fazendo 54

Page 1

http://fazendofazendo.blogspot.com

3 FEV. a 3 MAR. 2011

Fotografia Eduardo Brito

Pimpirlimpim, nรฃo hรก pilim


2

http://fazendofazendo.blogspot.com

3 FEV. a 3 MAR. 2011

crónica

opinião

Albino

Arquitectura, Natureza e Amor

Caríssimos leitores, Enviaram-me há uns dias um texto do Gonçalo M. Tavares, intitulado Arquitectura, Natureza e Amor. Tratase de um pequeno texto editado pela Editora Dafne na colecção editorial OPÚSCULO – Pequenas Construções Literárias sobre Arquitectura. Para quem estiver interessado em conhecer a colecção mencionada pode aceder à página Web da editora – www.dafne. com.pt Ao ler o título do texto logo reagi à sua temática seguindo a orientação instintiva do significado imediato das palavras que o compõem. Arquitectura, Natureza e Amor, são palavras de peso diferente na nossa cultura contemporânea, se é que algum dia tiveram pesos similares! Juntar estas três palavras é por si só um extrapeso ao que, acredito, sentimos de cada palavra isoladamente. Mas, é esta ténue linha possível de unificação das três palavras que me suscita a vontade de querer partilhar convosco este texto e a supra-vontade de podermos receber na redacção editorial do Fazendo as vossas reacções, reflexões, interrogações, instintos – no fundo, que este repto vos faça, prezados leitores, expor a vossa moral e juízo em volta da Arquitectura, Natureza e Amor. O sentido desta crónica é este repto. Gostaria imenso de juntar uma série de textos nossos, publicá-los e durante algumas décadas, diria, as que nos restam! – e sejam bem vindos os vindouros * - discutirmos uma nova escala de peso e leveza para um novo passo cultural. Porque a tradição ensina-nos que a cultura não é

estática. E a arquitectura é um muito bom exemplo da constante transição, progressão, retrocesso. Escreve o autor: “Se a cultura é a natureza já medida, encaixotada (ou de uma outra forma: se a cultura é parte da floresta que transformamos em vaso), a arquitectura é o expoente máximo do acto de medir, de controlar. A arquitectura é um medir não apenas quantitativo, mas um medir qualitativo. Digamos: um medir que se preocupa com a componente estética: o resultado da medição não deve apenas ser certo, exacto – verdadeiro – mas também confortável, agradável aos olhos – belo, portanto.” E continua: “Materiais concretos surgem no mundo humano apoiados/começados pela fita métrica (o humano infiltrado na natureza: tentativa de dominar, através da ordem do número, o animalesco que rodeia a cultura) enquanto os materiais do pressentimento surgem no mundo humano apoiados pelo instinto (instinto: esquecimento súbito, e com consequências, da racionalidade – o animalesco infiltrado no humano). E mais adiante: “A arquitectura deverá ser, entre outras coisas, uma ciência moral. Ciência moral mas não moralista. Isto é: não uma ciência que tenha como objectivo aumentar a moral do espaço, não: defender a arquitectura como ciência moral é defender a arquitectura como uma ciência que se preocupa com a relação entre as distâncias, tamanhos, cores, não apenas numa relação de

verdade ou beleza, mas ainda, e, por último, numa relação de justiça. A arquitectura procura o verdadeiro, o belo e o justo – tese clássica. Isto é: ao número não basta ser exacto, terá de ser também belo e justo. Quantidades belas e quantidades morais. Atribuir adjectivos fortes a não-qualidades como são as quantidades: eis a dificuldade do arquitecto e de qualquer artista ou escritor.” Depende de nós. Sempre depende de nós a reposição de uma nova escala. “Leveza não é ausência de peso, mas, sim, presença de leveza. Unidades de Leveza? Precisamos pensar nelas, encontrar-lhes um bom nome.”, denuncia o autor. E questiona: “Que cidade para esta floresta? Com que cultura responder a esta natureza? Que medições (exactas, belas e justas) fazer? Em suma: que arquitectura?” E qual a nossa reacção perante o seguinte dizer de Robert Musil, num dos seus primeiros ensaios, em 1911: “ Não sou o único (…) a defender a posição de que a arte pode não só representar o imoral e o aborrecido, como também amá-lo.”

assistirmos aos seus efeitos; a excitação (desejo de ligação) resulta na ligação erótica – a ligação erótica consumada entre casa e espaço (floresta-cidade, natureza-cultura) e só aí podemos julgar o trabalho do arquitecto. < Não te curves senão para amar >, aconselhava o poeta René Char. O que poderá fazer então o arquitecto? De um modo simples: medir o espaço; tirar o medo ao espaço de modo que a resultante seja o edifício sobre o qual os homens e as mulheres digam, entre si, alto: lá dentro curvo-me apenas por amor. Se tal suceder eis que o arquitecto não fez apenas arquitectura, fez/ construiu um fragmento do discurso amoroso.” E para cada um de nós, potenciadores deste grito que considerações gritar?

como

Seremos capazes de tecer um sentimento partilhado e escutar o seu eco? Escrevam-nos.

“ O que importa não é a verdade, a beleza ou a justiça de cada coisa olhada isoladamente; o que importa é o que resulta da relação entre as coisas, da ligação entre as coisas. A excitação individual não é classificável até

“O animal não se esquece que é humano: mede, quantifica: procura a verdade. O humano não se esquece que é animal: pressente, entusiasma-se, exalta-se: procura o belo.”

fotografia a preto e branco entre 2003 e 2005 e em 2010. Fez a fotografia do livro Minho, Traços de Identidade (2007-2009), editado pelo Conselho Cultural da Universidade do Minho. Realizou a curta-metragem Antropia (2009), para o Embankment nº 6,

Espaço Campanhã, Porto. Realizou a série fotográfica Terras Últimas (2010), uma viagem entre Finisterre, Finistère e Land’s End, com música de Sandy Kilpatrick, edição e exposição no Centro Cultural Vila Flor, Guimarães (ver Fazendo nº46).

