FAZENDO 18

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Muçulmano, Cristão ou Ateu, partilhamos o mesmo Céu. E o mesmo Buraco do Ozono.

FAZENDO Boletim do que por cá se faz.

28 Maio 2009 Quinta-feira

Edição nº 18 | Quinzenal Agenda Cultural Faialense DISTRIBUIÇÃO GRATUITA


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COISAS... compostas FICHA TÉCNICA

O que é ser faialense? Pergunto-me. Eu, Fausto, filho de picarotos nascido no Porto, infância e juventude vividas no Faial e que agora, passados alguns anos, regresso. Ser algo é sê-lo dos pés à cabeça. Os pés caminham sobre um chão, e a cabeça sob os ideais que gerem o espírito humano – a sua cultura. Ser faialense é, em primeiro lugar, habitar um pedaço de pedra que brotou violentamente do mar hà 800 mil anos e que durante 200 mil anos foi forjado pela força ardente do centro da Terra. Esta é a força primordial. E ela está hoje aqui, e quando quer, chega e altera tudo. Da pedra veio a terra, e da terra as plantas e os animais. Depois são 500 anos de povoamento pelo homem. São séculos de sangue do povo lusitano sobre o chão desta ilha. E este sangue está aqui nas veias e comportamentos dos homens e mulheres que a habitam. À procura de casa. Tanto dinheiro me pedem por um sítio onde viver. Pergunto-me: como sobrevivem as famílas quando todos os bens são tão caros e o que recebem é tão pouco. A ganância descontrolada faz décadas que passou a gerir as relações sociais. Há sítios - aqui bem perto - em que ainda dizem: se fores honesto, um arranja-te umas batatas, o outro uns ovos ou um pão de milho e vivendo e dançando aqui connosco não irás morrer à fome. Mas está a desaparecer este espírito de vida e verdadeira bondade. Esta é uma terra fértil onde nasce tudo o que se semeia. Era uma terra onde se cultivava tudo o que era preciso para comer muito e bem. Mas a ilha foi convertida em pasto para vacas e a comida industrial de má qualidade substituiu a produção local. Agora o Faial está a ser convertido em pasto para turistas

imaginários. A Horta – que nome tão significativo – uma cidade de sonho, verdadeiramente de sonho, mas que vai sendo lentamente invadida pelo betão até ao golpe mais rude que já a espera – o tal porto que já fez chorar os habitantes que nada fizeram da ilha Terceira e da ilha de São Miguel. Ilusões vendidas em prol do dinheiro perante um povo sem reacção que ainda vai acreditando na lenga-lenga do desenvolvimento e do turismo salvador. Quando ironicamente quem nos vem visitar quer escapar precisamente aos portos de betão e metal, procurando a avenida mais bonita do mundo com vista para a imponente montanha e a praia da Conceição para nadar e ver o Pico, e não o paquete que lhes polui a água. Quer fugir às centenas de parques eólicos do seu país, apenas para esbarrar com um em Pedro Miguel (e em breve, se nada fôr feito, mais um para o lado Norte). Quer fugir também ao barulho das máquinas de aspirar os passeios da cidade onde se despeja herbicida e lixo. Querem ver fontanários antigos com água de fonte, querem estar longe de fontes de radiação em massa como antenas de telemóveis e sistemas wireless (em Almoxarife encontramos um num parque infantil). Querem ver a Natureza em bruto, na sua beleza e riqueza em vez de centros de interpretação, centros de tédio informático e aquários virtuais. Eles não querem isto durante um mês e nós queremos durante todo o ano? Para sempre? Estes visitantes, a quem foi vendida uma imagem de harmonia natural, não irão voltar e os faialenses irão ficar com a sua bela cidade cada vez mais cinzenta, artificial e triste. A nossa cultura é a nossa terra. Os nossos instrumentos, a nossa chuva que nos dá água, a nossa chamar-

rita que nos une em roda, o nosso pão, o nosso milho, os nossos chapéus de palha, as nossas rendas e bordados, as nossas almarras, a nossa calma, o nosso silêncio, os nossos animais, as nossas terras, a nossa amizade, a nossa cultura. “O verbo «cólere», de que deriva «cultura», exprime a idéia de «amanhar, cuidar, revolver» a terra, fertilizando-a e semeando a boa semente para que produza mais e melhor. Reporta-se pois, originariamente, ao trabalho agrícola, compreendendo tanto o cultivo do solo, quanto o cultivo dos vegetais no solo. Com o correr do tempo, o verbo «cólere», veio adquirindo outros sentidos. Às vezes significa «habitar», como a dizer que aquele que trata a terra é o que nela habita. O homem, utilizando-se dos recursos das florestas, constrói sua moradia para nela habitar. Outras vezes significa «venerar e honrar» os deuses e os amigos, equivale dizer, cultivar e dispensar especiais cuidados aos deuses para que sejam propícios no cultivo da terra; e aos amigos, os companheiros no mesmo labor. Mais tarde, sobretudo em Cícero, recebeu o sentido figurado do «trato e aprimoramento do espírito». Neste caso, o verbo «cólere» vinha sempre acompanhado do termo «animus»: cultura animi. O homem que cultiva a natureza, cultiva também a sua própria natureza. Era assim sinónimo de educação, no sentido de aprimoramento do espírito. ” Viver no Faial e ser faialense ainda pode ser um sonho. Ou seja, a realidade de uma vida de alegria, de bem-estar, de força, de verde e de mar num pequeno paraíso da Terra.

Fausto Cardoso

Chegadas, Arrivals, Arrivées... NOME: Igor Bashmachnikov IDADE: 39 ORIGEM: São Petersburgo, Rússia DATA DE CHEGADA: Outono 2002 PROFISSÃO: Cientista de Oceanografia e Física CASA: alugada

do Faial, há ainda duas zonas específicas: o canal Faial-Pico e a zona a sul do Pico.

