79 NOVEMBRO ‘12
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Não é com cortes que se desatam nós
O BOLETIM DO QUE POR CÁ SE FAZ MENSAL / DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
2. Fazendo Editorial
O Conde de Abranhos de visita às Ilhas Fazendo - Direcção “Proposta legislativa vai tentar resolver situa-
Aurora Ribeiro
ção dos mendigos” era o título da notícia publicada
Tomás Melo
na página 5 do jornal Açoriano Oriental, no dia 14 de outubro de 2012.
Coordenadores
Pelo corpo da notícia ficámos a saber que a Associa-
Albino
ção Ilhas em Movimento “vai apresentar uma pro-
Carla Cook
posta legislativa no sentido de obrigar as pessoas a
Carlos Alberto Machado
não praticarem atos de vadiagem e mendicidade”.
Fernando Nunes
Registe-se a subtileza: não se escreve proibir mas
Filipe Porteiro
sim obrigar a não praticarem.
Helena Krug
O líder da Associação Ilhas em Movimento (AIM),
Lídia Silva
o advogado Ricardo Pacheco, esclarece: “O que nos
Pedro Gaspar
propomos a desenvolver prende-se com a suscetibi-
Pedro Afonso
lidade de constituir ilícito penal os atos de vadiagem e mendicância, atento o atual estádio de justiça
Estado um tecto contra a chuva e um caldo contra
Capa
constitucional”.
a fome. O pobre devia viver ali, separado, isolado da
Petra Bartenschlager
Na parte final do artigo pode ler-se: “a AIM conside-
sociedade, e não ser admitido a vir perturbar com
ra que está em causa uma questão de saúde públi-
a expressão da sua face magra e com narração exa-
Colaboradores
ca, da imagem que os Açores passam aos turistas
gerada das suas necessidades, as ruas da cidade”.
Andreia Gouveia
e das boas regras da convivência social, até “por- “E as classes dirigentes, tendo a certeza de que os
Beatriz Rosa
que ninguém gosta de andar em artérias públicas
seus pobres lá estão, bem aferrolhados, com uma
Carla Dâmaso
e presenciar comportamentos e práticas desagra-
razoável enxerga e um caldo diário, podem dormir
Carla Gomes
dáveis”.
descansadas, sem receio de perturbações da ordem
Cristina Lourido
Esta problemática já tinha sido objeto da atenção
ou de revoltas do pauperismo”.
Genuíno Madruga
do Conde de Abranhos, Alípio Severo de Noronha
Quem sabe se não poderão as ideias do Conde de
Gonçalo Tocha
Abranhos, nascido em 1826 - vão completar-se 186
Abranhos contribuir para que a Associação Ilhas em
Júlio Correia da Silva
anos no dia de Natal deste ano. Problema já antigo,
Movimento aperfeiçoe a sua proposta?
José Luís Neto Luís Henriques
pois. De facto, “a pobreza e os seus aspectos era-lhe odiosa”. ““Isole-se o pobre!” dizia ele um dia na Câ-
Nota: O pensamento do Conde de Abranhos relati-
mara dos Deputados, sintetizando o seu magnífico
vamente aos pobres e à mendicidade está aqui ex-
Pedro Lucas
projecto para a criação dos Recolhimentos do Traba-
posto através de transcrições do romance “O Conde
Ruth Bartenschlager
lho”. “Nestas instituições, os pobres receberiam do
de Abranhos” da autoria de Eça de Queirós.
Verónica Alves
Miguel Machete
Victor Rui Dores Júlio Correia da Silva
Design e Grafismo Mauro Santos Pereira
Capa
www.comunicaratitude.pt Revisão
Petra Bartenschlager
Carla Dâmaso Propriedade
O Trouvée - Um objecto que permite cruzar novos
Petra Bartenschlager, nascida 6.11.1960 em Munique/
contextos ou criar associações novas.
Alemanha
Associação Cultural Fazendo
1979 - 82 Formação de Carpintaria
Sede
1985 Academia International em Salzburgo
Rua Conselheiro Medeiros
constelação nova eles inspiram-me a contar novos
1994 - 95 Escola do Maestro Innsbruck/ Austría
nº 19 — 9900 Horta
contos.
Várias exposições com o Collectivo das Mulheres do Isartal
Persiste um fascínio sobre objectos que parecem mortos, sem utilização, inanimados. Mas numa
Às vezes sento-me num café observando as pessoas, e imagino as histórias que cada uma carrega
Periodicidade Mensal
consigo. O que deu origem aos contos entre as “peças de corda”. Eles tornaram-se pares de amor, de instru-
Tiragem 500 exemplares
ção ou de discussão. São histórias inventadas por mim e para o espectador que, se calhar, através de outro olhar, sugere
Impressão Gráfica O Telégrapho
outras novas histórias. Assim, sinto que a Arte é, muitas vezes, um espe-
As opiniões expressas
lho das nossas emoções, quer espelhe as emoções
nesta edição são dos autores
do artista quer as do espectador.
e não necessariamente da direcção do Fazendo
.3 79 NOVEMBRO ‘12
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Horta – Cidade Educadora Fazendo Actualidade
A cidade pode ser “intencionalmente” educadora.
envolvimento da população para que ela assuma, de
Uma cidade que educa fá-lo quando, além das suas
forma atrevida, o controle social da sua cidade.
tecta cenários, concentra sensibilidades e vontades bem-humoradas. Acumula alegria, prazer, leveza, in-
funções tradicionais – económica, social, política e
A cidade educadora integra, é tolerante e flexí-
conformismo criativo e aprende a aceitar e respeitar
de prestação de serviços – exerce uma outra função
vel. Surpreende, cativa, deslumbra pelo seu patri-
o que o desassossego das intervenções, unidas pelo
cujo objectivo é a formação para e pela cidadania,
mónio, tecido urbano, áreas verdes, janelões de luz,
acaso, quisera ser ou ter sido na alma da cidade.
promovendo e desenvolvendo o protagonismo de
paredes tortas, cores inesperadas. Problematiza,
Talvez falte, simplesmente, uma nova atitude
todos/as. Enquanto educadora, a Cidade é também
questiona-nos e reconstrói o olhar diferenciado
cidadã. Mas este “simplesmente” é muito… É tudo!
educanda.
em percursos inspirados onde o Encontro acontece.
Pequenas acções que nos encorajam a exigir, querer,
Quantas histórias no avesso dos lugares!
desejar, formular.
Habitar a cidade é comprometer-se a reflectir e participar na estrutura e gestão do seu espaço
As cidades falam de si próprias, preservam a sua
Viver a cidade é andarilhá-la, parar a conversar
público (ambientes cuidados e qualificados), nos
memória e transmitem identidade às gerações que
com as pessoas, sentar a sentir as flores, a maresia,
valores que esta fomenta, na qualidade de vida que
chegam. É nos espaços informais de educação que
cafézar com os amigos no passeio, apropriar-se dos
oferece, considerando: as suas ruas e praças, as
as (re)visitamos, bisbilhotando, deixando-nos levar,
cheiros, dos sons, dos sabores, dos espaços. Apre-
suas árvores e pássaros, o cine-teatro, a biblioteca,
recolhendo impressões, ilustrando os passos por
ciar a jóia na paisagem — Pico.
o castelo, a Assembleia regional, os seus cafés e res-
curiosidade e paixão. Seja: museu, mercado, Casa
taurantes, as suas igrejas, as suas empresas e lojas,
de chá, lojas com exposições de fotografia, coreto/
o seu porto e praia, a baía… enfim, toda a vida que
palco no jardim, cais com poesia, Banco de artistas,
pulsa na cidade.
itinerário do Monte da Guia.
