O brincar e o processo de socializacao na infancia

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FACULDADE MÉTODO DE SÃO PAULO LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

ADRIANA ALVES DA SILVA ADRIANA DA SILVA DANIELA SILVA DE SOUZA VALDIRENE ALVES DE PAIVA

O BRINCAR E O PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO NA INFÂNCIA

SÃO PAULO 2014


ADRIANA ALVES DA SILVA ADRIANA DA SILVA DANIELA SILVA DE SOUZA VALDIRENE ALVES DE PAIVA

O BRINCAR E O PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO NA INFÂNCIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Método de São Paulo como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia. Orientadora: Profª. Drª. Ermelinda Barricelli.

SÃO PAULO 2014


ADRIANA ALVES DA SILVA ADRIANA DA SILVA DANIELA SILVA DE SOUZA VALDIRENE ALVES DE PAIVA

O BRINCAR E O PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO NA INFÂNCIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Método de São Paulo como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia. Orientadora: Profª. Drª. Ermelinda Barricelli.

SÃO PAULO 2014


RESUMO

O objetivo deste trabalho é observar e comparar dois contextos que contribuem para o processo de socialização infantil: a família e a escola tomando a brincadeira como eixo central dessa investigação. Em função disso, buscou-se apresentar esses dois contextos que a criança possui maior vínculo social nos primeiros anos de vida, o familiar e o escolar, com embasamento nos estudos do Referencial Curricular Nacional Educação Infantil (1998),e em autores como Vygotsky, Piaget, Wallon, Froebel, Kishimoto, Barricelli, Barros, Oliveira, Crepaldi, Antunes, Gay, Lima, Queiroz e Santomauro. Foram convidadas para participar deste momento, dois (02) grupos sociais como sujeitos de nossa pesquisa: quatro (04) educadoras do Centro de Educação Infantil Maria Aparecida Jerônimo, pertencentes à rede conveniada com a prefeitura de São Paulo, situada na zona sul da capital e quatro (04) mães com filhos matriculados nesta mesma instituição, sendo moradoras dessa mesma região e/ou das proximidades. As educadoras selecionadas atuam com crianças na faixa etária de oito (8) meses a três (3) anos e onze (11) meses de idade, e as mães com filhos entre as idades de dois (2) a seis (6) anos. Com os dados coletados e analisados, conferiu-se o reconhecimento das teorias apresentadas, no qual procedeu-se o reconhecimento que ambos os contextos se apropriam do brincar para contribuir no processo de socialização das crianças, o que diverge da hipótese inicial desta pesquisa que entendia que apenas o contexto escolar era um ambiente facilitador da brincadeira nesta fase de desenvolvimento infantil.

Palavras-chave: Criança. Brincar. Socialização.


SUMÁRIO INTRODUÇÃO..................................................................................................................

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CAPÍTULO I : O PAPEL SOCIAL DA BRINCADEIRA

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1.1 Definição de brincadeira.............................................................................................

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1.2 Comportamento social e desenvolvimento infantil....................................................

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CAPÍTULO II : A BRINCADEIRA EM DIFERENTES CONTEXTOS

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2.1 O brincar no contexto familiar.....................................................................................

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2.2 O brincar no contexto escolar.....................................................................................

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CAPÍTULO III : O FAZ DE CONTA, O JOGO E A BRINCADEIRA

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3.1 O faz de conta............................................................................................................

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3.2 Jogos, brinquedos e brincadeiras...............................................................................

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CAPÍTULO IV : PESQUISA DE CAMPO

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4.1 Objetivo....................................................................................................................

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4.2 Metodologia..............................................................................................................

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4.3 Sujeitos ......................................................................................................................

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4.4 Análise dos dados coletados no contexto familiar......................................................

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4.5 Análise dos dados coletados no contexto escolar......................................................

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CONSIDERAÇÕES...........................................................................................................

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REFERÊNCIAS................................................................................................................

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ANEXOS

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Termo de Consentimento Livre e Esclarecido..................................................................

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Questionário da pesquisa de campo................................................................................

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INTRODUÇÃO

Não podemos falar em brincar sem associar o ser criança a estes pensamentos, tão pouco mantê-los isolado de um contexto social. O homem necessita de relações sociais para desenvolver suas capacidades e inteligências e ao mesmo tempo compreender-se como sujeito neste espaço. Compreender a importância do brincar neste processo é cogitar sobre as diferentes relações que o ser humano desenvolve em sua cultura. A criança se relaciona com o meio desde muito pequena, é estimulada desde os primeiros meses de vida a corresponder às expectativas das concepções que a sociedade lhe atribui. O brincar está presente em todo este processo de interação e é por meio dele que ela compreende como viver em sociedade. Dessa forma, é preciso que os diferentes contextos vividos pela criança, em específico a família e a escola, reconheçam sobre o quanto o lúdico é importante para o desenvolvimento infantil. Assim, este trabalho tem por objetivo observar e comparar dois contextos que contribuem para o processo de socialização infantil: a família e a escola tomando a brincadeira como eixo central dessa investigação, visando mostrar que todo este processo faz parte de um contexto social, histórico e cultural que envolve a criança e o modo como se relaciona com seus semelhantes e seu meio ambiente. Para demonstrar este estudo, o trabalho divide-se em quatro capítulos: O primeiro capítulo faz uma abordagem sobre o papel social da brincadeira, sua definição, o comportamento social e o desenvolvimento infantil. O segundo capítulo, apresenta a brincadeira em diferentes contextos, o brincar no contexto familiar e o brincar no contexto escolar. O terceiro capítulo, ressalta o faz de conta, o jogo e a brincadeira. O quarto capítulo apresenta a pesquisa de campo, delineada a partir de um questionário qualitativo, com questões abertas, direcionado a professoras de educação infantil e mães de crianças da mesma instituição onde as professoras atuam. Assim, este trabalho avança ao realizar um estudo que observa e compara como a brincadeira acontece em dois contextos: o familiar e o escolar e suas contribuições para o processo de socialização infantil.


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CAPÍTULO I

O PAPEL SOCIAL DA BRINCADEIRA 1.1 Definição de brincadeira

O ser humano se faz humano por meio da socialização, do convívio e da troca de experiências com outros seres humanos que buscam maneiras de se relacionar em harmonia seguindo regras para o bem estar social. Esses padrões se fazem necessários para que todos se respeitem, convivam e trabalhem a favor do bem comum. As crianças nascem e crescem reproduzindo valores de acordo com a cultura e o tempo de cada civilização. O brincar, como forma de expressão de cada sociedade, é um importante meio para que as crianças compreendam as regras, se apropriem delas e as modifiquem conforme as necessidades de seu momento histórico. Na infância, as brincadeiras são de fundamental importância para o desenvolvimento da criança, que além de estimular a parte motora, cognitiva e psicológica, as prepara também para o convívio social e para serem seres transformadores do seu meio. É por meio do brincar que as crianças aprendem a socializar e a se adaptar ao meio, como afirma Oliveira (2002, p.126), “ao mesmo tempo que, a criança modifica seu meio, é modificada por ele.” É pela mediação das brincadeiras que as crianças fantasiam, imaginam situações e encontram soluções para seus conflitos. Pela brincadeira, também, encontram um equilíbrio entre exteriorizar e interiorizar os sentimentos, possibilitando novas estratégias para lidar com as situações encontradas. A brincadeira para Kishimoto, não é só manipulação de objetos: Construindo, transformando e destruindo, a criança expressa seu imaginário, seus problemas e permite aos terapeutas o diagnóstico de dificuldades de adaptação, bem como a educadores o estímulo da imaginação infantil e o desenvolvimento afetivo e intelectual. Dessa forma, quando está construindo, a criança está expressando suas representações mentais, além de manipular objetos (2010, p.45).


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Nesse brincar, está a formação moral e ética representada pelo meio e pela cultura, que pode ser simplesmente vivida, adaptada ou refeita, conforme a interpretação que a criança realiza sobre o espaço que a cerca. O brincar é, portanto, uma ação que dá fundamento à infância, preparando a criança para o processo de socialização, que a faz sentir-se parte de uma história, tendo segurança sobre seus sentimentos e valores, buscando construir, modificar ou apenas seguir os padrões existentes que estão a sua volta (KISHIMOTO, 2010). Em cada registro de período histórico vivido, nossas crianças receberam diferentes definições sobre o que vem a ser criança. Assim como mostra Barricelli (2007, p.9): Na sociedade dos séculos XIII, XIV e XV não havia diferenciação entre a criança e o adulto. A criança participava da vida social do adulto em iguais condições. Entre os nobres era comum a participação das crianças nas festas e jogos, assim que se tornavam menos dependentes da mãe ou da ama e adquiriam certa desenvoltura física podiam se misturar aos adultos. A distinção era tão tênue, que na aparência a única diferença era o tamanho, não existindo sequer trajes específicos que as distinguisse dos adultos.

Neste período as crianças não se distinguiam dos adultos, não era a elas reservado espaço apropriado, vestimentas ou qualquer outro tipo de amparo, simplesmente misturavam-se entre os adultos, sua única diferença entre eles era a composição física. Porém, não a consideravam como igual a um adulto, apenas deixavam que se misturassem a eles justamente por não terem referência à fase da infância e compreenderem suas especificidades.

O fato de participar da vida adulta não significava que ela fosse considerada plena de capacidades tal qual os mais velhos, pois, paradoxalmente não se acreditava que a criança possuía a personalidade formada. O que não existia de fato era a consciência sobre a infância com suas particularidades e essa falta de distinção tornava possível a participação da criança na vida adulta. (BARRICELLI,2007,p.10)

O estilo de vida desta época era bem diferente do momento em que vivemos, a sociedade não tinha acesso a recursos de higiene apropriados, bem como noção de vigilância sanitária e epidemiológica, as vacinas e medidas preventivas não faziam parte deste quadro, e portanto, o índice de mortalidade infantil era altíssimo, por este motivo


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os adultos não se apegavam tanto as suas crianças, pois embora não lhe faltasse cuidados, era essa a concepção social e cultural que tinham de infância. De acordo com Barricelli (2007, p.10):

Mas isso não significava, também, falta de afeto ou negligência e sim um apego superficial, marcado pela incerteza da chegada à vida adulta. A alta taxa de mortalidade de crianças pequenas era o fator determinante desse comportamento, tanto que os adultos passavam a considerá‐la como membro efetivo da família somente quando superavam os primeiros anos de vida, antes disso referiam‐se às crianças de modo reticente.

Atualmente, em nossa cultura, a criança faz parte do meio social como um ser não só de necessidades, direitos e deveres que devem ser respeitados e cumpridos pelos seus responsáveis e por toda a sociedade, mas também como um ser que é produto e produtor de valores, pertencentes a um comércio com foco e articulação em todas as áreas do seu desenvolvimento. A maneira como a criança participa e se relaciona em grupo, com outras crianças e adultos é reflexo do meio ambiente em que vive, reproduzindo hábitos e costumes que a elas são ensinados. O processo de socialização da criança pode ser construído e mediado intencionalmente por meio das relações, interações e ações que desenvolve no seu mundo exterior primeiramente para, então, internalizar essas experiências, como definido por Vygotsky (1991). Assim, as crianças aprendem a socializar através das relações que mantém com o grupo de pessoas que a cercam, e por meio desse grupo vivenciam experiências, trocam, compreendem, aceitam regras e exercem direitos e deveres. Todas essas experiências externas são revividas internamente gerando aprendizagem, como afirma Vygotsky (1991). Essa relação de uns com os outros se constitui como momento de aprendizagem, assim como espaço para aquisição de valores e princípios do viver socialmente, e todo esse processo acontece por meio das brincadeiras. Com as brincadeiras as crianças descobrem diferentes formas de lidar com situações do cotidiano, como compreender uma regra, uma fala ou ver uma nova possibilidade para criar uma saída para seu conflito, seja no grupo familiar, escolar ou social. Segundo Prado (2002, p. 99):


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As brincadeiras são compreendidas diferenciando significado por diferentes culturas, permitindo, assim identificar uma estrutura que as especificam, seja como sistema de regras, seja como fatos sociais que assumem o sentido que cada sociedade lhe atribui.