Porque ficou cá?

Porque esta é uma região muito interessante para investigação. E também porque há boa atmosfera na ilha e aqui no DOP. O bom ambiente que há aqui é bom para as crianças pequenas. Os meus filhos, que falam uma língua diferente, encontram uma relação amigável da parte das outras crianças na escola.

O que mais aprecia na ilha do Faial?

O ambiente. O ambiente social e também o natural.

Que semelhanças com a Rússia encontra aqui?

Porque veio?

Porque fui contratado aqui no DOP, através de um concurso para o qual fui seleccionado. Faço investigação sobre as correntes, as marés, imagens de satélite de temperatura e de plâncton. A nível regional procuramos encontrar que características especiais tem a região dos Açores em comparação com o resto do Atlântico Subtropical. A nível local, perto

Hmmm, é muito diferente... Os problemas que temos que resolver são os mesmos, mas a vida aqui é muito mais calma. O programa de educação escolar é parecido, mas na Rússia a educação é mais profunda e tem mais componentes práticas.

E as maiores diferenças?

O clima. São Petersburgo também fica perto do mar, mas durante 4-5 meses o mar fica coberto de gelo. E por ser uma cidade muito grande, perdemos muito tempo nas deslocações. Aqui também há muitas actividades, principalmente

FAZENDO Isento de registo na ERC ao abrigo da lei de imprensa 2/99 de 13 de Janeiro, art. 9º, nº2. DIRECÇÃO GERAL Jácome Armas DIRECÇÃO EDITORIAL Pedro Lucas COORDENADORES TEMÁTICOS Catarina Azevedo Luís Menezes Luís Pereira Pedro Gaspar Ricardo Serrão Rosa Dart COLABORADORES Ana Correia Aurora Ribeiro Ecoteca do Faial/Oma Fausto Cardoso Ilídia Quadrado Pedro Mota Rita Braga Grupo de Teatro “Mensagem” Tomás Silva GRAFISMO E PAGINAÇÃO Vera Goulart veragoulart.design@gmail.com LOCAL DE PAGINAÇÃO Açores e Dinamarca ILUSTRAÇÃO CAPA Maria Inês Cunha

desporto, e é mais rápido ir e vir. E mais seguro, as crianças podem ir sozinhas. Em relação ao meu trabalho a grande diferença é o salário. Aqui é muito mais alto, e como tenho uma família grande isso é importante para mim.

Há algo que o descontente?

Faltam actividades extra-escolares. As actividades desportivas estão organizadas, e a música também, mas gostaria que eles pudessem ter actividades de desenho e artes, xadrez, história etc. Vai havendo algumas, e eles participam e gostam, mas são localizadas e são de curta duração.

Aurora Ribeiro http://ilhascook.no.sapo.pt

PROPRIEDADE Associação Cultural Fazendo SEDE Rua Rogério Gonçalves, nº18, 9900-Horta PERIODICIDADE Quinzenal Tiragem_400 IMPRESSÃO Gráfica O Telegrafo, De Maria M.C. Rosa CONTACTOS Vai.se.fazendo@gmail.com http://fazendofazendo.blogspot. com DISTRIBUIÇÃO GRATUITA


Cinema e Teatro DESCULPA PÁ PIPOCA “ARENA” – NOVOS HORIZONTES NO CINEMA PORTUGUÊS Foi com muita alegria e emoção, que soube que a Palma de Ouro do festival de Cannes, na categoria de Curta-metragem, tinha sido arrebatada por um português, João Salaviza. A selecção oficial, incluía nove curtas-metragens, que foram escolhidas entre um universo de 3.600 filmes, propostos à direcção do festival. Salaviza, de 25 anos, que já tinha visto «Arena» ser premiada no último IndieLisboa, - era o aviso - agradeceu, comovido, no 62º Festival de Cannes a oportunidade para mostrar o seu verdadeiro amor pelo cinema. Parabéns, rapaz!... Muita força, que isto não é fácil!... “É estranho, os filmes portugueses serem reconhecidos no estrangeiro, e só depois em Portugal” – afirmou Salavisa ao um órgão de comunicação social – É assim a vida, “santos da casa nunca fizeram milagres, ou se calhar já fazem… Este é o primeiro filme de João Salaviza, que até ao momento, apenas tinha experimentado a câmara com o filme “Duas Pessoas”, integrado num concurso da Escola Superior de Teatro e Cinema. Para o jovem cineasta, a exibição do filme em Cannes, já era uma vitória. Mas, trazer a Palma de Ouro para Portugal, meus amigos, é obra! «A Palma de Ouro é uma maravilha, mas bastante inesperado», considerou a produtora, Filmes do Tejo, acrescentando que o prémio poderá dar «continuidade ao trabalho deste jovem realizador.» João Salaviza, fica a partir de agora, na História do cinema português”.

