de grande crescimento interior. O artista esboça os momentos e os sentimentos numa tela que tem uma história por contar.
ATÉ 19 DE FEVEREIRO “SAUDADE”, co-produção com Fundação Fosun MUSEU COLEÇÃO BERARDO, Lisboa
Uma coprodução com a Fundação Fosun, “Saudade” reúne o trabalhoo de 16 artistas da China e de Portugal. A linha inspiradora que torna este conceito em algo comum é a reflexão sobre a diversidade, a festividade e ambiguidade, assim como a relação dos artistas com o sentimento da saudade.
ATÉ 31 DE MARÇO “BANKSY, DISMALAND AND OTHERS”, de Barry Cawston ALFÂNDEGA DO PORTO, Porto
As obras de Cawston é contemplam“uma exposição poderosa” que leva o público rumo a uma viagem pelo trabalho de um artista que usa a sua arte, há mais de 25 anos, para questionar os valores da sociedade. Chegou agora a Portugal, pela primeira vez. A exposição conta com 44 fotografias de grande dimensão e “integra imagens do projeto Dismaland (2015)”, mas também de “outras obras identificativas do artista, como o ‘Walled Off Hotel’ (2017) ou ‘Flower Thrower’ (2005)”. A exposição integrará ainda uma série de trabalhos de jovens artistas portugueses dedicados à arte urbana. A mostra apresenta também uma instalação audiovisual, onde são projetados documentários sobre Banksy e o seu trabalho — ‘Banksy does New York’ (2014) e ‘Saving Banksy’ (2017). ATÉ 19 DE FEVEREIRO “INSTIES GERADOR”, de Amalteia, Curly design & illustrations, Hugo Henriques, Priscilla Ballarin e Sérgio Neves, BIBLIOTECA MUNICIPAL ORLANDO RIBEIRO, TELHEIRAS, Lisboa
A Exposição Insties Gerador é um louvor aos instagramers nomeados nos Insties Gerador 2019. A exposição tem cerca de 37 cartazes, dedicados ao trabalho de 37 instagramers que são homenageados através desta método que perdura na eternidade - uma das mais belas artes de comunicar. ATÉ 28 DE FEVEREIRO “RACCONTI”, de Paolo Longo INSTITUTO ITALIANO DE CULTURA DE LISBOA, Lisboa
ATÉ 3 DE MARÇO “JOAN MIRÓ E A MORTE DA PINTURA”, de Joan Miró FUNDAÇÃO DE SERRALVES, Porto
“A exposição “Joan Miró e a morte da pintura” centra-se na produção artística do mestre catalão em 1973, altura em que, com oitenta anos de idade, preparava uma importante retrospetiva no Grand Palais, em Paris. Numa série de telas perfuradas de 29 de março de 1973, de relevos tecidos (“Sobreteixims” e “Sobreteixims-Sacks”) executados em 1972 e 1973 em colaboração com Josep Royo e em cinco “Toiles brûlées” (Telas queimadas) executadas entre 4 e 31 de dezembro de 1973, Miró deu largas à sua raiva estética.”
A exposição de Paolo Longo apresenta relatos que partem de Tóquio, passando pela China, Coreia do Norte, Camboja, Índia, Afeganistão, Iémen, Territórios Palestinianos e, por fim, em Lisboa. A busca de lugares bastante diferentes que se unem intrinsecamente pela busca foi uma das máximas que o fotógrafo quis explorar, não só pelas histórias de vida quotidiana, mas também pela longitude e latitude que as mais detêm em si.
LIVROS
“SANGUE E FOGO: A HISTÓRIA DOS REIS TARGARYEN”
“A ARTE SUBTIL DE SABER DIZER QUE SE F*DA”
LIVRO 1: PARTE 2
GEORGE R. R. MARTIN
MARK MANSON
Uma abordagem que nos desafia os instintos e nos força a questionar tudo o que sabemos sobre a vida. Mark Manson acredita que a sociedade está contaminada por grandes doses de treta e de expectativas ilusórias em relação a nós próprios e ao mundo.
“TODOS OS DIAS SÃO PARA SEMPRE” RAUL MINHA’ALMA
Depois do sucesso de “Larga Quem Não te Agarra”, Raul Minh’Alma garante-nos que não importa se os dias são bons ou maus, todos eles contam, todos eles importam. Porque um para sempre é feito todos os dias. E todos os dias são para sempre.
A emocionante história dos Targaryen ganha vida neste trabalho magistral do autor de As Crónicas de Gelo e Fogo. A Casa Targaryen governa Westeros. O Velho Rei e a Boa Rainha morreram. Os herdeiros do Dragão perfilam-se para a sucessão numa época aparentemente tranquila. Mas as sementes da guerra ameaçam estes tempos de paz e a ambição levará a uma batalha feroz pela posse do tão ambicionado Trono de Ferro.