Por não ser uma tarefa “espontânea” das Cida-
A Horta é uma cidade de conjugações imaginadas
des, estala-nos a atenção sobre a vontade política
ao longo da história, oscila entre ambientes aristo-
para instaurar a cidadania plena, activa, estabelecer
craticamente decadentes, o chão-salgado dos ba-
canais permanentes de comunicação e incentivar o
leeiros e a actualidade. Regenera os arrepios, arqui-
Até o basalto dar flor, a Horta pode ser esta Cidade. Cristina Lourido
4. 79 NOVEMBRO ‘12
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Entrevista a António José Saraiva
Fazendo História
Poderia alguém aceitar o raciocínio simplista de
Então acha que desde Camões não há cultura
Mas será um defeito no carácter do português?
que as moscas possuem espírito universal por-
em Portugal?
Apenas digo que os Portugueses não podem ser um recanto escuro, uma falha da inteligibilidade do
que se espalharam pelo mundo inteiro? — per-
O século XVII português oferece-nos um espetáculo
gunta António José Saraiva, em entrevista concedi-
de uma cultura frustrada, vazia de experiência e de
Universo, e denuncio como insuficientemente lógica
da ao Fazendo.
intelecto, em que as palavras chamam as palavras;
e insuficientemente humana qualquer doutrina que
Há anos atrás, um dos maiores antropólogos por-
uma espécie de delírio manso, calmo, convicto, in-
o afirme.
tugueses já existentes, Luís Lopes, confidenciou
corrigível e fixo. Quem quer que pode abarcar no
que “os mortos bem conversados, dizem mais do
seu conjunto a actividade mental do Padre António
Propõe, então, que os criadores culturais devem
que a maior parte dos vivos”. Evidentemente falava
Vieira não pode deixar de se pasmar com o incrível
autonomamente assumir o combate social?
de análise e interpretação de esqueletos. Estava eu
dispêndio de argúcia, dialética e energia na demons-
Há um problema da cultura em Portugal de que hoje
ainda a dar os primeiros passos na arqueologia. Se
tração de chinesices como as profecias do Bandarra.
temos consciência cada vez mais nítida, mas que
se podiam pôr esqueletos e cacos a falar, também
Ora, se bem observarmos, um estado de espírito co-
antes de nós foi repetidamente posto. O baixo nível
o poderíamos fazer com as múmias da cultura por-
letivo precede Vieira e o século XVII: o sebastianis-
da massa portuguesa. A elevação e eficiência dos ór-
tuguesa, cobertas de pó e arrumadas no sótão do
mo. E o que vem a ser o sebastianismo? Note-se bem:
gãos dirigentes de qualquer grupo depende, em últi-
esquecimento, na esperança de que oiça a sua voz,
é a esperança num milagre salvador (que não veio,
ma análise, do nível médio desse grupo. Ora com um
quem não fôr surdo. Um desses esqueletos do armá-
afinal…); a desesperança nas próprias forças, na
nível médio extremamente baixo, como queremos ter dirigentes esclarecidos? Em primeiro lugar, não
rio da tumba nacional é António José Saraiva, marco
própria habilidade e na própria razão; a convicção de
da cultura portuguesa, nomeadamente da literária,
que problemas não se resolvem por meios humanos
há uma base suficientemente larga para recrutar
do Século XX. Em 1946, estando a lecionar no liceu
e lógicos; de que não há razão dentro das coisas, mas
esse pessoal dirigente; em segundo lugar, o controle
de Viana do Castelo, publica o “Para a História da
unicamente acasos, milagres. Dir-se-ia que o portu-
dele não pode ser feito satisfatoriamente, dado que
Cultura em Portugal”. Quase 70 anos decorridos,
guês desiste de pensar e que o lume do logos o aban-
esse controle compete ao cidadão, e o nível deste é o
a ele retornámos para lhe colocar algumas questões
donou completamente. No meio deste mundo alegó-
que sabemos. Enquanto, pois, o nível médio não su-
prementes e atuais.
rico e milagroso por ele criado, Ulisses atravessou as
bir suficientemente é inútil qualquer esforço.
portas de Hércules e veio sossegadamente aportar Hoje temos ativa a geração mais qualificada de
ao estuário do Tejo, terra fresca e agradável, onde
Então propõe que nada se faça, que aceitemos
toda a história portuguesa, mas parece total-
se esqueceu da fiel Penélope e fundou uma cidade:
e emigremos?
mente impotente face à crise que atualmente
é assim que, com toda a sisudez, Bernardo de Brito
Quer isto dizer que o problema nacional tem de co-
se vive. O que justifica isso?
narra a fundação da cidade de Lisboa. E compreen-
meçar a ser resolvido pela base. Quer-se primeira-
Todos sabemos que em Portugal o ensino universitá-
de-se, neste mundo donde o logos se ausentou, que
mente uma população de cultura média suficiente-
rio é uma convenção. Existe com o nome de Univer-
um herói homérico, filho de uma deusa pagã, se en-
mente moderna. Mas aqui põe-se outro problema:
sidade um organismo dispensador de diplomas in-
contre assim envolvido na história autêntica de um
Como pode ser elevado o nível cultural de uma po-
dispensáveis ao exercício de determinadas funções.
povo por cuja sorte se interessará Cristo em pessoa,
pulação esfomeada? Como pode o nível cultural ser
A Universidade está destinada a ser ultrapassada
transformado em dispensador de milagres. Ora este
alto onde o nível económico é baixíssimo? Há, por-
pelos acontecimentos. Já hoje ela é uma pequena
estado coletivo, a que chamei de sebastianismo teve,
tanto, preliminarmente, problemas de aparelhagem
ilha resistindo com tenacidade à nova ordem das coi-
ao que parece, causas históricas determináveis.
sas e à nova cultura correspondente para a qual não está preparada.
técnica, de aproveitamento de recursos naturais e de redistribuição de riqueza a resolver. É, portanto,
Isso foi no Século XVII, mas estamos no XXI.
uma equação a três termos: elite – massa – condi-
Acha que a nossa cultura ainda é sebastiânica?
ções de vida. Da variação de cada um destes termos
Então, o problema português é um problema
Este sentimento das antinomias conduziu sabe-se
depende a variação dos outros dois. E só deste ponto
das suas elites ou da cultura?
a quê. Uma prosa quase perfeita serviu então para
de vista teremos probabilidades de compreender ca-
Ora qual é a massa representada na chamada elite
dar expressão a um curioso estado de infantilida-
balmente o problema da viabilidade de Portugal que
portuguesa? Poderia alguém aceitar o raciocínio
de mental. Acaso a história se repetiu. Agora, o D.
a nossa história tão repetidamente oferece.
simplista de que as moscas possuem espírito uni-
Sebastião falta-nos, e caímos na escuridão irreme-
versal porque se espalharam pelo mundo inteiro?
diável. Condições variadas têm levado até hoje os
As perguntas são nossas, as respostas são excer-
A história da cultura poderia ser encarada como
Portugueses a naufragarem numa ou noutra forma
tos fiéis do “Prólogo” e “O português e o universa-
uma série de tentativas – algumas realizadas, qua-
de sebastianismo e a desistirem de levar até ao fim
lismo” de “Para a História da Cultura em Portugal”
se todas frustradas – para acender dentro da vida
uma atitude crítica, isto é, uma atitude que dispense
de António José Saraiva, 1946.
colectiva o lume do logos. Há condições históricas
os D. Sebastiões, todos os deuses, todos os génios –
mais propícias do que outras. Talvez que o próprio
a única atitude indomavelmente humana, de inicia-
facto histórico da expansão mundial (donde certos
tiva. Se desistirmos, inventamos um D. Sebastião ou
concluem, simplisticamente, o nosso universalismo)
um absoluto que simplesmente suprime o problema,
tenha criado condições que frustraram o acender-se
negando a inteligibilidade das coisas.
a chama. Há uma estagnação na vida mental portuguesa a partir da segunda metade do século XVI. Há lume de logos na poesia de Camões.
