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FAZENDO boletim do que por cá se faz

6 de Maio 2010 | Quinta | Edição # 38 | Quinzenal | Agenda Cultural Faialense | Distribuição Gratuita

Bem-vindo ao Zoo. Que animal és tu?


Opinião

Opinião Crónica

V COLÓQUIO

“O FAIAL E A PERIFERIA AÇORIANA NOS SÉCULOS XV A XX”

F

-se nas ilhas do Faial e de S. Jorge; em 2002, nas ilhas do

O Colóquio terá lugar a 17 e 18 de Maio na Sala de

de Director da extinta Casa de Cultura da Horta, que tive a

Faial e das Flores e em 2006 no Faial e no Pico.

Conferências do Hotel Fayal e a 19 e 20 em S. Jorge, nas

honra de dar os primeiros passos, logo apoiados pela direcção

Assim, a quinta edição do Colóquio terá lugar novamente nas

Velas e no Topo, sendo as sessões abertas a todos os que nelas

do Núcleo Cultural da Horta, para, em parceria, lançarmos

ilhas do Faial e de S. Jorge, de 17 a 20 de Maio próximo.

queiram participar.

um colóquio dedicado à investigação histórica sobre os

Em relação às primeiras edições, permanece na organização

A Conferência de Abertura do Colóquio será proferida pelo

Açores. Não se pretendia organizar mais um evento que

o Núcleo Cultural da Horta e ao projecto agregaram-se, desde

Prof. Dr. Sérgio Campos de Matos e intitula-se “Manuel de

concorresse com outros que até então se promoviam, mas,

há duas edições, a Câmara Municipal da Horta e a

Arriaga e o republicanismo, antes e depois do 5 de Outubro”,

antes, dar corpo a um projecto que essencialmente

Coordenação no Faial da Direcção Regional da Cultura, numa

enquanto a Conferência de Encerramento caberá ao Prof. Dr.

contribuísse para estimular a investigação, o debate e a

feliz cooperação que viabiliza a iniciativa. Este ano, foram

Avelino Meneses, e intitula-se “A extensão do povoamento e

divulgação de temas de natureza histórica que incidissem,

também decisivos os contributos do Centro de História de

a criação dos municípios”.

essencialmente, sobre as ilhas de Santa Maria, Graciosa, S.

Além-Mar (CHAM) e da Santa Casa da Misericórdia das Velas,

Ao fim deste percurso, sinto, com orgulho, que o Colóquio “O

Jorge, Pico, Faial, Flores e Corvo, aquelas que, por serem

que lidera a organização do evento em S. Jorge.

Faial e a Periferia Açoriana nos Séculos XV a XX” conseguiu

mais periféricas no longo processo da História dos Açores,

Estão inscritos na edição deste ano do Colóquio, quarenta e

regularidade, conseguiu firmar a sua identidade, conseguir

tinham (e têm) sido objecto de menos estudos.

cinco conferencistas que abordarão as seguintes temáticas: A

manter a sua especificidade e conseguiu ver as suas Actas

Pela mão da Casa de Cultura da Horta e do Núcleo Cultural da

República e o governo das ilhas (1910-2010); As dinâmicas do

(com os textos das comunicações) publicadas e à disposição

Horta nasceu assim o Colóquio “O Faial e a Periferia Açoriana

povoamento e a criação dos municípios: no V centenário do

de todos os interessados.

nos séculos XV a XX”, cuja primeira edição teve lugar nas

concelho do Topo – S. Jorge (1510-2010); Sociedade,

Por isso, estão de parabéns as entidades que suportam e

ilhas do Faial e do Pico em 1993.

Comportamentos e Quotidianos; Agricultura, Comércio e

viabilizam este evento: o Colóquio “O Faial e a Periferia

O sucesso do Colóquio e a oportunidade e especificidade da

Indústria; População, Emigração e Diáspora; Religião, Poderes

Açoriana nos séculos XV a XX” é bem merecedor desse

sua temática exigiram a sua continuidade. Em 1997, realizou-

e Instituições; Cultura, Artes e Património.

