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#56

17 a 31 MAR. 2011

Intervir.


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017 a 31 MAR. 2011

crónica

opinião

Dia Mundial do Teatro

Anabela Morais O Dia Mundial do Teatro é comemorado a 27 de Março. Uma das mais importantes manifestações desta comemoração é a difusão da mensagem escrita por uma personalidade de dimensão mundial, convidada pelo Instituto Internacional do Teatro, para partilhar as suas reflexões. Esta mensagem é traduzida em mais de vinte línguas e lida perante milhares de espectadores antes dos espectáculos de 27 de Março, nos teatros do mundo Inteiro. Este ano a personalidade escolhida foi a africana Jessica Atwooki Kaahwa. Nota Biográfica de Jessica Atwooki Kaahwa Professora titular no Departamento de Música, Dança e Teatro da Universidade de Makerere, no Uganda. É doutorada em Teatro, História, Teoria e Crítica pela Universidade de Maryland, nos EUA. Dramaturga, actriz e directora do teatro académico, escreveu mais de 15 peças de teatro, televisão e rádio. Distingue-se pelo seu trabalho humanitário. Utiliza o teatro como meio de desenvolvimento humano e como força construtiva em zonas de conflito. Esta personagem multilingue é acérrima defensora dos direitos humanos, da igualdade de género e da paz.

Mensagem do Dia Mundial do Teatro O TEATRO AO SERVIÇO DA HUMANIDADE por Jessica Atwooki Kaahwa Este é o momento exacto para uma reflexão sobre o imenso potencial que o Teatro tem para mobilizar as comunidades e criar pontes entre as suas diferenças. Já, alguma vez, imaginaram que o Teatro pode ser uma ferramenta poderosa para a reconciliação e para a paz mundial? Enquanto as nações consomem enormes quantidades de dinheiro em missões de paz nas mais diversas áreas de conflitos violentos no mundo, dá-se pouca atenção ao Teatro como alternativa para a mediação e transformação de conflitos. Como podem todos os cidadãos da Terra alcançar a paz universal quando os instrumentos que se deveriam usar para tal são, aparentemente, usados para adquirir poderes externos e repressores? O Teatro, subtilmente, permeia a alma do Homem dominado pelo medo e desconfiança, alterando a imagem que tem de si mesmo e abrindo um mundo de alternativas para o indivíduo e, por consequência, para a comunidade. Ele pode dar um sentido à realidade de hoje, evitando um futuro incerto. O Teatro pode intervir de forma simples e directa na política. Ao ser incluído, o Teatro pode conter experiências capazes de transcender conceitos falsos e pré-concebidos.

Além disso, o Teatro é um meio, comprovado, para defender e apresentar ideias que sustentamos colectivamente e que, por elas, teremos de lutar quando são violadas. Na previsão de um futuro de paz, deveremos começar por usar meios pacíficos na procura de nos compreendermos melhor, de nos respeitarmos e de reconhecer as contribuições de cada ser humano no processo do caminho da paz. O Teatro é uma linguagem universal, através da qual podemos usar mensagens de paz e de reconciliação. Com o envolvimento activo de todos os participantes, o Teatro pode fazer com que muitas consciências reconstruam os seus pré-conceitos e, desta forma, dê ao indivíduo a oportunidade de renascer para fazer escolhas baseadas no conhecimento e nas realidades redescobertas. Para que o Teatro prospere entre as outras formas de arte, deveremos dar um passo firme no futuro, incorporando-o na vida quotidiana, através da abordagem de questões prementes de conflito e de paz. Na procura da transformação social e na reforma das comunidades, o Teatro já se manifesta em zonas devastadas pela guerra, entre comunidades que sofrem com a pobreza ou com a doença crónica.

Faz sentido existirem plataformas culturais, como o Instituto Internacional de Teatro, que visam consolidar a paz e a amizade entre as nações. Conhecendo o poder que o Teatro tem é, então, uma farsa manter o silêncio em tempos como este e deixar que sejam “guardiães” da paz no nosso mundo os que empunham armas e lançam bombas. Como podem os instrumentos de alienação serem, ao mesmo tempo instrumentos de paz e reconciliação? Exorto-vos, neste Dia Mundial do Teatro, a pensar nesta perspectiva e a divulgar o Teatro, como uma ferramenta universal de diálogo, para a transformação social e para a reforma das comunidades. Enquanto as Nações Unidas gastam somas colossais em missões de paz com o uso de armas por todo o mundo, o Teatro é uma alternativa espontânea e humana, menos dispendiosa e muito mais potente. Não será a única forma de conseguir a paz, mas o Teatro, certamente, deverá ser utilizado como uma ferramenta eficaz nas missões de paz.

Existe um número crescente de casos de sucesso onde o Teatro conseguiu mobilizar públicos para promover a consciencialização no apoio às vítimas de traumas pós-guerra.

capa

Mulher de Capote O Fa z e ndo public ou um anúnc io que de s af ia va que m t i ve s s e fe ito a s pint ur a s mi s te r io s a s d a no s s a c i d a d e a c o m p o r u m t r a b al h o g r áf i c o p ar a s e r public ado ne s te núme r o. A p ó s te r mo s r e c e bido vár io s e b on s t r ab alho s (ve r na últ ima p á g ina) de dife r e nte s fonte s , a r e c lam ar a autor ia d a s inte r ve nç õ e s urb ana s optámo s p ela foto e m c ap a p ela ine qui vo c id ade da me sm a . C om e s ta foto do molde que , ac r e ditamo s , te r á sido ut ili z ado na pint ur a do s s te nc il’s , r e c eb e mo s o s e g uinte te xto.