Com as brincadeiras as crianças descobrem diferentes formas de lidar com situações do cotidiano, como compreender uma regra, uma fala ou ver uma nova possibilidade para criar uma saída para seu conflito, seja no grupo familiar, escolar ou social. Para Kishimoto (2010, p.22), “A infância é, também, a idade do possível. Pode-se projetar sobre ela a esperança de mudança, de transformação social e renovação moral”. Como se vê na fase da infância as brincadeiras possui um papel importante no processo de socialização infantil, pois é brincando que compreendem como se relacionar com a cultura e história de seu tempo. Os brinquedos resistem ao tempo e algumas brincadeiras continuam sendo passadas de geração para geração, não com a mesma intensidade e objetivo, mas como resgate de valores e com outras aplicações. Brincadeiras consideradas livres, brincadas na rua em tempos passados, hoje são adaptadas para escolas ou instituições para mostrar como as crianças de outras épocas brincavam; como era o estilo de vida, a urbanização e o território. Hoje estas são planejadas em aulas pré-determinadas, com tempo e objetivos estipulados para alcançar o desenvolvimento da coordenação motora, lateralidade, atenção, equilíbrio, movimento, entre outras habilidades. Muitas brincadeiras e brinquedos no decorrer do tempo sofrem modificações em seu modo de brincar, pois são adaptadas às interferências e intervenções que cada cultura deseja expressar. Segundo Kishimoto (2010, p.21): Hoje os brinquedos reproduzem o mundo técnico e científico e o modo de vida atual, com aparelhos eletrodomésticos, naves espaciais, bonecos e robôs. A imagem representada não é uma cópia idêntica da realidade existente, uma vez que os brinquedos incorporam características como tamanho, formas delicadas e simples, estilizadas ou, ainda, antropomórficas, relacionada à idade e ao gênero do público ao qual é destinado.

As crianças em qualquer período histórico brincam com brinquedos, sejam eles rústicos, sofisticados, tecnológicos ou adaptados para a satisfação da sua necessidade


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de brincar e independentemente do material de sua confecção, o brinquedo é o próprio valor a ele atribuído, representa uma ação e passa a ser ensinado de acordo com o contexto social e histórico de seu tempo. Do mesmo modo que a criança brinca com um carrinho de madeira ou com um confeccionado com materiais recicláveis, pode vir a brincar com um de controle remoto, ou com um simulado em vídeo game desde que seja ensinada a brincar, sobre qual a função deste objeto em sua cultura, sua utilidade e seu objetivo de fazer parte da rotina. A criança poderá brincar com o carrinho sem saber suas funcionalidades, porém sua brincadeira não terá vínculo com o meio que vive. Quando ensinada, mesmo que de forma indireta pelo convívio com seus pares, além de brincar com o carrinho da maneira habitual, ou seja, dentro de um contexto, poderá também criar possibilidades de novas brincadeiras, mesmo que mude seu material de confecção e recursos técnicos de produção. Conforme Queiroz (2006, p.170): Quando a criança brinca, além de conjugar materiais heterogêneos (pedra, areia, madeira e papel), ela faz construções sofisticadas da realidade e desenvolve seu potencial criativo, transforma a função dos objetos para atender seus desejos. Assim, um pedaço de madeira pode virar um cavalo; com areia, ela faz bolos, doces para sua festa de aniversário imaginária; e, ainda, cadeiras se transformam em trem, em que ela tem a função de conduto, imitando o adulto.

As brincadeiras são situações consideradas intencionais, pois são ensinadas e se expressam por meio do lúdico, situações para as crianças compreenderem as regras a serem cumpridas na sociedade. Ainda de acordo com Kishimoto (2010, p.73), “brincando, portanto, a criança coloca-se num papel de poder, em que ela pode dominar os vilões ou as situações que provocariam medo ou que fariam sentir-se vulnerável ou insegura”. É, portanto, no processo de socialização infantil, no desenvolvimento das brincadeiras que as crianças poderão criar suas concepções de mundo e tipos de sujeito, repassando, produzindo e sendo produto de valores, inclusive os de seres ativos, interativos e participativos na sociedade, capazes de inventarem novas possibilidades, alternativas ou saídas para os novos contextos sociais e necessidades que lhe foram apresentadas. Em diferentes tipos de cultura e momentos históricos vividos, a brincadeira passou a ser objeto de estudo por diversos pensadores, pois é uma atividade presente e


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frequente na vida das crianças, faz parte da rotina diária, podendo ser vista pelo adulto como forma de aproveitar o tempo ocioso da criança, ou como uma maneira da criança não atrapalhar o adulto enquanto ele realiza suas tarefas, obrigações, ou afazeres domésticos. Enquanto brinca, a criança vai experimentando possibilidades, se desenvolvendo e este desenvolver vai acontecendo sobre os olhares das outras pessoas que a cercam, em ambientes diferenciados, marcados e regrados pelos que nele circulam, influenciando e direcionando o brincar. Neste contexto, a criança reinventa sua brincadeira (KISHIMOTO, 2010). A criança brinca em sua cultura, em seu tempo, sendo ensinada e direcionada em como fazê-lo, recebendo objetos, gestos e ações sobre como se comportar e agir diante das outras pessoas que com ela se relaciona, este acompanhamento redireciona todo o processo de aprendizagem e socialização, transformando em conhecimento todas as possibilidades de interação. O brincar para a criança é algo muito sério, é uma atividade na qual ela se defronta com suas próprias ideias, com seus medos e angustias. É o momento em que ela pode manipular seus sentimentos e transformá-los, para então poder viver de acordo com as regras que a todo o momento lhe são impostas. A partir da brincadeira, a criança constrói sua experiência de se relacionar com o mundo de maneira ativa, vivencia experiências de tomadas de decisões. Em um jogo qualquer, ela pode optar por brincar ou não, o que é característica importante da brincadeira, pois oportuniza o desenvolvimento da autonomia, criatividade e responsabilidade quanto a suas próprias ações. (QUEIROZ, 2006, p.170).

Ao brincar a criança representa situações do seu cotidiano, representando diferentes tipos de papéis como: ser a mãe, o pai, a professora, o filho, o irmão, etc. Nestas representações incorpora a fala de quem representa, agindo com os seus da forma que internalizou. Nestas representações ainda, relacionam o que sentem, expressando suas emoções, defrontando-se com as atitudes tomadas, percebendo-se como parte da ação. [...] Para Vygotsky (1984), o que define o brincar é a situação imaginária criada pela criança. Além disso, devemos levar em conta que brincar preenche necessidades que mudam de acordo com a idade... [uma criança quer ocupar o papel da mãe, porém esse desejo, não pode ser realizado imediatamente. Como a criança pequena não tem a capacidade de esperar, cria um mundo ilusório,


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onde os desejos irrealizáveis podem ser realizados]. (apud KISHIMOTO, 2010, p. 67).

As crianças no ato de brincar estão desenvolvendo todos os tipos de inteligências, estão formando opiniões morais, valores e condutas que poderão ser tomadas em situações reais, depois de confrontadas e relacionadas às brincadeiras realizadas. Kishimoto (2010, p.71) relaciona as ideias de Piaget, “o brincar representa uma fase do desenvolvimento da inteligência, marcada pelo domínio da assimilação sobre a acomodação, tendo como função consolidar a experiência passada”. Portanto, definir o brincar é algo tão sério quanto à própria brincadeira, que ludicamente insere a criança no meio social, transmitindo e repassando valores morais e éticos, de respeito, cuidado e preservação à espécie, aos seres vivos e ao planeta de modo geral. O brincar é um elemento essencial à infância, pois é por intermédio das brincadeiras realizadas, seja em dupla, trio, grupo, comunidade ou individualizada, que as crianças compreendem seus sentimentos, os de quem a cercam, as regas de relacionamento e a importância do convívio social. As brincadeiras despertam a imaginação, criam novas possibilidades de transformar a condição inicial, encontrando alternativas diversas para uma mesma questão, além de fortalecer a autoestima e dar segurança para superar os desafios do cotidiano, a concorrência e a competitividade. Segundo Queiroz (2006):

É no contexto da cultura que se dá a construção social, de significados, com base nas tradições, ideias e valores do grupo cultural que cria e recria padrões de participação, dando origem ao desenvolvimento de típicas categorias depensamento e de recursos de expressão.(Queiroz, 2006, p.170).

O brincar leva a criança a compreender símbolos e significados, o lúdico faz com que a compreensão linguística, oral e corporal seja aprendida por vivencia, na prática e não apenas entendida para satisfazer a necessidade do adulto que conduz a adaptação


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da criança ao meio social e ambiente escolar. É por intermédio das brincadeiras que as crianças desenvolvem sua inteligência, sua capacidade para expressar o próprio conhecimento, tornando-se cada vez mais um ser ativo, construtor e transformador do contexto social de que fazem parte.

1.2 Comportamento social e desenvolvimento infantil

A grande maioria das sociedades tem buscado atingir seu objetivo social, educacional e cultural por meio dos estudos de desenvolvimento infantil e de teorias com base nas expectativas de formação de sujeitos morais, éticos, autônomos, equilibrados, produtores e transformadores do seu meio, que estimulem o crescimento econômico, financeiro, tecnológico e também a qualidade de vida de sua comunidade. Para tanto, se faz necessário compreender que antes de chegarmos a concepção social do sujeito, temos que observar que o homem nasce, cresce e se desenvolve apresentando diversos tipos de comportamentos, conforme descreve La Taille (1992, p.12 ), ”O homem normal não é social da mesma maneira aos seis meses ou aos vinte anos de idade, e, por conseguinte, sua individualidade não pode ser da mesma qualidade nesses dois diferentes níveis”. Assim, vemos que em cada fase de desenvolvimento da criança ela necessita de motivações adequadas para o período que está vivendo, devendo ser estimulada física, emocional e cognitivamente de acordo com cada estágio que se encontra. Com a compreensão dessas necessidades, percebemos como a brincadeira, o faz de conta, e a interação infantil é importante para que as crianças se desenvolvam socialmente e se apropriem de sua cultura, internalizando todos os conceitos externos que contribuem para seu aprendizado de maneira mediada. Desse modo, buscamos também em La Taille (1992, p.26) o conceito de mediação:

Enquanto sujeito de conhecimento humano o homem não tem acesso direto aos objetos, mas um acesso mediado, isto é, feito através dos recortes do real


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operados pelos sistemas simbólicos de que dispõe. O conceito de mediação inclui dois aspectos complementares. Por um lado refere-se ao processo de representação mental: a própria ideia de que o homem é capaz de operar mentalmente sobre o mundo supõe, necessariamente, a existência de algum tipo de conteúdo mental de natureza simbólica, isto é, que representa os objetos, situações e eventos do mundo real no universo psicológico do indivíduo. Essa capacidade de lidar com representações que substituem o real é que possibilita que o ser humano faça relações mentais na ausência dos referentes concretos, imagine coisas jamais vivenciadas, faça planos para um tempo futuro, enfim, transcenda o espaço e o tempo presentes, libertando-se dos limites dados pelo mundo fisicamente perceptível [...]

