Hipercromia

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HIPERCROMIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Márcia Adriana Pontes1, Raquel Levin2 1

Pós-graduanda em Estética pela Faculdade Método de Ensino.

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Professora do Curso de Pós-graduação em Estética da FAMESP e Orientadora do

trabalho. RESUMO O aparecimento de manchas escuras, principalmente na face, se configura em incômodo e preocupação por parte de um número cada vez maior de pessoas, principalmente mulheres, já que é um problema estético desagradável, muito visível e com tendência a se agravar com o tempo. Conhecida como hipercromia, estas manchas escuras resultam de duas situações: produção excessiva de melanina ou aumento do número de melanócitos e visualmente deixam algumas regiões da pele mais escuras que o normal. A origem das manchas pode ser congênita ou adquirida e surgirem devido ao sol, envelhecimento, variações hormonais, inflamações, alergias, dentre outros. Na maioria dos casos, o tratamento dermatológico estético destas manchas as ameniza ou até as elimina. É foco deste artigo, a hiperpigmentação em todas as suas ocorrências, principalmente aquelas que se localizam frequentemente em áreas fotoexpostas, suas causas e os variados e eficazes tratamentos existentes na dermatologia estética, com base em revisão bibliográfica. Palavras-chave: Hipercromia. Hiperpigmentação. Melanina. Melasma.

INTRODUÇÃO A hipercromia ou hipermelanose é a mais frequente das discromias e caracteriza-se pelo aparecimento de manchas escuras, localizadas principalmente em áreas fotoexpostas como face, antebraços e pescoço, conforme Tedesco, Adriano e Silva (2007). De acordo com Gonchoroski e Corrêa (2005), sua ocorrência deriva de duas situações: produção excessiva de melanina (pigmento que dá coloração à pele) ou aumento do número de melanócitos (célula produtora do pigmento). As hipercromias de maior ocorrência são o melasma (cloasma), a melanose solar, as efélides (sardas), a fitofotomelanose e a hipercromia pós-inflamatória (ALCHORNE; CESTARI, 2001; RIBEIRO, 2010).


A origem das manchas pode ser intrínseca: hereditária, variações hormonais, biotipo cutâneo, fototipo cutâneo, hereditariedade, envelhecimento, má alimentação, alergias, acúmulo de toxinas através do cigarro, inflamações, entre outros; ou extrínseca (adquiridas) surgindo em decorrência da exposição ao sol, clima, radiações, dentre outros, de acordo com Bueno (2013). Nos dias atuais, a busca pela pele perfeita, sem manchas, aveludada e de aspecto jovem, faz com que as queixas em relação às manchas sejam cada vez mais frequentes, já que as mesmas causam alterações visuais notórias, principalmente na região da face. Justamente por isso, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (2015), o índice de reclamações e procura por tratamentos específicos a estes problemas está em segundo lugar. O público reclamante se constitui principalmente de mulheres, que se sentem esteticamente prejudicadas com as variações de coloração da pele. O tratamento dermatológico estético destas manchas, na maior parte dos casos, pode suavizar ou até mesmo eliminá-las. A finalidade do texto é conhecer os tipos de hipermelanose e seus tratamentos

mais

eficazes,

com

agentes

despigmentantes,

tais

como

a

hidroquinona, o ácido glicólico, ácido retinoico, ácido kójico, entre outros, o laser e o LED azul. O texto foi elaborado com base em revisão bibliográfica explicativa sobre as hipercromias e os tratamentos mais utilizados, pesquisando dados qualitativos, para alcançar maior conhecimento e compreensão da temática abordada.

A PELE A pele é o maior órgão do corpo humano, envolve o corpo revestindo-o e determinando seu limite com o meio externo. Suas funções são proteger o corpo de micro-organismos e outros elementos, controlar o fluxo sanguíneo, defesa orgânica, regular a temperatura corporal e permitir sensações tais como tato, calor, frio, pressão, como apontam Martinez (2015) e Lima (2015). Segundo Lima (2015), a pele é um órgão vital e a sobrevivência seria impossível sem ela. Esta

estrutura

que,

conforme

Noé

(2015)

possui

uma

área

de

aproximadamente 1,6 m2 nas mulheres e 1,9 m2 nos homens, apresenta três camadas, segundo a Academia Brasileira de Dermatologia (2015) e Lima (2015):


a) epiderme: a camada mais externa da pele, visível ao olho nu e tem como funções servir de barreira de proteção corporal, proteger de danos externos, regulam a saída de água e a entrada de substâncias e micróbios do organismo. Nesta camada se encontram os queratinócitos (células epiteliais que sofrem o processo de queratinização ou corneificação quando migram da sua parte basal para a superfície e impermeabilizam a pele devido à proteína queratina), os melanócitos (células que produzem a melanina, o pigmento de coloração da pele), células de defesa imunológica (células de Langerhans), além dos anexos cutâneos como unhas, pelos, glândulas sudoríparas e sebáceas. Localizam-se também nesta camada os poros (orifícios para a saída do suor) e as aberturas dos folículos pilossebáceos (pelo + glândula sebácea); b) derme: intermediária, é formada por fibras de colágeno, elastina e gel coloidal, que fornecem elasticidade, tonicidade e equilíbrio à pele. Também apresenta os vasos sanguíneos e linfáticos, os nervos sensitivos e suas terminações nervosas, que recebem estímulos do meio ambiente, tais como calor, frio, dor, pressão, vibração, cócegas e prazer e transmitem essas sensações ao cérebro. A região onde se unem a epiderme e derme é chamada de junção dermo-epidérmica, composta de células com formatos de dedos que aumentam a superfície de contato entre as duas camadas e facilita a nutrição da epiderme através dos vasos sanguíneos. Aqui também se localizam os folículos pilosos, as glândulas sebáceas que produzem o sebo e as glândulas sudoríparas, responsáveis pela produção do suor; c) tela subcutânea (antes chamada de hipoderme): é a camada mais interna, formada basicamente por feixes de tecido conjuntivo que envolvem as células de gordura (adipócitos). Devido a isso, possui espessura variável, de acordo com cada pessoa. Serve de apoio à derme e à epiderme, unindoas ao corpo. Tem a função de proteger contra traumas físicos, manter a temperatura do corpo, e acumular energia (depósito de calorias) para o desempenho das funções biológicas.


Figura 1 – Camadas da pele. A pele do rosto é um sistema de revestimento muito parecido com o aparelho digestivo, porém, difere das outras estruturas epiteliais pelo fato de ficar continuamente exposta a um ambiente externo agressivo, submetida à ação do vento, poeira, ar condicionado e principalmente da radiação solar. (BUENO, 2013, p. 149)

Gonchoroski e Corrêa (2005) observam que a boa aparência da pele deriva da boa saúde do órgão e do funcionamento eficiente e harmônico das estruturas que compõe a mesma. Quando há uma produção exagerada de melanina, ocorrem as desordens de pigmentação, chamadas hipercromias.

