5 Fevereiro 2009 Quinta-feira Edição nº 10 | Quinzenal Agenda Cultural Faialense DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
FAZENDO
Boletim do que por cá se faz.
Equidade, Justiça Social e Paz.
#2
COISAS... compostas
FICHA TÉCNICA
Equidade, Justiça Social e Paz
Este ano, o Fórum para a Equidade, Justiça Social e Paz, promovido pela Câmara Municipal da Horta pelo terceiro ano consecutivo, realizou-se entre os dias 23 e 31 de Janeiro e contou com a presença de ilustres convidados, nomeadamente, Professor Viriato Soromenho Marques que proferiu um palestra intitulada “Alterações Climáticas – Equidade e Justiça Social”, Professor Carlos Sousa Reis que discursou sobre “Gestão dos Oceanos, Paz e Sustentabilidade”, as Técnicas da UMAR, Cintia Martins e Carla Goulão que abordaram o tema “Formas de combater a violência de género e a exclusão”, a Jornalista Dalila Silva falou sobre “Os desafios à participação da mulher na vida pública. A conciliação entre o trabalho e a família”, o Obstetra Luís Decq Mota que proferiu uma palestra sobre “Saúde sexual e reprodutiva – Direitos e Responsabilidades”, a Deputada da ALRA, Zuraida Soares, que nos alou de “Igualdade de Género e Não Discriminação” e, finalmente, o Professor Fernando Rosas que nos trouxe uma reflexão sobre “Memoria e Democracia – Os Desafios do Mundo Contemporâneo”. Estava, também prevista a presença do Juiz Conselheiro Laborinho Lúcio que iria proferir uma palestra sobre “Equidade e Justiça Social – a Importância do Politico”, mas, devido ao mau tempo que se fazia sentir nas datas calendarizadas, foi adiada para os dias 18 e 19 de Fevereiro. Antecipando um pouco do que ainda poderemos vir a usufruir e aproveitando este evento para aprofundar reflexões sobre temáticas cada vez mais urgentes, a Equidade, a Justiça Social e a Paz, o “Fazendo” entrevistou o professor Laborinho Lúcio: Sr. Professor, como contextualiza a Justiça Social no actual panorama nacional e internacional? Como é sabido, esta é uma questão que tem acompanhado, a par e passo, o desenvolvimento do processo de globalização, e a própria ideia de desenvolvimento. Colocada progressivamente a tónica numa perspectiva de valorização do mercado e aí da livre iniciativa e concorrência, foi-se caminhando de uma ideologia de mercado, em torno da qual é possível reunir hoje um consenso cada vez mais alargado, para uma verdadeira «teologia» de mercado que o chamado pensamento neoliberal se encarregou de sustentar ideologica e teoricamente. Reduzida a pressão da regulação e soltando-se sobretudo a com-
petição dirigida ao sucesso como um bem em si mesmo e legitimado pelos resultados, foi-se perdendo a dimensão ética da relação social, abandonou-se o discurso que sustentava o princípio e o objectivo da «globalização justa», tão caro inicialmente, entre outros, à O.I.T., abrandou significativamente o relevo antes concedido ao papel do Estado Social, perdeu-se o desígnio cívico da coesão social como objectivo das sociedades de pessoas. Alguns resultados tendentes a demonstrar reais progressos, também em termos globais, em matéria de integração social, não se revelaram, todavia, bastantes para responder à verificação de um fosso cada vez maior entre ricos e pobres e, sobretudo, de uma pobreza severa que persiste sem solução próxima à vista. Ora, a actual crise internacional, nos mercados financeiros e, por via desta, a crise que atinge hoje as economia mundiais, obrigam a contextualizar a questão em termos novos, reclamando uma nova atitude tanto de políticos como de cidadãos em geral, assumindo a sua dimensão não apenas política mas também ideológica. Esta transformou-se, agora para todos, numa questão de resposta urgente! Qual o papel do Cidadão e do Politico, numa Democracia Representativa e Participativa, na promoção da Justiça Social? Por um lado, impõe-se o retorno do político e da política como centro de discussão e de exercício do poder democrático. Não de um político cativo exclusivamente de uma visão ideológica do mundo e da vida, mas de um político e de uma política que reclamem para si poder e autoridade, nomeadamente, relativamente ao mundo da economia. Não reduzindo importância ao mercado e ao seu lugar decisivo numa economia que hoje se quer cada vez mais capaz de potenciar progresso e desenvolvimento, para o que a livre iniciativa e a força motora da competitividade são essenciais. Mas de um mercado comprometido com exigências sociais e éticas e, por isso, carecido de uma regulação que responsabilize o político, fazendo realçar, neste, ao lado do poder e da autoridade, a importância da responsabilidade pelo exercício de um e de outra. Por outro lado, agora em sede de democracia participativa, cumpre reclamar de cada sujeito que retome a sua verdadeira dimensão de cidadão, não se deixando enquadrar privilegiadamente na figura do mero consumidor. Importa libertar e incentivar o pensamento crítico, valorizando o diálogo social e a intervenção no espaço público, em detrimento de um pensamento único, redutor da dimensão humana e legitimador de práticas sociais e políticas democraticamente débeis. Mas de um cidadão a quem se garanta que tem, ele próprio, poder também. Isto é, de um cidadão capaz de sentir a consciência de que a sua intervenção é modificadora e, por isso, considerada em termos de decisão política. Sendo assim, muito poderá esperar-se do exercício de uma cidadania activa, desde logo, por exemplo, mas não só, em sede de voluntariado.