apoio.O

Jorge Costa Pereira

oi já no longínquo ano de 1991, e na qualidade

Encontros Filosóficos Escola Secundária Manuel de Arriaga

Programa

Quarta 12 de Maio - Apres. AP | Auditório da ESMA | 21h

Quarta 19 de Maio - Apres. AP | Auditório da ESMA | 21h

“Captação de Energia” Janite Parmanande, Tiago Furtado, Tiago João

“Faial: Uma Natureza para Todos” - Cátia Escobar, Margarida Pinheiro

“Sabemos o que Comemos?” - Diogo Matos e Vanessa Romeiro

e Dalila Bettencourt

“Psicologia da Escrita” - André Ferreira, Marco Garcia e Vítor Resende

“Um Sítio para Pousar” - Nelson Silva e Vanessa Bettencourt

Sexta, 7 de Maio - Palestras | Auditório ESMA | 21h

“A Influência da Internet na Vida dos Jovens” - Marcelo Figueiras e

“A Instrução Pública na Cidade da Horta entre a

Sexta 14 de Maio

Maria Monteiro

Monarquia e a República (1853-1918)”

COMEMORAÇÕES DO DIA DA ESCOLA SECUNDÁRIA MANUEL DE ARRIAGA

“Moda Artesanal” - Glória Rodrigues, Rosana Lavado e Susana Cardoso

Mestre Carlos Lobão

INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO - “Das 8:30 às 16:30” Take 2 -

Quinta 20 de Maio - Apres. AP | Auditório da ESMA | 21h

Sábado, 8 de Maio - Palestras | Sala 204 | ESMA | 21h

alunos do Curso de Artes Visuais do Ensino Secundário

“Ciência Forense” - Gonçalo Contente, Helena Sequeira, Vera Correia

“A inovação curricular é possível?” Doutor Francisco Sousa

Biblioteca Pública | 16h30

“Evolução Cronológica das Espécies Marinhas” - Joana Correia e

dos

Natacha Serpa

“A investigação-acção como estratégia de inovação curricular” Mestre Francisco Valadão Segunda 10 Maio - Apresentações Área Projecto 12º ano (AP) “Viagem à Ilha (des)conhecida” - Cátia Cunha, Pedro Lima e Susana Pereira Projecção dos episódios Faial e Pico do documentário “As Ilhas Desconhecidas” de Vicente Jorge Silva

Segunda 17 de Maio - Apres. AP | Auditório da ESMA | 21h

“Biodiesel na ESMA” - Mónica Alberto e Paula Dias

“Projecto Robótica” - Hugo Sousa e Tiago Oliveira

“A Falência das Empresas” - Alexandra Araújo, Ivo Xavier, Orlanda

“A Pastilha Elástica” - Joana Bulcão, Maria Menezes e Sofia Fontes

Simas e Susana Duarte

“Uma Brisa de Energia” - Catarina Sousa, Daniel Rafael e Tiago

Sexta 21 de Maio - Apres. AP | Auditório da ESMA | 21h

Andrade

“Buggy” - Paulo Luna

“A Vida numa Tela Branca” - Paulo Pinheiro, Samuel Morison e Tiago

“Agricultura Biológica e Convencional ” – Ana Santos, Joana Armindo e

Cheira

Patrícia Pimentel

Auditório da ESMA | 21h (ver pag. 4)

“De 4.20 pelos Mares dos Açores” - João Morais

Terça 11 de Maio - Projecção

Terça 18 de Maio - Apres. AP | Auditório da ESMA | 21h

“A Água” - Cátia Jorge, João Gonçalves e João Nascimento

Episódios São Jorge, Terceira e São Miguel do documentário “As Ilhas

“O Segredo da Mente – Um Filme Pedagógico.”- Marcos Romeiro e

Sábado 22 Maio - Apres. AP | Auditório da ESMA | 21h

(Des)conhecidas” da autoria de Vicente Jorge Silva

Nádia Cabral

“Deixas-te Influenciar?” - Andreia Silveira e Renata Rodrigues

Palestra sobre o documentário “As Ilhas (Des)conhecidas”

“Roteiro do Artesanato Faialense” - Marta Duarte

Painéis - Tema “Eu Aluno” - Guilherme Soares,

com o Realizador de Cinema Vicente Jorge Silva

“Uma Viagem ao Mundo Erasmus” - Pedro Silva e Sofia Rocha

Patrícia Cardal, Pedro Valim, Ricardo Goulart e Sofia Frazão

Auditório da ESMA | 21h (ver pag. 4)