A COR DA PELE, O MELANÓCITO E A MELANINA A melanina é o pigmento responsável pela coloração da pele e localiza-se na epiderme, a camada mais externa da pele. Produzida na parte basal desta camada, no interior dos melanócitos, é transportada através dos dendritos dos melanócitos para o interior dos queratinócitos (ceratinócitos), se posicionando sobre seus núcleos, como apontado por Matos e Cavalcanti (2009). Conforme relatado por Ribeiro (2010), a formação da melanina se dá no interior dos melanossomas, por uma reação bioquímica entre o aminoácido tirosina e a enzima tirosinase, processo esse denominado melanogênese. Os melanossomas são formados no interior dos melanócitos, a partir do complexo de Golgi.


Figura 2 – Melanócitos - sua disposição na epiderme e sua inter-relação com os ceratinócitos. A produção de pigmento melanina acontece através de um processo enzimático oxidante do aminoácido tirosina mediado por uma enzima, que é dependente do íon cobre para funcionar, este processo recebe o nome de melanogênese. (FERREIRA, 2013, s/p)

De acordo com Costin e Hearing (2007), a melanogênese ocorre no interior do melanossoma, uma organela altamente organizada que possui membrana elíptica, situadas próximas às vesículas de Golgi, onde recebem todas as proteínas estruturais e enzimáticas que são necessárias para a melanogênese. A síntese de melanina é iniciada após o processamento e a presença da Pmel17, uma proteína estrutural do melanossoma que altera a forma dos mesmos tornando-os mais alongados e fibrilares, que contém tirosinase. O pigmento é depositado de modo uniforme sobre as fibras internas do melanócito, que volta a assumir a forma elíptica, com mínima atividade da tirosinase (TYR). Esta melanogênese se refere principalmente ao desenvolvimento das EUmelanossomas, que contém os pigmentos de negro a castanho, mas são muito semelhantes ao desenvolvimento das feo-melanossomas, que contém pigmentos amarelo avermelhado, sendo que a diferença se encontra na fase de maturação, onde este último não assume a forma de fibras, permanecendo arredondado, como aponta Costin e Hearing (2007). A tirosinase, segundo Oliveira (2011), é uma metaloenzima primordial para a formação da melanogênese e age catalisando a tirosina, de onde provêm todas as


unidades básicas das melaninas. Seu sítio ativo é composto de dois átomos de cobre e cada um deles está ligado a três resíduos de histidina. Como aponta Oliveira (2011), a melanina, um biopolímero heterogêneo, é classificada em dois tipos, a eumelanina (marrom a negra) e feomelanina (amarela e vermelha) que determinam a cor da pele, A cor da pele normal é dada pela mistura de quatro biocromos: carotenoides (amarelo), hemoglobina reduzida (azul), oxi-hemoglobina (vermelho) e melanina (marrom). A melanina é o principal determinante da coloração da pele, sendo que variações geneticamente controladas na sua quantidade e distribuição determinam as diferentes cores da raça humana. (GHIDETI e OMAR, 2009, s/p.)

A função principal da melanina é proteger o DNA da ação danosa da radiação Ultravioleta (UV), se colocando como um capuz sobre os núcleos dos queratinócitos basais, absorvendo a energia desta radiação e convertendo-a em energia calorífica menos tóxica para as células. Devido a isso, um dos principais estímulos a melanogênese é a radiação UV e, consequentemente, a pele negra tem maior nível de proteção contra a radiação UV do que a pele branca, como expõe Oliveira (2011). Ainda de acordo com Oliveira (2011), as radiações Ultravioletas mais danosas são:  UVA, que atingem as camadas mais profundas da pele devido ao seu longo comprimento de onda, causando danos celulares resultantes da produção de radicais livres e espécies reativas de oxigênio, pois ao penetrar na célula, são absorvidos pelo oxigênio molecular e por substâncias cromóforas fotossensíveis, produzindo espécies reativas de oxigênio e radicais livres, que são responsáveis diretos por danos causados ao DNA e pela destruição de membranas e estruturas celulares, por meio da oxidação de proteínas e ácidos graxos, dando origem a radicais lipídicos;  UVB, absorvidos por partes do ácido nucleico que se fragmenta resultando, por excitação direta dessa molécula, em danos diretos ao DNA. Os hormônios estão igualmente ligados à melanogênese, como aponta Oliveira (2011), já que os queratinócitos participam deste processo, através da secreção de vários hormônios que controlam a quantidade de melanina na pele,


assim como a diferenciação dos melanócitos em produtores de eumelanina e feomelanina. A estimulação do melanócito por fatores internos ou externos leva a produção excessiva de melanina epidérmica ou dérmica o que origina manchas hipercrômicas. Muitos são os fatores que se apresentam como capazes de converter um átomo normalmente estável em um radical livre. Dentre esses fatores destacam-se as radiações ionizantes de qualquer tipo, inclusive as ultravioletas. (BUENO, 2013, p. 149)

Apesar desta característica protetora e, portanto, antioxidante, a melanina também é um pró-oxidante, já que seus elementos intermediários como a eumelanina e em especial a feomelanina, dependendo de seu peso molecular e estado de polimerização, podem gerar espécies reativas de oxigênio induzidas pela radiação UV, que potencializam o dano ao DNA, como menciona Oliveira (2011). A desigualdade da coloração em regiões delimitadas, pode se dar pela produção excessiva de melanina (pigmento que dá coloração à pele) ou aumento do número de melanócitos (célula produtora do pigmento), segundo Gonchoroski e Corrêa (2005). “Epidermal and dermal hyperpigmantation can be dependent on either increased numbers of melanocytes or activity of melanogenic enzymes” (ORTONNE; NORDLUND, 1998, p. 489-502 apud BRIGANTI et al., 2003, p. 101). A disfunção na produção de melanina, de acordo com Bueno (2013), ocorre devido a alterações hormonais, idade, predisposição genética e exposição solar excessiva, que resulta na coloração diferente da cor natural da pele, causando um efeito visual que incomoda. Segundo afirma Ribeiro (2010), o aumento de melanina na epiderme resulta na hipermelanose epidermal, resultado de um acréscimo a produção da melanina pelos melanócitos existentes, disfunção chamada de hiperpigmentação melanótica, ou então devido a um aumento dos melanócitos ativos, chamada de hiperpigmentação melanocitótica. A maioria dos casos de hiperpigmentação, a intensidade da pigmentação se dá pelo aumento na produção de melanina sem alteração no número de melanócitos ativos, onde estão inseridos os casos de sardas e hiperpigmentação pós-inflamatória. Enquadram-se no segundo caso o lentigo e o bronzeamento. Segundo a SBD (2015) a cor da pele ou fototipo é classificada através da escala de Fitzpatrick, organizada por grupo, eritema, pigmentação e sensibilidade ao sol, respectivamente, conforme a seguir:  I – Branca – Sempre queima – Nunca bronzeia – Muito sensível ao Sol;


