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23 JUN. a 7 JUL. 2011

Produção Fotográfica Aurora Ribeiro, Jácome Armas, Tomás Melo

A multi-funcionalidade das coisas é uma questão de perspectiva


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opinião

Devagar que estou com pressa

A história de uma viagem para ler sem pressa Sara Orsi Sol. Chuva. Sol. Chuva. Sol. E mais uma volta à ilha. Velocidade média: 27,5 km/h, alternada entre 15 km/h, em subidas, e 40 km/h, em descidas. Tempo de viagem: duas horas e meia, mas poderia ter sido um pouco menos, não fosse aquele tractor que calmamente desfilou, à nossa frente, durante um terço do caminho. Meio de transporte: veículo apelidado de “Meireles”, com grave problema de ejecção e totalmente abstraído de conceitos como “aceleração” e/ou “velocidade”. Viajantes: três jovens raparigas, para quem, o facto de habitarem num planeta redondo, com vulcões, não passava de uma

Um lugar que, para alguns é a casa, para outros um porto de paragem e para outros, ainda, um parêntesis na sua vida. Esse lugar está coberto por um pano verde, malhado às vacas, pontilhado por hortênsias e rematado de areias pretas que, de tão negras, iluminam o ciano do mar. Nesse mesmo lugar, há vulcões. Vulcões vivos. Sim, porque os geólogos disseram-nos que os vulcões não morrem, só adormecem, e que o seu cume pode abater abrindo uma caldeira como esta, no cimo do pano — uma provocadora de cartasses, um elogio à natureza e, ao que chamamos, de forma tão abstracta, paisagem. No alto dessa caldeira, há uma linha. Um limbo percorrível que separa esse elogio de todo o resto. Nesse todo o resto, a interromperem um horizonte não horizontal mas sim curvo como o mundo, vêem-se

estendidas outras ilhas que são outros lugares com outras vidas, outras vacas e outros vulcões. Num desses vulcões cresceu, no seu topo, um piquinho. Um dia, esse piquinho passou a ser o nosso o objectivo. Subimos, então. Subimos. Subimos. Até que, num momento, parámos. Olhámos para trás. E, de um amigo coberto de branco, escutámos: “olhem a ilha de bruma”. De facto, lá estava ela, à nossa frente, esparramada em forma de tartaruga, protegida por uma carapaça de nuvens densas, compactas... E o sol se pôs atrás da tartaruga. Veio a noite. O vento e o frio. A mãe natureza no seu estado puro, duro e líquido. Fingimos que dormimos. Acordámos. Na madrugada, o sol surgiu por cima das nuvens. Abaixo de nós, um manto branco intransponível a olho nu. E ali estávamos nós, a cumprir as fantasias de uma infância onde sonhávamos andar sobre as nuvens. Mas, nas nuvens não se anda, quanto

muito atravessa-se; e uma inocente imagem não é a natureza. E lá está: o frio queima, a humidade molha e o vento dói. A natureza dilacera-nos e nós nos sentimos vivos. Vivos, vamos à procura de outras ilhas, à procura de outros lugares, de outras pessoas. Em frente, do outro lado do canal, uma espinha dorsal, emergida do mar, transforma-se num novo objectivo. Fez-se planos mas, no erro do plano, a surpresa aconteceu. Então, entre o cinzento do céu e verde da terra, aprendemos sobre os vulcões, os sismos e os tsunamis. De repente, o tempo imensurável torna-se curto e temos de voltar à ilha de bruma. Entre as ondas, a feliz coincidência: o reencontro entre pessoas. Desse reencontro, um convite. Desse convite, um jantar. E, no fim, num extasiante curto espaço de tempo, lá estávamos todos nós sentados à mesa de uma casa, neste lugar, no meio do Atlântico.

Fotografia Sara Orsi

lembrança remota.

No meio do Atlântico, há um lugar.

capa

Visita Oficial do director do Fazendo aos melhoramentos da Avenida

Jácome Armas

Foi maravilhoso poder caminhar nesta grande e renovada avenida uma imagem da ilha e um espelho do carácter dos seus habitantes - como usufruir da ergonomia das suas novas construções . Não tive dúvida nenhuma sobre a originalidade e multi-funcionalidade destes pequenos espaços de lazer: poder pendurarme que nem um macaco sem banana,

cheirar as belas flores num canteiro suspenso ou sentar-me ao lado de um banco onde ninguém se senta. Génio aquele que os idealizou e deu forma por ter pensado não só na espécie humana mas também em macacos e flores. Pequenos e impressionantes jardins estão agora disponíveis para quem gosta de se sentar em paz e contemplar a vida de uma flor, palmeiras onde se

pode beber o leite dos cocos regionais e bancos no meio da avenida onde se pode apreciar a vista para o Pico (protegida pela doca do lado direito e também do lado esquerdo) porque o muro não basta. Através de um simples cálculo é possível entender a necessidade de espaço para se sentar: a avenida tem mais ou menos

1km, digamos 800m, e um pequeno muro estende-se de um lado ao outro; como há espaços no muro onde não nos podemos sentar, digamos 750m de espaço para se sentar; cada pessoa ocupa aproximadamente meio metro ao longo do muro mas vamos assumir 1m para quem quer estar à larga. 750 pessoas sentadas na avenida não é o suficiente, precisamos de mais.

