Inclusão nos anos iniciais

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A INCLUSÃO/INTEGRAÇÃO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NAS CLASSES REGULARES: uma visão dos estagiários

Tatiana Midori Sasaki¹; Persio Nakamoto² ¹ Aluna do curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade Método de São Paulo. ² Professor doutor da Faculdade Método de São Paulo.

RESUMO O presente trabalho foi realizado como uma reflexão a respeito dos requisitos necessários para se trabalhar com a inclusão e a integração, visando a um conhecimento aprofundado sobre pontos de vistas diferentes com relação a esses conceitos. Por meio da diferenciação das nomenclaturas, podemos perceber que o significado de cada palavra torna-se importante para a designação das metodologias dos profissionais, o que por sua vez, muitos desconhecem. Destaca-se a importância da inclusão/integração nos anos iniciais por que se acredita que as crianças nessa faixa etária são mais flexíveis e recebem menos influência externa, ou seja, preconceitos, e o fator importante é que se acredita que por meio delas é que pode se ter a esperança de uma sociedade melhor, em que a inclusão e integração aconteça de fato na sociedade. Pode ser observado que existem leis que defendem a inclusão e pode-se analisar os documentos com a prática em si, refletindo um pouco mais, podemos entender um pouco mais da história da exclusão, ou seja, desde quando nossa sociedade enfrenta tal comportamento e até quando o mesmo resistirá. Para finalizar, fala-se muito a respeito da formação do professor, como forma de este entender que muito pode ser feito partindo dele mesmo e suas metodologias, porém sem a colaboração da instituição, gestão, comunidade, torna-se um processo lento, pois são necessárias iniciativas e incentivo de estâncias superioras.A metodologia empregada foi qualitativa, envolvendo a produção de um questionário respondido por estagiários do curso de Pedagogia. Como resultado, que o processo não acontece de fato, levando a exclusão dos alunos nas séries iniciais do ensino fundamental. Palavras-chaves: Inclusão escolar. Integração escolar. Ensino fundamental. Formação de Professores. INTRODUÇÃO Muito se tem discutido, recentemente, acerca do tema inclusão/integração devido às dificuldades, dúvidas e insegurança trazidas ao profissional da educação em sua efetividade, sejam elas problemas de caráter político, formação profissional, metodologia de ensino, valores, entre outras. Mediante a essa situação, esse trabalho tem como objetivo trazer uma reflexão que agregue novos conhecimentos, tendo como início as nomenclaturas inclusão e integração de forma a conhecer quais são os seus papéis dentro do ambiente escolar. Em consequência, conhecer um pouco mais a respeito da


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legislação que defende os direitos de uma educação para todos e a importância do trabalho em equipe entre instituições de ensinos – seja ela municipal, privada ou estadual –, comunidade, pais e alunos, para as adaptações necessárias e projetos que contemplem o processo de ensino e aprendizagem para todos. Além disso, tentar compreender importância da formação continuada do profissional da educação e a da inserção de alunos de inclusão/integração nos anos iniciais da escolarização, de forma ampliar os olhares a respeito de quem são essas crianças que estão sendo incluídas e de que forma elas estarão sendo beneficiadas com essa prática.

INCLUSÃO ESCOLAR Ao relacionar a inclusão social com a educação inclusiva, ou seja, a inclusão no ambiente escolar, notamos que a palavra inclusão toma outra forma na qual se sustenta a ideia da responsabilidade educacional de manter os alunos nas escolas, proporcionando um ensino de qualidade para todos e um ambiente onde possam estimular a convivência social e relacionamentos entre alunos, professores, comunidade, pais e todos os colaboradores da escola. O importante é manter os alunos nas escolas, utilizando todos os meios necessários, incluindo materiais, planejamento, ferramentas de avaliação e um trabalho que seja realizado de forma conjunta entre todos que dela participam (MANTOAN, 1997). Inclusão é a forma com que se encontrou para denominar uma sociedade mais justa, onde todos tenham seus direitos garantidos e todas as pessoas possam exercer suas funções sem preconceitos, sendo assim, aceitas com as diferenças que todos trazemos em nossas características e que nos constituem seres humanos (CARVALHO, 2004). Ao falarmos da educação inclusiva, devemos pensar em todos os seus aspectos relacionados a respeitar as diferenças e transformá-las em uma ferramenta que acarretará mudanças para o desenvolvimento de crianças com ou sem deficiência. Acredita-se que, em um ambiente onde suas diferenças possam ser respeitadas e aceitas, elas possam se desenvolver em todas as capacidades que lhes forem possíveis (MANTOAN, 1997), pois “é escola [...] que aceita todas as diferenças e se adapta à variedade humana, criando ambiente propício ao desenvolvimento das potencialidades individuais” (BAUMEL; SEMEGHINI, 1998, p. 7).


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Para que possamos incluir, devemos respeitar e querer desenvolver o indivíduo em todos os aspectos dentro do processo de aprendizagem. Deve haver a inclusão social, respeitando a criança portadora de necessidades especiais, possibilitando-a da convivência com os indivíduos ditos normais, através de trocas, dando-lhes assim condições necessárias para aprendizagem e o ajustamento social. Devemos oferecer a estas crianças um ambiente saudável e mostras, a todos, como eles devem contribuir para que não seja formado numa geração preconceituosa. (ALVES, 2005, p. 15)

De acordo com Alves (2005), cada ser é único e tem necessidades que devem ser compreendidas, valorizadas e atendidas, o que nos leva a pensar na necessidade de acesso, ingresso e permanência na escola. [...] a educação especial não pode mais ser olhada como um sistema paralelo à educação geral, e sim fazer parte dela como um conjunto de recursos pedagógicos e de serviços de apoio que facilitem a aprendizagem de todos em turmas regulares. (OLIVEIRA, 2002, p. 246)