Para Gonçalo M. consideração final:

Tavares,

capa

Eduardo Brito

Rua da Rosa vista da Travessa de Porto Pim, final de tarde de Setembro de 2010. Eduardo Brito (Guimarães, 1977) foi jornalista e fotógrafo do Jornal Universitário e, durante oito anos, locutor da Rádio Universidade de Coimbra. Na Secção de Fotografia do Cineclube de Guimarães, que ajudou a fundar, foi monitor dos cursos de

FICHA TÉCNICA: FAZENDO - Isento de registo na ERC ao abrigo da Lei de Imprensa 2/99 de 13 de Janeiro, art. 9º, nº2 - DIRECÇÃO GERAL: Jácome Armas - DIRECÇÃO EDITORIAL: Pedro Lucas - COORDEÇÃO GERAL: Aurora Ribeiro COORDENADORES TEMÁTICOS: Albino, Anabela Morais, Carla Cook, Catarina Azevedo, Filipe Porteiro, Helena Krug, Luís Menezes, Miguel Valente, Pedro Gaspar, Pedro Afonso, Rosa Dart - COLABORADORES: Ana Correia, Ana Luena, Maria do Céu Brito, Miguel Machete, PNF, Sara Soares, Tomás Melo - PROJECTO GRÁFICO: Nuno Brito e Cunha - PROPRIEDADE: Associação Cultural Fazendo SEDE: Rua Rogério Gonçalves nº 18 9900 Horta - PERIODICIDADE: Quinzenal TIRAGEM: 400 exemplares IMPRESSÃO: Gráfica o Telégrapho CONTACTOS: vai.se.fazendo@gmail.com

APOIO: DIRECÇÃO REGIONAL DA CULTURA


http://fazendofazendo.blogspot

3 FEV. a 3 MAR. 2011

F

3

música

redescoberta

ilarmónica raude

ou a música portuguesa que precisamos em Portugal Miguel Machete Que ninguém se apoquente. O contexto não é regional e as palavras portuguesas nem sempre querem dizer aquilo que dizem. Para que percebam (falando só para aqueles que desconhecem, claro) temos que voltar aos anos 60, mais precisamente 1968, algures entre o Entroncamento e Tomar. Nessa terra incerta, surgiram 5 rapazes, que em pleno Estado Novo-Velho, decidiram trazer e experimentar o rock progressivo nas terras Lusas. Mas perceba-se, não importaram “ó babies, babies, bi naice to mi, camones”. Não. Serviram-se de inspirações Beatlescas e populares Portuguesas, escreveram letras onde desaguava uma crítica social não perceptível aos homens do lápis azul (esses senhores só censuraram o 69 que estava à frente do nome da Sra Lídia Martinez que tinha concebido a capa do álbum… era o ano, mas nunca fiando) e estruturaram uma interessante revolução. Até a escolha do nome da banda foi requintada – palavras de António Pinho (o homem das letras) n’ “O Mirante”: “Eu sempre tive a mania de ser diferente. Não queria um grupo com um nome parecido com os que havia…. Alguém disse Filarmónica… Gostei da palavra, achava que soava bem, mas era

redutora.... Pego no dicionário e vou à letra éfe. Queria outra palavra que começasse por éfe. Que destruísse a Filarmónica e que ligasse bem. E de repente encontro a palavra Fraude. Os outros arrepiaram-se, mas acabaram por aceitar.” Produziram um LP (Long Play…) chamado “Epopeia”, dois EPs (Extended Play…) e um single. Duraram um ano – o de 69 (perdoem-me os senhores do dito lápis mas tem mesmo que ser). Desta epopeia surgiu mais tarde outro projecto, se calhar mais reconhecido mas um pouco esquecido depois de Abril, chamado “Banda do Casaco”, que entre outras tropelias, chegou a juntar a Sra Catarina Chitas (Ti Chitas) às suas canções, contribuindo assim para que uma senhora Beirã, tocadora de adufe e dona de uma voz peculiar, se tornasse numa espécie de popstar (de outros tempos, é certo). Filarmónica Fraude. Poderia figurar entre outros nomes de agora mesmo, como Oquestrada, Virgem Suta, Deolinda, Diabo na Cruz, Os Golpes, A Caruma, Bandarra (brasa para a sardinha) ou outros que se aventuram tão bem noutras experimentações - A Naifa, Megafone, Experimentar Na m’Incomoda. É importante não esquecer o passado

