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Quando as nuvens correm para o mar, pega nos bois e põe-te a lavrar.
O BOLETIM DO QUE POR CA´ SE FAZ MENSAL ABRIL 2012 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Edição conjunta com o Arauto + Encontros Filosóficos + Tubarões fora do prato + os pó-pós da Horta + os escritos de Chris Cleave, Thomas Tranströmer e Rui Costa + Discos do Além atacam de novo + Vicente Lusitano + a importância de andar a pé + Mercado de Trocas + Agenda de Abril
, Cronica “A visão da Terra, suspensa sozinha no véu negro do espaço, revela a importância de uma perspetiva global voltada para realidades sociais e educativas. A educação deve nutrir-se da comunidade humana de todo o planeta.” *
Encontros Filosóficos
O reconhecimento atual da profunda degradação do ambiente, à escala planetária, tornou premente não só a investigação científica e o conhecimento em matéria de sustentabilidade de recursos mas originou reflexões científicas, políticas, éticas e filosóficas, com a finalidade de promover o desenvolvimento de uma consciência ecológica, a nível global. A posse de um conhecimento aprofundado dos problemas ambientais que enfrentamos - o aquecimento global; as alterações climáticas; as alterações brutais dos ecossistemas; a destruição dos recursos dos oceanos - afigurou-se como um fator determinante para a tomada de consciência individual, para a responsabilização coletiva e o surgimento de uma vontade generalizada de intervir no sentido de contrariar as causas dos desequilíbrios ambientais. Nesta linha, tornou-se evidente a necessidade de associar o conhecimento e a vontade em saber o quê, como e onde dar respostas e influenciar a ação dos decisores políticos e dos cidadãos Há quase duas décadas que a Escola Secundária, através do projeto Encontros Filosóficos, convida alunos, cidadãos, cientistas, filósofos, artistas, a refletirem em conjunto sobre problemas que afetam o homem, o seu tempo, e se colocam à existência de um ser situado num contexto insular, com preocupações em participar no plano
intelectual, no debate de ideias e na promoção deste novo olhar. Em 2012, a ESMA estabeleceu parcerias com O IMAR, o DOP, o OMA, a DRAM, DRA, CMH, CCIH, a Escola Secundária Cardeal Costa Nunes, o Jornal “Fazendo”, entre outros parceiros, para refletir sobre a sustentabilidade dos oceanos, a preservação da vida e dos ecossistemas e sobre o futuro do planeta e do próprio homem. Enquanto atores e agentes de educação, temos consciência que só pela educação é possível edificar os pilares desta nova visão sobre o ambiente e a gestão sustentável dos recursos e contribuir para a mudança de hábitos, crenças ou de representações culturais. A nossa realidade insular – esta ínfima parte de terra no contexto planetário e cósmico - justifica, ela própria, o desenvolvimento de trabalho teórico e prático ( realizado através de workshops de Cinema, Fotografia, Educação Ambiental ) que enfatiza a relação do homem com os oceanos, o planeta Terra, os ecossitemas e a humanidade. Convictos que este desafio ao questionamento, ao debate e à partilha de saberes entre homens de ciência, artistas, empresários, profissionais de educação, alunos e cidadãos, será suficientemente pertinente para envolver ativamente a comunidade faialense, convidamos pais, encarregados de educação, investigadores, docentes e alunos a participarem. Maria do Céu Brito
* “Declaração de Chicago sobre a Educação”, de 1991, assinada por oitenta educadores do mundo inteiro
Capa Fátima Madruga Mundo São 2011
Maria de Fátima Madruga Gomes, nascida na ilha do Pico a 13 de Maio de 1955, começou a dedicar-se à gravação em marfim aos 17 anos. Foi desenvolvendo aquela arte durante um quarto de século e está como tal representada em várias colecções e museus nacionais e estrangeiros, principalmente no Museu de Scrimshaw do Café Sport, na Horta.
É autodidacta, tendo estudado à distância o Curso de 3 anos em Desenho e Pintura de J.M. Parramón, passando pelo ensino da disciplina ao 3º ciclo no Externato de S.Roque do Pico, em 1976/77. Foi viver para o Continente em 1982 e a, partir de 1991, começou a transição da gravação para a pintura, à qual se tem dedicado até hoje.
PROGRAMA FÓRUNS DE DISCUSSÂO:
30 de Abril
Entrar na matéria do teu canto 11:00_Escola Secundária Manuel de Arriaga Palestrante: José Medeiros
Juventude, empreendedorismo e criatividade 15:00_Escola Secundária Manuel de Arriaga Palestrante: Rogério Roque Amaro (ISCTE) Moderador: Pedro Medeiros
Lançamento de selo e sobrescrito 14:00_Biblioteca da Escola Secundária Manuel de Arriaga Clube de Filatelia da Escola Secundária Manuel de Arriaga. Entrega de certificados e prémios aos alunos que participaram nos projetos.
Sessão de Abertura 14:50_Escola Secundária Manuel de Arriaga
Empreendedorismo e inovação em tempos de mudança 18:00_Escola Profissional da Horta Palestrantes: António Câmara (ISCTE) | Eduardo Guimarães Moderadora: Susana Silveira Gestão sustentável dos oceanos Humanidade e Futuro 21:00_Escola Secundária Manuel de Arriaga Palestrantes: António Câmara (Univ. Nova) | Maria do Céu Patrão Neves (Deputada Europeia) | Ricardo Serrão Santos (U.A.) Moderador: Hélder Silva (U.A.)