A Mulher de Capote voltou às ruas da cidade da Horta após 6 décadas de ausência. Um costume delegado por quem se esconde, quem não se dissolve. De quem deambula como uma sombra. Do capelo, alguns montados por barbas de baleia, desce um manto negro até aos sapatos. Costume passado de mães para filhas. Avistado pela última vez em 1949, numa derradeira ida à missa, na Ilha do Pico. Em 2011 foi lançado um foguete, não foram vistas baleias.

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Foram feitas pinturas murais.

nos chamasse a atenção para tudo o que valesse a pena parar e ficar a ver.

Intervir, todos intervimos. Uns de maneiras já vistas, outros de maneiras nunca vistas e alguns de maneiras vistas noutros sítios mas que são novas aqui. Qualquer alteração paisagística é um vandalismo. O tempo é o maior vândalo de edifícios, e até ele consegue ter bom gosto. As cidades mudam. Nós mudamo-las e elas mudam-nos. Devia existir um vigia em cada cidade e, já agora, em cada rua, que

Todos procuramos viver de acordo com uma metáfora, sobretudo quando a realidade é mais simples do que gostaríamos. Porém, nos Açores, viver em cima de um v ulcão, rodeado pelo oceano, não é forma de expressão: é uma condição. E os açorianos são os únicos q ue vivem nesta condição como se isto fosse uma metáfora.

FICHA TÉCNICA: FAZENDO - Isento de registo na ERC ao abrigo da Lei de Imprensa 2/99 de 13 de Janeiro, art. 9º, nº2 - DIRECÇÃO GERAL: Jácome Armas - DIRECÇÃO EDITORIAL: Pedro Lucas - COORDENAÇÃO GERAL: Aurora Ribeiro COORDENADORES TEMÁTICOS: Albino, Anabela Morais, Carla Cook, Filipe Porteiro, Helena Krug, Luís Menezes, Miguel Valente, Pedro Gaspar, Pedro Afonso, Rosa Dart - COLABORADORES: Carla Veríssimo, Fernando Nunes, Miguel Machete, Paula Bacelar, PNF, Sara Soares, Tomás Melo - PROJECTO GRÁFICO: Nuno Brito e Cunha - PROPRIEDADE: Associação Cultural Fazendo SEDE: Rua Rogério Gonçalves nº 18 9900 Horta - PERIODICIDADE: Quinzenal TIRAGEM: 400 exemplares IMPRESSÃO: Gráfica o Telégrapho CONTACTOS: vai.se.fazendo@gmail.com

APOIO: DIRECÇÃO REGIONAL DA CULTURA


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sessão de compota

Construção

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música

Fausto Escolhido o local, monte-se o estaleiro musical!

Litografia M. C. Escher Cycle (1938)

As fundações contínuas serão assentes em expressão contemporânea, numa argamassa ciclópica de quintas, e armado com ferro decorrente de uma sólida secção de metais. Contrabaixos, contrafortes e contra-correntes evitarão certos acidentes, alguns sustenidos serão bem aparecidos. Na estrutura em pórtico standard assentarão alvenarias de magistral composição harmónica, deixando-se já roços para tubagens e outras parafernálias aerofónicas.

No exterior preparem-se já as fossas mais cépticas para o que está para vir! Veremos escadas a subir, e loucos a descer! Jorrarão correntes modernistas, experimentalistas e ensaístas, numa casa com bonitas vistas sobre a multidão! Perdão, voltando à construção, é importante a escolha do pavimento. Mais madeira e menos cimento, para um bom andamento, veloz e animado. Também se requer um telhado, tenso e em suspenso, com o timbre da madeira de primeira. A marcação dos vãos criará um ritmo assimétrico, meio punk, meio eléctrico. Electricidade, é verdade!

com ligeira reverberação para um ambiente de fusão. E eis que chegamos aos acabamentos, notas dominantes e elementos de requinte, ao dispor do prezado ouvinte. Uma casa desenhada a compasso, e com muito espaço para a fluidez. Predominam tons exóticos do mediterrâneo, com breves notas pizzicato, arranjos florais e influências tradicionais. Dissonâncias, nem a mais, nem de menos. Amplifique-se o vanguardismo e prescinda-se de decorar. A melodia improvisa-se de ouvido, faz mais sentido. E a casa está pronta a habitar.