 II – Branca – Sempre queima – Bronzeia muito pouco – Sensível ao Sol;  III – Morena clara – Queima (moderadamente) – Bronzeia (moderadamente) – Sensibilidade normal ao Sol;  IV – Morena moderada – Queima (pouco) – Sempre bronzeia – Sensibilidade normal ao Sol;  V – Morena escura – Queima (raramente) – Sempre bronzeia – Pouco sensível ao Sol;  VI – Negra – Nunca queima – Totalmente pigmentada – Insensível ao Sol. ESTRESSE OXIDATIVO E A MELATOGÊNESE

Os melanócitos são particularmente sensíveis ao estresse oxidativo (causado pela descompensação dos sistemas oxidante e desoxidante, tornando o primeiro mais ativo) que é cronicamente gerado na melanogênese, conforme relata Freitas (2014). Ele é originado por fatores como:  aumento da produção de oxidantes, como exposição aos raios UVs (a excessiva exposição solar exerce grande efeito sobre o sistema imune cutâneo, induzindo a um estado de imunossupressão local e ao estresse oxidativo), metabolismo de drogas e toxinas, fumo e excessiva ativação de células fagocíticas em processos inflamatórios;  diminuição na concentração de antioxidantes endógenos (mutações) ou carência de antioxidantes dietéticos (desnutrição severa provoca a depleção de cobre, manganês, zinco e vitaminas). Foi mostrado anteriormente que o cobre é um elemento fundamental na produção da tirosinase e, consequentemente, da melanina, além disso, a deficiência do cobre é fator de comprometimento direto e indireto de vários componentes do sistema de defesa antioxidante (OLIVEIRA, 2011; FREITAS, 2014). Freitas (2014), salienta que os minerais como zinco, cobre, selênio e as vitaminas C, E e A são nutrientes antioxidantes fornecidos pela dieta e representam os elementos dos mecanismos de defesa exógenos utilizados pelo organismo para se proteger e possuem um papel decisivo na defesa primária da agressão oxidativa. Os elementos endógenos que o organismo se dispõe para combater os danos


oxidativos como inibidores preventivos são as enzimas superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT) e glutationa peroxidase (GPx). Os antioxidantes, de acordo com Freitas (2014), são compostos que protegem sistemas biológicos contra os efeitos que possam se tornar prejudiciais, resultantes de processos ou reações que promovam a oxidação de macromoléculas ou estruturas celulares. Os radicais livres são combatidos pelos antioxidantes através da: eliminação das espécies reativas de oxigênio pelas enzimas catalíticas, blindagem dos íons metais requeridos para transformá-los em espécies mais reativas, reparação dos danos nos salvos celulares, minimizando a produção de radicais livres e na destruição ou reparação de moléculas. Acumulam-se evidências de que os antioxidantes promovem um rápido reparo dos danos oxidativos (por meio do sequestro de espécies reativas de oxigênio na membrana lipídica, por ex.), ajudando a reduzir a produção de radicais livres, a lipoperoxidação lipídica, promovendo reparo os danos ao DNA e proteínas e assim atenuando os danos oxidativos na pele. (FREITAS, 2014, p. 33)

Sobre os antioxidantes exógenos, Freitas (2014) elenca aqueles que exercem papel decisivo na defesa primária da agressão oxidativa:  vitamina C, considerada a mais efetiva, devido sua característica de eficiente doadora de elétrons numa reação biológica de redução, principalmente em metais de transição (em particular Fe3+ e Cu2+) presentes nos sítios ativos das enzimas ou em formas livres no organismo. É hidrossolúvel e está presente nos lipossomos e líquidos intracelulares. Converte espécies reativas de oxigênio (EROs) e espécies reativas de nitrogênio (ERNs) em espécies inofensivas e seus derivados são pouco reativos (radical ascorbato);  vitamina E (tocoferóis e tocotrienóis), molécula lipossolúvel, atua na interrupção de reações em cadeia de peroxidação lipídica e pode ser regenerada por mecanismos não enzimáticos pela vitamina C, e por mecanismos enzimáticos, pela glutadiona reduzida (GSH). Distribuise pelas membranas lipossolúveis e tem efeito modulador sobre as respostas inflamatórias e imunes;  vitamina

A,

importante

antioxidante,

tem

como

precursor

o

betacaroteno; atua como preventivo e varredor de radicais livres, inibindo a peroxidação lipídica e inativando o oxigênio singlete (O2) e


os radicais peroxila (LOO-)

hidroxila (OH-) e superóxido (O2−),

reduzindo assim a oxidação do DNA e lipídios;  zinco, mineral que atua em nível celular protegendo contra a depleção de vitamina E e estabilizando membranas, constitui a enzima superóxido dismutase (SOD), catalisadora da dismutação de duas moléculas de ânion radical superóxido em oxigênio e peróxido de hidrogênio;  cobre, participa diretamente da produção do aminoácido tirosina, responsável pela melanogênese;  selênio, mineral essencial para combater a peroxidação lipídica de membranas celulares e subcelulares, modula a produção de mediadores inflamatórios e atua na replicação de DNA e transcrição de RNA. Apesar de seus efeitos antioxidantes, Freitas (2014) salienta que os riscos do uso destas substâncias devem ser considerados, tanto por via oral quanto tópica, uma vez que doses elevadas podem aumentar o risco de câncer de pele.

MELASMA Conforme aponta a Academia Americana de Dermatologia – AAD (2015) e Handel, Miot e Miot (2014), o melasma é um problema dermatológico comum, que se caracteriza por suas marcas castanho-acinzentadas de contornos irregulares e limites claros, localizadas mais comumente em áreas que ficam expostas ao sol, como rosto e região cervical e também aparece em outras partes do corpo, embora de forma menos comum, como antebraços e pescoço. De acordo com Handel, Miot e Miot (2014), as lesões podem ser classificadas em dois tipos, de acordo com sua distribuição clínica, embora uma grande parcela de pacientes as apresente nas duas regiões: a) lesões centrais: predominantes no centro da face, como glabelar (entre as sobrancelhas), frontal, nasal, região zigomática, lábio superior e queixo; b) lesões periféricas: regiões fronto-temporal, áreas pré-auriculares, e mandibulares. Melasmas que afetam membros superiores ocorrem principalmente em pessoas mais velhas e mulheres na menopausa podendo ser associado com a terapia de reposição hormonal, como apontam Handel, Miot e Miot (2014).