FICHA TÉCNICA: FAZENDO - Isento de registo na ERC ao abrigo da Lei de Imprensa 2/99 de 13 de Janeiro, art. 9º, nº2 - DIRECÇÃO GERAL: Jácome Armas - DIRECÇÃO EDITORIAL: Pedro Lucas - COORDENAÇÃO GERAL: Aurora Ribeiro COORDENADORES TEMÁTICOS: Albino, Anabela Morais, Carla Cook, Filipe Porteiro, Helena Krug, Luís Menezes, Miguel Valente, Pedro Gaspar, Pedro Afonso, Rosa Dart - COLABORADORES: Miguel Machete, Nuno Rodrigues, OMA, PNF, Sara Orsi, Sara Soares, Sílvia Lino, Tomás Melo - PROJECTO GRÁFICO: Nuno Brito e Cunha - PROPRIEDADE: Associação Cultural Fazendo SEDE: Rua Rogério Gonçalves nº 18 9900 Horta - PERIODICIDADE: Quinzenal TIRAGEM: 400 exemplares IMPRESSÃO: Gráfica o Telégrapho CONTACTOS: vai.se.fazendo@gmail.com

APOIO: DIRECÇÃO REGIONAL DA CULTURA


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arquitectura e artes plásticas

concurso

Porto PimTado 3ª edição do concurso multi-artes

OMA - Observatório do Mar dos Açores e Fazendo A riqueza histórica, cultural e paisagística da Baía de Porto-Pim, e sua área circundante, na Ilha do Faial, tem inspirado e estimulado a expressão artística e criativa de artistas conhecidos e de pessoas anónimas, que expressam os seus sentimentos e emoções por linguagens não convencionais. Esta é a 3ª Edição do Concurso Multi-Artes Porto PimTADO. Este ano, o Observatório do Mar dos Açores (OMA) convidou a Associação Fazendo para ser parceiro na organização deste evento, que se vem afirmando no panorama cultural local e regional. A iniciativa pretende estimular a criatividade e originalidade da população do Faial e dos visitantes desta ilha para que, sensibilizados pelo espaço geográfico desta paisagem invulgar, se expressem através da Pintura, Fotografia, Poesia, ou outra expressão artística à sua escolha (Arte Livre). Este ano a poesia toma lugar de relevo e a escultura será considerada na modalidade mais abrangente.

REGULAMENTO Tema A Terceira Edição do concurso Porto PimTado propõe como tema de fundo abstracto O Pico de Pim. Este tema poderá ser interpretado de forma livre, literal ou metafórica, expressando os valores excelsos que a baía representa. Os trabalhos deverão inspirar-se na zona de Porto Pim e área envolvente (Montes da Guia e Queimado, Entre-Montes, Baía, Bombardeira, etc.), explorando de forma criativa os seus motivos e elementos, nomeadamente o património natural, o património histórico, o ambiente marinho e marítimo, a paisagem natural e o elemento humano. Destinatários Este concurso está aberto a obras individuais de autores com idade superior a 15 anos, incentivando-se a participação de artistas conhecidos, pessoas iniciadas na comunicação e expressão artística e de novos valores artísticos, especialmente jovens.

Modalidades Pintura – em qualquer técnica seja óleo, pastel, acrílico, desenho, ou outras, com ou sem moldura, com dimensão máxima de 2m. As obras terão que ser entregues em formato que permita serem expostas penduradas de forma segura, por exemplo montadas em molduras. Fotografia – a cores ou a preto e branco, com as dimensões mínimas de 30 x 40 cm, sem moldura. As obras terão que ser entregues em formato que permita serem expostas penduradas de forma segura, isto é montadas em suporte rígido, por exemplo k-line ou PVC. Poesia – em português, sem restrição de estilo. As obras não deverão ultrapassar 3 páginas A4, deverão ser dactilografadas e entregues em formato digital. Arte-Livre – tapeçaria, olaria, colagem, vídeo ou outras formas de expressão artística menos convencionais. Este ano integrou-se a escultura, em qualquer tipo de materiais não perecíveis, nesta modalidade mais ampla e aberta. As obras tridimensionais deverão ser colocadas no solo de forma estável e por isso deverão ter uma base rígida caso não se suportem a si próprias. As diferentes modalidades serão consideradas separadamente. Este ano iniciaremos a atribuição do Prémio ECO-PIM para a obra que melhor interprete o património natural (biológico, ecológico, geológico e ou paisagístico; terrestre ou marinho) da área geográfica em apreciação, parte integrante do Parque Natural do Faial (PNF). À semelhança do ano anterior, o Prémio MULHER DE PORTO PIM distinguirá a melhor obra realizada por uma artista feminina, sem fomentar qualquer tipo de sectarismo de âmbito sexista. Este prémio evoca a obra homónima de Antonio Tabucchi. O Prémio FAZENDO continuará a distinguir os trabalhos que melhor se encaixem na estética actual do jornal Fazendo e que possam ser usados para capa daquele boletim quinzenal.