O Oceano e o mito na arte e na literatura açorianas 21:00_Biblioteca pública Palestrantes: João de Melo | Carla Cook | José Medeiros | Antero Ávila Moderador: Vitor Rui Dores
2 de Maio
5 de Maio
Empreendedorismo, Criatividade e Desenvolvimento Sustentável 10:00_Escola Secundária Manuel de Arriaga Palestrantes: Eduardo Guimarães (Escola Secundária Calheta) | Pedro Medeiros | José de Azevedo (Peter) | Telmo Morato (Flying Sharks) | Henrique Ramos (Seaexpert) Moderador: Luís Branco A ilha e o imaginário do mundo 15:00_Escola Secundária Manuel de Arriaga Palestrante: João de Melo Moderador: Souto Gonçalves Restauro Ecológico em Áreas Protegidas 21:00_Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos Palestrantes: Álamo Menezes (Secretário Regional do Ambiente) | João Luís Gaspar (U.A.) Moderador: Luís Prieto
3 de Maio
Oceanos, Cultura e Sociedade: visões de um cientista e de um navegador 10:15_Escola Secundária Manuel de Arriaga Palestrantes: Pedro Afonso (IMAR DOP/ Universidade dos Açores) | Genuíno Madruga Moderador: Paulo Ruas Açorianidade e Educação Ambientalações concretas 14:00_Escola Secundária Manuel de Arriaga Palestrantes: Frederico Cardigos (Diretor Regional dos Assuntos do Mar) | Gilberto Carreira | Helena Cepeda | Marco Aurélio Santos | Ana Filipa Sousa Moderador: Eduardo Guimarães Inauguração da Exposição de Fotografia de Nuno Sá 20:45_Fábrica da Baleia Estética, Poética e Sensibilização Ambiental e Científica 21:30_Fábrica da Baleia Palestrante (s): Rui Torres (Universidade Fernando Pessoa) | Nuno Sá | Irene Kouhoutec Moderador (a): Filipe Porteiro
4 de Maio 2 FAZENDO + ABRIL 2012
Fernando Pessoa: Do rosto às máscaras confissões e fantasias 15:00_Escola Secundária Manuel de Arriaga Palestrante: Maria Antónia Jardim
Açorianidade, Ecologia , Educação e Artes Dança, dança… que és música, poema e voz (projetos desenvolvidos por alunos) 10:00_Escola Secundária Manuel de Arriaga
Inauguração da Exposição de Fotografia “Visões“ de José Serpa 16:00_Sociedade Amor da Pátria Que educação para o século XXI? 16:30_Sociedade Amor da Pátria Palestrantes: Paulo Borges (Universidade de Lisboa) | Maria Antónia Jardim (Universidade Fernando Pessoa) Moderadora: Fátima Pinto (Presidente da Associação de Pais da Esma) Lançamento do livro “Adormecer-te” de Maria Antónia Jardim 18:00_Sociedade Amor da Pátria Contributos para a preservação dos oceanos. Encontro de olhares entre a Ciência e a Tecnologia 21:00_Sociedade Amor da Pátria Palestrantes: Fernando Barriga (Universidade dos Açores) | António Pascoal (Instituto Superior Técnico) | Hélder Silva (Diretor do DOP) Moderador: Ricardo Serrão Santos Concerto pela Unânime Praiense “Oceanos” de Antero Ávila 22:45_Sociedade Amor da Pátria ACÇÕES DE FORMAÇÃO - ALUNOS Workshop Empreendedorismo Pedro Medeiros Workshop de Filatelia Carlos Lobão Fotografia e vídeo 2 e 4 de Maio_Praia de Porto Pim, Fábrica da Baleia, Zona Protegida do Monte da Guia Nuno Sá Oficina de Ilustração e Animação Digital 19 e 20 de Abril Les Galager Ciência, Mito e Imaginação 3 de Maio_10:00_Conferência a bordo da embarcação do Peter Rui Prieto | Nuno Sá Oficina de cinema 2 e 3 de Maio_Realizada a bordo da embarcação OceanEye Aurora Ribeiro
SOS Tubarões! ^ CIENCIA E AMBIENTE
Os mares e oceanos possuem ecossistemas singulares e ricos em biodiversidade. Contudo, os oceanos estão sob forte pressão. Muitos peixes estão a ser retirados, o lixo alastra cada vez mais, espécies marinhas ficam presas em redes e morrem, as mudanças climáticas influenciam o aumento do nível do mar, o turismo desenfreado nas zonas costeiras contribui para o desequilíbrio, e estes são só alguns dos diversos problemas que aflingem a vida marinha. Muitas são as ameaças para os oceanos, mas uma das mais cruéis é o “shark finning”, ou seja, o corte das barbatanas de tubarões. Uma prática terrível que ocorre nos nossos mares e que pode ter proporções catastróficas para o ambiente marinho. Os países que permitem esta prática precisam de agir para conservar e proteger os tubarões. Os tubarões são predadores e encontram-se no topo da cadeia alimentar dos oceanos, mas isso não os livra da sobre-exploração. São espécies muito vulneráveis uma vez que têm grande longevidade e reproduzem-se devagar e tardiamente. Ao contrário de outros peixes, os tubarões não desovam em grande quantidade e algumas espécies dão à luz um pequeno número de jovens. Aproximadamente 100 milhões de tubarões são mortos todos os anos e quase um terço destas espécies está em risco de extinção, desde o grande tubarão branco ao martelo. E o maior culpado é a sopa! A sopa de barbatana de tubarão pode chegar a custar 100 dólares a porção, pelo que são os restaurantes que fornecem este prato os maiores patrocinadores dessa atrocidade.