É comum aparecer em pessoas com pele morena, como latinos, hispânicos, norte-africanos, afro-americanos, asiáticos, indianos, originários do Oriente Médio e descendentes de mediterrâneos, assim como pessoas que tenham parentes de primeiro grau portadores de melasma, como mencionado pela AAD (2015). Segundo a AAD, os fatores que disparam o aparecimento do melasma, são: a) exposição ao sol: a exposição aos raios UV estimulam os melanócitos e devido a isso, mesmo uma pequena exposição ao sol, faz com que melasmas que já haviam atenuado, voltem a aparecer. No verão isso é pior e esta é a razão pela qual as pessoas que possuíam melasma voltam a apresentá-lo novamente; b) alterações hormonais, principalmente as que ocorrem durante a gravidez e nas gestantes, são chamados cloasmas. Pílulas anticoncepcionais e tratamentos

de

reposição

hormonal

também

desencadeiam

seu

aparecimento; c) uso de cosméticos que irritam a pele piora o melasma. Outros fatores, como tumores ovarianos, disfunção tireoidiana, drogas fototóxicas e fotoalérgicas, disfunções hepáticas, fatores nutricionais e o uso de anticonvulsionantes

como

a

difenil-hidantoína,

podem

estar

podem

estar

relacionados ao aparecimento dos melasmas, como considera Matos e Cavalcanti (2009). Essa condição aparece mais frequentemente em mulheres (90% da população feminina) do que em homens (apenas 10%) e em pessoas que já passaram da puberdade, como observado por Matos e Cavalcanti (2009).

Figura 3: Melasma.


O melasma não apresenta sintomas, mas somente alterações visuais na pele. Seu diagnóstico é essencialmente clínico e se dá através da observação, não apresentando dificuldades aos dermatologistas. Para identificar a profundidade do mesmo, o dermatologista observa a pele sob um dispositivo conhecido como luz de Wood, em ambiente totalmente escuro. Quando se aparenta com alguma outra condição, da pele é retirada uma amostra no próprio consultório, para a realização do exame de biópsia (AAD, 2015, HANDEL; MATOS; CAVALCANTI, 2009; MIOT; MIOT, 2014). Na Figura 4, segue a comparação de uma fotografia comum e uma na presença da lâmpada de Wood, que evidencia os limites da mancha frontal.

Figura 4 – Luz de Wood: diagnóstico do melasma.

Estudos histológicos do melasma demonstram que este é caracterizado por uma hiperpigmentação epidérmica e que o número dos melanócitos permanece o mesmo. O que ocorre é que estes se hipertrofiam e mostram um grande número de dendritos e organelas citoplasmáticas, indicando que há um aumento na atividade metabólica. Há um aumento no total de melanina de todas as camadas da epiderme e também no número de melanossomos maduros. Na derme, há uma discreta infiltração mononuclear, a presença de mastócitos, aumento da vascularização e elasticidade. Não há diferenças de pigmentação entre a derme afetada e a derme adjacente saudável, conforme apontam os estudos de Handel, Miot e Miot (2014). MELANOSE SOLAR OU LENTIGOS Conhecida também como manchas senis tem origem na alteração de produção e distribuição da melanina, que passa a ser irregular. Caracterizam-se por manchas castanho-escuras a negras, situadas em alguns pontos e resultado dos


danos causados pela exposição solar ao longo dos anos. Neste caso os melanócitos produzem muita melanina e a hiperpigmentação basal é mais intensa (MODELLE CENTER, 2013; RIBEIRO, 2010). Geralmente surgem nos dorsos das mãos, no ante-braço e na face de indivíduos com idade superior a 40 anos. Apresentam superfície rugosa e são de difícil tratamento, pois o pigmento depositado (lipofuscina) é deixado pela degradação química ou digestão de células sanguíneas danificadas (oxidação). (CHAMBARELLI, 2007, s/p)

EFÉLIDES (SARDAS) As sardas são caracterizadas por pequenas manchas, normalmente com diâmetro menor do que meio centímetro, que costumam aparecer a partir dos três anos em pessoas de olhos, cabelos e pele claras, nas regiões do corpo que ficam mais expostas ao sol. Seu caráter é hereditário e advém dos célticos ou seus descendentes. Apresentam respostas muito boas aos tratamentos clínicos, por motivo de serem mais superficiais e também causadas por um aumento dos melanossomas e da produção da melanina e não derivado de um aumento no número de melanócitos ativos. Apesar disto, a proteção da pele deve ser constante, pois acabam retornando com a exposição solar (CHAMBARELLI, 2007; RIBEIRO, 2010). Conforme observado por Chambarelli (2007), apesar de consideradas charmosas, seu tratamento não deve ser dispensado, pois ao longo do tempo podem tornar-se manchas senis e alguns estudos afirmam que seus portadores tem mais probabilidade de desenvolver câncer de pele.

FITOFOTOMELANOSE A fitofotomelanose consiste em manchas originadas pelo contato direto com substâncias fotossensibilizantes (alguns medicamentos sistêmicos ou tópicos, certas plantas ou alimentos) com a pele e subsequente exposição à radiação, primeiramente deixando o local vermelho, evoluindo para uma resposta inflamatória que pode levar à formação de bolhas e seguindo posteriormente para o desenvolvimento de uma hiperqueratose e hiperplasia melanocítica, originando as manchas marrons (CHAMBARELLI, 2007; RIBEIRO, 2010).

HIPERCROMIA PÓS-INFLAMATÓRIA


A hiperpigmentação, nesta situação, consiste na alteração no grau de produção de melanina, após qualquer processo inflamatório, agudo ou crônico. Observa-se em peles que sofrem traumas repetidos (escoriações e fricções), após dermatite de contato, como sequela de acne, furúnculo e ectiema, conforme descreve Salgado (2009). Esta modalidade de pigmentação ocorre principalmente em pessoas de pele escura, logo após o restabelecimento de uma inflamação, como por exemplo, a acne, dermatite de contato, dermatite atópica ou outros traumas, através da liberação das citoquinas no processo inflamatório, que estimulam a melatogênese, como apontado por Ribeiro (2010). Baumann (2004), afirma que são mais comuns em pessoas com pele mais escura, todavia podem surgir em qualquer tipo de pele. Apresentam-se como áreas pigmentadas irregulares, que surgem após situações de inflamação. Eventos cutâneos de maior gravidade como cirurgias, traumas, queimaduras, tratamentos químicos como peeling e ressuperficialização a laser (“resurfacing”) podem acelerar o processo e pessoas com sensibilidade podem sofrer reincidência.