O que há a fazer para promover a Equidade no nosso pais? Muito há, certamente, a fazer. Mas, desde logo, importa não perder, nessa tarefa de promoção da equidade, o espaço mais privilegiado para que esse trabalho produza frutos estruturais e de longo prazo. Refiro-me à Escola. É nela que se forja o pensamento, que se treinam as atitudes, que se procuram caminhos e se moldam procedimentos amigos da equidade e da solidariedade social. De uma solidariedade civil, democrática, e não apenas de uma solidariedade meramente assistencialista. De todo o modo, importa colocar a questão na agenda política, a todos os níveis da sua intervenção e valorizar, uma vez mais, o papel do local. Importa deixar de falar apenas de categorias universais, como pobreza e exclusão, e passar também a falar e a olhar os pobres e os excluídos. Aquelas pessoas concretas que têm o direito de saltar da estatística e de serem consideradas e respeitadas como pessoas, agora, no seu tempo de vida e não apenas no tempo distante dos projectos de médio e longo prazo. Como quer que seja, nunca o que há aí a fazer poderá caber na dimensão de uma entrevista como esta! Quais as ideias fundamentais da palestra que iria proferir no dia 23 de Janeiro no Faial? Diria que as respostas que lhe dei até agora podem ter-se como sumário da maior parte da conferência que irei proferir na Horta, no dia 18. Centrá-la-ei muito na questão dos pobres e da pobreza e, a partir daí procurarei olhar criticamente o «político» e o «cívico» nos nossos dias, retomando o tema da Cidadania que todos sabem ser-me muito caro, e o da participação. Quer acrescentar alguma coisa sobre as metodologias que irá utilizar no workshop “Pobreza e Inclusão – perspectivas do trabalho em rede”? Quanto ao Workshop, procurarei trabalhar com as pessoas presentes, mas atendendo muito às suas próprias experiências e interrogações. Partirei, certamente, da análise da pirâmide social, trabalharei um pouco o significado a rede social e a melhoria possível, sempre possível, do seu funcionamento em geral. Mas, sobretudo, privilegiarei o método interrogativo que me parece ser o mais produtivo em trabalhos desta natureza. Desde logo, porque sempre terei de fazer uma aproximação indo do mais geral - aquilo que conheço melhor - até ao particular dos Açores e do Faial que, apesar de me tocar muito profundamente, não faz de mim um verdadeiro conhecedor. Para terminar, permita-me que lhe pergunte, existe ou não uma “atracção quase fatal” entre Vossa Ex.ª e o Faial? A felicidade nunca é uma fatalidade. É produto de um conjunto de sentimentos e de reacções, próprias e alheias, que nos provocam uma sensação de humildade boa em face de um absoluto que nos é dado tocar. A felicidade assim é uma coisa rara. É isso que sinto quando volto aos Açores e, naturalmente, também ao Faial, que me atrai muito, mas numa atracção que não sinto como «quase fatal». Talvez apenas como natural, nessa simplicidade fantástica das coisas sublimes.
Cristina Carvalhinho
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“Fuga”
Cinema e Teatro
DESCULPA PÁ PIPOCA
Contra o cinema de género Filmes, tal como chapéus, há muitos. Etiquetas, tal como preconceitos, são incontáveis. Por toda a parte, mas aqui fala-se de cinema. Este é um manifesto contra os filmes de género. Sei que é, entre outros, por motivos comerciais que se categorizam os filmes. E se fazem mesmo filmes segundo receitas pré-fabricadas. Há público específico para comédias, para terror, para romances, e até para pornografia. Encaminhamo-nos, feitos ovelhinhas e ali vamos ver este ou aquele filme que, já calculamos à partida, vamos gostar. Bom, quem assim o quer, não vejo motivo para deixar de o fazer, a liberdade sobrevive nos pequenos gestos. O que eu pensei foi que a melhor gargalhada não é encontrada num filme cómico, tal como há filmes mais afrodisíacos do que os pornográficos. Tudo depende da expectativa. Se à partida já esperamos rir-nos, que piada é que isso tem? Ter uma expectativa pode estragar qualquer maravilha, seja no cinema ou em qualquer realidade. Eu cá, tudo o que tive de bom, filmes ou não, foram coisas que conseguiram contornar as minhas expectativas. O bom cinema será sempre o cinema sem género. Filmes que não vivam de preconceitos, filmes que encontrem a sua expressão própria. E que não se faça como se tem feito, em que se encafuam estes todos no género “de autor”. Essa arrogância enregela qualquer um. E ainda: é ficção ou documental? Finalmente também a ausência desta barreira se vai tornando mais visível. Porque, como é evidente, nunca nada foi 100% uma ou outra das categorias - mas não entremos em picuinhices. Filmes como o português “Aquele querido mês de Agosto” ou o francês “A Turma” mostram a pouca importância que a contemporaneidade atribui à veracidade. Coisas que podiam ser verdade são tão verdadeiras - ou mesmo mais verdadeiras - quanto as mais bem comprovadas verdades. Acreditamos no que é credível, no que nos toca e não no que é comprovado. Choramos com o mais que irreal pai do Rei Leão e não com as dolorosamente verdadeiras mortes dos cenários de guerra. E não se trata de hipocrisia ou insensibilidade, eu chamar-lhe-ia antes sensibilidade dramática. Voltando aos géneros, quanto mais livre e espontânea for qualquer coisa, mais nos apaixona. E não conheço melhor palavra para acompanhar o cinema do que a paixão.
“Veredas” de João César Monteiro (1978)
Aurora Ribeiro http://estranho-amor.blogspot.com
Já foi visto...
Clube de Combate: capitalismo e esquizofrenia na geração de transição do milénio (parte 1) outro hesita. Clube de Combate é uma história sobre a esquizofrenia consumista das sociedades de massas actuais e sobre a esquizofrenia como processo físico e psicológico de individuação. Tudo começa com Jack. Jack é um protótipo de todos nós, um indívidio que se confunde com as massas. É um homem que vive perdido, sem sentido e como tal extrai do dinheiro e do consumo a sua razão para viver.