Up at the

para que possamos assentar olhos e ouvidos abertos no presente (com pés e pernas para andar, no futuro). Em 69, 1969, há 42 anos (podíamos ir mais atrás, mas no âmbito deste texto acho que se adequa), já havia quem resistisse inovando. Já havia quem acarinhasse assim a música Portuguesa para que ela gostasse de si própria (claro que havia quem também acarinhasse assado, como os geniais e incontornáveis José Afonso, Sérgio Godinho, José Mário Branco e Fausto Bordalo Dias, mas desses escuso-me de falar aqui). Houve períodos indefinidos, escuros, onde se promoveram enganos, onde se optaram por linguagens mais fáceis e redondas que certamente chamariam um estrelato internacional (“ó babies, babies, bi naice to mi, camones”) e onde foi desejável que muitos mais Antónios Variações aparecessem. Felizmente, hoje, vivemos tempos de proliferação de “Filarmónicas” que de fraude nada têm. São muitos os músicos e fazedores de canções populares Portuguesas em Portugal que agora percorrem as ruas, se encontram, olham para trás e para a frente, para os lados, para o outro lado do mundo. Começam a fazer-se muitas músicas para saborear ao pequeno almoço, trincar ao lanche,

beber ao jantar, sempre em Português. Faz-se música que muita falta nos tem feito. Por isso, estimula-se o leitor a ser ouvinte, a mexer-se e a procurar, a ser activo – não se fique pelo que lhe dão. Elas andam aí… Não se trata da descoberta da pólvora mas é a descoberta de uma pólvora. Talvez nos ajude a gostar um pouco mais de nós. Para desfrutar: h t t p : // w w w. m y s p a c e . c o m / filarmonicafraude h t t p : // w w w.y o u t u b e . c o m / watch?v=vDal4qIUxd0 http://vimeo.com/tiagopereira/videos

Estes já servem de procura aos outros…

discos do além

Gaspar Pedro

Antes de iniciar a nossa rubrica desta quinzena, devo um esclarecimento aos senhores telespectadores: o trabalho que aqui exerço é sério e não pretende de forma alguma denegrir os êxitos discográficos aqui analisados. Antes pelo contrário. Os mesmos fazem parte da minha colecção particular e trato-os como se fossem meus filhos. São guardados por um cão polícia de loiça que herdei da minha tia-avó, que por sua vez também era polícia.

Posto isto, senhores ouvintes, viajemos pelo universo roqueiro deste irreverente disco do além. Em traços gerais, trata-se de uma imitação imberbe de AC/ DC, uma banda já por si também imberbe e desprovida de qualquer interesse do ponto de vista musical há mais de 30 anos. Mas perguntam-

-me então os senhores audiovisuais, porquê esta proposta numa rubrica com tão elevados padrões de requinte? Reparemos na capa. Pessoalmente, e na minha já quase longa (apesar de curta) carreira como especialista em discos do além, considero esta uma das melhores capas do início do século. Bonita, expressiva, equilibrada. No entanto, não é apenas isso. Pelo que ouvi dizer em determinados locais suspeitos da cidade onde se diz mal de coisas, consta-se que estes ingleses eram viciados em crack. Tinham alucinações permanentes, principalmente em casas de banho, onde observavam incrédulos guitarras eléctricas a saírem das suas calças. Consta-se que grandes solos imaginários foram tocados em urinóis públicos. No entanto, a sua timidez natural impedia-os de mostrar o

instrumento em público, o que os levou a gravar este trabalho como forma de registar os magistrais solos de urinol para a posteridade, e para os anais da siderurgia inglesa. Actualmente, e após uma cura prolongada, os músicos tocam já solos normais em guitarras normais, pelo que tiveram de enveredar por fazer casamentos e baptizados para ganharem a vida, longe dos dias de glória do ano de 2004. É assim a vidinha do artista, minhas senhoras e cavalheiros. O artista às vezes come pão, outras vezes não come não.

Boned(2004)


4

http://fazendofazendo.blogspot.com

3 FEV. a 3 MAR. 2011

arquitectura e artes plásticas

Ana Correia Teremos, em Maio, o prazer de receber na nossa ilha o ilustrador Luís Silva, que ‘conheci’ há poucos dias, aquando das preparações da edição deste ano dos ‘Encontros Filosóficos’, da Escola Secundária Manuel de Arriaga. Apesar das pesquisas na web não nos trazerem grandes informações biográficas acerca da sua pessoa, trazem o essencial e aquilo que verdadeiramente nos interessa: a sua obra. Para além das caricaturas, dos cartoons, das ilustrações institucionais, dos esboços e dos seus teatros de papel, Luís Silva ilustrou cinco livros deliciosos que nos deixam enebriados na magia e envolvidos no seu cromatismo e

ilustração

Luís Silva

expressividade de tamanha qualidade. Não é uma ilustração banal, cheia de cores berrantes e de personagens todos iguais, vistos sempre frontalmente, sem surpresas nem novidades. Não, não é vazia nem tão pouco enfadonha. É uma ilustração rica e absorvente, capaz de nos transportar para cenários imaginários e mundos paralelos. Luís Silva foi para a Bélgica em 1966 estudar ilustração e banda desenhada no Institut Superieur des Beaux Arts St. Luc, em Liége, donde saiu com distinção. Regressou a Portugal em 2000, onde se tem dedicado por inteiro à ilustração. Guardemos as demais questões para quando o artista nos vier visitar.

lacuna

Palavras Andreia Rosa Ao assistir ao filme “Iris”, que retrata aspectos da vida da célebre escritora britânica Iris Murdoch, e que muito aconselho a ver pela sua carga emocional e descrição da vida desta importante autora, pensei em palavras. A importância de uma palavra. Afinal de contas estas são importantíssimas. É com elas que comunicamos, escrevemos, descrevemos tudo o que queremos, transmitimos o que pensamos às outras pessoas, exprimimos tudo o que sentimos, mostramo-nos ao resto da humanidade. Na vida, a palavra certa pode ser a glória, e a palavra errada, a ruína. As palavras criam reacções mentais, que podem ser boas ou más. A leitura de uma frase, que não é mais que a junção de palavras encadeadas com harmonia, pode mudar o estado emocional de uma pessoa. Isto é um enorme poder, e que deve ser usado com cuidado. Certa vez li que se puséssemos papéis colados em garrafas de água onde escrevêssemos palavras com sentimentos positivos, isso alterava a componente química da água. Não sei

