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O Pai Natal é o Diabo em pessoa
O BOLETIM DO QUE POR CA´ SE FAZ
QUINZENAL 22 DEZ 2011 A 5 JAN 2012 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
capa Super-Vencedora de Isabel Melo + equilibrismos de Pedro Lucas + a falta de verdura dos Açores por Pedro Namorado + a fiandeira de nuvens picarota por Cristina Lourido + as avestruzes de cabeças enterradíssimas + uma catrefada de eventos culturais do Pico + uma lenda narrada por Lia Goulart + teatrices de Zeca Medeiros + dragoeiros + restantes capas + agenda e + e + e +
, Cronica
Considerações Equilibristas
Sempre admirei aquelas pessoas com a capacidade de se envolverem de corpo, alma e cronologia numa determinada e delimitada actividade ou filão. As perspectivas, abordagens, teorias, teses e técnicas de válido interesse para muitos e diferentes fazeres e pensares (por vezes completamente antagónicos) são tantas, que escolher uma mais me parece acto de fé que de lógica. Assim, e como homem de muito superficiais conhecimentos sobre a teoria quântica, comecei a achar que é mais fácil singrar numa carreira ou filosofia do que escolhê-la. No que a política diz respeito, e para efeitos de análise superficial, vou polarizar o conjunto de escolhas possíveis em duas grandes tendências, cujas caracterizações devem ser tomadas como extremos no limiar da caricatura. São elas: 1) a dos que acreditam piamente que não passamos de animais evoluídos (ou super-animais) e que, mais ou menos mascarado, todo o acto é levado a cabo por instinto e 2) a dos que acreditam que somos seres de lógica e que, apesar de ancorados na nossa natureza animal podemos ultrapassar essas barreiras através da razão. A título de pura representação, e porque em matéria de análise se deve dar nome às coisas, vou chamar-lhes capitalistas e comunistas. Aos capitalistas vou-os ligar mais ao lado egoísta da natureza do
homem e apreciar-lhes a franqueza desarmante com que o admitem. Aos comunistas enalteço-lhes muito a intenção altruísta, apesar de amiúde dada a contradições e incoerências. Curiosamente os primeiros, defensores de um sistema mais pragmático e darwinista de organização social e económica, são normalmente homens de fé dados a acreditar nos desígnios de Deus, enquanto os segundos, defensores de um sistema idealista, são homens de lógica que preferem medir o destino em escala antropométrica. O conservadorismo e o progressismo estão presentes em ambos os grupos, se bem que aplicados de forma diferente. Os capitalistas promovem
“Todo o poder provém de uma
disciplina e corrompe-se a partir do momento em que se descuram os constrangimentos.” Roger Caillois
um progressismo técnológico e ao serviço da economia liberal, ao dispor de qualquer pessoa, ao passo que os comunistas apoiam o progresso ideológico e ao serviço da filosofia, ao dispor de qualquer colectivo de pessoas. Uns defendem um conservadorismo assente nas tradições culturais e ligado a valores de Deus, Pátria e Família (em ordem crescente de valor dos valores) e os outros o são mais prudentes no que diz respeito a novas conquistas da técnica, assentando os seus valores em Marx, Estado e Camaradas (ordem decrescente de valor dos valores). O capitalista defende a competição como motor do progresso e caminho para a realização do potencial humano. Aqui são a necessidade e o impulso
individual a alicerçar o desenvolvimento civilizacional. O comunista defende que todas as condições básicas de vida devem estar asseguradas a priori e que a homogeneidade social deve estar na base do sucesso de uma civilização. Os primeiros preferem esquecer que a organização colectiva e a cooperação são (e foram na nossa espécie) factores evolutivos essenciais, e os segundos optam por uma obliteração cega do instinto individual, na base de muitas das conquistas que pauteiam a nossa civilização. Ambos os sistemas se fundam numa fé benevolente (e preguiçosa) em instituições dos homens - uns no mercado e os outros no estado - e como é sabido o homem tem imperfeições. Os comunistas não comem criancinhas, apesar de as quererem cozinhar, os capitalistas não são selvagens, apesar de não se importarem de comer criancinhas. Para que qualquer ideologia funcione na prática a cidadania não pode ser só um cartaz avenida abaixo quando as coisas correm mal - tem de estar lá sempre, atenta. Abdicar preguiçosamente do nosso dever enquanto cidadãos na esperança que outro o faça desinteressadamente é estúpido, e a estupidez, e a preguiça, pagam-se. Conhecimento não é um fim, é uma arma, e questionar é um acto de disparo, e até o papão tem medo do barulho das pistolas. Pedro Lucas
