Fazendo 77

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AGOSTO

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para um ilhéu a sua nave nunca é pequena

O BOLETIM DO QUE POR CA´ SE FAZ DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

fim da série 4.0 + pré-história faialense petrificada + filmes sobre baleias mortas e vulcões adormecidos + robinson crusoé com bom tempo no canal + o mistério da senhora das tranças + POPA + a primeira editora do pico + porto pimtado + genes modificados por interesse + peixes voadores + pézinho + fotógrafos apaixonados + diferenças queirosianas + karnart + BANHOS + TRILHOS + MARÉS + FESTAS


Todas as preocupações do mundo não cabem neste jornal, nem que dele se editem centenas de números. A importância dada aos assuntos aumenta só pela vontade de quem escreve. O Fazendo não corre atrás de máquinas fotográficas nem de microfones, mas às vezes fotografa uma coisa anónima e dá voz a um pensamento esquisito. Um jornal que é feito por quem o faz e qualquer pessoa o pode fazer. Pessoas que por cá façam e morem, pessoas que de cá sejam e pessoas que não sendo de cá nem por cá andem, que queiram falar sobre o aqui. Que aqui? Desde os Capelinhos à Manhenha, com uma secção alargada que vai do Ilhéu de Monchique aos Ilhéus das Formigas. Também mergulha frequentemente em montes submarinos a ver que ilhas se fabricam lá em baixo e que novidades nos trarão. Isto para sublinhar que o que falta ao Fazendo, é o leitor que completa. Pode ser só com a ideia, mas melhor é sempre fazendo. Durante o mês de Setembro o jornal fica no Pico a refrescar cada uma das suas páginas e ressuscitará miraculosamente no Outono, todo com cheirinho a tinta fresca. A série 4.0 termina aqui.

Ágata Biga

EDITORIAL

Capa Crónica Faial Capa Uma Pré-História Gravada em Pedra Capa Capa Fazendo um texto. Procurei as várias camadas de ilha depositadas através do olhar, pequenos aspectos de uma realidade de mais de oito anos de vivência ancorada. Detalhes conjugando-se para criar uma sensação única de beleza. O mar, azul, verde, profundo, transparente, odoroso de algas, revolto, salgado, corrosivo, ameaçador e convidativo; verdes incontáveis e selvagens. A caldeira, nuclear, umbigo para onde tudo escorrega pouco a pouco. Contornos definidos que delimitam; uma estrada perímetro, 52 km pelo “lado da terra”, 54 km pelo “lado do mar”, por onde sempre regressamos ao ponto que imaginamos deixar para trás. Texturas, paredes com salitre, bolores e fungos, tinta que descasca, muros de pedra, afinal de peluche, cimentos e betões em crescimento rápido, madeiras antigas esquecidas. Os barcos que passam e por vezes param, trazendo e levando encomendas, desejos e saudades, ondulam loucamente no canal, apitam de manhã. Um sossego recheado de marulhar e vento, gaivotas, cagarros e garajaus, grilos, galinhas, vacas e burros, carros, sinos, filarmónicas em procissão e festas a todos os santinhos. A natureza que tudo reclama sem tréguas, engolindo com a terra que floresce, quando não com mistérios de rocha e lava... A luz surpreendente, todos os cambiantes num só dia. Cada olhar fascinado de verdes e azuis, através desses tantos véus sobrepostos, procurando fixar o processo de sedimentação da ilha em mim. A was here. E agora, no meio do mar, a interferência inesperada de um apelo novo, de cidades em tons de cinza e neve.

O historiador perde-se em labirintos de bibliotecas e arquivos a desvendar em papéis o passado da humanidade e o geólogo vagueia por montes e vales a decifrar na pedra a evolução da Terra. Ao pegar-se num livro ou certos guias turísticos sobre o Faial, fica-se a saber a origem do seu povoamento no século XV e as ações do homem nesta terra desde então, espaço de tempo que nem atinge 600 anos, muito longe dos quase um milhão de anos que vão da génese e crescimento desta ilha até à sua forma e tamanho atual. O geólogo lê na ilha uma história que começou muito antes de o homem cá chegar e de ter humanizado a paisagem com pastagens, flores, animais, infraestruturas e casas.

Todos os faialenses assumem saber a origem vulcânica do Faial, mas é claro um certo desconhecimento em muitos para além dessa génese eruptiva, mais ou menos violenta, com lava a sair do Atlântico e há uma tendência para situar o seu nascimento na Caldeira: como se esta fosse a boca de onde saíram todas as fúrias e materiais que ora construíram, ora destruíram a ilha. Não! Muito antes do vulcão da

caldeira ter irrompido do fundo do mar já o Faial existia como ilha. Mais pequeno é certo, mas já com a área hoje ocupada pelas freguesias da Praia do Almoxarife, Pedro Miguel e Ribeirinha.

O edifício inicial construiu-se lenta e descontinuamente no tempo por muitos milhares de anos. Primeiro debaixo do mar, de onde cresceu e deve ter criado um banco submarino como o D. João de Castro. Um dia, talvez há cerca de 800 mil anos, passou acima das águas e continuou a subir e a alargar-se até a sua fonte secar. Calcula-se há 580 mil anos, mas esta evolução não parou. As forças que afastam esta ilha da América

partiram o edifício. Torceram-no. Uns blocos subiram, outros desceram e os destroços mais elevados são agora

as lombas da Espalamaca, dos Frades, Grande e Ribeirinha, enquanto nas partes abatidas se instalaram as povoações. Depois, talvez há 410 mil anos, o vulcão da Caldeira saiu das águas, cresceu e coalesceu com a anterior

Capa

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Capa

Pelo menos nos últimos 1200 anos alinharam-se pequenos vulcões que estenderam o Faial para oeste: a Península do Capelo. Onde também assenta a Praia do Norte. Mas, tal como a caldeira, é uma zona em construção e só não sabemos quando e por onde a ilha voltará a crescer e enquanto esta dorme, a água vai corroendo-a. Carlos Faria

