Açores Lindos. Açores Limpos.
FAZENDO Boletim do que por cá se faz.
11 Junho 2009 Quinta-feira
Edição nº 19 | Quinzenal Agenda Cultural Faialense DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
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COISAS... compostas FICHA TÉCNICA
Encontros de Porto Pim ‘09
Os Encontros de Porto Pim têm vindo gradualmente a tornar-se uma referência a nível cultural e ambiental na Ilha do Faial. Esta iniciativa surgiu de uma parceria entre a Direção Regional do Ambiente e a Direção Regional da Cultura aquando da abertura do Museu da Fábrica da Baleia de Porto Pim com vista a divulgar e dinamizar este espaço. Assim, através da realização de diversos eventos ligados à arte, à ciência e à sensibilização ambiental, deu-se uma nova vida a uma das mais belas zonas da ilha do Faial. A VII edição dos Encontros de Porto Pim teve inicio no dia 3 de Junho com a inauguração da exposição dos trabalhos do Projecto Maresias que contou com a presença do contador de histórias Filipe Lopes. Este projecto foi uma iniciativa da CMH que, em colaboração com o OMA e com a Ecoteca, visou a realização de acções de sensibilização ambiental
junto das Escolas Básicas da ilha do Faial. Às escolas foi-lhes propôsta uma visita ao Museu da Fábrica da Baleia e a realização de trabalhos relacionados com a temática do mar e da baleação. O resultado destes trabalhos está exposto até dia 27 de Junho na sala do CIMV3000 no Centro do Mar. Nesse mesmo dia à noite foi também inaugurada a exposição de fotografia 30 Imagens para Neruda de Roberto Santandreu. Durante a inauguração da exposição teve lugar um recital de poesia onde foram declamados poemas do poeta Chileno por Pedro Solá e Maria do Céu Brito. Esta exposição apresenta 30 fotografias de grande formato a preto e branco que decoram as paredes da Sala dos Óleos do Centro do Mar e estará patente ao público até dia 27 de Junho. (mais informações sobre esta exposição no artigo de Rui Pereira) Entretanto teve ainda lugar um debate sobre o Mar e as Pescas nos Açores e a Mini Maratona do Ambiente, entre o Varadouro e os Capelinhos, que contou com várias dezenas de participantes. O Cinema está também presente nos Encontros de Porto Pim ’09, com 3 dias dedicados ao Cine’Eco Festival de Cinema e Vídeo da Serra da Estrela, Seia. Em exibição estarão 4 documentários premiados no CineEco 2008, numa mostra do que melhor se faz no campo do cinema e do audiovisual de temática ambiental. Nos dias 10, 11 e 12 de Junho, decorrerão às 21:00 as sessões com entrada gratuita, no espaço do Museu da Fábrica da Baleia de Porto Pim, no Monte da Guia. No dia 12 será projectado também um documentário dedicado ao publico juvenil, com sessões às 10 e às 14 horas. Hoje – Quinta Feira dia 11, tem lugar no Bar do Te-
atro pelas 21:00 a tertulia “O Mar na Poesia de Ruy Belo”. Dia 19 de Maio a música e a dança animam a Baía de Porto Pim. Às 19 horas terá inicio uma performance de Ballet na praia realizada pelos alunos do Conservatório da Horta, junto ao Centro do Mar. Mais tarde, pelas 23:00, a festa está a cargo dos Bandarra que garantem animação pela noite dentro na rampa da Fábrica da Baleia. Dia 20 pelas 21:30 as portas do Museu da Fábrica da Baleia serão abertas a diversas artes performativas e plásticas. O espaço que em tempos foi o local de trabalho de dezenas de homens e onde o barulho das máquinas era insurdecedor, é o mesmo que agora, e com as mesmas máquinas, diversos artistas irão partilharar e onde se irão inspirar para criar e improvisar em conjunto. Entre os dias 22 e 25 decorrerá um workshop de pintura “Pintar o Céu” com Margarida Alfacinha. No dia 27, a sessão de encerramento dos Encontros de Porto Pim ’09 terá lugar no Centro do Mar e contará com uma actuação da Filarmónica Unanime Praiense.
Pedro Monteiro/Oma
Da lentidão. É tudo lento. Aqui tenho que esperar por tudo. O tempo é mais parado. Em Paris há um metro a cada 3 minutos, está sempre tudo a acontecer.
Porque veio?
Porque o Eduardo, o meu marido, foi contratado para a equipa de andebol do Sporting da Horta. Não conhecíamos os Açores antes, tivemos que buscar na internet para ver onde é que ficava. Já tinha ouvido falar, por causa do Pauleta, mas não sabia mais nada sobre os Açores.
Quais são as maiores diferenças entre o Faial e a França?
Uma coisa estranha aqui é que as lojas fecham ao sábado. Nunca tinha visto isso. Em França e em Itália é o dia de maior movimento, as pessoas saem para a rua, fazem compras, vão aos bares, cafés e esplanadas durante todo o dia.
E há alguma semelhança?
O queijo... Como francesa que sou, gosto muito
DIRECÇÃO EDITORIAL Pedro Lucas COORDENADORES TEMÁTICOS Catarina Azevedo Luís Menezes Luís Pereira Pedro Gaspar Ricardo Serrão Rosa Dart COLABORADORES Ana Correia Anabela Morais Aurora Ribeiro Daniel Ecoteca do Faial/Oma Ilídia Quadrado Margarida Alfacinha Rui A. Pereira Teatro “O Dragoeiro” Tomás Silva
LOCAL DE PAGINAÇÃO Açores e Dinamarca ILUSTRAÇÃO CAPA Florimundo Soares
Como imaginava a Horta, antes de chegar? de queijo e quando vou para outro país tenho NOME: Christèle Septier Esperava algo muito mais pequeno, com me- sempre medo de não encontrar bom queijo. Na IDADE: 26 nos coisas. Imaginava que fosse mais isolado. Argentina não há queijo nenhum. Aqui fiquei ORIGEM: Versailles, França DATA DE CHEGADA: Setembro de Afinal temos o Pico e S. Jorge aqui muito muito contente porque há muita variedade e são perto. todos bons. 2008 PROFISSÃO: aqui no Faial sou mãe, Até quando? antes da gravidez era estudante, tenho Do que é que gosta mais aqui? A paisagem... Não sei bem... Há dias em que Até dia 17 deste mês. O contrato do Eduardo licenciatura em ciências políticas gosto da tranquilidade e outros dias em que não chegou ao fim e vou para Itália, com o meu filho, CASA: alugada
E do que gosta menos?