Pretende-se um cenário hipotético para a saleta e o quarteto principal,

discos do além

Minha mãe açoriana Gaspar Pedro (Ex-pecialista em discos do além) Caros e saudosos telespectadores e ouvintes em geral: a escolha do além desta edição é acima de tudo sentimental. Em síntese, trata-se de uma homenagem a Dino Meira, à sua mãe (na capa), e a todas as mães Açorianas que nos ouvem, para acabar bem, e em português de desacordo ortográfico. É que esta é a última edição dos discos do além, e algumas coisas há para dizer. Já viram como está o tempo lá fora? Os animais preparam em regozijo colectivo a chegada da primavera, e os ginásios enchem-se de corpos flácidos e balofos, ávidos por se despojarem dos destroços invernais. É tempo de renovar os cascos, e de mais uma vez partir para o desconhecido, sendo certo que o desconhecido nem sempre está mais além. Quando choro, tremo das mãos, e não consigo escrever

melhor do que isto, perdoem-me a caligrafia… Digo-vos que ao contrário do que imaginam, não fui alvo de censura nem de ameaças de represálias que pusessem em perigo a minha família. Também não fui espancado nem recebi ultimatos sanguinolentos. A minha recente inscrição num curso de electricidade e alta voltagem levou-me a tomar opções, e decidi investir na minha carreira, não tendo portanto disponibilidade para dar continuidade a este projecto. E sabem como hoje em dia é difícil encontrar um bom especialista em discos do além… Resta-me então fazer um balanço, e dizer-vos que se tratou de um exaustivo trabalho de pesquisa nos lugares mais inóspitos que se podem imaginar e sob condições perfeitamente desumanas,

Dino Meira (1990) onde o especialista (eu) teve muitas vezes de pôr em risco a sua própria vida (alimentando-se muitas vezes de animais mortos) para conseguir recolher autênticas preciosidades do mundo musical. Mas valeu a pena. O retorno do público superou as expectativas, algo que me apercebi quando uma prima minha solteirona, que é uma pessoa desprovida de expressão e um pouco masculina e rude, esboçou um dia um leve sorriso de mona lisa ao ler um disco do além. Não tive coragem de perguntar, mas não acho que tenha sido uma cãibra facial. É uma pessoa muito saudável e come muitas verduras. Partindo da premissa que nos discos do além sempre houve uma visão pedagógica, fica para a reflexão das gerações futuras o pensamento “o feio

Novidades

em quase antologia Fausto Seria mais um, o décimo quinto da sua longa carreira. Seria mais um disco, uma etapa, uma consequência natural da sua actividade. Mas não. Não é que seja uma obra-prima, pelo

menos a esta distância ainda tão precipitável. A distância é necessária, a idade diz-nos isso. Mas na realidade, o novo disco dos R.E.M. chamou-me a atenção ao contrário. Não por aquilo que interessa que é a música em si, mas por outras duas razões de menor importância. Primeiro, por ter lido que o disco não ia ser promovido ao vivo, correcto e afirmativo, diz Peter Buck, o guitarrista. Diz também que a digressão de 2008 foi esgotante, a não repetir para já, e acrescenta “Já não sei bem se andar em digressão ajuda a

estimula a percepção do belo”, antítese sem a qual tudo seria demasiadamente normal. Resta-me agradecer às três pessoas que fervorosamente acompanharam este ensaio, e às outras que o desprezaram para seu bem. Obrigado também ao meu antecessor que fundou esta rubrica, e que actualmente se encontra numa conferência sobre prestidigitação nos Alpes Suíços. Haja saúde e até à próxima.

R.E.M. Collapse into now (2011)

vender discos. O que será preciso fazer para vender discos hoje em dia? Parece que cada vez menos pessoas compram discos, de qualquer maneira, por isso façam como entenderem”. Em segundo, porque Collapse Into Now (já agora fica o nome do disco) está a dar origem a uma série de curtas-metragens, um videoclip para cada faixa, feitas por diferentes autores. Felizmente algumas já estão disponíveis aqui: http://www.youtube. com/user/remhq. Em relação ao que

mais interessa, a matéria das ondas vibratórias que se traduzem em som, essa traz frescas correntes de ar, mas é acima de tudo reconciliadora e nostálgica (“Uberlin” é puro R.E.M.). Conta com a participação de nomes como Patti Smith e Eddie Vedder, e por vezes faz lembrar o “Automatic For The People” ou o “New Adventures in HiFi”. Faz lembrar, só. É preciso ouvir, e é preciso distância. E a distância começou a contar já no dia 8 de Março, dia do lançamento do disco.


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17 a 31 MAR. 2011

arquitectura e artes plásticas Albino Seguindo ainda os auspícios do tema Natureza, Amor e Arquitectura e motivado pelos dois últimos artigos ilustrativos do horizonte do tema, desencadeei mais uma viagem em volta da ilha pela circular que a circunscreve. Poderia ter ido ao Pico para me afastar do Faial, seria o mais fácil para me distanciar, tenho, contudo, testado afastar-me mais para dentro do lugar onde estou para experimentar observar as particularidades possíveis de cada canto desse mesmo lugar. Eu acredito, como o André, que a viagem é o nosso traço, um traço que nos carrega de muitas imagens e sensações e seguramente, de muita construção e desconstrução de nós, primeiro, perante nós – porque os outros têm imensa dificuldade de observar o nosso crescimento, a nossa construção/desconstrução, a não ser que tenhamos acompanhamento médico! Essa dificuldade parte da necessária dificuldade de cada um em rever-se em construção e desconstrução constante e/ou simultânea. Penso % Sinto. O que procuro são motivos para me aproximar logicamente das características gerais e particulares das pessoas para compreender e me compreender num mundo que parece ocupar o paraíso com tantas adversidades ou atritos ou

Auspicioso canto do Faial

simplesmente a harmonia e a cópia do belo pela reacção e acto harmonioso.