Uma escola precisa ter a convicção de que a diferença entre todos é o que a torna rica no que diz respeito à aprendizagem e ao desenvolvimento das crianças, pois deve considerar que cada um que ingressa em uma sala de aula está munido de experiências e vivências (BAUMEL; SEMEGHINI, 1998). A inclusão também é um desafio para as famílias tanto das crianças que possuem necessidades especiais e que necessitam ser incluídas, quanto das famílias de alunos ditos regulares que se questionam a respeito do tema, porém de forma muitas vezes negativa, visando ser prejudicial ao processo de aprendizagem de seus filhos considerados normais. Por esse motivo, é importante que a gestão escolar desenvolva projetos que esclareçam dúvidas sobre o trabalho que está sendo desenvolvido (ALVES, 2005). Essa aproximação colabora para que preconceitos não ultrapassem os limites do ambiente escolar e atinjam a sociedade de forma negativa, recusando o diferente. Ao falar sobre inclusão no ambiente escolar, estamos cooperando para que os direitos de todas as crianças dentro de uma mesma sociedade sejam respeitados e exercidos de forma homogênea. Uma escola inclusiva exige uma gestão também inclusiva e isso requer mudanças em várias instâncias: estrutura, projetos, investimentos nos profissionais, flexibilidade no que diz respeito a currículo, ferramentas de avaliações, entre outras. O ambiente escolar deve ser um local que atenda às necessidades educacionais das crianças e que desenvolva um trabalho que atenda às necessidades da comunidade atendida (MANTOAN, 1997). Uma escola inclusiva se destaca por ser um ambiente acolhedor, que atenda às necessidades de todos os alunos de acordo


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com suas diferenças, em que o mesmo conteúdo possa ser trabalhado com todos mesmo que por algumas vezes se façam necessárias adaptações. Acredita-se que as crianças devam construir o seu conhecimento com a intervenção e mediação do professor. Para as escolas, fica a responsabilidade de dar continuidade a esse projeto, disponibilizando a manutenção da inclusão dentro da escola. De acordo com Baumel e Semeghini (1998, p. 8): [...] ao se conceituar escola inclusiva, aponta para questões técnicas e pedagógicas na sua organização. Estas questões mostram a necessidade de discutir e analisar pontos que abarcam desde aspectos administrativos da política educacional até a prática pedagógica e o envolvimento da comunidade para a compreensão do significado da inclusão.

Torna-se evidente que a gestão escolar também deve estar encarregada dessa função, o que consequentemente a torna uma gestão mais participativa em relação às suas atividades e à comunidade, pois ambas devem se engajar nesse processo. De acordo com Carvalho (2004, p. 161), “[...] a questão é valorizar ‘espaços’ de discussão, estabelecendo-os nas escolas com uma das atividades sistemáticas previstas no projeto político-pedagógico”. Então falar dos compromissos que a escola deve ter é muito amplo, pois todas as suas ações serão benéficas a todas as crianças, independente de suas diferenças. Uma escola inclusiva é sinônimo de uma escola de qualidade (ALVES, 2005). Pensar uma escola transformadora a esse ponto implica muitas mudanças, mas nada do que não possa ser feito, pois essa escola é apenas a oportunidade de oferecer um espaço com qualidade de ensino para todos e que beneficie a sociedade, a comunidade e os professores que necessitam de apoio para realizarem bem a sua função. Para que a inclusão de todos seja realizada com sucesso, necessitamos de uma educação de qualidade que atenda a todas as necessidades e valorize as diferenças de modo a acreditar que um ambiente heterogêneo é rico em aprendizagem e muito contribui para a formação, considerando a diferença de cada um (MANTOAN, 1997). A ideia de inclusão pode estar sendo entendida de forma equivocada por algumas instituições e profissionais da educação, pois para que ela aconteça, é preciso mudanças em todas as instâncias. A inclusão insere na sociedade e ressalta a importância primordial da convivência nas escolas. Ao contrario do que possa parecer, ela não é voltada somente às crianças que possuem necessidades


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especiais, mas também para aquelas crianças que na atualidade se encontram fora das escolas e excluídas da sociedade, seja pelas condições de vida ou falta de educação de qualidade, ocasionando a falta de motivação e defasagem em crianças que possuem outras culturas e etnias, crianças superdotadas (CARVALHO, 2004). Então, podemos dizer que se trata de um fator importante nos conscientizarmos de que o termo inclusão não se refere somente às crianças que possuem necessidades especiais. É possível fazer uma reflexão de que a inclusão somente será realizada, de fato, quando for aceita pela sociedade, o que por vezes pode parecer impossível, pois é natural aos seres humanos avaliar as pessoas, aprovando aqueles que lhes forem mais parecidos consigo próprio e também de uma forma natural e piedosa excluir aqueles que lhe parecem diferentes, frágeis e carentes de ajuda (CARVALHO, 2004). Nesse contexto, fica uma reflexão da importância da escola em interagir diretamente com a comunidade e a responsabilidade social para esclarecer, divulgar, promover espaços para elucidar dúvidas a respeito da inclusão, para que esta não continue sendo vista de modo incompleto ou direcionada somente às crianças com necessidades especiais, pois todas as crianças devem receber o máximo de estímulos para que possam ser desenvolvidos por completo e com aptidões para uma vida adulta saudável (ALVES, 2005). Voltando um tempo atrás, na antiguidade, em que deram início à nossa civilização, muitas teorias e tecnologias foram criadas para chegar ao que se apresenta atualmente, inclusive no que diz respeito à educação que, desde sempre, é foco de discussões, críticas e lutas por direito de igualdade e que sempre foi fonte essencial da nossa existência (CARVALHO, 2004). Sabemos que a Grécia contribuiu para os avanços da educação, porém desde aquele tempo, a educação era direcionada apenas para os homens livres, ou seja, os não escravos. As pessoas que não se encaixassem nos parâmetros da sociedade da época eram excluídas de aprender e conviver (SEMEGHINI, 1998). Um pouco mais à frente, veremos que a educação recebe grande influência inspirada no cristianismo que também perdurou uma divisão entre uma educação que era voltada aos nobres e para parte da sociedade que não se enquadrava aos nobres (CARVALHO, 2004).