DIRECÇÃO GERAL Jácome Armas
GRAFISMO E PAGINAÇÃO Vera Goulart veragoulart.design@gmail.com
Chegadas, Arrivals, Arrivées...
gosto. Antes de vir para cá vivi 3 anos no centro de Paris... é muito diferente. Para o Alessio, nosso filho (9meses) foi bom estar aqui, ir à praia... Este ritmo daqui é bom para um bebé.
FAZENDO Isento de registo na ERC ao abrigo da lei de imprensa 2/99 de 13 de Janeiro, art. 9º, nº2.
ter com ele, que está neste momento a jogar na Selecção Italiana nos Jogos Mediterrânicos.
Gostavas de voltar cá?
Sim, muito. Gostava de conhecer outras ilhas. Só conheço o Faial e o Pico. Tivemos algumas férias, mas aproveitámos para ir à Argentina porque os pais do Eduardo nunca tinham visto o neto.
Aurora Ribeiro http://ilhascook.no.sapo.pt
PROPRIEDADE Associação Cultural Fazendo SEDE Rua Rogério Gonçalves, nº18, 9900-Horta PERIODICIDADE Quinzenal Tiragem_400 IMPRESSÃO Gráfica O Telegrafo, De Maria M.C. Rosa CONTACTOS Vai.se.fazendo@gmail.com http://fazendofazendo.blogspot. com DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Cinema e Teatro DESCULPA PÁ PIPOCA O CINEMA CHORA VASCO GRANJA, JOÃO BÉNARD DA COSTA E ARMANDO DE MEDEIROS
Era muito novo quando tive o primeiro contacto com o cinema. Considero que neste capítulo fui bafejado pela sorte. Já na escola primária, o cinema ia ter connosco à sala de aulas, que então se transformava numa verdadeira sala de cinema, via-mos filmes animados e documentários no formato de 16mm, sempre com aquele ruído, por vezes incómodo que vinha da rua, proveniente de um pequeno gerador eléctrico, pois nessa altura, a energia eléctrica publica não chegava às escolas do ensino básico. Nesse tempo, havia quem entendesse que a escola era apenas para estudar e não para estes “luxos”. Fascistas! O Que nos safava era o nosso amigo e professor Laurindo Gomes. O Professor lavrador, o nosso Che Guevara de infância e o nosso pedagogo. Cria-se aos pouco o gosto pelo cinema. As minhas portas abriamse ao mundo e a outras dimensões. Mais tarde, esta minha incontrolável ligação, à sétima arte, ganha novo alento, através do cinema ambulante do Sector de Cinema do INATEL, do Cinema Ambulante do Senhor Manuel Soares, já em 35mm, das palavras de
Armando de Medeiros, no início da RTP-Açores, dos programas de Vasco Granja, das animações que chegavam do leste europeu, do Cineclube de Angra do Heroísmo, onde comecei a contactar com os clássicos, dos textos de João Bénard da Costa, dos filmes da Cinemateca, do Nimas, do Quarteto, do Monumental e por aí acima, até à criação do Cineclube da Horta. Aprendi que o cinema é a fábrica da magia por excelência. O cinema é um lugar onde a realidade e o sonho se entrelaçam, como em mais nenhum outro espaço real fora da paixão. A magia não encontra terreno mais fértil em nenhum outro meio narrativo senão no cinema, onde as imagens aliadas à música, criam as estruturas essenciais para que o tempo e o espaço se fundam no sonho. O cinema é uma porta para outros mundos. O Cinema é arte, é vida, é morte e pode ser até tudo o que quisermos que seja. Viva o cinema, o bom cinema, claro está. A natureza tem as suas próprias regras. Enquanto o tempo passa sorrateiramente, ao revés da nossa vontade, as pessoas vão inevitavelmente partindo, prevalecendo no entanto, o resultado de uma vida, o mistério da busca, da entrega, da paixão e do amor pelas coisas verdadeiramente importantes. Recentemente, e num curto espaço de tempo, vi partir três pessoas que muito me deram a saber, sobre estas coisas do cinema. Curvo-me perante a memória de Vasco Granja, Bénard da Costa e do Prof. Armando de Medeiros. É assim a vida. O ser humano parte, fica a memória, que se salve a obra, seja ela qual for.
À VISTA
Luís Pereira
Já foi visto... O Carteiro de Pablo Neruda
Teatro “O Dragoeiro” – A Carta ao Pai
Férias no Teatro
A Companhia Teatral O Dragoeiro apresenta, no próximo dia 20 de Junho, no Fórum Multi-Artes a ter lugar no Centro do Mar, a peça “A Carta ao Pai” de Franz Kafka. “A Carta ao Pai” é um documento de crueza, um estado de espírito no qual Kafka se encontrava mergulhado: tristeza, angústia, desespero. Publicado em 1919, este texto, para além do puro acto de criação, surge como um discurso de desobediência: ao Pai e à Lei divina e, como tal, com a noção do pecado e da sexualidade descritos com minúcia e detalhe psicológico. É o testemunho de uma solidão interior, a distância insuperável que liga um filho ao seu pai. O Dragoeiro Companhia Teatral foi fundada em 2006 (como décima ilha) e desde logo se propôs se a ser um conjunto reconhecido pelas suas múltiplas conotações artísticas. Um dos objectivos da Companhia, é estimular a apetência e o gosto pela “real” fruição teatral entre a população residente na sua diversidade. Com sede na Madalena do Pico, a actuação do Dragoeiro na região tem como objectivo a manutenção de uma equipa base, de um conjunto especializado, metódico, capaz de conquistar um espaço digno para o teatro profissional, segurar espectáculos em repertórios, equipa artística e técnica estáveis e simultaneamente, formar repercussões registadas sobre as suas criações. Procuram apresentar projectos que privilegiam uma abordagem contemporânea e uma pesquisa estética, optando por textos originais e adaptações de textos não convencionais para teatro.
