O SENTIDO Dezembro é mês de reflexão, pode parecer clichê, mas é sempre bom quando paramos tudo e olhamos para o que fizemos e o que estamos a fazer. 2018 foi sem dúvida o ano da FAIRE, o ano em que ela se pode solidificar e o ano em que se pode redefinir. Criamos, e falo sempre no plural porque sem a minha equipa, não tinha conseguido nada do que consegui. Criamos uma revista, a revista, que pretende mudar a comunicação social, mudar a forma como a moda portuguesa é vista. A FAIRE nasceu já no ano passado, dia 20 de abril de 2017 com esse propósito.
Nacional com respeito e lutamos por ela. Vivemos em constante rotação, o BOOM de hoje é o insignificante de amanhã. Mas a FAIRE veio para ficar. Sem medos, sem receios, vamos continuar arriscar. Vamos continuar a lutar e provar qual o nosso propósito. Dia após dia, são vários os designers que entendem o nosso conceito e agradecem o nosso esforço. Como disse Jean Paul Gaultier um dia, “a vida e a moda estão sempre a mudar” este ano, finalizamos com a edição LOST, uma edição que pretendemos relembrar aos nossos leitores de algumas, passo a redundância, coisas que possam estar esquecidas. Falamos de muita moda, relembrando o conceito streetwear, falamos de muitas marcas portuguesas, falamos com designers, com atores, viajantes, partilhamos com o nosso público aquele que é para nós o sentido desta edição, relembrar as emoções.
Enquanto Diretor, estou orgulhoso, podíamos ter feito mais? Sim podíamos, foi fácil? Não, mais uma vez voltamos a sentir por parte de algumas entidades, a dificuldade de trabalhar em prol de uma mudança. Há dias conversei com uma grande empresa e a mesma revolta que sentiam, eu também a sinto. A todos que se vão cruzando pelo nosso caminho, a FAIRE, eu, a minha equipa e todos aqueles que se juntam a nós, estamos aqui para vos ajudar e promover, de certa forma, o vosso trabalho. Não fechem as portas a quem vos quer ajudar. Trabalhem em parceria com outras tantas empresas, a entre-ajuda, faz leEntrevistamos personalidades mara- var as pessoas longe! vilhosas, desenvolvemos conteúdo enriquecedor, tentamos criar edito- Para 2019, só posso pedir a continuariais que marcassem pela diferença. ção de muito sucesso e preparem-se, Mas acima de tudo tratamos a Moda pois virão muitas mudanças e surpresas para o novo ano. Erramos, eu errei enquanto diretor, mas aprendemos! Não há que ter vergonha em assumir isso e muito sinceramente, espero ainda errar umas quantas vezes. Ao longo deste ano, entraram e saíram pessoas. Umas abraçaram a revista como sua, outras como uma mera passagem, mas tenho de agradecer a elas todas. Porque de certa forma, todas elas tornaram o ADN desta revista mais rico.
O Diretor,
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O SENTIDO A EQUIPA STREETWEAR, A HISTÓRIA NYCOLE WHAT’S NEXT SPOT? STREETWEAR PORTUGUÊS
SHOPPING
30
PEOPLE TO KNOW
36
CONTRACOUTURA
38
HEAT TO TOE
40
O DETALHE CERTO...
43
COMÉRCIO NOSSO
44
51 52 58 60 62 74
DO GENIAL AO BANAL JOÃO CAJUDA SYLVIA LA O CINEMA PORTUGUÊS CULTURA PARA TODOS PEDRO PENIM
LOST DECORATION
78
VITOR ANTUNES
82
LOGOMANIA
88
A FIGHT FOR A LOSS
90
108 WHAT’S NEXT 109
WHAT DO YOU THINK?
Fábio Sernadas DIRETOR
Vera Gomes DIRETORA DE MODA
COORDENADORA CRIATIVA Vera Gomes COORDENADORA EXECUTIVA DE CULTURA E LIFESTYLE Patricia Silva MODA Margarida Sousa : Editora de Moda ARTE Patricia Silva REDAÇÃO Patricia Silva, João Marcos Moreira, Rafael Moreira, Luis Assunção, Cátia Pimenta, Solange Rodrigues, Márcia Mendonça, Maria Almeida, Letícia Carvalho, Maria Serrano e Cristiano Teodoro FOTOGRAFIA Afonso Duarte VIDEO Patricia Meinedo Inês da Silva EDIÇÃO E PAGINÇÃO Luis Carlos Patricia Meinedo Daniela Faria INFORMÁTICA Pedro Rocha
CONSELHO EDITORIAL Fábio Sernadas, Vera Gomes, Patricia Silva e Luis Carlos A FAIRE é uma revista mensal, direcionada para o público curioso, também com uma plataforma online. A FAIRE foca-se em moda, mas abrange temas como beleza, cultura e lifestyle. A FAIRE compromete-se a apoiar editorialmente a moda e projetos inovadores. A FAIRE nunca se deixará condicionar por interesses partidários ou por qualquer lógica de grupo, assumindo responsabilidade apenas perante os que pode desempenhar um papel importante ao nível da sensibilização social, promovendo uma sociedade mais informada e igualitária. A FAIRE dirige-se a um público de todos os meios sociais e de todas as profissões. A FAIRE estará sempre atenta à inovação, promovendo a interação com os seus leitores.
por Vera Gomes
s
erá uma cultura de rua, um estilo de vida, um movimento ou uma forma de expressão? Na verdade, esta palavra é um sinónimo disto tudo. E ainda há muito para contar, porque todos tem uma intrepretação diferente. As tribos urbanas começam a sair à rua em modo de manifesto (associado a retaliações políticas ou então a simples aglomerados de pessoas com os mesmos gostos, musicais por exemplo. Sendo uma forma de expressão em grupo, saber qual o início é importante: a primeira subcultura a aparecer foi a Dandy.
Das mais rigorosas até aos dias de hoje. Surgem em 1830, ainda na era vitoriana, no pós-revolução industrial, em Londres. Criam normas de vestuário e comportamento muito próprias. Desde então a cultura de rua explodiu e nichos que marcavam a diferença começaram a ser relevantes na sociedade. Partiu das subculturas dos anos 60 skaters e surfers. Shawn Stussy é considerado o pai do movimento formado nos anos 80. Antes de se dedicar à sua coleção de merchandising que hoje é desdenhada por todos, criava pranchas de surf para a marca Russell Surfboards.
Contudo
, antes do nome de Shawn aparecer e causar o boom nas marcas de streetwear, existiu um homem que era referência de todas as ruas: Jimmy’z, também conhecido por Jay Adams, um dos mais novos membros dos Z-Boys (Zephyr Competition Skateboarding Team). A tendência enfrentou a moda.
Quando o mainstream era o skater, Jimmy’z aparece como um cholo (subcultura com conotação depreciativa para pessoas que têm um estilo a imitar o gangster ameriano, embora as pessoas não sejam negras mas sim brancas ou mestiças, com descendência latino-americana). Falemos de vestuário, a peça que é comum a todas as marcas que explodem no mercado todos os dias são as t-shirts. Todas elas com o logótipo estampado.
Um básico interior, barato a nível de produção, que é elevado a extremos com essa estampagem. Através do design gráfico e a comunicação, criou-se a sua independência: não pensar em lucros, sem apoio de investidores, apenas expressar a sua forma de viver. Por norma não estão presentes nas semanas de moda e muito menos se regem por esse calendário. A coleção é lançada quando o criador pensa que reflecte a 100% o conceito que
a marca quer passar. Stussy é considerada a marca responsável por este boom que já há décadas explodiu. Sim. explodiu. Falando em massas, caiu no esquecimento, no entanto agora está nas bocas do mundo outra vez. São ciclos, moda é isso mesmo. O sportswear junta-se ao casual, os sneakers ganham relevo no mercado, o vestuário é descontraído. O conforto e a possibilidade de maior mobilidade são a base logo, como peças-chave aparecem as t-shirts, tank tops, polo shirt, overshirt, hoodie, baggy pants, slim pants e chinos, baseball caps e os sneakers com es tampados gráficos que derivam desde vintage a ironias. Hoje em dia tudo vive à volta do streetwear.
As casas de haute-couture (ou high-end fashion brands) junta-se a marcas de streetwear para captar novo público, o que dá vida às ruas, e provocar novas sensações no público-alvo. Neste patamar aparecem também parcerias e edições limitadas. A Supreme é das que mais investe nesta forma de venda, desde 1998. Sarcastic foi a primeira a aceitar tamanho desafio, seguindo-se muitas outras tais como SSUR-PLUS, A Bathing Ape, Neighborhood, Undercover, FILA, The North Face, Visvim, A.P.C., Thom Browne, Stussy, comme Des Garçons SHIRT, Stone Island, Jordan Brand, Aquascutum, Lacoste e Louis Vuitton.
Agora a inuência já chegou à Vogue, GQ e Business of Fashion que juntos,
OS MEIS DE COMUNICAÇÃO TAMBÉM NÃO PODEM SER ESQUECIDOS. HYPEBEAST, COMPLEX, HIGH SNOBIETY FORAM AS PRIMEIRAS PORTAS ON-LINE A REPORTAREM EXCLUSIVAMENTE O QUE SE PASSA NAS RUAS.
conseguem diariamente incluir tudo o que vá desde uma pop-up store ao athleisure. Streetwear é uma forma de viver. O tipo de música que se ouve, o desporto que se pratica, é uma forma de se expressar na sociedade. De que forma cada um gasta o seu próprio dinheiro.
NYCOLE por Fábio Sernadas e Patricia Silva
MODA E A MÚSICA TAMBÉM SE CRUZAM! Apresentando-se como uma marca de streetwear, os detalhes do vestuário clássico masculino e do sportswear nas suas peças são a representação da ligação que define a marca de Tânia Nicole. É com caraterísticas como curiosidade e perfeição que NYCOLE, a marca, se define. O desenho é a sua ferramenta principal e puder imaginar as peças na sua construção física, é a razão pelo qual tenta desenvolver peças que possuam um equilíbrio entre a parte criativa e a parte comercial. Considerando a Moda como uma paixão, reconhece que a mesma seja uma área difícil e complexa, “há muita gente que acha que moda é só holofotes e aparecer na televisão, mas não faz ideia do trabalho que há por de trás de uma marca ou de uma coleção. Só alguém apaixonado pela moda é que aguenta trabalhar nesta indústria”, afirma.
Com uma presença assídua na sua vida, o interesse pela moda despertou com a sua mãe, que sempre vestiu Tânia diferente das outras crianças. Rapidamente esse fascínio se expandiu levando-a ao Design. O interesse surge no secundário, enquanto frequentava o curso de Artes, “ não me identificava muito com o curso, achava demasiado generalista, então decidi ir para Lisboa para o curso profissional.”, revela. Estudou na Escola Profissional Magestil, em Lisboa, e posteriormente, frequentou uma especialização em produção de Moda, na ETIC. Contudo, era o Design de Moda que a tornara uma pessoa realizada. É então no Porto que começa essa aventura. Tânia realiza a sua licenciatura em Design da ESAD em Matosinhos, no Porto e, em 2014, após terminar a mesma , ingressa para o Mestrado em Produto-Moda.
Ao longo do seu percurso a designer já passou por diversos concursos e semanas de Moda, nomeadamente ,Sangue Novo , BLOOM, 10 AcrobActic onde ganhou o prémio de Melhor Coordenado Feminino e a 2ª edição do Nespresso Designers Contest onde alcançou o 3º lugar. No que toca às semanas de Moda, a designer de NYCOLE afirma que foram importantes para o seu desenvolvimento enquanto marca, “ é sobre as semanas de moda que normalmente há mais atenção mediática, por isso, é a forma mais fácil de comunicares a tua marca”. Reconhece ainda que existem diversas alternativas entar
para apresentar o seu trabalho, como por exemplo a internet. As plataformas Sangue Novo e BLOOM foram igualmente relevantes no seu crescimento como designer, ainda assim, ambas se dediquem a perspetivas diferentes, “ a grande diferença é que o Sangue Novo é muito bom no que diz respeito à comunicação”, diz. Segundo a mesma, tal sucede pois, a Moda Lisboa tem muita imprensa nacional e internacional e isso ajuda numa fase inicial. Quanto à Bloom, “acaba por te mostrar como funciona realmente o mercado de trabalho uma vez que te apoiam na comercialização da marca através das ações internacionais.”, afirma a jovem designer.