“Um Olhar sobre a Educação” - Anaísa Leal e Nicole Goulart

Sessão de Encerramento - Pr. Eugénio Leal

ficha técnica - fazendo - isento de registo na erc ao abrigo da lei de imprensa 2/99 de 13 de janeiro, art. 9º, nº 2 - direcção geral: jácome armas - direcção editorial: pedro lucas - coordenadores temáticos: catarina azevedo, luís menezes, luís pereira, pedro gaspar, ricardo serrão, rosa dart - colaboradores: ana correia, esma, fernando nunes, jorge costa pereira, pedro rosa, parque natural do faial, sara soares, tomás silva - projecto gráfico e paginação: paulo neves, elcubu, contact@elcubu.com - capa: mark faria - propriedade: associação cultural fazendo - sede: rua rogério gonçalves, nº 18, 9900 horta - periodicidade: quinzenal - tiragem: 400 exemplares - impressão: gráfica o telégrapho - contactos: vai.sefazendo@gmail.com, http://fazendofazendo.blogspot.com - distribuição gratuita

02


Música Música

“Tupi or not tupi, eis a questão”

Tropicalia

A Pedro Lucas

“É proibido proibir”, Caetano Veloso

“Quero sambar meu bem…mas não quero andar na fossa cultivando tradição embalsamada.”, Tom Zé “Lá vai passando a procissão…”, Gilberto Gil “As pessoas na sala de jantar estão ocupadas em nascer e morrer”, Os Mutantes

citação em subtítulo soa a William

publicidade ou vídeo que se relacione com aquele país).

festival Isle of Wight the 1970) e no regresso os elementos

Shakespeare mas na realidade foi roubada e apropriada pelo

Em tempo de proliferação da televisão os concursos emitidos

que antes caracterizavam a sua música são cada vez mais

brasileiro Oswald Andrade. A frase é retirada do “Manifesto

pelas várias estações rivais eram a principal plataforma de

escassos. De destacar uma versão experimental de Veloso ao

Antropofágico” (1928), texto em que o autor modernista

lançamento de novos músicos, e nestes era o público de

tema “Asa Branca” de uma das figuras mais importantes no

exalta a força do Brasil pela sua capacidade de antropofagia

esquerda – averso aos instrumentos eléctricos que viam como

imaginário musical dos tropicalistas: o nordestino Luís

– canibalismo - às diversas culturas presentes no país no pós-

símbolo do imperialismo americano - quem mais se fazia

Gonzaga.

-colonialismo Europeu (no mesmo texto são celebradas as

ouvir. E faziam ouvir-se de facto uma vez que os apupos e

Todos os músicos do movimento seguiram carreiras de grande

tribos Tupi, povos originários da Amazónia e anteriores à

assobios, como forma de boicotar as actuações que não se

sucesso, mais ou menos separadas, com excepção dos

colonização, a quem terão sido atribuídas práticas canibais).

enquadravam no perfil que a esquerda desejava, eram

Mutantes e Tom Zé cujos percursos seguiram mais ou menos

Este manifesto irá ser um dos pilares do movimento

em modo “fade out” até ao final da década de 70, os

tropicalista que despoletou na década de 60 em terras de

primeiros após várias alterações na sua formação original e o

Vera Cruz.

segundo entrando cada vez mais pelos caminhos do

Apesar de ser sobretudo conhecido como um movimento

experimentalismo e da música tradicional. No entanto ambos

musical a “Tropicalia” incluíu também artistas ligados às

foram “ressuscitados” e têm hoje um sucesso a nível global

artes visuais e o nome surge de facto pela primeira vez numa

que nunca tiveram então. Zé foi descoberto por David Byrne

instalação de Hélio Oiticica. Depois de vários anos de

no final da década de 80 e desde aí tem editado na editora

maturação é em 1968 que um grupo de vários músicos, na sua

do ex-Talking Head e tocado um pouco por todo o mundo. Os

maioria vindos da Baía para o Rio de Janeiro, dos quais

Mutantes reuniram-se mais recentemente (2006) e é notável

principais

bastante recorrentes. Das vítimas deste público tanto fizeram

o estatuto que adquiriram dentro do mundo da música indie

impulsionadores e as figuras mais destacadas, editam o disco

parte o grupo munido de guitarras eléctricas, vestidos num

norte-americana: editaram em 2009 pela ANTI (a editora de

conjunto “Tropicalia: ou Panis et Circensis”, a carta de

misto de hippie, Sargent Peppers e Carmen Miranda berrando

Tom Waits) e são cabeças de cartaz nos principais festivais

apresentação do movimento.

“Bat Macumba He He” como a, então promissora, estrela pop

daquele país e não só.

Roberto Carlos.