Os prémios, à semelhança das edições anteriores, serão constituídos por bens e serviços patrocinados por comerciantes da ilha e serão divulgados em breve. Cada obra deverá obrigatoriamente ser acompanhada de uma ficha de inscrição onde constará: nome do autor, pseudónimo, data de nascimento, título da obra, data de execução da mesma, técnica utilizada e preço. Apreciação dos Trabalhos Os trabalhos serão apreciados por um júri convidado pelo OMA. O júri avaliará o sentido estético da obra, o domínio da técnica usada e o preenchimento temático do concurso. O Júri será composto por: Duas personalidades ligadas às Artes Plásticas; Uma personalidade ligada à Poesia; Presidente do Júri. O Júri avaliará as obras nos dias 24 e 25 de Agosto de 2011. O Júri poderá não atribuir qualquer prémio, caso entenda que as obras a concurso não tenham o nível artístico pretendido. Em caso de empate, o Presidente do Júri terá o voto de qualidade. A decisão do Júri será soberana, não havendo direito a recurso. Os prémios temáticos serão avaliados por um representante do Parque Natural do Faial (Prémio ECO-PIM) pelo colectivo do júri (Prémio Mulher de Porto Pim) e pelos coordenadores temáticos do jornal FAZENDO (Prémio Jornal Fazendo). Calendário As obras deverão ser entregues até ao dia 22 de Agosto de 2011, das 10:00 às 12:30 e das 14:00 às 18:00 no Observatório do Mar dos Açores, Edifício da Fábrica da Baleia – Monte da Guia, 9900 Horta – Faial. As obras enviadas por correio, devem ser enviadas, com aviso de recepção, de modo a serem recepcionadas na Fábrica da Baleia até dia 22 de Agosto. Devem ainda estar devidamente acondicionadas, não sendo da responsabilidade da organização os eventuais danos causados pelo transporte das mesmas.

Divulgação dos Resultados Exposição dos Trabalhos

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Os resultados serão divulgados no dia 27 de Agosto na sede e a partir de dia 29 no site do OMA (www. oma.pt) ou na página do Facebook (www.facebook.com/porto.pimtado). Os premiados serão informados previamente por telefone ou e-mail. Todos os trabalhos sujeitos a concurso, serão expostos ao público entre os dias 27 de Agosto e 25 de Setembro, na Sala dos Óleos da Fábrica da Baleia, Porto-Pim. Não serão aceites a concurso e logo não serão expostos os trabalhos que não estejam de acordo com este regulamento. As obras deverão ser levantadas pelos concorrentes e/ou seus representantes, entre os dias 3 e 7 de Outubro de 2011, no OMA. O envio de uma obra só é possível caso o autor entregue uma embalagem própria para a sua acomodação e se comprometa a pagar o transporte (envio à cobrança). Neste caso, qualquer seguro de transporte também será da responsabilidade do autor. As obras não reclamadas até ao final de Outubro integrarão o espólio do OMA. Termos e Condições A organização reserva o direito de publicação impressa das imagens das obras recebidas bem como da sua exibição no site do concurso. O não cumprimento das especificações regulamentares implicará a desclassificação da obra. Desta decisão não haverá recurso. Os trabalhos entregues estarão segurados pelo OMA enquanto decorrer a exposição ou enquanto estiverem sob a sua responsabilidade, até dia 7 de Outubro de 2011. Qualquer situação omissa no regulamento, é resolvida através de uma reunião entre a comissão organizadora e as Direcções do OMA e do Fazendo. A participação neste Concurso obriga a aceitação dos termos deste regulamento.


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A diferença produz a consciência

música

Emanuel Dimas de Melo Pimenta “Aquilo a que chamamos arte é a crítica da cultura, não pelo conteúdo, mas pela sua estrutura lógica. É a crítica do pensamento. É uma crítica, enquanto processo de compreensão, que deve ser feita dinamicamente por cada pessoa. Quando ela acontece no espaço, é arquitetura; no tempo, é música; nas imagens, arte visual e assim por diante. Cada um de nós é permanentemente construído, a todo momento, por padrões de ordem. Padrões de diferenciação. Esses padrões estão em tudo o que somos - na ordem destas palavras, no espaço das nossas casas, das nossas cidades, na música que ouvimos nos nossos carros... Todos esses “ambientes” somos nós - eles edificam continuamente o nosso pensamento, os nossos complexos sinápticos, como espécies de meta-mapas cognitivos dinâmicos. Quando operamos elementos de descontinuação desses complexos, fazemos a sua crítica - pois apenas a diferença produz a consciência. Iluminação. Descoberta. “ Emanuel Dimas de Melo Pimenta in http://www.emanuelpimenta.net/index1PT.html.

Gaspar Pedro É luso-brasileiro, nasceu em S. Paulo em 1957, tem família portuguesa, viveu em Nova Iorque (onde tem casa), viveu em Lisboa (de 1986 a 2003 no edifício das Amoreiras), vive actualmente na Suíça, e considera-se italiano. Eis Emanuel Dimas de Melo Pimenta, um ilustre desconhecido do mundano, um ilustre pensador do mundo. É um homem da arte e da cultura, e entende o globo como a sua casa, promovendo o conhecimento transversal e suprimindo as linhas de fronteira do pensamento. A sua “breve” biografia divide-se em 16 (!) capítulos (ver http:// w w w. asa - a r t .com /ed mp/dst r/ bio.

html). Licenciado em arquitectura, tem pós graduações em história da arte e semiótica, e especializações em computer graphics e computer systems para arquitectura e música digital, respectivamente. A sua multidisciplinaridade é impressionante, em áreas tão distintas como a literatura (23 obras editadas), e-literatura (24 obras editadas), fotografia (11 livros), música (25 discos editados, incluindo bandas sonoras originais, composições experimentais, compilações de sons, etc), e três CDROMs (teoria da música, fotografia e arquitectura). Produz filmes,