José Luís Neto
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Observatório do Mar dos Açores Uma Mão Cheia de boas razões para Observar o Mar em Novembro Andreia Gouveia, Beatriz Rosa, Carla Dâmaso e Carla Gomes — www.oma.pt
Durante o mês de Novembro o OMA tem o prazer de apresentar uma agenda de acontecimentos sobre a
2. “Oásis” - Exposição de Fotografia Subaquática de Nuno Sá
Fazendo Ciência
4. Ciclo de palestras “Comunicar o Oceano nas mãos da Ciência”
temática do mar para todos os gostos e idades. Em vários espaços da Cidade Mar, poderá visitar o mar
Os Açores...nove pontos verdes na imensidão do
Este ciclo de palestras pretende promover a discus-
dos Açores nas mais variadas vertentes. Aqui fica o
oceano Atlântico, as mais Oceânicas e remotas ilhas
são entre especialistas de diferentes áreas de divul-
cardápio do que temos para lhe oferecer: um convite
do Atlântico Norte. A sua localização torna este gru-
gação científica e cruzar diferentes perspetivas en-
para a contemplação mas também um desafio à sua
po de ilhas num autêntico Oásis de vida num imenso
tre casos de estudo nacionais e regionais. Os painéis
participação!
deserto azul para a grande quantidade de espécies
temáticos vão de encontro a temáticas pertinentes
marinhas que anualmente embarcam em travessias
que suscitarão debates e reflexões sobre a Comuni-
1. “O Canto da Cagarra”
Atlânticas. A exposição “Oásis” não é mais do que uma pe-
O OMA abre ao público a exposição temática intitu-
quena amostra de momentos captados na imen-
lada “O Canto da Cagarra” que aborda quatro gran-
sidão do mar que rodeia este arquipélago. Retrata
des temas: Ecologia e História Natural, Investigação
algumas espécies bem conhecidas pelos seus habi-
Científica, Gestão e Conservação e a Rota da Cagarra.
tantes e por amantes da natureza que anualmente
Visa dar a conhecer esta ave marinha emblemá-
procuram estas ilhas, bem como acontecimentos
tica, contribuindo de forma sustentada para a sua
marinhos únicos de rara beleza que o autor teve o
conservação. Enquadrada na iniciativa “A Rota da
privilégio de testemunhar. Muitas destas imagens
Cagarra”, consiste num roteiro turístico com suges-
são fruto de incontáveis horas no mar, no entanto os
cação do Oceano e a partilha de conhecimento com a comunidade em geral: — Quais as estratégias atuais para comunicar para públicos diferenciados? — Como iniciar um ciclo crítico à divulgação científica que é feita? — Qual o papel da imagem na comunicação do Oceano? — Qual o papel dos Centros de Ciência na Divulgação Científica?
tões sobre bons locais para observar e ouvir estas
segredos dos Mar dos Açores são tantos e tão pro-
Esta iniciativa é organizada pelo OMA, na sua va-
aves nas ilhas do Pico e Faial. A partir de terra é pos-
fundos que o objectivo de os revelar e dar a conhecer
lência Centro de Ciência, tem como parceiro o Depar-
sível observar as cagarras no mar, as aves só voltam
se torna um desafio inalcançável.
tamento de Oceanografia e Pescas da Universidade
ao ninho ao anoitecer, provavelmente para evitar os
Nuno Sá é fotógrafo profissional desde 2004.
predadores, e ao final da tarde é possível avistá-las
Especializou-se em fotografia de vida selvagem de
Ciência, Tecnologia e Equipamentos. Terá lugar no
a partir de pontos de observação elevados. Ao anoi-
temas marinhos. http://www.photonunosa.com/
auditório do DOP/UAç nos dias 23 e 24 de novembro
tecer as suas silhuetas começam a perscrutar terra e ouvem-se os primeiros cantos: uma experiência
3. Campanha Limpa(a)Fundo
peculiar e inesquecível para quem os ouve pela primeira vez.
dos Açores e é apoiada pela Secretaria Regional da
(14h às 18h) e é sujeito a inscrição prévia gratuita. Participe! Programa Detalhado a Divulgar Brevemente
Com o propósito de mostrar à população local que
A cagarra (Calonectris diomedea) é a ave marinha
a classe piscatória também está preocupada com a
mais abundante dos Açores. Estima-se que nidifi-
poluição marinha, o OMA, juntamente com a Asso-
5. Experimentário da Biodiversidade Marinha dos Açores
quem entre 100 a 200 mil casais, correspondentes
ciação de Espécies Demersais dos Açores – APEDA
a cerca de 75% da população da subespécie e 60%
- irão organizar uma Campanha Limpa (a) Fundo, des-
A Biodiversidade pode ser definida em termos de
da população mundial da espécie, classificada como
ta vez no Porto de Pesca da Horta. Com esta acção
genes, espécies e ecossistemas, e é vulgarmente
vulnerável na Europa, por estar ameaçada pela pes-
pretende-se sensibilizar os jovens, a população local
usada para descrever o número e variedade de or-
ca (Mediterrâneo) e pela destruição dos seus habi-
e em particular a comunidade piscatória que são os
ganismos vivos.
principais utilizadores da zona em questão. Hoje em
A presente exposição utiliza a Ciência como um
Durante a campanha SOS Cagarro a exposição
dia os pescadores estão mais sensíveis ao problema
instrumento de investigação e de compreensão do
tats nos locais de nidificação. pode ser visitada na Casa do Parque — Monte da Guia
da poluição marinha e por isso iniciativas como esta
mundo. O seu objetivo geral é abordar as diferentes
— que funcionará como ponto de encontro e como
constituem uma mais valia para uma melhor com-
dimensões da Biodiversidade nesta perspectiva, ob-
espaço de recepção, marcação e manuseamento de
preensão dos efeitos do lixo quando é deitado ao
servando a dimensão micro e macro do Oceano. Nes-
cagarros, até ao dia 15 de Novembro.
mar. É importante que a sociedade se aperceba do
te espaço para todas as idades decorrem oficinas
crescente interesse da comunidade piscatória nes-
científicas e os participantes aprendem os segredos
tes assuntos, e assim desmistificar a ideia de que os
que a Biodiversidade Marinha tem por desvendar.
profissionais da pesca não se preocupam com a conservação do meio marinho. Esta campanha irá realizar-se no âmbito das comemorações do Dia Nacional do Mar, dia 17 de Novembro, pelas 10 horas.
6. 79 NOVEMBRO ‘12
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Troca de Galhardetes Nesta edição Pedro Lucas, de “O Experimentar na m’incomoda” fala de “É na Terra não é na Lua” de Gonçalo Tocha. Na próxima edição será Gonçalo Tocha, realizador de “É na Terra não é na Lua” a falar de “O Sagrado e o Profano”, novo disco de “O Experimentar na m’incomoda”.