A capa do Fazendo é o rosto do jornal. A sua cara. O Fazendo não é um jornal de notícias, não tem jornalistas contratados e a sua capa não tem manchetes. Desde a primeira edição que o rosto do Fazendo é uma imagem, a cores, “ilustrada” por uma frase. Algo nessa imagem terá que ser local: ou o seu autor, ou o seu objecto, ou a sua temática, ou ela própria pode ser o produto de algum evento cultural que tem lugar aqui. São disso exemplo imagens de exposições de pintura ou de fotografia patentes nestas ilhas. Qualquer pessoa, em qualquer altura, pode propor um seu trabalho para que seja capa do Fazendo, tal como qualquer pessoa pode propor em qualquer altura, um artigo para este jornal. Porquê fazer concursos? Em primeiro lugar para relembrar os leitores que o Fazendo é para ser feito por todos. Em segundo lugar, como é este o caso, para termos trabalhos feitos propositadamente para o jornal, e com uma temática própria. E em terceiro e último lugar, para poder incluir trabalhos de pessoas que, não cumprindo nenhum dos requisitos habituais das capas do Fazendo, cumprem um, que é fundamental para o jornal: são nossos leitores. Este concurso, um clássico concurso natalício, procurava capas de Natal, que se adequassem à linguagem visual do Fazendo. Que linguagem é essa? Também não sabemos descrevê-la, mas achamos que os criadores e os criativos do jornal teriam a sensibilidade para a conhecer. O júri, composto pelos directores Pedro Lucas, Jácome Armas e pelos designers Lia Goulart e Nuno Brito e Cunha elegeu o trabalho de Isabel Melo como vencedor desta edição. Os restantes trabalhos a concurso estão publicados na contracapa do Jornal. Parabéns à vencedora, um agradecimento especial a todos os participantes e votos de Boas Festas a todos os leitores e colaboradores. 2 FAZENDO + 22 DEZ 2011 A 5 JAN 2012
Ofício: Tricotar Nuvens
Os Açores não são Verdes Quando me propuseram o interessante tema de pensar sobre um sítio onde nunca tinha estado, tinha acabado de ler o “Velho e o Mar” de Ernest Hemingway. Não pude deixar de fazer um paralelismo entre a história que tinha lido e o tema sobre o qual me proposto pensar. Todo o imaginário da história transporta-nos ao largo de Havana pelo Golfo do México. O mar é o lugar principal onde se desenrola a acção, um lugar com vida, onde há sempre algo a acontecer. Nos Açores o vazio entre as ilhas é o seu lugar central, dá-lhes o espaço infinito, os sons, o reflexo da luz, o nascer, o final do dia e a noite, o frio e a chuva quente. É em torno do mar que vejo os Açores como pequenos navios de pesca nessa solidão acompanhada como se já os conhecesse.
‘Sempre pensava no mar como la mar, que é o que o povo lhe chama em espanhol, quando o ama. Às vezes, aqueles que gostam do mar falam mal dele, mas sempre o dizem como se ele fosse mulher. Alguns dos pescadores mais novos, os que usam bóia por flutuadores e têm barcos a motor, comprados quando os fígados de tubarão davam muito dinheiro, dizem el mar, que é masculino. Falavam dele como de um antagonista, um lugar, até um inimigo. Mas o velho sempre pensava no mar como feminino, como algo que entrega ou recusa favores supremos, e, se tresvariava ou fazia maldades era porque não podia deixar de as fazer. A lua influi no mar como as mulheres, pensava ele.’ Pedro Namorado
Dantes, num tempo muito antigo, dizia-se em dias de bruma que uma artesã fabricava nuvens com as próprias mãos, na montanha do Pico. Como se assasse castanhas, baforadas doces deslizavam pela encosta. Acreditava-se ser das suas mãos rudes que partiam as neblinas finas, enchendo a ilha de sombras transparentes. As mãos da artesã de nuvens, além de rudes, eram ásperas, entalhadas de árvores e raízes, como pedras esculpidas e decididas, as unhas roídas até ao sabugo e calos nas pontas dos dedos firmes. Creio que lhe bastaria bater palmas, estalar os dedos, ou esfregar uma mão na outra para as nuvens se libertarem dos seus gestos. Não precisaria de mais do que das mãos para fabricar nuvens, esta mulher. Imaginava o rosto da artesã de nuvens, não bonito, mas afável, meigo e simples como uma tarde de Outono. De quando em vez uma romaria de curiosos ascendia ao Piquinho para ver, fotografar, filmar e eventualmente entrevistar a mulher, que parecia assar castanhas e, afinal, tricotava nuvens. É um trabalho tão útil como outro qualquer, este. Poderia talvez fazer coisas igualmente delicadas e perfeitamente prescindíveis fossem soprar ventos, costurar o manto da noite, acender estrelas, aguar ribeiras, agitar ondas, soltar pássaros no ar ou inspirar poetas. Podia, se quisesse. Mas gostava de fabricar nuvens.