^ CIENCIA E AMBIENTE Semana Europeia do Peixe reúne cerca de 100 pessoas na Horta

Capa

Escreveu Oscar Wilde “As pessoas cujo desejo é apenas a auto-realização nunca sabem para onde vão. Não podem saber. (…) O mistério final somos nós próprios. (...) Quem é capaz de calcular a órbita da sua alma?”

ilha. Nele assentam Cedros, Salão, Feteira, Castelo Branco e Flamengos. No início sem uma caldeira, esta é a cicatriz de erupções explosivas mais recentes e intercaladas com períodos de dormência desde há 16 mil anos. O vulcão dorme agora, mas não se sabe se voltará a mostrar a sua força. No puzzle que completa a ilha ainda faltam duas peças: uma fruto de várias pequenas erupções que construíram o monte Carneiro, da Guia e os cabeços da Conceição, de São Lourenço, das Moças, Queimado e outros nos últimos 20 mil anos no sudeste do Faial. Uma atividade terminada talvez há 10 mil anos e onde agora assenta a Horta.

7 de Julho, cerca de 100 pessoas dão as mãos Fazendo ver que o excesso de pesca na Europa põe em causa o futuro da pesca

No passado dia 7 de Julho o Observatório do Mar dos Açores, desenvolveu uma actividade para alertar para o excesso de pesca que decorre com alguns stocks Europeus, que está a compromenter seriamente o futuro das pescas. A actividade contou com o apoio da OCEAN2012, promotora do evento a nível europeu, assume como de diversas associações nacionais que aderiram ao protesto/ apelo aos decisores políticos em matéria de Política Comum das Pescas. Para que ficasse claro que fim da sobrepesca é diferente de fim da pesca, aos participantes foi oferecida uma grelhada de peixe capturado com artes tradicionais. A aderência beneficiou de uma actividade que decorria nas proximidades, tendo aderido também pessoas em visita à região que não hesitaram a juntar-se a este apelo à realidade dos stocks, demonstrando a seridade com que as pessoas veem a questão da sobrepesca a nível Europeu. José Nuno G P + 3 + FAZENDO + AGOSTo 2012 +


CINEMA

CINEMA

“Quando de manhã cedo avistei o Faial, e, da coberta do navio, vi a surpreendente beleza da cidade da Horta, tive a mesma impressão que sinto quando chego a Malfi, na Itália, meu país”

“Adormecido”

Com estas palavras, transcritas do Correio da Horta de 9 de Junho de 1956, o príncipe Mário Ruspoli anunciava a sua chegada ao porto da Horta, depois de uma viagem de 17 dias a bordo de um vapor saído de Le Havre, em França. Trazia consigo uma câmara 16mm Bell-Howell e a convicção de filmar os últimos baleeiros do tempo de Moby Dick, a aventura que tinha liderado a sua infância. Ruspoli tinha conseguido um empréstimo de 2 milhões de francos do armador grego Onassis, com o qual pôde reunir uma equipa etnográfica para registar os sons e imagens da baleação açoriana. Assim viria a nascer Les Hommes de la Baleine, importante documentário que nos desvela a experiência humana da caça à baleia na ilha do Faial. O filme de Ruspoli inicia-se com um conjunto de pinturas inquietantes em que o Homem domina o grande Leviatão dos mares, encalhado sobre as costas de alguma Ilha ou Continente, ou é secundarizado pelas forças da Natureza, e o Cachalote investido de uma fúria que despedaça canoas e faz baleeiros voar por cima do mar. Durante o diálogo sobre a baleação e as histórias míticas de Jonas, ou David e Golias, entramos na realidade da Fábrica da Baleia de Porto Pim, num dia de azáfama em que estão a ser processados vários cachalotes. Somos depois levados até ao porto do Comprido onde a expedição Ruspoli se instalou durante dois meses, principal posto baleeiro da ilha até à erupção do Vulcão dos Capelinhos em 1957. Todos os anos, entre Maio e Outubro, os baleeiros juntavam-se no Cais do Pico para iniciar a peregrinação ao porto do Comprido, trazendo as mobílias, os animais domésticos e as famílias, além dos arpões e das lanças. E assim como num episódio bíblico, Jonas embarca na Arca de Noé para a Terra Prometida.

Um Filme de Paulo Abreu

Há dois anos, estava o Teatro Faialense cheio numa noite de Verão, por altura das festas da cidade, para ver o Jacques Brel. E ninguém duvida que foi ele quem esteve lá e que todos saíram do teatro como se tivessem recebido o Brel nas suas próprias casas e lhe tivessem dado de jantar. Foi por causa da qualidade da encenação e da interpretação, mas também muito por causa do que foi projectado numa vela gigante, imagens e sons que constituíam o papel central na peça.

Dos Homens da Baleia Les Hommes de la Baleine - Mário Ruspoli filme a cores Faial 1956 25 minutos

Alheados na ponta oeste da ilha, Homens e Cachalotes aguardavam o sinal dos vigias e partilhavam a ânsia do combate. Durante a intensa espera, a equipa gravou preciosos registos das Chamarritas e dos serões em que José Pacheco, o trovador da aldeia, cantava a morte do jovem arpoador Toninho Calafona. Ó Faial arpoada, ó rigorosa baleia… Surgem outras figuras da vida real: José Batata, picaroto colossal, tomado como chefe do grupo; e José Rafael, o arquétipo de matador, atarracado e resoluto, concentrado na preparação do arsenal, sempre prestes a arpoar. A acção encaminha-se, ao contrário da maioria dos documentários sobre a baleação, para o momento apoteótico

