Publishers Weekly
JANA OLIVER
“Com uma forte heroína, um cenário fascinante e uma complexa e excitante história, este primeiro volume é um poderoso começo para a série.”
“Extremamente inteligente e único” – P.C. Cast, autora da série The House of Night
RILEY BLACKTHORNE PRECISA APENAS DE UMA CHANCE PARA PROVAR DO QUE É CAPAZ. E É EXATAMENTE COM
Riley tem apenas dezessete anos e é a única filha de Paul Blackthorne, um lendário caçador de demônios. Ela sempre sonhou em seguir os passos do pai e, em tempos de crise econômica, e de Lúcifer infestando as grandes cidades com novos demônios, a Associação de Caçadores de Atlanta está aceitando toda ajuda possível, mesmo que seja de uma garota. Quando ela não está fazendo o seu dever de casa, ou tentando disfarçar a queda que tem por Simon, outro aprendiz de caçador, Riley ajuda a proteger os assustados moradores da cidade das figuras demoníacas. Somente as de Nível Um, seguindo as regras do seu treinamento. Sua vida caminha normalmente, na medida do possível para uma adolescente caçadora de demônios, até que um demônio de Nível Cinco trava uma batalha com Riley na biblioteca. Como se isso já não fosse ruim o bastante, sua vida ainda é abalada por uma terrível tragédia, colocando em risco todas as suas escolhas e levando Riley para um perigoso caminho. Com o mundo desabando ao seu redor, a quem ela poderá confiar sua vida? E o seu coração?
A FILHA DO APANHADOR DE
ISSO QUE OS DEMÔNIOS ESTÃO CONTANDO...
A FILH A DO APA NH ADOR DE
JA N A O L I V E R ISBN 978-85-62525-49-0
9 788562 525490
A filha do apanhador de demonios_capa.indd 1-3
03/10/12 10:15
A FILH A DO APA NH ADOR DE
A FILH A DO APA NH ADOR DE
JANA OLIVER Tradução: Santiago Nazarian
Pa ra G wen G ades, qu e ab riu a porta.
O inferno está vazio e todos os demônios estão lá. Wi l l i a m S ha k e sp e are
UM
2018 A t l a n t a , G eórgia
Riley Blackthorne fez uma careta. — Bibliotecas e demônios — ela resmungou —, o que os une? Ao som da voz dela, o demônio chiou de seu poleiro em cima da pilha de livros. Depois mostrou o dedo do meio para Riley. A bibliotecária deu uma risadinha pelos maus modos dele. — Ele está fazendo isso desde que o encontramos. Elas estavam no segundo andar da biblioteca de Direito da universidade, cercadas por livros pesados e alunos concentrados. Bem, eles estavam concentrados até Riley aparecer, e agora acompanhavam cada movimento dela. Caçar com uma plateia, era como o pai dela chamava isso. Deixava-a dolorosamente consciente de suas roupas de trabalho: — jaqueta de brim, calça jeans e uma camiseta azul-clarinho — parecia totalmente terceiro-mundista, comparado com o sóbrio terninho azul-marinho da bibliotecária. A mulher brandiu uma folha laminada; bibliotecários têm essa coisa de catalogar até as criaturas do Inferno. Ela examinou o demônio e consultou a folha.
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— Uns oito centímetros de altura, pele parda queimada e orelhas pontudas. Definitivamente um Bibliodemo. Às vezes eu os confundo com os Cleptodemos. Já tivemos os dois tipos aqui. Riley assentiu, compreendendo. — Biblios gostam de livros. Mais do que roubar, eles gostam de mijar nas coisas. Essa é a grande diferença. Como se aproveitasse a deixa, o Ofensivo Servo do Inferno lançou prontamente um arco de urina verde fluorescente na direção delas. Por sorte, demônios desse tamanho têm uma ferramenta igualmente pequena, o que significa alcance limitado, mas ambas deram um passinho para trás. Um cheiro de chulé de tênis velho de academia se espalhou ao redor delas. — Dizem que isso faz maravilhas contra espinhas — brincou Riley enquanto abanava a mão para dispersar o cheiro. A bibliotecária sorriu. — Por isso seu rosto está tão limpinho. Quase sempre os clientes pentelhavam por Riley ser tão jovem e questionavam a qualificação dela para o trabalho, mesmo depois de ela lhes mostrar sua Licença de Aprendiz de caça-demônios. Ela torcera para que isso diminuísse um pouco quando ela fizesse dezessete anos, mas não teve essa sorte. Pelo menos a bibliotecária a levava a sério. — Há quanto tempo ele está aqui? — perguntou Riley. — Não faz muito tempo. Eu telefonei para vocês na hora, então ele ainda não fez grandes estragos — relatou a bibliotecária. — Seu pai já os tirou daqui antes. Fico feliz em ver que você segue os passos dele. É, claro. Como se alguém pudesse seguir os passos de Paul Blackthorne. Riley colocou uma mecha rebelde de seu cabelo castanho atrás da orelha. Ela se desprendeu imediatamente. Soltando o grampo de cabelo, ela retorceu o longo cabelo e o prendeu, para que o capetinha não o amarrasse em nós. Além disso, ela precisava pensar um pouco. Não que ela fosse uma novata completa. Ela já havia capturado Bibliodemos antes, só que não numa biblioteca de uma universidade de Direito cheia de professores e alunos, incluindo alguns carinhas bem bo-