se isto é verdade ou não, mas se for, é um dado muito curioso acerca do efeito de uma palavra. Os livros, esses poderosos aliados, que são vastos conjuntos de palavras, podem mudar uma vida. Daí a importância da leitura. Inspiramo-nos nas heroínas e/ ou heróis de uma história, descobrimos mundos, informamo-nos sobre tudo, e com eles aprendemos mais e mais. E conhecimento nunca é demais, nunca. A vida é uma aprendizagem constante, e quanto mais aprendermos, melhor seremos, para nós e para a sociedade em que estamos inseridos. E esta sociedade precisa muito de ajuda. Para inspirar mentes, a nossa Biblioteca Pública, na Sala de Leitura, tem à entrada uma bancada cheiinha de novidades literárias à espera de serem lidas, e que é renovada todas as semanas. Vale a pena levar um ou mais livros para casa e desfrutar de uma boa leitura. O nosso cérebro é como um músculo, precisa de ser estimulado, para o seu correcto e melhor funcionamento.

Para reflexão, e em homenagem às palavras, resolvi mencionar 20 importantes palavras, que podem significar mundos diferentes no campo racional e intelectual, e que podem abrir os horizontes de quem nelas se debruçar: Liberdade, Sonho, Mente, Pensamento, Intelecto, Lógica, Raciocínio, Reflexão, Filosofia, Harmonia, Sensibilidade, Conhecimento, Sabedoria, Espaço, Tempo, Infinito, Existência, Essência, Expansão, Evolução. Cada uma destas palavras dá muito que divagar. Soltar as amarras e navegar no vasto mar do conhecimento. Deixar que o pensamento voe, abrir

as asas e criar, que a mente é a mais poderosa ferramenta do nosso corpo, faz milagres, transforma vidas. Através das palavras damos expressão à nossa voz, ao que de mais forte e íntimo queremos transmitir ao mundo. Cada ser humano é um universo de pensamentos, que muitas vezes se encontra fechado, mas que adequadamente estimulado, pode revelar surpresas gloriosas. Em cada um de nós há um diamante, que muitas vezes só falta ser polido, para assim poder brilhar no seu total esplendor.


http://fazendofazendo.blogspot

3 FEV. a 3 MAR. 2011

Escrito no mar

5

livro

literatura

de Manuel Alegre e Jorge de Barros

A Ilha foi sempre representada na literatura como lugar simbólico e desconhecido o longínquo; o sem tempo, o sem lugar oculto pelo imaginário e pelas brumas antiquíssimas. Maria do Céu Brito Chegou-me à mão por acaso. Puxei-o de uma estante da biblioteca da Escola e folheei-o com o descuido de quem navega pelas páginas dos livros sem nada desejar, sem esperar coisa alguma. Pura deambulação dos dedos e do olhar. Errância e descoberta. Foi nesta itinerância que respirei a cor e a beleza da fotografia de Jorge de Barros: uma geografia líquida e inquieta do oceano e dos céus infinitos; um espaço de liberdade e de diálogo com o texto poético de Manuel Alegre. Múltiplas são as experiências de quem parte em viagem pelas Ilhas Desconhecidas e ainda não descobertas; pelas antiquíssimas rotas do imaginário, pela profunda nascente alquímica de um tempo e de um espaço que fluem e continuamente se recriam; que em si mesmo são errância, busca e transcendência. Manuel Alegre e Jorge de Barros são tocados pelo mesmo deslumbramento que sentiu Raul Brandão, apesar do tempo que separa “Escrito no Mar” de “As Ilhas Desconhecidas”. Respira-se nos dois textos a mesma atmosfera líquida: o cântico ancestral das águas, os sinais de fogo enegrecido que recortam as ilhas, a densidade dos símbolos e dos arquétipos: uma experiência iniciática de ventos e de mar, uma errância interior; uma ascese: Eu buscava uma ilha sobre o vento e a espuma

A Ilha foi sempre representada na literatura como lugar simbólico e desconhecido - o longínquo; o sem tempo, o sem lugar oculto pelo imaginário e pelas brumas antiquíssimas. A ilha de Homero, de Platão, de Thomas Moro configuram o desejo ancestral do homem em retornar à casa mãe e à identidade perdidas. E disse Raul Brandão “o melhor de uma ilha é a ilha em frente”. Mas não. O melhor de uma ilha é a ilha ausente. Aquela que talvez Sequer exista E é a que vês

a que só era de ser a sempre ausente Sem ser vista. ilha nenhuma Agora tenho-a à minha frente Ilha de bruma Buscava um lugar santo um canto um cântico um triângulo mágico uma palavra um fim E vejo um grande pico sobre o atlântico e uma a ilha a nascer dentro de mim A Ilha, a sempre ausente, forçanos à viagem e à convivência com o tempo e com a memória. Força-nos à contemplação do que em si mesmo se busca - pura errância de sóis e marés sem jamais se encontrar. Convida-nos à lucidez paciente, ao recolhimento, à observação do azul, à

Raiz

migração das luas e dos pássaros. A itinerância, a solidão e a saudade são a própria condição existencial insular. A viagem – esta pulsão cósmica de aves sem rumo; a incessante procura de quem já está a caminho, do que vai ao encontro de si mesmo e do universo - o lugar diametralmente oposto ao do voo rasteiro de pássaros agrilhoados ao cais, às correntes pequeninas do egoísmo; à cegueira alienante dos dias.