Fazendo Arte
O filme foi lançado em DVD numa edição especial com 20 extras. O disco é lançado na sexta dia 9 no Teatro Faialense com convidados especiais. Há cerca de um ano, no final da sessão de apresentação do “É na Terra, não é na Lua” no Festival Copenhagen DOX, um dinamarquês comentava com o Gonçalo Tocha e a plateia sobre o quão inóspita e surreal era aquela ilha do Corvo e as personagens que lá habitavam. Que um tipo do norte da Europa fique muito admirado com aquele quadro não me surpreendeu, mas a situação curiosa acontece de seguida com duas portuguesas à minha frente na audiência que, de soslaio, apressam-se a responder que “aquilo” é o que se encontra em qualquer aldeola do interior de Portugal. É? Talvez. Na realidade toda a terriola tem as suas peculiaridades, mas umas têm mais que outras, e o Corvo, não me lixem, tem tudo para bater a compe-
uma discussão com o taxista por causa de um recibo e meia dúzia de olhares de esguelha pela vila. Serve isto para dizer que ir para o Corvo de câma-
vão sendo revelados outros detalhes sobre a ilha e daqueles que nela vivem. Desses pedaços de me-
tição. Os jogos políticos da funcionária da queijaria,
ra na mão tentar documentar “tudo” o que ilha tem é
mória individual vamos imaginando essa comunida-
o sucateiro que “até tem umas coisas para fazer
empresa para gente tesa. No Corvo, ou por exemplo
de onde toda a gente conhece pelo nome os bocados
mas não lhe apetece nada” ou as amarguras de um
na Fajã de Santo Cristo em S. Jorge, o isolamento em
de verde e azul à sua volta, e onde o cinzento é visita
forasteiro que foi esconder as suas angústias para
pequenas comunidades normalmente cria uma ex-
constante. A natureza, mais austera que idílica, se-
o sítio mais recôndito que encontrou podiam bem
periência social muito reservada, difícil de penetrar
para as várias partes do filme e vai-nos dando a per-
ser noutro recanto do país, até noutro país, mas
e susceptível às não raras crispações “internas”. O
ceber os limites físicos da ilha.
nunca com os mesmos contornos e nunca com um
desafio de captar essas pequenas dinâmicas, das
“É na Terra não é na Lua” é uma ideia megalóma-
contexto social, histórico e geográfico tão singular.
melhores às não tão boas, e criar um documento
na e bonita: filmar tudo o que há para filmar numa ilha, “todas as casas, todas as pessoas” dizia o rea-
Conheceram a “local shop for local people” da
genuíno (mais do que fiel) daquela comunidade só
Liga de Cavalheiros Extraordinários? Aparte os des-
se ultrapassa com uma curiosidade verdadeira e res-
lizador na apresentação do filme. Se o fez? Presumo
varios sexuais da dona, a minha (muito superficial)
peitadora, sem o pretensiosismo fácil de se tentar
que sim. A nós chega-nos o resumo dessas imagens
visita ao Corvo há uns 7 ou 8 anos deixou-me a im-
passar por um deles ou o paternalismo sobranceiro
numa viagem profunda a esse universo que durante
pressão de estar a visitar a versão lusitana dessa
de bimbos citadinos. E essa genuinidade encontra-
3 horas nos vai mantendo agarrados ao ecrã, entre
loja — eu era um forasteiro e o facto de lá poder ir
mo-la em “É na Terra, não é na Lua”.
respirações reflectivas e picos de maior intensidade,
deixar dois ou três trocos de turista não compen-
Dona Inês, misto de afabilidade de avó e esperte-
ora com humor ora com emoção. Um documento fei-
sava a invasão de território. Há uma ilha pequena
za crua de quem já leva uns anos disto, vai cozendo
to com conteúdo e sensibilidade, e com o estoicismo
e bonita, uma vila pitoresca com ruas que não fica-
um gorro do Corvo ao longo do filme. O gorro ganha
de criar algo para além da efemeridade, e este filme
riam envergonhadas ao pé dos labirintos de Alfama,
forma e serve-nos de mapa cronológico das filma-
vai ficar na memória.
mas, do contacto com as pessoas lembro-me da má
gens, as mãos da D. Inês e a sua casa acolhem-nos
vontade em nos vender 3 papo-secos na padaria,
de forma cada vez mais familiar à medida que nos
pedro lucas
.7 79 NOVEMBRO ‘12
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A barquinha feiticeira
Fazendo Arte
Há cantigas que pela sua toada nos-
pegadas”, ou dos “romances rimados”. -nos para uma qualquer cançoneta ou
uma rapsódia cantada no Teatro Faia-
tálgica e melancólica não se destinam
Por isso mesmo estamos perante uma
valsinha que terá vindo parar a estas
lense no primeiro quartel do século XX.
ao “bailho” mas ao canto e, por conse-
canção que não será de criação local.
ilhas. Em terceiro lugar porque a le-
Conclusão: como a “Barquinha fei-
guinte, não fazem parte dos chama-
E isto por três ordens de razões. Em
tra revela uma poeticidade elaborada
ticeira” não é referida pelos nossos
dos “bailes de roda”. É o caso da can-
primeiro lugar porque a cantiga está
e rebuscada.
tiga “A barquinha feiticeira”, cantada
registada no Cancioneiro Popular, de
Júlio Andrade, no seu livro Bailhos,
mais antigos musicólogos, fácil é a
César das Neves, embora com música
Rodas e Cantorias, informa que foi
diferente (sinal da tal criatividade po-
o faialense Constantino do Amaral,
Pico, João Homem Machado avança
pular açoriana de que já aqui falei). Em
professor do ensino primário, a pri-
com a opinião de que a “Barquinha fei-
segundo lugar porque a canção, em
meira pessoa a passar esta cantiga a
ticeira” é uma cantiga do tipo “trovas
compasso 3 por 4 e 6 por 8, remete-
partitura, tendo-a orquestrado para
nas ilhas do Pico e do Faial. No seu livro O folclore da ilha do
conclusão de que não será cantiga de criação local. Victor Rui Dores
Henrique de Faria Uma Nota Biográfica
Fazendo Arte
A única referência biográfica relativa a Henrique
Faria foi mestre de capela nas igrejas lisboetas de
de Faria é nos dada por Diogo Barbosa Machado na
Santa Justa e nos Mártires. També ocupou esse pos-
sua Bibliotheca Lusitana, relatando que este tinha
to na Igreja Matriz de Nossa Senhora de Conceição,
nascido e morrido no Crato (Portalegre) e que tinha
no Crato.
vivido durante a primeira metade do século XVII.
Segundo Barbosa Machado, Faria foi discípulo de Duarte Lobo, sendo um mestre hábil na arte da música. Barbosa Machado também menciona várias obras de Faria existentes na Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Contudo Nenhuma obra de Henrique de Faria sobreviveu até aos nossos dias. No catálogo da biblioteca musical de D. João IV são mencionadas duas obras de deste: um salmo, Lauda Jerusalem, para oito vozes e um vilancico para uma e oito vozes. Luís Henriques www.luiscfhenriques.com
8. 79 NOVEMBRO ‘12
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Duplas Alameda Barão de Roches - 1858 versus 2012
Fazendo Arte
Tomás Melo
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Tão natural como a sede de aprender Residência Artística na Escola de Artesanato de Santo Amaro
Fazendo Arte
...das coisinhas e das coisitas estão nascendo coisas... e coisas... outras coisas, novas coisas! Inês Ribeiro
Foi assim, com naturalidade, ao ritmo de Santo Amaro, esse paraíso entre o mar e a montanha, que cinco jovens artistas vieram aprender as técnicas artesanais das tranças e bordados de palhinha, de escamas de peixe, e utilizá-las para o desenvolvimento dos seus próprios projectos. Uma artesã, um designer, uma arquitecta, uma artista plástica e uma joalheira.