TRATAMENTOS O tratamento das hipercromias através da cosmetologia, de acordo com Rosseto (2015), tem avançado grandemente nos últimos 20 anos e os produtos cosméticos passaram a fazer parte do cotidiano do brasileiro. Ribeiro (2010) assegura que a melhora da hiperpigmentação varia de acordo com o tipo e intensidade da mesma, assim como do que a causa. “Quanto mais superficiais forem as manchas, melhores os resultados obtidos com o uso de cosméticos” (RIBEIRO, 2010, p. 182). Conforme Rosseto (2015), os profissionais de beleza, em especial os esteticistas possuem um papel relevante no desenvolvimento técnico e científico da cosmetologia e sua educação continuada, dirigida ao conhecimento e utilização dos princípios ativos para despigmentação cutânea, já que as substâncias diferem em aspectos como estrutura química, dosagem usual, concentração, pH, mecanismos de ação, entre outros. Porém, em alguns casos, é necessária a intervenção médica com a utilização de ativos farmacêuticos que não são permitidos em formulações cosméticas, conforme relata Ribeiro (2010).


A utilização de formulações com ativos de propriedades clareadoras se faz importante, como relata Ribeiro (2010) e suas funções são: a) inibição da tirosinase, enzima chave na síntese de melanina; b) diminuição dos melanócitos funcionais; c) supressão de reações inflamatórias, tais como o eritema, que ocorre após exposição ao UV; d) antioxidantes de precursores da melanina na reação de melanogênese; e) esfoliação dos queratinócitos carregados de melanina. Alguns dos agentes químicos despigmentantes mais utilizados para o tratamento e clareamento de manchas são: a hidroquinona, o ácido fítico, o ácido kójico, Biowhite, Arbutin, ácido ascórbico (vitamina C), os retinoides, ácido glicólico, ácido azelaico e ácido mandélico (esse mais recomendado para peles morenas e negras) (KEDE; SABATOVICH, 2009; NOVA ESTÉTICA, 2008; ROSSETO, 2015).

ATIVOS DESPIGMENTANTES Hidroquinona A hidroquinona é o despigmentante mais utilizado no tratamento das hipermelanoses, melasma, cloasma, hiperpigmentação pós-inflamatória, lentigo senil e sardas, desde 1961. Sua ação despigmentante não se dá em curto prazo e tem o poder de inibição da tirosinase, degradando as membranas do complexo de Golgi e impedindo a transferência dos melanossomos para os queratinócitos, quando utilizado em longo prazo, porém pode causar efeitos colaterais como manchas hipocrômicas, irritações cutâneas, eritema e ardor, fotossensibilização, dermatite de contato, citotoxicidade e até mesmo ocronose (dermatose caracterizada por hiperpigmentação negro-azulada fuliginosa), quando em uso prolongado de altas concentrações. Sua utilização altera a síntese do DNA e RNA, causando danos sobre melanócitos e melanossomas, podendo levar a despigmentação permanente até em áreas distantes de sua aplicação. Por essas características, seu uso foi banido na Europa e no Japão e há riscos de ser banido também dos EUA. Embora a concentração usual seja de 2 a 10%, na indústria de cosméticos brasileira só é permitida a concentração de 2%. É utilizado em associação com ácido retinoico e um corticoide, para potencializar seu efeito clareador, sendo que o ácido retinoico age como esfoliante, o que facilita a penetração da hidroquinona e a dexametasona,


que diminui o efeito causado pelos dois ativos (MATOS; CAVALCANTI, 2009; RIBAS et al., 2010; RIBEIRO, 2010; ROSSETO, 2015;TEDESCO; ADRIANO; SILVA,2007). Ácido fítico Este é um ácido despigmentante cuja origem é natural e possui propriedades hidratantes encontradas nas sementes de alguns cereais como: aveia, arroz e gérmen de trigo. Seus resultados são graduais, devido sua ação suave e progressiva na inibição da tirosinase. Quimicamente trata-se do hexafosfato de inositol, de acordo com Rosseto (2015). RIBEIRO (2010, p. 190), descreve: “Como é um quelante de cobre, o ácido fítico inibe a tirosinase por um mecanismo semelhante ao do ácido kójico. [...] exibe menos efeito despigmentante do que a hidroquinona, porém com maior segurança”.

Ácido kójico O ácido kójico é um forte despigmentante de característica não citotóxica, que age como inibidor da tirosinase por meio da quelação dos íons de cobre e dos precursores da formação da melanina (o-quinonas, norepinefrina e dopamina). Bastante utilizado no Japão, tem ação suave sobre a pele, não causando irritação nem fotossensibilização, permitindo seu uso durante o dia. Torna-se estável e não oxida quando associado ao ácido glicólico a 5% e seus resultados clareadores são semelhantes ao da hidroquinona em baixas doses. É resultado da fermentação do arroz por algumas espécies de bactérias como a Aspergillus e Penicillium. Seu efeito é visível de duas a quatro semanas de uso contínuo, porém pode demorar mais em pessoas de pele muito espessa ou oleosa. Apresentado em forma de cremes e emulsões fluídas não iônicas, géis, géis creme e loções aquosas, na concentração de 1 a 3%. Sua eficácia clareadora em uso isolado, não é citada em trabalhos publicados (GONCHOROSKI; CORRÊA, 2005; MATOS; CAVALCANTI, 2009; ROSSETO, 2015). Segundo Fagron (2015), age preventivamente sobre o fotoenvelhecimento e a formação de rugas.

Ácidotranexâmico O ácido tranexâmico, (TA) uma droga que normalmente é utilizada para tratar ou evitar hemorragias nas mais variadas condições médicas vem sendo sido


estudada como alternativa para o tratamento de desordens pigmentares, incluindo o melasma, tanto na forma oral como na tópica, apresentando resultados promissores. O uso oral de 250 mg por dia e a aplicação tópica de uma solução de TA (500 mg/5ml) aplicados por 20 minutos três vezes por semana, após duas semanas apresentaram uma melhora significativa e apenas o centro da epiderme apresentou áreas levemente rosadas e em três semanas as lesões desapareceram. A sensação de queimação e o eritema duram pouco. A aplicação tópica do TA é simples, confortável e o tratamento é de baixo custo e se o paciente não apresenta histórico familiar de doenças cardíacas coronarianas e coagulopatia, o uso oral pode beneficiar o tratamento. O processo baseia-se na hipótese de que plasmina promove a síntese de melanina através das interações entre melanócito e queratinócito. O TA impede a conversão de plasminogênio em plasmina através da inibição da ação do ativador do plasminogênio formando um complexo reversível, como explicitam Kim et al. (2012). Pycnogenol O pycnogenol 1 é, segundo Ni, Mu e Gulati (2002) e Pinto et al. (2015), um extrato retirado da casca do pinheiro marítimo francês (Pinus pinaster) que contém monômeros de compostos fenólicos (catequina, epicatequina e taxifolina) e flavonoides condensados (procianidinas). Conhecido como antioxidante mais potente do que a vitamina E e a vitamina C, esta substância age também como reciclador da vitamina C e regenerador da vitamina E, aumenta o sistema de enzimas antioxidantes endógenas e protege contra a radiação ultravioleta, podendo ser utilizado com eficácia no tratamento de melasmas. O tratamento se dá com a ingestão de 75 mg de Pycnogenol 1 por dia, através de comprimidos, distribuídos em 3 vezes ao dia, sem apresentar efeitos colaterais.