De volta à circular debato-me com a memória das luzes que denunciam na cidade um lugar que poderia ser e não o é – refiro-me ao artigo que com certeza leram da Rute – e procuro conceber a ideia de um turista que nos visita e olha o nosso panorama arquitectural. Não o poderei fazer com exactidão se me considerar não turista, por isso, considerem-me turista, o que afastará a necessidade de inquéritos e aproximará considerações locais de “pois é, ele não é de cá, entre outras!” (que as poderão sempre expor directamente, porque vivo cá!) – respeito que não sou de cá, e só filosófica e emocionalmente, me posso debater convosco na perspectiva de também ser de cá – e já agora, não esqueçam a XVIII Edição dos Encontros Filosóficos realizados pela Escola Manuel Arriaga, a acontecer entre 2 e 7 de Maio do corrente ano, participem, divulguem e marquem presença com o vosso ânimo! E de novo a circular, sigo na direcção Sul, pela Feteira, portanto, e não consigo ir mais longe, fico ali, naquele

cruzamento – depois de ter passado a Casa do Povo da Feteira, restaurada, de muros amarelinhos e pintada de branco, simples, bonita, colectiva mas com regras, as do povo da Feteira – sim o cruzamento logo depois da casa funerária, cruzamento da circular com a Canada da Faia, onde existem aquelas casas todas tolas! Desculpem, ainda aqui estou a tentar posicionar-me para a melhor imagem, para me proporcionar, para perceber se falta alguma coisa ou se está lá tudo mesmo, sinto quase necessidade de um miradouro, como aqueles que pontuam a ilha de 8 em 8 Km (não estou a contar com os interiores às localidades)! mas, se sou turista não sei ainda desta estatística de cientista turístico ou político – perdoei-me uma vez mais, tenho mais conhecimento do que um turista desta realidade mas é por pouco tempo, assim que ele fizer a circular atento, como com certeza estará, terá a mesma opinião “do eu turista”.

Preciso da vossa ajuda, falem-me deste canto, ajudem-me a saber se lá está tudo de facto, e juntos façamos um tratado antropológico e social desta nova fixação ao território

Fotografia Tomás Melo

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para aquele canto. Não serei um verdadeiro turista se não continuar a circular, porque, normalmente pago para viajar e a viajem serve para me satisfazer a curiosidade geral e mais ínfima se assim me predispuser a querer observar o lugar que visito, e neste caso é isso que faço, permaneço. Preciso da vossa ajuda, falem-me deste canto, ajudem-me a saber se lá está tudo de facto, e juntos façamos um tratado antropológico e social desta nova fixação ao território e consequente marca do lugar, falaremos com toda a certeza de arquitectura e não esquecerei de levar comigo e partilhar convosco os compêndios mais clássicos e contemporâneos sobre a disciplina e ordens arquitecturais. Podemos mesmo experimentar projectar uma rotunda e quem sabe, se gostarmos, desenhar um miradouro no meio. Ou então estender a toalha ao pic-nic! Agradeço do coração que pensem nisso e nos escrevam. Tornem-se Fazendeiros sem Fazenda. Ou viremos de novo Marinheiros em busca de outras Fazendas! Agradeço do coração terem lido estas palavras escritas com paixão, alegria e dor – traços do caminho do amor.

E portanto, aqui estou, pregado no asfalto a olhar com cuidado redobrado

lacuna

Sagração da Primavera Paula Bacelar

Amordace a despeitada voz que lhe murmura o atávico provérbio “boa romaria faz, quem em sua casa fica em paz” e, de acordo com o anabiótico dom que desta terra emana, desentorpeça o ânimo fazendo jus ao desabrochar da natureza. Anote na sua agenda mental que se vai fazer um piquenique, organizado por quem o organizar e composto por quem o compuser. Para o efeito, vai estar a partir de 18 de Março, no vintage café da cidade (Porto Pim) uma caixa onde poderá colocar (anonimamente) a sugestão para o lugar da sua predilecção. Depois

seguir-se-á a tramitação normal: o local que tiver mais votos será o escolhido (democraticamente, claro, sendo que e o povo quem ordena). A data será, talvez, 27 de Março que, pelas contas, já o tempo deverá estar ameno (que isto do clima, vai-se lá saber, e a meteorologia também ordena, ex aequo com o povo). Para a merenda leve o que lhe aprouver: como se fosse só para si e depois, distribua generosamente com os outros. Se isto resultar num superavit de doces, vantagem para o colesterol, se for dos salgados, vantagem para o ácido úrico; deixemos este ponto ao acaso que a surpresa sempre foi boa conselheira. Apenas sugerimos o linho para as toalhas porque os piqueniques têm sempre qualquer coisa de idílico a fazer lembrar Cesário Verde (18551886).

De tarde Naquele piquenique de burguesas Houve uma coisa simplesmente bela E que, sem ter história nem grandezas Em todo o caso dava uma aguarela Foi quando tu, descendo do burrico, Foste colher, sem imposturas tolas A um granzoal azul de grão – de – bico Um ramalhete rubro de papoulas. Pouco depois, em cima duns penhascos, Nós acampamos, ainda o sol se via; E houve talhadas de melão, damascos E pão-de-ló molhado em malvasia. Mas, todo púrpura, a sair da renda Dos teus dois seios como duas rolas, Era o supremo encanto da merenda O ramalhete rubro das papoulas! ------Pode-se lá dispensar as toalhas de linho! Não pode, pois não?