Decorre no Teatro Faialense, mais uma oficina de expressão Dramática. Esta oficina tem como objectivo: A iniciação ao jogo Teatral através da acção física e criação conjunta de pequenas histórias. Tema: O palco como um labirinto -um espaço de pura teatralidade. Onde nascem histórias do encontro do corpo com os objectos. Planificação: O jogo. Criação por improvisações de pequenas histórias. O corpo no espaço. Consciência e ritmo. Relação com os objectos.Criação do nosso “espaço de jogo”, labirinto, tabuleiro onde vamos apresentar as histórias. Apresentação pública. Público-alvo / horários Grupo 1-dos 6 aos 9 anos (das 10h30 às 12h30) Grupo 2- dos 10 aos 14 anos (das 14h às 16h) Duração: 6 a 17 de Julho (excluindo os fins de semana) Coordenação: Letícia Liesenfeld Marcações: tmv 961176129 ou 292292016/17
Teatro “ O Dragoeiro”
Anabela Morais
Pub
Vasco Granja, deu um contributo fundamental na divulgação do Cinema de Animação. Activista e dinamizador do Movimento Cineclubista Português, foi dirigente e fundador do Cineclube Imagem, na década de 50. Morreu na madrugada do passado dia 4 de Maio, em Cascais. Tinha 83 anos. João Bénard da Costa, do qual eu não morria de amores – era o ditador da cinemateca – mas era a pessoa que melhor escrevia neste país sobre cinema. Escrevia admiravelmente sobre cinema como ninguém. Até houve quem lhe chamasse o senhor cinema. Partiu no passado dia 21 de Maio, tinha 74 anos. Armando de Medeiros, humanista, professor, argumentista e cinéfilo, largamente conhecido cá nas ilhas, foi pioneiro da RTP/ Açores, onde comentava os filmes no início da televisão regional, sempre de cigarro aceso e algumas vezes deliciosamente alcoolizado, dava-nos verdadeiras lições sobre esta maravilha que é o cinema. Foi comovedor recorda-lo em imagens, recentemente transmitidas pela RTP. O Professor Armando, morreu no passado dia 7 de Junho. Tinha 71 anos. A estas três figuras, a minha profunda homenagem. A minha gratidão por tudo o que me deram. Vocês estavam lá! Obrigado pelas influências, e pelo resto… Viva o Cinema! .
Michael Radford 1994
Não são todos os bons filmes que são bem sucedidos na bilheteira. “O Carteiro de Pablo Neruda” foi um caso à parte. Um filme de visão obrigatório, que revi numa destas noites de insónia. O cinema italiano tem uma coisa fantástica, com simplicidade, sem grandes custos de produção, sem efeitos especiais, tem a particularidade de tocar a alma do espectador. Uma divertida comédia romântica que toca todos os corações! Mário é um carteiro desastrado que está loucamente apaixonado pela mulher mais bonita da cidade... mas demasiado tímido para lhe dizer o que sente por ela. Mas quando um poeta mundialmente famoso - Pablo Neruda (cujo o seu primeiro editor era dos Açores e Corvino, mas isto é uma historia que só o Zeca Medeiros sabe contar) - inesperadamente mudase para a cidade, Mário ganha inspiração. Com a ajuda de Neruda, este humilde carteiro, de coração nobre, encontra as palavras certas para conquistar o coração da sua querida! Um tributo ao amor. Uma delícia de filme. L.P.