À parte da sua curta duração, o movimento tropicalista,

Do reduzido grupo da Baía faziam parte também Os Mutantes,

levado a cabo por um punhado de artistas, surgiu como uma

a única verdadeira banda do movimento que tentava recriar

explosão de criatividade e um desafio aos comportamentos e

o que via dos Beatles pelas emissões de onda curta da BBC,

mentalidades da época e foi capaz de causar tanto veneração

Tom Zé, músico mais velho que ainda hoje é reconhecidamente

como repúdia por parte de público e artistas. Aparececendo

uma das figuras mais criativas da música tradicional brasileira,

quase como um acto isolado e manifestamente como uma

e Gal Costa, mais familiar ao público português assim como

forma de contra-cultura, foi capaz de reverberar pela história

Gil

e tornar-se, a par do samba e da bossa nova, num foco de

Caetano

Veloso

e

Gilberto

Gil

eram

os

e

Veloso.

A

necessidade

de

actualização,

de

experimentação e de incorporação de novos elementos era

divulgação da cultura brasileira no mundo.

A ditadura militar começara em 1964 e o panorama musical,

um sentimento transversal a todos os membros do grupo, e o

Quase cem anos passados do texto de Oswald Andrade e é

mais pobre pela partida de muitos músicos para os EUA onde

resultado musical apresentava-se como uma representação

fácil apercebermo-nos que a antropofagia reclamada pelo

a bossa-nova granjeava cada vez mais atenção, dividia-se

do caleidóscopio cultural que é o Brasil, misturando

escritor para o Brasil é cada vez mais um fenónemo global.

entre músicos apolíticos e músicos de esquerda. Os últimos

influências da pop anglo-saxónico contemporânea - do

Nunca o Tropicalismo foi tão celebrado como agora e uma

reclamavam um novo teor para a bossa nova, onde as

psicadelismo dos Doors ao rock dos Beatles passando pela soul

influência tão reclamada por artistas um pouco por todo o

habituais letras sobre mar, amor e mulheres bonitas fossem

de Sly & The Family Stone – e orquestrações à Hollywood de

mundo. O

substítuidas por temas ligados ao quotidiano operário e social

Miranda.

e onde a própria música fosse despojada de artfícios

Com o crescimento da opressão por parte do regime militar

superficiais – numa vertente mais dylanesca do género.

os Tropicalistas, mais que os músicos conotados com a

Acontece que assim como o próprio Bob Dylan pôs distorção

esquerda, tornam-se um alvo a abater pelo sistema. Caetano

nas guitarras e operou uma revolução na sua música que

Veloso e Gilberto Gil são presos em 1969 e convidados a

deixou a maioria dos seus seguidores em estado de choque,

abandonar o país posteriormente, o que, de certa forma,

os Tropicalistas, enfastiados com o que consideravam de

ditou o fim da Tropicalia. Os músicos mudam-se para Londres

conservadorismo criativo, decidem abraçar todos estes novos

durante dois anos (onde se envolvem na cena musical

sons que chegavam de fora (Hendrix, Beatles ou Janis Joplin

chegando a lançar alguns discos e a ter uma apresentação no

eram outras influências), misturá-los com a música brasileira

Gilberto Gil e os Mutantes

e criar a sua própria revolução.

Discografia: “Tropicalia ou Panis et Circensis”, Vários (1968)

Entre as vítimas da antropofagia cultural do movimento contavam-se, para além da música rock ocidental, a mass

“Tropicália”, Caetano Veloso (1968)

culture americana - simbolizada pela “Pop Art” e pela estrela

“Frevo Rasgado” Gilberto Gil (1968)

de Hollywood Carmen Miranda - e alguns artistas ligados à

“Os Mutantes”, Os Mutantes (1968)

música tradicional brasileira de raiz. Jorge Ben (autor de

“Não Identificado”, Gal Costa (1969)

“Mais que nada” e “País Tropical”) era neste aspecto uma

“Jorge Ben”, Jorge Ben (1969)

grande referência do grupo, ao qual acabou também por se

“Tropicalia (SoulJazz)”, vários (2005)

juntar. O músico surgira alguns anos antes com o tema “Mais

Videografia:

que Nada” onde juntava samba e “maracatu”, um ritmo do

“Brasil, Brasil – The Tropicalia Revolution”, BBC

nordeste brasileiro, com guitarras eléctricas (para a história

(2007) (pode ser visto integralmente no You Tube)

ficou a versão de Sérgio Mendes, o primeiro êxito pop mundial

“Beyond Ipanema”, Guto Barra (2009)

em

português

que

ainda

hoje

acompanha

qualquer 03


Teatro e Cinema A

Cinema Entrevista

A sua visão assemelha-se à perspectiva que Brandão teve

a Vicente Jorge Silva

da Ilha do Faial em 1924?