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Pouco depois desse período, algo de importante durante a revolução francesa já dava indícios de uma igualdade social quanto aos direitos de todos, independente das diferenças, seja de etnia, cultura, sexo ou religião. No entanto, ainda existe a separação de uma educação para aqueles que serão governantes, donos de poderes aquisitivos e outra educação para aqueles que pertencerão à camada de trabalhadores voltada para que eles possam exercer esse papel e aprender como fazer (CARVALHO, 2004; BRANDÃO, 2007). Ao fazer essa breve retrospectiva, observa-se como os caminhos foram traçados e como era a educação e como ela é nos dias de hoje. A intenção é que possamos refletir e entender que a nossa sociedade necessita de mudanças e que estas aconteceram e sempre acontecerão, fazem parte do processo de crescimento da humanidade como um ser pensante. Fatores históricos como os que foram citados podem ser alguns dos motivos pelo qual a inclusão vem sendo mal interpretada nos dias de hoje, principalmente quando está voltada exclusivamente a pessoas com necessidades especiais. Sabemos que na sociedade em que vivemos é grande a dificuldade de aceitação do outro quando este não se encaixa no que determinamos que é normal. De acordo com Carvalho (2010), se percebermos a inclusão de pessoas com deficiência como um problema para a sociedade, acreditaremos que o melhor a fazer para que sejam aceitos é estas estarem mesmo em um ambiente que seja adequado para suas dificuldades. No entanto, se enxergamos esses alunos como um desafio, ela poderá, de certa forma, ser essencial para a formação da base da nossa sociedade que se encontra excludente e classificatória. Por esse motivo, os educadores têm um papel dentro de uma nova sociedade fundamental que se destacam em educar e transformar crianças em futuros adultos que possam exercer seu papel com responsabilidade e colaboração e que seja também aceitos como tal. Pode-se concluir que a inclusão vai além de uma definição de sociedade que considera todas as pessoas como cidadãos legítimos, em que devem ter todos os seus direitos garantidos, pois dentro dessa mesma sociedade, o primordial é que todas as diferenças sejam aceitas como algo normal, sem deduções individuais. Essa é uma das características da nossa sociedade: a busca pela perfeição e colocação de padrões que na verdade não existem, e somente nos sentimos confortáveis quando estamos dentro de uma sociedade quando todos se


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assemelham em características, ações, posições sociais, entre outras (CARVALHO, 2004). INTEGRAÇÃO ESCOLAR A integração é uma forma de normalizar, de tornar comum o cotidiano para as pessoas que nasceram com algumas diferenças ou por algum motivo esteve desintegrado de uma sociedade, tendo sido negada a oportunidade de conviver com outras pessoas, ou seja, a integração é a relação afetiva e social entre as pessoas dentro da sociedade ou dentro de uma comunidade escolar (GLAT, 1995). Quando falamos da integração na sociedade, o assunto se torna complexo, pois basta observarmos a maneira como a nossa sociedade é conduzida diariamente: se olharmos construções, prédios, estabelecimentos comerciais, transportes públicos etc., notamos que, arquitetonicamente falando, a nossa sociedade não está preparada para incluir as pessoas com necessidades especiais, pois quase nada é acessível, o que entra em contradição quando falamos que as pessoas com deficiência devem ser autônomas em decisões e muitas em locomoção como qualquer cidadão (FERNANDES, 2012). Então podemos observar que, para que a inclusão aconteça, devemos ter a preocupação com o todo, pois se ela favorecer apenas uma parte da sociedade, mas não acontecer em todos os ambientes dentro da nossa sociedade – lazer, trabalho, sociedade –, de fato não se realiza. Assim, podemos dizer que essas pessoas não recebem os seus direitos dentro do ambiente escolar até mesmo por falta de preparo e informação (MANTOAN, 1997). A integração nas escolas se torna um importante investimento a se fazer para que possamos garantir a substituição de antigos valores, pois é por meio dessa instituição que uma sociedade pode se modificar, visto que, além de ser exemplo dentro da comunidade, ela prepara novos cidadãos para atuarem na sociedade. Segundo Mantoan (1997, p. 14), “isso torna a questão da integração do deficiente na escola uma questão decisiva não só como questão a curto prazo, mas também no que se refere a organização das gerações futuras”. Portanto, podemos dizer que a escola é importante para o processo de criar uma nova sociedade com menos preconceitos, com uma visão de igualdade entre todos, reconhecendo as diferenças entre nós. É importante que as atividades de inclusão/integração aconteçam de


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forma antecipada dentro do ambiente escolar e da sociedade por meio da educação infantil. O trabalho que deve ser desenvolvido pela escola deve ser voltado a eliminar os preconceitos vinculados às famílias em relação à inclusão/integração, indicando meios positivos desse conceito, atividades desenvolvidas, os progressos alcançados (ALVES, 2005). Para que a escola possa garantir subsídios para oferecer uma educação de qualidade a todas as crianças, ela precisa ser democrática e estar sempre em busca de conhecer a população a qual atende (PRIETO, 2006). De acordo com Alves (2005), há necessidade de se conhecer ou procurar se aprofundar na vida pessoal e familiar desses indivíduos, pois só assim podemos planejar as estratégias de ensinar, ocorrendo transformações. INCLUSÃO/INTEGRAÇÃO NOS ANOS INICIAIS Pensar em educação infantil é pensar em formar novos cidadãos para integrarem uma sociedade com mais responsabilidade, com novos valores. Para que isso se torne realidade, é importante desenvolver essa autonomia desde a infância, quando as crianças estão abertas a novos conhecimentos. Garantir uma ampliação do repertorio de todas as crianças que frequentam a creche e a pré-escola, com grandes consequências para seus processos de amadurecimento pessoal em uma cultura que luta contra formas diversas e injustas de exclusão. (OLIVEIRA, 2002, p. 248)

Educar para a cidadania envolve a formação de atitudes de solidariedade para com os outros. Implica fazer gestos de cortesia, preservar o coletivo, responsabilizar-se pelas próprias ações e discutir aspectos éticos envolvidos em determinada situação. Inclui, para cada criança, poder se expressar e respeitar a expressão do outro em relação a sentimentos, ideias, costumes. No ambiente escolar, por meio da interação com outras crianças e destacando na educação infantil por meio do brincar, as crianças já mostram indícios de suas preferências e já sabem distinguir as diferenças entre si, o que para elas é uma forma positiva de se relacionar, diferentemente dos adultos, pois as crianças são livre de preconceitos, pois estes ainda estão em formação (OLIVEIRA, 2002). É muito importante que as crianças se relacionem com outras crianças pertencentes aos grupos de excluídos do ambiente escolar e da interação entre elas, porém não basta apenas incluir ou integrá-las no ambiente escolar. O professor tem