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~ INTERVENCAO

da morte do cachalote ferido, a maior morte do mundo, agonia que cria uma ruptura intensa com o espectador, entretanto embalado na poética realista do filme, e nos deixa completamente esclarecidos sobre a crueza da actividade baleeira. Les Hommes de la Baleine é o resultado surpreendente de um trabalho de equipa que experimentou vários artifícios cinematográficos. As imagens recolhidas por Jacques Soulaire a bordo das canoas baleeiras e os sons registados em separado por Gilbert Rouget com um pesado magnetofone, foram reunidos na montagem criando uma reprodução verosímil da caça à baleia, “ao vivo e a cores”, em 1956, inovação a que se

apressaram de chamar cinema directo e que inscreveria esta experiência na história do cinema documental europeu. Mas sobretudo, e muito devido ao comentário de Chris Marker que acompanha o filme, Les Hommes de la Baleine é uma peça lírica e sensível, entrelaçando a realidade dos homens da baleia com a representação de uma memória literária, extraindo da baleação no Faial uma visão cosmopolita de um confronto humano levado ao limite. Será que um dia o poderemos ver no cinema faialense? Francisco Henriques

Eram do Paulo Abreu, as imagens. Tanto a montagem de imagens históricas, os concertos do Brel, a visita ao Faial e as fotografias, como uma sequência magnífica do vulcão dos Capelinhos filmado como se Deus estivesse a brincar aos luminotécnicos… acende ali, apaga aqui, o Vulcão a ser pintado com a luz do sol e das nuvens.

Não foi só o público que gostou, o Paulo também quis voltar. E voltou. Dois anos depois, no mesmo mês de Julho, foi projectado o filme “Adormecido”, uma curta em super 8 que tinha sido inteiramente filmada no vulcão.

a popularidade não tem nada a ver com a qualidade

As quatro câmaras que trouxe eram deixadas (o Paulo diz “abandonadas”) no vulcão a dispararem um frame por minuto. Muitos dos pontos de vista são ao nível do solo, como se fôssemos uma pedra, um pau seco, um esqueleto de bicho (também aparece um, de cagarro, em grande angular, que mais parecia um dinossauro, pelo menos foi o que disse um miúdo da assistência). E sim, sentimo-nos nós abandonados, o tempo a passar e nós ali, só chão e céu e a quietude que pudesse haver não está lá. O sono de um vulcão adormecido não é o sono dos justos. É um sono sonoro (os sons são do Sérgio Gregório, que também fazia parte da “equipa do Brel”). Barulhos geológicos, físicos, inquietantes. Que redimensionam a fala da paisagem, tornam-na pré-histórica ou futura, e também do agora, fora e dentro do tempo, como uma morte vigilante. É o coma vulcânico.

As quatro câmaras que trouxe eram deixadas (o Paulo diz “abandonadas”) no vulcão a dispararem um frame por minuto.

Os sons foram todos registados nas imediações e depois trabalhados em pós-produção. Mesmo a sequência final, com imagens históricas do vulcão em plena actividade furiosa, tiveram sons do Sérgio, as imagens originariamente não tinham som. “Gravámos algumas coisas de propósito no farol, terra, pedras a cair, rebentámos balões no vulcão cá em baixo para aproveitar só o eco depois”.

Crónica da Travessia do Canal numa

Jangada Costaneira

Há três meses que não me escapulia do Pico, o meu actual local de trabalho, quando recebi o convite de dois amigos arquitectos a residir na ilha do Faial. Minutos antes da travessia, o taxista José Alves encorajava tamanho ensejo, pois enunciava que o estado O filme acaba assim, com a erupção do tempo estaria propício à aventura inicial. Houve quem perguntasse e navegação à “Robison Crusoe”. porquê e não ficasse convencido com a O incitamento era incorporar uma resposta de que aquilo era a memória tripulação de jangada com o intuito do personagem principal, o vulcão. de atravessar o canal. Demorei algum Um vulcão pode ser um personagem, tempo a tentar perceber as razões do que espera e recorda? O certo é que convite, dado eu não ter participado estragou três das quatro câmaras na recolha dos materiais ou mesmo abandonadas. na sua concretização. Após alguma Não estavam mais de 15 pessoas a ver, insistência anui para felicidade e o que naquela sala equivale a meia júbilo dos meus contemporâneos, dúzia de gatos pingados. Comparando mas a verdade é que não sabia o que com o Brel ou com o filme da noite me esperava. Mal avistei a jangada anterior, também filmado aqui, faz no porto da Madalena, temi pela pensar. vida, no entanto, cedi entrar por razões de compromisso bem como E o que se pensa é que realmente para manter viva a chama e vida das a popularidade não tem nada a ver tradições marítimas de todo um povo e, evidentemente, familiares. Hoje sei com a qualidade. Às vezes calha a que aventuras destas são fisicamente ter, outras não. E sempre que calha a custosas e podem ser sinal de muita não ter, irrita mesmo. Ó se irrita. Irra! Raios!! vergonha, pois imediatamente Aurora Ribeiro partilhadas pelos quatros do globo, dada a tecnologia envolvente e a rapidez dos meios informáticos existentes. Naufragámos para lá dos ilhéus...é verdade, formos socorridos por um semi - rígido e uma embarcação de apoio. Soube há dias que o depoimento de dois membros da “Jangada Costaneira” passou na RTP Açores, veiculando assim a originalidade da jangada e prometendo corrigir futuramente erros de engenharia naval, tão caros nos tempos que correm. Desse dia de “mergulho no mar e no azul à jangada”, recorde-se ainda as actividades sociais em que estivemos presentes, um dia perfeito de luz e de calor, tornando-se ainda mais encantador com a degustação da variedade de peixes dos mares profundos numa festa promovida por uma organização local que luta pelo fim da sobrepesca: a APEDA (Associação de Produtores de Espécies Demersais dos Açores). No final ainda houve tempo para baile de chamarrita por membros da tripulação após filme assaz frenético mas necessário para manter em brasa o amor pelas chamarritas. Um bem haja a todos!!! Doutor Mara O escriba Doutor Mara escreveu com uma Uni-Ball Eye Micro Liquid Ink Roller Ball Black patrocinada pela direcção do Fazendo + 5 + FAZENDO + AGOSTO 2012 +


Casa dos Botes

A Casa dos Botes Baleeiros do porto do Comprido é um novo espaço museológico dedicado à história e cultura da baleação na ilha do Faial, aberto ao público de Segunda a Sábado, entre as 14h e as 18h. Para visitas noutro horário, deverão entrar em contacto com o Parque Natural.