Punkada

F est

Gaspar Pedro “Punkada Fest” é já um festival de referência no panorama regional. Com apenas um ano de vida, o evento reúne em duas edições nomes importantes da música insular e além-mar. Tudo começou no ano transacto, por ocasião da comemoração de 10 anos de existência da banda Faialense “Punkada!”. Na primeira edição contou com a presença das bandas Suzerain, Anommaly e Crossfaith, e ainda com a participação dos DJ’s Lady M e FBO. O sucesso de 2010 abriu portas ao segundo festival, que começa já no dia 8 de Julho na mística Quinta de S. Lourenço, com um cartaz apelativo: Desbunda, Boss AC, Caim, Punkada, complementado com as actuações de Poeta Urbano & DJ Silver Star, DJ FBO, DJ Double Gee e DJ Diogo Vieira. Haja saúde para o Punkada Fest!

exposições, concertos, óperas, compõe música electrónica, toca flauta transversal e piano, trabalha no domínio da fotografia, projecta edifícios, e dá palestras pelo mundo inteiro. Os seus trabalhos estão incluídos em algumas das mais expressivas colecções de arte e instituições reconhecidas internacionalmente como o Whitney Museum de Nova Iorque, o Museu de Arte Contemporânea ARS AEVI, a Bienal de Veneza, o Computer Art Museum de Seattle, o Kunsthaus de Zurique, a Colecção Durini de Arte Contemporânea, a Bibliotèque Nationale de Paris e o MART Museu de Arte Contemporânea de Rovereto e Trento, entre outros. Entre outras instituições, é membro da New York Academy of Sciences desde os anos 80, membro da SACD Société des Auteurs et Compositeurs Dramatiques em Paris desde 1991 e director-fundador do Tribunal Europeu do Ambiente, instituição não governamental fundada na Bélgica com o objectivo de promover um diálogo inter-civilizacional sobre o ser-humano e a sua relação com o ambiente. Mas é na música que Emanuel Pimenta se tem destacado. Em 1986 foi convidado por John Cage para colaborar com o próprio e Merce Cunningham em Nova Iorque, colaboração essa que terminou apenas com o desaparecimento de Cunningham, em 2009. Foi nesta grande “escola” que desenvolveu a chamada música aleatória, o uso da electrónica e o uso não convencional de instrumentos musicais. A sua obra, se é que se pode medir, conta com cerca de 380 composições originais. Tocou literalmente em todo o mundo, num total de quase 400 concertos espalhados por todos os continentes. Associando sempre a composição musical à filosofia, às

sociologias e às ciências humanas, Emanuel Pimenta desenvolveu novos processos e conceitos de composição, novos métodos electrónicos, e até novas formas de notação. Uma das coisas notáveis é o processo de construção musical que desenvolveu. Chama-lhe “caixas de música”, que consistem em construções electrónicas de carácter arquitectónico tri-dimensional, com variáveis bem definidas, onde simula eventos aleatórios. Depois de construído o mecanismo, a sequência e mistura de sons resultantes é inesperada, revestindo-se dessa aleatoriedade semi-controlada. Apesar de esteticamente o resultado final suscitar as mais diversas opiniões, trata-se de uma atitude experimentalista bastante importante, trazendo à contemporaneidade novas abordagens, e renovando alguns conceitos já experienciados por outros músicos do passado, onde se inclui obviamente John Cage, o seu mestre inspirador. Emanuel Dimas de Melo Pimenta passou pelo Faial em 2007, no dia mundial da arquitectura, onde deu uma palestra sobre arquitectura virtual, e a sua relação com a música. Da sua vinda surgiu uma interessante partilha de experiências, um convite/ desafio para voarmos para os Encontros do Ambiente, que se realizaram em Trancoso nesse mesmo ano no âmbito das acções promovidas pelo Tribunal Europeu do Ambiente, e uma sólida amizade. Emanuel Pimenta é um ser que veio à terra em missão, e deixará um legado cultural importantíssimo para as futuras gerações, legado esse que por estar à frente no seu tempo, só será compreendido anos mais tarde.


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Miguel Valente Dado o facto de estar em Lisboa poucos dias após a estreia de Pina 3D nesta cidade, não pude deixar passar a oportunidade de ver tão esperado filme, aproveitando para, finalmente, conhecer a tecnologia 3D (devo ser das poucas pessoas que ainda não viu “Avatar”, mesmo sem 3D). Pina é o último trabalho de Wim Wenders sendo uma incrível homenagem póstuma a Pina Bausch. Mas quem é Pina Bausch? Bailarina, coreógrafa, escritora, actriz e realizadora, entre tantas outras coisas. É para tentar dar-nos a conhecer Pina que Wenders nos traz este filme. E é através dos olhos do mesmo e das palavras e movimentos de cada um dos elementos que compõem o corpo de dança da companhia Tanztheater que ficamos a conhecer o mundo de Pina. Longe de ser bailarino, e ainda menos membro do Tanztheater, gostaria de aproveitar esta oportunidade para deixar também o meu testemunho sobre Pina. Nos resquícios da notícia da morte de Pina Bausch, em 2009, houve um crítico de dança que disse que antes de Pina a dança contemporânea se