“O HOMEM EM BUSCA DE UM SENTIDO” VIKTOR E. FRANKL
Nos seus momentos de maior sofrimento, no campo de concentração, o jovem psicoterapeuta Viktor E. Frankl entregava-se à memória da sua mulher - que estava grávida e, tal como ele, condenada a Auschwitz. Conversava com ela, evocava a sua imagem, e assim se mantinha vivo. Quando finalmente foi libertado, no fim da guerra, a mulher estava morta, tal como os pais e o irmão. No entanto, ele alimentara-se de outro sonho enquanto estava preso, e, este sim, viria a realizar-se: projetava-se no futuro, via-se a falar perante um público imaginário, e a explicar o seu método para enfrentar o maior dos horrores. E sobreviver. Viktor E. Frankl sobreviveu. E até morrer, aos 92 anos, divulgou por todo o mundo o método desenvolvido no campo de concentração - a Logoterapia. O psicoterapeuta descobriu que os sobreviventes eram aqueles que criavam para si próprios um objetivo, que encontravam um sentido futuro para a existência - fosse ele, por exemplo, cuidar de um filho ou escrever um livro. Em O Homem em Busca de um Sentido, escrito em 1946, o autor narra na primeira parte a sua dramática luta pela sobrevivência.
“O MONGE QUE VENDEU O SEU FERRARI” ROBIN SHARMA
O Monge que Vendeu o Seu Ferrari é um best-seller inquestionável que oferece aos leitores uma série de lições simples e eficazes sobre como viver melhor. Combinando de uma forma inovadora a sabedoria espiritual do Oriente com os princípios ocidentais de sucesso e trabalho, mostra, passo a passo, como viver uma vida de coragem, equilíbrio, alegria.
MÚSICA 01 DE FEVEREIRO XUTOS E PONTAPÉS HARD CLUB
Com 40 anos de existência, os Xutos & Pontapés continuam surpreender. E é já no dia 1, depois da apresentação em Lisboa que apresentam o novo ‘album ‘Duro’ no Porto, uma homenagem a um um legado de perseverança e persistência, de luto e de alegria, ansiedade e calma.
08 DE FEVEREIRO E 09 DE FEVEREIRO LUÍSA SOBRAL CONVENTO DE SÃO FRANCISCO E CASA DA MÚSICA
Luísa Sobral está de regresso aos palcos em 2019 com ‘Rosa’, o 5º álbum de originais. Editado em Novembro de 2018, ‘Rosa’ foi produzido pelo catalão Raül Refree - um dos mais prestigiados produtores e multi-instrumentistas de Espanha (produtor de nomes como Mala Rodriguez, Silvia Pèrez Cruz e Rosalía) - e foi, todo ele, gravado como se fosse ao vivo. A seu lado, Luísa Sobral terá um guitarrista e um trio de sopros formado por Sérgio Charrinho no fliscorne, Angelo Caleira na trompa e Gil Gonçalves na tuba.
09 DE FEVEREIRO HARRY POTTER E O PROSIONEIRO DE AZKABAN ALTICE ARENA
Os filmes-concerto da saga Harry Potter regressam à Altice Arena com o concerto “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”, o terceiro filme da série. No dia 9 de fevereiro de 2019, como nos filmes concerto anteriores a Orquestra Filarmonia das Beiras na interpretação ao vivo da banda sonora mágica de “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban” enquanto o filme é projetado simultaneamente, na íntegra, num écrã de 20m de largura por 8m de altura, em alta definição.
14 DE FEVEREIRO CUCA ROSETA COLISEU DOS RECREIOS
Cuca Roseta é a anfitriã do Montepio às vezes é amor em Lisboa. A fadista está a preparar um concerto especial para celebrar o Dia dos Namorados numa noite que promete estar recheada de surpresas.
14 DE FEVEREIRO ÁUREA COLISEU PORTO AGEAS
No próximo dia 14 de Fevereiro, pelas 22h, Aurea chega ao Coliseu do Porto AGEAS com um concerto muito especial inserido no Festival ‘Montepio às vezes o amor’. Contar um segredo através de uma canção foi a premissa com que Aurea idealizou o seu último álbum “CONFESSIONS”. Neste quarto registo de originais, a cantora, intérprete e também compositora, quis registar em áudio algumas das histórias ou ‘segredos’ que lhe foram confidenciando em vários momentos da sua vida.