De decidir se hoje faria dessas nuvens tipo algodão-doce, que vão fixar-se à toa no céu azul, se uma bruma densa e esponjosa, se um tecto opaco do qual, mais tarde, haveria de chover. Tem de ser, às vezes. Percebia-se que a bordadeira de nuvens não gostava de chuva, mas chover é parte do trabalho que faz. Preferia, no entanto, inventar nevoeiros e salpicar neles o perfume da maresia, ou pintar “legos” para as nuvens que brincam no céu. Nos dias de dar nuvens de chuva ao mundo, a artesã desce a montanha na sua bicicleta sinfónica e vai pedalar rente ao mar. De um lado para o outro, percorre a marginal que no Inverno as ondas vêm lamber. Vai e volta. E, pelo caminho, espalha música e sorrisos. Não parece habitar neste mundo, a mulher. Os sons semeados pela sua bicicleta escutam-se ao longe, roufenhos e festivos, a artesã de nuvens gesticula, regendo a imaginária orquestra de minúsculos músicos encavalitados na aparelhagem sonora. Presumo que seja uma pessoa feliz, cheia dessa felicidade que apenas as pequenas coisas proporcionam, belos e subtis prazeres; alguém que se empenha em escandalizar suavemente o mundo com a música da sua alegria. Tudo sem pressas e sem tempo, com os gestos que têm as pessoas cintilantes, as quais não correm para lado nenhum, nem fogem de coisa alguma. Brinda-nos com o seu sorriso e nós sorrimos com ela nessa doce insensatez do Desejo. Cristina Lourido
~ INteRVENCAO
1 de Dezembro de 2011
Faialenses como Avestruzes O problema do lixo que não vemos porque não queremos... O dia da alvorada foi a data escolhida para um grupo de jovens tentarem “acordar” a população para o problema do lixo gerado por cada um. Tal como a noite de Natal que se aproxima, o Duque de Ávila e de Bolama recebeu um monte de presentes: caixas de papelão que representavam as quantidades de lixo que 1 ou mais pessoas produzem por dia. Objectivo? Que as pessoas percebessem que o lixo ocupa espaço e não desaparece quando o pomos no contentor. Mas como ninguém gosta de ver o lixo em lugar de destaque, quando a cidade acordou já todas as caixas tinham sido retiradas. O problema é que, tal como essas caixas, o lixo não desapareceu...apenas saiu da nossa frente! Grupo de EcoArteIn(ter)venção da Horta 3 FAZENDO + 22 DEZ 2011 A 5 JAN 2012
4 FAZENDO + 22 DEZ 2011 A 5 JAN 2012
~ INteRVENCAO
O mito das palavras homófobas
garajau
Eu cozo e coso, Há nós e noz, voz e vós a Era e a hera... Falta de vocábulos? De criatividade? Ou puro comodismo? Aquilo que um motor de busca não consegue explicar em 0.17 segundos, felizmente os mitos conseguem: A “homofomania” (é favor não confundir com outras coisas) nasceu no seio de uma comunidade tribal matriarca no momento em que os vocábulos escasseavam mais do que as hortícolas e as leguminosas em época de seca ou de chuvas intensas. Por oposição, a necessidade de significação emergia galopante a cada ceia, saída para a caça e em todas as crianças na idade irritante do porquê. Este facto reluzia claro à luz dos olhos da chefe tribal que via o seu clã a desenvolver “mimetizações” e onomatopeias para além do absurdo, capazes de ridicularizar a sua
posição perante uma tribo rival. Porém, a arte de criação de vocábulos era visto como um ato do divino e poucos eram os mortais abençoados com esta capacidade de procriação verbal. Debateu-se durante três longos dias até que decidiu incumbir ao seu mais habilidoso orador, uma viagem à floresta primitiva para conseguir inspiração no seio da Mãe Natureza. A pena seria pesada se voltasse sem uma mão cheia de novas palavras... O homem partiu sem lua marcada para voltar. Caminhou durante vários dias por entre a vegetação virgem perdendo conta da presença ou ausência do astro maior. Passou horas de olhos cerrados, deixando os ouvidos embebidos no som dos animais. Mas nada fazia sentido e o exercício passava gradualmente a tortura. Pousava sobre
ele uma raivinha fermentada: Ele era um bom “mimetizador” caramba! O que sabia era melhorar a articulação das sílabas para que saíssem límpidas e soassem bem aos ouvidos alheios, nada mais! Raios! - saiu-lhe da boca mas a palavra já existia o que não o ajudou em nada e só lhe aumentou ainda mais a frustração. Mas um dia, sem que conseguisse pressentir a aproximação, três belas mulheres chegaram à cascata que existia perto do seu abrigo para se banharem. Era o descanso merecido, depois de tão sôfrega jornada, poderem os seus olhos deleitar-se com tão formosas figuras e deixar os seus ouvidos embalados pelas vozes doces das belas ninfas. Não percebia nada do que diziam mas isso não o incomodava. Pelo contrário.