Tyler diz: “A primeira regra do clube de combate é: não se fala sobre o clube de combate. A segunda regra é: não se fala sobre o clube de combate. Terceira regra: se alguém grita, pára, coxeia ou rebenta o combate termina. Quarta regra: só dois vão a combate Quinta regra: um combate de cada vez Sexta regra: nada de camisas e sapatos Sétima regra: os combates duram o tempo que tiverem de durar Oitava e última regra: se esta é a vossa primeira noite no clube, têm de combater” O combate começa. Jack pensa: “Este miúdo lá do trabalho, o Ricky, nem se lembrava se tinha encomendado canetas de tinta azul ou preta. Mas Ricky foi um Deus por dez minutos quando esmurrou o chefe de mesa.” Jack e Tyler são a mesma pessoa. Um diz, o outro pensa. Um faz, o
“ Como muitos outros tornara-me escravo do bricolage Ikea. Se visse algo bonito, como uma mesa de café em forma de yin-yang, tinha de a ter. A unidade de escritório Klipsk. A bicicleta Hovetrekke. Ou o sofá Ohamshab com listas verdes Strinne. Até lâmpadas Ryslampa feitas de papel ecológico não branqueado. Via catálogos e pensava: Que tipo de mesa de jantar me define como pessoa? Tinha tudo. Até pratos de vidro com bolhinas e imperfeições – prova de que eram feitos por gente local, honesta, trabalhadora e indígena de sei lá onde.” Jack deixou de conseguir dormir. Vivia numa espécie de estado de sonambulismopermanente. Um dia descobre numa sessão de terapia de grupo psicológico para pacientes oncológicos que através do presenciar da dor das outras pessoas e das sessões de choro colectivo conseguia encontrar serenidade e voltar a dormir tranquilamente. Mas Jack encontra Marla – uma mulher que faz exactamente como ele, também sem qualquer doença passeia por vários grupos de terapia. Ela funciona como um espelho dele próprio. Jack volta a não conseguir dormir. Agora sim, ele pode conhecer Tyler numa viagem de avião. Quando chega a casa, já não tem casa. Explodiu. No meio dos escombros a sua mesa yin-yang do Ikea. Jack tenta dois telefonemas. O primeiro Marla. Sem resposta. O segundo Tyler. Encontram-se num bar. Jack fala do sucedido – perdera todas as suas coisas e o seu apartamento. Tyler diz-lhe:
“Aquilo que possui acaba por o possuir a si” Fora do bar, três canecas de cerveja depois. Tyler: Peço-lhe um favor. Bata-me com o máximo de força que puder. Jack: Quer que lhe bata? Porquê? Tyler: Não sei. Nunca andei à pancada. Você? Jack: Não. Ainda bem, é um coisa boa não o ter feito. Tyler: Não é nada. Como podes conhecer-te a ti próprio se nunca lutaste? Não quero morrer sem cicatrizes. Vá, bata-me antes que eu perca a coragem. Jack: Meu deus, isto é de doidos. Tyer: Então, deixe-se ir. Vá, dê-me um murro. Jack: Não tenho certeza que isto seja uma boa ideia. Tyler: Eu também não. Quem se importa? Ninguém está a ver. Que importa? Jack: Isto é de doidos. Quer mesmo que eu lhe bata? Tyler: Sim. Jack: Como? Na cara? Tyler: Supreenda-me. Jack ainda diz - “Isto é tão estúpido…” - antes de esmurrar Tyler no ouvido. Tyler responde. O primeiro combate inicia. E um homem encontra o seu corpo pela primeira vez na vida. No bombear do sangue para os músculos, na aceração do ritmo cardíaco, na excitação dos nervos, na atenção perante o perigo, no choque das mãos e dos pés no tronco e na cabeça. Agora aquele corpo curvado pelas horas infidáveis sentadas ao computador, no sofá e no carro, endireita-se e ganha vida na atenção e excitação do perigo. (conclusões na próxima edição)
Fausto André
#4
COMICHÃO NO OUVIDO Música
«JAZZANDO» Entrevista a Zeca Sousa Fausto - Como é que te iniciaste na guitarra? Zeca - Iniciei-me na música aos 5 anos de idade, com o piano. Mais tarde, como a maior parte dos músicos desta terra, entrei para uma filarmónica, União Faialense, onde toquei saxofone alto, mas só levei a música mais a sério aos 15 anos quando me matriculei no Conservatório da Horta onde estudei com os professores José Maria da Silva, Gordon Kreplin e Joan Carlos de León. F - O que é que fez a diferença na tua aprendizagem, que te tenha impulsionado definitivamente. Z - Penso que sempre tive no sítio certo na altura certa, desde muito cedo tive a oportunidade de tocar em várias bandas todas de diferentes estilos e com músicos diferentes. Após três meses a tocar guitarra entrei no meu primeiro grupo, a Orquestra Juvenil da escola secundária da Horta. Poucos meses depois entrei para a Orquestra da Câmara Municipal da Horta e depois vieram os grupos de baile, bandas de pop, rock e heavy-metal mas sempre com uma grande componente de improvisação. Mais tarde tive professores como o Pedro Madaleno, Vasco Agostinho, Bruno Pedroso, Yuri Daniel, Miguel Martins e o Cícero Lee com o qual tenho o prazer de tocar com alguma frequência, entre outros músicos de jazz que sem dúvida tiveram a maior das importâncias. Também com estes músicos pude estudar disciplinas como harmonia, composição, interpretação, teoria e estética musical e conceitos rítmicos avançados, tudo isso resultado de alguns Workshops que foram determinantes na forma como vivo e interpreto a música. F - Quais são as tuas influências musicais? Z - São variadas, embora nem todas sejam óbvias na minha forma de tocar, mas quase tudo o que tenha a ver com música improvisada desde a música clássica, indiana, ao jazz. Os meus professores, principalmente o Pedro Madaleno que ministrou vários Workshops, tiveram em determinada altura grande importância na nossa comunidade musical. Os colegas de música como o Augusto Macedo e o Rafael Fraga também tiveram importância principalmente por terem a mesma linguagem musical e por partilharmos experiências musicais. F -Como músico Faialense, como descreves a situação cultural da ilha do faial e o que mudarias? Z - Está bastante melhor do que há alguns anos, com a universidade sénior, o crescente numero de exposições, etc. Agora puxando a brasa à minha sardinha que é a musica, acho que falta formação adequada para que os músicos se sintam mais livres, conheçam outros universos musicais e se permitam abrir os