15 DE FEVEREIRO DIOGO PIÇARRA CASA DA CULTURA DE ÍLHAVO
No dia 15 de fevereiro, Diogo Piçarra encontra “Abrigo” na Casa da Cultura de Ílhavo. E nele cabem outros. Diogo Piçarra decidiu recolher-se para uma tour exclusiva em palcos mais intimistas, que marca o lançamento do EP “Abrigo”, com 3 músicas inéditas, dos quais o single “Paraíso”, o qual, rapidamente, se tornou num dos seus maiores sucessos.
por Letícia Carvalho
A CERÂMICA
ATEMPORAL
Drama Lisboa é a marca portuguesa que
traz ao mercado os já conhecidos vasos feitos de cerâmica com uma nova identidade, um design moderno e inovador. O dono da marca, Isaac Gens, é quem iniciou o projecto e é quem faz a arte na cerâmica. Desde o desenho do produto, até a sua impressão em 3D, a finalização da peça e a con- fecção das embalagens personalizadas. Até mesmo a gravação da marca na peça é feita pelo próprio nas instalações da Fábrica Moderna, em Marvila. O facto de poder produzir algo que gosta, único e personalizado é o que para si possui valor, “ter liberdade de desenhares aquilo que queres sem ser só para obedecer aos padrões de indústria” acrescenta o designer. Quando questionado sobre o motivo para ter escolhido para os vasos a forma do corpo humano, principalmente a cabeça, a resposta foi clara, “queria trabalhar um bocado com modelos que não fossem muito normais”. Procurou fazer a fusão do já clássico material, a cerâmica, e dar uma nova visão e design. “Tentei fazer uma coisa mais minimalista, normalmente o que eu via eram coisas muito trabalhadas. Tentei trazer isso um bocado mais para os tempos modernos.” Apresenta em muitas das suas peças, influência na arte grega de modo a realizar “uma revisita aos clássicos gre-
gos”, a trazer a influência do passado de uma nova maneira. A marca surgiu a cerca de um ano e já tem mostrado o seu potencial, tendo já realizado parcerias como, por exemplo, a loja de vestuário LATTE em Lisboa. Isaac Gens relembra como foi o processo para adquirir uma rápida experiência no ramo, de forma a que pudesse dar vida a sua arte. Como designer de produto, já havia tido experiências com outros materiais, nomeadamente com o plástico, mas viu na cerâmica um grande potencial e algo em que realmente quisesse explorar e trabalhar. “Não podia pedir concelhos a ninguém, tive que aprender sozinho. Aprender sobre cerâmica que eu não sabia quase nada”. Precisou dessa forma descobrir técnicas, como por exemplo saber a temperatura adequada para levar a peça ao forno. A sua vida quotidiana é o que lhe traz inspiração para o trabalho, o artista releva que as suas “influências são sempre do que eu vivo na minha vida na rua. Eu agora vou fazer um vaso que é baseado na Serra da Arrábida, vai sendo assim. São mais as influências que me chegam de fora e eu tento fazer isso”. Vê como um facto positivo não estar no universo da cerâmica a bastante tempo, uma vez que está num processo de aprendizagem e de familiarização, sem influência do ramo e produzindo algo original. “Ter essa vantagem enorme que é não estar por dentro da cerâmica, não estar muito por dentro do que que se faz ou o que é que se fazia. Eu tenho essa vantagem.” Para o ano, já possui projetos planeados e parcerias que estão a ser trabalhadas. Para o designer por trás do Drama Lisboa, trabalhar em conjunto com outros artistas de diferentes áreas é o mais interessante, de forma a poder fazer a junção de ideias e a dar vida a algo inovador.
por Letícia Carvalho
DO CORAÇÃO
DE BETE MARQUES
Bete Marques é o coração que dá vida ao Heart Made Atelier. Como o próprio nome diz, toda a sua arte é feita com coração. Para as suas obras, a artista procura utilizar os mais variados tipos de materiais dependendo do que lhe der vontade no momento e o que lhe parecer mais apropriado para a ideia que tem em mente. Para ela, esta fusão de elementos é o que realmente dá vida à obra e o que acaba por deixar a sua marca. “É o que me apetece”. Trabalha desde a madeira, até o barro e o ferro, além de procurar reutilizar peças de objectos que foram deixados de lado. Bete diz: “Eu olho para o material e penso assim ‘isto tem uma segunda chance, isto pode ter uma segunda vida’... Acho que essa coisa do material ter uma segunda chance é muito o meu material.” Acredita que o facto do objecto já ter tido uma função anterior, todos os anos de utilização e tempo de fabrico, só torna a sua obra ainda mais especial. “Acho que quando consigo reutilizar o material, dou mais vida para a peça. Então sim, eu costumo reutilizar.” Bete diz que não consegue lembrar-se de quando começou a fazer arte. A sua vida sempre foi, arte. “Desde sempre. Não sei dizer