3º
DOP /UAç
O principal motivo desta enorme matança, e vergonhoso desperdício, é o simples fato das barbatanas serem o ingrediente fundamental para o exótico prato de origem asiática. A sopa de barbatana de tubarão transformou-se num lucrativo comércio mundial, mas também em uma das mais cruéis e desumanas ações contra um ser vivo. “Finning” é a denominação para a pesca praticada por muitos países, que tem por finalidade a obtenção das barbatanas dos tubarões. O tamanho, idade e espécie não são levados em consideração. O “finning” é praticado de forma brutal: o tubarão é capturado, as barbatanas são cortadas e o corpo atirado de volta ao mar, muitas vezes ainda vivo, acabando por morrer por hemorragia numa morte agonizante e dolorosa, ou são aos poucos comidos por outros peixes. Isto acontece sobretudo, porque a carne de tubarão ainda não apresenta um valor comercial interessante. Como ocupa lugar nas embarcações destinado a espécies mais valiosas, e pode contaminar o outro pescado com o seu teor elevado de amónia, os pescadores
estão só interessados nas suas valiosas barbatanas. Essa pesca predatória e insustentável está a ameaçar gravemente a sobrevivência das populações de tubarões. Se nenhuma providência for tomada, muitas espécies entrarão em extinção nas próximas décadas. Os tubarões desempenham um papel crucial na manutenção da saúde e do equilíbrio da vida nos oceanos. Sem eles, o ambiente marinho ficará doente e frágil, o que consequentemente acarretará futuros desequilíbrios que poderão ser imprevisíveis e desastrosos para os ecossistemas marinhos. De acordo com as Nações Unidas, as estimativas indicam que mais da metade dos tubarões com migrações longas estão sobre-explorados ou esgotados. Nos Estados Unidos, as populações de algumas espécies diminuíram 80% desde os anos de 1970. As consequências para o bioma marinho serão inevitáveis com o declínio das populações de tubarões e todo o meio, de uma forma ou de outra, será vítima dessa barbaridade. Legislações e iniciativas contra o “shark finning” têm sido efetuadas com o intuito de diminuir ou até mesmo banir esse tipo de actividade. Nos Estados Unidos, o Congresso aprovou uma nova norma determinando que todos os tubarões capturados legalmente devem ser desembarcados com suas barbatanas íntegras e no corpo do animal. Já no estado do Hawaii, onde o objetivo é eliminar esta prática, foi aprovada uma lei proibindo a exploração, comércio e qualquer distribuição de barbatanas. A União Europeia apoiou a proibição da retirada das barbatanas dos tubarões a bordo dos barcos de origem europeia, embora Espanha, Portugal, Reino Unido e França façam parte do TOP 20 mais responsável pela captura
mundial de tubarões. Infelizmente, as principais nações (Indonésia e Índia) que executam e contribuem para esta pesca não possuem planos de monitorização eficazes. Deveria ser o contrário, pois há uma urgente necessidade de fazer parar o declínio das populações de tubarões e ajudar a garantir que a lista das espécies ameaçadas pela sobreexploração não continue a crescer. O “finning” vai contra o código de conduta para a pesca responsável da Organização de Alimentos e Agricultura das Nações Unidas (FAO), e é também contrário ao Plano de Conservação e Gestão dos Tubarões adotado pela Comunidade Europeia em Bruxelas 2009. Nos últimos anos, inúmeras instituições, ONGs e a sociedade mundial têm apoiado as campanhas para a defesa dos tubarões. Muito ainda há para ser feito para a sua proteção. O primeiro passo foi dado em 2009 com a criação do primeiro santuário nacional de tubarões na pequena ilha de Palau no Pacífico. Dessa maneira, declarou-se a proteção contra todos os tipos de pesca comercial. Contudo, se quisermos realmente salvar esses animais, serão necessárias ações muito maiores, à escala global. Apesar da reputação de ferozes predadores, na realidade os tubarões são as presas! Aproximadamente 10 pessoas por ano são vítimas de ataques de tubarões mas 3 tubarões são mortos a cada segundo pelos seres humanos. Se não houver ações imediatas, os documentários na televisão podem estar entre um dos poucos lugares onde tubarões poderão ser vistos. Não podemos ficar a assistir à extinção de espécies que sobreviveram aos dinossauros por causa de uma exótica tigela de sopa! Aline Zunino
das fossas das Marianas, o local mais profundo dos oceanos, atingindo 11034 metros de profundidade. Localiza-se no Oceano Pacífico, a leste das Ilhas Marianas, uma zona de convergência das placas tectónicas do Pacífico e das Filipinas. Com uma extensão de cerca de 2500 quilómetros. Esta enorme cicatriz resulta de um processo de subducção de placas tectónicas com dimensões únicas (50 vezes o Grand Canyon), continuando a despertar o engenho e o interesse dos cientistas. De momento aguardam-se as imagens recolhidas através do Deepsea Challenger, submarino de última geração, desta missão preparada durante mais de 7 anos, para atingir profundidades inigualáveis. Com painéis luminosos de 2.5 metros e várias câmaras, o submarino de
pequenas dimensões foi desenhado propositadamente para estas missões, transportando apenas um piloto. A estrutura em si diminui cerca de 8 centímetros em comprimento, incluindo a esfera que envolve o investigador - devido à pressão, à medida que desce os quase 11 quilómetros sob a superfície do mar. Provavelmente terá sido a importância do vídeo na recolha de informação nestas condições, que terá pesado na escolha do piloto. Um mergulho no desconhecido, num ambiente inóspito e lunar, desprovido de luz e de elevadíssima pressão. Quais as formas de vida que se terão adaptado a estas condições limite? Quais as suas estratégias e o que poderemos aprender com elas? Só o futuro o dirá. O americano Cameron entra