DO RECONHECIMENTO NACIONAL AO INTERNACIONAL Passar por Maastricht, Holanda, com o prémio Fashionclash e viajar até Altaroma foi algo importante para Tânia. O facto de sair de Portugal possibilitou a apresentação do seu trabalho a outro público e, consecutivamente, teve contacto com novos meios de comunicação que lhe permitiram uma maior visibilidade, “Acho que não há nada mais gratificante do que ir na rua e ver alguém vestido com uma peça criada por nós”. Depois de se estrear em diversas edições e concursos de moda, a designer considera que é urgente arranjar uma estrutura que associe os designers nacionais à indústria nacional e, como tal, admite que, como designer de moda, o mais relevante é transmitir a sua identidade, “sentir que alguém olha para uma peça e sabe que é nossa porque tem a nossa estética”.
QUEM É TÂNIA NICOLE? Uma encantadora da Moda e da Música que alicerça estas duas artes pelo perfecionismo e pela exigência que coloca a si própria. A inspiração vai além de referências, dedica-se à mistura de conceitos improváveis que involuntariamente estão ligados à música. Se não fosse Moda decididamente seria dança, sendo que foi bailarina durante 10 anos ou talvez a cozinha fosse um caminho a ponderar além destes. Com a vontade de alcançar mais pontos de venda e, quem sabe, estar presente no calendário oficial da semana de moda de Paris, Tânia, aconselha todos os estudantes de design de moda a viajarem na procura e manterem-se sempre informados, “um designer tem que ter conhecimento de várias áreas, só assim é que se vai conseguir destacar no meio desta industria que a cada 6 meses está a ser renovada”. Num futuro próximo não promete uma coleção feminina, contudo, a criação de roupa sem género será uma questão a pensar, ainda que já se revele a mesma em algumas das suas peças.
WHATʼS THE NEXT SPOT ? Fotografia : Joana Magna Marca: Area8 Modelos: Tiago Cardoso Verónica Almeida Produção: Joana Magna . Vera Gomes
P
ortugal cada vez mais segue a tendência do estilo de rua e com ela muitas marcas começam a surgir. Nenhuma delas apresenta em semanas de moda, nem os seus criadores fazem questão de tal. São marcas que, para chegarem às pessoas, comunicam através da maior das passereles: as ruas.
LITORAL
A região costeira é a sua principal inspiração. Localizada no Porto, a marca LITORAL, tal como o nome indica, vive para criar produtos inspirados pela terra e pelo mar. Dedicada ao mercado masculino, a produção é feita manualmente na cidade onde nasceu e as peças reflectem todo o amor e dedicação envolvido no projeto.
bNC
Marca que lançou a sua primeira coleção em 2018. Desenham produtos de cariz jovem, divertido e dinâmico. Intitulam-se como uma marca comunidade, reforçando são um grupo de jovens talentosos com o mesmo objectivo, explorar o jersey, material das t-shirts que é relevante na marca e consequentemente representar as coleções com especial atenção à cultura visual contemporânea em que nos inserimos.
CAPITAL GARMENTS
Plataforma criativa com inspirações tropicais, raízes na ‘youth culture’ e uma natureza evolutiva. Fundada em 2018, o objetivo é criar roupa de grande qualidade, feita em Portugal, e contribuir de forma para que seja cada vez mais relevante para a cultura que os inspira.
AREA 8
AREA 8 é uma marca de streetwear portuguesa que não se restringe a um género. Contudo, tem uma forte base masculina. Focada no sportswear tem várias referências de tribos urbanas e culturas/ contra culturas, arquitetura e música. A marca pretende continuar com o desenvolvimento de peças comerciais e que sejam facilmente usáveis, valorizando os materiais e detalhes.
Detalhes como por exemplo a linha/vivo em todas as costuras do lado direito representando assim o criador e ao mesmo tempo uma imagem da marca. Neste momento o site está em desenvolvimento e estará online muito em breve, no entanto já é possível comprar peças através das redes sociais como Instagram e Facebook.
+351
Criada pela designer Ana Penha Costa, a +351 produz todas as peças localmente, valorizando tudo o que é de bom produzido na indústria têxtil portuguesa. A forte personalidade da marca destaca-se em todas as peças desenvolvidas Todas as coleções têm como base os cortes rectos, silhuetas confortáveis e texturas misturadas com pigmentos e estamradas pados desenvolvidos pela própria marca. O processo criativo de Ana passa pelo seu lifestyle na cidade de Lisboa e na sua proximidade com o oceano, refletindo assim também a sua paixão pelo surf, música e arte. Influenciada pelo que a rodeia, Ana cria roupa com atitude, mas relaxada para o dia a dia.
SLUMDOG LISBON
A Slumdog é uma marca de roupa nascida nos subúrbios de Lisboa. Inspira-se na cultura underground com principal foco no skate. O nome Slumdog, além de se ter inspirado no filme de Danny Boyle, representa a forma de estar na vida e como se dedicam à marca. Encontram sempre uma solução mesmo quando não têm os melhores meios técnicos à disposição. Os metódos de criação nem sempre são os mais convencionais, mas todas as colecções da Slumdog destacam-se pela qualidade e individualidade. Made in Portugal, como a marca já habituou o público. Os modelos fotografados são pessoas do coração da cidade que representam a atitude jovem e irreverente da marca.
HIDDN
UNDECIDED CLUB
Um grupo artístico onde o foco principal está numa marca de vestuário. Uma marca de streetwear luxuosa, onde criam ornamentos feitos à mão, com lantejoulas e também estampados originais. Contraria processos de produção em massa, tendências e estações do ano. Em vez disso, focam-se na qualidade, na técnica e na exclusividade da peça. Como um colectivo artístico, pretendem realizar intervenções artísticas, maioritariamente na área do design.
O fundamento subliminar e a paixão pelo escondido são os pilares de estética artística que prevalecem nesta marca. Tal como o nome indica, existem vários aspetos que cativam os mais curiosos, como por exemplo o facto da faixa etária dos colaboradores ser entre os 15 e os 21 anos. Todos os argumentos são válidos para haver um contraste de idade interessante entre o espaço e o produto. Dia 30 de Novembro foi a inauguração da primeira streetwear pop-up store no Shopping Center Brasília no Porto onde durante um mês a HIDDN não só vai apresentar peças de caráter limitado, mas também irá fazer uma introdução à cultura jovem que a sustenta.
DARKSIDE EYEWEA
LUÍS CARVALHO
SLUMDOG LISBON
streetwear português
DUARTE BRAND SLUMDOG LISBON
AR
PANAREHA
DESCULPA BABE NYCOLE
DAVID CATALÁN SELVA APPAREL
Shopping por Luís Assunção
VERSACE
BURBERRY
Calçado Masculino
STREETWEAR RAF SIMONS
NOBRAND
BALENCIAGA
BALMAIN
PREGIS
McQUEEN
Y-3
KENZO
Shopping por Margarida Sousa
BA
MARNI
GEOX
Calรงado
STREE
FRIENDLY FIRE
CALVIN KLEIN
BALENCIAGA
ALMAIN
ADIDAS by RAF SIMONS
o Feminino
ETWEAR
FILA
GUCCI
KENDALL + KYLIE
PEOPLE TO KNOW O estilo deles capta a atenção de todos por onde passam. Irreverentes e sempre informados com as novas tendências. Procuramos algumas pessoas que pudessem ser um espelho do streetwear em Portugal.
C
EO da Heavy London, o director criativo e também produtor musical Nicholas Vallechi apresenta um visual positivamente agressivo, marcando assim uma posição. Como se de uma imagem de marca se tratasse. Português, viaja constantemente em negócios, o que lhe permite uma grande absorção de várias inuências. Sempre em cima da tendência, apresenta várias marcas que estão a entrar no mercado, conseguindo fazer delas um sucesso. @nicholasvallechi
Portuense, a Rita é uma pessoa divertida, sempre com as melhores combinações vestidas. Carregada de acessórios (não fosse ela designer de jóias), acompanhados com os sneakers mais trendy do momento, não passa por despercebida. Nas suas últimas públicações nas redes sociais, mostra as Nike M2K Tekno e Air Max Plus Tn Tuned 1. Procurando mais um pouco, encontra-se por exemplo o modelo Melody Ehsani x Reebok Question Mid. @ritacarneirooo
Da televisão para um smartphone ou um computador bem perto de si. Embora prossionalmente não esteja directamente ligada à moda, a Repórter do Porto Canal e social media manager mostra estar actualizada face às tendências e que está apta a introduzi-las no seu dia-a-dia. Tal como se lê numa das suas publicações ‘Self-love is like a giant wheel: sometimes is up and sometimes is down, but the important is that it never ever stops spinning’. @brownsugar.club
Natural de Braga, o modelo internacional e gestor de marketing Francisco Faria pisa as passereles desde 2013, quando venceu o concurso Model Tour Portugal da agência que o representa Karácter Agency. A sua conta no instagram é um autêntico albúm de memórias fotográcas que deixa qualquer um com vontade de largar tudo e viajar, sempre com uma mala cheia de outfits de fazer inveja atrás. @francisco_faria
O maquilhador profissional Hugo Bizarro, presente nas semanas de moda portuguesas não passa despercebido. A cor preta está sempre presente contudo, dá espaço a que cores vibrantes corrompam a sobriedade dos seus visuais. Poderemos falar em estados de espírito? Talvez! No entanto não dispensa da acessorização, deixando sempre que os seus óculos e fanny packs façam o trabalho de styling acertado. @hugo.bizarro
por Vera Gomes
E
les vieram para ficar. E para contagiar o mundo. Assustador?Ameaçador? Take care. O contracoutura é um movimento que capta vários movimentos (contra cultura) na cultura. O nome é óbvio. Quem faz parte deste projecto? Desculpem, mas não nos foi premitido desvendar nomes. Mas podemos apenas dizer que duas mãos cheias não chegam para contar os membros deste grupo in-
formado e com capacidade de absorção de tudo como se de esponjas se tratassem. Cada um com a sua personalidade, bem vincada, o criador do grupo afirma que “o todo é superior à soma de todas as partes”, onde manter o low-profile de cada um ajuda a entender as dinâmicas sociais do lado de fora. “O que é o streetwear? Quando tudo é streetwear, já nada o é.” Contaminação, como se da peste negra se falasse. O que até hoje era imaculado e posto num pedestal, agora está sujo. Esta peste não é má, muito pelo contrário. A alta costura está
completamente rendida às culturas de rua (que até mesmo entre elas já estão em simbiose) e assim foi criado mais um movimento disruptivo, que hoje já é cultura, de rua. Falam-se de ciclos, tendências, moda, esquecimento e tudo volta ao início. As passereles passam para as ruas e as ruas para as passereles. E pela primeira vez, na primeira fila dos desfiles das semanas de moda portuguesas das coleções SS19, senta-se o primeiro colectivo português dedicado exclusivamente à cultura urbana. Abordam pessoas aleatórias, de máquinas fotográficas em ação, línguas prontas para qualquer tipo de crítica. Mais uma característica: ou se ama ou se odeia. Melhor, palavra-chave? Polémica. Já que estamos em fase de críticas... Avizinham-se perguntas difíceis. Do lado do criador do movimento? Nem uma pinga de suor.
O panorama da moda em Portugal e das marcas que o envolve era um tema que suscitava curiosidade. “Existem várias fissuras entre as pessoas que estão lá fora e as que se querem aproximar. As que se querem afastar batem nas que se tentam aproximar, não conseguindo as últimas chegar onde querem.” A explicação dada pelo criador baseia-se no facto de Portugal não ter um centro de moda como Nova Iorque ou PaExceed Shoe Thinkers x Alexandra Moura ris, daí existir um decaláge de dois ou três anos @ blackbalaklava face aos mercados internacionais. “É o que é., mas não é necessariamente mau.” A falta de visão, actualização e até mesmo rejuvenescimento são os indicadores apontados nesta conversa. E sim, não esquecer, a falta de entendimento entre marcas e organizações. A falta de método e organização nas marcas é notório:
“Para as pessoas virem até nós, nós temos de chegar a elas de forma fácil e rápida de consumir.” E as marcas não facilitam. Fazer um artigo de uma marca é dificílimo por vezes. Dica deixada pelo contracoutura: Investir em sites. Não deixar que seja apenas o instagram a comunicar. Existir sim, mas não “obrigar” as plataformas a retirar uma espécie de um press release daí. Outras plataformas desistiriam de trabalhar num artigo sobre essa marca. “Nós lutamos e fazemos o esforço.”