À DESCOBERTA WORKING ON A DREAM seus horizontes musicais. Acho que isso se faz contactando com outros músicos, apostando em workshops e numa formação e criação de dinâmicas de trabalho que persistam após o final dos mesmos com grupos de estudo e criação de combos que possam tocar ao vivo. F -Define o que é para ti a música açoriana? Z - Não tenho conhecimento suficiente da música nem dos músicos açorianos para fazer essa definição. Conheço alguma da música tradicional e o que a RTP Açores passava nos anos 80 nomeadamente Luís Gil Bettencourt, Aníbal Raposo, Zeca Medeiros e Luís Alberto Bettencourt. A música editada também não me parece estar divulgada entre as ilhas e já me disseram que muitos dos discos gravados já não se encontram disponíveis. Tirando isso o único contacto musical que tive com o resto dos músicos açorianos foi através de algumas interacções musicais com o Luís Gil Bettencourt. F - Os músicos de jazz só ouvem jazz? Z - Só posso falar por mim, e não me considero um músico de jazz mas sim um estudante e curioso dessa e de outras músicas. Limito-me a ouvir musica, adoro a cantora lírica Sumi Jo, adoro ouvir harpa a solo, o músico Dave Holland e suas composições, Chris Potter, Jim Hall, Keith Jarrett, Anouar Brahem, Nguyen Le, Ravi Shankar entre muitos outros. Quando ouço música ouço o que me apetece independentemente do estilo. F - E projectos para o futuro? Z - Continuar a estudar, vou ver se consigo ir ao workshop de música improvisada em Sta. Maria. Alguns projectos que envolvem jazz mas ainda estão na forja.
Fausto
Já foi ouvido... CRÓNICAS DA TERRA ARDENTE Fausto Bordalo Dias 1994 Em “Crónicas da Terra Ardente”, a densidade (narrativa e musical) de Fausto Bordalo Dias assume uma dimensão nunca antes experimentada pelo autor. Uma vez mais, Fausto surge perante nós como um navegador solitário contra as correntes dominantes da moda e do consumo. Mais do que qualquer dos seus discos anteriores, “Crónicas da Terra Ardente” é uma obra para ser lida, atentamente lida, em todos os sentidos possíveis. Aqui se encontram as dúvidas e os medos, as incertezas e as vãs glórias de todos os tempos, mas também os momentos de luzidio encanto, tão eternos como a humanidade. Embora tendo como referência fundamental uma obra literária do século XVI – a «História Trágico-Marítima» e – este trabalho não se limita a reinterpretar relatos mas procura dar-lhes uma dimensão contemporânea - como, aliás, aconteceu
em «Por Este Rio Acima», relativamente à «Peregrinação», de Fernão Mendes Pinto. Musicalmente, «Crónicas da Terra Ardente» demonstra, uma vez mais, o carácter inesgotável da nossa rítmica tradicional e a imensa criatividade de Fausto. É este, afinal, o fascínio maior deste álbum: a possibilidade de encontrar, em cada audição, uma imensidão de coisas novas. Não é um disco passível de uma leitura linear, deve ser ouvido várias vezes. A viagem que neste disco nos propõe Fausto Bordalo Dias passa, sobretudo, por essa capacidade de reencontro, de invenção, de descoberta. Este é um disco que considero uma obra de génio .F
Bruce Springsteen 2009
Bruce Springsteen iniciou no domingo passado a digressão mundial do álbum “Working on a dream”, que inclui quase cinquenta concertos na América do Norte e Europa (e que não passará por Portugal). Também conhecido como “The Boss”, Bruce Springsteen faz 60 anos em Setembro, e acaba de editar o álbum “Working on a dream”, pouco mais de um ano depois de ter lançado “Magic”. Um lado curioso deste novo disco é o facto de grande parte dos inéditos que integram o novo álbum terem sido feitos em momentos de pausa da digressão anterior, quando andava a promover “Magic”. As canções deste novo trabalho falam de esperança e de amor, apropriadas a um tempo político de mudança nos Estados Unidos, que o cantor acompanhou de perto apoiando Barack Obama. A sonoridade, apesar de mais acústica, continua a soltar a rebeldia e a energia deste guru do pop rock. Vencedor de 18 prémios Grammy, Bruce Springsteen volta a estar nomeado para a edição deste ano, e já venceu um Globo de Ouro para melhor canção com o tema “The Wrestler”, do filme homónimo de Darren Aronofsky. F.
A MIND MADE UP A Certain Radio 2009
A Certain Ratio são uma referência na música do final da década de 70 e do princípio de 80. Foram a primeira banda a gravar para a editora Factory Records, a mesma editora que mais tarde editou os Joy Division, Durutti Column, New Order, Happy Mondays, entre outros. Já lá vão dez anos desde o último tema original gravado pelos A Certain Ratio. Agora estão de regresso com 12 novas canções do novo álbum “A Mind Made Up”. Independentemente do diferente contexto cronológico, é possível que “A Mind Made Up” seja a melhor produção dos A Certain Ratio, em quase 30 anos de rock. Continuam a ser inovadores no som que produzem, movendo-se entre o rock alternativo, a música electrónica e o funk, numa atitude perfeitamente contemporânea mas consubstanciada pelo seu passado musical. Vale a pena ouvir. F.