Pintura Sandro Botticelli Primavera (ca. 1482)

Ora isto tem andado murcho, murchinho e deve ser o general inverno que comanda este torpor, mas já passa... Vai chegar a Primavera e isto da alma eclode.

# É, o título é muito pomposo mas, perdão, marketing oblige. Se o quiser aproveitar, para alguma música dançante, caro Igor, faça o favor, esteja à vontade. Temos de ser uns p’rós outros.


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Afirma Pereira

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literatura

de António Tabucchi

Tomás Silva António Tabucchi visitou pela primeira vez Portugal em 1965. Conta que quando chegou descobriu um país esquisito, todos de preto e de chapéu numa Lisboa onde quem andava de sandálias era olhado com desprezo. “Sentia-se um formalismo incrível.” Um dos primeiros livros que publicou, em 83, foi a Mulher de Porto Pim, conhecido de todos os faialenses e sobre o qual já tudo se disse. Dez anos mais tarde escreveu Afirma Pereira. Tabucchi ama incondicionalmente Portugal e descreve este canto da Europa melhor que ninguém, num olhar exterior (normalmente são os mais sinceros) e profundamente conhecedor de Portugal. Este livro passa-se no Agosto de 1938: Salazar governa e o jornalista Pereira vive em Lisboa, bebe limonada e come omeletes. Pereira está agora à frente da página cultural do Lisboa, um jornal independente, é um homem desinteressado por tudo o que se passa, no país e no mundo (em 38, além do Salazarismo Português e do Fascismo Italiano decorre a Guerra Civil Espanhola). Tabucchi relata o mês em que se altera a forma como ele vê o mundo. É aí que está muita da força do livro. Sente-se um The Times Are Changing e isso é absolutamente genial. Este livro foi-me apresentado pelo meu irmão, estava na prateleira lá de casa no meio dos livros do meu pai, assim que o ouvi falar do livro imaginei uma firma, uma empresa

familiar, família de origem judaica, talvez (as árvores de fruto não enganam) A Firma Pereira... No dia seguinte resolvi ganhar coragem e ler um capítulo daquele livro da empresa familiar judaica. Quando o encontrei numa estante e lhe vi a lombada reparei que se tratavam de Afirmações do Pereira e não de uma qualquer firma... indignado comecei a ler, e só parei quando acabei.

Um excerto do livro será fundamental para perceberem do que falo.

sangue celta. Mas vivemos no Sul, disse Pereira, o clima não favorece as nossas ideias políticas, laissez faire, laissez passer, nós somos assim, e depois deixa-me dizer uma coisa, eu ensino literatura e de literatura sei alguma coisa, estou a fazer uma edição crítica dos nossos trovadores, as cantigas de amigo, não sei se te lembras da universidade, pois bem, os homens partiam para a guerra e as mulheres f a z i a m recolhas desses lamentos, e o rei era quem m a n d a v a , compreendes?, o chefe era quem mandava, e nós sempre tivemos necessidade de um chefe, ainda hoje precisamos de um chefe. Mas eu sou jornalista, replicou Pereira. E daí?, disse Silva. Daí tenho de ser livre, disse Pereira, e informar as pessoas de maneira correcta...”

Este livro passa-se no Agosto de 1938: Salazar governa e o jornalista Pereira vive em Lisboa, bebe limonada e come omeletes.

“Pode ser, disse Pereira, mas as coisas também não correm bem aqui, a polícia faz o que quer, mata pesoas, há buscas, censura, isto aqui é um Estado autoritário, as pessoas não contam para nada, a opinião pública não conta para nada. Silva olhou-o e poisou o garfo. Ouve lá Pereira, disse Silva, tu ainda acreditas na opinião pública? pois olha, a opinião pública é um truque inventado pelos anglo-saxões, os ingleses e americanos, eles é que nos vieram com essa merda, desculpa a palavra, dessa ideia de opinião pública, nós nunca tivemos o sistema político deles, não temos a mesma tradição, não sabemos o que são trade unions, somos gente do Sul, Pereira, e obedecemos a quem grita mais, a quem manda. Nós não somos gente do Sul, objectou Pereira, temos

açoriando

-Como surge a ideia para Afirma Pereira? - Os escritores têm intuições. Sentia-se um ventinho xenófobo e racista na Europa. Então escrevi a história de um anti-herói que consegue fazer, não um acto de heroísmo, mas o seu dever de jornalista e está pronto para aceitar as consequências.

Descobri que era europeia de Natália Correia

Carla Cook A jovem Natália de 26 anos, “com a febre das coisas e esper[ando] a cada momento uma revelação”, partiu para conhecer Boston, New York e Washington em 1949, quando viajar de avião entre Lisboa e os EUA demorava vinte horas. Dessa viagem resultou um registo diarístico, mistura de relato de viagem de uma mulher fora do seu continente com crónica documentarista, onde o incisivo “veneno crítico” da intelectual já está muito presente. A autora partira com muitas interrogações sobre esse Mundo Novo, ainda cheia de um deslumbramento infantil causado pelos “calafonas” açorianos, de um idealismo que os americanos lhe insuflaram na Guerra e através do cinema mas