quando, mas é desde muito nova porque o meu pai tinha uma oficia, um atelier, onde podia entrar e sair, fazer as coisas que quisesse. O meu pai ensinou-me a fazer a parte elétrica e depois, a estudei Artes e a minha especialização foi em Restauração de Santos. Desde sempre, nunca fiz outra coisa.” O seu atelier fica no Campo de Ourique e é a sua segunda casa, onde passa grande parte do seu tempo e onde dá vida à suas obras. Já tendo trabalhado em conjunto numa outra oficina em Lisboa, conta-nos como escolheu o nome para o seu atual espaço,
“Uma amiga minha que esteve aqui uns dias a trabalhar comigo disse ‘já sei um nome para o teu espaço: ‘Heart Made Atelier, porque tudo o que tu fazes, tu fazes com o coração’. A primeira coleção chamou-se Arterial e minha amiga disse: ‘tu sais das artérias da arte, não é só do coração, é do corpo todo, porque ora estás sentada, ora estás em pé, ora estás em cima da escada... É uma coisa muito arterial’. Na coleção de inauguração do atelier, a artista fez diversas obras de corações, desde o coração de mãe, até o coração sábio, coração manipulável e o coração da mata. Já tendo realizado outros trabalhos em Portugal, nomeadamente as chamadas “Favelas” que estão em
restaurantes lisboetas como o El Clandestino na Rua Rosa, Bete quis mostrar ao público uma outra vertente do seu trabalho. No Dia dos Mortos, data muito significativa para o México, Bete inaugurou a sua coleção com foco na imagem da aclamada Frida Kahlo. “Não é sobre a arte dela, é sobre ela como pessoa. Eu quis trazer um pouco dela como se fosse uma santa, trazendo uma outra realidade da Frida. Depois trabalhei quadros que já trouxeram a sua dor, as costas, as operações, ela cheia de ferros.” Além da Frida Kahlo, a artista em grande parte das suas obras trabalha com a imagem feminina, de diversas formas. “Gosto muito de defender que a mulher pode ser dona do seu próprio nariz. Dela optar por ser pai e mãe sozinha. Gosto desse movimento, gosto de mulheres que passaram por nós e que foram fortes, mesmo com as suas debilidades como a Frida [...] Acho que precisamos de ficar mais donas de nós, do nosso poder feminino. Então gosto de colocar sempre umas mulheres fortes no meio das histórias todas.” Como a própria nos contou, Bete gosta de trabalhar com temas. De antemão, revelou-nos que a sua próxima coleção terá como tema o Mar. Obras com muitas conchas, junção de materiais que remetem ao Oceano e, principalmente, feitas com o coração.
JOÃO SOUSA
A REPRESENTAR A NOVA GERAÇÃO por Rafael Moreira
“A MODA É FEITA PARA QUEM A QUISER USAR, PARA TRANSMITIR UMA MENSAGEM PESSOAL, PARA DAR A CONHECER A NOSSA PERSONALIDADE AO MUNDO SEM TER DE DIZER NADA”. João Sousa é um dos mais jovens designers portugueses e conta com uma personalidade única e autêntica. Nasceu a 10 de junho de 2000 e foi desde sempre que se destacou pela sua criatividade, ambição e organização. “O mundo criativo é algo que me fascina desde criança, seja a desenvolver ideias, desenhar, es-crever, tudo o que me coloca a imaginar merece a minha total atenção. Um designer de moda com-pleta esse lado criativo que procuro explorar, desenvolvo universos, formas, ideias…”, e foi esta paixão que o levou os 15 anos, até à cidade do Porto com os conhecimentos mínimos sobre moda, para estudar 3 anos Design de Moda na Escola de Moda do Porto.
O seu plano é começar em Portugal, mas a sua ambição tem o objetivo de o levar além-fronteiras “para dar a conhecer ao público internacional o talento que existe em Portugal, que apesar de ser um país pequeno temos inovação, qualidade, e um mercado que precisa de ser aprofundado”. Pre-tende propor uma nova visão do seu mundo, universos que cria na sua imaginação. Em 2017 foi classificado como um dos 10 finalistas do Concurso Internacional Paulo Ribeiro by Pizarro, e foi no ano passado que se consagrou pela primeira vez vencedor num concurso, um dos mais importantes de Portugal: Novos Criadores PFN, que o levou a apresentar a sua primeira coleção no Bloom.
“Acho que aos poucos a moda nacional está a mudar. O Bloom e o Sangue Novo dão oportunidades a novos criadores de se afirmarem no mundo da moda. O PortugalFashion tem apoiado marcas nacionais que fazem sonoridade aos poucos nas capitais da moda.”, e é o que tem acontecido a João Sousa ao ser destacado nestas semanas de moda, onde o mesmo defende que são uma das formas mais importantes no desenvolvimento de uma marca, novas oportunidades ou até mesmo pos-sibilidades de colaborações. Defende que a moda não é feita para um determinado género, mas sim para quem “ousar usar”, uma forma de nos sentirmos confortáveis e transmitirmos uma mensagem pessoal, a nossa mensagem. Inspira-se principalmente na sociedade, seja nas pessoas, na natureza ou até mesmo nos problemas ambientais. Pretende transmitir uma mensagem com cada coleção que apresenta, como é o exemplo de “Filhos do Lago” em que procurou transmitir “uma mensagem social e ambiental através dos pescadores Intha e do seu problema atual, a redução do lago, a criação do lodo e os poucos peixes que pescam”.