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um papel fundamental ao desenvolver suas atividades em sala de aula, para que favoreça a inclusão e desenvolva senso de autonomia, formação de opinião, respeito às diferenças e convivência entre si, respeitando os espaços de cada um e, para ambos os grupos, é importante que a sensação de pertencerem ao mesmo grupo seja a cada dia fortificada para a formação de uma cidadania (OLIVEIRA, 2002). Essa

interação

entre

crianças

ditas

normais

e

com

necessidades

educacionais especiais são de considerável importância para o desenvolvimento de ambas e isso também são indícios de que devem ser quebrados paradigmas de que a inclusão/integração possa de alguma forma prejudicar alunos sem necessidades educacionais especiais (BAUMEL; SEMEGHINI, 1998). Destaca-se também o relacionamento afetivo entre as crianças e estas com o professor. Essa troca de fato é importante para o desenvolvimento das crianças, juntamente com a colaboração de todos os integrantes da escola e a integração de pais e comunidades dentro da escola de forma a notar a devida importância que deve ser direcionada a essa questão para que se possa desenvolver um trabalho em conjunto.

LEGISLAÇÃO SOBRE EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA [...] tanto a Declaração Mundial de Educação para Todos: Necessidades Básicas de Aprendizagem, como a Declaração de Salamanca e Linha de Ação, contêm o ideal da educação inclusiva por meio da remoção de barreiras para a aprendizagem e para a participação. (CARVALHO, 2004, p.156)

São diversas as leis que contemplam essa modalidade de educação, podemos dar início à nossa reflexão a partir da atual constituição (BRASIL, 1988) e da LDB (BRASIL, 1996), que relatam não ser tolerada qualquer forma de discriminação, que todas as crianças possuem características diferentes e potencialidades a serem desenvolvidas, que todas as pessoas que apresentam necessidades educacionais especiais devem ser inseridas no ambiente escolar e que em todos os ambientes deve haver atitudes que combatam o preconceito. De acordo com Baumel (1998), nos art. 58 e 59 da LDB, deve ser oferecida a educação regular a todas as crianças. Em casos específicos, em que apresentem necessidades

especiais,

devem

ser

oferecidos

suportes

de

atendimento

especializado, aceleração para alguns, educação de qualidade para garantir os direitos de todos e professores aptos a integrarem seus alunos.


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As escolas comuns, com essa orientação integradora, representam o meio mais eficaz de combater atitudes discriminatórias, de criar comunidades acolhedoras, construir uma sociedade integradora e dar educação para todos; além disso, proporcionam uma educação efetiva à maioria das crianças e melhoram a eficiência e, certamente, a relação custo-benefício de todo o sistema educativo. (BAUMEL, 1998, p. 141-142)

A declaração de Salamanca (BRASIL, 1994) e a declaração Mundial de Educação para Todos (UNESCO, 1998) visam a mudanças na educação que possam atender a todas as crianças independente de suas diferenças e investir em projetos de intervenção que conscientize a comunidade a esse respeito. Há ainda outros documentos da mesma ordem, mas que versam sobre o mesmo assunto (CARVALHO, 2004). Baumel (1998) nos orienta a respeito de que somente isso não basta para eliminar as desigualdades, pois não somente deve ser garantido o direito de todas as crianças a frequentarem as escolas, mas também que estas estejam realmente preparadas para recebê-las. De acordo com Alves (2005, p. 90), referindo-se aos objetivos da Declaração de Salamanca: Seu objetivo foi definir a política e inspirar a ação organizações internacionais e nacionais de ajuda, de governamentais e de outros organismos na aplicação Salamanca, de princípios, política e pratica para educativas.

dos governos, de organizações não da declaração de as necessidades

O Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990) reforça o que foi dito, garantindo ainda o direito a lazer, cultura e esporte e o respeito e a valorização de todas as etnias e culturas. Há leis que não apenas asseguram o respeito aos direitos da educação, porém reforçam a necessidade de serem respeitados outros direitos como locomoção, trabalho, assistência social especial, adaptações materiais, físicas e socais (BAUMEL, 1998). Então, pode-se concluir que estamos assegurados, porém há muito o que se fazer na busca para uma educação inclusiva de qualidade para todos, garantindo a todas as pessoas seus direitos e uma sociedade mais justa que saibam lidar com as diferenças. É importante que as escolas tenham um projeto político-pedagógico estabelecido, planejamento, currículo flexível e contar com grupos de profissionais aptos a utilizar recursos e poder oferecer o máximo de desenvolvimento às crianças atendidas.


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FORMAÇÃO DO PROFESSOR É preciso pensar que o professor tem que fazer as adaptações que julga necessárias, pensando no aprendizado dos seus alunos assim como recebe a preparação necessária para fazê-lo com os alunos ditos regulares. É um direito de todos receber a educação necessária. Em contrapartida, é necessário também que alunos regulares possam ter a oportunidade de estabelecer relações com as pessoas que estão sendo incluídas naquele ambiente, para que possam exercitar a reflexão de se colocar no lugar do outro e isso é enriquecer-se como um cidadão que age de forma atuante na sociedade (MANTOAN, 1997). De acordo com Baumel e Semeghini (1998), é muito importante que na formação inicial e continuada dos professores ocorra debates, discussões, leituras a respeito do tema e reformulações no campo da educação desde essa formação profissional, para que seja de fato internalizado em cada um o mesmo objetivo e para que se concretize. Ter convicção de que temos habilidades para algo em especial e que depende do professor trabalhar e desenvolvê-las em seus alunos, independente das suas condições físicas e de aprendizagem, é o que deve ser feito. No entanto, o que pode ocorrer é que mesmo os alunos incluídos possuem restrições em alguns aspectos, mas que pode ser desenvolvido em outros, pois o interesse é desenvolver as capacidades dos seus alunos (OLIVEIRA, 2002; MANTOAN, 1997). Deve haver um investimento maior na capacitação, formação continuada de todos os professores e, em contrapartida, a vontade voluntária de cada um em obter conhecimentos a respeito de metodologias de ensino, reflexões, discussões para ampliarem seus olhares em relação à inclusão/integração. O professor do portador de necessidades especiais tem como objetivo trabalhar o indivíduo a ter independência, desempenhando através de tarefas tudo aquilo que as pessoas acham que não têm capacidade de realizar com êxito, com a finalidade de trabalhar a cognição, sua inteligência, que existe com um ritmo mais lento. (ALVES, 2005, p. 34)