Um prémio, desta dimensão, demonstra a qualidade da verdadeira juventude portuguesa. Este acontecimento notável, deixa a promessa de uma nova geração regeneradora e com futuro. Viva o cinema! E viva Salaviza, claro! Ah! Já agora, que vem aí o Faial Filmes Fest – 2009, não se admirem de o verem por cá, no início de Novembro, com a lata de “Arena”, debaixo do braço, para ser projectada no grande ecran, em pleno festival. “Arena” é a história de Mauro, um rapaz que está a cumprir uma pena em prisão domiciliária e que enfrenta o dilema de transgredir a lei para acertar contas com um grupo de miúdos que também vivem à margem da lei. Este é um filme sobre violência urbana e juvenil, sobre bairros problemáticos que enchem páginas de jornais.” João Salaviza, escreveu, filmou em Chelas, em 35mm e montou “Arena”, que conta com Carloto Cotta e Rodrigo Madeira nos principais papéis. A fotografia é de Vasco Viana e a produção de François d’Artemare, Maria João Mayer (Filmes do Tejo). Ficção, Portugal , 2009, 15′, 35mm Argumento: João Salaviza Fotografia: Vasco Viana Som: Inês Clemente Montagem: João Salaviza

À VISTA

Luís Pereira

Já foi visto... Grupo de Teatro de São Roque do Pico na Fábrica da Baleia

Senso

Luchino Visconti 1954

Pela segunda vez, o Grupo de Teatro “Mensagem” vem ao Faial apresentar o seu mais recente trabalho – “A Ultima Noticia”. Este grupo surgiu há cerca de dois anos no Concelho de São Roque do Pico, algumas décadas após o desaparecimento do “Arte de Talma”. Os membros que compõem este grupo têm demonstrado ser autênticos agentes culturais utilizando e acreditando no Teatro e no seu inerente risco de voz pública para revalorizar e tradições e identidades em risco. A encenação da peça que vêem agora apresentar está a cargo de Susana Moura e o texto é um original de Padre Nunes da Rosa reescrito e adaptado para teatro pelo Padre José Idalmiro. Ambos os Padres deixaram à História Açoriana um riquíssimo espólio de relatos etnográficos, retratos e contextos sociais da Ilha do Pico. O teatro veio dar cor, vida, movimento e som às letras de quem teve a coragem de registar o que via, sentia e receava. “A Última Notícia”..... Porque há valores que podem ser intrínsecos a um povo, há conceitos locais que não se colocam em causa, há histórias da História que se assumem como incontornáveis. Enfim, há definições e pré definições que vão delineando o percurso da memória e da vida de qualquer comunidade. Este conto dramatizado revela a curiosidade humana; o risco de colocar em causa valores fundamentais para qualquer funcionamento social. As personagens confrontam-se e exploram-se até aos seus limites levantando e contestando questões de altos valores morais, sociais e religiosos que tanto caracterizam a identidade da Ilha do Pico. 
 
Amanhã, dia 29, pelas 21h30 “A última Notícia” é levada a cena na Sala dos Óleos da Fábrica da Baleia de Porto Pim.

Senso, é uma película de 1954, em que Luchino Visconti, coloca em cena a convulsiva história de amor de uma italiana, a condessa Livia Serpieri (Alida Valli), e um austríaco, o tenente Franz Mahler (Farley Granger), tendo por pano de fundo a Itália de 1866 e os derradeiros dias da ocupação austríaca. Pela primeira vez, na História do Cinema, um realizador, consegue fundir o teatro com a complexidade do romance e a exuberância da ópera com a intimidade de um exercício confessional. Um exercício belíssimo e deveras difícil de materializar na 7ª arte. Visconti, era um comunista e existencialista convicto, são duas expressões que não esgotam a essência dos filmes criados por este mestre do cinema italiano. As suas obras reflectem a decadência, o sentido estético, a crítica social e a análise psicanalítica das personagens. A sua postura política contestadora não o deixou passar ileso pelo fascismo italiano. Visconti foi preso, torturado e condenado à morte, por participar da Resistência e teve várias obras classificadas pela censura como contrárias ao regime fascista. A poucos dias de ser executado, conseguiu a anulação da sentença. Escapou por pouco. Depois do fim da guerra, dirigiu um documentário sobre o fuzilamento de condenados pela ditadura de Mussolini. Através da sua obra cinematográfica, tornou famosos actores como Alain Delon, Romy Schneider, e Helmut Berger. Viva o cinema! Bons filmes!...

OMA/Teatro “Mensagem”

L.P.

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COMICHÃO NO OUVIDO Música

Alexandre Delgado - Músico de Ilhas No próximo dia 9 de Junho, Alexandre Delgado actuará ao vivo no âmbito de mais uma festa FAZENDO, desta vez acompanhado dos músicos Zeca (guitarra), Francisco Andrade (piano), e Vítor Lopes (baixo). Serão interpretados temas do seu novo trabalho (M’nininha de São Nicolau), lançado no dia 6 de Setembro do ano passado na Escola Manuel de Arriaga, mas também algumas canções tradicionais de Cabo Verde, de onde é oriundo. Conhecido pela sua postura positiva na música e pelo seu constante bom humor, Alexandre Delgado aceitou ser entrevistado, permitindonos desvendar um pouco mais do seu pensamento. F - Como surgiu a ideia do concerto de dia 9 de Junho? AG – Fui convidado pelo jornal Fazendo. F - O concerto será baseado nos temas do teu novo disco, ou incluirá outras? AG – Uma parte do concerto será com temas originais do meu CD, e também com temas tradicionais de Cabo Verde. F - Há novas músicas no horizonte? AG – Bastantes, algumas quase prontas… F - Sentes que a tua música, expressamente de raiz Cabo-Verd-

iana, já absorve alguma influência das ilhas Açorianas? AG – Sim, as letras falam do dia a dia nas ilhas, tanto aqui como em Cabo Verde. F - Vês alguma ligação entre a música de Cabo Verde e a música Açoreana? AG – Sim, alguns temas tradicionais Açorianos têm alguma semelhança aos ritmos das mornas F - Como compões as tuas músicas? AG – Componho na guitarra acústica F - Musicalmente o que gostarias de fazer e que ainda não foi possível? AG – Levar o meu trabalho musical a outras ilhas. F - Em poucas palavras, como defines a música Açoriana? AG – Como boa música, feita com sentimento de ilhéu F - O teu futuro passa por um novo trabalho de originais? AG – Penso que sim, o futuro o dirá…

Já foi ouvido... Bocas do Inferno

Gaiteiros de Lisboa 1997 Os Gaiteiros são um dos marcos principais, talvez o maior, de uma forma diferente de encarar, cruzar, criar e interpretar a música tradicional portuguesa. Fazem-no com urdidura inventiva, sem barreiras convencionais, exibindo um saudável experimentalismo e uma divertida glosa sarcástica. Bocas do Inferno percorre o folclore português, de Trás-os-Montes ao Algarve e ainda, em tempo de fuga, descobre escapatórias até Macau, Córsega e Galiza. No meio de tudo isto, veste uma farda caricatural com flautas de pan e celofanes. Imperdível!