N

os textos que escolho do Brandão sobre o Faial e as minhas

Cátia Cunha, Pedro Lima e Susana Pereira, ESMA

São duas perspectivas muito diferentes e basta vocês verem narrações para perceberem isso. Há diferenças óbvias, e uma delas é que, entretanto, aconteceu o vulcão dos Capelinhos, o que mudou completamente a vida no Faial - e a marina da

o âmbito da disciplina de Área de Projecto,

Horta, sem esquecer o mítico café Peter’s, entre outras

como proposta do professor Fernando Nunes, realizamos um

coisas. Mas sobre a magia azul da ilha, as hortênsias ao longo

trabalho escolar intitulado “Viagem à Ilha (Des) Conhecida”.

das estradas, o confronto com o Pico, enfim, essas coisas mais

O nosso trabalho pretende dar a conhecer a viagem que Raul

perenes, é evidente que há uma ligação profunda entre o que

Brandão efectuou ao Faial e ao arquipélago dos Açores, em

Brandão viu e o que eu vi.

1924, perspectivando-a e comparando-a com outras visões mais actuais. Uma outra fonte do nosso projecto foi o

Quando é que começou a filmar “As Ilhas Desconhecidas”?

documentário “As Ilhas Desconhecidas”, da autoria do

Filmei (ou gravei, tratando-se de vídeo, talvez seja mais

jornalista Vicente Jorge Silva. Deste modo, aproveitamos,

correcto) nos Açores a partir de fins de Agosto de 2007,

entretanto, esta oportunidade do Jornal Fazendo, para dar a

durante dois períodos, ao longo de Setembro e Outubro, num

conhecer a entrevista que o jornalista Vicente Jorge Silva

total de 5 semanas, se bem me lembro. No Porto Santo e na

nos concedeu, enquanto fomos elaborando o nosso projecto.

Madeira filmei uns 10 dias em Outubro, assim que acabaram as filmagens nos Açores, e, como tenho casa no Funchal,

Qual foi a maior surpresa que encontrou no arquipélago

aproveitei para filmar o resto em fins de semana, terminando

série foi financiada pela RTP-1 e teve o patrocínio da

açoriano?

a 31 de Dezembro - com o fogo de artifício do fim do ano que

Presidência do Governo dos Açores.

Vicente Jorge Silva: A única ilha dos Açores que não conhecia

fecha a série. Há ainda uma sequência do arraial do Monte,

até rodar a série era a Graciosa e talvez por isso a maior

na Madeira, que filmara anos antes, em Agosto de 2004, salvo

O Vicente Jorge Silva é um cineasta originário da Ilha da

surpresa tenha sido aquela praça fabulosa de Santa Cruz,

erro, para um documentário que não concluí mas que me

Madeira, este facto influenciou a sua vontade em filmar as

fechada sobre si própria e cuja ligação mais evidente para o

pareceu muito adequada para As Ilhas Desconhecidas (o

Ilhas dos Açores?

mar se faz através da rua do Degredo (do Degredo, pensem

Brandão fala disso no livro, aliás). Os depoimentos de José

Sou da Madeira mas adoro os Açores, que, aliás, já conhecia

bem no peso da palavra). Mas, globalmente, a impressão mais

Tolentino de Mendonça e Ricardo França Jardim (episódio da

razoavelmente antes de realizar esta série. Mas agora posso

forte que perdurou em mim - embora fosse uma ilha que eu

Madeira) foram filmados/gravados em Lisboa, antes do fim de

gabar-me de conhecer as ilhas todas e de ter ficado com

já conhecesse - foi aquela que me deixou o Pico - e penso

2007.

desejo acrescido de voltar. Penso que, como se poderá ver nas imagens da série e no meu próprio testemunho pessoal, a

que isso é bastante visível e sensível na minha adaptação do livro de Brandão (uma adaptação muito livre, que não

Qual foi o tempo de duração deste seu projecto?

natureza

pretende manter qualquer fidelidade literal ao texto original

O tempo de duração da série é de cerca de 200 minutos

preservados nos Açores do que na Madeira (onde o impacto

do escritor, o que, de resto, seria impossível oitenta anos

(cerca de 50 minutos, mais rigorosamente 52 minutos, por

do turismo tem sido um tanto devastador). Em todo o caso,

depois).