Arquitectura e Artes Plásticas Visões Subterrâneas
Fotografias de Jorge Góis
A partir de 5 de Fevereiro e até 30 de Março, o Museu da Horta apresenta no espaço da sua sede – Colégio dos Jesuítas - uma exposição temporária de fotografias de Jorge Góis, designada Visões Subterrâneas, que retrata o valioso património espeleológico do Arquipélago dos Açores. Sendo actualmente conhecidas cerca de duzentas e cinquenta cavidades naturais de diferentes tipos nos Açores, desde tubos lávicos, algares e grutas de erosão marinha, e reconhecido o seu interesse cientifico e da necessidade de preservação deste património natural, originou a criação do Grupo de estudo do Património Espeleológico dos Açores – GESPEA. Este grupo tem vindo a desenvolver o trabalho de inventário, estudo e divulgação deste património geológico, inserindo-se a presente exposição numa mostra dessas paisagens subterrâneas de características muito especiais e, menos conhecidas dos açorianos.
Luís Menezes Nota Biográfica Jorge Antero Blayer Góis – nasceu em 1966 na Vila das Velas, ilha de S.Jorge, onde reside. Dedicado essencialmente à fotografia da natureza, realizou várias exposições de fotografia, e tem trabalhos publicados em jornais, revistas e edições de postais com paisagens da ilha de S.Jorge.
A cidade da Horta em 3,2,1, já!
Moramos numa ilha, nesta ilha há uma cidade. No lado Norte da cidade temos uma praia e um parque, no lado Sul temos outra praia, esta com areia mais clarinha e dois montes - ambos sem acesso ao topo, mas essa reinvindicação terá de ficar para outra rúbrica. Basta sairmos da Horta e temos 150km2 de campo à disposição, para descomprimir, para descansar, para respirar. Está tudo muito bem esgalhado. O único problema é que
A escolha do artista para a rubrica deste número do Fazendo não é tão ocasional como habitualmente. Porque na passada semana deixou de estar connosco, aqui fica a homenagem a Jaime Isidoro, pintor portuense nascido em 1924. Estudou desenho e pintura na sua cidade, na Escola Soares dos Reis. A sua obra foi muito marcada pela técnica da aguarela, sabendo conjugar os saberes académicos com a inovação contemporânea. Deixou um legado invejável de obras inspiradas nas variadas visões do Porto. Teve duas fases bem distintas: a primeira, entre as décadas de 40 e 50, altura em que recebeu a maior parte dos prémios da sua carreira de pintor, e uma segunda que se iniciou em meados dos anos 80 até ao final. Para além do seu grande contributo pictórico para o enriquecimento das artes plásticas em Portugal, Jaime Isidoro foi também um forte impulsionador e motivador da expressão artística. Foi professor, galerista, editor e interventivo em publicações da área e promotor da concretização dos mais diversos projectos artísticos. Foi ainda o criador da Bienal de
no centro da cidade da Horta não há espaços assim: espaços públicos de qualidade. O espaço público sempre teve muita importância na vida social de uma cidade e até ao século XIX bastava o terreiro mais ou menos plano para provocar a comunicação entre as pessoas. Hoje em dia, com a proliferação de gadgets que nos “prendem” ao lar e em cidades maiores - aos centros comerciais, é preciso, mais do que nunca, chamar as pessoas para a vida urbana, com espaços simples e de qualidade. Só assim poderemos ser mais felizes a conviver uns com os outros em vez de com personagens das novelas. Tal como em casa precisamos de um sofá para nos sentarmos descansadamente, na rua são as praças, os largos e os jardins que servem para descansarmos da vida. Convém ter “sofás” no centro da cidade para descansar após o jogging na marginal! Senão descanço em casa porque lá tenho mais do que 30 canais. Assim como em casa podemos ler um jornal ou um livro se miraculosamente a tv se avariar, se todos os carros desaparecessem miraculosamente das ruas teríamos espaço para o que realmente nos interessa: as pessoas. Isso sim faria um espaço público de qualidade, e não mobiliário urbano de última geração que iluda o transeunte. Basta ser simples prático e bom do ponto de vista humano. O ponto
de vista do carro é indiferente, pois como só necessita que lhe carreguem no pedal pode muito bem ir à volta. Esta cidade é excepcional. Com vista previligiada sobre a ilha mais bonita de todo o arquipélago, protegida dos ventos e das vagas pelos montes que a rodeiam e com uma dimensão que faz inveja a qualquer lisboeta farto de tentar evitar as filas. Falta apenas potenciar toda a qualidade de vida que se pode ter aqui através de algum investimento nos espaços públicos. Investimentos que podem ser só ideais (partir cimento e plantar árvores, acabar com a hegemonia do automóvel, mais e melhores passeios) ou apenas algumas ideias bem pensadas, porque quando a arquitectura é mal pensada consegue criar suburbanidade mesmo no centro da cidade, como é o caso da zona envolvente ao nosso amigo jack do pote e suas casas de banho públicas amestradas. Se portugal fosse um país pobre em vez de jipes haviam tractores, havia muito mais gente a andar de bicicleta e muito menos a ir de carro para o ginásio, o futebol era à tarde para poupar energia ou de manhã, pela fresca que sabe bem. Infelizmente somos um país rico, muito rico e pior do que isso, queremos ser mais ricos ainda em vez de aprendermos a viver a nossa vidinha tão bonitinha. Nada do que aqui está a ser proposto é caro ou complicado, só se pede vontade. Tomás Silva
Faial Sport Club - 100 anos
Já foi exposto...
Jaime Isidoro
PVC
Vila Nova de Cerveira, aquela que se veio a tornar a maior bienal de artes do país (estando a sua 15ª edição prevista para este ano). . Ana Correia
Para assinalar o centenário da fundação do Fayal Sport Clube, o Museu da Horta instalou uma exposição temporária na Sala Polivalente da Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça, que estará patente ao público de 2 a 28 de Fevereiro corrente. O Fayal Sport Clube, símbolo do património desportivo dos Açores, foi fundado a 2 de Fevereiro de 1909, pelo acaso de ter chegado a esta ilha uma bola que uniu uma vintena de jovens entusiasmados pelo futebol, de certo influenciados pela colónia inglesa ligada às companhias cabográficas que então operavam na Horta. A actividade do Fayal Sport Clube não se cingiu apenas à prática desportiva, conta ao longo dos cem anos da sua história um valioso currículo de múltiplas manifestações de carácter filantropo, recreativo e cultural, que evidenciam o seu dinamismo, o culto e a nobreza da atitude também pela formação cultural dos faialenses. Ligando-se a fundação do clube à introdução do futebol na ilha do Faial e tendo como divisa Crer e Querer, o Fayal Sport Clube é o 5ª clube mais antigo de Portugal, e o decano dos clubes desportivos dos Açores. L.M.