Biowhite Resultado da composição de origem vegetal, o biowhite é muito utilizado mundialmente e se combina muito bem aos fitoterápicos Saxifraga sarmentosa, Vitis vinífera, Morus bombycis, Scutetellaria baicalensis. Age bloqueando a tirosinase e


pode ser utilizado por peles sensíveis devido à sua ação suave , como observam Rosseto (2015) e Tedesco, Adriano e Silva (2007).

Alfa-Arbutin Substância antioxidante e também inibidora da tirosinase, o alfa-arbutin possui menor citotoxicidade do que a hidroquinona, portanto, de baixa ação irritante e mais seguro. É uma molécula alfa-glucosídea, cuja ligação favorece a estabilidade e eficácia da mesma. Clareia a pele de forma rápida e eficaz, minimizando as manchas existentes e reduzindo o grau de bronzeamento da pele após exposição UV. Tem pouca probabilidade de causar manchas hipocrômicas e é muito utilizado em produtos cosméticos japoneses. Sua concentração de uso é de 0,5 a 4% e seu pH entre 3,5 a 6,5 (FAGRON, 2015; ROSSETO, 2015).

Ácido ascórbico (vitamina C) Este ácido tem ação inibidora da melanogênese, conforme experimentos com a aplicação tópica de uma pomada contendo fosfato de ácido ascórbico, comprovando que o composto exerce efeito supressor da pigmentação por meio da supressão da ação da tirosinase pelo ácido ascórbico, porém isoladamente é pouco eficaz como agente despigmentante. Devido a isso e sua capacidade de permear a pele após sua utilização é associado a outros clareadores, tais como acqua liquorice, proteínas da soja ou tretinoína, para ser bem sucedido no tratamento do melasma. Em meio aquoso, sob a luz, elevadas temperaturas, altos pHs ou em exposição ao oxigênio se degrada com facilidade, portanto, deve ser utilizado na forma de pó, dispersões em meios não aquosos nas formulações cosméticas ou acondicionado de forma onde não haja a presença de oxigênio. A concentração indicada varia de 10% a 20%, que são consideradas altas (MATOS; CAVALCANTI, 2009; MANELA-AZULAY et al., 2003; RIBEIRO, 2010).

Ácido azelaico Conforme apontado por Matos e Cavalcanti (2009), o ácido azelaico é utilizado no tratamento de melasmas, assim como a hidroquinona e tem eficácia comparada a esta, porém causa menos irritações. Tem ação inibidora da tirosinase e interfere na síntese de melanina, podendo causar danos ultraestruturais em


melanócitos normais. É obtido da cultura do Pityrosporum ovale e considerada uma droga segura, podendo ser combinada à hidroquinona, ao ácido glicólico e aos retinoides. Muito utilizado nos Estados Unidos no tratamento de hiperpigmentação cutânea. Sua concentração se altera de acordo com o veículo utilizado, mas usualmente fica na faixa entre 10% a 25%. Ribeiro (2010) nota que em lentigos e sardas esta substância não apresenta resultados clínicos satisfatórios. O ácido azelaico [...] é de grande valia na associação de acne e hiperpigmentação pós-inflamatória, recomendado por 3 a 4 meses. Age sobre outras hiperpigmentações residuais: queimaduras, traumas físicos e herpes-zóster. (SALGADO, 2009, p. 365)

Retinoides Retinoides são compostos da vitamina A e seus derivados como o retinol, a tretinoína, o adapaleno e a isotretinoína são largamente utilizados no tratamento das hipercromias. O ácido retinoico tem por característica ser um renovador e reparador da pele. A tretinoína é a molécula que possui o maior efeito terapêutico e quando utilizada em combinação com a hidroquinona ou o mequinol, potencializa o efeito destas, funcionando como agente facilitador da penetração destas substâncias na pele. Também separa os grânulos de melanina dos queratinócitos. De todos os retinoides, a tretinoína é a que possui efeitos colaterais cutâneos bem visíveis, como a dermatite de contato irritativa e necessita ser associada a um corticoide de alta potência. Seu uso deve ser evitado durante a gravidez ou amamentação, apesar de ser considerada uma droga segura (FAGRON, 2015; KEDE; SABATOVICH, 2009). Vários mecanismos de ação relacionados ao ácido retinóico são descritos: dispersão dos grânulos do pigmento nos queratinócitos, interferência na transferência dos melanossomos e aceleração do turnover celular, aumentando a perda do pigmento. (MAGALHÃES, 2011, s/p)

Ácido glicólico O ácido glicólico, extraído da cana de açúcar, beterraba, uva, alcachofra e abacaxi (alfa-hidroxiácido) é muito utilizado para aumentar a eficácia da hidroquinona, pois aumenta a permeação desta. Por ser um esfoliante químico é utilizado em peeling químico ou em conjunto com produtos domésticos, pois promove na pele uma renovação celular superficial, melhorando sua textura, tônus e uniformidade da tonalidade. Quando utilizado em baixas concentrações, seu efeito é de plasticidade-hidratação e na faixa de 6% a 20%, tem efeito esfoliante-


descamante. Na concentração de 70% (utilizada em peelings) e tempo que varia de 3 a 7 minutos, provoca a epidermólise, dependendo da espessura da camada córnea e do tipo de pele, pois age na diminuição da camada córnea hiperqueratínica, favorecendo a diminuição da adesão entre os corneócitos e suas camadas. O peeling promovido por este ácido pode ser combinado com agentes tópicos

para

acelerar

no

tratamento

de

melasmas

e

principalmente

de

hiperpigmentação pós-inflamatória. Pode ser associado quimicamente ao ácido kójico (BAUMANN, 2004; GONCHOROSKI; CORRÊA, 2005; ROSSETO, 2015; TEDESCO et al., 2007).