Bruno Carvalho
Ao visitar a escola de artesanato durante esta residência artística percebe-se logo que mais do que uma boa ideia, esta residência é o caminho óbvio a seguir no que ao artesanato regional diz respeito (e porque não a todas as áreas do saber?). A escola ganhou outra vida, a D. Alzira e a D. Conceição também. Como a residência já está próxima do fim, até já estavam era tristes por antecipação.
Patrícia Barbosa
Patrícia Barbosa
Calor humano, troca de tudo, saberes, ideias,
Arquitecta, do Porto, dedica-se à recuperação de
emoções. Intensivo e próximo. E nem só no domínio
móveis e foi nesta área que apresentou o projecto
do artesanato. Coisas antigas, comidas, objectos,
para a Residência: uma namoradeira ligada por tran-
plantas e coisas novas: linguagens, estratégias, for-
ças de palhinha. Se de início contava que a trança
mas. A ocupação do espaço e a comunicação.
tivesse um papel estrutural na obra, o contacto com
Esta gente nova andou a vasculhar, a brincar e a
o material, mais frágil do que imaginara, levou-a a
descobrir um universo criado a quatro mãos. Tudo o
alterar um pouco a ideia original, dando à palhinha
Inês Ribeiro
que existe ali dentro daquelas salas, desde chapéus,
uma carga mais simbólica. Nos estaleiros de Santo
bonecos, candeeiros, tapetes, roupas, flores, e imi-
Amaro pôde complementar a sua aprendizagem e
tações de frutas e legumes é a obra de uma vida de
incluiu nas cadeiras algumas formas, cores e técni-
Designer, de Lisboa, tinha projectado uma luminária
duas irmãs curiosas, hábeis e fazedoras. Objectos
cas herdadas da construção naval.
(vulgo candeeiro) com recurso à escama de peixe,
que servem agora de fonte de inspiração aos novos residentes... Será isto uma inovação muito grande? Não, é
https://www.facebook.com/primeirademao.mobiliario
Susana Caetano de Melo
Bruno Carvalho mas o contacto directo com o material mostraram-lhe que o que tinha projectado não era exequível. Em luta com o processo criativo e com a vontade
simplesmente a forma de aprendizagem mais tra-
Joalheira de Ponta Delgada, já mestre na técnica das
de criar um conceito válido, vendável e rentável, foi experimentando e é de todos o que mais vezes vol-
dicional que existe: mestre-aprendiz. O Centro de
escamas e uma inovadora na aplicação de técnicas
Apoio ao Artesanato (CRAA), promotor da iniciativa,
tradicionais nas suas peças, veio aprender a técnica
tou ao início. Acabou por criar uma forma de forrar
soube, nos dias de hoje, voltar a pôr em prática este
da palhinha, para também a incluir no seu trabalho.
as tradicionais bóias das redes de pesca com esca-
tipo de dinâmicas. E bem.
As assimetrias das suas peças fazem realçar a rique-
mas criando um sofisticado padrão texturado para a
za decorativa da cor e da trama da trança de palha.
base do candeeiro.
https://www.facebook.com/pages/Caetanas/189831781057980?fref=ts
Idalina Negalha
Idalina Negalha
Susana Caetano de Melo
Inês Ribeiro Artista plástica de Leiria, vive em Angra, Terceira,
Artesã da Lomba da Maia, também já mestre em
tem dedicado grande parte do seu trabalho à ilustra-
muitas das tradicionais técnicas açorianas, veio es-
ção, com uma linguagem muito própria, estilizada e
pecificamente para aprender a dificílima técnica do
multicolorida. No seu projecto planeava incluir as es-
bordado a palha no tule. Logo de início as anfitriãs
camas de peixe, que depois de tingidas, são elemen-
lhe disseram que ela havia de se “esmirrar” de traba-
tos coloridos que se integram com perfeição nas
lhar no tule. Não esmirrou mas reconhece que é um
suas criações, trazendo novas dimensões à mesma.
trabalho difícil e que requer muita paciência. O seu
Também fez o contrário, levando algumas das suas
projecto foi o de fazer um vestido de noite com bor-
cores e padrões para as tradicionais flores de esca-
boletas (a sua paixão), mas já tem novas ideias (como
mas, dando-lhes uma cara nova, lavada e fresca.
aliás todos os outros) para utilizar estas técnicas em novas criações.
Aurora Ribeiro
.10 79 NOVEMBRO ‘12
#
What makes Açores
O oceano que rodeia os Açores dá-nos uma mensa-
Em 2012, já não entro em Ponta Delgada como an-
gem de tranquilidade mesmo no Inverno; é selva-
tigamente: pela Avenida Mónaco abaixo sob uma
gem e encantador! Quando, de manhã, passamos
Os Açores têm para mim a dimensão social certa:
pela via rápida e vemos os pastos e colinas verdes
uma comunidade humana em que nem todos se
Rua de Lisboa. Logo a seguir, e voltando à esquer-
cheios de vacas, lembramo-nos que há um Deus
conhecem, mas uma proximidade que nos protege
da na Rua da Vila Nova, subir devagar, como quem
e que existe mais vida para além dos nossos dramas
das solidões metropolitanas. Nem o sufoco dos gru-
bebe o passado, até à casa da minha mãe. Agora
diários. O problema é que os estrangeiros não são
pos fechados, nem o anonimato que nos nega o ser.
quando saio do aeroporto, estou numa autoestrada
dança de nuvens, até desembocar emocionado na
muito bem aceites porque a sociedade é muito fe-
Aqui todos, afinal, viemos de outro sítio qualquer,
europeia. No entanto, mesmo que perdidas algumas
chada, e isso faz com que a ilha se torne um pouco
e longamente descobrimos as nossas histórias, par-
referências, reconheço que estou na ilha e rente aos
triste e melancólica!
tilhando os destinos, as memórias e o esquecimento.
braços do mar. Não sou objetivo, eu sei. Sou emo-
E depois: o mar, obviamente, a luz instável, a vege-
cional. O amor, um grande amor, tem destas coisas.
Eleni Kouris
tação que logo toma conta de qualquer espaço que
A verdade, porém, é que os Açores não são apenas
(grega, empresária, vive nos Açores)
o homem abandona. Os vulcões, os ventos, os dias
as inúmeras vozes dos meus parentes e dos meus
serenos e as chuvas torrenciais. Outras tantas lições
mortos. São também esta aliança de luz e sombra,
É um sítio tão absolutamente diferente. A simpa-
de relatividade: a noção da impermanência que real-
esta catarse, estas lágrimas de pedra que acaricio
tia das pessoas, a topografia da terra, a geografia
ça o valor das existências individuais.
com o olhar na viagem apaixonada pela cidade, pas-
das nove ilhas e a possibilidade de poder escapar
so a passo, redescobrindo em mim as mais inextricá-
totalmente da vida citadina. Além disso, penso que
Cátia Benedetti
o facto de sabermos que estamos tão longe de uma
(italiana, professora e tradutora, vive nos Açores)
plataforma continental tanto a este como a oeste
Eduardo Bettencourt Pinto
faz com que nos sintamos mais separados de tudo,
Paisagens… Pouca gente mas boa gente que nos dá
e torna tudo mais remoto e mais excitante.
comida e boleia… Estar fechado… O mar, baleias… Fajãs e caminhos… E uma amizade que não se esTom Quilty
veis raízes.
quece.