POPA - Observar as Pescarias por Dentro

^ CIENCIA E AMBIENTE

A Senhora das Tranças ilustracção: Catarina Fernandes No canal. O mar parece artéria do mundo e a natureza mordaz fere qualquer silêncio. No canal, há um fio que liga as ilhas ao mar e às gentes. Um fio intermitente com o tempo da bruma. No canal tropeça-se no basalto e no vinho e engolem-se as palavras ofegantes das ondas. Ao parar, fico. Ao ficar, perco-me. Ao perder-me, encontro-me (parêntesis) Ao encontrar-me, procuro-te. Mas tu não passas de ar espesso, Denso de espuma.

E eis que o fascinante mundo subaquático se faz revelar. Investigadores do DOP descobrem a face de uma bela senhora e seu cabelo trançado moldado por um ser inteligente ou majestoso. “Estavamos a analisar imagens recolhidas em 2011 e quando menos esperávamos apareceu!” confessa um dos investigadores A Senhora das Tranças situa-se a cerca de 7080 metros de profundidade, no Área Protegida de Gestão de Recursos do Canal Faial-Pico do Parque Natural da Ilha do Pico, em local que não podemos revelar (apenas que se situa a norte do canal aproximadamente em 38.5835938, -28.4920603). Na imagem pode-se ver o braço articulado do submarino no lado esquerdo e a forma como a senhora contempla feliz a superfície do oceano. Todas as informações a este respeito podem ser contagiosas. “De momento não sabemos quando iremos re-visitar o local, mas uma coisa é certa, a senhora pareceu contente de nos ver” Descubra este e outros segredos das profundezas do Canal Pico-Faial no Stand do IMAR-DOP/UAç & OMA na Semana do Mar 2012. José Nuno G P

(parêntesis finito) No canal, engulo a espuma dos dias e o basalto escurece-me a pele dos dedos.

No canal tenho o mesmo tempo do mar, do céu e do sol. No canal.

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Catarina Fernandes

fotografia: Franklin Tavares

Negra, volto a ser rocha de mim mesma, animal das ilhas desconhecidas, que se seduz e inquieta com o tamanho da beleza que se desfaz nos seus olhos.

Nos Açores existe um Programa de Observação para as Pescas (POPA; www.popaobserver.org) desde 1998. Este projecto, gerido pelo IMARAçores e financiado pela Secretaria Regional do Ambiente e do Mar, é responsável por formar e colocar observadores dentro dos barcos de pesca que estão em actividade nas nossas águas. Esses profissionais, recolhem informação científica crucial para o conhecimento e gestão de pescarias que ocorrem no Arquipélago - Quantos peixes se capturam? De que espécies? De que tamanhos? Onde? Quando? Como? Concentrando-se essencialmente na pescaria de atum com salto e vara (embora faça cobertura de outras como a de peixe espada preto, espadarte, caranguejo e camarão de profundidade), a equipa do POPA construíu nos últimos 15 anos uma base de dados única na Europa. Esta fonte de informação integra mais de 2.000.000 de registos de inegável interesse, não só para os investigadores como também para os orgãos decisores da administração pública, a indústria e os próprios pescadores. Um dos exemplos claros da mais valia do POPA é a atribuição de certificados ecológicos relevantes – “Dolphin Safe” e “Friend of The sea” - à pescaria de atum nos Açores. Com base na informação proporcionada, as Organizações Não Governamentais (ONGs) “Earth Island Institute” (http://earthisland.org) e “Friend of the Sea” (www.friendofthesea. org) reconhecem esta actividade como sendo sustentável, isto é, como uma pescaria que desde logo não é responsável pelo ferimento ou morte de cetáceos, que não explora recursos depauperados, que tem uma taxa de capturas acidentais muito baixa e não provoca danos no meio em que se desenrola. Estas certificações permitem-nos por um lado poder exportar o produto da pesca para países como os Estados Unidos e a Itália (onde é exigido o certificado “Dolphin Safe”) e por outro, aumentar o valor desse mesmo produto no mercado, já que actualmente há um nicho próprio para consumidores que preferem investir mais em produtos que oferecem garantias ecológicas. Miguel Machete + 5 + FAZENDO + AGOSTO 2012 +


, ARTES PLASTICAS

A Primeira Editora do Pico

A Companhia das Ilhas, empresa criada em Maio de 2011, actua nas áreas da comunicação e cultura. É igualmente um projecto editorial – a primeira editora de livros na Ilha do Pico. A sua actividade de edição de livros nasceu um ano depois da constituição da empresa. Em Maio deste ano, a Companhia das Ilhas editou seis autores portugueses, sendo dois deles açorianos e outro de temática açoriana. Além disto, editou igualmente três originais cadernos de postais, um dedicado à antiga baleação, outro às Festas do Espírito Santo e o mais recente dedicado à Vila das Lajes, e dois QuickNotes, em diferentes variações, dedicados aos mesmos temas. Estes são os primeiros produtos de merchandising cultural e turístico, uma das componentes editoriais da Companhia das Ilhas. As edições são de pequeno formato, reduzido número de páginas, papéis de qualidade, capas duplas e um grafismo apurado e de qualidade. Os baixos preços praticados são uma opção de base da Companhia das Ilhas: realizar bons livros, com textos originais, e uma grande diversidade de autores, géneros e temas, mas, ao mesmo tempo, não colocar barreiras aos leitores com preços proibitivos. É possível oferecer produtos de grande qualidade a preços acessíveis, é esta a atitude cultural e política da Companhia das Ilhas. Sediada nas Lajes do Pico, a Companhia das Ilhas é um projecto aberto ao mundo. Nas suas colecções de livros têm lugar autores e temas da região da Macaronésia (onde se integra o nosso arquipélago) e o mundo lusófono (Brasil e África). Os livros Companhia das Ilhas podem ser adquiridos na sua loja online (www. companhiadasilhasloja.wordpress. com), nas livrarias e outros pontos de venda nas ilhas do Pico, Faial, Terceira e S. Miguel (e também em Évora, Lisboa, Porto e Setúbal, e ainda na wook.pt, fnac.pt, bertrand.pt e sitiodolivro.pt). O projecto editorial é coordenado por Carlos Alberto Machado – poeta, dramaturgo e ficcionista com vasta obra publicada, radicado na Ilha do Pico desde 2005, a partir de onde dirigiu vários projectos culturais e editorias, até 2009 ligados ao Município das Lajes: Centro de Artes, revista Magma, entre muitos outros. Carlos Alberto Machado + 8 + FAZENDO + AGOSTo 2012 +