Permitia fantasiar à volta dos seus diálogos, inventando uma tradução favorável à sua pessoa, com elogios que reforçavam a sua autoestima. Foi no meio deste desvario que se apercebeu: Banana! Porque não copias alguns desses vocábulos e apresentas à Chefe da tua tribo?! Radiante com a ideia, fez uma lista de palavras simples que lhe pareceram mais interessantes e assim que as mulheres abandonaram a cascata, partiu esbravecido rumo à sua aldeia com um punhado de palavras novas para oferecer à Chefe matriarca. O resto desta história infelizmente (mas felizmente para o leitor) não sobreviveu ao desgaste imposto pelo Tempo que sem piedade comeu as folhas de bananeira aonde ela estava escrita. Resta-nos à nossa criatividade tentar colmatar essa perda perpetuando este e muitos outros mitos. Lia Goulart
Dragoeiro
ciEncia e ambiente
Nome comum: Dragoeiro Nome científico: Dracaena draco Família: Dracaenaceae / Convallariaceae / (Agavaceae) Origem/Distribuição: Açores, Madeira, Canárias, Cabo Verde (nativa da Macaronésia) e Marrocos. Características: planta de porte arbóreo (não é uma árvore!), cuja copa – semelhante a um chapéu-de-chuva – pode atingir os 18 metros de altura, sendo mais frequente atingir 10 metros. O diâmetro pode chegar até aos 5 metros de largura. As folhas são coriáceas (rígidas), ensiformes (em forma de espada) e de cor verde-acinzentada, alcançando até os 60 cm de comprimento. Os frutos são bagas laranjas-avermelhadas. O crescimento desta planta é lento e não se ramifica nem floresce antes dos 15 anos. A sua época de floração é normalmente entre Maio e Julho e a flor tem uma cor branco-creme. Localização na ilha: Excelentes exemplares podem ser observados no Jardim Florêncio Terra (em frente ao DOP), onde inicialmente existiam cinco dragoeiros, mas dois, de idade avançada, juntaram os troncos devido à sua proximidade, formando uma copa única com 18,7 metros de diâmetro. Também se destacam os dois dragoeiros localizados em frente à Sociedade Amor da Pátria, que, devido à pouca luz que a eles chega e a algumas podas, se encontram desproporcionados e com uma conformação diferente da habitual. É uma planta muito rara no seu habitat natural. Curiosidades: esta espécie é essencialmente costeira. As suas folhas novas, rígidas e parcialmente eretas, ajudam a que, no arquipélago de Cabo Verde e Marrocos, consigam conduzir a pouca água da chuva precipitada na região, para o centro do caule, maximizando, assim, o aproveitamento desse recurso. Nos Açores, a elevada humidade leva a um desenvolvimento de raízes aéreas, algo que não se verifica tão acentuadamente nas outras regiões. O nome “Dragoeiro” provém de algumas lendas, nomeadamente de que quando um dragão morria, se transformaria nesta planta, não sendo por acaso que, à seiva do dragoeiro, de cor avermelhada, se chame “sangue-de-drago”. Essa seiva foi muito usada na alquimia medieval, embalsamamento, tinturaria e vernizes. Os violinos Stradivarius, por exemplo, cuja origem da cor da madeira foi durante muito tempo um segredo, era obtida através da aplicação de um verniz feito com o “sangue-de-drago”. Os frutos maduros foram usados no Porto Santo, na alimentação de porcos. Hoje é muito usada pelo seu valor ornamental. Nuno Rodrigues - PNF
Eric Gill
“Vídeo: Baixo contínuo (sintetizador): melodia 7 viagens insinuada por clarinete/oboé. Imagens abstractas em slow motion. Voz off: Nós somos feitos da mesma essência com que são feitos os sonhos (excerto da Tempestade de W. Shakespeare). Palco: Toda a companhia (excepto Jeremias Garajau e Dr. Mefisto) canta o tema leit-motif As 7 Viagens de Jeremias Garajau. “ Assim começa o guião que me foi entregue pelo Zeca em Maio passado. Em seis meses de ensaios e montagem o Homem Artista José Medeiros foi cumprindo os passos do seu sonho, generosamente partilhado com uma larga equipa de outros Homens que hoje são, com certeza, pessoas mais felizes por fazerem parte da materialização destas 7 Viagens de Jeremias Garajau. Esta primeira cena feita matéria no teatro é bela, aconchegante, funcionando como apelo visual e musical deste espectáculo-sonho que mete viagens no tempo, aprendizes de feiticeiro, música, música linda, música mesmo linda, enigmas do futuro, diabos feitos doutores, cantores e atores talentosos, mercados nervosos, a Maria Maresia, o comandante Diogo de Silves em Santa Maria – onde tudo começou-, muitas personagens e mudanças de roupa, os amigos do Teatro de Giz a brilharem na tela, as dez mil guitarras de Alcácer Quibir, Bento de Góis, danças larocas, História dos Açores, Brianda Pereira, guarda-roupa lindo, Chamarrita Pandeireta, D. Pedro IV e o seu bom amigo pinguça António Guanabara, D. Carlota Joaquina com as orelhas quentes, canções lindas de morrer, mesmo lindas de morrer, postiços e perucas, “O Povo Unido Jamais Será Vencido”, manhã de cravos vermelhos, “Viva a Autonomia dos Açores”, correrias e muitas mudanças de roupa, belos adereços, multimédia atraente e competente na cena, a Julieta Calafona, D. Vitorino Virtuoso – mensageiro do Marquês de Pombal-, o Gajeiro, Angelino Torquemada, Maestro Raimundo Pamplona e D. Afonso VI genialmente interpretados na tela por José Medeiros e com o próprio na contra-cena em palco, um lundum lindo que parece um fado, risos, gargalhadas, comédia, uma mãe que perde um filho na guerra, os poetas que não inventam palavra para caracterizar tamanha mágoa, lágrimas, teatro, muito teatro, nesta teatrice musical chamada As 7 Viagens de Jeremias Garajau. É um prazer imenso viajar neste sonho feito matéria. Acredito que para o público também o seja. Nelson Cabral