“Desistir não é uma das minhas palavras!” Na sua perspetiva, em Portugal, há falta de oportunidades, devido à falta de preparação para “sair da caixa”, o que trás como consequência uma limitação para os designers, que independentemente de estarem a fazer o que gostam, pretendem rentabilidade. Mostra-se aberto a todas as oportunidades e tem o propósito de chegar ao mundo, “sempre com a etiqueta “Made in Portugal”. João Sousa só se imagina onde a criatividade seja necessária, apaixonado também pela escrita, o designer confessa que se não fosse a Moda, provavelmente iria explorar uma vertente literária embora afirme que “Desistir não é uma das minhas palavras!”
MODA
2.0 ou mais... por Cristiano Teodoro
A luta tem vindo a ser diária e são várias as empresas que se debatem sobre a tecnologia versus ser humano. Mas por mais voltas que se dê, para os primeiros funcionarem, os segundos eram fundamentais. Inevitavelmente, estamos praticamente dependentes da tecnologia! Tal como em várias áreas, a evolução tecnológica permite que a moda evolua não só a nível criativo, mas também a nível pessoal e profissional. Ana Marinho Pereira, consultora de moda, residente em Doha, no Qatar, conta
ANIMAIS NÃO SÃO TECIDOS A moda está em constante transformação. Uma das principais e mais recentes alterações na produção de moda é a utilização de pele falsa – faux leather ou vegan leather. As marcas de alta costura como Gucci, Burberry ou Tom Ford estão em processo de transformação e adaptação a esta nova realidade. A Semana de Moda de Londres foi a primeira a não usar pele animal e este ano, em fevereiro, vamos ter pela primeira Semana de Moda Vegan em Los Angeles. Desta forma, a moda e a tecnologia aliam-se à causa
ambiental utilizando tecidos feitos de forma sustentável através de materiais orgânicos ou reciclados, feitos localmente. Desta forma produz-se moda amiga do ambiente e reforça-se uma tendência em crescimento, o reshoring. Isto é (re)introduzir o fabrico nacional no respetivo país contrariando a produção noutro país mais barato, o offshoring. Algumas tendências para produção de novos tecidos são ananás, soja, maças, grão de café ou folhas de chá das amoreiras.
à FAIRE que “a moda, aliada à tecnologia pode proporcionar a criação de vestuário adaptado a certas necessidades ou até mesmo vestuário sem recurso a materiais poluentes, poupando assim energia e recursos”. Vamos fazer uma pequena viagem sobre o presente e o futuro (que começou ontem) do cruzamento entre moda e tecnologia.
SMARTPHONE, PARA QUE TE QUERO?! O smartphone é quase um órgão que faz parte de nós assim que atingimos a ideal “necessária” para o ter. Estamos vidrados ao pequeno aparelho. Vamos consultar o e-mail, passeamos nas redes sociais, lemos notícias, trocamos mensagens. Ainda o utilizamos como despertador, para tirar fotos, substituir o espelho que não existe, milhentas finalidades de um só ecrã com bateria. A moda está a tirar partido do aparelho. Não querendo aprofundar o tema das apps de compras online, mas sim daquelas que nos aconselham sobre o que vestir. “Chic Every Weather” é uma aplicação para smartphone que sugere que roupas usar consoante a meteorologia do próprio dia. É uma aplicação portuguesa e partiu da ideia do casal Joana Branco e João Simões. A criadora acredita que aplicação “dita as melhores tendências e os melhores looks”
de acordo com o tempo. O ideal para o que não sabemos vestir porque não entendemos se está frio ou se está calor. Uma segunda app de destaque chama-se “Coded Couture” e surge de uma parceria entre a Ivyrevel e a Google. Esta aplicação permite a criação de roupa consoante o estilo de vida do interessado. No vídeo promocional é escolhido um vestido para uma festa. Tudo feito com a medidas dadas pelo utilizador. Aposta-se desta forma na personalização e durabilidade da roupa contrariando as marcas de fast-fashion. Se a presente já nos traz relógios que se ligam ao telefone e aplicações que nos ajudam a escolher roupa, o que será que o futuro nos reserva?
RENDA? IMPRESSÃO 3D?
EMPREGABILIDADE Ana Marinho Pereira dá consultas de consultoria de imagem online através da sua página na internet. De acordo com a própria, “a ajuda a quem se quer vestir e sentir bem não tem fronteiras”. Obrigado tecnologia por nos teres dados videochamadas, câmaras no computador e máquinas fotográficas. Mas recentemente, o jornal Expresso criou uma lista das profissões do futuro. Na posição quinze surge o “gestor de realidade virtual para retalho”. Esta é a pessoa que tem a “responsabilidade de gerir e programas experiências de realidade virtual para a área comercial” estando adaptada a diferen-
Danit Peleg é um nome que deve reter se se interessar pela impressão 3D e moda. Esta jovem estilista criou uma coleção com roupa impressa em três dimensões para o trabalho final de curso, decorria o ano 2015. Hoje é uma referência nesta particular forma de trabalhar moda. A criadora acredita que desta forma, cada um de nós, pode criar os seus outfits sem sair de casa. Num tempo em cada vez mais se dá maior primazia ao do it yourself, esta ideia parece ser perfeita para se quer destacar quando passeia na rua. Basta ter uma máquina em casa. Boa sorte!