assim para a história da exploração dos oceanos, e enquanto se terá de dedicar em breve a continuar a trabalhar nas sequelas do Avatar, as missões do Deepsea Challenger terão também mais episódios (ou “seasons” para os viciados), continuando a fascinar os amantes do desconhecido e do azul. José Nuno GP
homem na região mais profunda do Oceano
A 25 de Março de 2012 o cineasta (e investigador) da National Geographic James Cameron atinge o fundo da Fossa das Marianas. Enquanto já 12 homens pisaram a lua, acreditem ou não, em 2012 James Cameron foi o terceiro homem a alcançar a região mais profunda do oceano. Decorreram mais de 50 anos (1960) desde a primeira e única vez que o homem conseguira igual feito. O blindado submarino “Trieste”, comandado pelo tenente americano Don Walsh com o cientista suíço Jacques Piccard a bordo, atinge os 10.911 metros na fossa de Challenger (Challenger deep, 23 de Janeiro). Estas depressões foram sondadas pelo Challenger e Challenger II (Marinha Real Britânica), tratando-se de uma
Evereste pousado no fundo da fossa
10994m
LITERATURA
“Pequena Abelha” e “Incendiário”
Horta a cidade dos automóveis Na última edição do FAZENDO foram apresentadas quatro cidades onde a utilização do automóvel deixou de ser prioritária e em que outras formas de mobilidade ganharam mais protagonismo, sendo a bicicleta um dos meios de transporte mais populares nas referidas cidades. Tal como então referi, as principais causas para essa mudança foram os problemas relacionados com o excesso de tráfego automóvel, nomeadamente o congestionamento, a falta de estacionamento, e um elevado número de acidentes graves. Na Horta não existem estes problemas, uma vez que acidentes graves no centro da cidade são praticamente inexistentes, raramente é necessário estacionar a mais de 500m do local onde queremos ir, e não existe qualquer condicionamento à circulação automóvel. Qualquer condutor poderá ir a qualquer ponto da
Provérbios Duas culturas diferentes, provérbios em comum com uma interpretação diferente? Provérbios que caracterizam um povo? Provérbios que não têm correspondência nas outras línguas ao serem traduzidos têm características específicas daquela cultura? Por exemplo (traduzido do alemão): “A hora da madrugada traz ouro para a boca” que quer dizer que quem se levanta de manhã cedo pode enriquecer pelo seu trabalho – materialistas? Em Português: “Quem madruga, Deus ajuda”. Quer dizer que quem se levanta cedo, tem Deus para lhe ajudar a enriquecer? – tanta fé ou malandrice? Os dois provérbios existem, há uma hipótese de caracterizar uma
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cidade a qualquer hora e sem ter de se preocupar com o tempo que demora a chegar, porque simplesmente não há congestionamentos ou “horas de ponta”. O que nos leva a colocar esta questão: se não há problemas de trânsito, porque é que se deve mudar alguma coisa? A razão é óbvia e prende-se com o facto de esta facilidade de mobilidade por parte dos automóveis ser feita à custa da dificuldade das restantes formas de mobilidade. Qualquer peão conhece as dificuldades de circular a pé na cidade e consegue facilmente imaginar o quão difícil deve ser a deslocação diária por parte de pessoas idosas, pessoas com mobilidade condicionada, pessoas com carrinhos de bebé ou com uma criança pela mão. Não é por acaso que o mercado e o hipermercado são dos poucos sítios em que as pessoas param para conversar com alguém que encontrem ocasionalmente, enquanto
mentalidade diferente dos dois povos? Há mais um (traduzido do alemão): O “preto fez o que tinha de fazer, agora pode caminhar” – Racistas? Os provérbios têm as suas origens em várias épocas. Alguns têm origem na antiguidade, por exemplo: “O amor é cego”. Tal e qual em alemão como em português. Muitos com origem na Bíblia, por exemplo: “Nem só de pão vive o homem”. “Todos os caminhos vão dar a Roma” da época medieval, tal e qual nas duas línguas, e que quer dizer que nesta altura “Roma” foi o centro da Igreja. “De Espanha, nem bom vento nem bom casamento”, qual é a origem deste provérbio? “Quem parte e reparte e não fica com o maior parte, ou é tolo ou não tem arte” Eu não sei qual poderia ser a origem deste! MAS GOSTO! Ulrike Alemoa
fazem as suas compras. Nesses locais podem parar descontraidamente sem correr o risco de serem atropeladas e sem causar problemas de circulação às outras pessoas devido à exiguidade dos passeios. É esse ambiente que se deseja no interior das cidades, locais para os cidadãos se poderem encontrar, parar, conversar. É por esta razão que diversas ruas da Horta deveriam ter acesso automóvel condicionado, sendo possível circular apenas veículos autorizados (moradores, táxis, camiões do lixo, veículos prioritários, etc). A primazia do automóvel nas políticas de mobilidade na cidade da Horta foi levada a pontos extremos, estando patente nas diversas ruas em que existe estacionamento automóvel em vez de passeios (Rua Nova, Rua de São Paulo, Rua de São João, Rua de Jesus, só para citar algumas), e obrigando os peões a circularem em estado de