F.

Fausto

OS bANdARRA TEM NOVO SINGLE

CONCERTO DE APRESENTAÇÃO A 05 DE JUNHO NO FAIAL

À VISTA Storia Storia

Congo Life

Mayra Andrade 2009

Kelélé 2009

“Storia, storia” é o belíssimo novo álbum da belíssima Mayra Andrade, que chegou às lojas a 18 de Maio. O nome do álbum, explicou a cantora em entrevista, é uma expressão cabo-verdiana utilizada para iniciar uma história, tal como o ‘Era uma vez...’ e é por isso que o álbum pode ser visto como um livro e cada música como um capítulo. “Storia, Storia” surge três anos depois de “Navega”, álbum que apresentou Mayra Andrade como uma jovem promessa cabo-verdiana que teve a capacidade de renovar a música do seu país, encontrando pontos de contacto com a Europa e a América Latina. Em 2008 venceu o prémio revelação da BBC Radio 3. Mayra Andrade tem agora 24 anos e um notório amadurecimento explícito na interpretação das canções do novo trabalho. Gravado em França (Paris), Brasil (Rio de Janeiro e São Paulo) e Cuba, produzido pelo mestre brasileiro Alê Siqueira (Marisa Monte e Tribalistas), e com alguns arranjos de Jacques Morenlembau, “Storia, storia” é uma preciosidade apoiada em vários estilos musicais de Cabo Verde (morna, coladera, bandeira, etc.), com elementos da música jazz, brasileira e cubana. O alinhamento deste disco inclui 3 faixas com letra e música de Mayra Andrade, bem como composições originais fornecidas pelos melhores compositores contemporâneos de Cabo Verde (Nitu Lima, Djoy Amado ou Kim Alves). Um dos temas foi, inclusive, composto em parceria com a acordeonista portuguesa Celina da Piedade (que integra o Cinema Ensemble de Rodrigo Leão). Desde temas ritmados e alegres com arranjos brilhantes para a secção de metais (“Tchapu Na Bandera”, “Badiu Si”) até à balada mais romântica e luxuriante, “Morena, Menina Linda”, cujos arranjos de cordas ficaram a cargo do maestro Jaques Morelenbaum e que demonstra a sua capacidade de intérprete extremamente densa e sensível, o álbum proporciona uma riqueza até agora nunca ouvida no mundo da música caboverdiana. Mas o mais notável de tudo é a própria Mayra Andrade, que brilha como uma cantora surpreendente.

F.

Sabiam que existia a rumba congolesa? Se sim, parabéns. Mas se não, não se preocupem, pois é normal. Aqui fica então o registo de um disco que surpreenderá quem julgava que a rumba só era cantada e dançada nas Caraíbas. É um disco para os amantes da música africana, composto por músicos de grande experiência, na maioria com trinta e quarenta anos de carreira individual, que se juntaram para criar este supergrupo que nos brinda com uma mistura de grande classe. Ouvir os instrumentos e os sons peculiares dos dois extremos do Atlântico torna-se uma experiência deliciosa. Mas é rumba, disso não há a menor dúvida!

F.

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Aí estão os bANdARRA em força, para o arranque da nova temporada. “Sonso” é o nome do novo trabalho já gravado em forma de single, que já pode ser escutado no mysapce, e que naturalmente, bem à maneira desta banda, espelha um verdadeiro esforço do grupo, em encontrar novas soluções e ambiências. A apresentação, vai ser de arromba, e está marcada para o dia 5 de Junho, na sede da Filarmónica União Faialense. No concerto, serão apresentados 17 temas originais, 6 dos quais nunca foram tocados ao vivo, e serão encadeados numa forma desassossegada, procurando estimular todos quantos se queiram juntar à festa. Ao fim e ao cabo, o que interessa mesmo é a alegria da partilha, e em tempo de crise, a “coisa” vem mesmo a calhar… Formado em Fevereiro de 2007, bANdARRA é um grupo de música constituído por 6 elementos provenientes de vários países - entre eles Portugal e concretamente os Açores -, todos residentes na ilha do Faial. A busca de uma sonoridade própria, assumidamente “vadia” e sem amarras, é o mote desta banda de “músicos do mundo” que escolheram os Açores como porto de abrigo para novas redescobertas e reinvenções musicais. Na forja, já está a gravação de um CD, com a merecida garantia de qualidade, (venham daí os patrocínios) a Direcção Musical estará a cargo de Carlos Guerreiro (Gaiteiros de Lisboa) e a Direcção de Produção está já garantida pelo músico e Produtor Luís Varatojo (Peste & Sida, Despe & Siga, Linha da Frente, A/Naifa). A banda tem já agendados vários concertos durante este ano, nos Açores e no continente português.