A MODA NÃO É SÓ ROUPA. É IDENTIDADE, ATITUDE E AGORA TECNOLOGIA. tes espaços geográficos. A internet permite que nos aproximemos uns dos outros, não só a nível pessoal mas de modo profissional arranjando as melhores soluções para clientes ou utilizadores. Essas são as mesmas pessoas que tencionem ser e estar diferentes e sentir-se bem consigo próprias.
ROUPAS ELETRÓNICAS PREPARAM-SE NA UNIVERSIDADE DE AVEIRO PARA DITAR A MODA Camisas, casacos, calças e, porque não, roupa interior com ecrãs tácteis. Na Universidade de Aveiro (UA) uma equipa de investigadores ajudou a desenvolver uma técnica pioneira que permite que fibras totalmente eletrónicas sejam entrelaçadas em tecidos têxteis. A descoberta pode revolucionar a criação de dispositivos eletrónicos vestíveis para uso numa variedade de aplicações diárias, desde o acesso ao correio eletrónico até aos diagnósticos médicos. Atualmente, as roupas eletrónicas são fabricadas através da colagem de dispositivos nos próprios tecidos, tornando-os rígidos e suscetíveis de se estragarem com facilidade. Este trabalho, desenvolvido em parceria entre o CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro (uma das unidades de investigação das UA), o centro de investigação em têxteis CENTEXBEL (Bélgica) e a Universidade de Exeter (Inglaterra), integra os dispositivos eletrónicos no tecido, revestindo fibras eletrônicas com componentes leves e duráveis que permitirão que imagens e sinais luminosos sejam mostrados pelo próprio tecido. Os investigadores garantem que a descoberta pode revolucionar a criação de dispositivos eletrónicos vestíveis para uso numa variedade de aplicações diárias, seja no simples acesso ao email através da roupa, seja na monitorização do estado de saúde através de sensores que permitem medir, por exemplo, a frequência cardíaca e a pressão arterial, e avisar quando algo está mal.
“É uma técnica que permite integrar dispositivos baseados em grafeno diretamente em fibras têxteis, mantendo o aspeto, flexibilidade e toque do tecido. Para já, criámos sensores de toque, tal como os usados nos écrans sensíveis ao toque, e dispositivos que emitem luz”, explica Helena Alves, investigadora do CICECO. A coordenadora do trabalho realizado na UA garante que “a combinação destes dispositivos permite, por exemplo, criar ‘touch-screens’ em tecidos ou objetos revestidos com têxteis, para visualizar informações”. E como os dois dispositivos foram fabricados usando métodos compatíveis com métodos e requisitos industriais, torna possível a respetiva produção industrial.
OS TUGA
SNEAKERS por Vera Gomes
WE ARE UNDERDOGS
Uma plataforma criativa que realiza sonhos. Criada através da colaboração com a PENSOLE ACADEMY de Portland, a mais importante escola de design de sneakers do mundo fundada por D’Wayne Edwards que deixou a sua carreira (onde se destaca a direção criativa de design da Jordan e da Nike) para criar uma escola que prepara a nova geração de designers de sneakers. Desde que foi lançada, a marca já produziu quatro modelos de quatro designers de três nacionalidades diferentes (Estados Unidos, Portugal e Hong Kong) e já apresentou os próximos que irão para produção (Brasil, Japão, México, Índia, Colômbia Canadá e Estados Unidos). Cada designer tem a sua marca, o seu design e o seu conceito. Aqui, os criadores são também os embaixadores dos próprios projectos como também comercializam e recebem royalties sobre as vendas. Os embaixadores da marca SNEAJER STEVE, Patiño e Sean “Paper Chasr” Williams, dois veteranos da indústria e cultura norte-americana, apoiam este projecto. Enquanto por aí se fala de inclusão e diversidade, a WAU põe isso em prática.
Marca portuguesa de calçado portuguesa que está presente em mais de 45 países, Ambitious é abrangente a várias culturas, estilos e gostos. Com uma orientação streetwear, todos os produtos têm em comum a qualidade da produção, elevado cuidado nos detalhes do design intemporal e contemporâneo, permitindo assim colaborações com designers e outras identidades, reinventando assim a marca e contagiando assim o mercado. Conforto, desempenho do material e design ambicioso, acompanha as tendências sem nunca se distanciar dos valores que levam à existência da marca. Empenhada agora no trabalho do site, a comunicação é também uma característica em que a marca está a trabalhar e em constante evolução.
OrateOfficine
Uma marca portuguesa unissexo de qualidade priemium, reflecte os gostos e experiências do próprio designer em sneakers que remetem ao ambiente urbano, estilo de vida contemporâneo. O design do sneaker desafia o processo de equilíbrio entre a sofisticação e simplicidade aliado a uma estética moderna e funcional. O design nórdico funde-se com o ambiente industrial nos detalhes e materiais de excelência, sempre a par e passo com a com a produção com o intuito de criar pares discretos e intemporais.