Não devemos nos esquecer que essa função de fazer acontecer a inclusão/integração não é tarefa unicamente do professor, trata-se também de mais uma tarefa direcionada à gestão escolar que, por sua vez, deve proporcionar e dar todos os suportes necessário para que o professor realize bem suas funções nesse processo (ALVES, 2005). A escola não deve mudar e sim ter uma boa qualidade de


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ensino de modo a manter seus alunos e acrescentar, incluir, integrar aqueles que nela não se encontram. A formação continuada dos professores deve capacitá-los para conhecer melhor o que hoje se sabe a respeito das possibilidades de trabalho pedagógico de promoção do desenvolvimento de todas as crianças com necessidades especiais, bem como para auxiliar essas crianças na construção de conhecimento cada vez mais ampliados e significativos acerca do mundo e de si mesmas. (OLIVEIRA, 2002, p. 246)

O professor deve ter a ideia de que não é preciso muito para que possa ser realizada a inclusão/integração das crianças, inclusive das que possuam necessidades especiais, basta que esse de fato seja o seu objetivo pessoal também, não somente do governo, da escola, enfim, o que passa a ser um ponto de vista totalmente contraditório com as dificuldades que, por muitas vezes, colocamos em questão em relação a esse assunto (OLIVEIRA, 2002). Em algum momento dentro dessas mudanças, o professor na atualidade pode se encontrar desorientado, com um sentimento de impotência perante ordens recebidas ao se perguntar se ele está capacitado para tal função ou até mesmo buscar verdadeiros culpados pelo mau funcionamento da inclusão/integração. Esses fatores podem ou não motivá-lo a procurar respostas, atualização, pois essa é a função de todo educador (CARVALHO, 2004). O professor tem a função de preparar essas crianças para a sociedade, porém a sociedade em que vivemos hoje, por causa de tantas modificações, tecnologia, industrialização, acaba por se tornar um ambiente competitivo, individualista, cujos valores estão gradativamente sendo substituído por outros. É importante o professor preparar esse aluno para todas as modificações que ele encontrará na sociedade, porém ele deve reforçar alguns valores importantes para a convivência afetiva entre as pessoas: a aceitação da diversidade para que todos possam exercer os mesmos direitos (CARVALHO, 2004). As funções do professor são voltadas a todas as crianças, sem distinção. De acordo com Alves (2005, p. 46), “os professores devem ser estimulados a um crescimento profissional contínuo e nunca esquecer que pode ser um facilitador, embora seja sempre um docente”. No entanto, quando voltamos às funções do professor perante os alunos com deficiência, devemos observar que o profissional tem a função de estimular as habilidades individuais, cada qual com suas particularidades. Nessa função, ele tem como objetivo conduzir o desenvolvimento


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das crianças como um ser social, que tem suas necessidades próprias, suas opiniões, desejos, escolhas e autonomia. Fica sob a responsabilidade de cada professor ter um ponto de vista positivo ao que se refere à inclusão/integração, entendendo de fato as diferenças que todos trazemos, e que em uma sala de aula essa experiência pode ser muito rica para o desenvolvimento dessas crianças, estar livre de qualquer preconceito, e aproveitar todas as oportunidades, acreditando sempre que podemos mudar uma sociedade inteira por meio de ensinamentos (BAUMEL; SEMEGHINI,1998). “Para que haja esta transformação, faz-se necessário que o educador tenha uma boa formação e procure sempre estudar e pesquisar para melhorá-la” (ALVES, 2005, p. 59-60). Pode se dizer que muitas são as causas que desestimulam o professor ao conceito de inclusão/integração, justamente porque, do seu ponto de vista, é apenas um trabalho a mais a ser desenvolvido por ele, pois muitas são as questões negativas que encontramos na nossa atualidade. Deve-se tomar o cuidado para que não aconteça a separação das crianças e discriminação em escolas que diz estar realizando a inclusão/integração (BAUMEL; SEMEGHINI, 1998). De qualquer maneira, não devemos desistir e sim entender que aceitar, acreditar no conceito de inclusão/integração é lutar também pelos nossos direitos, e lutar para uma escola melhor e um futuro promissor a todos os alunos. É preciso pensar que, independente da situação, o professor tem a autonomia dentro de uma sala de aula para melhor trabalhar com seus alunos, fazendo as adaptações que julga necessárias e pensando no aprendizado dos seus alunos, Podemos dizer que, dessa maneira, o professor está preparado para criar oportunidades dentro de sala de aula, onde seus alunos possam estabelecer relações afetivas entre si e para com o professor, incluindo todos (LIBÂNEO, 2010). Sabemos que é direito de todos receber uma educação de qualidade e que contemple a diversidade e que todas as crianças dentro ou fora no ambiente escolar devem ter a oportunidade de estabelecer relações para exercitar a reflexão de se colocar no lugar do outro. Isso é enriquecer-se como cidadão que age de forma atuante na sociedade. Quando falamos nesses aspectos de desenvolvimento, pensamos nas habilidades que o professor carrega em sua formação profissional, pois cabe a este criar oportunidades, ações, práticas, métodos que possibilitem os alunos a se desenvolverem em todos os sentidos e que possam ter experiências


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significativas dentro do processo de ensino e aprendizagem, independente das diferenças.

PESQUISA DE CAMPO Objetivo geral - Compreender, do ponto de vista de alunos estagiários do curso de pedagogia, o que cada um pensa a respeito da inclusão/integração e o que deve ser feito durante ou após sua formação acadêmica para auxiliar nesse processo.

Objetivos secundários - Coletar informações a respeito da forma com que o conceito de inclusão/integração está sendo abordado dentro das instituições de ensino regular – particular, estadual e municipal – e se há diferenças entre estas; - Entender qual a postura do professor diante de situações de inclusão/integração e qual a metodologia adotada por ele; - Investigar o papel do gestor escolar referente à questão da inclusão/integração no que diz respeito a projetos voltados ao corpo docente, discente e comunidade; - Fazer uma reflexão uma reflexão a respeito dos requisitos necessários para se trabalhar com a inclusão e a integração, visando a um conhecimento aprofundado sobre pontos de vistas diferentes com relação a esses conceitos.

Metodologia Para a realização deste trabalho, foram feitas entrevistas por meio de um questionário constituído por onze (11) questões qualitativas.