Vem aí mais um Porto Pimtado

MiratecArts

O novo projecto de Miratecarts tem um espírito artístico-turístico: Descobrir Açores com Artistas. Arte e artistas necessitam de um público, não interessa a disciplina ou o nível de profissionalismo em que desejas enfrentar a tua vida artística. A tua família pode ser a audiência necessária como artista amador, mas se desejas abraçar o mundo de artes e entretenimento a tempo inteiro não só necessitas de audiência em várias ilhas mas também pelo mundo fora. Assim entra o projecto Descobrir Açores em que o seu primeiro objectivo é encontrar 100 artistas ou grupos de artistas nas nove ilhas dos Açores. Abrangendo várias disciplinas desde a arte plástica e visual, a arte dramática e performance incluindo o teatro, dança e música, não esquecendo artes tradicionais açorianas, miratecarts está interessada em vos conhecer. Artistas interessados no desafio de internacionalizar a sua arte vão conseguir chegar mais além com este projecto. Começando com presença na Internet até serem promovidos por meios de comunicação internacional e

participar em acções desde os Açores até ao resto do mundo faz parte das várias fases do projecto. Promoção é a chave principal depois de um produto artístico bem trabalhado. Imagine um dançarino com algo único e especial, um escultor da lava açoriana ou um cantor com as suas melodias a serem promovidos no Canadá, EUA e na França assim levando o nome das ilhas dos Açores além mar e abrindo portas para o próprio artista também chegar lá fisicamente – essa é uma das razões principais desta iniciativa. Para realizar a primeira fase de encontrar os 100 participantes vamos ir ao encontro de artistas realizando encontros e apresentações em todos os municípios dos Açores durante o ano de 2012. Com o apoio da Direcção Regional de Turismo dos Açores, o presidente e director artístico de MiratecArts vai se deslocar para fazer apresentações e responder às suas perguntas pessoalmente. O lançamento regional aconteceu no dia 19 de Julho no Salão Nobre da Câmara Municipal da Madalena na ilha do Pico! Fica atento ao site www.discoverazores.eu para futuras datas no teu Município. Terry Costa

As múltiplas inspirações invocadas na baía de Porto Pim servem de mote para o lançamento da 4ª Edição do Concurso Multi-Artes Porto Pimtado. Este ano pensámos nos horizontes que se abrem nesta porta traseira da cidade da Horta, e tomámos como tema de fundo abstracto Os Ares de Pim. Através das modalidades de Pintura, Fotografia, Design e Arte Livre (na qual se inclui escultura, e outras artes não plásticas), a população da Ilha do Faial e os seus visitantes poderão participar, com entrega de trabalhos até ao dia 24 de Agosto, na Fábrica da Baleia de Porto Pim. O regulamento do concurso pode ser consultado no site do observatório do Mar dos Açores (oma.pt) e no site do Fazendo (fazendofazendo. blogspot.com).

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OGM’s, a quem interessa?

OGM = Origem Genéticamente Modificada Estávamos em 1878. Baía da Horta. A família Dabney fotografa a magnífica praia que existe em frente à cidade da Horta. Estamos em 2012. Baía da Horta. A família Dabney há muito que regressou aos EUA. Quem cá vive, quem nos visita, não conhece nenhuma praia em frente à cidade da Horta. Os meus filhos nasceram há 5 e 2 anos. Conhecem a realidade como lhes surge. Mas esta é uma realidade herdada e modificada em resultado das decisões assumidas no passado. Todos sabemos da dinâmica associada a uma cidade com uma praia na sua linha de costa. Independentemente dos motivos que originaram a decisão,

hoje não temos este trunfo turístico. Estamos em 2012, início do século XXI. Os Açores ainda apresentam um nível de biodiversidade interessante, com plantas endémicas (únicas no mundo), com variedades de hortícolas tradicionais, com uma raça Ramo Grande diferenciada. Mas o mundo é cada vez mais global, com empresas que operam internacionalmente e que visam o lucro. Empresas que colocam os seus produtos em qualquer parte do mundo sem ter em consideração as circunstâncias do local para onde vendem o produto. O lucro não é pecado e a educação financeira deverá ser cada vez mais integrada nas escolas.

~ INTERVENCAO

^ CIENCIA E AMBIENTE Mas o lucro sem valores e sem salvaguardar o direito à diferença e uma visão construtiva de um futuro sustentável é uma forma de viver apenas um presente que se esgotará nele próprio. Há muito que o ser humano percebeu que a sobrevivência não depende apenas das decisões que respeitam ao dia de hoje, mas também das que preparam o dia de amanhã. Isso significa estar organizado como sociedade, preparar o futuro dos nossos filhos com a visão de um povo que tem um território para gerir. E que sabe gerir. O mundo açoriano. Nove ilhas. Uma arma com uma bala pode tirar a vida a um ser humano. Há empresas que as fabricam e que as colocam à venda. Mas percebemos que tem que haver regras na forma de acesso e uso das armas. Há empresas que produzem e comercializam sementes OGM. Uma semente OGM contém genes (informação e características) de outros seres (bactérias, plantas ou animais). A semente germina e origina um planta adulta. O pólen fecunda a parte feminina de outra flor de outra planta. Surge uma nova semente com genes combinados. Com genes que naturalmente não existiriam na natureza naquela espécie. O resultado será o desaparecimento das características tradicionais na planta original que existe nos Açores. A longo prazo, as variedades tradicionais desaparecerão.