Luís Pereira


Arquitectura e Artes Plásticas PVC CAMPEONATO REGIONAL DE FOTOGRAFIA SUBAQUÁTICA DOS AÇORES, FAIAL, 2009 O prazer de mergulhar está no assombro de entrar num mundo de sombras, linhas de luz e de espantosos habitantes, trémulos entre o medo e o fascínio na presença de tão exóticos visitantes. O prazer do fotógrafo está no receio de perder uma memória viva de um momento singular. Pode-se dizer que a competição vai destruir todos estes prazeres, mas quer se aprove ou se despreze é inegavelmente atraente e, criando condições para que os valores que premeiem a competição (a participação, cooperação, entrega, troca de ideias e experiências) sejam cultivados, a qualidade desses instantâneos momentos melhorará, tal como as pessoas, que evoluem, que se transformam e criam obras espantosas. Este ano a Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas introduziu um novo modelo, em que os interessados terão que disputar uma prova regional de selecção para acesso ao Campeonato Nacional de modo a encontrar os representantes para eventos internacionais. O Clube Naval da Horta, depois do êxito do XV Campeonato Nacional de Fotografia Subaquática em 2006, e com vários fotosubs realizados durante passadas Semanas do Mar, foi escolhido para organizar o Campeonato regional Açoriano, e com isto permitir aos fotógrafos locais um palco para demonstrarem as suas capacidades. Esta prova não será definida por uma foto vencedora, mas sim por um conjunto dividido em três categorias - “Ambiente”, “Macro” e “Peixes” - cada uma delas composta por duas fotografias com características específicas. Cada fotógrafo entregará no final da competição um total de seis fotografias: as duas primeiras serão avaliadas pela beleza natural do fundo marinho, uma com um mergulhador a servir de modelo, em que é valorizada a integração e equilíbrio entre este e o ambiente, e outra sem mergulhador; duas fotografias macro (uma com tema a designar e outra sem tema, desde que não esteja presente um peixe); e finalmente duas em que os peixes são os sujeitos principais - uma em que o tema será uma espécie de peixe específica, e outra sem tema, em que será valorizada a raridade e dificuldade de captação da imagem. Assim, com este formato, o vencedor não será resultado de uma “imagem de sorte”, mas sim, o fruto de muitas horas de trabalho aprimorando técnicas e conhecimentos. Todos os participantes deverão preencher a ficha de inscrição, ser possuidores de título nacional de mergulho de nível dois, fazer prova de filiação na Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas no presente ano e pagar a taxa de inscrição, o que lhes dará direito a quatro mergulhos, garrafas de ar, lastro e prémios de participação. O Clube Naval da Horta já deu início às preparações para este evento, com a realização do curso de Jurados de Fotografia Subaquática, apostando na melhoria de qualidade e uniformização das avaliações, e agora convida todos os interessados a participar e a trazer a terra esses quadros de águas profundas! Pedro Mota

À PROCURA

Eurico Gonçalves

Nasceu em 1932, em Penafiel. Como pintor, expõe desde 1954, tendo participado num largo número de colectivas de arte moderna portuguesa e internacional e mostrando também individualmente a sua obra. Afirma-se como surrealista desde 1949, embora integre o surrealismo que pratica fora do âmbito figurativo, como normalmente é classificado. Segue o automatismo psíquico puro, levando-o às mais extremas consequências, partilhando a ideia de Breton que afirma que o importante não é apenas o efeito a conseguir, mas sim a qualidade e a pureza dos meios. Através deste improviso, as figuras de Eurico Gonçalves foram-se transformando em ‘simples sinais gráficos, ágeis caligrafias abstractas, executadas fora de qualquer motricidade imposta do exterior, ou seja, uma pintura de sinais, derivada do gestualismo, tão depurada quanto possível’. Assim nasceu a sua escrita Dádá – Zen, assumindo os princípios e filosofias que daí advêm. Para além de pintor, Eurico Gonçalves é professor e crítico de arte. Largamente influenciado por Arno Stern e pelas suas ideias acerca da expressão infantil, tendo como prioridade o respeito pela individualidade da criança e pelo singular desenvolvimento expressivo de cada uma, escreveu artigos e vários livros imperdíveis nesta área, como ‘A Criança descobre a Arte’ e ‘A Arte descobre a Criança’ e assumiu a orientação da Expressão Plástica no 1º ciclo do Ensino Básico. É ainda membro e colaborador frequente das acções da SPAT (Sociedade Portuguesa de Arte Terapia).

Ana Correia

FAZENDObarulho#2 – Às comunidades Já está marcado o próximo número do FAZENDObarulho: dia 9 de Junho, véspera do dia de Portugal e das Comunidades, é a data esolhida para este evento onde se pretende celebrar o continente africano e todos os contributos que este tem dado à nossa cultura. Para esta segunda edição decidiu-se elevar a fasquia e criar uma verdadeira festa dedicada ao movimento e ao balanço (“balancê” diria a Sara Tavares). Mais uma vez a ter lugar no Centro Botânico Faial, o “programa das festas” vai contar com um concerto de música caboverdiana por Alexandre Delgado, um DJ set do “groove junkie” João Gomes, e uma batalha (das saudáveis) de VJ’s com duas telas de projecção entre Rui Branco e os IlhasCook. Alexandre Delgado, músico originário de Cabo-Verde e residente no Faial à mais de 20 anos lançou o seu disco de estreia - “M’ninha de S. Nicolau” – em 2008 onde contou com a produção de Humberto Ramos (pianista e director musical ligado a artistas como Cesária Évora, Dany Silva, Tito Silva ou Maria Alice) e participação de reconhecidos músicos da música africana de expressão portuguesa como Vaiss, Djudjuty, Paló e Miroca. Neste concerto será acompahando por Zeca Sousa na guitarra, Chico Andrade nas teclas e Vìtor Lopes no baixo. (entrevista na pág. 4) A continuação da noite ficará a cargo de João Gomes, músico (teclas) fundador dos Cool Hipnoise e Spaceboys. Gomes tem estado intimamente ligado ao recente desenvolvimento da cena musical de Lisboa