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nitinhos. Um deles olhou para ela e Riley lamentou estar vestida com roupas de trabalho. Ela torcia a alça de sua sacola de brim, de nervoso. Seus olhos viraram em direção a uma porta fechada a poucos metros. Sala de Livros Raros. Um demônio podia fazer um grande estrago lá. — Entende nossa preocupação? — cochichou a bibliotecária. — Com certeza. — Bibliodemos odeiam livros. Eles têm imenso prazer em aloprar com as pilhas, mijando, arrancando páginas e destruindo tudo. Conseguir reduzir uma sala cheia de livros de incalculável valor a adubo seria o sonho mais louco de um demônio. Provavelmente até garantiria uma promoção, se o Inferno tivesse uma coisa dessas. Confiança é tudo. Pelo menos é o que o pai dela sempre dizia. Funcionava melhor quando ele estava bem ao lado dela. — Eu tiro isso daqui, sem problemas — disse ela. Outra enxurrada de palavrões foi em direção a ela. A voz esganiçada do demônio parecia a de um rato sendo lentamente esmagado por uma bigorna. Fazia os ouvidos doerem. Ignorando o demônio, Riley limpou a garganta, que se tornara repentinamente seca, e vasculhou a lista de potenciais consequências de suas ações. Era o procedimento padrão para os caça-demônios. Ela começou com as cláusulas de sempre, requeridas antes de extrair um Servo do Inferno de um local público, incluindo especificações sobre danos estruturais não antecipados e a ameaça de possessão demoníaca. A bibliotecária prestou mesmo atenção naquilo, diferentemente da maioria dos clientes. — Essa coisa de possessão demoníaca acontece mesmo? — perguntou ela, com olhos esbugalhados. — Oh, não, não com os pequenos. Com demônios maiores, sim. — Era um dos motivos pelos quais Riley gostava de prender os pequeninos. Eles podiam arranhar, morder e mijar em você, mas não podiam arrancar sua alma e usar como uma bola de boliche pela eternidade. Se todos os demônios fossem assim, numa boa. Mas não eram. Os caça-demônios dividiam os seres do Inferno de acordo com esperteza e letalidade. Esse demônio era Nível Um: malvado, mas não era peri-
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goso de verdade. Havia os de Nível Três, máquinas carnívoras com garras afiadas e dentes. E no topo estava o Nível Cinco — um Geodemo, que podia provocar tempestades de vento medonhas no meio de um shopping e terremotos só mexendo os pulsos. E isso não incluía os Arquidemos, que faziam seus piores pesadelos parecerem nada. Riley voltou sua atenção para o trabalho à frente. A melhor forma de tornar um Bibliodemo incapaz de fazer mal era ler para ele. Quanto mais antiga e densa a prosa, melhor. Novelas de romance só os sacudiam, então era melhor pegar algo bem maçante. Ela procurou na sua sacola e tirou a última arma: Moby Dick. O livro caiu aberto numa página manchada de verde. A bibliotecária espiou o texto: — Melville? — É. Meu pai prefere Dickens ou Chaucer. Para mim é Herman Melville. Ele me... matou de tédio nas aulas de literatura. Me fazia dormir toda vez. — Ela apontou para o demônio lá em cima. — Vou fazer o mesmo com esse aí. — Aceite minha dádiva, filha de Blackthorne! — o demônio a tentou, enquanto olhava ao redor, buscando um lugar para se esconder. Riley sabia como isso funcionava: se ela aceitasse a dádiva, ela seria obrigada a libertar o demônio. Aceitar favores de demônios era bem contra as regras. É como batata frita, você não consegue parar numa só; então você acabaria na porta da frente do inferno tentando explicar por que sua alma tem um grande carimbo que diz: “Propriedade de Lúcifer”. — Sem chance — murmurou Riley. Depois de pigarrear, ela começou a ler: — “Me chame de Ishmael.” — Um gemido audível veio da pilha de livros sobre ela. — “Há alguns anos — não importa quanto tempo precisamente —, tendo pouco ou nenhum dinheiro na minha bolsa, e nada em particular que me interessasse em solo, pensei em navegar um pouco e ver as partes molhadas do mundo.” Ela continuou com a tortura, esforçando-se para não rir. Houve outro gemido, então um grito de sofrimento. Agora o demônio estaria arrancando os cabelos, se ele tivesse cabelos.