Viajamos até 2112. 100 anos no futuro. Os netos dos meus filhos olham para a planície da Feteira no Faial. O que eles verão dependerá da decisão que for tomada hoje, agora. Vivendo em ilhas, a distância de mar aos continentes garante-nos o trunfo do isolamento genético das variedades tradicionais. O principal meio para cá chegarem outras sementes é por via humana, comercial. E é principalmente por essa via que chegam as sementes OGM ou as que germinam e originam plantas que não formam semente e obrigam-nos a comprar novamente as sementes.

...originam plantas que não formam semente e obrigam-nos a comprar novamente as sementes Dependerá de cada um de nós, e de todos, aquilo que vamos legar aos nossos bisnetos em 2112. Porque a decisão sobre os OGM’s tem a ver com a biodiversidade. E esta determina diretamente as nossas hipóteses de sobrevivência. Também por isso apelamos a que conheça e partilhe em www.redeproacoresbio.blogspot.com Pedro Medeiros

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2 agosto

Quinta-feira | 21h30

Filarmónica União Faialense

12 agosto Domingo | 21h00 Filarmónica Lira Madalense

16 agosto Quinta-feira | 21h30 Grupo de Cantares Ilha Azul

23 agosto Quinta-feira | 21h30

Grupo Folclórico e Etnográfico de Pedro Miguel

30 agosto Quinta-feira | 20h30

Filarmónica Recreio Musical Ribeirinhense Quinta-feira | 21h30

Filarmónica Euterpe de Castelo Branco Organização: Fundação INATEL – Agência da Horta

+ 10 + FAZENDO + AGOSTO 2012 +

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lê o ndofazendo.blog

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Peixes -Voadores O sol andava lá fora, à temperatura certa, a fazer o mesmo de cada dia, jogar às escondidas, pintando detalhes com pincéis de nuvens. Eu na praia, com os dedos grandes dos pés de baixo mergulhados na renda do mar, as mãos desenhando flores enquanto observava a algazarra de nadadores em meia-água. Riam sinceramente, gargalhadas largas estalavam felizes no ar como foguetes e rolavam depois pelas pedras, abundantes e generosas: - Têm medo? - Nenhum! Não estão sequer a esse nível. Não sabem nadar. Aproximei-me devagarinhovagarinho, largando a roupa ao vento e entreguei-me às ondas. Nadei, brinquei de golfinho, boiei até eles e aprontei-me para trampolim. - Aqui só tem delícias! Enturmaram-me chapinhando na espuma de areia. Brincadeira puxa sorriso e liquefaz conversa. Apanhei a hora do seu banho e fui aparecendo ora correndo ora nadando, sempre ganhando acolhimento. Outro dia quiseram brincar de peixe, depois de submarino e foram pegando técnica de guelra e barbatana, confiando no azul. Estavam de alegrias. Agora ensino os pais deles, homens pescadores de coragens, também eles esticando recreio do mar. Gosto de os ouvir, são grandes os seus rostos a falar, são amplificadas e profundas as suas vozes. As palavras passam dentro de nós, como o rio que se solta no mar, imenso. Somos um povo de caminhos salgados. Cristina Lourido

António Pinheiro Uma Nota Biográfica

Terá nascido muito provavelmente em Montemor-o-Novo por volta de 1550, vindo a falecer em Évora a 19 de Junho de 1617. Várias hipóteses se levantam quanto à aprendizagem de António Pinheiro: desde ter sido aluno de Francisco Guerrero (apontada por Barbosa Machado) até ter sido aluno na escola da Catedral de Évora (apontada por J. A. Alegria). Pinheiro foi nomeado mestre de capela do Duque de Bragança a 12 de Março de 1576, o primeiro português de quem se tem referência a ocupar este cargo. A 4 de Outubro de 1608 é nomeado e consequentemente demitido do posto de mestre da claustra na Sé de Évora, permanecendo desconhecidas as razões para este facto. A obra musical conhecida de António Pinheiro sobrevive em dois manuscritos da primeira metade do século XVIII, depositados na Biblioteca do Paço Ducal em Vila Viçosa, compreendendo cinco salmos, sendo apenas postos em polifonia os versos pares. No Catálogo da Biblioteca de D. João IV são mencionados três motetes de Pinheiro: um Ave Regina caelorum e Inter natus mulierum a quatro vozes assim como um Tollite jungun meum a cinco vozes, que entretanto se perderam. Barbosa Machado ainda refere, na sua Biblioteca Lusitana, a existência de um livro de Magnificat, que também se perdeu. www.luiscfhenriques.com Luís C. F. Henriques

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o d n e az F . e s . i . . . . Va . . . .. . . . . . . . ... . . . . . . . .. , MUSICA

Pézinho Excetuando os Pézinhos, as Chamarritas e as Sapateias, a música tradicional dos Açores caracteriza-se por ter mais melodia e harmonia e menos energia rítmica. Ora, o Pézinho possui precisamente essa energia rítmica e é um bailo alegre, movimentado e cheio de vida, com uma linha melódica curta e graciosa. Segundo César das Neves, no seu “Cancioneiro de Músicas Populares” (1º volume), o Pézinho nasceu à beira-mar, e começou por ser “cantado em botequins e nas casas de orgia dos portos do continente e ilhas”. A letra dá conta que os pés da cada par se aproximam, tocando com a ponta no chão repetidas vezes, sob o ritmo da música: “Ponha aqui o seu Pézinho, devagar, devagarinho”… O compasso estabelecido nesta cantiga é binário (2/4), como se do ritmo de uma polca se tratasse, havendo variações musicais e poéticas em cada uma das nove ilhas açorianas, o mesmo sucedendo no que à coreografia diz respeito. Muito conhecido e divulgado é o Pézinho da Vila, ou o Pézinho Novo, cantiga que, de algum modo, faz contraponto a uma certa tristeza religiosa que na ilha de S. Miguel se vive em tempo de Quaresma (os Romeiros), ou então com a carga penitencial do culto de Santo Cristo. A letra é ao mesmo tempo irónica e surrealista, divertida e sarcástica – a fazer adivinhar algumas reminiscências das Cantigas de Escárnio e Maldizer: Eu já vi o sol nascer Por entre as pernas de uma freira Ai loivado seja Deus O sol tinha cabeleira… Lá diz a sabedoria popular: quem canta seus males espanta. Victor Rui Dores