também da posterior queda desses ideais pela época pós-guerra: “Não levo ressentimento nem amor; apenas curiosidade”. Afinal, mais do que o descobrir da América, a viagem é o descobrir da consciência íntima da referência cultural de Natália, que, assim, encontra o seu lugar: “descobri então, com deslumbramento, a minha posição no mundo: era europeia.” Natália Correia (1923-1993) é o nome de mulher açoriana mais conhecido quando o assunto é Literatura. Uma obra larga em vários domínios, de onde se destaca a poesia, é, por vezes, obscurecida pela sua participação cívica de cariz muito combativo e em

que a capacidade de oratória, a crítica sem receios e a ousadia inusitada fizeram dela um ícone polémico - as suas opiniões acerca da liberdade feminina criaram um movimento; uma antologia de poesia erótica valeu-lhe pena de prisão suspensa; a sua acção como deputada foi marcada pela sátira certeira; como intelectual., fundou o famoso Botequim, recebeu o Grande Prémio da APE e as Ordens de Santiago e da Liberdade; finalmente a sua beleza de estátua aliada ao intelecto superior mais fez crescer a aura de perigosa e arrogante numa mulher em tudo diferente das mulheres da sua época e, até hoje, sem paralelo.


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17 a 31 MAR. 2011

cinema e teatro

teatro

Teatro de Giz

Nova Mutação Miguel Machete Desde a génese do grupo que procuramos isto mesmo: transformar e transformarmo-nos. Numa Associação aberta, onde o fluxo de ideias, trabalhos, pessoas contribui decididamente para a necessária dinâmica cultural da ilha e das ilhas, tornou-se primordial experimentar, assumir novos desafios. Ao pautarmos o nosso trabalho e produções pela busca de outros caminhos e linguagens, crescemos como grupo e simultaneamente possibilitamos ao espectador a alternativa, isto é, mais uma forma de chegar ao Teatro (por dentro e por fora).

Cartaz Nuno Mendes

Em 2011, convidámos a Ana Luena (Teatro Bruto – Porto), para se juntar a nós no papel de encenadora. A Ana, conhecia a Marta (Freitas), que com palavras foi construindo o texto da IMUNDAÇÃO - a nova peça que o Teatro de Giz irá estrear no final do mês de Março. Digo foi construindo porque de facto o texto adveio de uma provocação nossa/delas – A ilha - e foi aparecendo aos poucos, à medida que o trabalho foi subindo ao

palco, conhecendo ao seus arredores e interiores. Foi-se literalmente fazendo, todo ele. Assim surgiu o Gabriel, inundado pelo mundo exterior, como todos nós. Trabalhador em equilíbrio instável conferindo cheques dia após dia no Banco da sua vida, dividido no seu interior, visitado pelo passado (quem é que não tem passado), fustigado pelo perigo iminente dos pássaros. Assim surgiram os fios condutores que ligam a personagem às coisas que foram e continuam a ser o seu ser, o íntimo do miolo que ainda não foi espicaçado pelo bico da gaivota (é - têm que ver para crer), o ridículo e a pequenez da solidão da vida. Apesar disso, não é um trabalho que almeja a universalidade, não senhor. É uma história, que a Ana magicou no palco, connosco, num sonho de sarcasmo e quase humor negro. Mas que há muita gente chamada Gabriel… lá isso há. Não é para meninos. Apareçam para a partilha. Dias 25 e 26, 21h30, dia 27,17h00, Teatro Faialense.

realizador independente

Wong Kar Wai Wong Kar Wai nasceu em 1956 em Xangai. Aos cinco anos de idade mudou-se com a mãe para Hong Kong, cidade cosmopolita e vibrante onde se fala o idioma cantonês, bastante diferente do seu idioma natal. A fim de aprender este novo idioma, Kar Wai passou parte da sua infância nas salas de cinema a ver filmes falados em cantonês. Apesar de se ter licenciado em design gráfico, em 1980, foi à elaboração de guiões para programas de televisão que dedicou os primeiros anos da sua vida profissional, após ter feito um curso de screenwriting numa cadeia televisiva no mesmo ano em que terminou a licenciatura. Em meados da década de 80 vai trabalhar para a The Wing Scope Company e In-Gear Film Production Company, duas produtoras de filmes pertencentes a um célebre actor de Hong Kong, como guionista e realizador

de cinema, sendo com estas produtoras que realiza os seus primeiros filmes, nomeadamente “Gok Ka Moon – As Tears Go By” (1988) e “A Fei Jingjyuhn – Days of Being Wild”(1990), tendo este último sido um fracasso de bilheteira apesar de ter sido, e continuar a ser, bastante aclamado pela crítica. Após esta estreia, cria a sua própria produtora sob o nome Jet Tone Films Ltd., em parceria com outro realizador de Hong Kong chamado Jeffrey Lau. É com a sua produtora que ganha fama, ao realizar “Chung Hing sam lam – Chungking Express” (1994), o seu primeiro filme independente que, além de ter sido um sucesso de bilheteira, ganhou diversos prémios de festivais internacionais. Um ano após o sucesso de “Chungking Express”, Wong Kar Wai desenvolveu um guião para aquela que era suposto ser uma parte do seu primeiro filme independente.