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— “É um jeito que tenho de afastar a melancolia, de regular a circulação. Sempre que me encontro ficando aborrecido; sempre que é um novembro úmido, chuvoso na minha alma...” Houve uma pancada forte quando o demônio tombou desmaiado da prateleira de metal. — Ponto para a caçadora! — exclamou Riley. Depois de uma rápida olhada para um cara bonitinho numa mesa próxima, Riley largou o livro e tirou um frasco de sua sacola. Tinha a foto de um urso dançarino na lateral. — É um frasco de refresco? — perguntou a bibliotecária. — É. São ótimos para esse tipo de coisa. Tem buracos em cima, então os demônios podem respirar e é bem difícil para eles abrirem a tampa — ela sorriu. — Principalmente: eles odeiam isso. Riley caminhou na ponta dos pés e pegou o demônio por uma garra da pata, observando com cuidado. Às vezes eles só fingiam estar dormindo para poder escapar. Esse estava durinho. — Muito bem. Vou assinar a requisição para você — disse a bibliotecária, e se encaminhou para sua mesa. Riley se permitiu dar um sorriso de satisfação. Esse foi muito bem. Seu pai teria orgulho dela. Enquanto ela posicionava o demônio sobre o topo do copo, ela escutou uma risada, baixa e assustadora. Um segundo depois, uma baforada de ar acertou o rosto dela, fazendo-a piscar. Os papéis farfalharam nas mesas. Lembrando-se do conselho do pai, Riley manteve sua atenção no demônio. Ele iria reviver rapidamente, e quando isso acontecesse, a biblioteca entraria num frenesi. Quando ela o baixou dentro do frasco, o demônio começou a estrebuchar. — Ah, não, não vai — disse ela. A brisa ficou mais forte. Os papéis não apenas farfalhavam, mas rodopiavam pela sala como folhas brancas retangulares. — Ei, o que está havendo? — um aluno perguntou. Houve um curioso som de movimento. Riley deu um rápido olhar para cima e viu os livros começarem a sair das prateleiras, um por um. Penduravam-se no ar como helicópteros, então desciam em ângulos agu-
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dos. Um deles passou zunindo bem em cima da cabeça de um aluno, e ele bateu o queixo na mesa para evitar ser acertado A brisa aumentou, soprando através das pilhas de livros como o vento da noite numa floresta. Houve gritos e sons abafados de pés correndo no carpete quando os alunos avançaram em direção às saídas. O Bibliodemo tremia, gritando obscenidades e balançando os braços em todas as direções. Quando Riley começou a recitar a única passagem de Melville que ela havia memorizado, o alarme de incêndio ganhou vida, afogando a voz dela. Um livro pesado acertou-a no ombro, jogando-a numa pilha de livros. Tonta, ela balançou a cabeça para se recuperar. O frasco e a tampa estavam no chão aos pés dela. O demônio havia sumido. — Não! Pare! Em pânico, ela procurou por ele. Num redemoinho de livros, papéis e notebooks voadores, ela finalmente espiou o demônio seguindo em direção à porta fechada, aquela que levava à Sala de Livros Raros. Abaixando-se para evitar uma profusão de livros de referência que davam rasante sobre ela como uma revoada de gaivotas raivosas, Riley agarrou o copo plástico e o enfiou no bolso da jaqueta. Ela precisava enfiar aquele demônio no frasco. Para seu horror, a porta da Sala de Livros Raros se abriu e um aluno confuso espiou a bagunça lá fora. Como se percebesse que não havia nada em seu caminho, o demônio avançou com mais velocidade. Saltou numa cadeira recém-desocupada por um aluno aterrorizado e depois no topo da mesa de referência. Com os pequenos pés batendo, saltou da mesa, rolou e se preparou para o avanço final até a porta aberta, um minúsculo jogador de futebol americano, pronto para o touchdown. Riley abriu caminho à sua frente, os olhos pregados na pequena figura correndo pelo chão. Quando ela passava pela mesa de referência, algo lhe acertou as costas, tirando seu equilíbrio. Ela caiu num mar de lápis, papéis e cestas de metal. Houve um som de rasgo: mais um para a coleção no jeans dela.
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Engatinhando, ela seguiu em frente, esticando os braços o máximo que podia. Os dedos da mão direita pegaram o demônio pela cintura, e ela o puxou em sua direção. Ele gritava, contorcia-se e mijava, mas ela não soltou. Riley tirou o copo do bolso e enfiou o demônio dentro. Colocando a palma da mão sobre o topo, ela ficou deitada de costas olhando para o teto. Ao redor dela, luzes piscavam e o alarme soava. Sua respiração vinha em socos e a cabeça doía. Os joelhos queimavam onde ela os havia esfolado. O alarme foi cortado abruptamente e ela suspirou aliviada. Houve outra risada arrepiante. Ela buscou a fonte, mas não conseguia encontrá-la. Um grunhido grave veio de prateleiras maciças à sua direita. Por instinto, Riley rolou na direção oposta até bater na perna de uma mesa. Com um rangido estendido de metal, toda a estante de livros caiu num arco perfeito e acertou o chão acarpetado onde ela estava segundos antes, mandando livros, páginas e lombadas quebradas para fora numa onda. De repente, todos os detritos na sala pareceram decantar, como se alguém tivesse desligado um ventilador gigante. Uma dor aguda na palma da mão a fez se levantar repentinamente, batendo a cabeça na lateral da mesa. — Droga! — reclamou, fazendo uma careta. O demônio a havia mordido. Ela balançou o frasco, desorientando a coisa, depois ficou de pé com cuidado. O mundo girava enquanto ela se apoiava na mesa, tentando se recompor. Rostos começaram a aparecer ao redor dela, debaixo de mesas e por trás das pilhas de livros. Algumas das meninas estavam chorando, e um dos garotos gostosões segurava a cabeça e gemia. Todos os olhos estavam nela. Então ela percebeu por que estavam olhando: suas mãos estavam molhadas de mijo verde, e sua camiseta favorita também. Havia sangue em seu jeans e ela havia perdido um dos tênis. O cabelo estava preso num nó desgrenhado sobre um ombro. Riley ficou vermelha. Ponto para o demônio. Quando ele tentou mordê-la novamente, ela sacudiu o copo com raiva, transferindo a frustração para o demônio.