Mas este “Escrito no Mar” é uma navegação concreta pelas ilhas dos Açores. E, no entanto, é mais, muito mais do que mostra. Jorge de Barros capta o essencial neste agora e nestas imagens que constituem a memória comum de gentes que respiram o ar de uma terra vulcânica, a maresia, a água e as raízes do fogo

Comovida

continuam sentados no mesmo muro; os rostos plasmados no horizonte; os corpos atormentados nos fatos fora de moda e fora de tempo. Jorge de Barros sabe, decerto, o que procura. Mais do que os “espaços avassaladores do mar sem fim e da luz intensa”, ele conhece os homens e as mulheres das ilhas, a cultura, as tradições. Materializa a realidade física e humana em imagens de uma enorme beleza. “Escrito no Mar” é viagem sem regresso; é iniciação de fogo, de mistério e de alquímicos segredos; é descoberta e desorientação no íntimo de um labirinto. Porque quem chega e quem parte da Ilha sofre, de imediato, uma brusca alteração temporal e espacial da orientação. E neste entretanto, há uma janela aberta sobre o crepúsculo e o mar de cor indefinida, que o olhar de Jorge de Barros capta com a precisão de um milhafre. Quem parte e quem chega à ilha perde simbolicamente o seu caminho e, ao mesmo tempo, ganha novas dimensões cósmicas de natureza espiritual. Labiríntica, sempre aí, e sempre ausente; sempre incomeçada. Começa em ti a sempre incomeçada

Mal abrimos o livro damos de caras com um grupo de cinco homens sentados sobre um muro, de costas para o mar.

A que por nunca ser nunca perdi

Rostos e expressões ressequidas, sorrisos e olhares marcados pelo tempo e pelo lugar: Ilha Terceira, freguesia das Doze Ribeiras. Seis meninas de S. João do Pico, vestidas de branco e rendas, permanecem sentadas no mesmo muro, encolhidas nos longos vestidos brancos, tecem sorrisos tímidos. Quatro rapazes da Candelária, S. Jorge,

A mulher que não há começa em ti.

A que era amor do amor: corpo de nada

Começa em ti um tempo em que ajoelho Tempo de amar ou templo: terra e mar Meus olhos deslumbrados com os Açores

de Cristóvão de Aguiar Carla Cook “Raiz Comovida” é uma trilogia romanesca que compreende “A Semente e a Seiva”, “Vindima de Fogo” e “O Fruto e o Sonho”. Publicados individualmente entre 1978 e 1981, os três acabaram por aparecer em ’87 num único volume. O próprio título da obra, forte e original, indica que estamos perante um livro cujo magma é memorialístico. De facto, o que conjuga estes três romances num só é a mesma teia-matriz de lembranças de vários elementos que, sendo diversos, têm em comum o húmus da Ilha, com os seus contadores de histórias e a sua natureza feminina e explosiva. A Ilha de quem o autor disse um dia que “o desinquietou de tal maneira que não teve outra opção que não fosse a de a ir iludindo com meia dúzia de livros que em absoluto nunca a aquietaram. Continua impertinente e ciumenta.” Cristóvão de Aguiar nasceu em S. Miguel em 1940. Vinte anos depois, partiu para Coimbra, onde ainda hoje vive. Aquando da sua mobilização para a Guerra Colonial, escreveu um pequeno livro de poemas. A experiência da Guiné e de uma luta pessoal levou-o a voltar à escrita, desta vez explorando mais “o lastro afectivo e de recursos sentimentais” da sua terra. Ganhou vários prémios literários de destaque numa carreira não isenta de polémica e de reacções de amor e de ódio. Em 2001, foi agraciado com o Grau de Comendador da Ordem do Infante do Henrique. Talvez regresse aos Açores, para escrever (e aquietar) Coimbra.


6

http://fazendofazendo.blogspot.com

3 FEV. a 3 MAR. 2011

cinema e teatro

teatro

Deixo-me contaminar

O Teatro de Giz prepara o seu novo espectáculo. Após uma semana de ensaios, convidámos a encenadora Ana Luena a falar do seu percurso e do projecto que connosco está a desenvolver.

Ana Luena Comecei a trabalhar no teatro na área de cenografia e figurinos em 1995, desenvolvendo desde então um trabalho continuado como criadora em espectáculos de diferentes áreas artísticas, com diversos encenadores e em diversas instituições. Os meus trabalhos nunca se limitaram à criação isolada de figurinos e cenografia pois em qualquer deles existiu sempre uma forte relação na base da criação com a dramaturgia e no processo com a encenação. As minhas primeiras experiências de encenação surgiram no âmbito do projecto artístico desenvolvido

no Teatro Bruto, companhia a que pertenço desde o seu início e onde cresci e me formei. Paralelamente às experiências profissionais frequentei o curso de cenografia e figurinos da ACE, o curso de encenação de Ópera, da FCG, e actualmente frequento o Mestrado de Teatro/Encenação, da ESTC. Interessa-me enquanto criadora dar continuidade ao desenvolvimento de projectos de encenação que promovam o diálogo inter e pluridisciplinar, incorporando elementos de outras áreas artísticas e explorando temáticas que alimentam o pensamento artístico contemporâneo. Gosto de

pensar os projectos teatrais enquanto espaços de reflexão, cruzamento de conhecimentos, partilha e construção da língua Portuguesa, ao valorizar uma relação privilegiada com escritores nacionais, disponíveis para integrar activa e criativamente os processos de construção do espectáculo. Procuro constantemente novos desafios, na exploração de diferentes formatos cénicos e diferentes processos criativos para a realização dos espectáculos.

a dramaturga Marta Freitas, propõe como texto original, que está a ser escrito especificamente neste momento para este projecto do Teatro de Giz. Um processo que se quer interactivo entre o grupo que está a colaborar nesta primeira fase de trabalho aberto, eu e a autora. Interessa-me esta zona, por vezes tão ténue, entre a vida e a criação. A criação como uma experiência de liberdade desejada.