There’s no brand like NOBRAND As pessoas criativas que investem todo o seu trabalho na marca são as que desenham o caminho para o sucesso desta marca portuguesa. Criada em 1988, a evolução da tecnologia em sintonia com a evolução do calçado e da própria marca é uma das principais características, onde o objetivo não é seguir tendências, mas sim criá-las e onde o futuro é a chave sem nunca deixar cair em esquecimento o passado, adaptando-se às constantes necessidades do mercado. Produzidos em Portugal com amor e carinho. Quem não quer passear amor e carinho todos os dias?
Uma marca contemporânea de calçado premium produzida em Portugal, inspirada na cultura de rua e no lifestyle moderno. Sempre ocorrente do que se passa no mercado, actua ‘no momento’, onde procura justaposições para criar misturas que acompanham as tendências. O seu nome é um nome abstracto que surge dos valores da marca: produto premium e pragmático criado com precisão para um mundo visionário sem aparências e preconceitos. Composta por três especialistas em calçado (o fabricante, o consultor de marca e o criativo). O diretor criativo, Dominic Webster, é uma referência no estrangeiro e aperfeiçoou as suas habilidades em marcas como a SIX London (que supervisiona marcas como a Opening Ceremony, Ksubi e Swear. Fez ainda colaborações com Dove Street Market e com designers como Craig Green, Christopher Raeburn, Claire Barrow e Christopher Shannon.
MADE IN Portugal por Ana Patrício
Na boca do mundo e nos pés de milhares. Autointitulada a indústria mais sexy da Europa e com uma produção de referência a nível mundial.
R
ihanna, Lady Gaga, Meghan Markle, Michael Bublé, Nicholas Sarkozy, Hugh Jackman, Rose Leslie, Olivia Palermo, Gloria Steinem e Chiara Ferragni são apenas alguns nomes que querem estar ‘in’ e optam por ‘Made in Portugal’. No entanto, a lista de celebridades que escolhem marcas lusas para brilhar na passadeira, nos óscares e no dia a dia não fica por aqui. A rainha espanhola Letízia Ortíz foi calçada pelo designer português Luís Onofre, nas primeiras apresentações oficiais. O anjo da Victoria Secret Sara Sampaio, que trabalha com conceituadas casas de moda, também continua a eleger calçado nacional, nomeadamente as Josefinas, umas das marcas criadas em Portugal.
Segundo a associação portuguesa dos industriais de calçado, componentes e artigos de pele e seus sucedâneos, APICCAPS, Portugal conta com mais de 1500 empresas de calçado, com mais de 40000 trabalhadores, exporta mais de 81 mil milhões de pares de sapatos avaliados em mais de 2 mil milhões de euros por ano. Concentrada principalmente a norte do país, os sapatos nacionais são classificados como os segundos mais caros do mundo, e apenas ultrapassados pelos italianos. Historicamente, considerado um setor de indústria tradicional, gradualmente modernizou-se e é caracterizada como uma indústria jovem e inovadora que alia a tradição às mais modernas tecnologias. Enveredou num processo de expansão gradual a partir dos anos 70, e registou uma aceleração na
última década, com a criação de mais de 340 marcas. Voltada para o futuro, as receitas do setor apostam sobretudo na inovação e qualidade dos produtos através da promoção comercial e do marketing, elemento diferenciador e associado à satisfação, com novas estratégias focadas na rapidez e flexibilidade. Tanto em números como em espaços geográficos, Portugal tem dado passos significativos e alcançado uma grande visibilidade mundialmente. A competitividade da indústria naTANTO EM NÚMEROS COMO cional assenta ainda num desenvolvimento sustentável através de proEM ESPAÇOS GEOGRÁFICOS, cessos produtivos e de conservação PORTUGAL TEM DADO PASSOS de matérias primas, com uma econoSIGNIFICATIVOS E ALCANÇADO mia circular como baluarte de negócio. Marcada por diversos casos de UMA GRANDE VISIBILIDADE sucesso, o calçado português destaMUNDIALMENTE. ca-se pela prevalência em mercados internacionais como as marcas Luís Onofre, Fly London, Pablo Fuster e Ferre.
Qualidade, design e serviço de excelência são as principais respostas às ambições dos clientes. Entre um estilo mais clássico ao casual, o triunfo dos sapatos portugueses é sinónimo de sofisticação de oferta, moda, criatividade e um design vanguardista. Poupe na carteira, mas não no calçado. “A Cinderela é a prova que um par de sapatos pode mudar uma vida”.
por Fábio Sernadas
S
apatos, Sneakers e uma conversa sobre algo em que somos … muito bons, no calçado português! Estivemos à conversa com Paulo Gonçalves, Diretor de Comunicação da APICCAPS e falamos sobre algo que somos bons, no calçado e disso não há dúvidas e quem as tiver, basta pesquisar diversas estatísticas que o comprovam! São 20 anos ao serviço da APICCAPS, duas décadas em que a persistência e o amor pelo nosso calçado são claros. Porém, Paulo reconhece que ainda falta a Portugal uma identidade mais clara e mais forte para que se possa dizer, Portugal é um país de moda! “Durante muito tempo, tivemos um problema de imagem coletiva. Que no entretanto se dissipou. Ainda assim, nunca existiu uma identidade muito “clara” de Portugal como um país de moda.