episódio). Quanto à duração do projecto na minha cabeça,

esse respeito nem sempre é exemplar (basta ver alguns

“As ilhas desconhecidas”

deve ter tomado forma aí em meados de 2006. Decidi avançar

mostrengos urbanísticos e arquitectónicos que vão surgindo

quando o produtor conseguiu reunir os apoios necessários

ou, por exemplo, a praga do trânsito automóvel em Angra,

(que eu não tivera para o tal documentário que não concluí

que é uma cidade belíssima e não merece ser assim

na Madeira e de onde aproveitei a sequência do arraial). A

maltratada). O

Actualizar o deslumbramento

erupção do vulcão dos capelinhos entre 27 de Setembro de

escritor Luis Filipe Borges. Seja qualquer for a resposta que

1957 e 24 de Outubro de 1958. A partir desse momento

queiramos dar, uma verdade ressalta de todos estes discursos,

deambula pela marina da Horta, o café Peter, a caldeira, a

a beleza da natureza está aí, existe, é perene, molda e

praia de Porto Pim e as ruas de uma baixa que resistiram e

configura a vida de quem aqui vive, e nisso, parece estamos

O

resistem à passagem do tempo. Atenda-se com muita

todos de acordo. Actualizar o deslumbramento da vida nas

curiosidade e atenção à ligação e importância que o biólogo

ilhas marca este roteiro com duzentos minutos de duração,

Filipe Porteiro faz do texto de Raul Brandão com os estudos

no fundo parece ser este o mapa de intenções deste périplo

de Príncipe Alberto I do Mónaco, sobretudo as suas derivações,

visual de Vicente Jorge Silva, também ele cinéfilo e cineasta.

Fernando Nunes

documentário “As Ilhas Desconhecidas”, da

e

os

valores

ambientais

estão

muito

mais

imprecisões e até mistérios à volta dos fenómenos marinhos

Por isso, não podemos deixar passar ao lado as imagens do

autoria de Vicente Jorge Silva, editado no final de 2009, pela

açorianos tão pouco estudados naquele tempo.

Vulcão dos Capelinhos, dos baleeiros carregados de histórias

Midas, percorre as 11 Ilhas de Açores e Madeira. É um

Se uma das preocupações deste documentário é estabelecer

no Pico, as praças com paragens indefinidas e sem tempo, o

documento fílmico que tem como título assim como ponto de

uma comparação entre os espaços insulares retratados nesse

horizonte contínuo do mar, as lagoas mágicas das Flores, os

partida a viagem empreendida pelo escritor Raul Brandão no

clássico

a

estrangeiros que escolhem “o fim do mundo” para viver, o

verão de 1924 e que deu origem a um livro editado em 1926.

contemporaneidade da vida nas ilhas pode-se concluir que o

verde sempre ou nada excessivo, a bruma permanente e

A pergunta que é feita na capa deste DVD é assaz e

objectivo é globalmente cumprido. No entanto, não deixa de

melancólica, a solidão…ou o isolamento real e imaginado.

pertinente: “Mais de oitenta anos depois, que resta do que

ser curioso como estes olhares exteriores, tanto de Raul

Os textos de Raul Brandão são lidos neste documentário pelo

Brandão descobriu e anotou sobre o mistério dos espaços

Brandão e Vicente Jorge Silva, se tocam “natural e

actor João Perry, voz vulcânica e jorrante como se quer, a

insulares?”

esteticamente” pelo mistério que a vida insular encerra, para

música é de Bernardo Sassetti, vibrante e equilibrada e a

O documentário abre com a série dedicada às ilhas do Corvo,

além do intuito e da relevância deste documento poder

imagem é de Xavier Arpino, sóbria e contemplativa. Deste

Flores e Graciosa, segue-se o Faial e Pico, depois São Jorge,

perspectivar no futuro novos cruzamentos entre a literatura

modo, acompanhemos esta série de quatro episódios que

Terceira e São Miguel, e, por fim, Santa Maria, Porto Santo e

e o documentário ficcionado.

persegue a sombra do escritor nascido na Foz do Douro,

Madeira. São duzentos minutos de insularidade pura que

Daí

que também será legítimo perguntar se essa poética

confrontando assim as suas pinceladas carregadas de tempo

poderão constituir uma reflexão mais ou menos “obrigatória”

brandoniana poderá ser hoje revista e aumentada na

com aquilo que entretanto se alterou, ao mesmo tempo que

sobre a vivência e os olhares à volta dos dois arquipélagos,

dissertação filosófica de Gabriela Canavilhas, actual ministra

podemos perambular com olhar crítico e reflexivo face ao

cada vez menos desconhecidos.