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Ele apenas riu dela. A bibliotecária pigarreou. — Deixou cair isto — disse ela, oferecendo a tampa. O cabelo da mulher parecia ter sido penteado num túnel de vento, e ela tinha um papelzinho amarelo colado na bochecha: “Dentista — 10 da manhã, segunda-feira”. Riley pegou a tampa com a mão tremendo e prendeu o demônio dentro do copo. Ele gritou palavrões e usou as duas mãos para fazer gestos obscenos. Pra você também, idiota. A bibliotecária examinou o caos e suspirou. — E pensar que costumávamos nos preocupar com as traças.
Riley observou de cara fechada os paramédicos levarem dois estudantes em macas: um com o pescoço imobilizado e o outro falando coisas incoerentes sobre fim do mundo. Celulares irrompiam periodicamente num coro confuso de ringtones quando os pais ficavam sabendo do desastre. Alguns jovens estavam eufóricos, contando à mãe e ao pai como tinha sido irado, e estavam colocando vídeos na internet. Outros se borravam de medo. Como eu. Não era justo. Ela havia feito tudo certo. Bem, nem tudo, mas os Bibliodemos geralmente não são psicocinéticos. Nenhum demônio Nível Um teria o poder de causar uma tempestade de vento, mas de alguma forma esse tinha. Poderia haver outro demônio na biblioteca, mas eles nunca trabalham em grupo. Então, quem riu de mim? Os olhos dela lentamente inspecionaram os alunos restantes. Nenhuma ideia. Um dos caras bonitinhos enfiava livros em sua mochila. Quando Riley cruzou olhares com ele, o jovem apenas balançou a cabeça em desaprovação, como se ela fosse uma menina levada de cinco anos. Riquinho babaca. Ele devia ser, se estava na faculdade.
DOIS
Forçado a esperar do lado de fora da biblioteca, Denver Beck deu um longo suspiro enquanto passava a mão pelo seu cabelo loiro curto. A filha de seu mentor havia acabado de entrar no topo da lista das Maiores Mancadas dos Aprendizes. Isso o chateava não apenas pelos dez tipos de comidas de rabo que ela ia receber da Associação de Caçadores, mas pelo fato de que isso sempre foi uma honra dele. Quem diria que ela poderia superar o pesadelo de sua captura de um Pirodemo na hora do rush na estação MARTA? Um desastre que exigiu a presença não apenas dos bombeiros, mas de uma equipe de coleta de materiais perigosos. — Mas de alguma forma você conseguiu, menina — Beck murmurou em seu leve sotaque da Geórgia. Ele balançou a cabeça em frustração. — Droga, vai ser um inferno pagar por isso. Ele contorceu os ombros num esforço inútil de relaxar. Estava todo espevitado desde que Paul telefonou para dizer que Riley estava com problemas. Beck estava a caminho da biblioteca mesmo antes de a conversa acabar. Era o mínimo que ele devia a Paul Blackthorne. Impedido de entrar na biblioteca pelos policiais, ele havia se refreado e falado com alguns dos alunos que estavam lá dentro durante a caça. Era fácil conseguir informação — ele tinha mais ou menos a mesma idade da maioria deles. Alguns relataram que viram Riley pegando um demônio pequeno, mas nenhum deles foi claro quanto ao que aconteceu em seguida.