Os brinquedos, jogos e brincadeiras são mediadores entre o mundo real e a imaginação da criança, onde por intermédio destes as crianças criam possibilidades e hipóteses para formar conceitos sobre as relações que o cercam, desenvolvendo assim seus processos psicológicos de significação, apropriação e transformação dos limites e das concepções do mundo físico que estão inseridas, sendo capazes de relacionar e ser resolutivos em situações concretas, tendo como base às situações imaginárias. Diferentes pesquisas contribuíram muito para chegarmos ao entendimento sobre o desenvolvimento e comportamento das crianças. Reconhecer as necessidades e especificidades da infância em cada cultura é uma necessidade.

Cabe à ciência

conhecer e estudar a especificidade da infância de cada cultura. No entanto, as controvérsias sobre conceitos de hereditariedade e ambiente ainda dividem opiniões, mas são importantes para compreendermos as relações de desenvolvimento humano e seu comportamento em sociedade. O consenso mais atual sobre o assunto é que todo ser vivo depende de sua hereditariedade e do meio ambiente que o cerca para se desenvolver, sendo que as duas concepções se completam e são essenciais para a compreensão do educador ao desenvolver atividades com crianças visando à promoção e a interação social, assim como defende Barros (1991, p. 28):

A solução do problema da força relativa da hereditariedade e do ambiente tem enorme importância prática na educação e nas relações sociais. O educador que considerar mais forte a influência da hereditariedade poderá abandonar as crianças atrasadas, olhando-as com pessimismo; e o educador muito entusiasmado pela influência do meio-ambiente sentir-se-á inclinado a exigir que todos os alunos sigam o mesmo padrão ideal de desempenho.


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Os pais, os educadores e as entidades sociais precisam compreender a criança com um ser em construção, respeitando o espaço, tempo e o momento que a criança tem para brincar, pois é por meio das mediações da brincadeira que as crianças passam a construir seus valores, seus pensamentos e o julgamento moral que fazem na vida social.

As crianças possuem uma natureza singular, que as caracteriza como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio. Nas interações que estabelecem desde cedo com as pessoas que lhe são próximas e com o meio que as circunda, as crianças revelam seu esforço para compreender o mundo em que vivem, as relações contraditórias que presenciam e, por meio das brincadeiras, explicitam as condições de vida a que estão submetidas e seus anseios e desejos.(BRASIL, 1998, p.21, v1).

Quando são ainda bebês as crianças brincam com as mães, com o próprio corpo e, assim, vão se descobrindo. Essas são suas primeiras expressões sociais: conhecer cheiros, cores e sabores. Assim como afirma Barros (1991, p.197). ”A criança muito pequena não necessita de muitos brinquedos, pois seu próprio corpo lhe oferece uma infinidade de sensações.” Suas descobertas vão evoluindo e expandindo suas habilidades, e com maior desenvolvimento motor passa a dominar objetos com mais facilidade e encantamento, possibilitando cada vez mais evoluções e autonomia para brincar sozinha ou em grupo, com brinquedos ou no próprio mundo do faz de conta, assim a brincadeira vai ficando cada vez mais complexa e sofisticada. Nas brincadeiras simbólicas ou de regras a criança aprende que faz parte de um grupo, e que há maneiras para se comportar em cada situação, e que precisa aprender a lidar com seus sentimentos em relação a estas exigências. Conforme afirma Barros (1991, p.198), “É através de jogos e brinquedos que a criança encontra suas soluções e uma forma pessoal de assumir um lugar no grupo.”

No processo de construção do conhecimento, as crianças se utilizam das mais diferentes linguagens e exercem a capacidade que possuem de terem ideias e hipóteses originais sobre aquilo que buscam desvendar. Nessa perspectiva as crianças constroem o conhecimento a partir das interações que estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem. (BRASIL,1998, p.21-22, v1.)


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O brincar é uma atividade que ajuda a criança desde muito pequena a se desenvolver em todas as fases de sua vida, proporcionando além de aprendizagem e conhecimento, o auto conceito sobre sua personalidade, sua maneira de compreender o meio ambiente, a cultura em que vive as pessoas e seus próprios sentimentos, além de experimentar os medos e angústias em relação ao comportamento que apresenta, sendo capaz de procurar manter-se em equilíbrio ao lidar com conflitos internos e externos, estabelecendo melhor qualidade de vida em sua rotina diária e em seu desempenho social de modo geral. Conforme BRASIL, (1998, p.28, v1): O brincar apresenta-se por meio de várias categorias de experiências que são diferenciadas pelo uso do material ou dos recursos predominantemente implicados. Essas categorias incluem: o movimento e as mudanças da percepção resultantes essencialmente da mobilidade física das crianças; a relação com os objetos e suas propriedades físicas assim como a combinação e associação entre eles; a linguagem oral e gestual que oferecem vários níveis de organização a serem utilizados para brincar; os conteúdos sociais, como papéis, situações, valores e atitudes que se referem à forma como o universo social se constrói; e, finalmente, os limites definidos pelas regras, constituindo-se em um recurso fundamental para brincar.

Nota-se que o lúdico é um importante instrumento social, capaz de nortear os conhecimentos a respeito do desenvolvimento e comportamento infantil, abrangendo em diferentes aspectos os níveis de conhecimento e os limites entre o individual e o coletivo na compreensão do bem comum.


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CAPÍTULO II A BRINCADEIRA EM DIFERENTES CONTEXTOS

2.1 O brincar no ambiente familiar

A importância que os familiares representam no desenvolvimento do pensamento criativo dos pequenos é muito significativa para a formação pessoal da criança, os jogos e as brincadeiras realizados em casa são atividades que merecem atenção, a posição dos pais em relação aos brinquedos que oferecem aos filhos também, pois atendendo os caprichos de consumo de brinquedos por mero prazer de tê-los, os pais não percebem que alguns brinquedos possuem restrição de idades, são destinados e classificados por faixa etária, atendendo a determinado público, que já domina certas habilidades. Quando os pais não se atentam a essas classificações do brinquedo e ao material que são confeccionados, podem até comprometer a integridade física da criança na hora do brincar. Como alerta Crepaldi (2006, p.67): A sociedade atual enfatiza o consumo, e essa ênfase é materializada nos brinquedos das crianças, que estão cada vez mais descartáveis e individualizados. São brinquedos feitos com peças pequenas e de material plástico que chegam a oferecer risco às crianças.

O núcleo familiar é o útero da aprendizagem humana, gerando referencias de relações inter/intrapessoais na qual os indivíduos baseiam-se para construírem seu domínio das situações encontradas no cotidiano. Sendo o ambiente familiar o berço da formação da criança, o papel da brincadeira em família, assim como o papel que os pais e familiares desenvolvem, interfere diretamente nesse processo de construção da personalidade, conhecimento e socialização infantil, é neste processo de brincadeiras que a criança irá instaurar uma conexão entre o mundo imaginário e o real. Segundo Vygotsky (1991, p.144), “as maiores aquisições de uma criança são conseguidas no


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brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade”. Ao comprar os brinquedos para os filhos, os pais precisam ficar atentos para as questões de segurança e necessidade da aquisição destes brinquedos e o modo que estes objetos propiciam a brincadeira; muitos brinquedos comprados apenas criam uma ilusão à cultura, incentivando o individualismo e a posse, e esta ação é influencia pelos meios de comunicação para estimular o comércio, a economia e o capital, desmerecendo a troca e o social. De acordo ainda com Crepaldi (2006, p.67):

Valorizam-se as brincadeiras individualizadas e a formação de coleções, com ênfase no possuir. Acumulam-se grandes quantidades de objetos que logo caem em desuso. Outras vezes esses brinquedos passam a ser objetos de decoração, perdendo a característica de socialização ou afeto. Ainda outro aspecto é a questão cultural, com brinquedos e personagens oriundos de filmes e desenhos da televisão que passam valores de culturas diversas e nem sempre alusivos à tolerância e à inclusão.

Nos dias atuais os pais não dispõem de tempo para interagir com seus filhos, pois precisam trabalhar muitas horas por dia para manter as necessidades financeiras e econômicas da família, esquecem-se de se relacionar com a criança, seja por falta de tempo, vontade, necessidade ou conhecimento sobre a importância desta para o desenvolvimento das crianças. Desta forma, compram muitos brinquedos, inclusive os de uso tecnológico, para compensar a ausência, o contato e o afeto. Com o decorrer das décadas a sociedade passou por transformações tanto no âmbito socioeconômico como no cultural, que refletiram as relações familiares. Era comum a visão de mãe como aquela que ficava em casa e cuidava dos filhos, lhes passando valores e ensinamentos. Porém atualmente com o papel da mulher cada vez mais presente no meio social, e ocupando grande parte do mercado de trabalho, ela não dispõe de tanto tempo para interagir e estar com os filhos, pois acumula dupla jornada: trabalho dentro e fora de casa.


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Assim, as crianças também não podem sair para as ruas e brincarem livremente, ficando restritas ao ambiente doméstico e a televisão, imaginando situações desta vivencia eletrônica. Conforme Kishimoto (2010, p.21):

Hoje os brinquedos reproduzem o mundo técnico e científico e o modo de vida atual, com aparelhos eletrodomésticos, naves espaciais, bonecos e robôs. A imagem representada não é uma cópia idêntica da realidade existente, uma vez que os brinquedos incorporam características como tamanho, formas delicadas e simples, estilizadas ou, ainda, antropomórficas, relacionadas à idade e ao gênero do público ao qual é destinado. Os brinquedos podem incorporar, também, um imaginário preexistente criado pelos desenhos animados, seriados televisivos, mundo da ficção científica com motores e robôs, mundo encantado dos contos de fada, estórias de piratas, índios e bandidos. Ao representar realidades imaginárias, os brinquedos expressam, preferencialmente, personagens sob a forma de bonecos, como manequins articulados ou super-heróis, misto de homens, animais, máquinas e monstros.

É necessário avaliar as consequências das mudanças ocorridas na interação familiar que se restringem a períodos curtos de convivência, tentando organizar melhor a rotina familiar para suprir essa necessidade de conviver, ser e estar presente nas atividades dos filhos, verificando o tipo de valor moral e educacional que está sendo construído e repassado pelas famílias, incentivando o individualismo, a competição, a concorrência, em uma sociedade que almeja por colaboração, cooperação e bem estar social. Segundo Gay (2005, p.16): Por um lado, todos nós queremos dar aos nossos filhos uma educação inspirada em valores do tipo paz, cooperação e confiança. Por outro lado, estamos todos envolvidos na cultura da competitividade e da luta para conquistar poder, sucesso, prestígio para nos realizarmos em detrimento dos outros. Esse estilo de vida, que nos submete a tantas pressões, produz, inevitavelmente, um tipo de criança que conhece bem a lógica dos vencedores e vencidos, mas não a lógica da cooperação e da reconciliação. Um aprendizado que acontece por meio de modelos que podem ser encontrados na própria família, na escola, nos meios de comunicação.

É essencial observar as alterações que ocorreram neste processo entre as relações familiares, como o menor tempo de contato entre pais e filhos, a maior exposição


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das crianças à TV e a outros ambientes que realizam tarefas e lazer, principalmente a escola a qual os pais acabam cada vez mais delegando a função de correção e educação social. Isso pode acarretar em uma criança que chega a escola/creche, muitas vezes sem noções de limites ou sem valores sociais, devido à falta de interação com pais ou responsáveis legais. A família é o primeiro ambiente estimulador da criança e os pais devem perceber a importância desta no processo evolutivo de seu filho, brincando em família a criança se sente mais a vontade para brincar e explorar situações que possuem menos habilidades comparando-se ao outro, assim como refere Oliveira (2013, p.124): O desenvolvimento pessoal funda-se em um processo de auto descoberta, onde cada qual tende a tomar consciência do que sabe fazer e do que tem dificuldade, como pode potencializar algo que faz bem e conviver, ou diminuir, com afeitos daquilo que tem menos habilidades. O processo de comparação pode ser doloroso, porém é eficaz e, às vezes, inevitável. No entanto, atividade lúdica pode compor este processo de comparação de forma agradável, divertida e em um clima de camaradagem. Quando a criança joga, ela percebe suas possibilidades e a dos companheiros.