#6
- ENDOS, - ANDOS, - INDOS Literatura Mãe, não tenho nada para ler...
Paulo Castilho, Letra e Música Talvez por ser diplomata de carreira e ter passado grande parte da sua vida fora de Portugal, Paulo Castilho debruça-se sobre a sociedade portuguesa e, essencialmente, sobre a classe média, com um olhar que é ao mesmo tempo clínico, aguçado, desmanchando os mecanismos das relações que unem homens e mulheres, e distante, permitindo-lhe reconhecer o que a sociedade portuguesa deve a outras e como o mesclar da cultura se tornou evidente particularmente nos anos 60. Tal como em Fora de Horas, também Letra e Música vai beber nessa geração dos Stone e do flower power a sua inspiração e também nesta obra o autor volta a centrar-se no desencontro ideológico entre os ideais utópicos da geração de 60 e o desencanto pragmático das gerações de 80 e 90, dominadas pelo consumo e pela ascensão social. Contudo, o laivo de amargura subjacente a essa constatação não o impede de ver para além das alterações e do estilhaçar de uma certa visão da sociedade para se centrar nas vivências interiores das suas personagens. Através da história de uma cantora exilada –
primeiro em Londres e depois nos Estados Unidos - e das suas vivências, o escritor segue duas gerações, a dela e a da sua sobrinha, que quer descobrir mais sobre esta tia aureolada de mistério e sobre a qual ninguém na família fala. Num estilo coloquial e com uma visão que os críticos classificam frequentemente de cinematográfica pelo seu gosto pelas imagens e por condensar as emoções, traduzindo-as em gestos que filmados não destoariam, o vencedor de inúmeros prémios (Prémio Literário Diário de Noticias, Grande Prémio da Associação de Escritores Portugueses, Prémio PEN Club, Prémio Eça de Queirós, entre outros) volta a surpreendernos com um romance irónico sobre a vida da sociedade portuguesa, em que, nomeadamente através dos olhos de um escritor confrontado com um bloqueio da escrita, descobrimos a futilidade, o deixa-andar típico de um povo, em que os snobismos e as convenções jugulam a vida e as relações interpessoais. Catarina Azevedo
A Bela Adormecida Vai à Escola de Gonzalo Torrente Ballester
Neste romance somos conduzidos ao imaginário dos contos de fadas quando o Rei da Minimuslandia encontra, num bosque encantado, uma princesa adormecida. Só que não estamos no tempo do “era uma vez...” mas sim em pleno século XX e num país regido por uma monarquia constitucional onde o Rei já não concentra em si o poder. Vítima de encantamento, a princesa dorme há 500 anos e o monarca vê a felicidade num simples beijo que a despertará e a levará ao “viveram felizes para sempre”. Todavia os poderes institucionais não permitem que tal aconteça e interesses diversos levam a um fim inesperado ou não?
Ilídia Quadrado
À CONQUISTA A Mão de Midas de Jack London
Com a aquisição pela editorial Presença dos direitos de publicação da colecção de literatura fantástica “A Biblioteca de Babel” , idealizada por Jorge Luís Borges (uma das sua obras mais conhecidas dá aliás o nome à colecção) e Franco Maria Ricci, há mais de trinta anos, voltamos a ter a hipótese de reler clássicos que não perderam o encanto. Uma das vantagens de o fazer nesta colecção e não numa das inúmeras outras edições que existem é o facto de, a pedido de Ricci, os textos serem prefaciados por Borges, permitindo assim uma dupla leitura da obra. Outra vantagem é o facto da editora ter tentado reproduzir as capas originais e o seu grafismo estilizado. O décimo volume desta colecção, publicado este mês, é A Mão de Midas, de Jack London, um autor sobejamente conhecido e que os anglo-saxónicos adoram mas muito menos divulgado em Portugal, e não foge às temáticas essenciais do autor: o darwinismo, expresso na certeza da sobre vivência do mais forte, e o amor pela Humanidade, apesar de estas serem diluídas na atracção pelo fantástico e pelo inexplicável. Através de quatro contos descobrimos personagens obsessivas e que põem a sua própria vida em risco, como um reflexo da vivência conturbada do autor que culminou com o seu suicídio.
C.A.
As Aventuras de Tom Sawyer
Já foi lido...
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Imagina um rapazinho cujo maior sonho é ser capitão de um barco a vapor e viver grandes aventuras, imagina que esse rapazinho vive nas margens do rio Mississípi e, sobretudo, imagina que esse rapazinho se transformou no escritor Mark Twain. Em As Aventuras de Tom Sawyer , Twain conta como um órfão, Tom, vive aventuras extraordinárias (conseguindo escapar à vingança do índio Joe), consegue tornar fascinante mesmo a tarefa mais aborrecida (como ter de pintar uma enorme paliçada e acabar por convencer os outros a fazerem-no, chegando mesmo a pagar-lhe para isso) e quase enlouquece a sua tia Polly.
C.A.