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— Algo não está certo — Beck murmurou para si mesmo. — Um Bibliodemo pode fazer uma zona desgraçada, mas isso geralmente não envolve o pessoal de emergência. Duas meninas da faculdade passaram de olho nele. Aparentemente gostaram do que viram. Ele esfregou a mão na barba e sorriu de volta, apesar de agora não ser o momento para fazer planos naquele campo. Pelo menos não até ele saber que Riley estava bem. — Que beleza — ele disse, o que lhe garantiu sorrisos. Uma delas até piscou para ele. Ah, sim, bem bom. Um policial do campus veio para perto, aquele que dissera que ele não podia entrar. Trocaram algumas palavras, mas Beck decidiu não pressionar sobre o assunto. Ele não poderia buscar a filha de Paul se estivesse algemado no fundo de um camburão. — Posso entrar agora? — Beck perguntou. — Ainda não — o policial respondeu irritado. — E quanto à caça-demônios? Ela está bem? — Sim, ela vai sair logo. Não consigo imaginar por que vocês mandam uma menina atrás dessas coisas. O policial não era o único pensando nisso. — Não seria legal se ela fosse interrogada sem um caçador sênior aqui — Beck alertou. — Sim, sim. Regras suas, não nossas — o homem respondeu. — Não nos importamos com isso. Não até um demônio pegar seu traseiro, daí vocês nos procuram. O policial bufou, com as mãos na cintura. — Não entendo por que vocês não acabam com a raça deles, como aqueles matadores de demônios fazem. Vocês parecem uns boiolas com todas essas esferas e copos plásticos. Beck deixou o insulto de lado. Quantas vezes ele havia tentado explicar a diferença entre um caçador e um matador? Para prender um demônio era preciso habilidade. Os moleques do Vaticano não se importavam; iam com poder de fogo. Para os matadores, o único demônio bom era um demônio morto. Não era preciso talento.
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Havia outras diferenças, mas essa era basicamente a linha divisória. Um gambé qualquer não ia entender. Beck resumiu. — Temos habilidades. Eles têm armas. Precisamos de talento. Eles não. — Sei lá. Eles parecem bem bons naquele programa de televisão. Beck sabia do que o policial estava falando. Era chamado Demonland e supostamente retratava apenas os matadores. — O programa coloca tudo errado. Matadores não têm meninas no time. Eles vivem como monges e têm tanto senso de humor como um cachorro sarnento. — Tem inveja? — o tira zombou. Será que tinha? — De jeito nenhum. Quando termino o trabalho do dia, eu posso tomar uma cerveja e sair com uma mina. Esses caras não. — Tá zoando. Beck balançou a cabeça. — Não é nada igual ao programa de TV. — Putz — o tira murmurou. — E eu que achava que era cheio de minas e carrões. — Nada disso. Agora você sabe por que sou um caçador. O bolso da jaqueta de Beck irrompeu com música: “Georgia on My Mind” inundou o estacionamento. Isso o fez ganhar alguns olhares. — Paul — Beck disse, sem se importar de olhar na tela. Tinha de ser o pai da menina. — O que aconteceu? — o homem perguntou com uma voz tensa. Beck o deixou a par da situação. — Me avise assim que ela sair — Paul insistiu. — Aviso. Você prendeu o Piro? — É. Queria poder sair, mas tenho de terminar aqui. — Sem estresse. Vou manter um olho nas coisas pra você. — Valeu, Den. Beck fechou o celular e o enfiou no bolso da jaqueta. Havia sentido preocupação na voz de seu amigo. Paul era fanático em manter seus aprendizes a salvo, e ainda mais quando se tratava de sua filha, motivo pelo qual ele desacelerou o treinamento dela a uma velocidade de lesma,
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esperando que ela mudasse de ideia e escolhesse uma profissão mais segura para ganhar a vida, como andar na corda bamba. Não vai funcionar. Ele disse a Paul inúmeras vezes, mas este não ouvia. Riley seria uma caçadora, seu pai aprovando ou não. Ela tinha a mesma determinação teimosa da mãe. A atenção de Beck se voltou para a equipe de reportagem posicionada perto da entrada do prédio. Ele conhecia o repórter principal. George Sei Lá do Quê. Ele havia coberto a catástrofe de Beck. A mídia adorava qualquer coisa que tivesse a ver com prisão de demônios, contanto que desse errado. Uma prisão silenciosa num beco nunca ganhava as manchetes. Um bicho dos infernos aloprava numa estação de trem ou numa biblioteca de Direito e eles caíam em cima. Uma figura solitária apareceu na multidão. Beck demorou uns instantes para reconhecê-la. Riley agarrava sua sacola de lado com os dedos brancos como se estivesse segurando as Joias da Coroa. Seu cabelo castanho estava um emaranhado de tranças, e ela mancava de leve. Mesmo coberta pelo jeans, ele podia ver que ela estava bem recheada nos lugares que faziam os garotos sonhar com ela de noite. Parecia mais alta agora, talvez uns quinze centímetros mais baixa do que o 1,80 m dele. Não era mais uma criança. Era mais como uma mulher. Menina danada, vai quebrar alguns corações. Quando os urubus da imprensa caíram sobre ela, Beck ficou alerta, se perguntando se ele precisaria correr para interferir. Riley balançou a cabeça para o repórter, empurrou o microfone para longe de seu rosto e continuou caminhando. Menina esperta. Ele pôde ver no momento em que ela o notou: a expressão dela ficou dura. Nenhuma surpresa aí. Quando Riley tinha quinze anos, ela teve uma baita queda por Beck, mesmo ele tendo cinco anos a mais. Ele havia recém-começado o aprendizado com seu pai, então ele fez a coisa mais esperta: evitou a menina, esperando que ela se interessasse por outro. Foi o que ela fez, mas a história não teve um final feliz. Riley superou