Zippo Supreme @ blackbalaklava
Camisa Supreme @ blackbalaklava
Nike Air Max 180 x COMME des GARÇONS @ blackbalaklava
Agendas e relógios são também para se cumprir. “A culpa não é das lojas, nem das marcas, é de todos nós.” Lacunas, falta de informação, preconceitos e desinformação faz com que o que lá fora é tendência, dentro de portas só um nicho disruptivo é que está relamente informado. Daí surgir este projeto, para preencher essas lacunas. Criar um portal para manter esse nicho informado e cativar mais pessoas para esse grupo. Mostrar que o que até então era feito no exterior e
não tinha força para entrar dentro de portas, pode e deve ser consumido em Portugal. Implementado em Fevereiro de 2018, em Setembro do mesmo ano já colhia frutos. O engadgement com o público no instagram (@ contracoutura) é criado de várias formas: desafiar semanalmente a partilha de fotos com o hashtag #contracoutura, havendo 12 fotos divididas em três categorias (sneakers, outfits e detalhes). A votação é pública e quem decide são os seguidores da
página. Há ainda uma rubrica sonora semanal no Spotify chamada couturasonora onde convidados do mundo musical nacional e agora também internacional fazem uma playlist de quinze músicas. Workshops, eles andam aí. O primeiro workshop de fotografia de sneakers já foi em Outubro e avizinha-se o próximo, dia oito de dezembro no Porto sobre pós-produção fotográfica. Pode-se dizer mais coisas, porque muito está para vir, mas mais uma vez não nos foi premitido. O público terá de se colar ao site e instagram do contracoutura (www.contracoutura.pt e @contracoutura) e a seu tempo as informações serão despejadas. Ao jeito bem característico deste grupo. “Não somos nós que vamos colocar ordem na casa, mas ajudaremos da melhor forma que pudermos.” Contagiar o mundo foi assim que isto começou? Então tudo a postos.
BELEZA MASCULINA
HEAD TO TOE por Cristiano Gil Teodoro
Se é um dos homens que se perde com facilidade nas prateleiras dos supermercados ou farmácias à procura do melhor artigo, a FAIRE orienta-o. Da cabeça aos pés, passando até pela coleção que todos devemos ter, reunimos alguns produtos – quiçá must have – que deve ter em casa.
Esfoliante Capilar Fuji Green Tea The Body Shop Os esfoliantes capilares são a mais recente tendência de beleza. Inspirado na natureza, o Esfoliante Capilar Fuji Green Tea da The Body Shop, com chá verde japonês, mentol e cristais de sal e mel da Etiópia dá uma nova energia ao cabelo, mantendo-o limpo e hidratado.
Clay Matte Pomade, Reuzel
Élixir de Jeunesse, Eisenberg Homme
Pronuncia-se [roo-zel], é holandesa e é um nome que deve decorar se é amante de hair styling. A Pomada Clay Matte tem um acabamento baço e forte e é feita à base de água. É o ideal para os cabelos mais rebeldes.
Problemas com o Jet-lag? Temos a solução. O Élixir de Jeunesse da Eisenberg Homme dá uma nova energia à sua pele. Com tripla forma que regenera, dá energia e permite uma maior oxigenação da pele, é um boost de energia anti fadiga e antisstress. Deve ser aplicado no rosto e no contorno dos olhos.
Maximum Hydrator Activated Water-Gel Concentrate Clinique For Men
Sabonete de Barbear Chiado, Antiga Barbearia do Bairro
É o seu novo melhor amigo para os dias frios, em que a pele seca com uma maior facilidade. Este gel à base de água da Clinique For Men é ultra leve e hidrata de forma intensa, até 72 horas. Aplicar de manhã e à noite para uma pele sempre fresca.
Inspirada no Chiado do século XIX, nas tertúlias e na calçada portuguesa, a Chiado é a mais recente coleção da Antiga Barbearia do Bairro. Para um crescimento saudável da sua barba, o Sabonete de Barbear é um it. Feito a partir de carvão e enriquecido com manteiga de Karité e óleos de Jojoba e Lavanda.
Creme de mãos Amêndoa L’Occitane A L’Occitane voltou a Portugal há cerca de um ano e tinha de estar na nossa lista. Através das propriedades tonificantes da amêndoa do sul de França, este creme deixa as mãos hidratadas e suaves e com uma leve fragância de flores de amendoeira.
Gel de banho Hipoalergénico, Feno de Portugal
Creme Hidratante, Nivea for Men
Perfume Upton, Papillon
The Ritual of Hamman, Rituals
É tão nosso como o fado. O Feno de Portugal tem andado desaparecido, mas voltou em força e agora com uma linha hipoalergénica para as peles mais sensíveis. Sem parabenos, corantes ou conservantes, garante o pH fisiológico da pele.
É o básico quando falamos de cuidados de beleza: o creme hidratante. Nunca é demais relembrar que a gigante alemã tem um creme hidratante pensado naqueles que têm pouco tempo. Com a particularidade de ser multiusos, o Nivea Men Creme é de rápida absorção e de hidratação intensiva.
Inspirada no homem londrino a marca Papillon significa modernidade e elegância. Este é a Eau de parfum essencial para o verdadeiro gentleman. Com notas de saída de alecrim e lavanda, promete acompanha-lo em todos os momentos do dia.
Proveniente do Oriente, o Hamman é um dos mais antigos rituais de limpeza do mundo. Esta foi a inspiração da Rituals para a coleção. Tem na base o eucalipto, conhecido pela fragância fresca, e o alecrim, com propriedades revitalizantes. A coleção inclui chá, e é amiga do ambiente – alguns produtos têm recargas.
O natal e a passagem de ano são duas festas que requerem a maquilhagem certa. Nas duas festas mais emblemáticas do ano deverá aproveitar para abusar, de forma certa, da tendência para o seu rosto para que consiga usufruir da cereja no topo do bolo. Para qualquer uma das duas maquilhagens, nesta altura o mais importante é fazer com que a sua durabilidade seja grande.
O DETALHE CERTO... por Maria Serrano
NOS OLHOS, DEVERÁ UTILIZAR UM FIXADOR DE SOMBRAS OU UMA SOMBRA EM CREME EM TODA A PÁLPEBRA MÓVEL ANTES DE APLICAR QUALQUER SOMBRA PARA QUE PERDURE UM TEMPO ALONGADO.
Limpar bem o rosto e dar-lhe a hidratação adequada é fundamental para que consiga garantir sucesso à sua pele. De seguida, uma pré-base vai ajudar a ter uma melhor fixação, para que a base se mantenha por mais tempo e, então, o corretor para esconder olheiras e manchas. Se a sua pele for mista ou oleosa finalize com um pó facial. MAIS DO QUE NUNCA, APOSTE NA ILUMINAÇÃO DA SUA PELE, DOS SEUS OLHOS E DA SUA BOCA. NO NATAL APOSTE NO CLÁSSICO EYELINER PRETO E BATOM VERMELHO. NA PASSAGEM DE ANO USE E ABUSE DE GLITTER NOS SEUS OLHOS, SEJA METALIZADO OU DOURADO.
PARA PELES MAIS CLARAS APOSTE NO METALIZADO E PARA PELES MORENAS TONS MAIS DOURADOS. USUFRUA DE PRODUTOS COMO ESTÉE LAUDER, MAC COSMETICS E BOBBY BROWN PARA QUE SE RENDA POR COMPLETO À MAQUILHAGEM. O FAMOSO PURE COLOR ENVY 340 DA ESTÉE LAUDER COMO BATOM VERMELHO PARA QUE TENHA ILUMINAÇÃO, HIDRATAÇÃO E DURABILIDADE SUFICIENTES, BEM COMO O FAMOSO DOUBLE WEAR STICK CUSHION ILUMINADOR PARA DAR UM BRILHO ÚNICO À SUA PELE.
COMÉRCIO TOMA DE ASSALTO RUAS DE PORTUGAL Nas atuais sociedades de informação tudo é passível de ser observado, constatado, documentado.
Electricista Picheleiro | desde 2015
O conhecimento acumula-se a uma velocidade alucinante e, talvez seja por isso, que cada vez menos acontecimentos nos espantem. A imprevisibilidade, contudo, fará sempre parte da nossa vida e frequentemente, não é um qualquer vídeo ou relato distante que nos choca, mas sim as histórias e fenómenos do quotidiano que acontecem nas nossas ruas, à porta de nossa casa. Em Aveiro, a loja de roupa em 2ª mão The Best, tem a capacidade de nos surpreender, tanto pelas pechinchas que aqui se encontram, como pela variedade que preenche cabides e prateleiras. Por vezes, pode até interrogar-se como é que alguém pode vender peças em excelente estado, de marcas prestigiadas ou até de marca branca que parecem com-
pletamente novas. Mas a roupa aprecia sempre uma segunda vida. Noutras situações, é a própria história duma casa que nos deixa perplexos. Em São João da Madeira, podemos encontrar, o Tono Bombeiro, na Avenida da Liberdade, um snack bar cujo início nos deixa perplexos. Hoje em dia, o negócio goza de considerável reputação que podia ser difícil de antever, considerando que esta aventura comercial começou apenas com uma roulotte, amor ao negócio e muito trabalho. Ao visitar a Livraria Mavy, em Braga, pode estar à espera de encontrar livros e manuais, mas não deixe que o choque de encontrar um bar/restaurante o impeça de entrar. Este novo espaço é um ponto de encontro e animação na cidade e faz homenagem ao anterior negócio, ao manter
The Best | desde 2012
parte da decoração e estrutura de uma das mais famosas livrarias portuguesas. A Electricista Picheleiro, localizada no Porto pode parecer um caso semelhante, uma vez que por trás da fachada da loja nos aguardam roupas, malas e acessórios, ao contrário do que o nome sugere. Contudo, este estabelecimento tem a particularidade de ter sido um local que as proprietárias, Paula e Lena, conhecem desde a infância. A loja era dos avós de Paula e as duas amigas preencheram o espaço com um conceito novo. Já no Penta Café, em Lisboa, o espanto advém da escala em que tudo é confeccionado e servido. Desde as tostas de um metro, passando pelos bolos de dois, bolas de berlim de um quilo, e sumo natural servido a litro, não há nada que escape à Tono Bombeiro | desde 1992
Café Penta | desde 2004
Livraria Mavy | desde 2012
medição convencional. É sem dúvida uma aposta em grande num novo conceito de restauração, a que os lisboetas parecem aderir em grande escala. Até porque, às vezes, é necessária ajuda para trazer as encomendas até ao carro. Inadvertidamente ou não, o comércio trará sempre algo de novo, algo de imprevisível às nossas ruas. Se a vida é palco por excelência dos eventos de cada indivíduo, o comércio é uma parte integrante do cenário, oferecendo-nos soluções para necessidades e desejos. Por vezes a oferta causa espanto, ou a história de um determinado estabelecimento pode estar rodeada de impossibilidades, mas na verdade faz tudo parte do guião.
por Solange Rodrigues
Pelos motivos mais aleatórios lembramo-nos de coisas que já não pensávamos há anos, e parece que somos confrontados com uma realidade que já parecia tão longínqua. E que tal essa sensação, de nos recordarmos de cheiros, cores, locais, pessoas, paixões, viagens, experiências… Nos últimos 20 anos com o boom da internet e posteriormente com as redes sociais digitais, fomo-nos adaptando às novas formas de relacionamento e à imensa proximidade virtual que a tecnologia nos permite ter. Atualmente é completamente natural e não tem nada de “anormal” estarmos em permanente contacto com quem quer que seja, a partir de qualquer parte do mundo, a qualquer momento, e isso já não nos causa qualquer tipo de admiração, é simplesmente banal. Os telemóveis foram provavelmente o avanço tecnológico que mais revolucionou a nossa forma de estar com os outros, desde os simples Nokias aos 3310 aos androids e IOS com todas as aplicações possíveis e imaginárias. Foram tempo delirantes e uma adaptação rápida conforme nos íamos apercebendo que estávamos à distância de uma SMS. Todos queríamos o tarifário
DO GENIAL
que mais SMS´s grátis nos oferecesse, depois surgiram os telemóveis com máquina fotográfica incorporada, e mais tarde os dados móveis. Quando tudo começou era um mercado pequeno, logo, os aparelhos eram caros e nem todas as famílias podiam comprar telemóveis, mas como os tempos mudam, não é? O mercado expandiu-se, muitas marcas surgiram e os preços tornaram-se competitivos dando oportunidade de compra à maior parte dos bolsos. Uma criança ou um adulto que receba um telemóvel como presente de Natal já não delira pelos motivos que antigamente se delirava, a magia do poder estar em contacto quase permanente com os outros e o mundo já não acontece, é banal. As gerações mais jovens nascem a saber utilizar Ipads e telemóveis, estes são os seus brinquedos, objetos inatos. No futuro, do que nos relembraremos como algo que já é natural e que neste momento é novidade e delirante?