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COMICHÃO NO OUVIDO Música
Rock’n’Roll Station
A dupla João Guincho e Paulo Franco dos Dapunksportif apresentou o projecto de versões Rock’n’Roll Station no passado dia 6 de Junho no Bar do Teatro e voltam a estar no dia 12 no Clube Naval de S. Roque do Pico. Iniciados em 2004 e oriundos de Peniche os Dapunksportif contam já com 2 discos de originais – “Ready!Set!Go!” (2006) e “Electro Tube Riot” (2008) – do melhor rock feito em terras lusas. Vão estar a 28 de Agosto na Semana dos Baleeiros nas Lages do Pico e nós falamos um pouco com eles sobre estes projectos. Fazendo - Como surgem os Dapunksportif? João - Os Dapunksportif surgem depois de decidirmos colocar em standby um projecto que tÍnhamos, os Pigs in Mud, com o qual tinhamos gravado um EP – Soundblaster - e um álbum – Naturally Stoned – para a editora Música Alternativa. Quando parámos eu e o Paulo contínuámos a fazer jams e a gravar na sala de ensaios até que conhecemos o Marco Jung, nosso produtor. Fomos lá ao estúdio e começámos logo a desenvolver umas músicas. A sinergia foi muito boa e daí fizemos um EP – Overdrive – que não lançámos, apenas distribuímos por pessoas ligadas ao meio musical. Recebe-
mos de imediato boas críticas. Entretanto ganhámos um concurso distrital dos Xutos & Pontapés para fazermos as primeiras partes da digressão “Três Desejos”. F - Quais são as vossas influências musicais mais marcantes? J - Epá… uma panóplia de bandas do Rock’n’Roll. Muito punk – Ramones, Dead Kennedys… A New Wave of British Heavy Metal (movimento musical do final da década de 70). Rockalhada… F - O “Rock’n’roll” é um género musical ou um modo de vida? Paulo – É ambas… “O Rock’n’Roll é a salvação do tédio e duma existência vulgar.” F - Rock’n’Roll Station? J - A Rock’n’Roll Station surge naquele hiato quando parámos com Pigs In Mud, enquanto estávamos a fazer algumas músicas e a fazer jams. P - O nome é tirado da música “Rock’n’Roll” dos Velvet Underground que costumávamos tocar numa banda de bares que tínhamos e em que fazíamos versões. É um projecto paralelo aos originais em que parece que se exorcisa as músicas que um gajo tem dentro da cabeça. É bom tocar músicas de outras bandas, darlhes novas roupagens. Ás vezes há temas que nem dás muita atenção até os começares a tocar. A própria letra, tens que a perceber para lhe dares valor. È mais uma forma de tocarmos músicas que nós gostamos. F - Como vêem o panorama actual da música portuguesa? P - Ao nível de edições tem sido uma coisa incrível nos últimos tempos. Acho que houve um chamado ‘boom’ ao nível de produções, de DJ’s, de bandas, cantautores, e em todos os géneros músicais. A internet também permite isso. Hoje não precisas de lançar um disco num suporte físico. Podes simplesmente fazer a música, pôla no teu site e depois divulgá-la. J – Inclusivamente há um grande boom de bandas de rock em português. F - Para uma banda relativamente recente é possível viver da música em Portugal? P – Não é possível. A indústria não gera assim tanta riqueza e a
que é criada é muito centralizada em algumas bandas e artistas. Das bandas da nossa faixa etária que conseguem viver só da música podes ter os Da Weasel, que já têm uma série de anos, os Blasted Mechanism… J – Acredito que possa ser possível viver de música em Portugal mas não numa franja alternativa, tem que ser no mainstream, tem que chegar a mais pessoas. Os Deolinda são uma banda nova mas já conseguem abranger um número de pessoas muito maior. F - Os Dapunksportif já têm algumas passagens pelos Açores. Como vêem a aceitação à nova música por cá? J – Nós sempre que viemos cá tivemos uma boa aceitação. O pessoal adere bastante. Vamos passar por cá novamente no dia 28 de Agosto, na Semana dos Baleeiros. P – As pessoas aqui estão bastante receptivas. Não se passa assim muita coisa e quando se passa são quase sempre as mesmas caras. Quando aparece algo de novo ficam sedentos para saber como é ou como não é. Ainda ontem à conta disso engatei uma bióloga aqui dos Açores, ia ver o gajo dos Cool Hipnoise mas ele não veio… (risos) F - Sucessor para a “Electro Tube Riot” e outros planos para o futuro? J – Já temos bastantes músicas iniciadas. P – Em vez de termos um “Banco de Esperma” temos um “Banco de Malhas”. Agora com as novas tecnologias em qualquer sítio fazes um tema e gravas. Depois agrupamos, ouvimos e vemos qual é a potencialidade das músicas. A ideia é ter um novo trabalho no primeiro trimestre de 2010. J – Ainda estamos a tentar gravar alguns vídeoclips do “Electro Tube Riot” para ver se conseguimos mostrar mais um pouco do que temos feito só que estas coisas demoram sempre algum tempo. .
Pedro Lucas /Dani Fox
À VISTA Dub Echoes (DVD) 2009
Realizado por um brasileiro e lançado pela londrina Soul Jazz Records este documentário é um objecto indispensável para qualquer apreciador de dub, em particular, e de reggae em geral. Filmado em Kingston, Londres, Nova Iorque, Washington, Los Angeles, São Paulo e Rio de Janeiro, inclui dezenas de entrevistas com músicos, produtores, DJ’s, engenheiros de som e historiadores, entre os quais Bunny Lee, Lee “Scratch” Perry ou U-Roy. “Dub Echoes” traça a história deste género musical desde a sua génese na música Jamaicana da década de 50 até aos dias de hoje, projectando os seus ecos no futuro. Os soundystems de reggae, os principais intervenientes, os avanços tecnológicos (alguns deles levados a cabo por esses mesmos intereveninentes), o contexto social e a guerra civil na Jamaica, a forte emigração para Inglaterra e Nova Iorque na década de 70 e sobretudo a forma como o dub está na origem, e continua a influenciar, toda a música moderna é analisado ao longo de 1h15 de filme. De notar ainda os pormenores de edição de imagem e som que tornam este documentário uma autêntica delícia. . P.L.
Já foi ouvido... Ramones
Ramones 1976
“Hey Ho, Let’s Go” é o grito de abertura do disco de estreia dos Ramones (e muito provavelmente do movimento o punk) e uma frase sobejamente conhecida por qualquer apreciador de rock que se preze. Com 14 canções rápidas (o tema mais longo não a chega a dois minutos e meio), simples (a maioria tem três acordes) e bastantes fortes, os padrinhos do punk dão o mote para um movimento que viria a influenciar uma multidão de artistas posteriores. Formados no início de 1974 em Nova Iorque, os Ramones, ao contrário do que se pensa, não tinham nenhuma relação de parentesco entre si e retiraram o nome do pseudónimo utilizado por Paul McCartney na era pré-Beatles - Paul Ramon. Em agosto de 74 tocam pela
primeira vez no CBGB’s, repetindo o mesmo espectáculo mais 77 vezes durante esse ano e começando a chamar a atenção do meio musical pela primeira vez: o concerto tinha uma duração aproximada de 17 minutos. O som dos Ramones era caracterizado pela redução aos elementos mais básicos, despojado de qualquer artificio mais “decorativo”, e insuflado de velocidade, força e refrões bem orelhudos. As influências vinham directamente do início do rock’n’roll (pré-60’s), do surf rock e algum pop. “Ramones” não foi propriamente uma estreia de sucesso e só após alguns concertos fora de Nova Iorque, nomeadamente em Londres onde se encontram com os Sex Pistols e The Clash, é que começam a granjear alguma fama. Do alinhamento deste disco fazem parte “I Wanna Be your Boyfriend”, “Beat on the Brat e “Judy is a Punk” e o hino “Blietzkrieg Bop”.