alerta e a recolherem-se entre os carros estacionados de cada vez que passa outro veículo. A solução passa pela interdição de estacionamento nas ruas sem passeios, ou em que os mesmos sejam estreitos (menos 1,5m de largura), de forma criar condições de circulação pedonal com segurança. Naturalmente que esta solução diminuirá a actual facilidade de estacionamento mas, em contrapartida, resolverá os problemas de mobilidade individual dos cidadãos, mobilidade essa que, ao contrário do estacionamento automóvel particular, é um direito previsto na lei (DecretoLei n.º 163/2006, de 8 de Agosto). Em Curitiba e Bogotá a mudança foi feita por políticos com visão. Em Amsterdão e Copenhaga a mudança foi feita por exigência dos cidadãos. E na Horta, como será? Miguel Valente
Mercado de trocas de volta A primavera já começou e mais uma vez voltamos aos divertidos mercados de trocas no Castelo de S. Sebastião, em parceria com a Câmara Municipal da Horta e Junta de Freguesia das Angústias. Este ano, para além dos fantásticos e inimagináveis produtos feitos ou criados em casa que aparecem, vamos ter muitos mais pela mão da APADIF. Quantos mais, melhor e todos por um objetivo comum: troca direta, género por género, para nos lembrar que para uma tarde divertida não é preciso dinheiro, basta imaginação. Parabéns a todos que têm participado nestas trocas diretas e um reforço àqueles que evidenciam no transporte dos seus produtos preocupações ambientais, optando
por recipientes feitos de vimes, pano; a sustentabilidade é também um objetivo desta iniciativa. Parabéns a todos os que têm contribuído para o sucesso desta iniciativa, participando e trocando produtos. Para os que não sabem do que se trata e não sabendo o que têm perdido, ainda estão a tempo este ano … este será o primeiro de quatro, basta trazerem produtos produzidos pelos próprios, comestíveis ou artesanato e ver se há alguém com quem trocar… sobretudo venha para se divertir e para conhecer e partilhar experiências culinárias ou agrícolas com quem esteja ao seu lado!! Dia 14 de Abril às 15h00. Basta aparecer! Lídia Silva
de Chris Cleave: dois romances que desassossegam
Chris Cleave leva-nos com um humor cáustico e desconcertante numa viagem vertiginosa, entrando e saindo em mundos e submundos desconhecidos da maioria de nós: ele agita a nossa consciência e rebenta com padrões morais estabelecidos.
Escrever sobre livros não é para mim uma actividade normal. Gosto de ler, mas escrever sobre o que leio é-me penoso, pois sei muito bem que esta não é tarefa fácil e que corro o risco sério de ser leviano, superficial, caricato e imodesto. No entanto, infelizmente é-me muito difícil dizer que não e mais uma vez fui incapaz de recusar o convite feita pela Carla para escrever sobre um livro, ou sobre um autor, para esta secção do jornal fazendo. Depois de assumido o compromisso tive mesmo que passar à fase seguinte: saber sobre e como iria escrever. Naturalmente surgiram na minha cabeça dois livros que me marcaram nos últimos tempos: “Pequena Abelha” e “Incendiário”, ambos de Chris Cleave. Estes dois romances agitam a consciência com temas muito delicados para as sociedades humanas de hoje: as migrações “ilegais” e maciças de
mostra como a distância entre estes dois mundos paralelos é tão curta e volátil e como os acasos marcantes da vida podem mudar tudo, incluindo a razão crítica e a saúde mental dos afortunados.
homens e mulheres das zonas mais desfavorecidas do globo em direcção às sociedades ricas e dominantes, à procura de dignidade; e o terrorismo urbano, um flagelo contemporâneo que afecta todas as sociedades e que provoca a morte e exacerba a loucura de milhares de almas que por acaso estão no lugar errado no momento errado. Os enredos apresentados são brilhantes. Em ambos os livros o autor inscreve a acção e os personagens em ambientes hiper-realistas que se sucedem e fluem como num filme.
Somos espectadores cúmplices de cenas dramáticas vividas por personagens fortes e marcantes. A crueldade das vidas e das cenas contadas é desconcertante, provocando desconforto e emoções fortes, como se estivéssemos a viver os acontecimentos. Com uma mestria pouco comum, creio eu, o autor entrelaça os destinos dos personagens desprotegidos com outras que, até então, viviam em “bolhas paradisíacas” flutuando por cima da realidade crua do mundo real. A intersecção dramática destas vidas
A beleza do texto escrito escorre ao longo destes livros, que se lêem num fôlego. Chris Cleave leva-nos com um humor cáustico e desconcertante numa viagem vertiginosa, entrando e saindo em mundos e submundos desconhecidos da maioria de nós: ele agita a nossa consciência e rebenta com padrões morais estabelecidos. Como na vida real, a “Pequena Abelha” e o “Incendiário” não têm finais felizes. Chris Cleave ganhou diversos prémios internacionais com estes dois romances. O “Incendiário” foi adaptado ao cinema. Ver o site do autor (http://www.chriscleave.com/, em inglês) para mais informações sobre ele e sua obra. Filipe M. Porteiro
O Grande Enigma de Tomas Tranströmer
A Nuvem Prateada das Pessoas Graves, de Rui Costa
Colectânea de poemas de um autor que, segundo o próprio, é conhecido pela sua “pouca produtividade literária”. Com efeito, Tranströmer, vencedor do Nobel em 2011 pelas “suas imagens condensadas e translúcidas que nos dão um novo acesso à realidade”, escreveu pouco mais de uma dezena de livros de poesia, mas está traduzido em mais de 50 línguas.
A Nuvem Prateada das Pessoas Graves, primeiro livro de Rui Costa, foi o vencedor do Prémio Daniel Faria em 2005, com direito a publicação das Quasi, em Maio do mesmo ano.