da Cultura, ou no discurso poético de Duarte Melo, director

presente insular com Vicente Jorge Silva e os que com ele

O episódio sobre a ilha do Faial começa com o acontecimento

do Museu Carlos Machado, em São Miguel, ou ainda na

quiseram e querem pensar, num único documentário, pelas

mais marcante do século passado ocorrido nesta ilha: a

cantilena mais ou menos “melancómica” do apresentador/

onze ilhas, do Corvo à Madeira. O

enorme

da

literatura

04

de

viagens

e


Arquitectura ee Artes Artes plásticas Arquitectura Plásticas Workshop de Escultura Pedro Rosa

E

Nascido em França (Rambouillet), João Pedro Rodrigues vive e trabalha no Porto, onde dirige um espaço que congrega galeria, oficina, atelier de ensino artístico e a sua própria

ntre os dias 12 e 15 de Maio

residência. É neste lugar que confluem o seu projecto

decorrerá um workshop de escultura no

artístico e de vida, um espaço repleto de arte, que transpira

Forte de São Sebastião. Esta iniciativa

uma criatividade partilhada, gerada por todas as

visa proporcionar aos faialenses uma

pessoas que por lá passam e que o elegem

oportunidade de experimentar esta

como ponto de encontro, de aprendizagem e

forma de expressão artística, dando asas

à

sua

criatividade

através

de criação. É com um forte sentido de entrega da

e experimentação que o trabalho de João Pedro

modelação do barro. Independentemente da

Rodrigues se desenvolve, provocando e despertando

experiência

sensações fortes no observador, envolvendo-o com

prévia,

qualquer

pessoa

poderá

participar nesta formação; apenas a curiosidade e a

as suas peças, a um tempo materiais e inalcançáveis.

vontade de experimentar serão indispensáveis. A escultura,

Quando nos encontramos diante das suas obras somos

para o artista plástico e formador João Pedro Rodrigues, é

imediatamente impelidos a pararmos e a olharmos para elas,

uma forma de dar vida à matéria. É essa experiência que

num encontro repentino que nos exige um tempo confronto,

gostaria de partilhar com os participantes do workshop,

contemplação e reflexão.

ensinando os princípios básicos da manipulação do barro,

Esta iniciativa é uma organização conjunta da Iris Horta e de

orientando cada pessoa no seu trabalho de criação e ajudando

Pedro Rosa e conta com o apoio da Câmara Municipal da

a que as ideias ganhem vida e se materializem na forma de

Horta e do Albergue Estrela do Atlântico. O

esculturas.

Inscrições: CMH e Atelier Iris Horta. Ver Agenda, Contracapa

Exposição

João Abel Manta

“Das 8:30 às 16:30”

Ana Correia

A

Turma de Artes Visuais do 12ºC

turma de Artes Visuais do 12ºC da Escola

Secundária Manuel de Arriaga, organizou, no âmbito da disciplina de Área de Projecto, uma exposição em que o objectivo é mostrar os trabalhos de todos os alunos de Artes da escola (não só do 12º ano, como também dos 10º e 11º anos). Esta exposição decorrerá na Biblioteca Pública a partir do dia 14 até ao dia 21 de Maio. Convida-se toda a comunidade a comparecer na sua inauguração que será no dia 14 de Maio a partir das 16:30h e estará aberta de segunda-feira a sexta-feira das 9:00h até às 17:30h e sábados das 9:00h até 13:00h. Venha ver os trabalhos dos futuros artistas nacionais. O

E

ste artigo poderia ter sido escrito para a última

“Um Problema difícil” de João Abel Manta Muitas das suas obras feitas para serem publicadas em revistas e jornais contemporâneos do Estado Novo ficaram

edição. Mas não foi.

para trás por ordem da censura. Ainda assim, as resistentes

Em homenagem ao já passado dia 25, aqui fica o apontamento

foram suficientes para irem mostrando a sua ‘rara capacidade

sobre João Abel Manta, aquele que foi um dos grandes

para

responsáveis pelo imaginário colectivo dos portugueses

intervindo

durante o pré e o pós 25 de Abril, uma revolução marcada

inteligente poder de observação. Com a liberdade do pós

pela arte, que sempre esteve presente nas mais variadas

revolução, os seus desenhos saíram para as ruas e tornaram-

formas, tentando sobreviver à força esmagadora do ‘lápis

-se donos da sua própria vontade. O grafismo de linha simples

azul’.