Ácido mandélico Este alfa-hidroxiácido extraído do extrato de amêndoas amargas é outro ácido de princípio ativo despigmentante que age inibindo a enzima tirosinase, diminui a ligação entre os corneócitos, promove a renovação celular e controla a produção sebácea, agindo diretamente nos folículos pilosos. Destaca-se por sua ação antisséptica, já muito conhecida na medicina e ultimamente por sua característica de promover peelings superficiais que trazem diversos benefícios para a pele, produzindo um efeito irritativo, descamativo e gerador de eritema menor do que o ácido glicólico e por esse fator, confere uma segurança maior em peles morenas. É indicado em casos de acne, hipercromias e fotoenvelhecimento, todavia o sucesso de sua utilização está vinculado a fatores como pH, concentração, formulação, região a ser aplicado, tempo de permanência na pele e sinergia com os demais ácidos. Sua associação com a hidroquinona ou ácido kójico pode auxiliar no tratamento, sem o aparecimento de reações adversas. A concentração de uso costuma ser de 30% a 50% em peelings, 10% a 13% para tratamento de rugas e queratoses em geral (cremes ou géis de uso noturno), 3% em cremes de renovação celular e 4% em cremes hidratantes e esfoliantes suaves para uso no pós-banho (DERMAGE, 2015; FAGRON, 2015; ROCHA, 2015).

TRATAMENTOS ADJUVANTES DE HIPERCROMIAS A fim de se tratar e atenuar as hipercromias, também são utilizados os tratamentos (peelings) mecânicos, que promovem a renovação celular através do processo inflamatório local causado pela esfoliação da pele. O peeling age


destruindo partes da pele de forma controlada, que rapidamente se regenera e apresenta um aspecto novo através de células remanescentes, com capacidade de reprodução. Devem ser realizados com o uso de produtos e equipamentos adequados e a diferença consiste no nível de abrasão escolhido. Os tipos de peelings mecânicos são (BIOMEDICINA ESTÉTICA, 2015; CRIPPA, 2014; MOREIRA, 2014;SANSON, 2015):  peeling de cristal: que consiste em uma

microdermoabrasão,

promovendo uma descamação microscópica a partir da emissão pulverizada de microcristais de óxido de alumínio, a vácuo e em alta velocidade na parte mais superficial da pele. É um procedimento dolorido, apresentando leve queimação e provoca vermelhidão na área aplicada. Indicado para peles mais espessas, já que a abrasão é de maior intensidade;  peeling de diamante: realizado com uma ponteira de caneta e uma lixa diamantada, é indicado para peles mais jovens e sensíveis, que não necessitam de uma esfoliação abrasiva. Não causa dor, já que retira somente uma parte da epiderme;  dermoabrasão: mais utilizada para áreas como braços e pernas, promove o desgaste da pele através de um esfoliador que pode ser uma lixa grossa. Neste procedimento é necessária a aplicação de anestesia local ou geral. É mais indicado para rugas faciais grossas, para cicatrizes de acnes, estrias brancas, sardas brancas e queloides e cicatrizes cirúrgicas.

Recentemente foram realizados estudos sobre a eficácia de uma solução de 32

mg

de

ácido

antienvelhecimento

hialurônico (composto

de

associado vitaminas,

a

um

minerais

complexo e

antioxidante

aminoácidos),

na

biorrevitalização da pele de mulheres na faixa etária de 37 a 60 anos, que mostrou bons resultados não só no quesito hidratação e brilho, mas também na pigmentação, com redução significativa dos lentigos senis das áreas tratadas de várias voluntárias, conforme relatado por Sparavigna et al. (2015). O tratamento dos melasmas, de acordo com Handel, Miot e Miot (2014), é essencialmente o bloqueio da radiação solar, através de estratégias de redução da biossíntese, transporte e transferência da melanina, reduzindo a quantidade


epidérmica da mesma. As terapias de longo prazo são necessárias, pois os índices de recorrência são altos. Ribeiro (2010) também participa desta mesma opinião, ao defender que os cuidados cosméticos se constituem na utilização do protetor solar e clareadores e, fator importante, a pessoa deve ter paciência e persistência, já que os resultados não se apresentam em pouco tempo, os cuidados cosméticos devem ser constantes e nunca interrompidos uma vez que as recidivas são frequentes. LASERS, LUZ INTENSA PULSADA E LED AZUL Além dos inibidores que agem quimicamente sobre a melanina, há também o laser e a luz intensa pulsada (LIP), que de acordo com Vasconcelos et al. (2014), devem ser utilizados com cautela nos casos de hiperpigmentação como melasmas, efélides e outros, recomendando-se a proteção solar, para evitar o efeito rebote. Matos e Cavalcanti (2009) argumentam que vários estudos realizados sobre os tipos de lasers possuem resultados controversos e Filippo (2015, s/p), aponta que: A tecnologia a laser e aparelhos que não são laser, mas são agrupados nesta área, como a luz intensa pulsada, radiofreqüência, plasma e outros, estão sendo utilizados largamente como tratamento único ou combinado com outros tratamentos estéticos, como botox, peelings e preenchimentos, na busca incansável da melhoria da aparência [ ] Esses aparelhos são seguros, o índice de complicações é baixíssimo, desde de que sejam operados por médicos habilitados. O ideal é que sejam profundos conhecedores da pele, pois irão saber adaptar o tratamento ao tipo de pele de cada paciente ao invés de utilizar sempre a mesma programação para todos os pacientes. Quando o profissional despreparado realiza este tipo de tratamento, a chance de sucesso sempre existe, mas o risco de complicações que, até então, é muito baixo, passa a ser altíssimo.

Humaire (2015) relata que laser é uma luz monocromática que apresenta comprimentos de onda específicos, gerados em alta energia, que possuem diversas utilizações. Na dermatologia e em especial na área estética, o laser tem sido indicado no tratamento de lesões vasculares, cirurgia dermatológica, epilação, no tratamento de lesões pigmentadas e no resurfacing, uma modalidade de peeling a laser. Como resultado, o laser oferece melhor resolução para a lesão a ser tratada (fototermólise seletiva), com menor agressão aos tecidos vizinhos, além de um processo de cicatrização mais fácil e rápido. Em contrapartida, Costa et al. (2011), relata que pacientes com fototipos mais altos (III, IV e V) apresentaram mais efeitos colaterais (edemas pós-


operatórios, eritemas, hipopigmentação, hiperpigmentação, prurido e cicatrizes) após a utilização de lasers ablativos de CO2 e Erbium:YAG. Em