AO BANAL
JOÃO
CAJUDA O ATOR QUE FAZ DO
MUNDO
O SEU PALCO por Rita Luz
“Sou um apaixonado pelo mundo e pela natureza que nos rodeia”. João Cajuda, um aventureiro nato que nos últimos anos fez do mundo o seu palco.
Iniciou-se na representação há mais de 10 anos, e atualmente é um dos maiores viajantes portugueses da sua geração. Um dia em Portugal, no dia seguinte em qualquer outro ponto do mundo. Esta tem sido a sua vida nos últimos anos, rumo a um novo destino com a expectativa de conhecer o desconhecido e de viver experiências incríveis. João Cajuda tem 34 anos, participou em vários enredos televisivos e de cinema, nomeadamente na série “Morangos com Açúcar”, mas desde 2013 que decidiu trocar os tradicionais palcos por um palco maior, o mundo. E enveredar por outra paixão, viajar. O bichinho da aventura nasceu consigo. O ator conta que a sua primeira viagem foi à ilha da Madeira com os pais. “A minha mãe conta que chorei muito no avião”, afirmou.
Desde jovem que gosta de viajar e garante, “gosto de conhecer novas culturas, cidades e pessoas”. As histórias, as memórias, as aventuras, os sustos, as lições e as amizades viveram-se em muitos palcos. Costa Rica, Kyoto, Istam-
bul, Maldivas, Patagónia e Buenos Aires são alguns dos sítios que visitou. As vivências desses sítios… essas ficam guardadas no coração e na memória. “Não consigo escolher a viagem que mais gostei. Existem momentos ines-
quecíveis em todas”, afirmou o ator que tem um carinho especial por Marrocos, país onde começou a trabalhar em turismo, e a Índia, por ser um país que mudou a sua forma de estar, de pensar e de encarar o dia a dia.
Mordido por um macaco, cortado por corais e evacuado devido a cheias são algumas das peripécias por que já passou nas mais de 30 viagens realizadas. Contudo, o seu gosto incessante por descobrir novos sítios fazem com que esteja sempre a programar a próxima viagem, e se atire de cabeça para uma nova aventura. Todas as viagens que já realizou marcaram-lhe de uma certa forma. Na memória, um momento que guarda com especial carinho foi em Serengeti, na Tanzânia: “Eram milhões de animais… Girafas, zebras, gnus, elefantes… tudo a correr de um lado para o outro”, afirmou o viajante que ficou “arrepiado” com tudo o que assistiu. “Foi o maior “espetáculo que alguma vez vi. Senti de facto o que é a vida!”, exclamou. A sua infância nómada, devido ao seu pai ser treinador de futebol, despoletou o seu gosto por conhecer novas cidades, novas pessoas e culturas, e hoje, faz disso profissão. “É o melhor trabalho para mim, sinto-me muito feliz com o que faço”, afirmou. O ator é um rosto bem conhecido do público português, mas o joaocajuda.com, vai além fronteiras. O viajante criou o seu blogue enquanto tirava a licenciatura em Ciências da Comunicação, com o intuito de partilhar a sua paixão pelas viagens, pelo vídeo e fotografia, mas também para aconselhar potenciais viajantes de locais a viajar, hotéis, restaurantes e dicas para organizar a sua viagem. Agora, cinco anos mais tarde, vê o trabalho ser reconhecido ao ser eleito o 15º blogger de viagens mais influente do mundo, numa lista de mil blogues de viagens compilada pela plataforma de dados Rise. Para o ator, este é um motivo de orgulho, mas garante, “sinto-me mais feliz quando vejo que alguns dos meus vídeos têm milhões de visualizações”. O que mais lhe importa é mostrar a beleza do planeta e saber que inspira tantas pessoas a viajar. Para o João, o blogue: “É um diário das minhas aventuras e uma caixa de memórias”. É uma forma de relembrar visualmente todos os momento que estão retidos na sua memória: “Leio, vejo as imagens e os vídeos mais antigos e relembro-me daqueles momentos felizes”, afirmou.
O gosto pela aventura adoçou-lhe o desejo de ir à procura de novos sítios e de se dedicar a explorar todo o tipo de destinos. Na sua mochila, não pode faltar a câmara fotográfica, telemóvel com música e calções de banho: “É tudo o que preciso para viajar”, exclamou. Atualmente, é também tour leader e tem a sua própria agência de viagens, a “Leva-me”. A agência pretende dar a conhecer novas comidas, culturas, o quotidianos de um novo povo, de um novo país, de uma forma mais divertida e relaxada. Dos anos em que foi ator, “guardo muito boas memórias e bons amigos”, garante. Contudo, a representação é algo que está em segundo plano, “Tenho saudades de muitas coisa, mas sinto-me muito mais feliz, tranquilo e realizado com o que faço hoje”, concluiu. Apesar de já ter visitado muitos lugares, ainda tem o mundo inteiro para descobrir e os destinos que espera visitar brevemente são a Mongólia, a Nova Zelândia, o Nepal, a Polinésia Francesa, a Islândia e Madagáscar. O otimismo é talvez a principal qualidade e virtude que o define. Todas as viagens são uma aventura, são um misto de emoções, são “um abre olhos para uma nova realidade” e tenta sempre aprender com as situações que se depara e aplicar nas suas ações diárias. O mundo é uma caixa de surpresas e segundo o João, “Viemos ao mundo para o explorar, para sentir emoções, para realmente viver…”, exclamou. Os seus quase 900 mil seguidores fazem questão de seguir todos os seus passos, e se não puderem ir até aos locais, estão a um clique de mergulhar na incrível experiência que o próprio vivenciou. As viagens do João vão continuar e, para aqueles que não podem ir até aos sítios, basta seguir o seu blogue e as redes socias, que este faz questão de mostrar ao mundo, o mundo.
A MAGIA DA AQUARELA NA ARTE FEITA POR
SYLVIA LA
por Letícia Carvalho
As mãos que desenham e pintam postais por de trás do Send Me This Postcard são de Sylvia La. Ela é uma das grandes artistas que podem encontrar na Feira da Ladra, o lugar de exposição da sua arte. Sylvia La é natural da Polónia, mas vive em Portugal há quatro anos. Encontrou na arte uma maneira de sobreviver e um estilo de vida. Faz do bairro da Graça, em Lisboa, a sua casa e inspiração para o seu trabalho. A artista conta que uma vez fora do seu país, teve a necessidade de pensar numa maneira que pudesse sobreviver e de facto viver. Encontrou na arte, não só a sua fonte de rendimento, como também um estilo de vida e uma maneira de tocar as pessoas. Embora o grande desenvolvimento da sua arte tenha sido em Portugal, conta que tudo começou em Espanha. Cerca de um ano antes de vir para Lisboa, Sylvia viajou com uma amiga a Barcelona, numa época em que fazia colagens. Diz que sempre acreditou que não tivesse talento para desenho e pintura: “Nós, por vezes, estamos a viver a vida a pensar que não sabemos algo e de repente isso não é verdade”, diz a artista. Lisboa é a grande estrela dos desenhos e inspiração para as citações selecionadas na hora da criação dos postais de Sylvia La. “Penso que Lisboa dá muita liberdade, a vida é bastante tranquila e tenho muito tempo livre. Acho que Lisboa atrai este tipo de pessoas, que procuram mais dessa liberdade a nível de aproveitar a vida e ter tempo. Sinto-me muito conectada.” conta a artista Sylvia, quando lhe perguntamos o porquê de escolher Lisboa. Quando perguntamos o motivo para ter escolhido a aquarela, a resposta foi clara, “Eu
gosto de coisas intuitivas, não gosto tanto de coisas técnicas. Mas claro, sinto-me ainda no início da aquarela e vejo que há pessoas que fazem coisas que eu não sei. É mesmo o conceito de magia. Magia, acho que é uma palavra que cabe muito bem para a minha relação com o meu trabalho.” Aprendeu a desenhar e a pintar sozinha, nunca foi a uma aula nas escolas de arte, pensa que talvez agora seria algo interessante a se fazer. Acredita que há um lado positivo e um lado negativo na maneira como aprendeu a fazer arte: “De um lado tenho algumas limitações e, claro, as pessoas que estudaram arte durante anos podem, se calhar, desenhar muito mais do que eu. Mas por outro lado, nunca tive nenhuma influência, sempre foi algo super natural, quase como uma criança.” Em relação à escolha de trabalhar com cartões postais e o mundo virtual com o qual vivemos atualmente, a artista contou-nos, “É tão diferente receber algo físico. Eu acho que também é mostrar algo, porque existe um esforço, tens que ir com o pincel, tens que escrever. É bonito que as pessoas ainda façam isto e fazem muito. O mercado na rua tem muitos postais. Parece que é algo antigo, mas que ainda é valorizado.” Na Feira da Ladra, em Lisboa, observa os seus clientes enquanto escolhem os postais que querem comprar. “As pessoas estão a pensar na outra pessoa. Na banca há pessoas que ficam cerca de meia hora a pensar “este é para esta”, “este é para este” e isto é dar amor às pessoas. “É diferente do que mandar uma fotografis. Acho que como vamos mais para o mundo digital,
também se valoriza muito as coisas feitas à mão, é quase exótico.” Apesar de se viver constantemente no universo virtual, oferecer algo físico à alguém ganha um sentido especial, mesmo que posteriormente venha a ser feito um registo do mesmo para as redes sociais.
CINEMA PORTUGUÊS 90’S DE UM OUTRO SÉCULO por Patrícia Silva
A reflexão do Cinema como um lugar de discussão racional sobre questões como o País, as Culturas e a Sociedade é quase como designar uma ficção o inconsciente de uma história verídica. A Sétima Arte tem disso, alimentar o pensamento de que persiste um conjunto de situações que contracenam a veracidade e a inspiração diária. Sim, a Sétima Arte tem destas coisas. Portugal. O português é um espetador (auto) reflexivo? Numa abordagem excecionalmente generalista, Portugal não vive de esquecimentos. Mencionar nomes como Manoel de Oliveira, João Botelho, Fernando Matos Silva, Luís Filipe Rocha, José de Sá Caetano ou até mesmo Telmo Cottinelli com a célebre “Cantigas de Lisboa” claramente se recorda com um: Oh se cheira bem, cheira a Lisboa! E SE O CINEMA PORTUGUÊS CONTA-SE UMA HISTÓRIA? A luta pela conquista de uma grande público do Cinema Português foi dura. A “pura” ficção, insanamente nos anos 80, rapidamente se intitulou de “realismo” radical nos anos 90, até ao início do século XXI. Estamos perante um “fuga para a frente” como diriam diversos autores.