(e, consequentemente, de Portugal). Como músico colaborou, entre muitos outros, com Da Weasel, Terrakota,, Mercado Negro, Buraka Som Sistema, Sam The Kid, Peste e Sida, Ana Free e Mafalda Veiga. A sua actividade como DJ começou em 1997 e tem-se desevolvido paralelamente desde então. Os seus sets vão desde o afroTuga, ao brokenbeat, do jazz á música afro latina, do reggae à música popular brasileira, do easy listening ao hip hop, e tudo o que tenha um baixo poderoso e um ritmo quente. À entrada no seu myspace pode-se ler “Afrobeat push your mind”. As portas do Centro Botânico abrem às 22h30 e a entrada será de 3€ com direito a uma bebida.

www.myspace.com/alexandredelgado www.myspace.com/jgomesboy A Direcção


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-ENDOS -ANDOS -INDOS Literatura

A Pátria dos Loucos de Bernardo Rodo Romance de estreia, a história de A Pátria dos Loucos segue os protagonistas, dois primos, Sebastião (perdido em sonhos patrióticos e que a carreira médica não seduz) e Alfredo (duramente marcado pela guerra), ao longo de mais de quatro déca-

das do século XX. A amizade fraternal que os une, cimentada pela infância vivida em comum, no Alentejo, fá-los seguir destinos paralelos e, apesar de tomarem um rumo diferente, os seus caminhos cruzam-se inúmeras vezes ao longo do tempo, mostrando-nos como divergem e como se dirigem para uma quase loucura ao verem os seus sonhos serem carcomidos pela trivialidade do quotidiano.

Mais do que a simples saga da família Pereira (proprietários rurais no Alentejo profundo), A Pátria dos Loucos é um olhar sobre o quotidiano, as relações interpessoais e as vivências, que se poderia adaptar a todos nós, um romance centrado no destino de personagens com ideologias diferentes e que se vêm confrontadas com a dualidade entre os sonhos que as movem e o que a rotina diária lhes oferece. Apesar de não ser uma obra auto-biográfica, o livro é, em parte fruto da memória das histórias que lhe foram contadas pelos avós mas remete-nos também para as memórias colectivas, a guerra, a imigração, a diáspora, … além de relembrar, inevitavelmente, as grandes sagas familiares que os sul-americanos (como Gabriel García Márquez e os seus Cem Anos de Solidão e O Amor nos tempos do Cólera ou A Casa dos Espíritos de Isabel Allende) tanto apreciam, pois, tal como eles, o autor centra-se mais nas pessoas do que nos aspectos políticos, económicos ou sociais.

Catarina Azevedo

Poemas de Herman Melville E Com a qualidade que lhe é habitual, a Assírio e Alvim publica a obra poética de Melville, que quase todos nós só conhecemos devido ao seu romance mais famoso, Moby Dick. Melville, que morreria quase desconhecido sem sonhar com o sucesso que Moby Dick lhe traria, não é um poeta fácil, sobretudo porque muitos dos seus poemas são longos e se assemelham a monólogos dramatizados, mas esta antologia privilegia também os poemas curtos que são, sem dúvida, mais interessantes. E, já que se debruçou sobre a obra poética, porque não reler Moby Dick ou Bartleby, o escrivão (obra muito menos conhecida mas não menos digna de atenção)?

C.A.

Já foi lido...

Atelier de Promoção da Leitura O atelier de Promoção da Leitura “Oceanos - Tesouros por Descobrir” coordenado por Rita Braga (Consultora Educacional) irá decorrer no CIMV, Fábrica da Baleia. Nos dias 10 e 11 de Junho das 10:30 às 12:00 ou das 14:30 às 16:00, opúblico-alvo irá ser convidado a escutar uma história que tem como pano de fundo os Oceanos e a criar os cenários e as personagens que os habitam. Com este atelier pretende-se criar hábitos de leitura, sensibilizar para a conservação dos oceanos, promover a capacidade de construção autónoma e colectiva, incentivar a experimentação, e estimular a capacidade de atenção e concentração. Rita Braga

Mãe, não tenho nada para ler...

À CONQUISTA

Mau Tempo no Canal de Vitorino Nemésio

Romance de uma profunda açorianidade, MTC transcende, todavia, o regional e o circunstancial e, no cenário pitoresco do canal, apresenta uma obra surpreendente a nível linguístico e cultural. Margarida, a protagonista, demonstra toda a complexidade de uma jovem, influenciada por ideias e costumes estrangeiros, que pretende afirmar-se numa sociedade fechada e antiquada. Deste modo, surgem os encontros e desencontros entre classes sociais que se digladiam, entre a fatalidade e a frustração que conduzirão a um desfecho que consolida o conservadorismo, ao mesmo tempo que somos impregnados pela melancolia e pelo sentimento de ser ilhéu que povoa este romance, sem dúvida, um dos maiores da Literatura Portuguesa. Ilídia Quadrado