Fotograma do filme 2046 (2004)

Miguel Valente

O resultado foi “Duo luo tian shi – Anjos Caídos”, sendo por isso muitas vezes considerado uma sequela de “Chungking”. Em 1997 volta aos prémios com “Chun gwong cha sit – Felizes Juntos”, incluindo o prémio de Melhor Realizador do Festival de Cannes. A sua longa metragem seguinte, “Fa yeung nin wa – Disponível Para Amar” (2000), é novamente multipremiada, sucedendo o mesmo à sua pseudosequela “2046” (2004). Em 2007 muda de cenário, largando os ambientes de Hong Kong e outras cidades asiáticas e explorando os ambientes nocturnos de algumas

cidades dos Estados Unidos, acompanhando o desenvolvimento pessoal de um coração partido em “My Blueberry Nights”, ganhando novamente vários prémios em festivais internacionais. As relações amorosas, com os seus bons e maus momentos, e as pequenas histórias por detrás de cada personagem são recorrentes nos filmes de Wong Kar Wai. O mesmo sucede com os ambientes por si criados, geralmente carregados de cores fortes que lembram quadros expressionistas, bem como os seus súbitos saltos temporais, cuja frequente utilização faz parte da sua imagem de marca.


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17 a 31 MAR. 2011

dop / universidade dos açores

The end of the line

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ciência e ambiente Estaremos já no fim da linha?

Fernando Nunes A dupla exibição no dia 15 de Fevereiro do documentário “The End of the Line”, do realizador Rupert Murray, no auditório da Escola Secundária Manuel de Arriaga (ESMA), levanta questões tão simples como pertinentes: o que poderão fazer hoje os estudantes açorianos perante a sobre exploração das pescas? Qual o papel da escola na formação da população estudantil face aos problemas dos oceanos e à exploração massiva dos seus recursos marinhos? O auditório encheu por duas vezes de alunos e professores nesta iniciativa conjunta do Departamento 6 (Biologia e Geologia) da ESMA com o OMA (Observatório do Mar dos Açores). O filme parte do trabalho jornalístico de Charles Glover que se dedica a investigar a biodiversidade marinha e o que nós (humanidade) temos vindo a fazer com ela nos últimos anos. Não são boas notícias e há de facto problemas que poderão tornar-se

irreversíveis como será o exemplo de muitas espécies piscícolas que poderão desaparecer no futuro relativamente próximo. Há, inclusive, espécies que estão escasseando sem darmos conta, sem verificarmos a razão da sua inexistência nos mercados. O filme aconselha mesmo que deixemos de comer bacalhau e atum, como forma de evitar a falência dos ecossistemas, nos próximos quarenta anos, caso não haja uma inversão na exploração e no consumo. O documentário de 101 minutos inclusive começa por fazer referência ao desaparecimento do bacalhau Terra Nova Canadá nos idos anos 80 e aquilo que foram anos de pesca industrial intensiva e descontrolada naquelas partes. O mesmo poderá acontecer em breve ao atum rabilo caso a sua procura desmesurada continue. No final do filme, havia um sentimento generalizado de repulsa e algum inconformismo latente. O documentário

caracteriza-se assim por um excessivo dramatismo (não vivêssemos nós numa sociedade hiper-dramática) e é facilmente identificado como um manifesto em defesa dos mares e do seu desenvolvimento sustentável no que toca ao volume pescado. Aquilo que está a acontecer com a sobre exploração das espécies poderá ter consequências imediatas? E porque andará o mar tão afastado da nossa realidade social e do trabalho em sala de aula? As ondas de choque do documentário fizeram-se de imediato sentir e foram audíveis quando alunos, já em plena aula, referiram não comer mais peixe a partir daquele instante e mostravam a sua revolta perante tal atitude desmesurada em relação aos oceanos. Houve até quem sugerisse um movimento em direcção ao porto de pesca na tentativa de elucidar e informar os pescadores do que está a suceder nos oceanos. No entanto, ainda houve alguém que disse que o filme

tinha perdido pelo tom de esperança e de salvífico retratado nos minutos finais, esclarecendo que este deveria manter o carácter dramático até ao fim. A escola sabe que a sua função é educar e fornecer os instrumentos para que cada um individualmente possa decifrar e conhecer o mundo em que vive. Mas poderá a escola incentivar acções colectivas de reivindicação e protesto face aos acontecimentos globais? Evidentemente que não mas também pode aproximar os seus conteúdos de uma realidade próxima, ao mesmo tempo distante, como é a realidade das pescas e dos seus recursos. É essa ligação efectiva, esclarecida e activa que falta fazer. Falta, por isso, pensar em conjunto com os biólogos, pescadores, estudantes e professores o que – individual, mas também colectivamente podemos fazer para que nos afastemos por muitos anos do tão anunciado fim da linha.

VI Censo de Milhafres 26 e 27 de Março Carla Veríssimo - Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves A SPEA tem o prazer de anunciar o VI Censo de Milhafres, já no fim-de-semana de 26 e 27 de Março. Gostaríamos, uma vez mais, de contar com a vossa colaboração na recolha de dados sobre uma das aves mais emblemáticas do Arquipélago. Este é um Censo coordenado anualmente pela SPEA, integrando uma iniciativa denominada por Citizen

Science – Cidadania na Ciência, em que podem participar todos os cidadãos interessados em contribuir para que mais dados científicos sejam obtidos. Decorrendo em simultâneo nos arquipélagos da Madeira e dos Açores, este Censo teve início em 2006, e já contou com a participação de mais de 200 voluntários, que ao longo destes anos já registaram 2098 milhafres

(1621 nos Açores e 477 no arquipélago da Madeira) e percorreram mais de 6000 km por todas as ilhas abrangidas.

a Brochura sobre o Censo, e ainda preencher e enviar-nos o Inquérito, no final.