Ao brincar a criança manifesta sua própria sabedoria natural, exercendo os conhecimento e capacitações que tem. Quando se brinca com os filhos os pais devem ficar atentos para não acabarem apresentando algumas atitudes que ao invés de ajudar no desenvolvimento da criança acabe por prejudica – lá.Por outro lado, algumas atitudes os adultos podem se apresentar como protetores, como por exemplo, permitir que as crianças vençam o jogo, facilitando as regras e escondendo jogadas que ofereçam riscos. Elas dão uma visão irreal do que é jogar, desrespeitando as regras e insinuando a criança a trapacear, não permitindo que eles entendam que se ganha algumas vezes e perdemse outras. Conforme Wallon (2007, p.64), É por isso que a dificuldade das regras, embora inspire mais o temor do fracasso que o gosto pelo triunfo, inflige à ideia de esforço um aspecto de necessidade que é desagradável, que sufoca o livre ímpeto do jogo e o prazer a ele vinculado. Elas podem também dar a impressão de uma necessidade exterior, quando na verdade são o código imposto por todos a cada um nos jogos em comum. A criança, que ainda distingue mal entre a casualidade objetiva e a casualidade voluntária, entre as obrigações inevitáveis e as que são consentidas, muitas vezes, transforma em brincadeira o ato de subtrair-se a elas trapaceando.


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Além de estarem distorcendo a realidade, perde-se uma fundamental chance de deixar que os filhos desenvolvam qualidades como a resiliência, que é a capacidade de lidar com as frustrações sem se desestruturar psicologicamente, já que permitir que a criança sempre vença é uma forma de evitar a frustração. Portanto, para que haja uma melhor interação de convivência entre os familiares sem prejudicar a aprendizagem da criança em se socializar, aconselha-se que seja feita escolha de atividades que se alternem entre aquelas em que a criança se destaca e aquela que o adulto se destaca, para que assim as crianças possam aprender que as pessoas são boas cada qual em algo, mas não em tudo. Existem milhões de filhos únicos no Brasil e mesmo que estas crianças tenham divertimento com os pais ou outros adultos que se relaciona no seio familiar, a interação apenas com eles, por mais preparados e bem intencionados que possam estar não substituem a importância do convívio e conflito gerado com outras crianças, possibilitando à comparação de ideias, a solução de situações problemas, a identificação, a autonomia e formação da auto-imagem de si mesmas.

2.2 O brincar no contexto escolar

O brincar é uma ferramenta essencial e necessária ao processo de desenvolvimento humano e tem grande importância no processo de desenvolvimento das crianças, devendo fazer parte do dia a dia de maneira prazerosa, inclusive no ambiente escolar. Como vimos, a brincadeira favorece o desenvolvimento e a construção favorece a construção da convivência social. Essa convivência continua e se acentua na escola, mas, além disso, no ambiente institucionalizado com e pela brincadeira a criança brinca, inventa, cria e transforma, imaginando, organizando construindo novos conceitos e desenvolvendo-se cognitivamente. Como afirma Oliveira (2002, p.10) A evolução lúdica, notadamente, nos primeiros anos de vida mostra que ao brincar a criança desenvolve a inteligência, aprende prazerosa e


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progressivamente a representar simbolicamente sua realidade, deixa, em parte, o egocentrismo que a impede de ver o outro como diferente dela, aprende a conviver. O lúdico “não está nas coisas, nos brinquedos ou nas técnicas, mas nas crianças, ou dizendo, no homem que as imagina, organiza e constrói.

Considerando a importância do brincar e todo o desenvolvimento oferecido por esta atividade no cotidiano da criança, no preparo e participação do exercício à cidadania, embasa-se alguns princípios significativos a socialização infantil. Como descreve o Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil (BRASIL, 1998, p.13, v1): • o respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas etc.; • o direito das crianças a brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil; • o acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, à comunicação, à interação social, ao pensamento, à ética e à estética; • a socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie alguma; • o atendimento aos cuidados essenciais associados à sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade.

As instituições devem estar preparadas e orientadas quanto a este momento de significação no universo infantil, assegurando-se que sejam cumpridos os direitos que a elas são reservados. A educação infantil é a fase das brincadeiras, é o momento em que as crianças estão descobrindo o mundo, criando e experimentando, compreender este universo e suas particularidades é um dos grandes desafios vivido pelos profissionais, que além de reconhecerem as necessidades das crianças, precisam tentar alcançar os objetivos traçados e previamente preparados para cada fase que a criança se encontra, pois da mesma forma que estas expectativas são elaboradas de maneira intencional, são também lúdicas em todo o processo de cuidar, educar e ensinar. É ainda também, por meio das brincadeiras que na educação infantil as crianças aprendem a respeitar as regras de convivência social, seus direitos e deveres, assim como todos os seus colegas e todos que dividem o mesmo espaço, “os combinados”, passam a fazer parte da rotina escolar mostrando para a criança que deve respeitar o outro para ser respeitada e a maneira de conviver em um espaço que não é só seu, que


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é um espaço que pertence ao outro também, e aos outros, e a todos que nele convivem, que o espaço é um ambiente coletivo. Conforme Barricelli (2007, p. 39): Na educação infantil, geralmente, existem os ‘combinados’. Essas regras ocorrem, primeiramente, por uma imposição externa dos adultos para as crianças, com o intuito de desenvolver o sentimento de justiça, pois há um trabalho intenso para a criança aderir às regras. Portanto, essas regras impostas às crianças em seus processos de interação social são, no início, condição necessária para o bom convívio em suas relações, depois, se tornam premissas básicas para o desenvolvimento do respeito mútuo: é preciso respeitar o outro para ser respeitado, esse é um princípio muito difundido para as crianças.

Em algumas situações é possível perceber que a criança só consegue entender uma regra ou chegar a um entendimento sobre uma situação nova, se esta for desenvolvida por meio de brincadeiras. O ambiente escolar deve ser um espaço a ser explorado e que contribua para este desenvolvimento de formação e descoberta das crianças. Portanto, não é aconselhável que o educador utilize somente um espaço para ensinar, pois a criança necessita conhecer ambientes diferentes e descobrir que cada local possibilita diversas situações de aprendizado e que há diferentes maneiras de se comportar e relacionar. A escola é um ambiente que possui diversos mecanismos, ferramentas e estratégias pedagógicas para criar condições de satisfazer as necessidades básicas da criança, oferecendo-lhe um clima de bem-estar físico, afetivo, social e intelectual, mediante a proposição de atividades lúdicas que levam a criança a agir com espontaneidade, estimulando novas descobertas. De acordo com BRASIL (1998): A intervenção intencional baseada na observação das brincadeiras das crianças, oferecendo-lhes material adequado, assim como um espaço estruturado para brincar permite o enriquecimento das competências imaginativas, criativas e organizacionais infantis. Cabe ao professor organizar situações para que as brincadeiras ocorram de maneira diversificada para propiciar às crianças a possibilidade de escolherem os temas, papéis, objetos e companheiros com quem brincar ou os jogos de regras e de construção, e assim elaborarem de forma pessoal e independente suas emoções, sentimentos, conhecimentos e regras sociais. (BRASIL, 1998, p.29,v1):


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O brincar é a primeira linguagem da criança, a partir das atividades lúdicas é que ela irá se desenvolver, facilitando o processo de socialização, comunicação, construção de pensamentos. No primeiro momento a criança brinca sozinha, representando vários papéis, dando vida aos objetos, atribuindo-lhes sensações e emoções. Aos poucos ela começa a sentir necessidade de interagir com as outras crianças e a partir disto, a brincadeira começa a se tornar mais complexa, portanto é na infância que a criança começa a ter que respeitar a vontade do outro, e assim a brincadeira evolui na sua estruturação, fazendo com que haja uma evolução mental. As atividades lúdicas não só dão prazer como também preparam a criança para viver em sociedade e a impulsiona a buscar soluções para situações de conflitos que acontecem em seu cotidiano, estimulando e criando autonomia. Segundo Froebel (1912, apud FRIEDMANN, 2014 p.21). Viver de acordo com sua natureza, tratada corretamente, e deixada livre, para que use todo seu poder. [...] A criança precisa aprender cedo como encontrar por si mesmo o centro de todos os seus poderes e membros, para agarrar e pegar com suas próprias mãos, andar com seus próprios pés, encontrar e observar com seus próprios olhos.

A criança ao brincar desenvolve habilidades físicas, é capaz de respeitar regras, desperta a vontade de socialização, ajuda no aprendizado e na criatividade. A educação infantil é o “berço” das descobertas, é uma fase em que não podem faltar estímulos. Sendo assim, o lúdico é a peça essencial no processo ensino-aprendizagem. É importante que o brincar esteja inserido em um projeto pedagógico mais amplo da escola, que a instituição valorize o brincar como uma maneira de ensinar e não como um “passatempo” para as crianças. A escola deve disponibilizar de um espaço adequado para que as crianças possam ter autonomia no brincar como, por exemplo, estantes baixas com brinquedos coloridos, de encaixe, fantoches, livros de pano, esse ambiente deve ser colorido, e estimulador do aprendizado. As instituições devem, ainda, oferecer as condições necessárias para florescer o lúdico, pois o brincar é uma forma adequada e que colabora para estimular a criança em seu aprendizado, ajudando no processo de socialização.


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Ultrapassar os muros da escola e mostrar diversos ambientes que se contextualizam também faz parte do processo de socialização infantil. Assim como aborda o RCNEI (BRASIL, 1998, p. 58, v1): A organização dos espaços e dos materiais se constitui em um instrumento fundamental para a prática educativa com crianças pequenas. Isso implica que, para cada trabalho realizado com as crianças, deve-se planejar a forma mais adequada de organizar o mobiliário dentro da sala assim como introduzir materiais específicos para a montagem de ambientes novos, ligados aos projetos em curso. Além disso, a aprendizagem transcende o espaço da sala, toma conta da área externa e de outros espaços da instituição e fora dela. A pracinha, o supermercado, a feira, o circo, o zoológico, a biblioteca, a padaria etc. são mais do que locais para simples passeio, podendo enriquecer e potencializar as aprendizagens.