Se pensarmos nas imagens colectivas dos países, a Alemanha estará ligada ao rigor, os EUA ou o Japão a tecnologia, França e Itália a design e moda. Portugal nunca teve essa imagem claramente definida.” acrescenta Paulo.
“THE SHOES MUST GO ON”
No entanto, o setor da moda em Portugal tem feito um caminho muito interessante, que permite nomeadamente que hoje, tanto o calçado, o vestuário, como a joalharia portuguesa tenham bastante reputação internacional. E essa reputação está bem assente, principalmente, na área produtiva. Quem nos visita e quem nos contacta sabe que no que diz respeito à produção, temos empresas de referência. No entanto para Paulo, Portugal precisa que ao nível do design, sejamos internacionalmente conhecidos ao ponto de podermos definir tendências. Com a palavra orgulho bem cheia, Paulo Gonçalves fala-nos sobre o desenvolvimento do setor do calçado. “Desde 2010, as exportações cresceram mais de 50%. Temos feito um caminho internacional muito relevante. Faltam, no entanto, marcas de grande exposição internacional que possam alavancar o setor para outros padrões de exigência e qualidade.” Como disse no início a história do calçado português e o nosso tão bom nome neste setor têm vindo a crescer e felizmente no que diz respeito a incentivos, podemos ficar descansados, porque “quer o Estado quer a Comissão Europeia, estão sempre disponíveis para apoiar bons projetos.” Foram várias as notícias sobre o decréscimo no setor europeu do calçado em 2018. O desempenho do setor do calçado em Portugal está relativamente próximo daquele que é o resultado dos seus grandes concorrentes internacionais, os famosos italianos e os nuestros hermanos, os espanhóis. A retração de alguns países, nomeadamente europeus e algumas anomalias atmosféricas, “costumamos dizer que não vendemos sandálias no inverno e botas no verão” levaram a que os resultados do setor, no último ano, não tenham sido tão
QUEREMOS FUNDAMENTALMENTE QUE O ANO DE 2019 SEJA UM ANO DE AFIRMAÇÃO DO CALÇADO PORTUGUÊS NOS MERCADOS EXTERNOS. É ISSO QUE NOS MOBILIZA.
positivos como todos gostaríamos. No entanto o setor tem vindo a crescer de forma continuada no estrangeiro e agora, aquilo que a APICCAPS entende é que tem de criar as condições necessárias para que possam chegar a um conjunto mais alargado de mercados. A indústria portuguesa de calçado já exporta 95% da sua produção para 152 países nos cinco continentes, “mas nós queremos reforçar a nossa presença nos mercados internacionais, muito especialmente nos países extra-comunitários.” acrescenta o Diretor de Comunicação. A APICCAPS desenvolve ainda uma ajuda acrescida aos designers e marcas de calçado para além dos desfiles do Portugal Fashion. Esta tem procurado desenvolver um conjunto de parcerias criativas que permitam que as empresas de calçado possam trabalhar de forma continuada com os designers e para que, dessa forma, possam melhorar o universo das suas coleções. Com um plano que visa o apoio e forma muito significativa, as marcas portuguesas de calçado. Entendem que quantas mais marcas tiverem, mais notoriedade o calçado terá nos mercados externos, mostrando assim uma confiança e valorização. Por isso apoiará a presença de sensivelmente 200 empresas em certames profissionais em praticamente todo o mundo. E, em simultâneo, reforçamos o investimento na promoção das marcas próprias, com especial enfoque em tudo o que tem que ver com o comércio eletrónico, as vendas online…reforçando a aposta no domínio digital.
Através da Portuguese Shoes a APPICAPS tem vindo a mostrar uma forte imagem, no ano passado lançaram o vídeo Manifesto, procurando, fundamentalmente, apresentar uma indústria que não renega as suas tradições, o seu passado recente e os bons resultados que conseguiu alcançar; mas que está preparada para novos desafios. E para esses novos desafios, o setor de calçado, como um todo, deve continuar a migrar a sua produção para segmentos de maior valor acrescentado e a aposta em matéria de design e de promoção de marcas próprias deve ser reforçada. Simultaneamente, importa que o setor saiba atrair uma nova geração de talento que permita dar um novo salto qualitativo nos mercados internacionais.
CAN WE LEAVE EACH OTHER?
Fotografia: Pedro Afonso Make-up e Cabelo: Maria Serrano Styling: João Carvalho Produção: Vera Gomes Modelos: Ustyna Drul e Margarida Batista, We Are Models Designers e Marcas: Luís Carvalho, OPIAR, Gonçalo Peixoto, Obey Especial agradecimento à The Feeting Room