Não seria correto não mencionar grandes louvores da arte cinematográfica que se foram registando anteriormente aos anos 90 do século XX. Claramente que serão os anos 90 de um outro século. Realizadores de “Culto” já ouviram falar? Apresentam-se na história do Cinema Português como João Botelho e Manoel de Oliveira. O piloto de corridas de automóveis sabia o que fazia, ou melhor, o que realizava. Aniki Bobo (1942) era a fórmula mágica da cidade do Porto e de uma vida em que o contexto “ser criança” seria uma valorização. Recorda-se da menção “identidade”? Aqui se revela uma. Um retrato natural de Manoel de Oliveira. A Europa enchia-se com um “era do melhor que se fazia pela Europa nesta época”. António Mendes (fotografia) sabia dessa tal relação com a identidade e, como tal, soube explicitá-lo de forma peculiar. A Memória estaria de todo representada no tão famoso cartaz de “Aniki Bobo”. Quanto a “Cerro maior”(1981), de João Botelho, predomina o grito da liberdade de uma necessidade intolerante da sociedade criar um distanciamento crítico, ironizando obviamente. Predominantemente o sufoco é uma frustração representada pelo preto e, o autor do cartaz de “Cerromaior”, concentra uma representação quase diluída no contraste da luz (amarelo) com a escuridão (preto). Voltando atrás no tempo, José de Sá Caetano edifica ruínas, “As Ruínas do Interior” (1977). Mal ele sabia que, nos dias hoje, são o dia a dia da humanidade. Demonstrações através de cores como o preto e o vermelho foram adotadas para um design gráfico que, em 1977, quase falaram por si. Percorreram
anos 89. 90, 2000, até hoje e amanhã (e depois e depois ... sim, continua). Já agora, atendendo às restrições financeiras, a produção cinematográfica portuguesa mantém um ritmo razoável e quase que constrói alguns dos maiores sucessos de sempre. Tempos Difíceis (1988) - “oh se eram!”. A Cremalheira, a Grandela e Sebastião são o o espelho da sociedade que reúne dicotomias como conformismos, frustrações, renúncias, infâmias e mediocridade, pelo menos para João Botelho. As Cantigas de Lisboa (1933) são o reflexo de uma sociedade aportuguesada dos anos 30. Se Lisboa cheira bem, então quando as tias de Vasco Leitão (Vasco Santana) chegam para o visitar, cheira ainda melhor. É caso para dizer que a guitarra portuguesa e as cantorias portuguesas representadas pelo cartaz de cinema aliciante podem dar a credibilidade de que Vasco poderia efetivamente ser um bom aluno, ainda que reprovado. Desde os anos 90 até ao presente, a produção cinematográfica portuguesa tem revelado uma maior diversificação temática e estilística resultante da abertura do espaço televisivo à iniciativa privada. Sul (1944), de Fernando Matos Silva, olha para Portugal quase como um espetador olha para uma tela de cinema. De um Sul de observações pacíficas para uma terra sem norte, no qual os acontecimentos se perdem, a lógica não existe, o conceito amizade vira numa individualidade quase intensa. Eis o
que contraria a dicotomia de um viajante no retorno “Adeus Pai”(1996). O Adeus de Luís Filipe Rocha é um regresso sem volta. É a luta de alguém que vai partir e que defronta a morte e a separação, com proximidade. É viver de forma intensa a alegria de uma sobrevivência que viria a ser, agora, o desfrutar do inicio de um nova viagem, o amor. Tal como é representado no cartaz deste filme, estar feliz, é estar nas nuvens. Assim como aqueles que partem, ou não. O cinema é assim... O do séc. XIX e dos anos 90 foi assim. Hoje é assim? Uma demostração categórica do que é mundo representada numa anunciação crítica de julgar “o conteúdo pela capa”? Bem, na eleição representada anteriormente, sim, a capa (cartaz) decididamente era um termo para a observação de filmes. A grafia era única e o contexto autêntico.
BEM, O CINEMA PORTUGUÊS TEM COISAS ASSIM!
CINEMA
PARQUE MAYERaté 31 de Dezembro na Fundação de Serralves, Porto
Da adaptação do livro de Philip Reeve, Engenhos Mortíferos é o primeiro filme de uma potencial trilogia. Decorre numa época pós-apocalíptica, onde a existência de seres humanos tinha sido extinguida e apenas bárbaros permaneceram. Robert Sheehan, Hera Hilmar, Hugo Weaving e Stephen Lang fazem parte do elenco. EM- ARANHA M :N HO
O Miles Morales é um jovem de cor negra que, inspirado no legado de Peter Parker, se torna o Homem-Aranha. Ao visitar o túmulo do seu ídolo, é surpreendido com a presença do próprio Peter. Como será que correu este encontro?
RSO ARANHAB IVE ig UN
Situa-se em Lisboa (1933), numa altura em que o Estado Novo começa a formar-se. De amores não correspondidos, pequenos dramas pessoais e uma constante luta contra a censura e a hábil tentativa de a contornar é constituído o teatro do Parque Mayer, durante os ensaios de uma revista. Terríveis segredos com a capacidade de destruir vidas no tempo em que o Estado Novo começa a apertar o seu cerco e a liberdade está cada vez limitada, onde a resistência à opressão será feita em palco.
ENGENHOS MORTÍFEROS
Picture
AQUAMAN É no mundo subaquático dos sete mares que surge uma aventura cheia de ação. O Tritão Arthur Curry enfrentará uma jornada que o fará questionar em relação ao ser verdadeiro “eu” e descobrir se é digno de quem nasceu para ser: um Rei.
BUMBLEBLEE | TRANSFORMERS 6
O REGRESSO DO MARY POPPINS
Bumbleblee é um carro velho, amarelo, inutilizável que foi encontrado e arranjado para oferecer a Charlie, uma jovem prestes a completar os 18 anos de idade. Mas só quando Bumbleblee ganha vida é que a mesma percebe que o seu novo amigo é algo bem mais que ela pensava.
Após Londres ter sido abalada pela Grande Depressão, Mary Ponppins desce dos céus novamente com o deu fiel amigo Jack para ajudar Michael e Jane Banks, agora adultos, para os ajudarem devido a uma perda pessoal, para que a alegria e a magia voltem de novo às suas vidas.
ARTE
EXPOSIÇÕES
SMALL STORIES
até 30 Dezembro, Museu de Artes em Sintra, Lisboa O visionário, cineasta e artista David Lynch, será objecto do ciclo “Waiting For Mr. Lynch”. O programa divide-se em duas exposições – “Small Stories”, com 55 fotografias a preto e branco da sua autoria, e “Psychogenic Fugue”, do fotógrafo americano Sandro Miller, que reúne diversas fotografías de John Malkovich na pele de David Lynch . Small Stories afirma uma retrospectiva do trabalho para cinema, televisão e publicidade que o artista desempenha desde 2007.
Al Cartio e Constance Ruth Howes de A a C
até 14 de Janeiro Fundação Caloutre Gulbenkian, Lisboa
LEVIATHAN
até 15 de Dezembro, na Square One Contemporary Art Agency , Lisboa Leviathan traduz a ligação que existe entre a pintura e a escultura-ambiente. A presença que David Rosado tenta traçar reflete-se numa recriação das narrativas dos mais belos contos de fadas da Disney. A exploração das desigualdades, dos conflitos do mundo contemporâneo e a exploração da internet que desafia a liberdade de expressão, para o bom e para o mau, são realidades que o artista pretende ecoar. É desta forma, que Leviathan se apresenta.
As obras de Al Cartio (Honolulu, 1951) e Constance Ruth Howes (Baltimore, 1947) parecem, no seu interior, encontrar-se. A presença dos artistas em Portugal – Al Cartio em 1981 e Constance em 2015 – é um sintoma da união ou relação estilística e biográfica. A curadoria de Ana Jotta e Ricardo Valentim, evidencia um diálogo entre os trabalhos, revelando ligações surpreendentes entre os modos de ver e de pensar a realidade destes autores.
Projeto Sonae// Serralves - Haegue Yang: Parque de Vento Opaco em Seis Dobras até 31 de Dezembro Fundação de Serralves, Porto
O Museu de Arte Contemporânea de Serralves apresenta Parque de vento opaco em seis dobras da artista coreana Haegue Yang (Seoul, 1971). A obra é composta por cinco torres parcialmente arqueadas de dimensões variáveis construídas em tijolo e ligadas por meio de uma disposição geométrica de lajes. Ocupando uma área de cerca de 70 metros quadrados, o complexo escultórico convida o observador a caminhar pela paisagem híbrida das suas diversas estruturas.
ROBERT MAPPLETHORPE: PICTURES de Robert Mapplethorpe Foundation
até 06 de Janeiro Fundação de Serralves, Porto Robert Mapplethorpe (Nova Iorque, 1946–1989, Boston) criou algumas das imagens mais icónicas, polémicas e surpreendentes da fotografia contemporânea. Uma exposição organizada com a colaboração de Robert Mapplethorpe Foundation, revela 159 obras de toda a sua carreira do artista. Desde as primeiras colagens e polaroides até às fotografias de flores, nus, retratos e imagens de cariz sexual que fizeram de Mapplethorpe um dos ilustres fotógrafos do século XX.
Companhia , de Pedro Costa
até 28 de Janeiro Fundação de Serralves, Porto Cada filme é uma carta escrita por mil mãos. É desta forma que “Companhia” se descreve. Uma exposição que reúne obras de Pedro Costa realizadas em colaboração com o escultor Rui Chafes, o fotógrafo Paulo Nozolino e os cineastas Danièle Huillet, Jean-Marie Straub e Chantal Akerman e que revela dicotomias além do expectável. A exposição foi organizada pelo Museu de Arte Contemporânea de Serralves, contando com a coordenação de Filipa Loureiro e Marta Almeida e com a colaboração de Nuno Crespo e Marta Mateus.
HISTÓRIAS HESTÓRIAS PARA TODOS OS GOSTOS
São vários os livros que despertam a nossa curiosidade quando entramos numa livraria, criamos sempre a empatia com o cheiro a livros novos e com a sensação de que estes nos dão, como se a partir de eles fossemos descobrir um mudo novo. Decidimos, por isso, escolher quatro dos livros a não perder no mês de dezembro.
“CADA SUSPIRO TEU” – NICHOLAS SPARKS Conhecido por nos trazer histórias verídicas, Nicholas Sparks oferece-nos mais uma vez um dos seus preciosos romances onde dois caminhos não se cruzam ao acaso. Tru Walls e Hope Anderson sem saber vão dar à mesma praia, cada um com a sua história e acabam por encontrar a paz que necessitam no mesmo sítio. Um romance que promete aquecer os corações de quem o lê como só Nicholas Sparks sabe fazer.
“O AMOR NÃO CRESCE NAS ÁRVORES” – PEDRO CHAGAS FREITAS A palavra original é a ideal para descrever o mais recente romance de Pedro Chagas Freitas, um livro divido por cores, com várias histórias e gerações que pode ser lido pela ordem que o leitor quiser e promete fazer com que cada pessoa que o folheia tenha a sua própria experiência. O escritor alieneia mesmo uma aplicação ao seu livro que escolhe aleatoriamente a ordem que o leitor lê o mesmo. Um leitor, um livro, uma experiência diferente para cada um, Pedro Chagas Freitas traz-nos mais um romance que promete ser diferente de todos os livros que já lemos dele.
“FOI SEM QUERER QUE TE QUIS” – RAUL MINHA’ALMA
“BECOMING: A MINHA HISTÓRIA, MICHELLE OBAMA” Michelle Obama ficou conhecida por ser a Primeira-Dama dos EUA, no entanto, a ex-primeira dama tem muito mais para nos contar do que isso. Licenciada em Direito e uma das mulheres mais poderosas do mundo, Michelle esteve diretamente ligada à realização da sua autobiografia, esta abre a cortina para o que foi a sua vida na Casa Branca e para o depois disso, mostra que é preciso lutar pela relação que todos pensam perfeita e continuar a cultivar valores e educação nas comunidades. Este livro de memórias traça o caminho percorrido por uma das pessoas mais emblemáticas e influentes no mundo. Uma simples rapariga de Chicago, licencia-se em direito e chega a Primeira-Dama dos EUA. Um livro que nos faz perceber que tudo é possível.
Diz que uma das suas maiores inspirações é a vida dos outros, Raul Minh’Alma ficou conhecido com o sucesso de “Larga quem não te agarra” e nunca mais parou apresentando o seu primeiro romance. É com este novo livro que o autor pretende continuar a caminhada de sucesso que começou em 2016. “Foi sem querer que te quis” tem como objetivo entrar nos corações de cada leitor e fazê-los de certa forma perceber que não estão sozinhos, que há sempre alguém que se sente como nós. A principal missão de Raul com este livro é com que o leitor sinta que o livro não é do autor, mas para quem o lê. Para todos aqueles que não são bons a expressarem-se, para todos os que não conseguem pôr em palavras aquilo que sentem, este livro é para vocês.
TEATRO
ESPETÁCULOS
EVERYTHING IS REALLY GOOD,
de Beatriz Bizarro & Camilla Soave, em parceria com Palcos Instáveis ⁄ Companhia Instável 8 de dezembro, Campo Alegre, Porto Everything is really good traduz-se num conjunto de estados de espera, onde se propõe um tempo comum e partilhável entre público e performers. Parte de situações comuns da vida quotidiana, em diversas circunstâncias que obrigam a aguardar por algo. Vamos esperar; o Outro, a Primavera, os números da lotaria, uma oferta, um almoço, um beijo, a pessoa certa, uma criança. Aniversários, feriados, felicidade, um telefonema, o som da chave na fechadura, o próximo ato, a gargalhada após uma piada. Esperar. É criado um diálogo entre dicotomias como: o dentro e o fora, entre a esfera pública e a privada, os caminhos de procura da felicidade, a recorrência a princípios de paranóia, e de fragilidade e, é desta forma, que a peça tenta demostrar que todos os momentos da vida humana possuem uma razão. Quanto mais não seja, esperar.