A partir disto é importante que o professor saiba agir e coordenar este local, estar capacitado para direcionar as atividades e considerar as múltiplas possibilidades educativas que pode proporcionar a criança. Isto significa que o educador tem a responsabilidade de oferecer momentos e condições necessárias que contribuam ao máximo para o desenvolvimento infantil. Precisa ainda, conscientizar-se que brincando as crianças recriam aquilo que sabem sobre as mais diversas esferas do conhecimento, em uma atividade interativa e imaginativa. O professor necessita de um suporte teórico e, acima de tudo, precisa acreditar que a brincadeira se constitui em ferramentas indispensáveis no processo de desenvolvimento das qualidades psíquicas da criança, o que possibilitará a aquisição de conhecimentos de forma prazerosa e adequada ao nível de desenvolvimento dessa etapa da vida. De acordo com BRASIL (1998): Nessa perspectiva, o professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano. Na instituição de educação infantil o professor constitui-se, portanto, no parceiro mais experiente, por excelência, cuja função é propiciar e garantir um ambiente rico, prazeroso, saudável e não discriminatório de experiências educativas e sociais variadas. (BRASIL,1998, p. 30, v1)


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Considerando não só prazerosa a possibilidade de adquirir conhecimentos pelas atividades lúdicas é necessário pensar no espaço como facilitador do desenvolvimento da criança. Existem crianças que passam maior parte do tempo dentro da escola, portanto, a instituição deve ser um local seguro, saudável, atrativo e acolhedor, que transmita confiança e favoreça as relações sociais. Conforme BRASIL (1998): O espaço na instituição de educação infantil deve propiciar condições para que as crianças possam usufruí-lo em benefício do seu desenvolvimento e aprendizagem. Para tanto, é preciso que o espaço seja versátil e permeável à sua ação, sujeito às modificações propostas pelas crianças e pelos professores em função das ações desenvolvidas. Deve ser pensado e rearranjado, considerando as diferentes necessidades de cada faixa etária, assim como os diferentes projetos e atividades que estão sendo desenvolvidos. (BRASIL1998, p. 69, v1)

Assim, o espaço, a estrutura física, os objetos disponíveis dentro da escola atuam como facilitadores da aprendizagem. Por isso a importância das salas de aula serem arejadas, com um espaço adequado para a quantidade de crianças, os brinquedos estarem ao alcance do educando para que consiga manuseá-los livremente. Este ambiente precisa ser atrativo, com cores vivas que atraem as crianças e estimule ao aprendizado. Sendo assim as trocas de saberes acontecerão naturalmente através das diversas linguagens, sejam elas: oral, corporal, gestual ou musical, retratando a realidade de cada um. A criança precisa de estímulos tanto dos adultos, como do espaço físico. O desconhecido para alguns indivíduos desperta curiosidade, mas para outros faz sentir medo, e para a criança da educação infantil o novo, no primeiro momento assusta, e ao chegar numa escola terá que passar por uma fase de adaptação ao ambiente e com as pessoas que as cerca. Por isto a importância do ambiente escolar não só ter uma estrutura física adequada como também profissionais da educação envolvidos e comprometidos com o ato de educar. Segundo BRASIL (1998), a ação docente é à base de uma boa formação escolar e contribui para a construção de uma sociedade pensante. A criança passa anos dentro de uma instituição para completar sua vida escolar e é dentro deste ambiente que ela irá aprender costumes e valores. O professor além de se preocupar em desenvolver as


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capacidades cognitivas e habilidades das crianças, precisa também, perceber o quanto é referência pessoal para elas, e que por meio das brincadeiras desenvolvidas no contexto escolar e com a referência que as crianças passam a ter dele, formarão suas interpretações sobre o mundo que a cercam. A esperança de uma criança, ao caminhar para a escola é encontrar um amigo, um guia, um animador, um líder - alguém muito consciente e que se preocupe com ela e que a faça pensar, tomar consciência de si e do mundo e que seja capaz de dar-lhe as mãos para construir com ela uma nova história e uma sociedade melhor. (BRASIL, 1998). Assim, o ambiente escolar envolve não só a estrutura física, mas também envolve professores, alunos, gestores e funcionários, ou seja, é um espaço de seres humanos e trocas de culturas e saberes a todo instante. É fundamental que haja um entendimento e cooperação entre as pessoas, e que o foco desta instituição seja a favor da educação e do desenvolvimento coletivo, contribuindo para formação de indivíduos felizes e capazes de produzir e transformar sua cultura e sociedade.


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CAPÍTULO III O FAZ DE CONTA, O JOGO E A BRINCADEIRA

3.1 O faz de conta

A necessidade que a criança tem de se expressar ocorre de diversas maneiras, mas é por meio do faz de conta que o brincar se transformou em uma das principais vias para o seu desenvolvimento (BRASIL,1998). O brincar é uma atividade essencialmente humana, e é nesse enfoque que a brincadeira contribui para a construção da formação da criança como um sujeito social que aprende a viver, a produzir cultura e desenvolver significações individualizadas. Contudo, é devido às experiências já adquiridas pela criança e em diferentes contextos que ela consegue demonstrar com maior naturalidade o que sente, traduzindo assim sua capacidade de fantasiar e sonhar. Após o domínio da linguagem, começa a representar e ter maior compreensão das regras que compõem o repertório infantil e sua interação com o meio que está inserida. Em concordância, Kishimoto (2010, p.43-44). A brincadeira de faz de conta, também conhecida como simbólica, é a que deixa mais evidente a presença da situação imaginária. Ela surge com o aparecimento da representação e da linguagem, em torno de 2/3 anos, quando a criança começa a alterar o significado dos objetos, dos eventos, a expressar seus sonhos e fantasias e assumir papéis presentes no contexto social. O faz de conta permite não só a entrada no imaginário, mas a expressão de regras implícitas que se materializam nos temas das brincadeiras. É importante registrar que o conteúdo do imaginário provém de experiências anteriores adquiridas pelas crianças, em diferentes contextos

A brincadeira de faz-de-conta é um processo elaborado e é por meio dela que as crianças conseguem desenvolver capacidades importantes como, por exemplo, a imitação, a atenção, a memória e a imaginação. Por meio do faz-de-conta é possível trabalhar com a criança alguns aspectos importantes de sua vida como: o medo, a realidade e a superação, entre outras possíveis dificuldades que a criança possa apresentar na sua infância. (KISHIMOTO, 2010).


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A criança vive a sua realidade e a representa no faz-de-conta, nas brincadeiras de casinha ela brinca como se fosse: o pai, a mãe, o irmão, o filho, o padrasto, a madrasta, o bebê e até o animalzinho de estimação; em outros contextos ela vive: o índio, a polícia, o ladrão, os heróis, os vilões, os personagens da TV, e a própria professora. Essa diferenciação de papéis faz com que a criança possa fantasiar e imaginar como princípios fundamentais para aprender sobre o seu eu e sobre o outro. O faz-de-conta permite demonstrar emoções contidas, sentimentos e significados já vivenciados pela criança. Freud (BOMTEMPO, 1988 apud KISHIMOTO, 2010, p. 63), afirma que: Cada criança em suas brincadeiras comporta-se como um poeta, enquanto cria seu mundo próprio ou dizendo melhor, enquanto transpõe os elementos transformadores de seu mundo, para uma nova ordem, mais agradável e conveniente para ela.

A criança consegue, por sua vez por meio do imaginário, demonstrar o que vê e sente ao seu redor, a sua maneira. O faz de conta faz a mediação entre a realidade e a fantasia, transportando a criança a um mundo de imaginações criado por ela, no qual sonhos irrealizáveis podem se transformar em realidade. No faz-de-conta uma pessoa pode ser um personagem, um simples objeto pode se transformar em diversas coisas, conforme a imaginação e necessidade que a criança tiver no momento do brincar. Conforme Kishimoto (2010, p.73): Brincando, portanto, a criança coloca-se num papel de poder, em que ela pode dominar os vilões ou as situações que provocariam medo ou que a fariam sentirse vulnerável e insegura. A brincadeira de super-herói, ao mesmo tempo que ajuda a criança a construir a autoconfiança, leva-a a superar obstáculos da vida real, como vestir-se, comer um alimento sem deixar cair, fazer amigos, enfim, corresponde às expectativas dos padrões adultos.

Alguns pais ficam preocupados com seus filhos em relação às fantasias que criam sobre personagens e super-heróis. Porém, estas brincadeiras não são prejudiciais, e ao contrário do que pensam, ajudam a criança a compreender melhor seus sentidos e dominá-los e por este caminho, aprendem a lidar e superar até as mais complexas


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dificuldades psicológicas, principalmente as relacionadas aos sentimentos e desafetos. (KISHIMOTO, 2010). Para a criança o momento da brincadeira de faz-de-conta é apenas uma brincadeira, para o professor esse momento é muito importante e deve ser analisado com muita seriedade. Essa brincadeira é uma forma de aprendizado sobre ela mesma e o mundo e deve ser observada, e registrada tendo o professor e a própria escola como maiores incentivadores (KISHIMOTO, 2010). Ainda de acordo com as responsabilidades e competências direcionadas ao educador e a instituição infantil, conforme o BRASIL (1998, p. 28, v1) enfatiza-se: É o adulto, na figura do professor, portanto, que, na instituição infantil, ajuda a estruturar o campo das brincadeiras na vida das crianças. Conseqüentemente é ele que organiza sua base estrutural, por meio da oferta de determinados objetos, fantasias, brinquedos ou jogos, da delimitação e arranjo dos espaços e do tempo para brincar.

Para que o processo do faz-de-conta aconteça na vida da criança de maneira natural é preciso que ela seja valorizada e respeitada como um ser social, com diferentes capacidades afetivas e cognitivas. A ajuda que ela tem do outro, é de extrema importância no momento de brincar; o outro é visto como facilitador e incentivador, sendo pela necessidade de se expressar, representar ou desempenhar um papel. Assim como aborda BRASIL, (1998, p. 23, v2).

Quando utilizam a linguagem do faz-de-conta, as crianças enriquecem sua identidade, porque podem experimentar outras formas de ser e pensar, ampliando suas concepções sobre as coisas e pessoas ao desempenhar vários papéis sociais ou personagens.

O professor deve assumir o papel de facilitador proporcionando à criança condições ambientais favoráveis necessárias para que ela possa criar, buscar novas possibilidades e viver experiências que a levem a aprendizagem. Entre as qualidades que um professor facilitador deve ter, é o de saber utilizar como um importante recurso e direcionamento de seu trabalho, a percepção de saber conhecer as preferências da


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criança e compreender seu comportamento por meio da observação, que deve ser registrada, sempre, tendo o professor e a própria escola como maiores incentivadores. Deste modo, é fundamental que o professor saiba reconhecer as fases do crescimento da criança e as causas que afetam o seu desenvolvimento, identificando a faixa etária em que acontecem as principais destrezas e acomodações. Segundo BRASIL, (1998, p.33, v1): Nas situações de aprendizagem o problema adquire um sentido importante quando as crianças buscam soluções e discutem-nas com as outras crianças. Não se trata de situações que permitam “aplicar” o que já se sabe, mas sim daquelas que possibilitam produzir novos conhecimentos a partir dos que já se tem e em interação com novos desafios. Neste processo, o professor deve reconhecer as diferentes soluções, socializando os resultados encontrados.

Os brinquedos e materiais que serão oferecidos para a criança devem também ser selecionados de acordo com a idade, para que não lhe seja oferecido nenhum risco enquanto brinca. O espaço deve ser bem elaborado e adequado para que a criança sintase à vontade e tenha prazer em brincar conforme sua imaginação e desejo. E o tempo, deve ser estipulado de maneira flexível para que o objetivo da brincadeira seja alcançado. De acordo com BRASIL (1998, p.71, v1): Os materiais constituem um instrumento importante para o desenvolvimento da tarefa educativa, uma vez que são um meio que auxilia a ação das crianças. Se de um lado, possuem qualidades físicas que permitem a construção de um conhecimento mais direto e baseado na experiência imediata, por outro lado, possuem qualidades outras que serão conhecidas apenas pela intervenção dos adultos ou de parceiros mais experientes. As crianças exploram os objetos, conhecem suas propriedades e funções e, além disso, transformam-nos nas suas brincadeiras, atribuindo-lhes novos significados.

No contexto escolar, é de responsabilidade do professor preparar a brincadeira, oferecendo à criança possibilidades de interação com o outro, de maneira que simples objetos possam se transformar em fonte de recursos pedagógicos, tais como: panos, caixas, e diversos outros tipos de objetos que achar conveniente para o momento da brincadeira e que por meio deles contribuam para o processo de aprendizagem do aluno. Com as crianças menores, o faz-de-conta se vale principalmente da imitação para que aconteça a interação e aprendizagem. O professor deve planejar situações que levem a criança a imitar sons de animais, a representar personagens e pessoas,


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profissões, além de estimular a brincadeira de casinha entre outras inúmeras atividades que podem ser propiciadas às crianças para esse momento. O faz-de-conta assume, assim um papel muito importante para o desenvolvimento social e intelectual das crianças, do mesmo modo que os jogos, brinquedos e brincadeiras tornam-se necessários neste processo.