Pinok e Baleote de Miguel Horta Se gostas de animais e tens o bichinho da aventura gostarás certamente de descobrir, na companhia de Pinok, a ilha do Tamarindo e os animais que lá vivem. Qual será a razão que levou os amigos a chamarem-lhe Pinok ? E como consegue ele falar com um filhote de baleia? Descobre como a amizade entre um miúdo e uma baleia lhes permite salvarem-se reciprocamente. Uma história “rai di sabi” (fantástico em crioulo de Cabo Verde)! Nota aos pais – Miguel Horta é um artista plástico que há mais de dez anos se desvenda como “contador de histórias” (pela palavra e pela imagem) e que nos traz uma fábula sobre a importância da Natureza na vida do Homem e da necessidade deste a proteger, preservando o que tem de único. Contudo, Pinok e Baleote não é só uma história com uma vertente ecologista, é também uma boa forma de descobrirmos Cabo Verde e a vivência dos seus habitantes bem como a saborosa sonoridade do crioulo que aí se fala. História de uma amizade improvável, o livro pode ser visto como uma forma de ensinar a tolerância e de estimular atitudes pró-activas na defesa dos valores de preservação do meio ambiente ou como uma defesa acérrima do espaço que o imaginário deve ter na infância. Dacoli e dacolá de Miguel Horta Se leres este livro vais ficar a conhecer a história do Daniel e descobrir a razão que o levou a sonhar com Canas de Senhorim e talvez também tu concordes com a ideia que “ A nossa terra é onde está o

nosso coração e o nosso coração sabe sempre o seu lugar.” Vais ficar a saber como é possível a Mariazinha ouvir uma pedra e ficar pasmado com a história da Lídia, a estranha menina que, por causa do amor pelo André, se incendeia. E, já que falamos de fogo, não deixes de ler a história dos dragões das furnas, para descobrires como conseguiu Gonçalo Velho resolver o terrível problema que afligia os habitantes de São Miguel. Será que foram os arqueiros que conseguiram matá-los? Ou foi uma bruxa que os enfeitiçou? Se não tiveres medo de fantasmas, vais ficar a conhecer a sua história de dois irmãos muito especiais e descobrir como um menino que adorava ler conseguiu resolver o problema de uma casa assombrada. Vais conhecer a Carminho, que não sabe se há-de gostar do namorado da mãe, e o João, um menino sem memória mas muito despachado. Nota aos pais – Nada melhor para terminar o dia do que uma pequena história para se contar no aconchego da cama. Em Dacoli e dacolá, Miguel Horta oferece-nos sete histórias que nos permitem não só conhecer melhor Portugal mas também lidar com os pequenos problemas do quotidiano: o sentimento de pertença, o amor, o aparecimento de um novo companheiro da mãe, … Tal como já o fizera em Pinok e Baleote para o crioulo, as histórias são seguidas de um pequeno glossário que permite responder às perguntas (por mais inesperadas que sejam) que os filhos adoram fazer. Além disso, ambos os livros são ilustrados pelo autor, o que nos permite descobrir o seu universo pictórico ao mesmo tempo que descobrimos a sua visão do mundo que o rodeia.

C.A.


Ciência e Ambiente APAGA A LUZ O Conhecimento do Mar Profundo

O Ambiente Anda Negro! O mar profundo é o domínio dos oceanos abaixo dos 200 metros de profundidade, uma linha divisória um tanto arbitrária, mas funcional do ponto de vista descritivo. O mar profundo é também aquele que fica para além do acesso directo da luz solar, uma definição de fronteira e transição que deve ser entendida com amplitude. Este espaço tridimensional dos nossos oceanos foi durante séculos um campo de incógnitas, um gerador de mitos, um reduto de incertezas e indiferença e um desafio desconhecido. Verticalmente distante, escuro, vasto e sujeito a tremendas pressões barométricas, o fundo dos oceanos é no entanto a maior componente do nosso planeta. No século XIX Edward Forbes, um naturalista britânico nascido na Isle of Man, avançou com a teoria azóica que postulava que não havia vida no oceano abaixo dos 500 metros de profundidade. Uma teoria que, como tantas outras, obscurecia e adulterava algumas evidências já naquela época (ca. de 1843) obtidas. Mas ainda no século XIX vimos esta hipótese ser refutada após a famosa expedição à volta do mundo navio inglês H.M.S. Challenger que decorreu entre 1872 e 1876. Esta expedição representa o dealbar da oceanografia moderna. No século XX observaram-se desenvolvimentos notáveis no domínio da investigação dos oceanos, para o que muito contribuíram os progressos na navegação, nas tecnologias submarinas e na acústica, ocorridas durante a 2ª Guerra Mundial. Multiplicaram-se os cruzeiros científicos e nos anos 60, com o submersível americano Alvin, iniciou-se uma nova era da investigação continuada do oceano profundo com acesso a sistemas de visualização. Só nos anos 80 outros submersíveis com capacidades equivalentes (mergulhar abaixo dos 4000 metros de profundidade): o Nautile da França, os MIR da então União Soviética e o Shinkai do Japão aparecem em cena. Entretanto com o desenvolvimento das tecnologias robóticas várias outras plataformas entraram ao serviço das ciências do mar. Assistimos a um despertar simultâneo de alguns domínios das ciências e das tec-

nologias com implicações particulares na investigação do mar profundo, desembocando na actual era de planificação dos observatórios dos fundos marinhos. À parte a “curiosidade” científica dos investigadores em ciências da terra e do espaço, e em especial em ciências do mar, o facto é que o mar profundo constituiu até décadas relativamente recentes a dimensão abandonado das ciências em geral e da política em particular. O mesmo não significa que o mar profundo, pouco conhecido e pouco visualizado, não estivesse já a ser alvo de impactos assinaláveis, nomeadamente das pescas de profundidade. Portugal, que teve as grandes panorâmicas oceânicas como desígnio, tendo partido para trazer novos mundos ao Mundo, está agora a afirmar-se na exploração tridimensional dos oceanos através da investigação científica de forma particularmente perceptível na investigação biológica dos ecossistemas do mar profundo. Com uma comunidade científica de aproximadamente 3000 elementos dos quais cerca de 800 doutorados distribuídos por 4 Laboratórios Associados, 3 Laboratórios de Estadoe e mais 10 Centros de Investigação, as capacidades de investigação francamente acrescidas com a introdução na frota de 2 Navios de Investigação oceanográfica, o NI D. Carlos e o NI Gago Coutinho, geridos pelo Instituto Hidrográfico da Armada Portuguesa. A par destas capacidades foi criada a Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMPEC) que durante mais de 2 anos conduziu o complexo de cartografia dos fundos marinhos tendo em vista o programa de extensão da plataforma continental. Em 2008, através da EMPEC, Portugal adquiriu um ROV para investigação e exploração científica com capacidade para trabalhar até aos 6000 metros de profundidade. Portugal juntou-se assim ao pequeno grupo de países com capacidade endógena de investigação nas profundezas dos oceanos.