Fotografia
jeremias
Sara Simões
7 Viagens de
TEATRo
Por dentro das
Próxima Paragem: Abraço Fotográfico
Pico - S.Tomé A lancha espremeu um rangido do bordo do cais com o seu roço impertinente. Jalekuê observava a zona de fricção, já que, do Pico, só se percebia a cobertura. O círculo de braços completou-se, sem ser necessária identificação. O umbigo do encontro seria a Exposição Colectiva de Fotografia (“Abraço Fotográfico...”) germinada pela Associação Cultural Padre José Idalmiro, a Tertúlia “Próxima Paragem” e duas oficinas de Crioulo (“à moda da Guiné”). Escassas horas bastaram para aprender coisas fundamentais da vida como ela realmente é (ou seja, despretensiosa, autêntica, descomplicada): perguntar como se habita o corpo, dizer que se ama, como se diz comida, pedir esmola e que o dia depois do próximo é “ermon di amaña”. Quarenta almas se aconchegaram em torno de uma panela cheia de cachupa, compensando a ausência da voz morna da Celina, assim mesmo, pousada na mesa, com testo e tudo. António Viana, Daniel Pena, João Pedro Moura, Márcio Costa, Maria Gameiro, Maria Virgínia Micaelo, Mário Jaleco, Osvaldo Soeiro, Susana Moura e de Valter Medeiros fizeram desfilar olhares diversificados de lugares de vivência, “paraísos” verdes, longes (in)acessíveis; recortados em telas e janelas. Dos momentos eternizados pelos seus clicks há rostos e sorrisos, cores e brilhos, texturas e compromissos, sons petrificados, palavras semeadas, calor e humidade, terra e mar, muito mar, árvores do tamanho de gigantes e pessoas da mesma dimensão. Não se sugerem sequências narrativas, são fragmentos decifrados, continuidades interrompidas, onde o/a visitante é convidado/a a inventar o seu próprio percurso. A composição nas imagens, a luz, o enquadramento proposto pelos/ as artistas, os efeitos intencionalmente produzidos apelam a leituras criativas. Os títulos e os silêncios que acolhem as fotografias estabelecem uma relação entre o sentido da palavra e o sentido da imagem. As fotografias não estão datadas, por isso, nadam no infinito, intemporais, ou não. Para ver melhor é preciso colocar o queixo no parapeito da moldura e caminhar por dentro das imagens. As pegadas ficam aguareladas no mapa até desembarcarmos. Ir a uma exposição é regatear o dia para fazer a festa, conversando com os vizinhos, trocando demoras enquanto partilhamos histórias. Mantenhas pa tudu djintis! Cristina Lourido & Lara Topa
5 FAZENDO + 22 DEZ 2011 A 5 JAN 2012
6 FAZENDO + 22 DEZ 2011 A 5 JAN 2012
habituados a manhãs de Outono em pleno Junho – a manhã continuava cinzento-escura e até já chuviscara, para decepção minha – tinham subido para a plataforma superior do molhe e, à nossa saudação, respondiam sem preverem a importância de que a presença deles se revestia aos meus olhos. Com efeito, ainda que a brisa e a impressão de o barco balouçar mais fossem indícios claros de me encontrar a bordo do Windlise, era o testemunho deles a garantir-me a realidade do que na manhã nublada de treze de Junho estava a acontecer-me. Os meus companheiros de viagem tinham sido inexcedíveis no apoio e na atenção que me haviam dispensado. Sê-lo-iam ao longo de toda a viagem. Só que o historial de mar de cada um deles remetia-os para uma realidade distinta da minha, inclusive quando, aparentemente, a partilhávamos, tal como no momento em que todos nós olhámos para a cidade a afastar-se. Na verdade, a manhã não lhe favorecia a imagem; as nuvens ocultavam a metade superior da encosta, impedindo-nos de ter uma visão muito mais panorâmica, e ainda assim apreciámos o que víamos. Era bonita, todos nós concordámos, conquanto tenha sido o único a lidar com o efeito desta impressão: o pedaço de mar que estávamos a atravessar, situado entre a costa e o pontão do porto, era muito mais extenso do que se me afigurara quando o via a partir da marginal… O padrão deles era claramente diferente do meu e, por isso, não suspeitaram minimamente de quão intimidante era o desafio que as águas do canal lançavam às que se tinham procurado refúgio detrás da muralha do porto que estávamos em vias de dobrar. António da Vargem Perdigão