+ 11 + FAZENDO + AGOSTO 2012 +


Estamos a apaixonar-nos pelas Ilhas Entrevista a Jasmine Rossi e Daniel Fox

“Nós temos muitos projetos para concretizar e viemos à procura de um lugar tranquilo e sossegado. Os Açores são perfeitos para isso” Estamos no início de Julho, Ilha do Faial, Açores. Um casal de fotógrafos e amantes da natureza decidem permanecer entre nós até ao final do mês. Querem conhecer o arquipélago, utilizam o verbo “fotografar” com o encanto inicial dos principiantes. Combinamos uma troca de perguntas e respostas para que falem do seu trabalho e saber ainda o que pensam sobre a sua estadia e o verão açoriano.

Um casal de fotógrafos no Faial até ao final do mês Jasmine Rossi tem quarenta e seis anos e é filha de pai italiano e mãe alemã. A história conta-se de forma rápida: um dia o médico disse que os tendões dos dedos se encontravam inflamados, sinais de exaustão de tanto trabalhar no teclado do computador na sua tese, estes precisavam de descanso e por isso rumou para a América do Sul, na Península de Valdés, onde descobriu o gosto e uma imensa paixão por fotografar a natureza, tendo aí encetado o primeiro livro intitulado “A Patagónia Sobre o Mar”. Descoberta a sua vocação fotográfica, ali volta sempre, apesar de um interregno de quatro anos em Nova Iorque que logo interrompeu e voltou. Muito embora nascido no Quebec, Daniel Fox viveu já em Nova Iorque, Los Angeles, Portland Oregon, Barcelona, Montreal, Londres e Cannes. Admirador desde a infância do trabalho de David Attenborough, Jim Fowler e Jacques Cousteau, sempre gostou de viajar atrás dos lugares mais remotos, tornando-se assim num explorador, fotógrafo e realizador de documentários. O seu gosto e amor pela aventura levou-o a criar o Wild Image Project, projecto que tem por missão motivar e aumentar a consciência sobre a beleza frágil e complexa do planeta que habitamos e sobre a necessidade de vivermos harmoniosamente com a natureza bem como preservá-la para as gerações futuras. + 12 + FAZENDO + AGOSTO 2012 +

Fazendo: Quanto tempo pensam ficar pelas ilhas? Neste momento planeamos ficar no Faial até início de Agosto. Nós temos muitos projetos para concretizar e viemos à procura de um lugar tranquilo e sossegado. Os Açores são perfeitos para isso. Não é muito quente, não é muito frio, tem a temperatura ideal. Foi-nos também dito que era importante tal como um sinal de boa sorte ver o pico do Pico a partir da nossa casa do Faial. Então, alugamos um apartamento junto ao cemitério (atrás da Igreja do Carmo) que tem a mais bela vista para o vulcão. Todas as manhãs, todas as noites e durante todo o dia, sentimo-nos abençoados por podermos ver uma paisagem tão incrível. Onde mais uma pessoa poderia desejar trabalhar? Porque razão decidiram visitar os Açores? Chegámos há uma semana atrás, a partir de uma viagem à vela através do Atlântico. Iniciamos a viagem em Saint Maarten, no Caraíbas, demorou 17 dias num iate à vela britânico. Além de todo o trabalho que necessitamos fazer - eu tenho que escrever vários trabalhos escritos e Jasmine tem que preparar muitas fotografias para a sua próxima mostra em Paris ainda neste outono, queremos escrever e fotografar as ilhas. Os Açores são simplesmente espantosos! A cultura é única, a natureza é incrível e as águas são tão repletas de vida. Jasmine Rossi já cá esteve, que memórias guardou dessa visita às Ilhas? Eu vim aqui duas vezes na companhia do famoso fotógrafo subaquático Brandon Cole, fiz fotografia de cachalotes. Contratamos um guia particular (Norberto Serpa), que é surpreendente no seu conhecimento do oceano e tiramos algumas fotos maravilhosas: Cachalotes, Orcas (pseudo-assassinas), Golfinho de Risso, Golfinho Comum, Golfinho Pintado. Fiquei impressionado com a alta temperatura destas águas bem como a possibilidade de ver tantos cetáceos em tão pouco tempo dentro de água. Eu já comprei um novo equipamento fotográfico que quero

experimentar até ao final do mês depois de terminar o meu “trabalho de computador”. O que é que gostariam de fotografar na Ilha do Faial? Há tanto para fotografar - lugares, edifícios, a caldeira, as pequenas freguesias. Porém, o mais importante é captar todos esses pequenos detalhes que na maioria das vezes ninguém vê, mas que para nós - essas são as coisas mais preciosas de fotografar. É através destes “segredos” que a cultura e a magia de um lugar é revelada, o espírito do lugar.

“Os Açores são simplesmente espantosos! A cultura é única, a natureza é incrível e as águas são tão repletas de vida.” Actualmente, vocês vivem entre Buenos Aires e Munique, o que é vos atrai na natureza? A natureza dá-nos um sentido de perspectiva que esquecemos muitas vezes na nossa dita “vida moderna”. É dura e bruta ainda que em perfeita harmonia e paz. É áspera e implacável, ainda há algo sagrado nisso, porque tudo tem o seu lugar! Viver perto da natureza, para nós, é sobretudo voltar ao básico, dar valor ao que é realmente importante na vida. Obviamente, temos que ganhar a vida, por isso temos de dividir o nosso tempo entre a natureza e a cidade. O nosso objectivo, porém, é um dia comprar uma casa num local remoto na Patagónia, ou talvez até mesmo nos Açores, pois estamos a apaixonar-nos por estas ilhas... Está prevista uma subida ao topo da montanha do Pico? Não. Ainda não subimos o Pico, mas está na nossa lista de coisas por fazer. Na realidade, queremos passar lá a noite no topo e fotografar o nascer e o pôr-do-sol.