A minha estadia na Horta, surgiu de um convite do Teatro de Giz, para eu colaborar e encenar o seu novo projecto. IMUNDAÇÃO é a proposta que

imundacao.blogspot.com este projecto conta com apoios da DRaC e da CMH

Realizador independente Miguel Valente Bem sei que esta rubrica é dedicada a realizadores independentes e que o senhor que se segue não se pode considerar propriamente independente, uma vez que parte da sua carreira foi feita em associação com grandes produtoras de cinema de Hollywood. No entanto, devido ao facto de ser dos poucos realizadores não independentes que consegue manter total controlo sobre os seus filmes, incluindo a produção, bem como o tipo de filmes por si realizado não ter como objectivo grandes receitas de bilheteira, abre-se esta excepção para traçar uma pequena biografia de um dos nomes maiores do cinema mundial. Allen Stewart Konigsberg (se o nome diz pouco a muita gente, mais à frente far-se-á luz sobre esta personagem) nasceu a 1 de Dezembro de 1935 em Brooklyn, Nova Iorque. Ateu convicto mas filho de pais judeus, Allen começou os seus estudos numa escola hebraica, na qual estudou durante oito anos. Durante esse período, e devido à sua difícil relação com a mãe, Allen passava a maior parte do seu tempo fechado no quarto a praticar truques de magia com cartas e a tocar clarinete, actividades que ainda mantém. Estes seus talentos granjearam-lhe alguma popularidade entre os seus colegas e vizinhos durante o liceu. É por esta altura da sua vida (15 anos) que Allen entra no show business, começando por escrever pequenas piadas para colunistas de jornais locais. Mais tarde o seu agente consegue-lhe um trabalho de argumentista de talk-shows, tais como “The Edd Sullivan Show” ou “Caesar’s Hour”, recebendo aos 19 anos de idade um excelente ordenado pelas suas ideias. No entanto, devido ao facto de achar que o seu talento estava a ser desperdiçado, acaba por deixar esta actividade e começa a dedicar-se a interpretar ele próprio as suas piadas em clubes nocturnos como stand-up

comedian. É com esta actividade que cria a personagem de um intelectual neurótico e cheio de fobias que o torna mundialmente famoso. Por esta altura já tinha oficialmente mudado o seu nome para Heywood Allen sendo, no entanto, mais conhecido por Woody Allen. É aos 30 anos, e após uma brilhante carreira como comediante e escritor de pequenas histórias e textos para tiras de cartoons para diversas revistas, que Woody Allen chega ao cinema, através da mão de Warren Beaty, que o convida para escrever o argumento e participar num papel secundário do filme “What’s New, Pussycat?”. Um ano mais tarde, em 1966, realiza o seu primeiro filme, “What’s Up, Tiger Lily?”, um remake de um filme de espionagem japonês cujo guião foi totalmente refeito tornando-o numa comédia. Entre 1965 e 1969, participa em alguns filmes como actor e é só no último ano da década de 60 que toma o papel de realizador, no filme “Take the Money and Run”. É igualmente durante esse ano que passa os seus shows de stand-up para a televisão no programa “The Woddy Allen Special”. Durante este período dedica-se igualmente a escrever guiões para a Broadway e também livros cómicos. É com duas peças suas, “Don’t Drink the Water” e “Play It Again, Sam”, que Woody Allen estabelece uma parceria, que levará para o cinema, com Anthony Roberts e Diane Keaton. A afirmação como realizador ocorre já na década de 70, quando tem início uma prolífica série de filmes que se estende até aos nossos dias. “Bananas” (1971), “Everything You Always Wanted to Know About Sex, But Were to Afraid to Ask – O ABC do Amor” (1972),

“Sleeper – O Herói do Ano 2000” (1973) e “Love and Death – Nem Guerra, Nem Paz” (1975) é um conjunto de filmes completamente inspirados nos irmãos Marx, consistindo em comédias de humor fácil assentes em argumentos simples, com tiradas humorísticas e muito humor físico. É com “Annie Hall” (1977) que Woody Allen muda de estilo, começando uma série de filmes mais introspectivos e intelectuais oscilando entre a comédia romântica [“Annie Hall”, “Manhattan” (1979), “A Midsummer Night’s Sex Comedy – Uma Comédia Sexual numa Noite de Verão” (1982), “Broadway Danny Rose – O Agente da Broadway” (1984), “The Purple Rose of Cairo – A Rosa Púrpura do Cairo” (1985), “Hanna and Her Sisters – Ana e as Suas Irmãs” (1986), etc.], os filmes mais intimistas e sombrios inspirados em Ingmar Bergman [“Interiors – Intimidade” (1978), “Stardust Memories – Recordações” (1980), etc.] e as comédias surrealistas inspiradas em Fellini (“Zelig” (1983), “Radio Days – Os Dias da Rádio” (1987) e a magnífica curta “Oedipus Wrecks” integrada no filme “New York Stories – Histórias de Nova Iorque” em 1989). Durante os anos 90 volta a realizar filmes mais ligeiros bem como algumas comédias musicais semelhantes às que escrevia para a Broadway [“Bullets Over Broadway – Balas Sobre a Broadway” (1994), “Mighty Aphrodite – Poderosa Afrodite” (1995), “Everyone Says I Love You – Toda a Gente Diz que te Amo” (1996), “Deconstructing Harry – As Faces de Harry” (1997), “Sweet and Lowdown – Através da Noite” (1999), “Small Time Crooks – Vigaristas de Bairro” (2000), “The Curse of the Jade Scorpion – A Maldição do Escorpião de Jade” (2001), etc.]. Em 2005 surge “Match Point”, um dos