Pina 3D

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resumia a um conjunto de pessoas a atirarem-se contra as paredes e o chão, utilizando linguagens muito longe da compreensão do público. É talvez um exagero, mas não deixa de representar a minha experiência com o mundo da dança contemporânea. Nunca fui grande adepto de dança clássica e de todo aquele excesso de perfeição e de correcção em que todas as bailarinas e bailarinos me parecem iguais e perfeitos, como se tivessem sido fabricados, ao ponto de me perguntar se serão de facto pessoas que estão em palco. Infelizmente os meus primeiros contactos com a dança contemporânea não foram muito auspiciosos, tendo assistido, na melhor das hipóteses, a algumas posições bastante fotogénicas intercaladas por movimentos estupidamente descoordenados e tão espasmódicos que me levavam a temer pela saúde dos bailarinos. Foi em 2003 que, ao ver o então novo filme de Almódovar, me deparei com uma coreografia lindíssima, em que duas mulheres destroçadas se movimentam de olhos fechados numa sala cheia de mesas e cadeiras de café, completamente indiferentes às consequências, enquanto um homem

vai desviando o mobiliário, tentando evitar que algo lhes aconteça. Não sabia, pobre ignorante, que estava a assistir a uma coreografia de 1978, e que havia, de facto, dança contemporânea tão carregada de beleza e poesia. A semente tinha sido lançada e rapidamente começou a crescer, tendo a RTP 2 contribuído para tal, ao incluir na sua programação o registo de “Pedro e Inês” de Olga Roriz, e ao passar o multipremiado filme “Amelia” de Edward Lock. Graças à internet fui descobrindo cada vez mais trabalhos de dança contemporânea e, em particular, a videodance, mas foi através de Pina Bausch com “Café Muller” que descobri esta incrível forma de expressão artística que é a dança contemporânea. Voltando ao filme de Wim Wenders, o realizador anula-se para registar de forma sublime a presença de Pina Bausch nas vidas dos bailarinos. Igualmente presente de forma constante é a cidade de Wuppertal, para onde Pina se mudou em meados dos anos 70 para criar a mencionada companhia de dança. Ao integrar as paisagens de Wuppertal nas coreografias, Wenders

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cinema e teatro

mostra-nos que Pina e Wuppertal são indissociáveis, e ficamos sem saber quem criou quem, se foi Pina que criou Wuppertal, pois sem Pina Wuppertal não passaria de mais uma pequena cidade industrial, ou se foi Wuupertal que criou Pina, através dos seus ambientes e oportunidades para criar novas formas de dança. As coreografias são sublimes e os ambientes magníficos. Graças à tecnologia 3D, temos a sensação de estar a assistir ao vivo àqueles movimentos e paisagens, mas o que sobressai é a poesia e a força de Pina Bausch. Não é talvez o melhor filme de Wim Wenders, mas está garantidamente no lote dos melhores e é, possivelmente, o melhor filme que vi durante este ano. Se a tecnologia 3D não deixa de ser uma mais valia neste filme não é no entanto a atracção principal. O filme vale por si e, definitivamente, deve ser visto e revisto mesmo sem esta tecnologia. E, para quem não conhece o trabalho de Pina Bausch, fica o aviso, depois de Pina ficamos para sempre sedentos por ver mais e mais dança contemporânea.

auróscopo

Caranguejo

22 de Junho a 22 de Julho

Aurora Ribeiro A constelação de Caranguejo não é das mais notáveis do céu, tanto pelo escasso brilho das suas estrelas como por não apresentar uma forma especialmente característica. Assemelha-se a um quadrilátero (carapaça) rodeado por algumas estrelas (as pinças e patas do caranguejo). O nome da estrela mais brilhante, Alcubens, significa “pinça” em árabe. Sendo o signo onde o sol se encontrava pelo solistício de Verão, data a partir da qual o astro-rei recua de novo para norte, vulgarizou-se uma associação simplista desse recuo com a forma particular que os caranguejos têm de se deslocar. Contudo, e exactamente

como acontece com outras constelações, o simbolismo desta teve diferentes interpretações ao longo dos tempos. Os antigos gregos viam nela o caranguejo que Hera enviara para ajudar a Hidra no seu propósito de destruir o herói Hércules (Hera era a mulher de Zeus, deus dos deuses, e Hércules era o fruto de mais uma infidelidade do marido, daí o ódio dela pelo rapaz). Contudo, outros animais estão associados a esta constelação, com variações de sítio para sítio e de época para época. Note-se porém que são todos animais com exosqueleto (viva a wikipedia): os babilónios viam nele ora um caranguejo ora

uma tartaruga e os antigos egípcios chamavam-lhe escaravelho, o seu símbolo da imortalidade. Outros mapas desenham a constelação em forma de lagosta. As características do signo sugerem maior ligação à simbologia do escaravelho egípcio do que à de um caranguejo. O signo está associado à Lua, à maternidade, à concepção e todos estes aspectos encaixam com perfeição na imagem do escaravelho sagrado, que arrasta uma bola de esterco onde deposita os seus ovos (a gestação destes dura o mesmo que um ciclo lunar - 28 dias). Passado este tempo, os ovos eclodem dando origem a uma grande quantidade de larvas de

novos escaravelhos que se alimentam da bola de esterco. Observando este processo de reprodução, os egípcios tinham a falsa noção de que um escaravelho podia ter filhos sozinho. O deus egípcio Khefri, representado ora por um escaravelho ora por um homem com cabeça deste animal, era o deus reponsável por transportar o sol (do mesmo modo que o escaravelho arrasta a sua bola) para debaixo do horizonte e era também ele que o fazia nascer pela manhã. Signo de água (a água originadora de vida), diz-se dos Caranguejos que são maternais (ou ligados às suas mães), criativos, e que sentem as suas emoções como ninguém.