lesões

pigmentadas

como

efélides,

melanose

solares

e

hiperpigmentação pós-inflamatória, Humaire (2015) aponta que o laser age diretamente sobre o pigmento (cromóforo), sem causar danos à pele, promovendo a quebra e absorção do mesmo pelo organismo. O aparelho de laser deve ter o comprimento de onda específico para a cor do pigmento que será eliminado. Os tipos de lasers mais utilizados são os descritos o de rubi, pulsed dye, vapor de cobre, krypton, KPT, Nd-YAG frequência dobrada, Ruby, Alexandrite e Nd-YAG. A LIP tem efeitos mínimos, por este motivo recomenda-se sua associação com os tratamentos tópicos convencionais (agentes químicos) e deve-se considerar que sua utilização oferece relativa segurança, conforme apontam Matos e Cavalcanti (2009). A fototermólise seletiva também é o princípio em que se baseia a ação da LIP, já que os cromóforos (substâncias que possuem muitos elétrons e capazes de absorver energia ou luz visível) como a melanina, absorvem os fótons emitidos pela luz intensa pulsada, favorecendo o tratamento de hipercromias. O processo se dá através do calor gerado pela transmissão dos elétrons, que causa o rompimento da membrana do melanossoma, assim clareando o local, segundo Fisest (2015). A luz intensa pulsada e o laser, para Humaire (2015), tem como diferença o modo de liberação das ondas. Enquanto no laser a luz é liberada de modo contínuo e pseudocontínuo (pulsos curtos), na LIP a luz é um laser de pulso longo. Capez (2012) ressalta ainda mais diferenças:  LIP: tem feixe de luz policromático (várias cores) e não colimado (possui foco menor), é mais suave e pode ser utilizada em tons de pele mais escuro, porém a visibilidade dos resultados é ligeiramente mais demorada, apesar da área de aplicação normalmente ser maior (o que traz compensação em relação à velocidade do tratamento); a emissão de luz pode ser modulada por filtros que permitem um maior controle do comprimento de onda e, portanto, oferecem maior segurança na aplicação, conforto no tratamento e uma multiplicidade de usos;  laser: o feixe de luz é formado por ondas de mesma frequência, fase e direção; é um feixe

monocromático e colimado (com raios

direcionados para atingir ou tratar a região escolhida).


O LED azul, conforme Vasconcelos et al. (2014), vem sendo utilizado em tratamentos estéticos para clareamento de manchas. Suas ondas de menor comprimento são absorvidas pelas células da derme e por isso é utilizado no tratamento de hipercromias. Acredita-se que a luz azul, quando absorvida pela melanina, promova a fragmentação da hipercromia, causando uma sensação visual de clareamento. Segundo menciona o DMC Equipamentos através de seu Núcleo de Pesquisa e Ensino de Fototerapia nas Ciências da Saúde (NUPEN) (2015), o LED azul apresenta comprimento de onda de aproximadamente 470 nm (variação de 15 nm para mais ou para menos) e possui ação bactericida no combate a microorganismos da acne, promove a hidratação e clareamento facial (efeito cinderela), clareia manchas faciais, olheiras, axilas e virilha e acelera a atividade das químicas capilares. Para tratamento de manchas, o tempo de aplicação varia de acordo com o fototipo, sendo, na maioria dos casos, 3 minutos, duas vezes por semana, com um mínimo de 10 sessões para fototipos até III. Papel da Luz no Tratamento de Manchas na Pele Leds Azuis: A absorção da luz pelas células leva ao aparecimento de radicais livres de oxigênio (O--) e peróxido de hidrogênio, estes, por sua vez, agem de duas formas: - Por serem extremamente reativas, elas destroem ligações químicas bivalentes (absorvedoras de luz), transformando-as em ligações simples (não absorvedoras), produzindo o efeito de clareamento; - Os radicais livres de oxigênio hidrolisam a água intracelular formando íons livres que vão se aderir à parede da membrana citoplasmática. Estes reagirão com oxigênio molecular (O²) advindo da corrente sanguínea, levando ao aparecimento de H2O na região, promovendo alteração da tensão superficial da pele, com efeito estético de expansão dos tecidos. (NUPEN, 2015, s/p)

As contra indicações são para uso em pacientes que possuem histórico de fotossensibilidade (dermatose), que estejam sendo submetidos a tratamentos com ácidos sintetizados a partir da vitamina A (ácido retinoico, Retinol A, Vitanol A, Retin, tretoinina, isotretoinina, entre outros) e/ou antibióticos com tetraciclina, como citado por estudos da NUPEN (2015). A IMPORTÂNCIA DO FILTRO SOLAR Rocha (2015) comenta que o sol proporciona muitos benefícios ao ser humano, como a síntese de vitamina D, aumenta a sensação de bem-estar, e melhora a depressão sazonal, contudo, uma exposição inadequada e exagerada


apresenta efeitos nocivos a curto e longo prazo (sendo estes cumulativos), como insolação, queimadura, supressão da imunidade, fotoenvelhecimento, câncer de pele, desidratação e problemas de pigmentação cutânea, o que atualmente levanta várias preocupações e leva à crescente conscientização sobre a importância do protetor solar. Sabendo-se que a exposição à radiação solar é o principal fator desencadeante e estimulador das hipercromias estudadas neste artigo, os fotoprotetores são responsáveis pela maior parte do sucesso nos tratamentos das hipercromias e fazem parte de todos os protocolos de tratamento publicados. O filtro solar deve ser de amplo espectro e seu fator de proteção deve ser superior a 30. Sua utilização deve ser diária e contínua e é recomendada sua aplicação em dupla camada, a cada 3 horas e em todas as áreas fotoexpostas, inclusive as orelhas, constantemente esquecidas pela maioria das pessoas, durante o ano todo, para minimizar a ativação dos melanócitos pela exposição ao sol, conforme argumentam Matos e Cavalcanti (2009). CONSIDERAÇÕES O estudo demonstra que as hipercromias proporcionam uma aparência não estética e também um impacto psicológico e social negativo. As manchas são tratáveis e controláveis, porém não são facilmente removidas e em muitos casos, são somente atenuadas, por serem alterações de hiperpigmentação. Fatores intrínsecos e extrínsecos possuem influência direta sobre o surgimento das hipercromias, assim como de seu agravamento, porém o principal fator desencadeante é a fotoexposição. Os tratamentos como peelings superficiais, alguns lasers e cremes clareadores apresentam bons resultados deixando-as quase imperceptíveis e a medicina tem avançado constantemente na descoberta de tratamentos novos e eficazes da hiperpigmentação cutânea e os agentes mais utilizados são aqueles de ação mais eficaz e que apresentam o mínimo de efeitos colaterais, como as formulações contendo o ácido kójico e alfa-hidroxiácidos combinados ou não com a hidroquinona. Alguns dos agentes despigmentantes mais utilizados e encontrados em cosméticos foram apresentados aqui neste trabalho com a finalidade de conhecer e melhor sua composição, modo de ação e resultados apresentados.


Todavia, todos os autores estudados concordam que a boa saúde da pele e a manutenção dos tratamentos ainda se dão com a mudança no estilo de vida através da prevenção, com o uso correto e diário de filtro solar e barreiras físicas de proteção, como chapéus e roupas de mangas longas, por exemplo, para evitar as recidivas. O ideal é evitar seu aparecimento, principalmente em pacientes que possuem história familiar ou são gestantes, adotando medidas preventivas que são uma necessidade diária até que se tornem hábitos, resultando assim, em uma pele saudável e esteticamente bonita.

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