INVITED, DE SEPPE BAEYENS/ÚLTIMA VEZ
ESTREIA NACIONAL, 15 e 16 dezembro, Campo Alegre, Porto
Vejo-me como alguém que cria ligações entre gerações, usando a dança como linguagem. Acredito que há uma grande força nisso. — Seppe Baeyens Invited, de Baeyens, procura revelar a sua resposta artística à questão fundamental que deriva da forma que o público pode ajudar a escrever a coreografia de uma performance. Refletindo a dança como uma linguagem comum, o pretende alcançar uma forma alternativa de vivermos juntos e desvanecer as fronteiras entre intérpretes e público.
VIEW: MASTER, PELA ASSOCIAÇÃO POGO
até 15 de dezembro, POGO, Lisboa Neste regime das artes, nada surge com clareza e, como tal, a View: Master apresenta essa necessidade gritante da incerteza que é o mundo das artes. Vinte e Cinco anos depois. O POGO “acende-se”. Desta vez, um tanto ou mais iluminado que as outras vezes. O Espaço POGO está para ficar, dar luz.
INSHADOW
LISBOA SCREENDANCE FESTIVAL, até 15 de dezembro, Ler Devagar, Lisboa
e
s
Isto é um filme em Tempo Real trata-se de uma performance de instalação em que um filme é cinematografado através de webcams e editado, ao mesmo tempo que transmitido, em tempo-real. Partindo de um universo autobiográfico, esta performance conta a história de 3 mulheres que por razões sociais e políticas necessitaram de sair de Portugal na esperança de encontrar refúgio num outro país europeu.
L a go d os Ci sn
de Russian Classical Ballet, 28 e 30 de dezembro, Coliseu de Lisboa, Lisboa
RUSSIAN CLASSICAL BALLET regressa a Portugal para apresentar uma nova produção do bailado clássico LAGO DOS CISNES. A prestigiada companhia de Moscovo representa uma peça repleta de romantismo e beleza. A coreografia idealizada requer grande destreza e elevada competência técnica na interpretação das personagens por parte dos bailarinos. Os pontos virtuosos do espetáculo assumem-se nos dois Grand Pas de Deux, interpretados no II e III atos da obra. A Dança dos Pequenos Cisnes é igualmente um reflexão em movimento que ficará na memória do espetador.
MÚSICA
CONCERTOS
PATRICK WATSON
Casa da Música – PORTO- 5 de dezembro
Patrick Watson regressa a Portugal com o novo álbum ““Melodie Noire”. Tendo estado por terras portuguesas, em 2015, a paixão pelo país e a sua originalidade artística não se poderia extinguir. O artista canadiano apresenta uma genialidade artística nas suas composições sonoras inesquecíveis. Esgotando salas de concerto, Patrick Watson promete não ficar por aqui. Além dos temas anteriores, clássicos como “To Build A Home” estarão presentes no concerto.
TIAGO BETTENCOURT Coliseu de Lisboa, LISBOA 6 de dezembro
Tiago Bettencourt revelará, no Coliseu de Lisboa, o seu mais recente disco de originais “A Procura”. O sexto disco do artista revela-se como um poço de nostalgia e uma viagem ao percurso profissional do artista. O seu novo álbum conta ainda com a participação de Mantha, no qual os artistas tocam em conjunto.
JIBÓIA LANÇAMENTO DE OOOO FRANCISCO SALES SAÍDOS DA CAIXA II
Centro Cultural de Caldas Rainha - 7 de dezembro
“Miles Away”, o mais recente trabalho de Francisco Sales, será apresentado no Centro Cultural de Caldas da Rainha. Um concerto que promete ser uma viagem sonora intimista, cativante, envolvente, no qual o artista traduz diversos cenários confortantes. Com um forte presença no mundo Jazz, Francisco Sales trabalha de modo surpreendente a sonoridade da guitarra, acústica e elétrica.
Maus Hábitos, PORTO 8 de dezembro
Jibóia lançam o seu mais recente trabalho , OOOO, no Porto. Os três músicos, Óscar Silva, Ricardo Martins e André Pinto, decidiram criar um trabalho num conceito diferente. Através da Musica Universalis, de Pythagoras, relacionaram o movimento dos planetas e a frequência que eles produzem, transformando assim uma harmonia única, distinguida como “inter-espacial”.
ORQUESTRA DE JAZZ DO HOT CLUB DE PORTUGAL E PERICO SAMBEAT São Luiz Teatro Municipal, LISBOA 11 de dezembro
ALEXANDER STEWART Centro Cultural de Belém, LISBOA 11 de dezembro
O saxofonista e compositor Perico Sambeat é o primeiro dos três convidados que a Orquestra de Jazz do Hot Clube de Portugal leva ao Teatro São Luiz, em Lisboa. Perico Sambeat revela-se como um dos maiores nomes da atualidade do jazz espanhol e europeu. Este concerto celebra questões como a liberdade e a intemporalidade do género musical.
Alexander Stewart regressa a Portugal para aquecer os corações dos amantes de jazz. Com uma voz que reforça a sua proximidade com Billie Holiday e Tony Bennett, o artista evita ser apenas um cantor de recordações e memórias. Os seus diferentes arranjos de alguns dos mais conhecidos standards do jazz, representam a identidade nos clássicos da pop, no qual acrescenta ainda alguns originais. O artista reserva um espetáculo especial, no qual fará uma homenagem aos grandes cantores jazz que o influenciaram e continuam a tocar ao longo destes anos, desde Gershwin a Sinatra, de Armstrong a Tormé passando por Cole Porter, Chet Baker.
PEDRO ABRUNHOSA E COMITÉ CAVIAR
PRANA | SER NENHUM
Passos Manuel, PORTO- 7 e 8 de dezembro
Os Prana regressam ao Porto para apresentar o seu terceiro disco de originais "Ser Nenhum". Ser Nenhum canta os novos caminhos e sons dos Prana, do rock e da eletrónica, e conta as histórias - deles e de todos - de amor, de revolta, do olhar para dentro e em volta.
Teatro josé lúcio silva, LEIRIA 13 de dezembro Pedro Abrunhosa e Comité Caviar juntam-se em Leiria, no dia 13 de dezembro para comemorar o poder da Música nos dias de hoje. Pedro Abrunhosa afirma que “ Onde quer que estejamos, cantamos os mesmos refrões, choramos a dor idêntica, celebramos alegrias comuns e, no entanto, nunca saberemos o nome próprio de quem está ao nosso lado. Tal é o poder da Música. Nos espetáculos, através das rádios, nas redes sociais, a Música faz-nos menos sós.”.
FOO FIGHTERS TRIBUTE BAND All Guimarães, Guimarães 29 e 30 de dezembro
A banda FOO FIGHTERS Tribute Band, apresenta o último concerto do ano nos dias 29 e 30 de dezembro, em Guimarães. A banda distingue-se pelo seu registo e pela sua unicidade. Formado em 2012, este projeto nasceu em S. Scott’s Chelsea e, atualmente, é reconhecido mundialmente. O concerto promete ser intrínseco, desconcertante e extremamente vivo.
TEATRO -
Os Vizinhos de Cima
OS VIZINHOS DE CIMA
11 outubro a 30 dezembro de 2018 Teatro Villaret Os vizinhos de cima é uma comédia que faz uma reflexão sobre a vida conjugal e a sexualidade através de dois casais que vivem no mesmo prédio. Com o avançar da noite, o casal apercebe-se das loucuras sexuais dos seus vizinhos e tomam algum confronto com a vida dos vizinhos de cima o que vai levá-los ao limite e fazê-los tomar algumas decisões no que diz respeito à sua relação.
ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS Teatro da Terra/ Teatro do Electrico 27 dezembro de 2018 a 6 janeiro de 2019 Teatro Nacional D. Maria II Alice, é uma doce menina que sonha alto e dá espaço para que esses sonhos se tornem realidade, o que torna uma desafiante aventura.
A MORTE DE SÓCRATES SÓCRATES TEM DE MORRER 6 dezembro a 9 dezembro de 2018 São Luiz Teatro Municipal
SÓCRATES TEM DE MORRER
A VIDA DE JOHN SMITH
Mickaël de Oliveira apresenta, os dois episódios deste espetáculo: A Morte de Sócrates e A Vida de John Smith. Um díptico, protagonizado por Albano Jerónimo, que continua o trabalho do encenador sobre teatro e política. Dos últimos três dias de Sócrates na prisão, à espera da execução capital.
6 dezembro a 9 dezembro de 2018 São Luiz Teatro Municipal A Vida de John Smith é o 2º episódio do díptico Sócrates Tem de Morrer. Neste episódio, Paulo, Pedro, Raquel, Ana e Sócrates (reencarnado em John Smith) acordam de um longo sono, num Museu de História Natural.
A PIOR COMÉDIA DO MUNDO MICHAEL FRAYAN/ FERNANDO GOMES 12 setembro a 21 janeiro de 2019 Teatro da Trindade INATEL
A PIOR COMÉDIA DO MUNDO não é só uma peça, mas um espetáculo de comédia e o drama de bastidores que se vive durante a sua preparação. Apresenta um olhar alucinante sobre o teatro e as loucuras e devaneios dos que o fazem.
EU SAIO NA PRÓXIMA E VOCÊ? FILIPE LA FÉRIA
20 abril a 30 dezembro de 2018 Teatro Politeama Eu Saio na Próxima e Você? é um retrato geracional, um choque ideológico entre a mudança da ditadura para a democracia através da libertação sexual e da liberdade que a Mulher conquistou na transformação de Portugal desde os anos sessenta aos nossos dias.
PEDRO PENIM por Patrícia Silva
o esboço de uma Arquitetura Teatral
As Artes são uma bagagem que viaja constantemente em busca de romancistas, entusiastas, originais, irreverentes e, essencialmente, artistas. Os traços desenhados pelo lápis da cinza artística de Pedro Penim são nítidos. O Teatro é a sua vocação e a Arquitetura foi apenas um sintoma dessa descoberta. Licenciado em Teatro pela Escola Superior de Teatro e Cinema (Lisboa) e Mestre em Gestão Cultural (ISCTE), Pedro Zegre Penim desde sempre esteve ligado há metamorfose artística. O Desenho sempre foi a sua expressão primordial. Passava horas a desenhar e a naturalidade com que o fazia era a garantia de um brilhante percurso no universo da Arquitetura.
Rapidamente percebeu que não passaria apenas disso, um sintoma da naturalidade. Começou por realizar pequenos cursos de Teatro enquanto frequentava a faculdade, a ler diversas obras e a assistir a peças. O encantamento pelo Teatro teria vindo para ficar, inicialmente como espectador e, mais tarde, como ator e encenador, “(…) essa é a vontade de querer pertencer aquele universo, de querer pertencer àquele mundo. E acho que depois de ter pvisto muitas peças , eu percebi que “queria estar era ali a fazer”, revela. É desta forma que se inicia a história de Pedro Penim e da Companhia de Teatro Praga.
TEATRO PRAGA: DAS SALAS DE AULA PARA OS CÉLEBRES PALCOS A irreverência com que surge a Companhia Teatro Praga é resultado de uma distinção nata que se constrói desde o primeiro dia de fundação. Tudo começou num curso de fim de semana de preparação inicial de atores, sem grandes ambições. Um trabalho final de curso levou ao que é hoje uma das Companhias de Teatro portuguesas mais reconhecidas a nível nacional e internacional “no final de curso tínhamos de apresentar um espetáculo e dar um nome ao grupo que iria apresentar o espetáculo. E foi aí que surgiu o Teatro Praga.”, conta o artista. Praga surgiu logo aqui, do avesso. Num contexto que seria o pós-formação universitária, seria o começo de um projeto maduro, com uma estrutura consistente e completo, contrariamente ao que poderia ser expectável.
Passados 25 anos, a Companhia de Teatro Praga, resiste quase como uma imagem de marca, que se avolumou e transformou em algo superior a Pedro Penim e a qualquer outro artista, “Sempre que olho para trás é quase como se olha-se com surpresa. Cada vez que me fazem esta pergunta, eu penso: Como é que passados quase 25 anos as coisas transformam-se desta maneira? O que é certo é que têm perseverado e continua a existir.”, reflete o fundador.
reconhecimento internacional, isso não significa que faça dele melhor ou pior de um que se mantenha apenas em Portugal, isto é, “ nada diz sobre a sua relevância, pertinência e qualidade do projeto”. O artista admite que muitas vezes, para os projetos trata-se de uma questão de sobrevivência financeira, uma vez que Portugal é um país com um investimento nas Artes pouco sólido. Assim sendo, acaba por ser uma procura de outras fontes de financiamento.