Ricardo Serrão Santos/DOP &UAç

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AQUELA DICA

Escolha produtos com o rótulo ecológico europeu Hoje em dia, somos confrontados com vários problemas ambientais: aquecimento global, perda de biodiversidade, produção excessiva de resíduos, poluição, etc. Felizmente, enquanto consumidores podemos contribuir activamente para a protecção do ambiente ao comprar produtos que limitam os danos ambientais. O sistema do rótulo ecológico da UE é uma maneira simples de ajudar os consumidores, informando-os sobre os produtos que tem à sua disposição. Todos os produtos que ostentam o logótipo da flor, conforme indicado na figura, foram controlados por organismos independentes que verificaram a sua conformidade com critérios ecológicos e de desempenho rigorosos. Actualmente, existem 26 grupos de produtos que podem beneficiar do rótulo ecológico e que vão de serviços de alojamento turístico, electrodomésticos, produtos de limpeza, colchões a equipamento de escritório, produtos de jardinagem e artigos para bricolagem. O rótulo ecológico da UE é gerido pelo Comité do Rótulo Ecológico da União Europeia (CREUE) e conta com o apoio da Comissão Europeia, de todos os EstadosMembros da União Europeia e do Espaço Económico Europeu (EEE). Para mais informações aceda http://www.eco-label.com/portuguese/.

Dina Downling/Ecoteca do Faial


#8

FAZENDUS Agenda

Durante a Época Lectiva 08/09

Projecto Teatral Infantil orientado por Anabela Morais Atelier “O Jogo Dramático”. Terças e quintas-feiras das 17 às 18 horas. Para crianças dos 6 aos 12 anos. Atelier “Leitura de Textos Teatrais”. Segundas e quartas – feiras, das 18 às 19 horas. Para jovens dos 10 aos 12 anos. Teatro Faialense

Museu da Fábrica da Baleia, 21h00

30 de Maio

Concerto: Zeca Trio XF, 22h00

6 de Junho 2 de Junho

Exposição de Trabalhos do Projecto Maresias CIMV 3000, 10h0018h00 (até dia 28)

Até 29 de Maio

Exposição: “A Conquista da Democracia - algumas imagens” Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (pág. 5)

3 deJunho

Até 27 de Junho

Fórum: “Equidade, Justiça Social e Desenvolvimento” pelos professores Karol Kumpfer e Henry Whiteside (Universidade de Utah) e professor Fernando Mendes (IREFREA) Junta de Freguesia da Conceição (repete dias 4 e 5)

Até 30 de Junho

Inauguração da Exposição “Claridade”, 30 imagens de Pablo Neruda, seguido de Recital de Poesia Sala dos Óleos, Centro do Mar, 21h00 (até dia 28 de Junho)

Exposição de Pintura: “SignsGamesMessages” de Ken Donald Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça

Exposição de Artes Plásticas: “Banco de Artistas” por vários artistas locais Igreja de São Francisco

Concerto: Bandarra (pág. 4) Sociedade Filarmónica União Faialense, 23h00

Cinema: Mónica e o Desejo C.A.S.A., 21h30

Teatro: “A Última Notícia” pelo Grupo de Teatro Mensagem (pág. 3) Sala dos Óleos, Fábrica Baleia, 21h30 DJ set: JamaicanSpeakingSystems por septimus Taberna de Pim, 23h30

Palestra: “Os Últimos Calhaus a Contar do Sol” pelo Dr. Nuno Peixinho Pequeno Auditório do Teatro Faialense, 21h00

FAZENDObarulho#2 com Alexandre Delgado (concerto), João Gomes (DJ Set), Rui Branco (VJ) e IlhasCook (VJ), 23h00 (pág.5)

Hora do Conto com Filipe Lopes

28 de Maio

29de Maio

9 de Junho

Tertúlia “O mar na poesia de Ruy Belo” Bar do Teatro, 21h00

Até 15 de Junho

Exposição de Pintura: “Relativismo no Pensamento Contemporâneo” por Francisco Legatheaux-Pisco Sala de Exposições Temporárias do Museu da Horta

Mini Maratona do Ambiente Varadouro-Capelinhos, 10h30

5 de Junho

Palestra: “Os Últimos Calhaus a Contar do Sol” pelo Dr. Nuno Peixinho Pequeno Auditório do Teatro Faialense, 21h00

10 de Junho

Atelier de Promoção da Leitura: “Oceanos – Tesouros por Descobrir” para crianças dos 5 aos 10 anos CIMV Fábrica da Baleia, 10h30-12h00, 14h30-16h00 (repete dia 11) O CineEco vai à cidade Museu da Fábrica da Baleia, 21h00 (repete dias 11 e 12) II Semana da Astronomia - Observação de Astros, Praça do Infante, 22h00

Debate sobre o Mar dos Açores/Pescas - RTPA

Gatafunhos e Mata Borrões

Tomás Silva http://ilhascook.no.sapo.pt


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