(angolano, escritor, viveu nos Açores)
Os Açores são uma terra de passagem para muitos. Para mim, representam o período em que ganhei a independência verdadeira e só ficando tão longe
(inglês, consultor, viveu nos Açores) François Dalaine (francês, professor, viveu nos Açores)
do meu mundo o podia conseguir. As ilhas ficam impressas na história da minha vida.
O mar, a vida selvagem, as paisagens, a geotermia,
Elena Brindani
o clima com quatro estações num dia, a vida dos ma-
(italiana, pintora, viveu nos Açores)
rinheiros que passam e as suas histórias. Os Açores estão longe de ser as únicas ilhas que estão no meio do Atlântico, mas há qualquer coisa de muito diferente num sítio onde há mais vacas do que pessoas. Irene Sempere (espanhola, bióloga marinha, viveu nos Açores)
.11 79 NOVEMBRO ‘12
#
look like Açores?
(des)Fazendo
A maneira como o sol torna as casas amarelas durante o amanhecer; as colinas e os picos verde-profunResumindo, a característica principal é o isolamento:
do; o Ilhéu da Vila; as hortênsias que cobrem a ilha e
Açores estão à parte do mundo, separados. Vive-
a fazem tão bonita no Verão… à distância parecem
Sempre sonhei viver perto do mar e num sítio onde
mos como que “a fingir”. O que quer que seja que se
minhocas que se alongam, criando túneis pelas es-
pudesse apanhar o maior peixe do mundo. Depois
consiga, o comentário é “está muito bom, assim já é
tradas; a cor do oceano.
fiquei mais velho e o desejo do peixe mudou para
muito bom!” e nada avança para realmente bom. Os
o sonho de encontrar o mais raro pássaro vindo do
Açores são um paradoxo: um paraíso que te permite
continente americano. As paixões fazem-nos ficar
desligares-te do mundo, mas vivendo sempre de-
amarrados a um lugar e nem mesmo o maior tempo-
pendente dele!
ral me podia agora arrancar destes rochedos verdes.
O cheiro do mar… a solidão e a imensidade no mes-
A única razão que me permite conseguir viver no meio do oceano é que vivo em nove pequenos mun-
Anónima identificada (cidadã de Leste, professora, vive nos Açores)
dos e saltar de um deles para os outros permite-me escapar da claustrofobia de cada um. Gerbrand Michielsen (holandês, guia de birdwatching, vive nos Açores)
Emilie Speleman Smith (sueca, empresária, vive nos Açores)
mo instante. Um dia, andando nas ruas de S. Miguel, sentei-me frente ao mar e um senhor começou a falar comigo e disse-me que cada pessoa que de
São um lugar onde o ritmo de vida é mais lento para
alguma forma na sua vida compartilhou aí um olhar,
que se possa aproveitar a natureza que nos rodeia.
uma emoção durante um dia ou um ano, ficará para
Podes aí dar-te conta da imensidade do oceano
sempre nos Açores. Mas também me disse que nas-
e das maravilhas que o habitam. Outra coisa inte-
cer e viver nos Açores pode, para muitas pessoas, ser
ressante destas ilhas é o modo como as tradições
uma limitação… mas na verdade é um privilégio para
e costumes variam de umas para as outras, mesmo
poucos. O que torna os Açores únicos para mim é que
É um povo com bom coração, caloroso e simpático.
no que diz respeito à personalidade – base dos habi-
me deram esse privilégio e mudaram a minha vida
Mas, ao mesmo tempo, percebes que afinal é obriga-
tantes de cada ilha. Cada ilha é muito singular, embo-
para sempre.
do a ser simpático para sobreviver, é uma questão hi-
ra pertença ao conjunto Açores.
pócrita. A “simpatia” alimenta a vida social num meio
A riqueza dos Açores também se mede pela gas-
Davide Alfano
muito fechado e as pessoas usam isso para nunca
tronomia e aí os Açores estão em muito boa posição,
(italiano, músico, viveu nos Açores)
serem odiadas pelos outros – é uma forma conve-
porque têm uma excelente variedade culinária.
niente de existir. A nível profissional, a vida torna-se
A nível pessoal, conheci gente incrível. Não os
muito fácil, porque as pessoas são pouco exigentes,
vejo muito, mas continuam a fazer parte da minha
Um pequeno paraíso em pleno oceano Atlântico,
têm poucos objectivos de vida e dão muita “graxa”.
vida. Quem vai aos Açores, enamora-se das ilhas e
onde cada das 9 ilhas é um caleidoscópio de paisa-
Quanto mais vives assim, mais percebes que não
não as pode esquecer.
gens e gentes com tradições, vivendo em equilibro
é aceitável mas por outro lado já estás adaptado porque se não fizeres o mesmo não sobrevives. A natureza é óptima. Mas, culturalmente, faltam
com uma Natureza muito bela e tão diversa! . Jorge Bonet (espanhol, biólogo, viveu nos Açores)
(em conjunto seguem umas fotos que a própria Sabrina tirou enquanto morava nos Açores)
um teatro de ópera, um ballet e admiro-me como é possível viver assim… Para mim, este choque cultural foi e é enorme. Ninguém cumpre prazos nem horários; as reuniões de trabalho não servem para resolver nada, servem para dizer mal de quem não está e concluir que não podemos modificar o estado geral. Mas o lado positivo é que as pessoas têm um grande sentido de humor e divertem-se com tudo.
Sabrina Steinmuller (belga, fotógrafa, viveu nos Açores)
12. 79 NOVEMBRO ‘12
#
Caleidoscópio
(des)Fazendo
vida sem o contato com várias culturas
Neste sentido convidamos todos a par-
E lá estava eu sentada no silencio
e várias línguas. Aprendi com o tempo
tilhar connosco este novo encontro
e um pianista, numa viagem lúdica
da minha casa no Capelo em frente ao
que a outra cultura mostra-me a re-
entre a cultura portuguêsa e a cultura
e divertida, atravessam alguns dos
vulcão, perto do pedacinho de terra
latividade da minha própria cultura e
alemã. E não tenha medo, o espetáculo
pontos altos da cultura alemã, desde
mais novo de Portugal a mergulhar-me
encontro na cultura do outro às vezes
é pensado para todos os públicos, há
a Idade Média até aos dias de hoje.
nos traços de cultura alemã que podia
partes de mim que a minha cultura não
muitos textos em português e é uma
juntar aqui mesmo na ilha, no livro de
deixava vingar.