O Grande Enigma são cinco pequenos poemas e vários haiku (note-se que são haiku feitos à moda sueca, adaptando esta forma japonesa, o que, em versões traduzidas, nos transporta, ainda para um terceiro universo linguístico!). A estrutura simples e silábica surpreende porque consegue encaixar em si uma profundidade que não necessita de arranjos barrocos.
A vida de Trasntrömer foi peculiar, como a de todos os homens notáveis. Educado apenas pela mãe numa melancólica ilhota da Suécia, formou-se em Psicologia e Literatura. Trabalhou como psicólogo num casa de correcção juvenil, o que mais acentuou a sua veia trágica e nostálgica. Mais tarde, sofreu um AVC que lhe deixou paralisado o lado direito do corpo e o impossibilitou de falar. Mas Tranströmer, lutador por natureza e por experiência de vida, continuou a escrever poesia e a tocar piano, auto-ensinando-se a fazer ambos apenas com a mão esquerda, de modo tão notável que chegou a dar recitais líricos. Na Suécia, alcunharam-no de “poeta milhafre” (buzzard poet) pois dizem que a sua poesia perspectiva o mundo como se ele planasse em grandes alturas. Carla Cook
Na altura, destacou-se “a qualidade de composição da obra” bem como as mãos expostas, viradas e reviradas pelos textos que compõe esta obra de estreia no panorama poético nacional. No entanto, o autor havia já publicado trabalhos poéticos na colectânea Jovens Criadores-97, do Clube Português de Artes e Ideias, e participado em edições avulsas ligadas às noites de poesia do Café Pinguim, na cidade do Porto. Rui Costa cursou Direito, realizou um mestrado em Saúde Pública, em Leeds, Inglaterra e vivia há dois anos no Rio Janeiro, Brasil. O autor desapareceu do nosso convívio
em Janeiro último, aos quarenta anos de idade, na cidade do Porto. No interior deste livro encontramos versos para ler em voz alta, pois soubemos sempre que o poeta era um adorador da leitura de poesia em lugares públicos, possamos nós também ler aos nossos amigos ou conhecidos estes textos que nos deixou em obra iniciática. Para principiar, aqui fica o poema “Pão”, encostado à página 11: «“Há pessoas que amam/ com os dedos todos sobre a mesa/ Aquecem o pão com o suor do rosto/ e quando as perdemos estão sempre/ ao nosso lado./ Por enquanto não nos tocam:/ a lua encontra o pão caiado que comemos/ enquanto o riso das promessas destila/ na solidão e na erva./ Estas pessoas são o chão/ que não precisa de voar”.» Fernando Nunes 5 FAZENDO + ABRIL 2012
, MUSICA
A Importância do
~ INteRVENCAO
Pedestrianismo Walmi Azevedo na Promoção e Preservação do Boa tarde caros tele-ouvintes! Actualmente com escritórios em Nova York, Paris e Namíbia, a equipa dos Discos do Além está de volta ao vosso pequeno jornal, por pena, e com renovadas descobertas. O meu nome é Valdemiro Azevedo, e sou o novo Chairman desta multinacional. Para as próximas edições desse pequeno jornal local, destacámos o nosso chefe de redacção Parisiense, Vladimir Azevedo, que pelo nome parece ter raízes Belgas, mas que na verdade é um africano notável, e portanto um conhecedor dessas ilhas tão engraçadas. O último grito da música cosmopolita chama-se Walmi Azevedo, um romântico invertebrado cheio de charme e pronto para partir corações, não tivesse já falecido há uns anos atrás. Vive-se um ambiente nostálgico nas grandes capitais europeias, e pelas ruas o brilho cintilante das lantejoulas musicais paira por entre a luminosidade de um ininterrupto espírito de natal. As melhores danceterias e gelatarias praticam o culto a Walmi, e revivem-se tempos yé-yé no glamour da brilhantina. Os coloridos gelados de frutas, também conhecidos por sorvetes voltam a estar na moda, assim como as meias às riscas e as motocicletas a pedal. Vivem-se tempos do além, caros colegas. Contando com a mais galardoada equipa de prestidigitação electrodigital, os Discos do Além foram investigar em sites da especialidade e outros, como surgiu este fenómeno Para-Musical. “Para ouvir…Dançar… Amar…Sonhar…Juventude Romance” é o melhor, e também o único trabalho da vasta discografia desta jovem promessa brasileira. E isto porque após este disco, Walmi decidiu deixar a música e abraçar a carreira do desenho artístico. Tudo aconteceu quando o seu vizinho do primeiro andar, Wilma Azevedo, reparou na capa do disco e viu perfeitamente
Discos do Além
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Os coloridos gelados de frutas voltam a estar na moda, assim como as meias às riscas e as motocicletas a pedal. Vivem-se tempos do além, caros colegas.