filmes mais aclamados de Woody Allen e o seu preferido. “Match Point” marca um ponto de viragem na filmografia de Woody Allen, passando a filmar na Europa e largando a típica personagem do intelectual neurótico [“Whatever Works – Tudo Pode Dar Certo” (2009), cuja personagem geralmente interpretada por Allen é interpretada por Larry David, é a excepção, sendo que o argumento deste filme foi escrito durante os anos 70]. A partir deste momento reduz consideravelmente a sua participação como actor [“Scoop” (2006) é o único filme desta fase em que entra] e vira-se definitivamente para o público europeu, que lhe atribuiu desde sempre uma atenção especial, ao ponto de o próprio brincar com isso (uma das suas famosas piadas é “For some reason I’m more appreciated in France than I am back home. The subtitles must be incredibly good”). “Hollywood Ending” (2002) é uma paródia a essa situação. Woody Allen faz filmes há mais de 40 anos, com uma regularidade impressionante (uma média de 1 por ano) e, se nem todos são excepcionais, alguns ficarão na história do cinema. Comediante, guionista, realizador, actor, clarinetista, etc., etc., Woody Allen apresenta uma carreira impressionante, com um trabalho consistente e de elevada qualidade, ao ponto de ter recebido o exclusivíssimo prémio de carreira de Cannes Palmes des Palmes (até ao momento apenas ele e Ingmar Bergman receberam este prémio). Felizmente para os seus fãs está vivo e de boa saúde, continuando a fazer aquilo que melhor sabe, bom cinema. Actualmente está a editar o seu último trabalho, “Midnight In Paris”, que deverá estrear entre nós ainda este ano.


http://fazendofazendo.blogspot

3 FEV. a 3 MAR. 2011

7

ciência e ambiente

dop / universidade dos açores

Mar dos Açores,

caracterização e Investigação apoiar, promover e inovar o sistema. Neste contexto, a academia de hoje tem a responsabilidade e a obrigação de responder aos apelos da sociedade onde se insere; é a chamada extensão científica, cultural ou social das universidades. Ciente desta realidade, a UniSénior (Universidade Sénior da Ilha do Faial) dos Antigos Alunos do Liceu da Horta, em boa hora cumpriu o seu papel e “exigiu” à instituição universitária regional a abertura de uma área lectiva sobre o Mar dos Açores.

Filipe Mora Porteiro A investigação científica, seja ela fundamental ou aplicada é, desde sempre, um pilar estrutural do desenvolvimento das sociedades humanas. Por isso as universidades, ninhos privilegiados da investigação científica, foram desde há muitos séculos suportadas e promovidas por governos não obscurantistas e acarinhadas pelas sociedades onde se inserem. A grande virtude das universidades e da ciência que nelas se produz, é a capacidade de transformar para melhor as sociedades humanas e o ambiente onde elas se inserem.

No entanto, a investigação científica, tanto na sua vertente exploratória como experimental, é uma actividade muito exigente: é lenta, por vezes frustrante e cega; necessita de gente bem formada, espaços apropriados e equipamentos tecnologicamente inovadores; e consome vorazmente recursos económicos, na maior parte das vezes, públicos. Com tal, a sociedade de hoje exige, e bem, conhecer o que se faz nas universidades e centros de investigação, e usufruir directamente da informação que ai se vai produzindo, para se transformar e para gerar novos cientistas que irão

Respondendo a esta provocação, o DOP/ UAç abriu as suas portas e organizou uma série de palestras regulares (cerca de 30) de divulgação científica da sua actividade e do conhecimento que tem vindo a acumular sobre o seu objecto de estudo: o Mar dos Açores. Estas palestras abordam a complexidade natural do Mar dos Açores (geológica, oceanográfica e biológica), as actividades humanas aí praticadas (pesca, lazer, etc.), os impactos causados por essas mesmas actividades (sobre-exploração de recursos e destruição de espécies e habitats) e os mecanismos que visam a conservação e a promoção do equilíbrio ecológico e sustentável dos ambientes marinhos (medidas de gestão, como

legislação, áreas marinhas protegidas e códigos de conduta). As temáticas são apresentadas por mais de 20 investigadores, docentes, pós-doutorados, técnicos e doutorandos do DOP/UAç, enquadradas com exemplos resultantes da investigação que se faz na instituição. Os assuntos são abordados de forma dinâmica e interactiva, com o rigor científico que se exige para acções deste género, mas com uma linguagem que permite veicular a informação ao público-alvo. Esta parceria entre o DOP/UAç e a UniSénior decorre desde Outubro do ano transacto e estende-se até Junho de 2011. As sessões semanais acontecem no anfiteatro do novo edifício do DOP/ UAç. A presença regular de muitos dos 36 inscritos nesta área curricular da Universidade Sénior sugere que o objectivo está a ser cumprido. Espera-se que esta parceria contribua para a compreensão da importância dos oceanos, em termos globais, e em especial para este povo insular, rodeado de mar por todos os lados. Afinal os nossos seniores com o seu saber, conhecimento e respeito, são fundamentais na transmissão de conhecimentos e sensibilização dos seus filhos e netos. E assim a sociedade cumpre-se!