3.2 Jogos, brinquedos e brincadeiras

Ao pensarmos em jogo, brinquedo e brincadeira nós direcionamos à imagem de criança, ou melhor, de crianças brincando juntas, seja em casa, na rua, nos parques ou em instituições escolares. Brincar de alguma coisa ou com alguém, utilizando objetos (brinquedos), ou não, apenas usando a imaginação; na companhia de pais, irmãos, parentes, amigos, colegas, educadores ou instrutores; competindo, aprendendo, socializando ou apenas se divertindo, é algo importante para o desenvolvimento e formação social das crianças. Assim como elucida BRASIL, (1998, p. 23, v2):

Na brincadeira, vivenciam concretamente a elaboração e negociação de regras de convivência, assim como a elaboração de um sistema de representação dos diversos sentimentos, das emoções e das construções humanas. Isso ocorre porque a motivação da brincadeira é sempre individual e depende dos recursos emocionais de cada criança que são compartilhados em situações de interação social.

Porém, no decorrer do processo histórico e em diferentes culturas, estas atividades lúdicas realizadas na infância já foram consideradas como algo inútil e sem significado. (KISHIMOTO 2010). Os jogos, os brinquedos e as brincadeiras infantis fazem parte de um contexto social e só fazem sentido para a criança quando estão relacionados à sua cultura e ao momento histórico que estão vivendo, tendo uma utilização prática e representativa do objeto que possui e sua significação. Como defende Kishimoto (2010, p. 19):


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Dessa forma, enquanto fato social, o jogo assume a imagem, o sentido que cada sociedade lhe atribui. É este o aspecto que nos mostra por que, dependendo do lugar e da época, os jogos assumem significações distintas. Se o arco e flecha hoje aparecem como brinquedos, em certas culturas indígenas representavam instrumentos para a arte da caça e da pesca. Em tempos passados, o jogo era visto como inútil como coisa não séria. Já nos tempos do Romantismo, o jogo aparece como algo sério e destinado a educar a criança.

Historicamente a concepção de criança foi se modificando, e junto a ela todo o universo que cerca o período da infância também foi passando por alterações, adaptando-se aos objetivos que cada sociedade pretendia alcançar com seus novos estilos, padrões e comportamentos. Na cultura indígena, objetos utilizados na rotina diária, como exemplo o arco e flecha, ensinaram as crianças um procedimento de caça, muito comum na tribo, onde aprender e desenvolver esta habilidade de manusear o instrumento era garantia de que o alimento não faltaria para a aldeia. Embora o arco e flecha não representassem uma atividade lúdica para os curumins, representava uma atividade educativa com valor de aprendizagem física, cognitiva, social e de sobrevivência. O que difere para a cultura e sociedade atual que pode retratar para a mesma atividade realizada (arco e flecha), como um procedimento que simboliza a cultura indígena e seus afazeres do cotidiano, como uma brincadeira que representa tanto uma atividade cognitiva quanto social e através das mesmas as crianças exercita suas habilidades físicas, crescem cognitivamente e aprendem a interagir com outras crianças. (ANTUNES, 2008). Além do ato de brincar de índio, (o faz-de-conta), percebemos a brincadeira como um jogo de regras, para se brincar de índio precisamos seguir a regra da brincadeira e representá-la. E ainda, podemos ter o brinquedo (objeto), o arco e flecha que estimula a fantasia e direciona uma ação, (o que o índio, personagem, precisa fazer).


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Deste modo, no brincar, as crianças desenvolvem fundamentais habilidades em diversos campos do conhecimento. Segundo Kishimoto (2010, p.106):

O jogo não pode ser visto, apenas, como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, social e moral. Para Piaget (1967), o jogo é construção do conhecimento, principalmente, nos períodos sensório-motor e préoperatório [...]. As crianças ficam mais motivadas a usar a inteligência, pois querem jogar bem; sendo assim, esforçam-se para superar obstáculos tanto cognitivos quanto emocionais. Estando mais motivadas durante o jogo, ficam também mais ativas mentalmente.

“Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia”. (BRASIL, 1998, p. 22, v2). As brincadeiras motivam as crianças a desenvolver o raciocínio e a emoção, a superar dificuldades de aprendizagem e relacionamento, querer avançar etapas, concluir circuitos e conseguir vencer a si próprias para ultrapassar os obstáculos. Conforme afirma novamente BRASIL, (1998, p. 22, v2):

Nas brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação. Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da interação e da utilização e experimentação de regras e papéis sociais.

Com a mente motivada a criança torna-se mais ativa, e este exercício cerebral unido ao exercício de ouvir e falar com outro, respeitando opiniões e revendo conceitos, faz com que a criança se torne um sujeito interativo e produtivo nos relacionamentos sociais (KISHIMOTO, 2010). Este processo de aquisição dos diversos tipos de conhecimento e habilidades acontece desde o nascimento, os brinquedos vão se modificando e evoluindo conforme as crianças vão adquirindo idade e maturidade para manuseá-los.


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Ampliando suas relações sociais, interações e formas de comunicação, as crianças sentem-se cada vez mais seguras para se expressar, podendo aprender, nas trocas sociais, com diferentes crianças e adultos cujas percepções e compreensões da realidade também são diversas. (BRASIL, 1998, p. 21, v2).

Conforme vão aceitando e compreendendo as regras que cercam os jogos, brinquedos e brincadeiras e a complexidade que estes vão proporcionando, a criança desenvolve brincando capacidades para acompanhar as transformações e significados, mudando seu

comportamento,

criando

maturidade

para

encarar

novos

desafios,

compreendendo novos esquemas, incluindo conceitos sobre seus adversários e o espírito de competição em diversos tipos de jogos. De acordo com Santomauro (2013, p.31): O lúdico, segundo o biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980),faz parte de nossa vida desde o nascimento por meio de diferentes tipos de jogos. O de exercício (caracterizado pela repetição) e o simbólico (o faz de conta) estão muito presentes no cotidiano das crianças desde cedo, além do jogo de regras, que tem papel mais significativo conforme elas ficam maiores. De acordo com a definição de Piaget no livro A formação do Símbolo na Criança (376 págs.,Ed.LTC,tel.21/3970-9450,83 reais),jogos de regras são aqueles “regulamentados, quer por um código transmitido de gerações, quer por acordos momentâneos”. Macedo explica que neles existe a regulação, uma mudança de comportamento do participante a cada instante. “Isso tem a ver com a natureza da atividade: prestar atenção, ver o que o outro faz e ajustar sua ação”. No jogo da velha, por exemplo, precisamos levar em conta o quadradinho marcado pelo adversário para ter êxito.

Em algumas situações educadores e pais não estão preparados para auxiliar e mediar situações lúdicas em relação a jogos, brinquedos e brincadeiras com suas crianças que envolvam os conceitos de adversários e competitividade. Ainda não perceberam a contribuição essencial destes para a formação de sujeitos colaborativos e participativos em uma sociedade democrática e solidária, onde o respeito às regras faz parte do bem comum.

Nem todos os educadores, no entanto, vêem os jogos de regras com bons olhos, muitas vezes por que eles geram competição. Para Macedo, a disputa é benéfica e dever ser incentivada na escola. ”A palavra competir indica que os oponentes se orientam para a mesma direção, que é ganhar. Ambos perseguem um resultado, uma melhor competência, e esse processo implica colaboração, cooperação e respeito mútuo e à regra”. (SANTOMAURO,2013, p.31).


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O prazer que a brincadeira proporciona se relaciona a satisfação de ganhar ou perder, havendo sempre novas possibilidades de repetir a experiência e se tornar melhor do que antes, de aprender novas estratégias e poder compartilhar as novas descobertas (SANTOMAURO, 2013). Os jogos, brinquedos e brincadeiras são extremamente úteis e necessários no processo de socialização infantil, por meio deles pode-se ensinar a importância das regras que regem a sociedade de uma maneira direta ou indireta, os conceitos morais e éticos, além dos conteúdos escolares e extra-escolares que auxiliam no desenvolvimento das habilidades e diversos tipos de inteligências. Conforme Kishimoto, (2010, p. 27):

Quando brinca, a criança toma certa distância da vida cotidiana, entra no mundo imaginário.[...] o papel do jogo na construção da representação mental e da realidade. A existência de regras em todos os jogos é uma característica marcante. Há regras explícitas, como no xadrez ou amarelinha, regras implícitas como na brincadeira de faz de conta, em que a menina se faz passar pela mãe que cuida da filha. São regras internas, ocultas, que ordenam e conduzem a brincadeira.

Há regras para todos os jogos e brincadeiras, para todos os brinquedos que as crianças manipulam, são elas: as regras, que contextualizam a brincadeira e incluem a criança em seu meio social, seja pelo faz de conta ou pela própria representação do objeto. De acordo com Vygotsky (1991, p. 63):

O que restaria se o brinquedo fosse estruturado de tal maneira que não houvesse situações imaginárias? Restariam as regras. Sempre que há uma situação imaginária no brinquedo, há regras - não as regras previamente formuladas e que mudam durante o jogo, mas aquelas que têm sua origem na própria situação imaginária. Portanto, a noção de que uma criança pode se comportar em uma situação imaginária sem regras é simplesmente incorreta. Se a criança está representando


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o papel de mãe, então ela obedece as regras de comportamento maternal. O papel que a criança representa e a relação dela com um objeto (se o objeto tem seu significado modificado) originar-se-ão sempre das regras.

Portanto, “toda brincadeira é uma imitação transformada, no plano das emoções e das ideias, de uma realidade anteriormente vivenciada”. (BRASIL,1998, p.27, v1). Uma forma lúdica e prazerosa da sociedade propagar e manter a cultura e conduta dos seus, conforme seus interesses e valores. As brincadeiras tradicionais, da cultura popular, não fogem a regra, também possuem regimentos que devem ser seguidos, e embora sofram mudanças e pequenas alterações no decorrer dos tempos em seu modo de brincar, continuam a ser repassadas de geração para geração, com adaptações que se tornam necessárias para as novas concepções de seus sujeitos e visão que definem para o seu mundo, sem deixar de ser, oralmente transmitidas e vivenciadas de acordo com os ideais de cada período histórico. Novamente nesta direção, Kishimoto (2010, p. 42): A cultura não oficial, desenvolvida especialmente de modo oral, não fica cristalizada. Está sempre em transformação, incorporando criações anônimas das gerações que vão se sucedendo. Por ser um elemento folclórico, a brincadeira tradicional infantil assume característica de anonimato, tradicionalidade, transmissão, conservação, mudança e universalidade.

O papel social da brincadeira é conduzido pela importância que cada sociedade e cultura atribuem a sua concepção de infância. Os jogos, os brinquedos e as brincadeiras auxiliam as crianças neste processo de entendimento do meio que vivem, de como pensar, falar, agir e viver as regras, sentindo-se e fazendo-se parte do seu grupo social. O faz de conta, vinculado a este processo, é um instrumento que garante alcançar os propósitos, os objetivos e metas para a concepção de indivíduo e mundo para cada tempo.


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CAPÍTULO IV PESQUISA DE CAMPO 4.1 Objetivo

Esta pesquisa tem por objetivo observar e comparar dois contextos que contribuem para o processo de socialização infantil: a família e a escola tomando a brincadeira como eixo central dessa investigação.