Ciência e Ambiente
APAGA A LUZ
Feliz Aniversário Darwin! Faz este ano exactamente 150 anos que saíram à rua os 1250 exemplares de um livro que, para além de se esgotar no próprio dia, mudou para sempre a nossa visão de nós próprios. Ao desenvolver a teoria da evolução das espécies e identificar a selecção natural como o principal agente modelador da vida no planeta, Darwin deu-nos a possibilidade de nos libertarmos do peso de Deus. A visão fixista de espécies imutáveis e sem parentesco entre si eclipsou-se e deu lugar a uma visão mais dinâmica e de certa forma fraternal da vida. O que nos une é infinitamente maior do que o que nos separa. Durante quatro anos, nove meses e cinco dias, entre 1831 e 1836, Charles Robert Darwin viajou à volta do mundo a bordo do navio H.M.S. Beagle comandado pelo Capitão FitzRoy. Mas apenas um terço desse período, cerca de 18 meses, foram realmente passados no mar. Durante a maior parte do tempo Darwin caminhou em terra firme, em longas caminhadas e expedições a cavalo, trilho acima, trilho abaixo numa recolha incansável de fósseis, plantas e animais, muitos nunca antes descritos pela ciência. A lavra foi grande e quando voltou a pisar Inglaterra no dia 2 de Outubro de 1836, Darwin tinha recolhido 5436 espécimes. Darwin era um homem muito curioso e
tinha um interesse científico pela vida que se estendia por vários aspectos do mundo natural e se prolongou até ao momento da sua morte. Escreveu mais de 20 livros sobre temas tão diversos como a polinização das orquídeas e o papel dos vermes na formação de bolores vegetais do solo, o último livro que publicou 6 meses antes de morrer. Morre em 1882 com 72 anos. Sofreu com uma saúde frágil, e teve sucessivas crises que incluíam vertigens, tremores, vómitos desmaios e taquicardias, entre outras maleitas, mas os médicos nunca conseguiram diagnosticar a doença que sempre o afligiu. Viveu uma vida familiar pacata e recolhida com a sua mulher Emma com quem teve 10 filhos. Verónica Neves Bibliografia Desmond A. & Moore J. (1991). Darwin. Penguin Books Ltd, England, 808 páginas. Pereira A. (2001). Darwin em Portugal. Filosofia/História/ Engenharia Social (1865-1914). Livraria Almedina, Coimbra, 628 páginas. Webgrafia Talvez o mais completo e extensivo de todos os sítios sobre Darwin, disponibiliza a obra completa, incluindo os seus rascunhos e cadernos de observações, livros, artigos, biografias e obituários:
AQUELA DICA Compostagem, uma receita simples. O composto é um adubo natural que melhora a qualidade do solo ao devolver-lhe os nutrientes que as plantas e vegetais utilizaram no seu processo de desenvolvimento. Aproveitando os seus resíduos orgânicos está a produzir o seu próprio adubo natural gratuitamente e está a diminuir a quantidade de resíduos enviados para o aterro. Ingredientes: •Resíduos da cozinha (restos de fruta e legumes, cascas de ovos esmagadas, sacos de chá e grãos de café); •Resíduos do jardim (folhas e ervas secas, ramos, palha e serradura); •Compostor (desde o simples buraco na terra ou a pilha a céu aberto passando pelos compostores de madeira, rede, blocos ou plástico, tudo é permitido!). Confecção: 1.Começar com uma camada de paus grossos e depois alternar camadas de resíduos da cozinha com resíduos de jardim, tendo o cuidado de acabar com uma camada de resíduos de jardim secos, assim evitam-se os maus cheiros e insectos; 2.Arejar de vez em quando, mexendo com um pau ou forquilha; 3.Depois é só deixar a Natureza fazer o seu trabalho de decomposição dos resíduos transformando-os numa substância rica em matéria orgânica, o composto, prontinho a ir para os canteiros.
Sara Soares/Ecoteca do Faial
http://darwin-online.org.uk/ Darwin correspondeu-se com mais 200 pessoas ao longo da sua vida, este site disponibiliza toda a sua correspondência, incluindo aquela que trocou com o único português que teve a “ousadia” de lhe escrever, o naturalista autodidacta açoriano Francisco de Arruda Furtado: http://www.darwinproject. ac.uk/ Produzido por um Historiador da Ciência amador, este sítio disponibiliza informação sobre a vida pessoal de Darwin e sobre a viagem no Beagle com extractos do diário e mapas dos locais visitados: http://www.aboutdarwin. com/ Disponibiliza uma vasta colecção de imagens de e sobre Darwin em selos, postais, medalhas, periódicos, etc: http://jadepricephoto.com/darwiniana/index.htm Um sítio em português com uma miscelânea de informação e criado especialmente para celebrar e divulgar o aniversário de Darwin em Portugal: http://www.darwin2009.pt/home/ A árvore da vida, um sítio muito bonito sobre biodiversidade e que tem como objectivo disponibilizar informação, texto e imagem, sobre todas as espécies, vivas e extintas: http://www.tolweb.org/tree/
Dia Mundial das Zonas Húmidas Assinalado a 2 de Fevereiro, data coincidente com a realização da Convenção das Zonas Húmidas que decorreu na cidade Iraniana de Ramsar em 1971, da qual resultou um Tratado intergovernamental que visa a conservação e o uso racional das zonas húmidas. A Convenção de Ramsar, como ficou a ser conhecida, define as zonas húmidas como sendo “uma zona de pântano, charco, turfeira ou água, natural ou artificial, permanente ou temporária, com água estagnada ou corrente, doce, salobra ou salgada, incluindo águas marinhas cuja profundidade na maré baixa não exceda os 6 metros”. Este Tratado conta já com 158 países aderentes, o que representa uma área total de Sítios Ramsar superior a 168 milhões de hectares. As designações de Sítio Ramsar surgem de acordo com critérios de representatividade do ecossistema, de valores faunísticos e florísticos, e da sua importância para a conservação de aves aquáticas e peixes. Portugal é signatário desde 1980 e actualmente possui 28 áreas clas-
sificadas entre as quais o Estuário do Tejo, a maior zona húmida do nosso país e uma das dez mais importantes da Europa devido à elevada biodiversidade que alberga. Os governos dos países signatários comprometem-se a trabalhar no sentido do uso sustentável das suas zonas húmidas através do desenvolvimento de planos de ordenamento e gestão de zonas húmidas e acções de sensibilização e educação ambiental da população. Das 28 áreas reconhecidas, que totalizam cerca de 86 mil hectares, 12 estão localizadas nos Açores. No Faial, apenas a Caldeira está classificada como sítio Ramsar. Como se pôde verificar com o caso recente de falta de água na ilha Terceira, as turfeiras são de extrema importância ecológica, sendo indispensáveis na regulação do ciclo hídrico. Devido às suas características morfológicas, o Sphagnum spp., briófito dominante destas comunidades, consegue armazenar até 20 vezes o seu peso em água. Esta capacidade de retenção da água
faz das turfeiras importantes reguladores da infiltração e escorrência superficial e subterrânea, e consequentemente dos caudais das nascentes. O Sphagnum funciona também como filtrador da água, retendo substâncias nocivas e iões metálicos. As turfeiras são ainda importantes na regulação da erosão dos solos e no ciclo do carbono, pois conseguem armazenar quantidades consideráveis de carbono orgânico que uma vez libertado, em caso de destruição da turfeira, é convertido a dióxido de carbono, principal causador do efeito de estufa. Para comemorar o Dia Mundial das Zonas Húmidas e sensibilizar para a importância destas comunidades, a Ecoteca do Faial em colaboração com os Serviços de Ambiente do Faial, através dos Vigilantes da Natureza, organizou uma visita de estudo ao Jardim Botânico e charcos de Pedro Miguel que contou com a presença de cerca de 22 alunos da Escola Básica e Integrada António José Ávila.