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sua atração, mas não os sentimentos feridos. Não ajudava o fato de Beck passar mais tempo com o pai dela do que ela mesma passava. Ele ligou o celular novamente e chamou Paul. — Ela está bem. — Graças a Deus. Eles chamaram para um encontro de emergência da Associação. Avise-a do que está por vir. — Aviso. Beck meteu o celular no bolso de sua jaqueta. Riley parou alguns metros à frente, seus olhos se estreitando quando ela o viu. Tinha um corte na perna do seu jeans, uma marca bem vermelha numa bochecha e marcas de verde em seu rosto, roupas e mãos onde o demônio a tinha marcado. Um brinco estava faltando. Beck podia fazer isso de duas formas — solidariedade ou sarcasmo. Ela não acreditaria no primeiro, não vindo dele, então isso deixou o restante. Ele abriu um sorriso de zombaria. — Estou espantado, garotinha. Se você pode fazer esse tipo de estrago indo atrás de um Número Um, mal posso esperar para ver o que tem preparado para um Número Cinco. Os olhos castanhos profundos dela faiscaram. — Não sou uma garotinha. — No meu calendário você é — ele disse, apontando para sua velha picape Ford. — Entre aí. — Eu não saio com tiozinhos — ela deu de troco. Levou um segundo para Beck decifrar o insulto. — Não sou velho. — Então, pare de agir como se fosse. Vendo que ela não ia ceder um centímetro, ele explicou. — Há um encontro de emergência da Associação. — Então, por que não está lá? — Nós dois vamos, assim que você entrar nessa maldita caminhonete. Ela então percebeu. — A reunião é por minha causa? — Ah . . . Ao tocar na porta do carro, ela hesitou. Beck percebeu o problema pela forma como ela movia a mão. — O demônio te mordeu? — Um aceno relutante. — Você cuidou disso?
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— Não. E não vem com besteira pra cima de mim. Não preciso disso agora. Resmungando consigo mesmo, Beck revirou em seu saco de armadilhas no banco da frente. Tirando uma garrafinha de água-benta e um curativo, ele deu a volta na caminhonete. Riley se encostava na porta, cansada, olhos sem focar em muita coisa. Estava tremendo agora, mais pela experiência do que por frio. — Isso vai doer. — Ele virou a cabeça em direção à van da imprensa. — Seria melhor que você não fizesse muito barulho. Não queremos que eles venham aqui. Ela assentiu e fechou os olhos, se preparando. Ele gentilmente virou a mão dela, estudando o ferimento. Profundo, mas não precisava de pontos. Os dentes do demônio só haviam cortado uma fatiazinha. A água-benta daria conta, e iria curar bem. Riley fez uma careta e apertou a mandíbula quando o líquido santificado tocou seu ferimento. Ele borbulhou e vaporizou como peróxido de hidrogênio sobrenatural, removendo a marca do demônio. Quando o líquido havia evaporado inteiramente, ele deu uma rápida olhada para o rosto dela. Seus olhos estavam abertos agora, lacrimejando, mas ela não soltou um pio. Durona como o pai. Um curativo básico, um pouco de esparadrapo e pronto. — Isso dá conta — ele disse. — Vamos nessa. Ele achou ter ouvido um relutante “obrigada” enquanto ela entrava na caminhonete, ainda agarrada à sua mochila. Beck entrou, fechou o trinco com o cotovelo e deu partida. Ligou o aquecedor no máximo. Ele iria derreter, mas a menina precisava de calor. — Você usa mesmo essa coisa? — ela perguntou, apontando com um dedo de ponta verde para o cano de aço que saía da extremidade da sacola de lona no assento entre eles. — Claro. É bom para o Número Três, quando eles ficam aloprados. É bom mesmo se enfiam as garras em você. — Como? — ela perguntou franzindo a testa.
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— O cano te dá alavanca para mandar o demônio para longe. Claro, isso arranca a garrafa fora, mas é melhor assim. No pior dos casos, a garra quebra dentro de você e seu corpo começa a apodrecer. — Ele pausou para impressionar. — É essa coisa marrom bem nojenta. Ele havia sido detalhista de propósito, testando-a. Se ela fosse fresquinha, podia desistir agora. Ele esperou pela reação dela, mas não houve nenhuma. — Então, o que aconteceu lá? — ele perguntou. Riley se virou para a janela, segurando a mão machucada. — O.k., não precisa me dizer. Só achei que podíamos conversar, pensar no que deu errado. Eu já levei comida o suficiente da Associação, então achei que podia te dar umas dicas. Os ombros dela sacudiram, e por um momento Beck achou que ela iria chorar. — Fiz tudo como eu deveria — ela sussurrou asperamente. — Então, me diga o que aconteceu. Ele escutou atentamente ela contando como prendeu o Bibliodemo. A menina realmente havia feito quase tudo certo. — Está dizendo que livros voaram por toda parte? — ele perguntou intrigado. — É, e a estante saiu da parede. Achei que ia me esmagar. O estômago de Beck revirou. Isso não estava certo. Para se acalmar, ele tentou se lembrar de como Paul havia cuidado dele depois do incidente MARTA, quando ele tinha certeza de que sua carreira havia terminado. — O que você faria diferente da próxima vez? Os olhos nublados viraram para ele. — Da próxima vez? Cai na real. Vão me chutar da Associação e rir disso por anos. Meu pai está tão decepcionado. Estraguei tudo. Não vamos poder pagar as… — Ela afastou o olhar, mas não antes de ele avistar uma lágrima escorrendo pela bochecha esfolada dela. Despesas médicas. Aquelas deixadas depois que a mãe de Riley morreu. Pelo que Paul havia contado a ele, eles mal conseguiam se sustentar.