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As palavras das

literatura

canções

açoriando

Almas Cativas e Poemas Dispersos de Roberto de Mesquita

Escrever letras para canções é uma forma peculiar de fazer literatura: faz nascer cerejas em cima do bolo.

Simone de Oliveira canta a “Desfolhada” no Festival

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Carla Cook A primeira vez que “Almas Cativas” foi editado, em 1931, já o seu autor falecera. Essa edição de parcos exemplares não chamou a atenção até que, oitos anos depois, Vitorino Nemésio escreveu sobre ela, considerando que a poesia de Roberto de Mesquita era o que de mais profundamente simbolizava o sentir açoriano. Depois desta primeira análise, os mais conhecidos críticos da Literatura Portuguesa interessaram-se pelo livro único, vendo em Roberto de Mesquita a expressão do Simbolismo – a descrição saudosa, o pessimismo reflexivo, um sentimento de abandono, a animização da Natureza, o spleen envolto em mágoa e, sobretudo, o isolamento. O próprio Nemésio voltaria, mais tarde, a concentrar-se neste último aspecto num ensaio hoje quase mítico sobre a poesia de Roberto de Mesquita, onde o eleva à mais pura expressão do íntimo da açorianidade. É o isolamento que define a condição de ser açoriano; nesta e por esta circunstância, todo o seu íntimo se torna ilha, à semelhança do exterior que o rodeia. Roberto de Mesquita (1871-1923) nasceu e morreu em Santa Cruz das Flores, já de si um local isolado. Foi o último filho do segundo casamento do seu pai e, como tal, viu logradas as hipóteses de prosseguir estudos, apesar do pai pertencer à baixa aristocracia. Só saiu dos Açores uma única vez na vida (em 1904), para visitar o irmão, que era professor em Coimbra e Viseu. Exerceu cargos de funcionário público em algumas das ilhas dos Açores e tinha ligações ao Partido Republicano. A sua carreira regular foi abalada por um escândalo de dívidas familiares. Profundamente abalado pela morte da mãe, mais sentiu acentuar-se o seu carácter melancólico e reservado. Rompeu o noivado com o seu amor de sempre (que, no entanto, não deixou de amar) e fez um casamento de conveniência que manteve por ser de bom tom com uma senhora de quem sempre se sentiu distante. Diz-se que morreu atacado de delírios e que ainda recitava versos no seu último estado febril.

Miguel Machete Corpo de linho/ lábios de mosto/ meu corpo lindo/ meu fogo posto/ eira de milho/ luar de Agosto/ quem faz um filho/ fá-lo por gosto. Quando Ary dos Santos se sentou à mesa, em 1968, e escreveu estes primeiros versos, estava a iniciar uma desfolhada que iria representar Portugal no Festival Eurovisão da Canção (1969, em Madrid). Mas mais do que isso, estava a criar um hino à mulher e à sua terra, e através das palavras anunciou o fim de uma ditadura que iludida ou despreocupada, deixou que se cantassem cravos de carne e searas loucas em movimento. Ary criou uma letra popular intensa, um caldo quente para a alma de quem é Português e quer acreditar na mudança. Era (é) um poeta imenso e escrevia letras para canções. Escrever letras para canções é uma forma peculiar de fazer literatura: faz nascer cerejas em cima do bolo. Quem se dedica a esta arte, lança-se ao desafio de ajuntar uma coisa à outra, isto é, a palavra com a música para que sejam recebidas e entendidas como uma só. Querem e contam uma história que lhes aconteceu, falam sobre uma emoção, um estado dos espíritos, são realistas, atacam, reivindicam, abandonam o sentido, dedicam-se ao amor, fabulam, conversam sobre o vazio. Servem-se das ferramentas da língua (e aqui só falarei da nossa), do léxico imenso que nos habita, dão voltas infinitas à gramática – contornam as palavras átonas (são aquelas que têm vogais apresadas e falam baixinho), dedicam-se a construções semânticas sustentadas e exploram as mais belas rimas imperfeitas (e parciais e ricas e perfeitas). E depois investem nas aliterações, assonâncias (repetição de vogais e consoantes) e demais mecanismos de repetição, cuidam

das sílabas tónicas abertas para os momentos em que na música se ouve a nota forte, explorarem as rimas na sua ordem (alternadas, emparelhadas, encadeadas, internas) ou por e simplesmente desfazem-se dela. Deixando para trás o processo e as ferramentas ficamos com os resultados nas mãos. As canções são elementos sensitivos, quase imateriais, que nos acompanham. Dão-nos ninho, fazem-nos suar por dentro, falam pela nossa boca, prestam-se a servir-nos nos nossos estados de espírito, fazem-nos sentir. Por isso é difícil compreender como é possível não escutar e apreender as letras nas canções. Se é a música a primeira a sobressair numa canção, deve ser a letra a entranhá-la. Que os espanhóis e restantes europeus não tenham percebido peva da “Desfolhada” ao ponto de a remeterem para penúltimo lugar no referido Festival, ainda se pode compreender, agora nós, fazermos isso à nossa língua e às nossas canções? Mas acontece… Ou porque em determinada altura fomos invadidos pelos sons redondos da língua anglosaxónica que se pode cantarolar sem saber o que quer dizer (soa sempre bem), ou porque atravessamos um período de consumo massivo de música pop(ular) onde não há tempo para respirar e ref lectir, ou porque são tantos os maus exemplos de letras escritas em Português (na forma e no conteúdo) que nos confundimos. Por isso, é importante referir os outros exemplos (são muitos e díspares felizmente), encontrá-los e degustá-los. Lança-se aqui o desafio: encontrar uma hora no dia e passear pelo youtube visitando as referências que se seguem. Começando pela música tradicional e sem sair das nossas ilhas, surge a “Lenga lenga” interpretada por