P.L.
Arquitectura e Artes Plásticas PVC Fotografia de Roberto Santandreu Claridade – 30 imagens para Neruda Obra fotográfica do autor chileno Roberto Santandreu, “Claridade - 30 imagens para Neruda”, encontra-se em exposição, na Sala dos Óleos do Centro do Mar, até ao dia 30 de Junho. O trabalho que nos é apresentado naquele espaço, a preto e branco, gera um conjunto de emoções sensoriais extraordinariamente apelativas. Objectos de uso do dia-a-dia, os frutos, os animais, o corpo, o nosso corpo, e um carrinho de linhas que rola e rebola com a sua linha na “Oda al hilo” e que nos diz Así es el hilo del la poesia. Roberto Santandreu no conjunto desta proposta expositiva dá-nos o seu mote, o mote de Pablo Neruda, e o mote para nós descobrirmos a capacidade crítica do olhar e do contemplar, que passa muito seguramente pela olhar as coisas aparentemente simples da vida – respeitando-as na memória e reinterpretando-as, ampliando os seus significados. Claridade 30 imagens de Neruda capta o visível e o invisível da natureza poética; e o próprio processo de gravação mecânico fotográfico reportanos para o que é iluminado: a imagem, por meios químicos digitais, é impressa no papel – suporte sensível à exposição luminosa. A fotografia é em si mesma “Claridade”, porque é uma forma de representação que “desenha com a luz”. Por outro lado, é admirável, podermos vir a reconhecer, fazer pontes, entre muitas daquelas imagens fotografadas com o próprio meio envolvente circundante. O facto do Centro do Mar receber este trabalho parece querer celebrar a obra do poeta. A vivência fortíssima, deste mesmo lugar, com o mar, ali tão perto, reporta-nos para o refúgio onde Nerúda viveu os seus últimos dias: junto à praia, cercado por um muro de madeira onde o cidadão comum deixava gravado o grito de protesto e revolta contra a ditadura. Roberto Santandreu, com o seu olhar, na “Oda a la poesia” dá-nos a ver, por uma fresta, o topo da casa com o símbolo de Neruda: o peixe no centro do mundo. Esta exposição ao ser proposta pela Vereadora da Cultura da
Câmara Municipal da Horta - Drª Maria do Céu Brito ao Museu Cento do Mar, que tão bem a acarinhou, dá-nos a perceber que esta não poderia estar tão bem apreendida. As paredes negras de pedra Vulcânica que enquadram estas imagens, também elas reproduzidas a negro e branco, iluminadas por uma luz geral agradável, intensificam o recorte da imagem que nos é dada a conhecer. O mundo aquático está muito presente. Ainda nesta exposição podemos ver um vídeo animado com imagens de Roberto Santandreu e em som de fundo escutamos a palavra dita pelo poeta Pablo Neruda e a voz de Victor Jara. Parece-me oportuno recordar o golpe militar de 11 de Setembro de 1973, encabeçado pelo ditador Augusto Pinochet, que derrubou barbaramente o governo eleito da Unidade Popular presidido por Salvador Allende, grande amigo do poeta; e a este tempo trágico da História do Chile ligamos, Roberto Santandreu um dos chilenos que se viu forçado ao exílio e que hoje, felizmente, temos a satisfação e honra de aqui abraçar. Este autor tem uma importante e vasta obra fotográfica e, melhor que ninguém soube chamar a si como mote o poeta e suas Odes. Neruda é, sem dúvida, aquele que melhor traduz o sentimento dos homens livres; mas o Fotógrafo retém as memórias, os espaços, e tempos vividos de então. Com efeito, Santandreu parece querer escrever a claridade das suas imagens que são também, em si mesmo, o próprio texto de Neruda – a palavra escrita impregnada no papel do fotografado como se fosse o próprio cunho do poeta? Uma Exposição a ver, e a não perder. . Rui A. Pereira (Director Artístico do Museu Jorge Vieira)
Percursos de Florimundo Soares nestas paragens. Do meu percurso diário para a faculdade, desde a rua da Escola Politécnica ao miradouro de S. Pedro Alcântara, como de outros espaços que posteriormente fui registando com formas e cores que se fundam na dialéctica da aproximação e/ou afastamento das pinturas em relação ao Eu, criando um todo coerente e de certa forma também de ilusão.
Florimundo Soares (extracto do catálogo da exposição)
Percursos da nossa vida. Deambulações, vivências e experiências passadas que nos fazem recordar os nossos bons dias. Sítios por onde passamos e que nos marcaram com os seus contrastes e formas. Nomes de ruas, de lugares, de pessoas e de expressões locais, que nos transmitem sensações de algo já vivido e de uma constante procura do nosso interior. Esse espaço vazio, meio tosco, esvanecido com o passar dos tempos, ora cheio de gente, ou por vezes paisagem desolada, inabitada. É um conjunto de pinturas e de desenhos realizadas na minha passagem pela cidade de Lisboa, aquando do estudo em Artes Visuais e que diariamente foram fazendo parte de mim, da minha vivência
Nota Biográfica Nasceu em 1976 na freguesia da Ribeira das Tainhas, do concelho de Vila Franca do Campo, São Miguel. Licenciou-se em Artes Plásticas - Pintura, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, em 2002. No ano de 2000, participou no concurso de Fotografia “Foto Trade – Retrato de Pessoas e Animais”. No mesmo ano, elaborou o Cartaz “Arte(S)”, da IV Exposição de Artes Plásticas, dos Estudantes das Residências da Universidade de Lisboa. Em 2001, participou na II Feira de Actividades Económicas e nos Ateliers da Academia das Expressões na Semana da Juventude de Vila Franca do Campo. Desde 2003 tem vindo a leccionar nas escolas da região Autónoma dos Açores, na área das Artes Visuais. Actualmente, lecciona Educação Visual, na escola Secundária Manuel de Arriaga, na Ilha do Faial – Horta.