Sujeitos O questionário foi respondido por nove (9) alunas do último semestre do curso de pedagogia da Faculdade Método de São Paulo, sendo três (3) estagiárias de instituições de ensino privado, três (3) de instituições de ensino estadual e três (3) de instituições de ensino municipal. O nome original das entrevistas foi mantido em sigilo.


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Tabela 01. Perfil dos sujeitos. Nome Idade Tempo de estágio Pietra 25 anos 1 ano e 6 meses Olivia 59 anos 3 anos Beatriz 22 anos 1 ano e 8 meses Hindira 35 anos 2 anos Gisele 39 anos 1 anos Edileusa 48 anos 2 anos e 6 meses Priscila 26 anos 1 ano e 6 meses Fabiana 36 anos 1 ano Diana 33 anos 2 anos e 6 meses Fonte: autoria própria.

Instituição Particular Particular Particular Município Município Município Estado Estado Estado

Análise e discussão dos resultados A partir das respostas obtidas com os questionários, faremos uma análise de como se estabelece os nexos existentes entre a realidade vivida e o ideal teórico trazido pelos pesquisadores da área. Para isso, examinaremos questão por questão, trazendo ideias que possam elucidar os objetivos elencados anteriormente.

01. Em que tipo de instituição de ensino você esta fazendo o estágio? Essa questão teve como objetivo detectar se há alguma diferença na forma de lidar com o conceito de inclusão em diferentes tipos de instituições de ensino, lembrando que a inclusão/integração é um direito de todos os cidadãos dentro da sociedade em qualquer estabelecimento público. Dentro das respostas das estagiárias das instituições privadas, podemos observar que apenas Olívia possui uma resposta positiva com relação ao apoio da gestão e coordenação pedagógica referente a projetos que envolvam toda a comunidade escolar e que fornece capacitação aos professores. As das instituições de ensino municipal possuem pontos negativos, sendo que apenas Edileusa diz que o coordenador pedagógico se faz presente a respeito de projetos que contemplem a inclusão/integração. Já as das instituições estaduais oscilaram em suas respostas a respeito da capacitação dos professores, sendo que somente Priscila diz que houve capacitação para os professores onde estagiou. Isso é indicativo da falta de preparo de parte dos docentes que atuam na educação básica, visto que o desenvolvimento profissional não atinge a todos igualmente, pois isso é consequência da falta de políticas públicas para a melhoria do atendimento a essa população (GREGUOL; GOBBI; CARRARO, 2013).


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02. Há alunos incluídos na sala onde você estagia? Todas as respondentes afirmaram que na sala de aula havia crianças com algum tipo de deficiência, não havendo nenhuma observação a respeito de outras maneiras de incluir alunos com outras características. Isso também indica que a inclusão ou integração já está acontecendo de forma irreversível em todas as redes de ensino. A inclusão não diz respeito apenas a crianças que apresentam deficiências físicas ou psicológicas, mas também a minoria de crianças que por algum motivo estão fora das escolas, seja pela suas condições financeiras, ensino precário, entre outros, além das crianças que são superdotadas (BRASIL, 1996).

03. Que tipo de necessidades educacionais especiais existem na sala? Essa questão teve como objetivo direcionar a postura da instituição e do professor somente a respeito de um grupo de crianças que apresente algum tipo de deficiência, e se isso causa algum impacto no processo de ensino e aprendizagem e na metodologia do professor dentro de sala de aula. Observou-se que a maioria dos alunos que está sendo incluída no ensino regular são aqueles que apresentam deficiências físicas. Apenas Olívia diz ter tido experiência com crianças surdas e Diana e Pietra tiveram experiência com crianças que apresentam deficiência intelectual. Entendemos que na escola os professores devem contemplar seus alunos a receberem o desenvolvimento necessário em todos os aspectos, porém uma sala de aula é heterogênea, e se essa sala está recebendo um aluno de inclusão, apresentando deficiência física ou intelectual, cabe ao professor adaptar suas atividades de modo que todos participem e consigam interagir entre si (CARVALHO, 2004).

04. Essas crianças possuem laudo médico? Essa questão foi desenvolvida com a intenção de observar se nas instituições de ensino estão sendo atendidas crianças de inclusão com necessidades físicas e intelectuais de fato, atestada e comprovada por um profissional.


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Observa-se que todas as respostas foram positivas quanto à pergunta, ou seja, todas as crianças citadas neste trabalho possuem laudo médico que comprove suas necessidades especiais. Sabemos que atualmente alguns profissionais da educação, em algumas situações, acabam por nomear uma criança que apresenta alguma dificuldade de aprendizagem e socialização de déficits de atenção ou necessidades relacionadas, solicitando encaminhamentos e proporcionando um tratamento diferenciado, sem que de fato haja um laudo para comprovar a necessidade especifica da criança (ENUMO, 2005).

05. As crianças incluídas recebem atendimento especializado? Essa questão teve como objetivo saber se as crianças que apresentam necessidades educacionais especiais, que estão sendo incluídas no ensino regular, recebem um acompanhamento médico ou em alguma sala de apoio. Foi possível observar que a maioria das respostas foi positiva, comprovando que essas crianças recebem um apoio fora do ambiente escolar. Para muitas, tratase de um atendimento médico especializado como o caso do fonoaudiólogo e psicólogo na maioria das respostas. Os profissionais de psicologia asseguram que não se deve ver o portador de necessidades especiais somente pelas suas dificuldades, suas defasagens, suas deficiências. Ele é um ser que pensa e, acima de tudo, sente. Valorizar os seus sentimentos, desejos, sonhos, ambições é que se torna a valorização do ser por completo, iniciando desta forma a possibilidade de sua inclusão. (ALVES, 2005, p. 33)

Priscila afirma que estagiou em uma instituição que possuía uma sala de recursos onde o aluno recebia atendimento especializado com um profissional para auxiliá-lo dentro da sala de aula. Edileusa diz que a instituição onde estagiou possuía uma equipe multidisciplinar para auxiliar as crianças de inclusão que apresentassem necessidades especiais. Hindira diz que havia uma profissional (leitora) que acompanhava o aluno dentro de sala de aula. No entanto, Bruna diz que a criança com quem estagiou não recebia nenhum atendimento especializado. Foi possível observar que a maioria das crianças recebe atendimento médico para auxiliar o processo e uma minoria de instituições investe em recursos para estes. Sabemos que é importante o envolvimento e posicionamento do gestor nessa questão, e ainda podemos dizer que esse acompanhamento é necessário para


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auxiliar o desenvolvimento do aluno dentro de uma sala de ensino regular, porém não substituí-la (SEMEGHINI, 1998).