Carlos Medeiros: delicioso nonsense ilhéu à moda dos nossos avós (Estava eu nas minha terras, ai Jesus/ Muito bem descansadinho/ quando me veio a notícia, ai Jesus/ que o meu pai tinha morrido/ minha mãe por nascer …), de seguida podemos voltar ao período pré Abril e encontrarmos o “Menino do bairro negro” de José Afonso, resultado do encontro do autor no final da década de 60 com o degradado Bairro do Barredo, no Porto (Olha o sol que vai nascendo/ anda ver o mar/ os meninos vão correndo/ ver o sol chegar…), depois fazemos uma incursão pelos anos 70 e cruzamo-nos com o quotidiano aos olhos de Sérgio Godinho na canção “O primeiro dia” (A princípio é simples, anda-se sozinho/ passa-se nas ruas bem devagarinho/ está-se bem no silêncio e no burburinho…). Pausa para respirar. Anos 80 e o olhar para dentro de António Variações na sua “Erva Daninha Alastrar” (Só eu sei que sou terra/ terra agreste por lavrar…), na década seguinte, a força da mulher feita de carne e osso na pele de uma intemporal Inês de Castro (“Subida aos Céus”, versão de Regina Guimarães interpretada pelos Três Tristes Tigres,) – “Quero ser amada só por mim/ e não por andar enfeitada/ ser adorada mesmo assim/ careca, nua, descarnada…”. Já no século XXI deparamo-nos com um mago das canções chamado Manel (Cruz) que insiste que “Tirem o macaco da prisão” (Já são dez para as seis da manhã/ e há mais um imbecil a pensar/ este mundo não foi feito para a gente entender/ nem por isso eu deixo de o tentar…). São estes uma ínfima parte do todo. Pode ser que sirvam para o arranque de quem tem andado mais distraído… Não as deixem deixam escapar vivem menos sem saber. N.A – o autor faz-se valer do ex novo acordo ortográfico


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23 JUN. a 7 JUL. 2011

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ciência e ambiente

dop / universidade dos açores

Milho

transgénico nos Açores: porquê e para quê? Se queremos mesmo introduzir estas sementes na região dos Açores há que exigir estudos de impacto sobre as espécies que existem nestas ilhas Sílvia Lino A controvérsia à volta dos produtos transgénicos não é uma novidade. Os defensores da introdução de sementes transgénicas usam recorrentemente os mesmos argumentos (bem vendidos pelas grandes companhias de biotecnologia Norte-Americanas como a Monsanto e outras): “não são conhecidos perigos para a saúde humana, nem para o meio ambiente”. Numa investigação com menos de 20 anos não é mesmo possível conhecer ainda os efeitos a longo prazo. Mas se o risco para a saúde humana pode ser remetida a responsabilidade para quem compra e consome produtos

desta natureza, já o possível risco para o meio ambiente não é bem a mesma conversa. Numa região como os Açores que vende uma imagem de “natureza em estado puro” estamos mesmo preparados para correr o risco de introduzir deliberadamente algo que não temos a certeza que não tenha consequências para o meio ambiente? E os agricultores que querem usar este tipo de sementes, estão cientes desta responsabilidade? E a troco de quê estão eles (e estamos todos nós) dispostos a correr estes riscos? Uma das marcas de milho transgénico actualmente mais

Fotografia Nuno Rodrigues Laurissilva dos Açores

A Floresta Laurissilva

comercializado é o “Bt Corn”. Esta variedade de sementes foi modificada geneticamente por forma a que o próprio milho expresse uma toxina de uma bactéria (Bacillus thuringiensis), que é tóxica para insectos. O objectivo é o combate aos insectos que são pragas mas como é que podemos ter a certeza que não irão prejudicar o desenvolvimento de outras espécies de insectos inócuos para a planta e fundamentais a nível do equilíbrio do ecossistema? Não nos deixemos enganar: a Biotecnologia é um negócio no qual foram investidos milhões de dólares em investigação

científica, cuja parte da estratégia para a recuperação do capital por parte dos investidores passa pela apresentação de campanhas promocionais muitíssimo bem montadas e muito convincentes. Se queremos mesmo introduzir estas sementes na região dos Açores há que exigir estudos de impacto sobre as espécies que existem nestas ilhas (e não contentarmo-nos apenas com relatórios generalistas ou outros estudos efectuados noutras regiões) por forma a termos a certeza que não existe um risco potencial para o NOSSO meio ambiente. Antes que seja tarde...