ilustrada na parte do “romance” a sua irmã Fani, que era estrábica, tendo referido categoricamente a Walmi que se queria assunto com a sua irmã, teria de arranjar um emprego decente. Passou então a desenhar protótipos de carros de corrida para uma fábrica que fechou pouco depois. Chateado com a situação, e querendo o amor de Fani, Walmi viu-se forçado a ingressar nas finanças
como funcionário público, onde um dia foi encontrado morto de tédio há cerca de um mês, como geralmente sucede nestes departamentos. Mal sabia ele ao morrer, que décadas mais tarde o seu disco iria fazer furor nos mais consagrados lobbies discográficos. É assim a ironia da vida, caros estupefacientes. O que é mau hoje, pode ser bom amanhã e vice-versa. E assim me despeço daqui dos
nossos escritórios envidraçados com vista para os arranha-céus da cidade, enquanto bebo uma macieira e sou alvo de espionagem pós-industrial através de helicópteros que sobrevoam o edifício. É o preço que se paga pela distinção, elegância e categoria do nosso trabalho, caro observador. Até à próxima e mais além! Valdemiro Azevedo Chairman dos Discos do Além
Vicente Lusitano Uma Nota Biográfica Vicente Lusitano terá nascido em Olivença (quando esta ainda pertencia à Coroa portuguesa) em data incerta. Morreu em parte incerta certamente depois de 1561. Lusitano é conhecido pelo seu debate com o teórico italiano Nicola Vicentino (1511-c1576). 6 FAZENDO + ABRIL 2012
O historiador setecentista Diogo Barbosa de Machado diz-nos que Lusitano foi ordenado padre e terá ensinad nas cidades italianas de Pádua e Viterbo. Publicou um tratado, Introduttione felicissima (Veneza, 1561). Publicou também um livro de motetes (Liber Primus Epigramatum), dedicado a Dinis de Lencastre, filho de D. Afonso de Lencastre, embaixador português na Santa Sé (1551-7). Em 1561, convertido ao Protestantismo, procurava um posto na corte do Duque de Württemberg, em Stuttgart. Terá sido pago pelas obras que entretanto enviou para a corte mas não foi contratado. Luís C. F. Henriques
1a PARTE
Património Natural dos Açores
As Forças no Terreno
Para destacar a importância do Pedestrianismo, começamos com uma breve radiografia das “forças no terreno”, um levantamento rápido das actuais condições de partida no capítulo dos trilhos, veículo preferencial de promoção e também – senão sobretudo - de preservação do património natural da Região Autónoma. Se classificassemos o valor quer imóvel ou físico, quer histórico, quer comercial do Património Pedestre Edificado (constituído por ladeiras, trilhos, atalhos, servidões, veredas calcetadas, escadarias e pontes em pedra), e portanto o valor potencial existente à partida na RAA, atribuiríamos-lhes o grau de: IDEAL, que inventamos logo aqui e que pode coroar uma escala de valores positivos depois de RAZOÁVEL, BOM, MUITO BOM e EXCELENTE. O legado de um património pedestre construído “ideal” em praticamente todas as ilhas ou na maioria delas, é uma garantia a priori fundamental, para garantir o sucesso da promoção do Pedestrianismo numa realidade marcadamente multipolar como o arquipélago açoriano. O actual “Estado das Coisas” no mundo açoriano dos caminhos pedestres, no que se refere às condições globais de preservação de todo este património construído, poderia classificar-se como: RAZOÁVEL, ou seja, passível de recuperação e que inspira optimismo, embora a incúria, o desgaste atmosférico e o atropelamento por obras rodoviárias e de urbanização, aumentem proporcionalmente com o passar dos anos. Finalmente, podemos classificar o grau de manutenção e de promoção dos trilhos pedestres oficialmente abertos como: BOM, no caminho do MUITO BOM, devido aos esforços de levantamento, manutenção, sinalização e acompanhamento por folhetos dedicados que foram feitos nos últimos anos. Em 2010, os trilhos oficialmente homologados e monitorizados já são quase 7 dezenas e felizmente outros percursos estão a ser estudados. Actualmente,
segundo as palavras de responsáveis do governo, a decisão de reeditar os desdobráveis informativos visa responder “ao elevado nível de procura registado nos postos de turismo regionais”, sendo os mesmos folhetos “um importante elemento para a valorização das actividades relacionadas com o pedestrianismo, precisamente, uma das áreas consideradas prioritárias no plano estratégico do turismo”. Recapitulando a situação do Pedestrianismo no arquipélago: -Valor absoluto do Património Pedestre Edificado: IDEAL; -Valor do Estado de Preservação global deste património: RAZOÁVEL; -Valor do Estado de Manutenção e de Promoção da rede de trilhos abertos: BOM a MUITO BOM. - FALTA O QUÊ ENTÃO??....... Estamos no bom caminho, é caso de se repetir, então falta o quê, para chegar-se a um grau mesmo Muito Bom ou Excelente e deixarmos de ser ilhas no meio do Atlântico com alguns trilhos marcados, para tornarmo-nos numa referência europeia ou até mundial no capítulo dos caminhos pedestres?? Essencialmente, temos que fazer subir o valor do Estado de Preservação de toda a rede pedestre, e como? Simplesmente, por um lado, falta restaurar e oferecer mais trilhos, maximizando as possibilidades de ligação entre os abertos, e por outro lado, falta equipar melhor os existentes e os vindouros, organizando-se mais afincadamente, ao mesmo tempo, a articulação da sua
promoção. Já que o dinheiro não dá para tudo, os trilhos pedestres teriam que subir decididamente no ranking das opções turísticas do arquipélago, em detrimento de outros investimentos, ou seja, mais verbas para os trilhos. Se for verdade que “o pedestrianismo é uma das áreas consideradas prioritárias no plano estratégico do turismo”, então que se financie mais substancialmente essa área, retirando-se umas fatias dos dinheiros públicos actualmente destinados ao financiamento de cais de cruzeiros, campos de golfe, centros comerciais, casinos e grandes hotéis, principalmente. Trata-se de modelos de desenvolvimento
turístico oriundos de outras latitudes e de outras economias, culturalmente próprios de visões do novo-riquismo económico pouco aculturado, que já se revelaram completamente insustentáveis, para além de indesejáveis, para a Região. Uma vez que o património pedestre goze de mais dotação orçamental, é decisivo e fundamental, no terreno de cada ilha e sob a mais estrita supervisão da secretaria competente, o PAPEL DAS AUTARQUIAS!!! Papel que porventura é, felizmente ou infelizmente conforme às diversas autarquias, de maior alcance do que o das próprias directivas governamentais. Na parte do “Infelizmente”, ainda vários autarcas, na Região, tratam o território do seu concelho como se as suas capacidades de absorvimento e regeneração fossem ilimitadas, ou como se possuíssem em exclusiva a derradeira solução para o “progresso” – entre aspas – do seu território, que teimam em “empurrar para a frente” (no seu entender) com práticas de administração directa ditatoriais, no limite da legalidade. Se o verdadeiro “autismo autárquico” de algumas Câmaras é sobejamente conhecido, não faltam exemplos de excelente desempenho nos Açores, como o de municípios onde a preservação de percursos pedestres para o aproveitamento turístico sustentável do território é uma feliz realidade. Pierluigi Bragaglia
7 FAZENDO + ABRIL 2012
Agenda FAIAL
PICO
Seg_2 a Qua_11 Abr.