06. As crianças ditas normais aceitam os alunos de inclusão? Essa questão foi desenvolvida para detectar se as crianças do ensino regular e as com deficiência estão sendo incluídas em todos os ambientes escolares e há relação entre aluno-aluno e professor-aluno. Todas as respostas foram positivas, confirmando que essas crianças estão sendo incluídas, não havendo nenhuma observação das estagiárias quanto a essa questão. Entendemos que é importante a integração das crianças em todos os ambientes, e que a escola é o local onde deve haver a quebra de paradigmas e preconceitos, mas também resgatar e preservar valores para então atingir a comunidade e sociedade, contribuindo para a inclusão social de todos os seus integrantes (BAUMEL, 1998).

07. Foi feito um trabalho de conscientização com todos os atores da escola? Essa questão teve a intenção de identificar se dentro das escolas a gestão se faz presente e se realizam projetos que envolvam todos os funcionários, pais e comunidade para alertar o conceito de inclusão/integração dentro das instituições. Essa questão apresentou oscilações. Apenas as alunas Olívia, Priscila e Diana declararam que nas instituições onde estagiaram houve um trabalho de conscientização. As demais, que fazem parte da maioria, afirmam não ter sido feito nenhum trabalho em relação à inclusão com os atores escolares. Sabemos que para que a inclusão/integração caminhe para um resultado positivo, é preciso a colaboração de todos, e a gestão influencia muito no apoio a essa causa. Quando ela ocorre de forma equivocada, perde-se a oportunidade de alcançar a comunidade e consequentemente a inclusão não se torna realidade (MANTOAN, 1997).

08. Há capacitação para os professores que têm alunos de inclusão em sala? Essa questão teve como objetivo entender se as instituições de ensino colaboram para que os profissionais se especializem, buscando estar sempre


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informados para melhor lidar com a questão e se também eles buscam autonomamente. Apenas as alunas Olívia e Priscila apresentam uma resposta positiva, afirmando que os profissionais da educação recebem capacitação para lidar com alunos de inclusão. Sabemos da importância das instituições estarem envolvidas com a questão da inclusão, porém notamos que isso não ocorre e, por muitas vezes, torna-se inviável a busca de qualificação autônoma dos professores, muitos por falta de incentivo das instituições de ensino (ALVES, 2005).

09. O coordenador pedagógico é presente nessa questão? O objetivo é saber se nas escolas o coordenador é presente para dar um suporte aos professores e para desenvolver projetos pedagógicos que contemplem todo o aluno, independente das suas diferenças. Pode ser observado que metade das alunas respondeu que o coordenador pedagógico é presente na questão da inclusão e a outra metade diz que não, ele não é presente. É importante que coordenador esteja envolvido com a questão da inclusão, e que esteja apto a desenvolver projetos com a colaboração dos professores, até mesmo como forma de encorajá-los a abraçar a mesma causa, dando, dessa forma, suporte a metodologia do professor em sala de aula, visto que tudo é uma questão de trabalhar em conjunto para alcançar os objetivos (CAMPOS, 2014).

10. Como o professor lida com a questão da inclusão/integração? Essa questão teve como objetivo observar do ponto de vista do professor frente à inclusão e que metodologia ele adota para a realização desta. Na opinião das alunas Hindira, Diana e Pietra, os professores simplesmente ignoram os alunos de inclusão dentro da sala de aula, deixando ociosos sem desenvolver nenhuma atividade com eles. No caso da aluna Pietra, o professor realiza as atividades pelo aluno apenas para mostrar o seu progresso aos pais. Já Fabiana acredita que as escolas não estão preparadas para receber alunos com deficiência, seja na estrutura, administração e metodologia. Edileusa e Gisele afirmam que há um desprezo mediante a esses alunos, porém o motivo é a falta de preparo do professor, e afirmam que o docente tem como dever buscar capacitação


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para desenvolver um trabalho positivo nessa questão. Por outro lado, as alunas Olívia, Priscila e Bruna afirmam que o professor desenvolvia atividades em sala de aula que envolviam todos os alunos, e ainda dizem que o auxílio dos colegas de classe se fez presente durante as atividades. É importante que o professor se capacite, pois sabemos que, mesmo sem o apoio da escola, isso deve ocorrer, porém não é a realidade de muitos. Mediante as dificuldades encontradas no cotidiano, não adianta receber esses alunos e não realizar nenhuma atividade para o seu desenvolvimento. De nada contribuiremos para inclusão agindo dessa maneira, mas devemos ressaltar a importância da inclusão dentro da sala de aula, pois os alunos podem aprender juntos, por meio de situações-problema e, para finalizar, as crianças são receptivas, elas estão em formação da sua personalidade e essa integração é importante para todos (MANTOAN, 1997).

11. Como um futuro profissional na área da educação, o que deveria ser feito em relação à sua formação? Devemos entender, do ponto de vista das alunas, o que é necessário para que elas se sintam preparadas para trabalhar com crianças de inclusão de maneira positiva, e se não estiverem, o que é preciso para tal. A maior parte das alunas acredita que é necessário, após a graduação, buscar uma especialização, uma capacitação. Olívia acredita que não é preciso ser um especialista, mas que saiba o mínimo que é preciso para desenvolver seu trabalho. Por outro lado, Bruna e Priscila acreditam que é preciso ser feito uma reforma na grade curricular das faculdades para que seja de fato esclarecida as dúvidas mediante a questão da inclusão. Afirmam ainda a insegurança e o despreparo para trabalhar com essas crianças. Entendemos que o professor deve sair preparado para trabalhar as diferenças e buscar as maneiras de fazê-lo autonomamente, porém não devemos excluir a responsabilidade das intuições e sua gestão na questão da inclusão. É preciso ser feita uma reforma em muitos aspectos, porém devemos estar constantemente refletindo a respeito da nossa didática, metodologia para com todos os alunos, e entender que, para respostas positivas na inclusão, é necessário primeiramente reivindicar uma educação de qualidade para todos, independente das diferenças (ALVES, 2005).