À PROCURA
Rui Chafes
Rui Chafes - “What shall I do when you are not here?”
Mais um escultor a integrar o rol de artistas aqui apresentados, Rui Chafes é um contemporâneo. Nasceu em 1966 e licenciou-se em Escultura na ESBAL, em 1989. Entusiasticamente interessado pela cultura alemã, seguiu para Dusseldorf, onde ingressou na Kunstakademie, frequentando a classe de Gerhard Merz até 1992. Inicialmente, as peças do autor compunham-se de materiais como o plástico, a madeira ou até as canas, banhando-as depois em luz e cor. Apesar da aparente diferença daquilo que faz agora, os pressupostos já se encontravam definidos: objectos delimitados, dotados de uma leveza invulgar e de um organicismo que os colocam tão próximo da natureza, desmaterializados por vezes e intimamente relacionados com o espaço envolvente. Agarrado a estes alicerces, a partir de ’89 Rui Chafes voltase inteiramente para o ferro pintado. Conferindo ao seu trabalho um carácter admiravelmente versátil, o artista concebe com a mesma mestria peças para um chão, para um tecto, para as paredes, para serem integradas no interior de um monumento religioso ou num exterior florestal. Com uma particular capacidade para denominar as suas obras e exposições (como, por exemplo, ‘Amo-te: O Teu Cabelo Murcha na Minha Mão (Entre Este Mundo e o Outro Não Tenham Nem Um Pensamento a Mais)’, ‘A Vocação do Medo’ ou ‘Não Quando os Outros Olham’), Rui Chafes consegue com o seu trabalho levar o espectador ao seu mundo nostálgico e reflexivo, mergulhado em Romantismo alemão, cultura clássica e contemporaneidade pura. Ana Correia
Pintar o Céu
(Workshop de Pintura para crianças) “Olha um burro no céu. Donde é que ele apareceu? Aos pinotes, que mosca lhe mordeu? Vamos tirar-lhe o chapéu, chamar-lhe meu ou teu, porque o burro anda no céu.” Alface, em “O burro que anda no céu” “Pintar o céu” é um workshop elaborado em torno de um livro do escritor Alface. Este fala-nos de um burro e das suas aventuras passadas na praia, no céu e no mar mas também de peripécias relacionadas com os animais que figuram na história. O imaginário desta história contém elementos da vida das crianças, como o mar e a natureza que têm aqui uma abordagem fantástica, remetendo para aquela capacidade tão inata nas crianças que é sonhar. O fundo do mar e os seus segredos, as cambalhotas na praia e um burro que acende as estrelas do céu, tudo será vivido e reconstituído através do contacto com os materiais, como tintas, pincéis, papéis, lápis e a sua expressividade. A ideia deste workshop é entrar no universo da literatura infantil, criando um diálogo entre a Pintura e a Literatura, de uma forma lúdica. Quando se diz pintar o céu, propõe-se que pintemos os nossos sonhos, os nossos desejos, expressando os limites da nossa imaginação. Ou será esta ilimitada? Margarida Alfacinha
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-ENDOS -ANDOS -INDOS Literatura
O Faial e os Portugueses de Thomas Wentworth Não foi uma razão feliz (a doença da mulher) a que trouxe Higginson ao Faial mas isso não o impediu de apreciar e observar minuciosamente o que o rodeava nem de se deixar encantar pelo que via. O Faial que nos mostra é, evidentemente, diferente do Faial que conhecemos hoje, um Faial desprovido de carros e modernidade, onde a pobreza facilmente se espelha aos olhos de todos. Mas, por detrás das diferenças inerentes ao tempo, é um mesmo Faial que se descobre, um Faial de belezas estrondosas, até nas tempestades que o assolam, mas, simultaneamente marcado por uma certa indolência das gentes. Muitos não gostarão da forma como são retratados os ilhéus, apesar de se salientar a sua delicadeza e cortesia ou a preocupação com a limpeza das roupas, mas convém lembrarmo-nos que quando Higginson aqui chegou, vindo de uma grande cidade americana, tudo lhe devia realmente parecer pobre e desmazelado quando comparado com a sua realidade quotidiana. Contudo, esta colectânea é sobretudo importante porque nos permite ver um outro Faial, um Faial em que cada palmo de terra estava cultivado (bem longe do panorama actual) e com vinte cinco mil habitantes, onde a influência dos Dabney se exercia com um paternal-
ismo caridoso, onde o Pico ainda era uma extensão (económica e de lazer) do Faial. Em cada momento transparece a sua admiração pela beleza paisagística mais do que pelas pessoas mas também um interesso certo pela língua e pela História de Portugal que o leva a debruçar-se sobre a fundação da nação, o seu apogeu, debruçando-se sobre as figuras de Vasco da Gama e de Afonso de Albuquerque, e a sua decadência, demorando-se no entusiasmo por Camões e pela sua obra (vibrante homenagem ao génio português de Os Lusíadas, esquecido por ser o bardo de uma língua menos conhecida) ou pelo Marquês de Pombal (“Nenhum estadista europeu contemporâneo fez coisas mais admiráveis”) que compara a Cromwell. Admirador da literatura portuguesa, é sobretudo um gigantesco admirador da língua (criticando aliás duramente os portugueses por a desprezarem) a que faz elogios permanentes. A colectânea, agora editada pelo Núcleo Cultural da Horta, é antes do mais uma forma de conhecermos melhor Thomas W. Higginson, um americano que se destacou não só como abolicionista mas também como um defensor dos direitos dos escravos libertos, das mulheres e de outras minorias. Além disso, foi também um dos correspondentes de Emily Dickinson e, após a morte desta, trabalhou com afinco para que a sua obra se tornasse conhecida.