Este ano, caso deseje colaborar, basta ir a http://www.spea.pt/pt/estudo-econservacao/censos-de-aves/censo-demilhafres-mantas/, onde poderá saber como enviar-nos a definição da sua rota; descarregar a Ficha do Censo, o Dístico para colocar na sua viatura,

A SPEA agradece a colaboração de todos os participantes das edições anteriores e espera tê-los de novo na estrada no fim-de-semana de 26 e 27 de Março!

trilhos do parque natural do faial

Trilho Capelo/Capelinhos PNF

Uma das valências mais importantes do Parque Natural é, sem dúvida, a sensibilização ambiental. E não há melhor maneira de o fazer que através do contacto com a própria natureza, da consciencialização por parte das pessoas da grande fragilidade e riqueza biofísica das nossas ilhas. É neste âmbito que o Parque Natural do Faial se propôs a estabelecer e requalificar 6 trilhos pedestres que estejam dentro de áreas de grande interesse conservacionista do ponto de vista ecológico, geológico e histórico, devidamente cartografados e identificados no guia do Parque Natural. Dentro desse âmbito e na linha dos artigos anteriores, vimos hoje apresentar o trilho CapeloCapelinhos com início junto do Parque

Florestal, nas Trupes do Capelo. Com uma duração aproximada de 2h30m e de grau de dificuldade médio, estende-se por 6,4 km e percorre alguns dos principais c o n e s vulcânicos responsáveis pela formação da península do Capelo, com especial relevo para o Cabeço do Fogo, onde ocorreu a primeira erupção histórica datada de 1672 e respectivos derrames

lávicos que originaram os “mistérios” da Praia do Norte. Este é um trilho que percorre t a m b é m grande parte das espécies da floresta Laurissilva h ú m i d a ( b o s q u e de média altitude) e Laurissilva costeira, das quais destacamos o louro (Laurus azorica), o azevinho (Ilex azorica), a uva-da-serra (Vaccinium cylindraceum), a urze (Erica

azorica), a faia-da-terra (Myrica faya), e o pau-branco (Picconia azorica). A avifauna possível de observar ao longo do trilho consiste essencialmente em subespécies endémicas dos Açores como a estrelinha (Regulus regulus inermis), o milhafre (Buteo buteo rothschildi), a toutinegra (Sylvia atricapilla atlantis), o melro-preto (Turdus merula azorensis) e o pombo-torcaz-dos-Açores (Calumba palumbus azorica). Ao longo deste passeio poderá observar igualmente, e com relativa facilidade, o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus). Nas margens do trilho encontram-se algumas tocas construídas por estes mamíferos introduzidos na ilha. O trilho termina junto ao Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos.


de Lee Unkrish Teatro Faialense - 17h

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17 a 31 MAR. 2011

http://fazendofazendo.blogspot.com

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Calçada Santo António 1 9900-135 Horta Tel. 292 943 003 info@edatlantico.com www.edatlantico.com

Loja ZON Açores Rua de Jesus, Matriz, 9900 Horta Segunda a Sexta, das 9h00-13h00 e 14h00-17h30

Gatafunhos Agenda Março

ATÉ 30 ABR. exposição EVOLUÇÃO resposta a um planeta em mudança Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos SÁB. E DOM. 19 E 20 MAR. cinema O PREÇO DA TRAIÇÃO de Atom Egoyan Teatro Faialense - 21h30 SEX. 25 MAR. encontro COMUNIDADE DE LEITORES Biblioteca Pública - 18h

Tomás Melo

SEX. A DOM. 25 a 27 MAR. teatro IMUNDAÇÃO Encenação: Ana Luena Texto: Marta Freitas Dramaturgia e Adaptação: Ana Luena e Teatro de Giz Interpretação: Lia Goulart, Maria Miguel, Teresa Cerqueira e Vanessa Santos. Organização: Teatro de Giz Teatro Faialense - 21h30 (DOM.- 17h00) SÁB. 26 MAR. evento DIAS VERDES CMH - A nossa água da nascente à torneira - Mercado de troca directa de produtos agrícolas e artesanais pelos próprios Castelo de S. Sebastião - 14h30

Gatafunhos

Tomás Melo

Serviços Públicos

Percursos Pedonais

Comércio

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Cais de Embarque

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Sra. da Guia

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Ourivesaria Olímpio

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Hospital

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Miradouro dos Dabney

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ZON Açores

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Posto de Turismo

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Praia de Porto Pim

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Alberg. Estrela do Atlântico

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Biblioteca

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Monte Queimado

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Museu

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Da ribeira à Torre do Relógio

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Câmara Municipal

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Parque da Alagoa

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Correios

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Mercado Municipal

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Piscinas Municipais

O Faial tem vários Banksy’s:

Ilustração Tomás Silva

Horta

Ourivesaria Olímpio Lg. Dq. D’Ávila e Bolama, 11 9900-141 Horta Tel. 292 292 311. oolimpio@gmail.com

faial

Legenda


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