e grossa, marcando os contornos dos cartoons coloridos com

João Abel Manta nasceu em 1928, em Lisboa. Era filho dos

cor plana, fizeram da obra gráfica e política de João Abel

pintores Abel Manta e Clementina Carneiro de Moura, e

Manta um marco não só na história da arte nacional como

licenciou-se em arquitectura nas Belas Artes de Lisboa. Para

também na própria história portuguesa do século XX.

além de exercer nessa área, distinguiu-se também na pintura,

Obteve vários prémios estrangeiros e nacionais, sendo

na cenografia e nas artes gráficas.

considerado o melhor cartoonista português deste século. O

traduzir

interpretações

activamente

na

em

imagens

sociedade

05

poderosas’,

através

do

seu


Literatura

Literatura de Doris Lessing

Vitória e os Staveney Catarina Azevedo

de Maria Regina de Matos Rocha e José Mário Costa

Cuidado com a língua! Catarina Azevedo

Em tempos de acordo ortográfico e de discussões sobre a língua, um livro para pensar

Mãe, não tenho nada para ler Catarina Azevedo

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Ciênciae eAmbiente Ambiente Ciencia Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies

Área Protegida do Cabeço do Fogo Parque NAtural do Faial

Cabeço do Fogo, à esquerda, com o topo mais côncavo

Abriu a época

07


fazendus

Fazendos Agenda

10 a 28 de Maio “Das 8:30 às 16:30” II Exposição dos Trabalhos dos Alunos de Artes Visuais da ESMA

até 22 de Maio

(ver pag.5)

Encontros Filosóficos

Biblioteca Pública | das 9h às 19h

(ver programa próprio na pag. 2)

6 de Maio (atenção: nova data) Lançamento dos Livros “O Regresso das Caravelas” e

15 de Maio

“Diz que é uma espécie de democracia”

Torneio Golfinho de Natação

de João Paulo Guerra

Piscina da ESMA | 10h

Biblioteca Pública | 21h30

“Trânsito Proibido #1” - Carlos No

7 de Maio

Teatro: “Ó Zé, põe-te em pé!” de Sérgio Luís

Encontro da Comunidade de Leitores

12 de Maio

Companhia de Teatro Carrocel

Biblioteca Pública | 18h

Inauguração da Exposição

Teatro Faialense | 21h30

“Europa”

7 a 9 de Maio

de Carlos No

16 de Maio

III Intercâmbio de Sons da “SFUF”

Biblioteca Pública | 18h

Pesca Desportiva

Festejos do 113º aniversário

2ª Prova do Torneio de Abertura de Pesca de Barco

S.F. União Faialense

Baía da Horta | 7h às 12h

7 e 9 de Maio Cinema: “Shutter Island”

Cinema: “O Livro de Eli”

de Martin Scorcese

de Allen Hughes

Cine-teatro Faialense | 21h30

Cine-Teatro Faialense | 21h30

8 de Maio

17 e 18 de Maio

Pesca Desportiva

V Colóquio

4ª Prova de Pesca de Barco de Fundo

12 a 15 de Maio

“O FAIAL - E A PERIFERIA

Baía da Horta | 14h às 20h

Workshop de Escultura

AÇORIANA NOS SÉCULOS XV

com João Pedro Rodrigues

A XX” (ver pag. 2)

Forte de S. Sebastião

Fayal Hotel Resort | 9h30

De Quarta a Sexta-feira das 19h30 às 22h30 e no Sábado das 10h00 às 13h00

18 de Maio

Custo de Inscrição: €60

Lançamento do Livro

+ Informações: 292 293 909 (ver tb pag. 5)

“Posturas da Câmara da Horta” (1603 - 1886) (Inserido no V Colóquio “O FAIAL - E A PERIFERIA

14 a 15 de Maio

AÇORIANA NOS SÉCULOS XV)

Comemoração do Dia da Freguesia

Fayal Hotel Resort

Angústias

9 de Maio (ADIADO)

19 a 21 de Maio

Teatro: “À Espera de Godot”

14 de Maio

Atelier de Banda Desenhada

de Samuel Beckett

Apresentação do Livro

“Filactera, Meu Amor”

com Teatro de Giz

“A filha de ninguém”

A Linguagem da BD como aliada na

Casa do Povo da Praia do Norte | 20h

de Manuela Bulcão

promoção da leitura

Biblioteca Pública | 21h

Biblioteca Pública | 10h às 14h

Gatafunhos

Tomás Silva

08


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