É um ensaio de teatro onde cinco personagens, três atrizes, uma cantora
espetáculo sobre a cultura germânica.
bela oportunidade para ouvir a língua
com Anabela Morais, Ruth Bartenschlager ,
historia de literatura guardado desde
Na peça “Caleidoscópio” colaboram
alemã através de exertos escritos
Verónica Alves, Sónia Machado,
o tempo do liceu, nos livros da minha
cinco pessoas de quatro nacionalida-
pelos mais famosos escritores e ouvir
própria biblioteca, foi procurar infor-
des. Imagina a riqueza e por vezes a
lindíssimas peças de canto e de música.
mações no Goethe-Institut de Lisboa,
confusão! Não pensamos da mesma
Agradecemos às entidades que
amigos trouxeram-me textos e parti-
maneira! Não fazemos as coisas de ma-
permitiram a realização destas novas representações: o Goethe-Institut de
Marcello Guarini
Retalhos, detalhes, juntar pedacinhos de muitas cores e tece-los numa manta
turas da Suiça e da Alemanha e percorri
neira igual! E os contratempos no uso
de sentidos cheia de força e de beleza,
o espolio da nossa biblioteca à procu-
da língua! Aprender em conjunto, com
Lisboa, a Direção Regional das Comu-
polvilhar o todo com um forte espirito
ra de textos traduzidos e sobretudo
espirito de profissionalidade, usando
nidades, a Biblioteca Pública ARJJG e a
de humor inspirando-me de um dos
reflecti muito sobre as diferenças e
cada um os seus dons e saberes artis-
ESB Cardeal Costa Nunes da Madalena
mais conhecidos humoristas de lingua
semelhanças das duas culturas. Assim
ticos....que bela escola de vida!
do Pico.
nasceu com o precioso e professional
O resultado deu prazer aos espe-
Era em 2009, estava então a es-
contributo dos meus colaboradores-
tadores. Lutamos para dar continui-
As representações são na ESB Ma-
tudar canto no nosso conservatório
-artistas a peça de teatro “Caleidoscó-
dade a este projeto. Pensamos que as
dalena dia 08 de nov. às 14h30 e na Bi-
e através da música recontatei com a
pio” que foi representada pela primeira
criações locais deviam ter uma vida
blioteca de Horta dia 09 de nov. às 21h.
minha bela língua materna, o alemão.
vez em 2010.
mais longa e expandir–se pelas ilhas
alemã Wilhelm Busch.
Dr. Luis São Bento, diretor da Biblioteca
Sou uma pessoa apaixonada pela
da Horta desafiou–me a escrever um
interculturalidade. Não imagino uma
vizinhas, rentabilizar melhor o investimento inicial.
Veronika Scholer Brasil Alves, de origem suiça, vivendo no Capelo deste 1985
Pensando Saúde
Fazendo Saúde
O yin e o yang — os dois princípios da
Saúde é o estado e, simultaneamente,
natureza — e as quatro estações são
a representação mental da condição
o princípio e o fim de tudo e são igual-
individual, o controlo do sofrimento,
mente a causa da vida e da morte.
o bem-estar físico e o conforto emo-
Os que respeitam as leis do Universo
cional e espiritual.
permanecem isentos de doenças peri-
(Ordem dos Enfermeiros, 2001)
gosas, pois a eles foi concedido o Tão. (Imperador Amarelo, reinou entre 2698 AC a 2599 AC)
Saúde é o que nos faz bem. Coisas… que nos fazem bem. É o nosso bem. (António Ramos, 9 anos, 2012)
Saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas
Construir uma vida saudável implica
a ausência de doença.
em adoptar certos hábitos - como é o
(Organização Mundial de Saúde, 1948)
caso da actividade física e da alimen-
A saúde é o objectivo social mais im-
ou situações adversas; e também es-
tação saudável - enfrentar condições portante a nível mundial e que requer
tabelecer relações afectivas solidárias
uma acção efectiva de muitas outros
e cidadãs, adoptando uma postura de
sectores sociais e económicos.
ser e estar no mundo com o objectivo
(Conferência de Alma-Ata, 1978)
de bem viver. (Miguel Gomes, Professor Universitário,
A saúde foi definida como o processo
2012)
de capacitar as pessoas a aumentar o seu auto controlo e a promover a sua
Saúde é tudo de melhor que há para
saúde. Novo alento a uma metodolo-
o ser humano. È uma riqueza muito
gia em saúde de base salutogénica
importante.
em alternativa a uma abordagem patogénica. (Carta de Ottawa, 1986)
(Ema Porto, doméstica, 84 anos, 2012)
.13 79 NOVEMBRO ‘12
#
Cartas do Exílio V
Fazendo Viagens
Ainda no comboio, parece que já pas-
saportes, homens que ladram, equi-
à entrada abre-se um mundo novo, o
ouve-se um anúncio em chinês e em
saram semanas…
pados com lanternas e cães (que tam-
cinzento é substituído pelo dourado,
inglês:
A cada 4 horas paramos para abas-
bém ladram) e que fazem uma busca
as básicas e quase inexistentes deco- “Welcome to the People´s Republic of
tecer com provisões vendidas pelas
completa, desmontam tectos falsos,
rações transformam-se em entalhes
China. After passport formalities you
mulheres locais nas estações:
cada cama e sanita é virada de cima
ornamentais de madeira, nas paredes
are allowed to step off the train and
Pickles, rabanetes, frango grelha-
abaixo, cada mala aberta… em segre-
há figuras de bronze penduradas e os
enjoy you happiness in our beautiful
do, a obrigatória beterraba e, natural-
do rezo pelos mongóis e pela sua mer-
pés das mesas têm a forma de instru-
train station.” **
mente (claro) a Vodka, mais barata do
cadoria escondida.
mentos musicais; cortinas de seda,
Mas uma vez dentro da estação fo-
Quatro horas depois recebemos
toalhas de mesa de linho, mas o mais
mos forçados a ficar 3 horas sentados numas cadeiras plásticas, rodeados
que o vinho, a cerveja e a água… Em Ulan Ude a carruagem do res-
os nossos documentos e partimos,
significante é o sorriso dos emprega-
taurante fica para trás - ninguém ver-
só para parar 10 minutos depois mais
dos, largo como um horizonte.
te uma lágrima.
uma vez, no meio do nada. Soldados
A partir daí começa o deserto de
por flores plásticas, à procura da felicidade.
Aqui os russos já não parecem rus-
saem pelos arbustos ao lado dos car-
Gobi. Não é um deserto de areia tipo
*Tumbleweed – traduzindo à letra:
sos mas mongóis - bochechas verme-
ris e estão agora a controlar a parte
Sahara mas estepes de relva seca (só
“erva que rebola”. É o nome genérico
lhas, caras redondas e morenas com
de baixo da carruagem. Vinte minutos
fica verde no verão). E é impressio-
(em inglês) para uma parte de certas
sorrisos simpáticos.
depois chegamos à entrada oficial da
nante pelo seu vazio, só às vezes pas-
plantas que contem sementes ou es-
Mongólia, o mesmo procedimento co-
samos por alguns cavalos ou camelos,
poros e que é arrastada pelo vento. É
meça de novo: passaportes, buscas…
e mais raramente por uma iurta sozi-
característica de zonas desertas, ári-
Até à Mongólia são mais 6 horas, nestas passamos lagoas e belas vilas, vacas magrinhas que levantam as
Bem, vinda da Europa, e habituada
nha à distância. Infelizmente os tum-
das ou secas e muito presente nos fil-
suas cabeças para ver o comboio, há
a viajar dentro da Europa, estou talvez
bleweed* são substituídos por sacos
mes de cowboys.
montanhas no horizonte, onde come-
um bocadinho mimada em relação às
de plástico.
ça a Mongólia. Depois da estação de
fronteiras - mas assim? É mesmo ne-
Ulan Ude os corredores tornam-se no
cessário? O que aconteceu à globali-
local mais transitável, os mongóis es-
zação?
tão a tentar esconder as suas compras
Em Ulan Bataar, a capital de Mon-
À noite chegamos à China e que recepção!
os passaportes, é-vos permitida a saí-
Entrar numa estação iluminada
da do comboio e o usufruto da vossa
como um árvore de natal, abrandan-
felicidade na nossa linda estação de comboios.”
gólia, iurtas ao lado de arranha-céus,
do lentamente, com soldados de 20
Naushki, à saída da Rússia: quatro
uma nova carruagem de restaurante é
em 20 metros que saúdam o comboio
horas parados, três destas fechados
adicionada - e não podia ser mais dife-
enquanto uma valsa clássica sai das
dentro do comboio. Confisco de pas-
rente do que a que deixámos para trás:
colunas da plataforma - pouco depois
por causa da alfândega.