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Era por isso que moravam num apartamento ruim que costumava ser um quarto de hotel, e por isso Riley se esforçava tanto para aprender o ofício. Por isso também que Paul pegava qualquer trabalho de caça que pudesse ajudar a ganhar uma grana, mesmo que isso roubasse o tempo que ele tinha para passar com a única filha. Um silêncio difícil caiu entre eles, com Beck se concentrando no trânsito e no que a noite poderia trazer. Os caçadores não eram fáceis com mudanças, e ter a menina como uma das suas deixava muitos deles bem putos. Riley precisava se controlar antes da reunião, ou iriam comê-la viva. Depois de buzinar para um Mini Cooper enferrujado que cortou na sua frente, ele pegou a via para o centro da cidade. A intersecção à frente deles era um emaranhado de motos e scooters. Um cara empurrava um carrinho de supermercado cheio de pneus velhos, outro estava de patins, com o cabelo ao vento, costurando no trânsito a toda velocidade. Hoje em dia as pessoas usavam o que podiam para se locomover na cidade, com o custo absurdo do combustível, até cavalos faziam sentido agora. O maior problema era o espaço vazio sobre os cruzamentos: os faróis haviam sumido. — Se continuarem com isso, não vai haver mais droga nenhuma de luz na cidade — Beck reclamou. A maioria foi roubada e vendida como sucata por ladrões de metal. Era preciso ter colhão para escalar aquelas coisas no meio da noite e desmontá-las. Vez ou outra um ladrão escorregava e acabava como uma mancha na rua, enterrado num emaranhado de metal. Como tantas coisas, a cidade fazia vista grossa para os roubos, dizendo que não podiam pagar cada luz roubada. Havia muitas outras coisas para se preocupar nessa capital falida de cinco milhões de almas. Beck quase passou por cima de um idiota de moto e depois passou pelo cruzamento; suas mãos agarradas na direção mais apertadas do que o necessário. Converse comigo, garotinha. Você não pode fazer isso sozinha.
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Riley abaixou o vidro e olhou no espelho rachado. — Ai, meu Deus — ela disse. Ele olhou com o canto do olho enquanto ela tocava levemente as áreas verdes onde o mijo do demônio havia manchado sua pele. — Vai sair em alguns dias — Beck disse, tentando soar otimista. — Tem de sair até amanhã de noite. Tenho aula. — Diga a eles que você é uma caçadora. Isso deve impressionar. — Errado! O truque é se misturar, Beck, não brilhar como um sapo radiativo. Ele deu de ombros. Nunca havia se misturado e não entendia por que isso importava tanto assim. Mas talvez para uma garota sim. Voltando-se para o espelho, Riley começou a desfazer os nós dos cabelos. Lágrimas formavam-se enquanto ela passava um pente pelo cabelo longo. Levou algum tempo para ficar apresentável. Passou gloss nos lábios, mas aparentemente decidiu que não ficava bem com as manchas verdes, e esfregou com um lenço. Foi só então que ela olhou para ele e respirou fundo. — Eu devia ter… tratado da porta da Sala de Livros Raros com água-benta. Desse jeito, se o demônio se soltasse, ele não teria sido capaz de entrar lá. — Certinho. Não proteger aquela sala foi o único erro que vejo. Ser uma boa caçadora é apenas uma questão de aprender com seus erros. — Mas você nunca aprende — ela retrucou. — Talvez não, mas não sou eu que vou ser comido pela Associação esta noite. — Valeu. Esqueci mesmo disso. Por que os livros estavam voando por todo lado? — Eu diria que o Biblio tinha reforços. Ela balançou a cabeça. — Meu pai diz que demônios não trabalham em grupo, que os demônios de níveis superiores acham que os pequenos são uma aporrinhação, como baratas. — Acham, mas aposto que havia outro demônio naquela biblioteca, em algum canto. Sentiu cheiro de enxofre? — Riley deu de ombros. — Viu alguém espiando você?