Traição de Harold Pinter Peça de teatro de 1978, Traição entrou para a história da exigente e completa dramaturgia inglesa como um dos trabalhos mais profundos e bem conseguidos sobre a complexidade das emoções humanas. Os actores têm um trabalho árduo em palco pois, em vez de envelhecer ao longo da peça, rejuvenescem em corpo e alma – a história é contada em analepse, encontrando-se os amantes (Emma e Jerry) dois anos depois de terem terminado uma relação extra-marital que durou sete anos. Emma é casada com Robert e Jerry (casado com Judith) é amigo íntimo do seu marido. Resumida assim, a história parece banal, um mexerico de aldeia de quem não tem o que fazer. Mas a mestria de Pinter está em colocar os personagens perante uma traição constante e contínua, de todos entre todos e, em última análise, de traição a si próprios, de tal modo que não sabemos a que traição o título se refere. Traem-se os esposos, traem-se os amigos, traem-se os amantes: a certa altura, Emma conta ao marido que está com Jerry mas não conta a Jerry que o marido sabe… e a amizade dos dois homens permanece, durante anos, em desequilíbrio de forças mas não pela razão original. Traem-se ainda os amores pois é muito claro que a perspectiva homem/mulher sobre a relação amorosa e suas expectativas é completamente diversa, bem como o remorso e as memórias que ambos guardam seja do adultério seja do casamento. Emma precisa dos dois homens, os dois homens precisam dela e precisam um do outro. É talvez por se darem conta desta ácida fatalidade que passam de jovens amorosos e alegres a cépticos magoados (ou antes o contrário na estranha cronologia da peça). Harold Pinter nunca escondeu que Traição se baseava na sua própria experiência de vida - durante sete anos, manteve uma sólida relação com outra pessoa que não a sua amarga primeira mulher. Mais tarde, já noutra relação, Pinter diria: “Hoje, tenho uma vida feliz. Mas não se faz teatro sobre vidas felizes. O teatro é sobre conflito e perturbação. Vivo a felicidade, não a revelo.” Pinter ganhou o Nobel da Literatura em 2005 “pelas suas dramaturgias que descobrem o precipício debaixo da conversa quotidiana e deixam a força entrar nos quartos fechados da opressão.” Carla Cook
Hoje é dia de mais uma greve geral em Portugal, em nome do descontentamento com as políticas do(s) governo(s) e, sobretudo, com os cortes nos subsídios às pessoas e os aumentos nos subsídios aos bancos. É, também, dia da ‘Fitch’ nos mandar para o lixo mais aos nossos sacrifícios. A chuva persistente e o céu de chumbo por cima das nossas cabeças parece tornar tudo mais cinzento. Há 25 anos, portugal também amanhecia cinzento depois do sonho de um país realmente diferente e solidário ter morrido na praia. Tal como agora, o país parecia acordar para uma realidade onde a desigualdade e a pobreza (de espírito?) são incontornáveis moedas de troca na corrompida subserviência do poder político aos FMIs que velam pela saúde de um sistema capitalista incapaz de centrar a poética constituída por uma sextilha e uma quadra. Quando cantadas bisam-se os dois tercetos da sextilha. Deixo-vos este exemplo de uma “Velha” da minha autoria: Meu avô Manel João É c´má Radiodifusão Anda com falta de potência… (mote) E tua avó experimentou Sintonizar o meu avô Em modulação de frequência… (desenvolvimento)
As “velhas”
Canção tradicional da Ilha Terceira, com raízes fundas e profundas nas “Cantigas de Escárnio e Maldizer”, as “Velhas” denotam ainda influência da “Chacota”, “canção de fazer rir verdades e fantasias”, um dos géneros musicais utilizados por Gil Vicente para “criticar”, troçar de tudo e de todos, mas a todos divertindo. A verdade é que, hoje, as “Velhas” são pertença exclusiva da ilha Terceira. Esta cantiga satiriza as velhas e os velhos pretensiosos que aspiram ao casamento e recorrem a artifícios para disfarçarem as ruínas da velhice. Aliás, o casamento de velhos, a grande diferença de idades entre casados, têm sido objecto de troça e motejos por parte do povo. E, neste aspecto, as “Velhas” também se inscrevem numa tradição medieval muito portuguesa que se prende com as “Chocalhadas” e as “Arruaças”. E aqui permito-me discordar frontalmente do etnólogo Luís da Silva Ribeiro que encontra nas “Velhas” uma origem brasileira, com possíveis afinidades com o “Lagarto Carejó”, um catereté baiano (dança acompanhada de canto, sapateada e palmeada ao som da viola). Seja como for, as “Velhas” possuem uma estrutura
dimensão humana. Editado em 1976, ‘Com as minhas tamanquinhas’ surge depois de um interregno de dois anos em que a urgência das lutas não deixava grande energia para a criação e para o estúdio. Um trabalho onde o caldeirão de influências musicais de Zeca Afonso se torna mais claro e onde essa sua fusão única atinge o auge. Nas palavras do autor, o seu melhor disco. Na ressaca do PREC, este disco mistura canções mais panfletárias, que destilaram dessa ebulição, com outras onde nos deparamos com a interioridade moral do autor nesses tempos tão ambivalentes. Sob o céu cinzento, restava a tábua de salvação na intransigente defesa do oprimido e na denúncia das injustiças, onde quer e como quer que elas surjam: As garras do imperialismo norte-americano em países onde os seus interesses não eram garantidos (Os fantoches de Kissinger) – Portugal era e é membro da NATO, vivia-se o tempo do pós Vietname, da emergência da luta pela independência da palestina, dos golpes militares apoiados pela CIA nos regimes da América latina eleitos democraticamente; O oportunismo na exploração do mais fraco (Teresa Torga) - uma mulher que em acto de loucura se despe na rua, é presa e fotografada para capa de jornal. A infame traição perpetrada pelos informadores do regime no país profundo (em terras de Trás-os-Montes) - em Portugal, a liberdade individual foi durante muito tempo silenciada pelo medo da denúncia e do que se lhe seguia; A cambalhota moral e política de um amigo a troco de favores pessoais