** “Bem-vindos à República Popular da China. Após as formalidades com
Ruth Bartenschlager
260 anos
Fazendo Viagens
Nas minhas viagens à volta do Mundo,
há traços importantes da nossa arqui-
eu vi” Em Porto Alegre, será assinada
a bordo do Hemingway levei muitas
tetura, da religião e gastronomia que
pelos presidentes dos respetivos Mu-
coisas materiais e outras, que faziam
os nossos antepassados implantaram.
nicipios, a geminação de Horta e Porto
parte deste mundo ilhéu, me acom-
Honra e glória às mulheres e homens
Alegre. Os nossos sinceros agrade-
panharam pelos” quatro cantos do
que partindo destas nossas lindas
cimentos às Entidades oficiais e aos
mundo”. Eram as saudades, as nossas
ilhas fundaram cidades, foram até ao
amigos que no Uruguai, Brasil e Açores
festas, o Espírito Santo...as nossas fi-
Uruguai, e lá está San Carlos!
larmónicas, etc, tantas coisas que “po-
tornaram possivel a deslocaçao desta
É pois com muito orgulho e honra
embaixada cultural Açoriana, pas-
voaram” os meus dias e noites no mar,
que, vencidos inumeros obstáculos,
sando pelos tocadores da Unanime
nas terras por onde passei. Sempre
acompanhado pela filarmonica Unani-
Praiense e seu maestro. Um agradeci-
que num qualquer sitio escutava os
me Praiense, regresso ao Rio Grande
mento especial à Beatriz - alma deste
sons de uma banda, orquestra ou fi-
do Sul comemorando os 260 anos da
projeto. Honra e glória às mulheres
larmónica, falava destas nossas lindas
chegada dos nossos antepassados
e homens que passados 260 anos homenageamos.
ilhas, das cento e tal filarmónicas...No
àquele estado, e ao Uruguai nas ceri-
sul da ilha de Santa Catarina, mais pro-
monias comemorativas dos 250 anos
priamente na ponta dos naufragados,
da fundação da cidade de San Carlos.
prestou-se a devida homenagem aos
Estão previstos concertos da Unani-
náufragos Açorianos que, partindo
me Praiense em catedrais e teatros
da ilha de St.Catarina seguiam para o
e apresentaçao do livro “O Mundo que
Rio grande do Sul tendo como objetivo fundar Porto Alegre. Por todo o Brasil
Genuíno Madruga
14. 79 NOVEMBRO ‘12
#
Entrevista com o Morcego Miguel A. G. C. Chancerelle de Machete
Fazendo Avarias
O que é que pequeno-almoçaste? Torradas e capucino (descafeinado) com leite e uma peça de fruta (pêra).
Nome: Miguel A. G. C. Chancerelle de Machete Idade: 37
Se o Conde Drácula viesse cá às ilhas onde o levarias? Levava-o a almoçar a casa dos primos na Rua Marcelino Lima. Qual é a semelhança entre o Pico e o Faial? Para ir de uma para a outra tem que apanhar-se o cruzeiro do canal. Se não gostas de chuva o que é que estás aqui a fazer? A questão devia ser: se não gostas de chuva dentro de casa o que é que estás aqui a fazer. Na escola que outra “disciplina” deveria ser obrigatória? Civismo e cidadania. Porque é que tens alguns projectos na gaveta? Não cabem todos na mesa. O que é que mais odeias na internet? A manipulação a que está(mos) sujeita(os). Que forma de arte é que te aguça os caninos? Música. O que é que gostavas de ter nascido? Maleitas do juízo à parte estou bem na pele de homo sapiens, obrigado. Gostavas de ir morrer longe? Longe é o Capelo pá.
Comunicar Atitude
Tratamos a sua imagem w w w.c omunic aratitu de .p t info@ comunic ara titude.p t
Profissão: Coordenador do Programa de Observação das Pescas dos Açores (POPA)
.15 79 NOVEMBRO ‘12
#
Agenda Novembro / dezembro ‘12 Exposições
Actividades
Campanha Limpa a Fundo Data: 17 novembro Hora: 10 horas Local: Porto da Horta Ilha do Faial O Experimentar Na The New York
Teatro de Sombras
M’Incomoda
Data: 22 outubro
Data: 9 novembro
Ensemble
até 30 de novembro
Hora: 22 horas
Data: 23 novembro
Local: Museu da Horta
Local: Teatro Faialense
Hora: 21h30
Ilha do Faial
Horta, Ilha do Faial
Local: Auditório
Cartoons “Paródias
Destinatários: alunos
Municipal das Lajes
no Pico”
do Pré-Escolar e 1º Ciclo
do Pico, Ilha do Pico
Autor: Rui Pimentel
Marcações pelo telefone
Segunda a sexta-feira
292 202 573
das 9h00 às 12h30 e das
ou Margarida.MA.Barreto@
14h00 às 17h30
azores.gov.pt Mercado de Trocas
Fins-de-semana: 14h00 às 17h30
Caleidoscópio - Teatro
Data: 10 novembro
Data: até 16 de dezembro
Data: 9 novembro
Hora: 15 horas
Local: Museu dos
Hora: 21 horas
Local: Castelo de São
Ensemble
Baleeiros, Lajes do Pico
Local: Biblioteca Pública
Sebastião, Horas
Data: 24 novembro
Ilha do Pico
da Horta
Ilha do Faial
Hora: 21h30
Ilha do Faial
The New York
Local: Teatro Faialense Palmilha Dentada
Horta, Ilha do Faial
Dimas e Cestas Data: 10 novembro Hora: 21h30 Local: Teatro Faialense Horta, Ilha do Faial ailleurs
Mercadinho de Trocas
Autor: Helena Lousinha
Os Monólogos
Data: 11 novembro
Terça a sexta-feira das
da Vagina - Teatro
Hora: 15 horas
10h00 às 12h30 e das
Data: 9 novembro
Local: Parque Florestal
14h00 às 17h30
Hora: 21 horas
de São joão, Lajes do Pico Ilha do Pico
Local: Casa Manuel
Local: Auditório
Arriaga, Horta
Municipal das Lajes
Ilha do Faial
do Pico, Ilha do Pico
Gatafunhos
Publicidade
Tomás Melo
Horários
Índice Fazendo Actualidade
O Conde de Abranhos de Visita às Ilhas
.2
Horta — Madalena Horta - Cidade
7h30; 10h30; 13h15; 15h15; 17h15
Educadora
.3
Fazendo História
Entrevista a António José Saraiva
.4
Fazendo Ciência
Madalena — Horta
Observatório
8h15; 11h15; 14h00; 16h00; 18h00
do Mar dos Açores
.5
Fazendo Arte
Troca de Galhardetes
.6
A Barquinha Cedros — Horta
Horta — Cedros
P. Norte — Horta
Horta — P. Norte
7h00; 12h45; 16h00;
11h45; 15h20 (Hospital);
7h00; 12h45;
11h45; 17h30;
Sábados: 8h00
18h15;
Sábados: 8h00
Sábados: 13h15
Sábados: 13h15
Feiticeira
.7
Henrique de Faria
.7
Duplas
.8
Tão natural como a sede Piedade — S. Roque — Madalena
Madalena — S. Roque
Piedade — Lajes
Madalena — Lajes
de aprender
— Piedade
— Madalena
— Piedade
6h15; 13h30;
10h00; 17h45;
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