4.2 Metodologia

Foi realizada uma pesquisa de campo de abordagem qualitativa, com intencionalidade de relacionar os dados coletados com a análise bibliográfica. Foram convidadas para participar deste momento, dois (02) grupos sociais como sujeitos de nossa pesquisa: quatro (04) educadoras do Centro de Educação Infantil Maria Aparecida Jerônimo, pertencentes à rede conveniada com a prefeitura de São Paulo, situada na Zona Sul da capital e quatro (04) mães com filhos matriculados nesta mesma instituição, sendo moradoras dessa mesma região e/ou das proximidades. As educadoras selecionadas atuam com crianças na faixa etária de oito (8) meses a três (3) anos e onze (11) meses de idade, e as mães com filhos entre as idades de dois (2) a seis (6) anos. Todas as entrevistadas participaram da pesquisa voluntariamente, mediante ao preenchimento de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que autoriza com base no anonimato, a utilização das respostas para fins analíticos. As primeiras perguntas de perfil contidas no início do questionário, apontam que todas as educadoras entrevistadas possuem formação em pedagogia, e o tempo de atuação na área de educação sofre uma variável entre dois (2) a seis (6) anos de experiência em educação infantil. Duas (2) mães entrevistadas trabalham como diaristas e as outras duas (2) no momento da abordagem encontravam-se desempregadas. Para a coleta de dados, foi utilizado como ferramenta um questionário com cinco (5) questões abertas para as educadoras e outras três (3) questões também abertas para as mães.


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4.3 Sujeitos

Os sujeitos entrevistados foram divididos em dois grupos distintos: grupo I formado por mães (tabela 01); grupo II formado por educadoras (tabela 02). A separação dos grupos tem o intuito de comparar as respostas dos sujeitos sobre a importância do brincar para a socialização infantil nos diferentes contextos.

Tabela 01. Grupo I - mães.

Sujeitos

Idade

Gênero

Profissão

Quantidade de filhos

Claudia

43

Feminino

Diarista

6 anos

Patrícia

41

Feminino

Desempregada

4 anos

Katia

40

Feminino

Desempregada

5 anos

Constancia

36

Feminino

Diarista

2 anos e 6 meses

Fonte: Autoria própria

Tabela 02. Grupo II - educadoras.

Sujeitos

Idade

Gênero

Formação

Tempo de trabalho

Julia

30

Feminino

Pedagogia

6 anos

Manoela

30

Feminino

Pedagogia

4 anos

Renata

35

Feminino

Pedagogia

5 anos

Carla

32

Feminino

Pedagogia e Letras

2 anos e 6 meses

Fonte: Autoria própria

Todos os entrevistados tiveram seus nomes preservados a fim de garantir o anonimato dos sujeitos.


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4.4 Análise dos dados coletados no contexto familiar A primeira pergunta destinada às mães teve a intenção de observar a importância que elas dão a brincadeira dos filhos, elaborada assim: 1 – Em sua opinião o brincar é importante para o seu filho (a)? As quatro mães responderam que sim, que acham importante que os filhos brinquem. Uma delas observa que ao brincar os filhos reproduzem a maneira como vêem os pais, os professores e seus familiares, repetindo as ações que estes realizam com as crianças no decorrer do dia, representando papéis diferenciados para cada pessoa que convivem. As outras três (3) mães acreditam que a brincadeira ajuda na socialização e interação dos filhos, estimulando a criatividade, a comunicação e a imaginação, além de deixá-las alegres e felizes quando brincam. Encontramos no RCNEI (BRASIL, 1998, p.27), referência ao que diz uma das mães sobre a representação de papéis no comportamento dos filhos ao brincar. Nas brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais brinca. Por exemplo, para assumir um determinado papel numa brincadeira, a criança deve conhecer alguma de suas características. Seus conhecimentos provêm da imitação de alguém ou de algo conhecido, de uma experiência vivida na família ou em outros ambientes, do relato de um colega ou de um adulto, de cenas assistidas na televisão, no cinema ou narradas em livros etc. (BRASIL, 1998, p. 27, v. 01).

Na segunda questão, perguntamos a respeito dos recursos que as mães costumam oferecer para seus filhos brincarem, estando estruturada desta maneira: 2 – Quais recursos você oferece para seu filho brincar? As mães responderam que oferecem para seus filhos brinquedos como: bonecas, carrinhos, panelinhas, mamadeiras para bonecas, jogos de monta-monta, quebracabeça, diversos tipos de jogos, além de material de pintura e colagem. E brincadeiras como: ir ao parque, praticar esportes, brincar de cabana, casinha e esconde-esconde. Os brinquedos e brincadeiras citadas pelas mães, referidas como recurso, também nos aproxima do BRASIL (1998), quando aborda estes como materiais que favorecem a


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socialização, interação e compreensão de regras por meio do simbolismo que atribuem ao brinquedo pelo intermédio do faz de conta: O brincar apresenta-se por meio de várias categorias de experiências que são diferenciadas pelo uso do material ou dos recursos predominantemente implicados. Essas categorias incluem: o movimento e as mudanças da percepção resultantes essencialmente da mobilidade física das crianças; a relação com os objetos e suas propriedades físicas assim como a combinação e associação entre eles;[...] a serem utilizados para brincar; os conteúdos sociais, como papéis, situações, valores e atitudes que se referem à forma como o universo social se constrói; e, finalmente, os limites definidos pelas regras, constituindo-se em um recurso fundamental para brincar.(BRASIL,1998, p.28, v. 2)

Ir ao parque, participar de práticas esportivas e movimentar-se no escondeesconde e na cabana, exige da criança o cumprimento de regras para que a brincadeira aconteça. Manusear a boneca e a mamadeira, fazer o carrinho percorrer circuitos ou apostar corridas, brincar de casinha e fazer de conta que é outra pessoa, exige das crianças o conhecimento das regras que devem seguir ao se transformar em um determinado personagem. Neste momento, as crianças se espelham em situações vivenciadas ou representadas por sistemas a elas apresentadas. Seguimos com a terceira questão, onde perguntamos as mães o que elas percebem de ponto positivo no brincar, apresentada desta forma: 3 – O que você vê de positivo na brincadeira do seu filho? Todas as mães relatam que as brincadeiras mostram pontos positivos, como: socialização, interação, comunicação, aprendem a lidar com situações e dividir, desenvolve a autonomia, proporciona saúde, alegria e momentos prazerosos compartilhado com a família. Percebemos que as mães apontam os pontos positivos como aspectos bem semelhantes à pergunta feita na questão um (01) desta mesma análise, onde referem que a brincadeira ajuda a socializar, interagir entre outros. Neste mesmo seguimento, relacionamos este conteúdo ao que diz Kishimoto (2002 apud QUEIROZ, 2006, p.170)


42 “A brincadeira é uma atividade que a criança começa desde seu nascimento no âmbito familiar” (Kishimoto, 2002, p. 139) e continua com seus pares. Inicialmente, ela não tem objetivo educativo ou de aprendizagem pré-definido. A maioria dos autores afirma que ela é desenvolvida pela criança para seu prazer e recreação, mas também permite a ela interagir com pais, adultos e coetâneos, bem como explorar o meio ambiente (QUEIROZ, 2006, p.170).

Diante das afirmações citadas refletimos sobre a necessidade de compreender melhor a importância e participação que o contexto familiar representa na construção social das crianças, independentemente da condição financeira em que a família esteja inserida, pois como aponta esta pesquisa, as mães reconhecem que o brincar ajuda seus filhos a se relacionarem melhor com o mundo que o cercam, mesmo fazendo parte de uma classe social menos favorecida de recursos financeiros as entrevistadas no momento da pesquisa conseguem compreender o estímulo do brincar neste processo. É necessário portanto, que as instituições de ensino, em específico as de educação infantil, colaborem para a transformação do conceito de família padronizada, com valores idealizados, percebendo as diferenças culturais e reconhecendo as mudanças que a sociedade atual vem trilhando em relação ao conceito de infância, independente da situação econômica, profissão e condição financeira a qual sua demanda faça parte. [...]concepção equivocada de que as famílias dificultam o processo de

socialização e de aprendizagem das crianças. No caso das famílias de baixa renda, por serem consideradas como portadoras de carências de toda ordem[...]Essa ação, em geral moralizadora, tem por base o modelo de família idealizada e tem sido responsável muito mais por um afastamento das duas instituições do que por um trabalho conjunto em prol da educação das crianças. Visões mais atualizadas sobre a instituição familiar propõem que se rejeite a ideia de que exista um único modelo[...]. A valorização e o conhecimento das características étnicas e culturais dos diferentes grupos sociais que compõem a nossa sociedade, e a crítica às relações sociais discriminatórias e excludentes indicam que, novos caminhos devem ser trilhados na relação entre as instituições de educação infantil e as famílias (BRASIL, 1998, p.75, v. 1).

Nesta mesma direção, com base na pesquisa realizada, analisaremos a seguir o segundo grupo de sujeitos que compõem o grupo das educadoras, que representa a coleta de dados do contexto escolar e sua contribuição para o processo de socialização infantil.


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4.5 Análise dos dados coletados no contexto escolar A primeira pergunta destinada às professoras teve a intenção de observar a importância que os educadores dão a brincadeira realizada pela criança na instituição, elaborada assim: 1 – Em sua opinião o brincar é importante para a criança, porquê? As educadoras responderam de maneira unânime que sim, todas concordam que o brincar é importante para a criança, enfatizando ainda que este brincar ajuda no desenvolvimento das crianças enquanto seres em construção e em formação de suas partes físicas, psicológica, motora, cognitiva, afetiva e moral, contribuindo assim para a interação social, de maneira prazerosa, fazendo a criança compreender as regras e descobertas a respeito de sua identidade e autonomia. Descrições que entram em concordância com esta citação do Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil (BRASIL,1998, p.23, v.1): Neste processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis.

Na segunda questão, perguntamos a respeito dos recursos que as educadoras costumam oferecer na escola para as crianças brincarem, estando estruturada desta maneira: 2 – Quais recursos você oferece para a criança brincar? Três (03) educadoras citaram alguns recursos como: brinquedos sonoros, materiais recicláveis, panelinhas, bonecas, bolas, jogos de encaixe, jogos diversos, cantigas, histórias (faz-de-conta), fantoches, colchões e travesseiros. Apenas uma educadora citou a importância do espaço físico como recurso utilizado, além dos itens já descritos pelas outras participantes. Observamos que as respostas apresentadas pelas colaboradoras foram condizentes com o BRASIL (1998), principalmente quando citam o espaço como recurso. Nesse sentido, a organização do espaço é um procedimento recomendado para que as crianças disponham de várias alternativas de ação e de parceiros. Podese pensar, por exemplo, numa sala onde haja, num canto, instrumentos musicais,


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no outro, brinquedos de faz-de-conta e, num terceiro, blocos de encaixe, permitindo que as crianças possam circular livremente entre um e outro, exercitando seu poder de escolha, tanto em relação às atividades como em relação aos parceiros (BRASIL, 1998, p. 31, v. 2).

Percebemos que a organização do espaço, a disposição dos brinquedos e sua variedade contribuem para o acesso das crianças nas escolhas ao brincar, ao respeitar as regras e quanto ao uso dos brinquedos de maneira coletiva. Nesta mesma direção, seguimos com a terceira questão, onde perguntamos as educadoras o que elas percebem de ponto positivo no brincar, apresentada desta forma: 3 – O que você vê de positivo na brincadeira da criança? Três (03) educadoras focaram suas respostas na socialização, na interação e na troca de experiências e apenas uma destaca além destes aspectos apresentados pelas suas companheiras, como também ponto positivo, o desenvolvimento das habilidades, da motricidade e demonstrações de proteção, carinho e cuidado com o outro. A quarta questão refere-se aos aspectos negativos do brincar, seguindo esta abordagem: 4 – Você vê algum aspecto negativo na brincadeira? Das quatro (04) educadoras entrevistadas, apenas três (03) relatam que sim, citando como principal aspecto negativo das brincadeiras, os conflitos, discussões, desentendimentos e briga entre as crianças. Apenas uma educadora (Renata), respondeu que não vê aspecto negativo na brincadeira, mas sim, no educador que não planeja ou a prepara com intenção antes de aplicar com as crianças. Renata considera que o despreparo do educador é um ponto negativo na hora do brincar muito mais importante do que os conflitos gerados pelas crianças durante a brincadeira, pois estes, fazem parte do processo de socialização e precisam ser vividos e experimentados.