Diz o velho com tragédia: “Ah, velha não sejas bruta Querias a onda média Mas só tenho a onda curta”… (remate) Mais recentemente tem havido uma evolução na temática das “Velhas” no sentido de não ser apenas uma canção satírica, mas também de constituir um pretexto para o exercício de uma crítica social que pode ir da breve alusão à mordacidade e ao sarcasmo mais cruéis. Licenciosas e por vezes grosseiras, cantadas no terreiro, no arraial ou no salão, provocando acessos despiques entre os cantadores e o riso cúmplice do povo, as “Velhas” são sempre irónicas, picantes e atrevidas. E a merecerem sempre a nossa melhor atenção. Victor Rui Dores
(Como se faz um canalha) - O pós 25 de Abril tornava clara a arena das idiossincrasias pessoais que a luta contra o regime ditatorial tinha camuflado; A heróica resistência da convicção inquebrável perante a tortura (Alípio de Freitas) - No Brasil, o regime militar exercia uma repressão brutal sobre quem quer que desafiasse o seu poder e questionasse a pobreza extrema da esmagadora maioria da população para sustentar a imoral acumulação de riqueza de poucos; O vertical tronco onde nos amarramos para resistir ao cinzento dos tempos. Pedro Afonso
*discos do aquém é uma rúbrica da secção de música do Fazendo, onde se vão celebrando discos de outros tempos que agora fazem datas redondas, e que sejam bons para tomar em doses reforçadas, conforme a estação corrente.
Por entre os acenos de despedida ao Fernando, que me albergara ao longo da semana de espera, e ao Zé Branco, que fizera o favor de dispor o seu automóvel para o transporte dos víveres do supermercado para a marina – felizmente, fui às compras com a Astrid e o Achim, caso contrário, nunca me teria apercebido da responsabilidade e da emoção que um acto tão rotineiro pode comportar – o Windlise, sob o comando do Ditter e o ronronar do motor, apartou-se do barco a que estivera acostado, enrugando o manto cinzento que amortalhava as águas. Os cabos e as bóias foram recolhidas já ele deslizava. A bordo, tudo se processava com meticulosa naturalidade à excepção do que a mim respeitava. Depois de ter passado oito dias a esperar por este momento, assim como a afeiçoar-me ao ambiente que caracterizava aquela marina mais do que qualquer outra, bastou o estremecimento que percorreu o barco da popa à proa com o primeiro ronco do motor para me ver lançado num contido alvoroço. Por momentos, deixei de saber onde terminava a realidade e começava a ficção! Como nunca imaginara, até a imobilidade dos veleiros por que passávamos, concorreu para o estado de irrealidade e espanto em que de repente me encontrei. Após anos e inúmeras ocasiões a vê-los a chegar e a partir ou a passar ao largo: também eu partia!... Sacudindo a apreensão e o nervosismo – fazia-me ao mar alto num barco de treze metros pela primeira vez – pus-me de pé e, apoiado a um dos cabos que segurava o mastro, cumprindo uma das instruções feitas pelo Ditter, eu, qual grumete a bordo do navio escola Sagres, perfilei-me, rendendo-lhes guarda. Ao contornar por detrás o molhe que resguarda a marina, voltámos a passar, se bem que mais ao largo, pelos meus amigos, Fernando e o Zé, e a saudá-los. Indiferentes ou
Com as minhas tamanquinhas José Afonso Discos do Aquém
, MUSICA
da Horta ao Porto Santo 2
LITERATURA
A minha viagem
‘Só não há vida possível Na liberdade comprada Na liberdade vendida A morte é mais desejada’
Chamarritas nos Açores e no Mundo
Após o incentivo da Junta de Freguesia das Angústias, na aprendizagem da chamarrita nasceu um grupo intitulado: Grupo de Chamarritas das Angústias, com o intuito de divulgar uma tradição Açoreana, composto por trinta e oito elementos de várias classes etárias, com a pretensão de um intercâmbio entre ilhas continente e além fronteiras formou-se uma direcção composta por cinco elementos afim de distribuir responsabilidades e tarefas, ficando receptivos a convites pessoalmente ou através da página criada no facebook aonde podem encontrar os contactos e já algumas fotos. A dança da chamarrita é de origem açoreana muito dançada pelas classes mais desfavorecidas ao final de tarde numa actividade para o conflito
cansado do dia a dia proporcionando boa disposição. Com um ritmo músical vindo por instrumentos de cordas quase sempre acompanhado por quadras em tom maior, podendo ser dançada quer em rodas ou pares soltos que se abraçavam cuja forma de dançar obedece a dois passos para cá, dois passos para lá, com o mandador impondo as regras da dança às quais se tem que obedecer. Porque a emigração dos Açores se encontra espalhada por toda a parte do mundo, estes por sua vez a levam para vários países inclusive Argentina, Paraguai, e Brasil aqui também dando o nome de Chamené. O gosto por bailar e para que a tradição não morra procuramos levar a todos aonde nos convidam para actuar alegria e boa disposição.