Sáb_7 Abr.
inscrições MARATONA DESENHADA regulamento em museu.horta.info@azores.gov.pt
18h até 4h Junto à Sociedade Filarmónica da Madalena PICOS DE ROCK festival
Qui_5 Abr.
Sáb_14 Abr.
21h30 Teatro Faialense ORQUESTRA REGIONAL LIRA AÇORIANA concerto
19h30 Matriz da Madalena CORO MADALENA concerto de Páscoa 21h30 Casa do Povo de São Mateus AVARENTA do grupo de teatro “Gota de Mel”
Sex_13 e Dom_15 Abr. 21h30 Teatro Faialense MISSÃO IMPOSSÍVEL: OPERAÇÃO FANTASMA filme de Brad Bird
Sex_13 Abr. 21h30 Biblioteca Pública A. R. J. J. G. CRISTINA COSTA & AMIGOS concerto
Sáb_14 Abr. 15h30 Castelo São Sebastião MERCADO DE TROCAS 22h Teatro Faialense BANDARRA apresentação do novo álbum seguido de DJ Master Yoga e Water Polo
Ter_24 Abr.
Seg_16 a Seg_23 Abr.
21h30 Teatro Faialense CONCURSO DE DANÇA inscrições até 11 Abr. 292 709 256
Centro de Artes e de Ciências do Mar FEIRA DO LIVRO
Qua_25 Abr. 10h às 18h Praça da República DIA DA LIBERDADE comemorações do 25 de Abril 21h30 Teatro Faialense PINA filme de Wim Wenders
Sáb_21 Abr. 9h às 17h Quinta das rosas UM DIA COM A APICULTURA
Dom_22 Abr. Freguesia de São João PASSEIO FOTOGRÁFICO informações 292 679 330
Ficha Técnica FAZENDO - DIRECÇÃO Jácome Armas Pedro Lucas Aurora Ribeiro Tomás Melo COORDENAÇÃO Albino Fafiães, Carla Cook, Fernando Nunes, Filipe Porteiro, Helena Krug, Pedro Afonso, Pedro Gaspar CAPA Fátima Madruga COLABORADORES Aline Zunino, José Nuno GP, Lídia Silva, Luís Henriques, Maria do Céu Brito, Miguel Valente, Pierluigi Bragaglia, Ulrike Alemoa REVISÃO E AGENDA Sara Soares PROJECTO GRÁFICO Lia Goulart PROPRIEDADE Associação Cultural Fazendo SEDE Rua Rogério Gonçalves nº 18 9900 Horta PERIODICIDADE Quinzenal
Qui_26 e Sex_27 Abr.
Seg_23 Abr.
TIRAGEM 500 exemplares
9h30 às 18h Biblioteca Pública A. R. J. J. G. COLÓQUIO SOBRE O ENVELHECIMENTO ATIVO E SOLIDARIEDADE ENTRE GERAÇÕES
20h30 Auditório Municipal das Lajes do Pico RECORDAR ABRIL espetáculo musical com Francisco Fanhais e Manuel Francisco Costa Jr.
IMPRESSÃO Gráfica O Telégrapho
Sex_27 a Dom_29 Abr.
Ter_24 Abr.
Teatro Faialense O MAR NA PERSPECTIVA DA HISTÓRIA, DA ESTRATÉGIA E DA CIÊNCIA III Fórum Açoriano Franklin Delano Roosevelt
10h Auditório Municipal das Lajes do Pico LEITURA ENCENADA DO LIVRO “ROMANCE DO 25 DE ABRIL” encenação de João Patrício
Seg_23 a Dom_29 Abr.
Seg_30 Abr. a Sáb_5 Mai.
Sáb_28 Abr.
SEMANA DA DANÇA com Go Gym, Corpuseven, Zumba Fitness, Aline Després e Paula Sousa
OCEANOS E SUSTENTABILIDADE Encontros Filosóficos (ver programa completo na pág. 2)
22h Casa do Povo da Calheta do Nesquim CURSO DE INSTRUMENTOS DE CORDA apresentação final
Dom_15 Abr. 17h Teatro Faialense ALVIN E OS ESQUILOS 3 filme de Mike Mitchell
Sáb_21 Abr.
Gatafunhos
Tomás Melo
20h30 Igreja Matriz SEGRÉIS DE LISBOA concerto
CONTACTOS vai.se.fazendo@gmail.com fazendofazendo.blogspot.com 967567254