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Comentário pertinente que caminha amparado pelo RCNEI a respeito dos professores de educação infantil:

Assim, cabe ao professor propiciar situações de conversa, brincadeiras ou de aprendizagens orientadas que garantam a troca entre as crianças, de forma a que possam comunicar-se e expressar-se, demonstrando seus modos de agir, de pensar e de sentir, em um ambiente acolhedor e que propicie a confiança e a auto-estima. A existência de um ambiente acolhedor, porém, não significa eliminar os conflitos, disputas e divergências presentes nas interações sociais, mas pressupõe que o professor forneça elementos afetivos e de linguagem para que as crianças aprendam a conviver, buscando as soluções mais adequadas para as situações com as quais se defrontam diariamente (BRASIL, 1998, p.31, v. 1).

A quinta e última questão direcionada aos profissionais de educação infantil foi pensada na rotina de brincadeiras das crianças e elaborada deste modo: 5 – Fale um pouco sobre a rotina do brincar das crianças: local, tempo, quais os tipos de brincadeira e objetos utilizados. Todas as educadoras entrevistadas concordam que na rotina do brincar deve haver brincadeiras de faz-de-conta, de bola, manuseio de sucatas, rodas de conversa, brincadeiras com bambolês, cordas e bexigas. O tempo aproximado para cada atividade sofre variações entre trinta (30) e quarenta (40) minutos, pois as educadoras muitas vezes dependem das condições climáticas (chuva ou muito sol), principalmente quando a área externa é descoberta; considerando a faixa etária do seu grupo e o espaço físico apropriado para preparar cada uma de suas

atividades, os recursos que serão explorados e utilizados em cada

brincadeira, observando também sempre o ambiente está seguro, adequado e confortável para o uso. Procuram planejar na rotina a diversificação dos ambientes ao máximo, para assim se apropriarem do maior número de possibilidades que dispõem, sendo eles: o parque, o solário, o jardim, a horta e as próprias salas de aula. Assim, conforme discutido no segundo capítulo deste trabalho, e com o apoio do RCNEI (BRASIL,1998), percebemos que o educador infantil e sua concepção de ensino, exercem grande papel na formação pessoal e social das crianças.


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Cabe ao professor organizar situações para que as brincadeiras ocorram de maneira diversificada para propiciar às crianças a possibilidade de escolherem os temas, papéis, objetos e companheiros com quem brincar ou os jogos de regras e de construção, e assim elaborarem de forma pessoal e independente suas emoções, sentimentos, conhecimentos e regras sociais (BRASIL, 1998, p.29, v. 1).

O modo como este processo educacional é conduzido e aplicado na infância pelos educadores, pode facilitar o desenvolvimento, inserção e interação social das crianças, onde por intermédio do lúdico passam a compreender melhor os subsídios que os levam a formar sua identidade e autonomia, tornando-se seres capazes de seguir, aceitar, reproduzir e transformar as regras sociais como meio de entendimento destes fatores para se alcançar um estado de bem comum, que corresponde à vida coletiva.


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CONSIDERAÇÕES O presente trabalho foi elaborado e desenvolvido no intuito de observar e comparar dois contextos que contribuem para o processo de socialização infantil: a família e a escola tomando a brincadeira como eixo central dessa investigação. A partir do estudo bibliográfico, foi possível resgatar aspectos importantes em relação à concepção de infância e a trajetória deste conceito na sociedade atual. Ao analisar todas as respostas do capítulo metodológico, percebeu-se que tanto o contexto familiar, quanto o contexto escolar estão procurando auxiliar a interação infantil de acordo com referências que direcionam para a concepção atual de infância, no qual as crianças são consideradas produtores e transformadores de cultura, o que corresponde às propostas citadas no capítulo teórico desta pesquisa, que reafirma a importância do brincar no processo de socialização infantil. Foi possível verificar que os educadores possuem conhecimento e estão embasados no RCNEI para desenvolver suas brincadeiras durante as atividades com as crianças na rotina escolar, reconhecendo a necessidade do lúdico durante o cuidar e o educar. As mães também, embora de classe social desfavorecida, conseguem perceber a contribuição do lúdico para o desenvolvimento dos filhos, procurando sempre que possível estar junto nas brincadeiras e selecionando brinquedos apropriados. Dentro desses aspectos, considera-se que as crianças aprendem a socializar tanto no contexto familiar quanto no contexto escolar, independente das condições sociais e financeiras que estejam inseridas; que o brincar é a representação da cultura que vivenciam, e embora desenvolvido com intencionalidade nas instituições escolares, acontece também na família, porém de maneira menos elaborada e planejada pelas mães, ou seja, podemos dizer que na escola a brincadeira é intencional e na família acontece de forma natural, mas sempre acontece. E isso se dá porque o faz de conta e as representações de papéis, representam por si só, o espelho da nossa sociedade. Este trabalho não tem a intenção de encerrar-se por aqui, até porque, esta amostra foi de suma importância para a reflexão das pesquisadoras que por outro lado, tinham a hipótese inicial de que apenas as instituições de educação infantil, e os educadores com o apoio do lúdico eram capazes de contribuir para o processo de socialização infantil, mas essa hipótese não se confirmou em nossos dados, com isso


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encerramos este trabalho com a certeza de que muitas outras questões se abrem, como: Em outros contextos a resposta seria a mesma? Com um número maior de participantes o que mudaria? Ou mesmo: Que tipos de brincadeiras se realizam nas famílias e nas escolas, quais as diferenças e as semelhanças? Essas questões que ficam nos mostram que este trabalho cumpriu seu papel de nos instigar no mundo da pesquisa e da descoberta do conhecimento, assim, esperamos que esta porta que se fecha agora, momentaneamente, se abra em breve para novas descobertas.


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REFERÊNCIAS

ANTUNES, C. Jogos para estimulação das múltiplas inteligências.15. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. BARRICELLI, E. A reconfiguração pelos professores da proposta curricular de educação infantil. Dissertação (Mestrado). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo: 2007. 334 p. BARROS, C. S. G. Pontos de psicologia do desenvolvimento. 6. ed. São Paulo, editora Ática, 1991. BOMTEMPO, E. Brinquedo, linguagem e desenvolvimento. Pré-textos de alfabetização escolar: algumas fronteiras do conhecimento. São Paulo : [s.l],1988. BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC, 1998. (v. 01) BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC, 1998. (v. 02) CREPALDI, R. Programa Ludicidade: uma proposta para construção de política pública para infância. São Paulo: Libra Três, 2006. FRIEDMANN, A. A importância do brincar na educação infantil. Portal Cultural Infância.

Disponível

em:

<http://www.culturainfancia.com.br/portal/index.php?option=com_content&vienw=article &id=1571:a-importancia-do-brincar-naeducacaoinfantil&catid=61:pedagogia&Itemid+79>.Acesso>. Acesso em: 15 jun. 2014. GAY, R. C. Códigos do universo infantil. São Paulo: Paulinas, 2005. GOULART, Ana Lúcio. Por uma cultura da infância: metodologias de pesquisa com crianças. São Paulo: Autores Associadas, 2002. KISHIMOTO, T. M. Jogo, brinquedo , brincadeira e educação. 13 ed. São Paulo: Cortez, 2010. LA TAILLE, Y. Piaget, Vygotsky, Wallon: teoria psicogenéticas em discussão. 20 ed. São Paulo: Summus,1992. OLIVEIRA, L. S.Trabalho em rede e o desenvolvimento da educação infantil de Guatambu (SC). Dissertação (Mestrado) – Universidade do Oeste de Santa Catarina.


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Programa de Mestrado em Educação, Joaçaba, SC, 2013. / Lilian Schwanke de Oliveira. UNOESC, 2013. 132 f.; 30 cm. Bibliografia: f. 105. OLIVEIRA, Z. R. Educação Infantil: Fundamentos e Métodos. São Paulo: Cortez, 2002. PRADO, P. D. Quer brincar comigo. In: DEMATINI, Zeila de Brito Fabri Faria; QUEIROZ, N. L. N; MACIEL, D. A.; BRANCO, A.U. Brincadeira e desenvolvimento infantil: um olhar sociocultural construtivista. Paidéia, v.34,n.16 p.169-179. 2006. SANTOMAURO, B.Todo mundo ganha. Revista nova escola, n. 260, p.30-35, mar. 2013. VYGOTSKI, L. S. A formação social da mente: O desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 4 ed. São Paulo: Livraria Martins Fontes Editora Ltda. 1991 WALLON, H. A evolução psicológica da criança. São Paulo: Martins Fontes, 200


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ANEXOS TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Você está sendo convidada a participar, como voluntária, da pesquisa – O Brincar e o processo de Socialização na Infância. No caso de concordar em participar, favor assinar ao final do documento. Sua participação não é obrigatória, e, a qualquer momento, poderá desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a instituição. Será realizada uma avaliação, na qual será mantido, em absoluto sigilo, sua identidade; e não haverá despesas nem qualquer compensação financeira relacionada à sua participação. As informações coletadas para o referido trabalho estarão disponíveis a você, aos pesquisadores e à entidade envolvida, podendo ser divulgados para fins científicos, mantendo sua intimidade preservada. Este trabalho tem orientação da Professora Ermelinda Barricelli e das acadêmicas Adriana Alves da Silva, Adriana da Silva, Daniela Silva de Souza e Valdirene Alves de Paiva. Os telefones disponíveis para eventuais esclarecimentos são: (11) 50741010. CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO Eu,___________________________________________________________ ___,

RG______________________________

CPF___________________________________, declaro que li as informações contidas nesse documento, fui devidamente informada pelos pesquisadores – Adriana Alves da Silva, Adriana da Silva, Daniela Silva de Souza e Valdirene Alves de Paiva, dos procedimentos que serão utilizados, riscos, benefícios e sigilo da pesquisa, concordando ainda em participar desta. Foi-me garantido que posso retirar o consentimento a qualquer momento, sem que isso leve a qualquer penalidade.

São Paulo, ________ de ___________________________________ de 2014. _______________________________ por Extenso)

________________________(Nome (Assinatura)


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INSTRUMENTO DE PESQUISA Perfil dos sujeitos (professoras)

Nome: Quantas crianças você tem? Qual a faixa etária de suas crianças? Quanto tempo trabalha nessa escola?

Idade:

Questionário dirigido 1) Na sua opinião o brincar é importante para a criança? Por quê?

2) Quais recursos você oferece para as crianças brincarem?

3) O que você vê de positivo na brincadeira para a criança?

4) Você vê algum aspecto negativo na brincadeira?

5) Fale um pouco sobre a rotina do brincar das crianças: local, tempo, quais os tipos de brincadeira e objetos utilizados?


53 INSTRUMENTO DE PESQUISA Perfil dos sujeitos (mães)

Nome: Quantos filhos você tem? Qual a idade dos seus filhos?

Idade:

Questionário dirigido 1) Na sua opinião o brincar é importante para o seu filho? Por quê?

2) Quais brinquedos você oferece para seus filhos brincarem?

3) O que você vê de positivo na brincadeira para seus filhos?


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