Actuamos para o público em Fevereiro passado e desde aí não mais paramos , tendo também estado em S. Jorge e na ilha do Pico na semana dos baleeiros, estando em diversas actuações pela ilha do Faial, o que agradecemos todos os convites feitos e ao público que muito se entusiasma connosco. Vou cantar a chamarrita que uma moça me pediu não quero que a moça diga ingrato! não me serviu Chamarrita quando era nova uma noite me atentou quando foi de madrugada deu de rédea e me deixou. Em nome do Grupo de Chamarritas das Angústias reconhecidamente: Guilhermina Machado 7 FAZENDO + 22 DEZ 2011 A 5 JAN 2012
Agenda FAIAL Qui_22 a Sáb_24 Dez.
Ficha Técnica
8h às 22h Mercado Municipal FESTA DA FLOR
FAZENDO - DIRECÇÃO Jácome Armas Pedro Lucas Aurora Ribeiro Tomás Melo
Ter_27 Dez. 21h30 Teatro Faialense CANTATA DE NATAL
ALBINO
9h às 19h Parque de Estacionamento da Avenida TENDA PEQUENOS TRAQUINAS
RUI MORISSON
até Sáb_24 Dez.
21h30 Teatro Faialense CUIDADO COM O QUE DESEJAS filme de David Dobkin
REVISÃO Sara Soares PROJECTO GRÁFICO Lia Goulart PROPRIEDADE Associação Cultural Fazendo LAU GONT
CIDADE PINTADA
10h às 18h Fábrica da Baleia – Centro do Mar BALEAÇÃO NO FAIAL FASE INDUSTRIAL 1940-1984
Sáb_31 Dez.
SEDE Rua Rogério Gonçalves, nº 18 9900 Horta PERIODICIDADE Quinzenal TIRAGEM 500 exemplares
23h30 Parque de Estacionamento da Avenida PASSAGEM DE ANO música ao vivo com “Rock 4 You”
IMPRESSÃO Gráfica O Telégrapho CONTACTOS vai.se.fazendo@gmail.com fazendofazendo.blogspot.com 967567254
LÍDIA GANHITO
ANDRÉ MELO
Seg_2 Jan. a Abril Segundas-feiras das 18h30 às 19h30 Teatro Faialense WORKSHOP DE CANTO E TÉCNICA VOCAL com Alexandra Boga inscrições até Seg_26 Dez.
CAPA Isabel Melo - vencedora do concurso de capas COLABORADORES António da Vargem Perdigão, Cristina Lourido, Grupo de EcoArteIn(ter)venção da Horta, Guilhermina Machado, Lia Goulart, Nuno, Rodrigues, Pedro Namorado, Victor Rui Dores
Qua_28 Dez.
até Sáb_31 Dez.
COORDENADORES TEMÁTICOS Albino, Anabela Morais, Carla Cook, Fernando Nunes, Filipe Porteiro, Helena Krug, Luís Menezes, Pedro Gaspar, Pedro Afonso, Rosa Dart, Tomás Melo
Qua_28 Dez. 20h30 Casa do Povo de São João CANTATA DE NATAL pelo Grupo Coral das Lajes do Pico
MÓNICA DIAS
20h30 Igreja Matriz das Lajes do Pico CANTATA DE NATAL pelo Grupo Coral das Lajes do Pico
ANDRÉ MELO
Seg_26 Dez.
LÍDIA GANHITO
Centro Multimédia de São Roque do Pico – Sala Bote ÁLBUM FOTOGRÁFICO HISTÓRICO DA CÂMARA MUNICIPAL exposição
ARTISTAS UNIDOS DE MÁRIO BRAVO
até Sex_20 Jan.
Horários Horta - Madalena
PICO