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> PONTO DE VISTA
ANA PAIS Presidente da Associação Nacional de Doentes com Artrites e Reumatismos da Infância
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Quando falamos de doenças reumáticas crónicas na infância, geralmente começamos por desmistificar um conjunto de ideias pré-concebidas. Em primeiro lugar, é muito comum ouvirmos dizer que alguém sofre de “Reumático”, mas importa esclarecer que não existe “Reumatismo”. O que existe é uma centena de doenças reumáticas com sintomas, caraterísticas e tratamentos diversos. Por outro lado, estas doenças não são “coisas” de idosos. Na verdade, podem afetar qualquer pessoa, desde o nascimento até à terceira idade. Estima-se que uma em cada mil crianças em idade escolar possa ter uma doença reumática crónica. E estas podem ter diversas manifestações, nomeadamente ao nível das articulações, mas também de outros órgãos, causando dor e restringindo os movimentos, com efeitos diretos nas atividades diárias. Uma ideia que poderá ser muito assustadora quando recebemos o diagnóstico, é que “crónica” significa “para sempre”. É certo que quando o diagnóstico é feito, é impossível prever qual a duração da doença em cada doente, mas tal não significa que é “para toda a vida”. Nestes momentos, muitos doentes entram em remissão. Mas na verdade, a doença e os seus sintomas podem não se manifestar durante muitos anos, pelo que, quando bem tratadas, cerca de 50% das crianças chegam à idade adulta sem limitações articulares e em remissão. Das doenças mais comuns destacam-se as Artrites Idiopáticas Juvenis (AIJ) que englobam um grupo de doenças que têm em comum o facto de se fazerem acompanhar de inflamação/inchaço das articulações (artrite), de terem causa desconhecida (idiopática) e de surgirem na infância ou adolescência (juvenil), mas que podem variar bastante em termos de sintomas, necessidades de acompanhamento, tratamento e prognóstico. Nem sempre é fácil identificar os sintomas. Mas os pais e educadores devem estar atentos aos seguintes sinais: rigidez matinal que melhora ao longo do dia com os movimentos; dificuldades na marcha e posições de defesa quando a criança começa a andar; choro sistemático no momento da muda da fralda; dor e inchaço nas articulações afetadas; movimentos limitados e menos amplos (defesa contra a dor nas articulações); inflamação dos olhos; perda de apetite; placas e manchas avermelhadas na pele e no couro cabeludo. Estas doenças, muitas vezes sem manifestações exteriores visíveis, fazem com que os outros não compreendam claramente as limitações dos seus doentes. Por isso é tão importante a partilha de experiências das crianças e famílias, com outros que vivem situações semelhantes. E é por isso, que a Associação Nacional de Doentes com Artrites e outros Reumatismos da Infância - A.N.D.A.I. (www.andai.org.pt) assume esse objetivo como prioritário. No próximo dia 18 de março assinala-se, o Dia Internacional de Sensibilização para as Doenças Reumáticas nas Crianças e Jovens. Ajude-nos a divulgar. Ajude-nos a ajudar, para que todos estejam conscientes dos desafios que estas doenças representam para estas crianças e jovens, e suas famílias.