PNF Já muitas vezes ouvimos a expressão Laurissilva. Mas por que razão atribuir esse nome às florestas nativas dos Açores? A explicação é simples… Em 1930, Eduard Rübel propôs uma classificação para os diferentes tipos de florestas da terra, baseada em algumas características morfológicas e na ecologia das espécies que as compunham. Assim, o autor suíço agrupou os tipos de florestas em 3 grandes grupos: 1) as Durissilvas; 2) as Pluvissilvas e 3) as Laurissilvas. As Durissilvas são florestas onde normalmente a vegetação apresenta folha curta e rija, como a urze ou o cedro-do-mato, encontrando-se normalmente adaptadas a condições mais extremas, como as zonas mediterrânicas, zonas mais quentes, zonas costeiras próximas da maresia, zonas de ventos intensos ou zonas de temperaturas baixas. Ao grupo das florestas húmidas de regiões quentes, Rübel chamou de Pluvissilvas. E, finalmente, classificou as Laurissilvas, cujas características se encontrarão entre as das Durissilvas e as das

Pluvissilvas. A floresta Laurissilva define-se por se encontrar em zonas de clima temperado húmido ou muito húmido, por possuir aspecto e complexidade semelhante a florestas tropicais, de aspecto frondoso, verdejante e húmido. Nela encontramos múltiplos estratos de vegetação, sendo normalmente ricos em epífitas (plantas que se desenvolvem sobre plantas), trepadeiras, árvores de folhas largas ou muito largas e rijas, pouco resistentes a excesso de luz ou falta de água, sendo normalmente perenes (folha persistente). A família de plantas que melhor representa todas as características referidas para as florestas Laurissilvas (do latim: laurus, louro + silva, floresta), é a das lauráceas e, nos Açores, a espécie que possuímos dentro desta família é o endémico louro-da-terra (Laurus azorica). Nos outros arquipélagos da Macaronésia, onde também se encontra este tipo de floresta, como a bem conhecida Laurissilva da Madeira, são outras espécies que as compõem, mas igualmente da família das lauráceas.


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Agenda

Jun. / Jul.

SÁB. e DOM. 25 e 26 JUN. cinema O AGENTE DISFARÇADO: TAL PAI, TAL FILHO de John Whitesell Teatro Faialense - 21h30 SÁB. e DOM. 25 e 26 JUN. cinema HOP de Tim Hill Teatro Faialense - 17h -m/4 SEX. 1 JUL. comemorações 178 ANOS DA ELEVAÇÃO DA HORTA DE VILA A CIDADE 10h00 - Inauguração do Jardim Monsenhor Júlio da Rosa (Bairro do Hospital) 18h00 - Abertura das Festas do Mercado Municipal 21h30 - Apresentação do espectáculo “Alice no País das Maravilhas, pelo grupo ”Corpo em Movimento” 23h00 - Baile com o conjunto “Feedback” de SEX. 1 a DOM. 3 JUL. festejos SÃO PEDRO Porto de Castelo Branco SÁB. 2 JUL. feira BAZAR DE RUA Feira de Artigos Usados Praça da República - 9h ás 14h30 comemorações 178 ANOS DA ELEVAÇÃO DA HORTA DE VILA A CIDADE 18h00 - Abertura das Festas do Mercado Municipal 21h00 – XIV Encontro de Música Tradicional do Concelho da Horta com a actuação dos seguintes grupos: - Grupo de Cantares Ilha Azul - Grupo de Cantares Saca Sons - Grupo de Cantares Terra Nostra 24h00 – Baile com o conjunto “Feedback” festejos SÃO PEDRO DOS FLAMENGOS 19h30 – Sardinhas grátis 21h00 – Grupo Folclórico dos Flamengos seguido de Chamarritas 22h00 – Grupo Folclórico do

Salão seguido de Chamarritas 23h00 – Grupo Dixie Band 24h00 – baile com Turma do Rodeio

ballet REGRESSO AOS ANOS 60 Espetáculo dos Alunos de Ballet do Conservatório Regional da Horta Porfessora Aline Despres Teatro Faialense - 21h30

DOM. 3 JUL. comemorações 178 ANOS DA ELEVAÇÃO DA HORTA DE VILA A CIDADE 18h00 - Abertura das Festas do Mercado Municipal 21h00 –Grupo “Horta, Mar e Fado” 22h00 - Grupo de Chamarritas das Angústias 23h30 – Encerramento das Festas do Mercado Municipal

Gatafunhos

Tomás Melo

festejos SÃO PEDRO DOS FLAMENGOS 20h00 – Sociedade Filarmónica Nova Artista Flamenguense 21h00 – Grupo Folclórico e Etnográfico de Pedro Miguel e Chamarritas comemorações 178 ANOS DA ELEVAÇÃO DA HORTA DE VILA A CIDADE 12h00 - Lançamento da nova marca comercial da Loja do Triângulo (Mercado Municipal) 20h00 - Reabertura da Galeria de Personalidades em Retrato no Salão Nobre (Paços do Concelho) 20h30 – Sessão comemorativa do Aniversário de Elevação da Horta a Cidade (Salão Nobre dos P. do Município) TER. 5 JUL. comemorações 178 ANOS DA ELEVAÇÃO DA HORTA DE VILA A CIDADE

19h30 - Inauguração do Pavilhão Desportivo de Castelo Branco Programa Náutico 10h00 – Regata Internacional de Botes Baleeiros (Vela masculinos/ femininos) (Baía da Horta) 15h00 - Regata Internacional de Botes Baleeiros (Remo masculinos/ femininos) (Baía da Horta) QUA. 6 JUL. animação À QUARTA O PALCO É SEU com Nádia Cabral, Gonçalo Rodrigues e Grupo de Dança Praça do Infante - 21h30 SEX. 8 JUL. filme PAN de Henning Carlsen Biblioteca Pública - 21h30


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