Apesar de os membros não serem os mesmos desde a sua criação, o projeto conta com os artistas atuais acerca de 15 anos, sendo que a atriz Cláudia Jardim e o ator Pedro Penim se distinguem pela sua periodicidade superior, Cláudia desde 1999 e Pedro desde 1997, a sua fundação. A vontade de criar um projeto que falasse diretamente com as pessoas de Portugal, com idioma português, foi uma prioridade para o projeto, contudo, não exclusivamente. O Teatro Praga pretendia possuir uma linguagem que fosse entendida na sua universalidade, não acreditando em delimitações geográficas como algo definitivo, “Não têm necessariamente que ser barreiras, mas sim formas de te expressares de outra maneira, de forma a serem entendidas por toda a gente”, afirma o diretor artístico.
PEDRO PENIM, O ENCENADOR Um autodidata das funções artísticas, desde cortar bilhetes a traduzir, o artista considera que a encenação é provavelmente onde se sente mais à vontade e o faz com mais naturalidade, “Não sei bem explicar porquê. Eu acho que há uma vontade de autoria de alguma forma, de ter coisas para dizer, para colocar fora, neste caso transformá-las em teatro ”, assume. Como encenador, a sua principal definição é a criatividade. Poder relacionar diversas áreas que vão além do texto e da interpretação é uma satisfação para o artista, “Há música, pode haver dança, há fotografia e artes plásticas. O teatro é essa arte que pode conjugar várias outras áreas e que contém em si essas outras áreas”. Galardoado com prémios desde Globo de Ouro na categoria de Melhor Espetáculo de Teatro, 2015 ao Prémio Teatro na Década, 2003, entre muitos outros, o ator afirma serem momentos felizes da sua vida, obviamente de reconhecimento, não só do artista mas também de todo um grupo teatral. Contudo, tem a noção muito clara que é sempre tudo muito transitório, “ sinto-me orgulhoso dessas coisas todas que fiz e das que foram premiadas outras que não foram premiadas, mas sempre com a perfeita noção que pode acabar hoje, ou pode acabar amanhã.
Detentor de um panorama teatral distinto de muitos outros, a “fortuna” do Teatro Praga assenta essencialmente na permanente colocação em causa, sendo um fator decisivo não só para os artistas mas também para a “massa crítica” em Portugal, no que toca a interesses de produção e teatros mais institucionalizados. Nem sempre as salas do Rivoli e do Teatro Nacional foram os palcos da Companhia. Os primeiros passos foram dados em palcos menos convencionais. Foi então que o eco da voz da mudança começou a fazer-se ouvir internacionalmente. A necessidade de “exportar” este projeto de uma forma extremamente positiva, ainda hoje persiste. Pedro reconhece ainda que o facto de ter um
O ESPETÁCULO COM RITA, A CADELA Distinguindo-se numa fase inicial da sua carreira na televisão, Pedro Penim volta a sua paixão para o Teatro, contudo, não fecha as portas à televisão e ao Cinema.
A contracena é algo que cria um vínculo, mesmo que temporário entre dois artistas. No caso de Pedro Penim, a memória mais marcante que tem consigo relativamente a tal é com Rita, a sua cadela. A exposição da ligação pessoal que existia entre os dois era muito criativa e emocional e em paralelo a peça retrata uma relação de uma cadela com o seu dono, e posta num palco, foi um momento que o artista irá recordar, sempre. O amante de animais lembra que as experiências são o que fazemos delas. “Às vezes parava a meio do espetáculo e pensava: Estou a contracenar com o meu cão!”. De humor e imaginação é que Pedro Penim é feito. A identidade do mesmo constrói-se com o humor e a “teoria de tudo”. Com espetáculos que o submetem a um paradigma considerado de humor, sendo este uma arma muito valiosa, o artista atenta ainda a presença da música no mesmo e a transformação das ideias que vêm da filosofia e da teoria que o Teatro Praga consegue verbalizar e condensar respondendo “ao espírito do tempo”. DO “ANTES” AOS PRÓXIMOS PASSOS Após o exercício híper-ficcional de“Antes”, encenado e interpretado por Pedro Penim, em Sesimbra, na sua terra natal, o Teatro Praga prosseguirá com 2 grandes espetáculos para o próximo ano, um no Centro Cultural de Belém em abril e, em maio, no Teatro Nacional de S. Luiz, em Lisboa. Os espetáculos são musicais com a participação de orquestras, o primeiro contará com uma Barroca ,“Timão de Atenas”, e o último comemora os 25 anos do Teatro S. Luiz. Depois de um espetáculo com uma longa conversa realizada entre duas vozes, descendentes da mesma cabeça, com ideias muito opostas em relação ao tema da nostalgia, Pedro Penim promete alimentar o espetador com a sua autenticidade e um poço de imaginação que muitos idolatram. Afinal, este é Pedro Penim na sua génese.
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Por João Marcos Moreira
Permita-se a esta viagem no tempo e deixe-se conquistar por culturas e rituais antigos até chegar a este estranho e curioso lugar. A FAIRE preparou para si as tendências mais primitivas e místeriosas que certamente o irão prender a estes objectos de culto.
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Por JoĂŁo Marcos Moreira
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12 | Jarra DC1711D, De Cottis Gallery (preço sob consulta) 13 | Decoração Leopard Skull latão e osso, Parts of Four, 1.608€ 14 | Jarrão, Rick Owens (preço sob consulta) 15 | Castiçal, Arno Declercq, 1.100€ 16 | Espelho Malili, Jose Levy (preço sob consulta) 17 | Mesa de Centro, Arno Declercq 2.697€ 18 | Chaise Longue Bubble, Rick Owens (preço sob consulta) 19 | Mesa de Centro Supernova, Danid Nicolas (preço sob consulta) 20 | Candeeiro DC1706, De Cottis Gallery (preço sob consulta) 21 | Armário DC1812, De Cottis Gallery (preço sob consulta) 22 | Cadeira Half Box madeira petrificada, Rick Owens, (preço sob consulta)
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“RESPEITA TODOS, AMA ALGUÉM E NÃO CONFIES EM NINGUÉM.”
Vítor Antunes nasceu em 1992, em Quarteira. Estudou arte, gestão e moda, fazendo a ponte entre a criação e o seu lado empreendedor. Desde cedo que sente necessidade de expressar a sua visão.
VITOR ANTUNES por Fábio Sernadas
F: NUM PARAGRAFO COMO NOS CONTARIAS COMO ÉS? COMO TE DEFINES? VA: Se não me conhecesse diria que sou “um rapaz estranho com ideias”… mas, acima de tudo considero-me uma pessoa bastante ambiciosa e com objetivos traçados. F: DEFINE A TUA MARCA E QUAL É O TEU OBJETIVO? VA: VITANT é quase como um projecto “lab”, no sentido em que tenta contar uma história que acontece em determinado espaço e tempo. Apesar de estar relacionada comigo e levar a minha assinatura, não posso dizer que é o Vitor Antunes a 100% enquanto designer. Por isso, decidi optar pelo nome “VITANT”. Este projeto conta a experiência de um jovem ambicioso, que vem de uma cidade pequena para uma grande capital e que acaba por realmente conhecer a realidade do mundo moderno. Logo, será sempre possível encontrar toques de streetwear e urban a fazerem um “clash” com o clássico e executivo. Cada coleção traduzirá o crescimento e desenvolvimento da personagem, por conseguinte estas irão sempre exprimir um sentimento, emoção, ou experiência. O objetivo principal é fazer com que o público se identifique com algo mais do que a roupa em si, criando neste o desejo de interpretar cada coleção tal como se estivesse a ler um livro com vontade de mergulhar numa história que é baseada em factos reais.
F: PORQUÊ A MODA? E PORQUÊ SER DESIGNER DE MODA? VA: Se me fizessem esta pergunta há 10 anos atrás eu iria responder que iria ser tudo menos designer de moda. Mas, olhando para a minha infância e adolescência, hoje percebo que a moda é o veículo perfeito para mim. Não sou o típico caso “cliché” que sempre sonhou ser designer de moda, ou já confecionava saias para a irmã quando era criança. Muito pelo contrário, eu queria ser jogador de futebol, por causa de uma lesão no joelho deixei esse sonho de parte. Para mim a moda serve como um veiculo de comunicação. Mais que uma pessoa criativa, tenho em mim uma enorme vontade de expressar a minha visão, opinião, sentimento ou filosofia e em tom de retrospetiva vejo que essa necessidade sempre esteve presente em mim. Com 10 anos já escrevia rimas e tentava fazer músicas, passei pelo rap, onde era muito bom nas rodas de freestyle, produzi instrumentais, sentava-me na ultima cadeira da aula a desenhar e a rascunhar skeths para graffiti e mesmo no futebol joguei em posições criativas, como extremo, ou médio ofensivo onde tinha que imaginar e desenvolver soluções para o golo. No secundário estudei arte e já fiz videoclips para músicas, skate e até ja dancei hip-hop. O design de moda chegou até mim através de um amigo, e o que me fascinou foram as infinitas e intermináveis hipóteses de criação. No design de moda é possível criar e expressar-me sem limite, sem fim, sem barreiras, sem qualquer tipo de entraves. Fascina-me o facto de conseguir criar e inspirar-me até no mais insignificante objeto, seja pela cor, forma ou textura. Existem infinitas possibilidades através da criação de padrões, alteração, ou repetição. O simples facto de ter algo que só existe na minha imaginação e conseguir traduzir isso para algo físico, é como tornar sonhos em realidade. E a melhor parte é saber que existe alguém que está disposto a gastar dinheiro para comprar o que tu crias-te… não tenho palavras para descrever este sentimento. F: SE NÃO FOSSE MODA, A QUE TE DEDICARIAS? VA: Gestão! Pode não parecer, mas consigo encontrar uma parte criativa na gestão no sentido em que, por vezes, para além de termos que analisar informes e tudo mais, existe toda uma tomada de planos de ação que funcionam, ou não, mas que a tarefa em si de arranjar soluções e desenvolver estratégias puxa pela nossa imaginação. Conseguir chegar ao fim do dia e ver que certas decisões tomadas por ti funcionam e geram resultados positivos, faz-te sentir que a tua visão dos acontecimentos é valiosa. A parte de gerir projetos também me dá bastante prazer, pois o processo de ver as coisas a construírem-se pouco a pouco e poder acompanhar tdo o percurso, desde o nascimento de uma ideia até ao produto final, é bastante gratificante. Especialmente para quem gosta de fornecer soluções, que por vezes tocam no campo da criatividade, para contornar os pequenos obstáculos que vão aparecendo durante o desenrolar dos projectos, é quase como ver uma coleção a ganhar vida.
F: ONDE TE INSPIRAS ? VA: Com o tempo aprendi a ver a inspiração em tudo e em nada. Penso que se olharmos bem, a própria vida é a inspiração por si só, tal como a morte. Sem tentar fazer uma definição do que esta é, pessoalmente estar inspirado é algo fácil para mim, ou simples quando aprendemos a olhar para as coisas com um tom criativo. Difícil é tentar fazer com que tudo faça sentido como um todo e eu procuro constantemente atingir esse estágio, ou seja, mesmo que desenvolva ideias vindas de campos divergentes, em ultima instância têm que estar ligadas em determinado ponto. Quando crio tento relacionar-me com o que estou a criar, tenho que me rever no processo e de alguma forma identificar-me, mesmo que o conceito não represente diretamente a minha pessoa, deposito ou tento espelhar uma experiência minha. Sou um pouco narcisista neste aspeto, talvez seja por isso que opte por desenhar coleções masculinas, pois imagino-me sempre a vestir a roupa, mesmo que não seja o meu estilo, projeto as peças procurando ver a minha pessoa vestida com elas.
F: O QUE PRETENDES TRANSMITIR COM O TEU TRABALHO? VA: Nunca parei para pensar muito sobre esse assunto. A moda é uma ferramenta para expressar-me e o meu trabalho acaba por ser muito isso. Uma coisa que gosto e que pretendo fazer é interagir com o público, mexer com o espectador no sentido em que quero fazer com que a plateia sinta algo, não tem de necessariamente haver um feedback positivo, mas tem que haver feedback, nunca deixar as pessoas indiferentes. Pessoalmente sou muito atraído pela energia das coisas, das pessoas, das imagens, dos sons e nesta fase tenho em mim essa imensa vontade, de meter o que me move cá para fora, quase como que uma gigante força de viver e fazer as coisas. No futuro gostava de olhar para trás e ver que consegui “construir”, seja uma carreira ou simplesmente qualquer coisa, mas que seja ligado à arte, à música, à vida, às causas, um propósito maior que tudo isto e que principalmente inspire outros a querem ser mais, a acreditarem que é possível, nunca desistirem e olharem para o mundo sabendo que as coisas boas não acontecem só aos outros.