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CONSIDERAÇÕES É possível observar a importância do conhecimento das palavras inclusão e integração, sabendo que cada uma representa uma ação distinta uma da outra, porém indissociáveis. No que se refere à inclusão, foi possível perceber e ampliar os olhares a respeito de que ela não se alude somente às crianças com deficiência. As atitudes encontradas atualmente em relação a essas crianças são conceitos que foram formalizados há muito tempo e que ainda não fazem parte dos valores de uma sociedade e devem ser transformados. Isso deve ser realizado por meio de uma instituição de ensino, pois ela tem como função preservar valores ou dar lugar a novos valores que privilegiem a sociedade como contribuição para a cidadania, porém para que seja realizada com êxito, é importante a contribuição de todos os integrantes da escola, pais e comunidade. Então se entende que a inclusão/integração deve envolver todos os personagens envolvidos – pais alunos, professores, colaboradores, gestão, instituições de ensino, sociedade – para fazer valer o que a legislação já estabeleceu.

Para

os

alunos,

foi

possível

constatar

a

importância

da

inclusão/integração para o desenvolvimento das crianças em fase escolar, tanto para alunos de inclusão, quanto para alunos ditos normais. No entanto, ao fazer relação com a realidade das instituições e suas salas de aula hoje por meio da visão dos alunos estagiários do curso de Pedagogia, pode-se notar que, em muitas intuições de ensino, sua gestão não planeja receber esses alunos em sala de aula, dificultando ainda mais a ação do professor mediante o seu despreparo e falta de auxílio por parte dos seus superiores. Sabendo que a inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais necessita de adaptações e acompanhamento com especialistas como forma de contribuir para o processo de ensino e aprendizagem realizado em sala de aula, notamos que a minoria de instituições contribui para que seja realizado no ambiente das escolas. Muitas crianças recebem esse tratamento fora da escola, mas entendemos que a postura da sua gestão acaba sendo equivocada e fatalmente atrasa ainda mais o processo de inclusão. Essa postura afeta diretamente os professores que, por vezes, não possuem recursos para se especializarem e, quando não podem contar com o apoio da sua gestão, torna o processo mais difícil de ser realizado.


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Com relação ao desenvolvimento de projetos que estão ligados à coordenação, notamos que não são todas as instituições que contribuem de forma positiva, mostrando aos seus profissionais e comunidade o que é possível se fazer. Então, entende-se que há muito para se fazer, e que não cabe somente ao professor. Trata-se de uma relação entre todos componentes e principalmente que devemos reivindicar uma educação de qualidade. Dessa maneira, contemplaremos todos os alunos, seja ele de inclusão ou não.

REFERÊNCIAS ALVES, F. Inclusão: muitos olhares, vários caminhos e um grande desafio. Rio de Janeiro: Wak, 2005. BAUMEL, R. R.; SEMEGHINI, I. (orgs.). Integrar/incluir: desafio para a escola atual. São Paulo: Feusp, 1998. BRASIL. Casa Civil. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acessado em 12 abr. 2015. ______. Estatuto da Criança e do Adolescente. 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l8069.htm. Acessado em 12 abr. 2015. ______. Ministério da Educação. Declaração de Salamanca. 1994. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf. Acessado em: 12 abr. 2015. ______. Ministério da Educação. Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1996. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf. Acessado em: 12 abr. 2015. BRANDÃO, C. R. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 2007. (Coleção Primeiros passos). CAMPOS, E. F. E. A atuação do coordenador pedagógico no contexto escolar: construindo saberes. In: ENCONTRO REGIONAL DA ANPAE SUDESTE, 9, e ENCONTRO ESTADUAL DA ANPAE-SP, 13, 2014. Anais... São Paulo: ANPAE, 2014. CARVALHO, R. E. Educação inclusiva: com os pingos nos is. Porto Alegre: Mediação, 2004. ENUMO, S. R. F. Avaliação assistida para crianças com necessidades educacionais especiais: um recurso auxiliar na inclusão escolar. Rev. bras. educ. espec., v. 11, n.


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3, Marília, set./dec.2005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ar ttext&pid=S1413-65382005000300003. Acessado em: 2. fev. 2015. FERNANDES, I. C. Acessibilidade e inclusão social. 2012. 10 f. Monografia (Curso de Extensão) - Programa Nacional de Educação Fiscal, Uruguaiana, 2012. GLAT, R. Integração dos portadores de deficiência: uma questão psicossocial. Temas em psicologia, v. 3, n. 2, Ribeirão Preto, ago. 1995. GREGUOL, M.; GOBBI, E.; CARRARO, A.Formação de professores para a educação especial: uma discussão sobre os modelos brasileiro e italiano. Rev. bras. educ.espec., v.19, n.3, Marília, jul./set.2013. Disponívelem: http://www.scielo.br/sciel o.php?pid=S1413-65382013000300002&script=sci_arttext. Acessado em: 6 fev. 2015. LIBÂNEO, J. C. O ensino da didática, das metodologias específicas e dos conteúdos específicos do ensino fundamental nos currículos dos cursos de Pedagogia. R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 91, n. 229, p. 562-583, set./dez. 2010. Disponível em: http://rbep.inep.gov.br/index.php/RBEP/article/viewFile/1775/1369. Acessado em: 9 mar. 2015. MANTOAN, M. T. E. A integração de pessoas com deficiência: contribuições para uma reflexão sobre o tema. São Paulo: Memnon, 1997. OLIVEIRA, Z. R. Educação infantil: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002. PRIETO, R. G. Atendimento escolar de alunos com necessidades educacionais especiais: um olhar sobre as políticas públicas de educação no Brasil. In: ARANTES, V. A. (Org.). Inclusão escolar. Pontos e contrapontos. São Paulo: Summus, 2006. p. 31-73. SEMEGHINI, I. A escola inclusiva investe nas potencialidades do aluno: tópicos para a reflexão com a comunidade. In: BAUMEL, R. R.; SEMEGHINI, I. (Orgs.). Integrar/incluir:desafio para a escola atual. São Paulo: Feusp, 1998. p. 13-32. UNESCO. Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das necessidades básicas de aprendizagem. 1998. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/ 0008/000862/086291por.pdf. Acessado em: 12 abr. 2015.


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