trilhos do parque natural do faial

Percurso pedestre do perímetro da caldeira PNF A caldeira do vulcão central da ilha do Faial formou-se devido a um colapso do topo do seu aparelho vulcânico há cerca de 1200 anos. Esta depressão, de formato circular, apresenta um diâmetro de cerca de 2 km e uma profundidade média de 390 m, encontrando-se coberta por vegetação Laurissilva. A Caldeir a d o Fa i a l é u m a R e s e r v a N at u r a l e e n c o nt r a - s e c l a s s i f i c a d a p e l a R e d e N a t u r a 20 0 0 c o m o z o n a d e P r o t e c ç ã o d e Av e s S e l v a g e n s p e l a D i r e c t i v a Av e s e c o m o Z o n a Especial de Conser vação pela D i r e c t i v a H a b it a t s , t e n d o s i d o r e c e nt e m e nt e c l a s s i f i c a d a c o m o z o n a hú m i d a d e i m p o r t â n c i a

i nt e r n a c i o n a l p e l a C o nv e n ç ã o d e R a m s a r. É possível apreciar a beleza majestosa da Caldeira realizando o percurso do perímetro da mesma. Este trilho apresenta uma extensão de 7 km, demorando cerca de 3h30m para ser efectuado, com início junto ao Miradouro da Caldeira. Caminhando pelo lado direito, é possível apreciar, no seu interior, um pequeno cone de escórias, um domo lávico de natureza traquítica, conhecido como Rocha do Altar e, junto à parede sul, diversos charcos e turfeiras. A Caldeira apresenta-se coberta por grandes matos arborescentes

macaronésicos, floresta laurissilva e matos de juniperus. Continuando o percurso, pode-se avistar, para Este, o Graben de Pedro Miguel, que se caracteriza pela presença de importantes escarpas de falha, de orientação aproximadamente WNW-ESE. Ao longo deste percurso deparamo-nos, nas encostas da caldeira, com uma espécie, que, ao ser alimentada pela chuva, possui um papel preponderante na manutenção da humidade, o Shagnum spp. Este briófito distingue-se dos outros musgos pelo facto dos seus ramos estarem agrupados em fascículos. É de destacar, ainda, a presença de espécies endémicas como a Angélica, uma das plantas mais raras da flora açoriana e o Trovisco-macho,

uma verdadeira relíquia do período Terciário, ao qual vive associado um artrópode, conhecido por gorgulho, que apenas se pode encontrar nas ilhas do Faial (apenas na Caldeira), Pico e Flores. Aprecie os sons da natureza, pois poderá escutar e observar diversas aves das quais destacam-se o tentilhão, a estrelinha, o canário-da-terra e o milhafre.


de Lee Unkrish Teatro Faialense - 17h

8

3 FEV. a 3 MAR. 2011

http://fazendofazendo.blogspot.com

2

3

1

2

3 2

4 5 6 1

1 3

7 8

5

4

6 9

Calçada Santo António 1 9900-135 Horta Tel. 292 943 003 info@edatlantico.com www.edatlantico.com

Loja ZON Açores Rua de Jesus, Matriz, 9900 Horta Segunda a Sexta, das 9h00-13h00 e 14h00-17h30

Gatafunhos

fazendus

Serviços Públicos

Percursos Pedonais

Comércio

1-

Cais de Embarque

1-

Sra. da Guia

1-

Ourivesaria Olímpio

2-

Hospital

2-

Miradouro dos Dabney

2-

ZON Açores

3-

Posto de Turismo

3-

Praia de Porto Pim

3-

Alberg. Estrela do Atlântico

4-

Biblioteca

4-

Monte Queimado

5-

Museu

5-

Da ribeira à Torre do Relógio

6-

Câmara Municipal

6-

Parque da Alagoa

7-

Correios

8-

Mercado Municipal

9-

Piscinas Municipais

Ilustração Tomás Silva

Horta

Ourivesaria Olímpio Lg. Dq. D’Ávila e Bolama, 11 9900-141 Horta Tel. 292 292 311. oolimpio@gmail.com

faial

Legenda

Tomás Melo

Agenda

Fevereiro

ATÉ 30 ABR. exposição EVOLUÇÃO - resposta a um planeta em mudança Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos SEX. 4 E SÁB. 5 FEV. cinema IMPARÁVEL de Tony Scott Teatro Faialense - 21h30 SÁB. 5 FEV. feira BAZAR DE RUA feira de artigos usados Praça da República - 9h às 14h30

concerto JC BAND Banda de Música de Inspiração Cristã Polivalente dos Flamengos - 21h SEX. 11 e SÁB. 12 FEV. cinema O AMERICANO de Anton Corbijn Teatro Faialense - 21h30 SÁB. 19 E DOM. 20 FEV. formação OS SETE CHAKRAS com o monge indiano Dada Dhyanananda Hospedaria Estrela do Atlântico inscrições: 913648377

Gatafunhos

Tomás Melo

SÁB. 19 E DOM. 20 FEV. cinema A TEMPO E A HORAS de Todd Philips Teatro Faialense - 21h30 DOM. 20 FEV. teatro A MENINA DOS FÓSFOROS CAO - Santa Casa da Misericórdia Sociedade da Ribeirinha - 20h espectáculo VARIEDADES da APADIF SOciedade da Ribeirinha - 20h30 dança CHAMARRITAS Sociedade da Ribeirinha - 22h

TER. 22 FEV. comemoração 153º ANIVERSÁRIO DA FILARMÓNICA ARTISTA FAIALENSE Sociedade Filarmónica Artista Faialense SÁB. 26 FEV reunião GRUPO DE APOIO AO ALEITAMENTO MATERNO SÁB. 26 E DOM. 27 FEV. cinema JOGO LIMPO de Doug Liman Teatro Faialense - 21h30


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.