Catarina Azevedo
Já foi lido... O Plano Infinito de Isabel Allende
Neste romance de grande intensidade, a autora apresenta-nos a procura de um homem pelo seu próprio caminho, longe da pobreza da sua infância. Inserido numa comunidade latina, o “gringo” Gregory Reeves conta-nos, na primeira pessoa, os sentimentos de marginalização social e de racismo, intercalados com os contrastes entre pobres e ricos, com a paixão da actividade política e a busca incessante do amor. O narrador conta-nos toda a sua experiência de vida desde que percorria os EUA num camião que traduzia a filosofia da religião de que seu pai era pastor – a religião do Plano Infinito. Isabel Allende proporciona-nos uma visão panorâmica da sociedade norte-americana da 2ª metade do século XX.
Ilídia Quadrado
À CONQUISTA Não Morrerei em Buenos Aires de Herman Melville Afonso de Melo é um nome que associamos sobretudo ao jornalismo desportivo – já que colaborou com “ A Bola” e o “Jogo” – mais do que à poesia. No entanto, Não Morrerei em Buenos Aires – apesar de não ser o seu primeiro livro de poesia - desvenda-nos uma outra faceta deste homem do futebol. Em poemas que nos permitem atravessar meio mundo (do reino de Tule a Hanói, passando por tantos outros lugares que nos habitam o imaginário), o autor aproxima-se de estruturas que não deixam de lembrar o modernismo e o futurismo (reminiscências de Álvaro de Campos?) Num tom coloquial remete-nos para o quotidiano (“Entro em casa:/penduro a vida lá de fora no cabide da parede/e esfrego no capacho as solas dos sapatos/que ainda trazem agarradas conversas sem interesse”) e para o inevitável questionamento sobre a vida (como em “Carta deixada escrita de antemão para o caso de não conseguir evitar suicidar-me de um dia para o outro”), num monólogo partilhado em que quase parece estar sentado ao nosso lado.
C.A.
Mãe, não tenho nada para ler... Cinco Tempos, Quatro Intervalos de Ana Saldanha De certeza que, como acontece com a Dulce, já te aconteceu estar na aula a sonhar acordado em vez de prestares atenção à aula. E claro que quando alguma coisa te aflige ainda é pior porque ninguém se consegue com centrar quando está preocupado. Se isto já te aconteceu de certeza que vais querer conhecer a Dulce, uma rapariga que está no 5º ano e a quem tudo parece correr mal. Uma palavrinha aos pais – Este livro não é só a história da Dulce, é uma forma de abordar temas complicados (apesar de comuns na adolescência): o ter de lidar com o divórcio, os problemas com o pesa e com a imagem, a incompreensão dos adultos, a crueldade com todos os que destoam da norma.
C.A.
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Ciência e Ambiente APAGA A LUZ A EXPLORAÇÃO MINERAL NO MAR PROFUNDO
Figura - Visão artística da chaminés hidrotermais e fauna associada ao largo dos Açores. Desenho de Les Gallagher (fishpics & ImagDOP) para o CIMV.
A extracção de petróleo e de gás do subsolo marinho são importantes e complexas actividades económicas e comerciais, há longo tempo estabelecidas e que por isso hoje têm regras bem constituídas que têm em vista avaliar e minimizar impactos negativos nos ambientes e ecossistemas da zona de influência da exploração. Em contraste a exploração mineral encontra-se ainda numa fase inicial e, em muitos casos, experimental e de prospecção da viabilidade. No entanto espera-se que cresça o interesse e a viabilidade da exploração mineira do mar profundo num futuro muito próximo. Uma das potenciais actividades de exploração mineral de que mais se fala e que mais interesse económico parece despertar está relacionada como os nódulos de manganês. Estes nódulos encontram-se a grande profundidade sobre o solo marinho. Todos os nódulos contêm um nucelo composto de um material central que pode ser espinha de peixe, dente de tubarão, espinho de ouriço, fragmento de rocha vulcânica. As crostas e os nódulos de manganês estão entre os depósitos minerais de mais lenta formação: de 1 a 20mm em cada milhão de anos. A espessura de uma crosta varia entre menos de 1mm até 240mm (comummente entre 20 e 40mm de espessura). Os nódulos são compostos polimetálicos onde se incluem o níquel, o cobalto, o manganês, o cobre, para além da presença de ouro,
prata, titânio e zinco. As quantidades de níquel, cobalto e manganês nos depósitos oceânicos de nódulos devem exceder as das reservas terrestres. O impacto na vida bentónica dos fundos marinhos de actividades mineiras como a exploração de nódulo de manganês tem sido objecto de vários estudos na sequência de centenas de cruzeiros de prospecção liderados por consórcios internacionais. Outro recurso potencial do oceano profundo é o hidrato de metano. Os hidratos de metano têm o aspecto de gelo e ocorrem nos fundos de diversos mares e oceanos. Têm origem em moléculas de metano libertadas durante a digestão de matéria orgânica por parte de bactérias. O metano fica aprisionado em cristais de água que acabam por formar os hidratos. Os cristais de hidrato de metano que podem distribuir-se por centenas de metros abaixo do solo marinho. Para além do seu grande potencial como combustível primário, os hidratos de metano, no seu conjunto, albergam habitats bacterianos únicos. Sabe-se que 60% das bactérias que vivem na Terra estão em sedimentos no subsolo marinho. Calcula-se que o volume de gás nos reservatórios mundiais de hidratos de metano exceda o volume das reservas terrestres. As crostas de sulfuretos polimetálicos ocorrem nos centros de separação das dorsais médias oceânicas. Formam-se aí chaminés de depósitos minerais que são trazidos ao nível do solo marinho pela água que tendo penetrado no subsolo se misturou com diversos minerais e ressurge à novamente ao nível do solo extremamente aquecida. Estas crostas podem conter os mesmos metais nobres que referimos para as crostas de manganês. Ao mesmo tempo estes sítios albergam comunidades quimossintéticas de grande interesse bio-tecnológico. Há diversas identificadas na ZEE dos Açores e fundos marinhos adjacentes. Uma coisa é certa, a extracção mineral irá crescer de importância no futuro atingindo interesse comercial. A extracção de petróleo e gás a níveis mais profundo no subsolo marinho terá grande procura num futuro muito próximo. Esperam-se novas soluções tecnológicas para a exploração. Por isso vão ser também necessários mais estudos sobre o impacto nos organismos e habitats, quer dos ambientes bentónicos, quer pelágicos. Está comprovada a existência de 3000 vezes mais metano no mar profundo do que em qualquer outra parte da Terra. A extracção é inevitável como substituto dos combustíveis fósseis. Contudo o metano tem implicações significativas no clima. As principais preocupações ambientais relacionadas com a sua exploração estarão focalizadas neste aspecto. Para além disso a extracção de metano terá efeitos nas comunidades microbiológicas e bacterianas que vivem nestes ambientes. Desconhece-se, e é difícil de prever a relevância e extensão deste impacto.