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JA N A O LI V E R
Ela soltou uma risada amarga. — Todos eles, Beck. Cada um deles. Eu parecia uma idiota completa. Ele esteve lá tempo bastante para saber como era isso, mas agora esse não era o caso. Por que um demônio mais velho iria fazer joguinhos com uma caçadora aprendiz? Qual era o sentido disso? Ela não era uma ameaça ao inferno de nenhum modo. Pelo menos, não ainda. Riley se calou depois disso, olhando pela janela do passageiro e brincando com a alça da sacola. Beck tinha muitas coisas para dizer — como ele estava orgulhoso de ela ter cuidado das coisas como cuidou. Paul sempre disse que a marca de um bom caçador é como ele lida com as adversidades, mas dizer isso a Riley não ia ajudar. Ela só iria acreditar nisso se ouvisse do pai, não de alguém que ela considerava um inimigo. Eles pararam numa longa fila onde pessoas esfarrapadas esperavam sua vez para pegar a refeição na cozinha de sopa no terreno da Biblioteca Jimmy Carter. O comprimento da fila não havia diminuído desde o mês passado, o que significava que a economia não tinha melhorado nada. Alguns culpavam os demônios e seu mestre diabólico pelos problemas financeiros da cidade. Beck culpava os políticos por estarem tão ocupados com corrupção e não prestarem atenção em seu trabalho. Em todas as esferas, Atlanta estava lentamente indo para o inferno. Por algum motivo, ele não achava que Lúcifer iria se opor. Alguns minutos depois, Beck estacionou num terreno repleto de lixo do Tabernacle e desligou o motor. Ele estava acostumado a levar esporro, mas a garota não. Se houvesse alguma forma de ele ficar no lugar dela esta noite, ele faria sem pensar duas vezes. Mas não era assim que as coisas funcionavam quando você era um caçador. — Deixe o demônio aqui — ele aconselhou. — Coloque embaixo do assento. — Por quê? Não quero perdê-lo — ela disse, franzindo a testa. — Eles vão fazer a reunião protegida com água-benta. Ele vai se arrebentar se você cruzar aquela linha com sua sacola.
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— Oh. — Antes de qualquer reunião da Associação, um aprendiz criava um grande círculo de água-benta — a área, como era chamado, serviria de barreira sagrada contra todas as coisas demoníacas. Os caçadores faziam a reunião dentro do círculo. Beck estava certo, o Biblio não iria cruzá-la. Ela tirou o copo, apertou bem a tampa e fez como ele pediu. — Um conselho: não os irrite. Riley olhou para ele. — Você sempre faz isso. — As regras são diferentes para mim. — Porque sou uma garota, é isso? — Quando ele não respondeu, ela pressionou. — É? É isso? — Sim — ele admitiu. — Mantenha isso em mente. Ela saiu do carro, pressionou o trinco com seu punho machucado e fechou a porta com força suficiente para fazer os dentes dele baterem. Um dedo verde apontou na direção de Beck no momento em que ele pôs o pé para fora. — Não vou recuar. Sou filha de Paul Blackthorne. Até os demônios sabem quem eu sou. Um dia vou ser boa como meu pai, e os caçadores vão ter de me aceitar. Isso inclui você, amiguinho. — Os demônios sabem seu nome? — perguntou Beck, surpreso. — Hello-o, foi o que eu disse. — Ela levantou os ombros. — Agora vamos acabar logo com isso. Tenho dever de casa para fazer.
Publishers Weekly
JANA OLIVER
“Com uma forte heroína, um cenário fascinante e uma complexa e excitante história, este primeiro volume é um poderoso começo para a série.”
“Extremamente inteligente e único” – P.C. Cast, autora da série The House of Night
RILEY BLACKTHORNE PRECISA APENAS DE UMA CHANCE PARA PROVAR DO QUE É CAPAZ. E É EXATAMENTE COM
Riley tem apenas dezessete anos e é a única filha de Paul Blackthorne, um lendário caçador de demônios. Ela sempre sonhou em seguir os passos do pai e, em tempos de crise econômica, e de Lúcifer infestando as grandes cidades com novos demônios, a Associação de Caçadores de Atlanta está aceitando toda ajuda possível, mesmo que seja de uma garota. Quando ela não está fazendo o seu dever de casa, ou tentando disfarçar a queda que tem por Simon, outro aprendiz de caçador, Riley ajuda a proteger os assustados moradores da cidade das figuras demoníacas. Somente as de Nível Um, seguindo as regras do seu treinamento. Sua vida caminha normalmente, na medida do possível para uma adolescente caçadora de demônios, até que um demônio de Nível Cinco trava uma batalha com Riley na biblioteca. Como se isso já não fosse ruim o bastante, sua vida ainda é abalada por uma terrível tragédia, colocando em risco todas as suas escolhas e levando Riley para um perigoso caminho. Com o mundo desabando ao seu redor, a quem ela poderá confiar sua vida? E o seu coração?
A FILHA DO APANHADOR DE
ISSO QUE OS DEMÔNIOS ESTÃO CONTANDO...
A FILH A DO APA NH ADOR DE
JA N A O L I V E R ISBN 978-85-62525-49-0
9 788562 525490
A filha do apanhador de demonios_capa.indd 1-3
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