Sara Soares/Ecoteca do Faial
#8
FAZENDUS Agenda
Durante a Época Lectiva 08/09
Projecto Teatral Infantil orientado por Anabela Morais Atelier “O Jogo Dramático”. Terças e quintas-feiras das 17 às 18 horas. Para crianças dos 6 aos 12 anos. Atelier “Leitura de Textos Teatrais”. Segundas e quartas – feiras, das 18 às 19 horas. Para jovens dos 10 aos 12 anos. Teatro Faialense
Até 15 de Fevereiro
Workshop de Construção de Instrumentos Musicais com Carlos Guerreiro Oficina do Teatro Faialense
Até 28 de Fevereiro
Exposição: “Centenário do Fayal Sport Club” Sala Polivalente da Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça
Até 22 de Fevereiro
7 de Fevereiro
Exposição de Fantoches Escola Básica/Jardim de Infância, 17h00 Teatro: “Mulheres Enganadas” pelo Grupo de Teatro “Nós os Outros” Noite de Chamarritas Sociedade Filarmónica da Ribeirinha, 20h00
10 de Fevereiro
Cinema: “Reviver o Passado em Brideshead”
Charles Ryder, aspirante a pintor, conhece na Universidade Sebastian Flyte, filho de Lord e Lady Marchmain. Indisciplinado e de gostos refinados, Sebastian leva Charles para a sua sumptuosa residência, numa amizade que se desenvolve de uma forma súbita e excessiva. Na residência de Sebastian, Charles apaixona-se por sua irmã, Júlia, ao mesmo tempo que se sente cativado pela vida luxuosa que o passa a rodear. Ateu, luta também para superar os confrontos com os princípios cristãos da família que o acolhe.
Cineteatro Faialense, 21h30
12 de Fevereiro
Exposição de Paints de Aurora Ribeiro e Tomás Silva Bar do Teatro Exposição de Escultura/Pintura: “O Avolumar do Habitat” de Volker Schnuttgen Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça
Até 31 de Março
Exposição de arte de pública de Volker Schnuttgen Praça Infante D. Henrique
5 de Feveiro
Exposição de Fotografia: “Visões Subterrâneas” de Jorge Góis Museu da Horta (até dia 30 de Março)
6 de Fevereiro
Cinema: “Uns Sogros de Fugir” Cineteatro Faialense, 21h30 (repete dias 7 e 8)
17 de Fevereiro
Exposição: “Metereologia para Piano” de Manuel José d’Olivares Sociedade Amor da Pátria (até dia 8 de Março) Cinema: “Caos Calmo”
Pietro Paladini, executivo de uma empresa audiovisual, salva, na companhia do irmão, duas desconhecidas de morrer afogadas. No entanto, quando Pietro regressa a casa depara-se com a trágica morte da própria mulher. O incidente marca profundamente a vida do executivo que tem agora que reformular abruptamente as suas prioridades. Decide então dedicar-se ao cuidado da filha, chegando até a instalar-se em frente ao seu colégio, num parque que passará a ser o seu local de trabalho.
Cineteatro Faialense, 21h30 Ciência no Bar: “Charles Darwin” Palestra e discussão aberta Bar do Teatro, 20h45 (todos os meses até ao final de 2009)
Até 28 de Fevereiro
Noite Cultural Momento do Salão (Grupo de Jovens do Salão) Teatro: Grupo de Teatro “Nós os Outros” Chamarrita: Grupo de chamarritas da Ilha do Pico e Grupo Folclórico do Salão (23h00) Polivalente do Salão, 20h30
18 de Fevereiro
Palestra: “Equidade e Justiça Social - A importância de um político” pelo Prof. Laborinho Lúcio Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça, 21h00
19 de Fevereiro
Workshop: “Pobreza e Inclusão: Perspectivas do Trabalho em Rede” com o Prof. Laborinho Lúcio Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça, 9h30
13 de Fevereiro
Cinema: “SIM!” Cineteatro Faialense, 21h30 (repete dias 14 e 15)
Septimus apresenta Motha Funky Pim (DJ set) Taberna de Pim, 23h00
14 de Fevereiro
Exposições: Arranjos Florais, Fotografia, Produtos Regionais e Artesanato Polivalente do Salão, 20h00
Desfile de Carnaval: “Para Além das Estrelas” Ruas do Centro da Cidade, 10h00
Septimus apresenta Motha Funky Pim (DJ set) Taberna de Pim, 23h00
Sem Corantes, nem Conservantes! Pub