Ricardo Serrão Santos/DOP &UAç
Natureza Para os deuses as coisas são mais coisas. Não mais longe eles vêem, mas mais claro Na certa Natureza E a contornada vida... Não no vago que mal vêem Orla misteriosamente os seres, Mas nos detalhes claros Estão seus olhos. A Natureza é só uma superfície. Na sua superfície ela é profunda E tudo contém muito Se os olhos bem olharem. Aprende, pois, tu, das cristãs angústias, Ó traidor à multíplice presença Dos deuses, a não teres Véus nos olhos nem na alma. Ricardo Reis (Odes de Ricardo Reis)
AQUELA DICA
Cozinhe de forma eficiente! Sabia que cerca de 5% da energia consumida numa casa é gasta a cozinhar? Por favor tenha em atenção os seguintes aspectos: - Certifique-se que as chamas do seu fogão estão uniformes e azuis, se verificar que apresentam uma cor amarela ou alaranjada, poderá existir obstrução nas passagens do ar ou de gás. Mantenha os bicos do fogão sempre limpos; - Cozinhe numa boca adequada ao tamanho da panela, evitando que a chama ultrapasse os limites do recipiente; - Utilize preferencialmente uma panela de pressão ou a vapor de vários andares, cozem os alimentos em menos tempo; - Mantenha a tampa na panela enquanto cozinha, por forma, a evitar que o calor se evapore; - Desligue a boca do fogão alguns minutos antes do previsto, pois o calor acumulado encarregar-se-á de terminar a confecção dos alimentos.
Dina Downling/Ecoteca do Faial
#8
FAZENDUS Agenda
Durante a Época Lectiva 08/09
Projecto Teatral Infantil orientado por Anabela Morais Atelier “O Jogo Dramático”. Terças e quintas-feiras das 17 às 18 horas. Para crianças dos 6 aos 12 anos. Atelier “Leitura de Textos Teatrais”. Segundas e quartas – feiras, das 18 às 19 horas. Para jovens dos 10 aos 12 anos. Teatro Faialense
Até 15 de Junho
Exposição de Pintura: “Relativismo no Pensamento Contemporâneo” por Francisco Legatheaux-Pisco Sala de Exposições Temporárias do Museu da Horta
Até 27 de Junho
Exposição de Pintura: “SignsGamesMessages” de Ken Donald Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça
11 de Junho
Atelier de Promoção da Leitura “Oceanos por Descobrir” por Ana Rita Braga CIMV 3000 – Centro do Mar, 10h30-12h00 e 14h3016h00 (até dia 12)
13 de Junho
Fórum: “Cuidar dos Jardins, cuidar de si” Auditório do Jardim Botânico, 14h30
Exposição de Pintura: “Percursos” por Florimundo Soares Sala Polivalente da Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça (pág. 5)
Workshop de Pintura: “Pintar o Céu” por Margarida Alfacinha (para crianças dos 6 aos 12 anos) Sala Patrão Manuel – Centro do Mar, 17h30 (até dia 25) (pág. 5)
VII Encontros de Porto Pim: “Ballet na Praia” Praia de Porto Pim, 19h00 Cinema: “Louca por Compras” Teatro Faialense, 21h30 (repete dias 20 e 21) Concerto: Bandarra Centro do Mar, 23h00
Exposição de Artes Plásticas: “Banco de Artistas” por vários artistas locais Igreja de São Francisco
Até 17 de Julho
21 de Junho
19 de Junho
Até 30 de Junho
Exposição de Fotografia: “Claridade - 30 Imagens para Neruda” por Roberto Santandreu Centro do Mar (pág. 5)
Social, a responsabilidade dos políticos” pelo Prof. Dr. Roque Amaro Pequeno Auditório do Teatro Faialense, 21h30
20 de Junho
Fórum Multi-Artes 21h00 Exposição por Al Zei (escultura); música por Alexandra Boga (viola da terra e guitarra clássica); Pintura; Poesia; 22h00 Teatro “Carta ao Pai” de Franz Kafka pela Companhia Teatral O Dragoeiro Centro do Mar
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21 de Junho
Conferência: “Desenvolvimento Económico e Justiça
Gatafunhos e Mata Borrões
Tomás Silva http://ilhascook.no.sapo.pt