F: O QUE É PARA TI A MODA? VA: Olho para a moda como algo que deve ser feito para ser usado, ou seja, mesmo que possa transmitir uma ideia, exprimir um pensamento ou ser 100% criatividade, o fim deve ser traduzido em roupa para as pessoas vestirem. Por outro lado, consegue ser muito mais do que apenas roupa, é uma forma de exprimirmos quem somos, de onde viemos, ao que pertencemos, no que acreditamos. Através do guarda-roupa de uma pessoa conseguimos deduzir várias características da mesma, e se formos a ver ao longo da história a moda serviu para diferenciar estatutos e acaba por representar os contextos socioculturais das épocas. De uma forma um pouco contraditória penso que a moda é um “movimento” muito maior do que simples roupa, mas ao mesmo tempo creio que por mais conotações, mensagens, pensamentos ou ideias que queira-mos passar, esta deve ser feita para as pessoas usarem, vestirem, usufruírem e tirarem o proveito que quiserem e lhes apetecer. Tudo o que não for isso, deve ser olhado como isso mesmo e ter outro nome, pode até ser chamado de arte e tudo mais, mas não moda. Sendo curto e direto, na minha opinião, tem de ser algo criado para as pessoas vestirem. F: ACHAS AS SEMANAS DE MODA IMPORTANTES PARA O TEU DESENVOLVIMENTO ENQUANTO MARCA? VA: Sim, acho que as semanas da moda são super importantes como uma plataforma para expormos o nosso trabalho, principalmente para quem está a começar, onde todo o apoio e divulgação são fundamentais. É definitivamente uma oportunidade para fazer contactos, trocar ideias, discutir pontos de vista e ouvir diferentes opiniões. Embora a internet das coisas esteja a afetar também a moda e as semanas da moda, fazendo com que tudo aconteça muito mais rápido havendo até alguns casos de sucesso sem nunca terem pisado um palco desses, creio que é uma questão de adaptação apenas e sou adepto de novas formas de fazer as coisas e penso que quanto mais soluções e opções melhor. Contudo, por mais que a tecnologia avance e influencie este acontecimento, as semanas da moda são fundamentais para os designers e marcas. Aliás, sem elas eu não estaria a dar esta entrevista
F: CONTA-NOS UM SEGREDO SOBRE A TUA COLEÇÃO. VA: Um segredo? Esta coleção é baseada em factos reais, existe uma personagem porque também há uma parte de ficção, mas no fundo, no fundo, eu estou a contar a minha história… F: “VITANT” TEM ALGO RELACIONADO CONTIGO? COM A TUA EXPERIÊNCIA DE VIDA? VA: VITANT é a junção do meu nome Vitor Antunes, (VIT + ANT) e tem como inspiração algumas experiências pelas quais passei. Parto sempre de um acontecimento real e desenvolvo uma história um pouco cinematográfica, logo até na coleção mais bizarra será possível encontrar algo de mim mesmo que seja de uma forma mais abstrata. A ideia será sempre expressar, expressando-me. F: SEX, DRUGS AND ROCK AND ROLL? IDENTIFICAS-TE COM ESSE ESTILO DE VIDA? VA: Não levo esse tipo de vida, mas penso que no fundo todos temos esse “dark side” dentro de nós. Encaro esse estilo de viver, como uma forma despreocupada de fazer as coisas e na verdade, acho que todos gostaríamos de viver um pouco assim, longe do stress e responsabilidades do dia-a-dia. Como sou um pouco “preocupado” com o meu futuro e um bocado workaholic, gosto de maximizar o meu tempo e ser super produtivo, logo vivo uma vida muito agendada, mas confesso que apesar de nunca ter se quer fumado um cigarro (sim é verdade) se entrasse num filme gostaria de desempenhar esse papel, ser uma espécie de James Dean. F: PIOR EXPERIÊNCIA DESDE QUE ENTRASTE NO MUNDO DA MODA? VA: Não tenho assim nenhuma experiência que tenha chegado a esse ponto de ser considerada “a pior experiência”, mas após entregar o meu projeto no sangue novo, ficamos cerca de 20 dias à espera da resposta e nesses dias admito que quase não dormia de nervos. Tenho uma experiência engraçada que não foi a pior, mas talvez das melhores. Quando lancei a minha primeira marca de roupa, foi um pouco em tom de anonimato, pois quase ninguém sabia que era eu por detrás do projeto e lembro-me que a primeira encomenda de sempre, a primeira
t-shirt que vendi foi a uma pessoa, da minha cidade, que eu sabia que não gostava muito de mim, mas que sem saber que a marca era minha comprou a t-shirt e era vê-lo todo contente a desfilar e eu claro a rir-me... F: SE PUDESSES MUDAR A MODA NACIONAL O QUE FARIAS? VA: Sinceramente dava mais destaque à “young culture”, penso que lá fora esse movimento está bastante em voga e em Portugal, apesar de haver bastantes adeptos, não se dá muita atenção pelo menos por parte de quem tem o poder de o fazer. Entre as novas gerações e não só, a moda parece que está “na moda”, basta andar-mos pelo metro ou nas redes sociais, esta geração de adolescentes e jovens adultos é feita de bloggers, todos querem ser stylists, designers, artistas.
Não sei bem explicar, mas está no ar, está em todo o lado, parece um “statement”. Temos uma onda muito virada para a arte, mas ao mesmo tempo rebelde que está cheia de vontade de fazer coisas, mas que quer fazer à sua própria maneira e acima de tudo diferente. Quer queiramos ou não é uma realidade e lá fora está estampada até nas casas mais clássicas como a Valentino, Dior, Prada onde quase não vemos um único sapato clássico no desfile, onde a soundtrack chega a ser 100% trap, onde temos rappers como Asap Rocky a ser cara das campanhas. Tenho a noção que isto acontece muito porque o streetwear está na berra e claro o mercado tem de tirar proveito disso. Logo, utiliza os seus intervenientes com mais influência para faze-lo, mas acredito que por muito que esta “vibe” morra, há algo que vai ficar. Temos também muita a onda das “colaborações”, quase em tom “networking” a acontecer lá fora o que é quase o prato do dia e que aqui talvez seria bom começar acontecer, pois é uma excelente forma de fazer barulho, contactos, expandir horizontes, entreajuda e divulgação. Eu pessoalmente quero muito ir por esse caminho de representar as novas gerações e estou super aberto a fazer colaborações, partilhar ideias e fazer parcerias. F: TEREMOS PRÓXIMAS COLEÇÕES? VA: Definitivamente sim, seja como “VITANT” ou Vitor Antunes e até mesmo com outros designers, irei de certeza lançar mais coleções e fazer algumas coisas acontecerem. Sou uma pessoa muito bem resolvida e com noção daquilo que quer e para onde vai, logo um dos meus objetivos é divulgar, expandir os meus projetos e de certa forma “abanar o game”. F: AMBIÇÕES? QUANTAS? VA: Ambição é o meu nome do meio e para quem me conhece sabe disso. Por vezes, há quem confunda a minha ambição com arrogância, pois sou uma pessoa muito, muito confiante e que acredita bastante, ás vezes pareço um pastor da igreja, mas acredito muito no poder da mente e na força do pensamento. Já quis ser o Armani, já quis ser o Yves Saint Laurent, mas hoje digo-te claramente e com toda a certeza que só quero ser o próximo Vítor Antunes. Fico bastante contente pelo vosso convite e agradeço imenso esta oportunidade, desejo todo o sucesso para a Faire Magazine e espero que daqui por 10/15 anos possamos voltar a conversar e que seja numa loja minha em Tóquio, New York, Londres ou no Dubai, num Hotel da minha marca.
por Vera Gomes
LOGOMANIA este conte uma história. Contudo, têm aparecido no mercado nomes por vezes diferentes mas que conseguem a atenção de todos. Passa automaticamente de uma necessidade técnica a um show, um show que vende onde quer que passe.
O mercado obriga-as a serem rápidas. A comunicação tem de ser feita para ontem. As vendas têm que subir instantaneamente. Mas... como conseguem as marcas de luxo acompanhar essa rapidez? Definitvamente existem muitas estratégias de marketing. Desde fazerem colaborações com marcas de streetwear, investir nas redes sociais fazendo livestream e digital engagement com os consumidores e talvez a que mais tem sobressaído: a mudança do logótipo. Depois de uma análise intensiva, apurou-se três possíveis casos de estudo no mercado actual: Burberry, Céline e Coach Inc. Todas elas actuam no mercado de luxo. Todas elas têm um público-alvo muito específico. No entanto, todas sentiram necessidade de actualizar a imagem. Para quê? Precisamente para demonstrar que estão a acompanhar a rapidez do mercado e captar novos compradores. O logótipo é a primeira impresão de uma marca. É um pequeno grande detalhe muitas vezes pensado e repensado, querendo sempre que
Na sua maioria, este fenómeno tem acontecido aquando a mudança do director criativo da marca, tendo este uma arma infalível para deixar os compradores k.o. Falando específicamente das marcas. Burberry. Marca tipicamente britânica fundada em 1856 por Thomas Burberry. Nos dias de hoje Riccardo Tisci assume a direção criativa que, tal como o designer já habituou o mercado, a irreverência está sempre lá. Assim sendo juntou-se ao conceituado designer gráfico Peter Saville para criar uma identidade que relembre o património criado até agora e abordagem que ambos os criadores prevêm para o século XXI. Celine. Tem dado que falar. Ou se ama ou se odeia. Mais uma vez Heidi Slimane é o responsável pela polémica. Para isso, precisamos que se lembre da queda de ‘Yves’ da actual Saint Laurent em 2012. Segundo a marca, o acento foi retirado para simplificar e tornar a porporção mais equilibrada remetendo às primeiras coleções de 1960. Usada a tipografia modernista dos anos 30 onde o espaçamento entre letras enstreitece. A palavra ‘PARIS’ continuará presente nas etiquetas e embalagens, contudo sairá das campanhas. - Coach Inc. Agora Tapstry Inc. Empresa fundada em 1940, onde tudo começou com um workshop e instantaneamente tinha 17.000 trabalhadores. É uma holding company (empresa que possui acções de outras empresas) que deseja representar a ideia de individualidade capacidade das marcas de
se expressarem e partilharem osm seus valores. Coach New York, Kate Spade New York e Stuart Weitzman são as marcas controladas por esta companhia sendo então elas as que ditam as regras de modificações a fazer face ao mercado. Aqui o público-al- vo não é único que precisa de ser convencido; os investidores, os empregados e as outras marcas são também base para uma análise aprofundada da evolução natural do mercado.
Esta mudança é arriscada. O consumidor da marca é quem geralmente dita se esse passo pode ser dado ou não. Contudo quando acontece, acontece por uma razão mais séria do que parece: reformulação da marca e resolução de possíveis problemas. parece um processo relativamente fácil. No entanto, é mais perigoso do que parece. O tudo ou nada acontece, dependendo para que lado se dê o tombo.
A FIGHT FOR A LOSS
Fotografia : Pedro Afonso Designers: Miguel Vieira . Pedro Neto Modelos: Caspar Roth by Karacter Agency Estian Govea by We Are Models Maquilhagem: Maria Serrano Produção: Fábio Sernadas Agradecimento: Showpress
O CONSUMO MASCULINO
#WHAT’S
NEXT?
Sabia que o Homem passou a ser o principal consumidor no Mundo? Deixando as mulheres em 2º lugar.
FACTOS DESCONHECIDOS NO MUNDO DA MODA
Sabia que durante os anos 70 na Coreia do Sul existia a Polícia da Moda? A sua função era medir as mini-saias das mulheres e caso fossem muito curtas, seriam presas.
‘SEE NOW, BUY NOW’ Na próxima edição, vamos explicar o novo conceito de apresentação e venda das marcas. E para juntar à conversa, falamos com os fundadores da Minty Square que nos contarão um pouco sobre o seu trabalho e a moda em Portugal.
OLGA NORONHA
Olga Noronha nasceu no Porto, em 1990. Aos 11 anos, dá os primeiros passos na Joalharia Contemporânea, frequentando a Escola Engenho & Arte, no Porto, e após finalizar o ensino secundário ruma a Londres.
JOÃO PAULO SOUSA Natural da aldeia da Cumeira, concelho de Alcobaça, João Paulo Sousa apaixonou-se logo pela televisão na primeira vez que esteve em contacto com este mundo.