Há alguma intervenção da vossa parte, para lá da câmera escura, nas vossas fotos? Não. Jasmine e eu não modificamos o nosso trabalho. Nós podemos ajustar os destaques, jogar com o contraste, adicionar algumas vibrações e endireitar a imagem um pouco, mas é só isso. Não usamos Photoshop! Vocês gostariam de realizar um livro de fotografia sobre as Ilhas dos Açores? Absolutamente! Apenas começamos agora a falar sobre isso. Gostaríamos de passar um ano aqui e fotografar em profundidade cada ilha. Conhecer a fundo as pessoas e conhecer as suas histórias. Agora só temos mesmo de encontrar um patrocinador! Vocês acreditam que o Homem se pode alienar da sua natureza também numa Ilha? Absolutamente! Realmente não importa se se está numa ilha ou não. Há muitas pequenas ilhas à volta deste mundo que perderam a sua ligação com a natureza, ou o mar que as rodeia. Quando uma ilha se torna muito obcecada com o desenvolvimento e o turismo, ela desfaz-se da sua identidade por razões financeiras. Nós estávamos a conversar com o nosso bom amigo Noberto Serpa no outro dia e ele estava a dizer-nos porque é que os açorianos não desejam tornar os Açores num grande centro turístico. Acreditamos que isso é realmente muito bom. Nós precisamos manter as ilhas o mais simples possível. Nós precisamos valorizar o espírito e a singularidade deste lugar. Sim, nós necessitamos de desenvolvimento, mas não à custa do lucro fácil que ponha em causa a subsistência dos Açores. Vocês precisam colocar a qualidade de vida acima do desenvolvimento económico a todo o preço. Uma última pergunta: já morrem de amores pelas Ilhas açorianas? Na verdade, temos que admitir que sim, que estamos. O lugar é espectacular e as pessoas são muito simpáticas! Entrevista por: Fernando Nunes Tradução por: Fernando Nunes e João Barbosa

Semana do Mar Fazendo e Teatro de Giz e Música Vadia

Fazendo e Teatro de Giz e Música Vadia

Banco de Portugal

Na Semana do Mar o Banco de Artistas propõe que traga os seus filhos até ao nosso espaço na Avenida Marginal, e que disfrutem do Programa que preparámos para todos – artes plásticas, yoga, dança, jogos de ciência e muito, muito mais. Todos os dias, das 17h30 às 21h30 para os pequeninos e a partir daí, até às 24h... para todos.

Descobre as Diferenças Farpa de Junho, 1871 (excerto)

“O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe solidariedade entre os cidadãos. Já não se crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos vão abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Todo o viver espiritual, intelectual, parado. A mocidade arrasta-se, envelhecida, das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce… O salário diminui. O Estado é considerado na sua ação fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A ignorância pesa sobre o povo como um nevoeiro. O professor tornou-se um empregado de eleições. A intriga política arrasta-se por entre a sonolência enfastiada do País. E a certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: ”O País está perdido!” Ninguém se ilude. Diz-se nos conselhos de ministros e nas estalagens. E o que se faz? Atesta-se, conversando, que de Norte a Sul, no Estado, na economia e na moral, o País está desorganizado – e pede-se conhaque! Assim, todas as consciências certificam a podridão; mas todos os temperamentos se dão bem na podridão! Vamos rir, pois. O riso é uma filosofia, muitas vezes uma salvação. E em política constitucional, pelo menos, o riso é uma opinião. E, não obstante, como tudo parece feliz e repousado. Os jornais conversam baixinho e devagar uns com os outros.

Fazendo e Teatro de Giz e Música Vadia

LITERATURA

O parlamento ressona. O ministério, todo encolhido, diz aos partidos – chuta! As secretarias cruzam os braços. O conselho de estado rói as unhas. O exército toca guitarra. A câmara municipal mata em sossego os cães vadios. As árvores do Rossio enchem de folhas. Os fundos descem e descem há tanto tempo que já devem estar no centro da Terra. O povo, coitado, lá vai morrendo de fome como pode. Nós fazemos os nossos livrinhos. Deus faz a sua Primavera… A imprensa é composta de dois tipos de periódicos: os noticiosos e os políticos. Os políticos têm todos a mesma política; os noticiosos têm todos a mesma notícia. Toda a Nação vive do Estado. Logo desde os primeiros exames do Liceu, a mocidade vê nele o seu repouso e a garantia do seu futuro. A classe eclesiástica já não é recrutada pelo impulso de uma crença: é uma multidão desocupada que quer viver à custa do Estado. A vida militar não é uma carreira: é uma ociosidade organizada por conta do Estado. Os proprietários procuram viver á conta do Estado, vindo a ser deputados. A própria indústria faz-se protecionar pelo Estado e trabalha em vista deste. A imprensa até certo ponto vive também do Estado. A ciência depende do Estado. O Estado é a esperança das famílias pobres e das casas arruinadas. Ora como o Estado pobre, paga pobremente, e ninguém se pode libertar da sua tutela para ir para a indústria ou para o comércio, esta situação perpetua-se de pais para filhos como uma fatalidade. Resulta uma pobreza geral. Esta produz um aviltamento na dignidade. Todos vivem na dependência: nunca temos por isso a atitude da nossa consciência; temos a atitude do nosso interesse. Serve-se não quem se respeita mas quem se vê no poder. O homem, à medida que perde a virilidade de carácter, perde a individualidade de pensamento. Depois, não tendo de formar o carácter, porque ele lhe é inútil e teria a todo o momento de o vergar; não tendo de formar uma opinião, porque lhe seria incómoda e teria a todo o momento de a calar – acostuma-se a viver sem carácter e sem opinião. Deixa de frequentar as ideias, perde o amor da retidão. Cai na ignorância e na vileza. A família é o desastre que sucede a um homem por ter precisado de um dote. Mulher, filhos, são desagradáveis consequências que se sofrem. Os filhos, se os há, são educados pelos criados, enquanto não são educados pelos cafés. A conversação extinguiu-se. Ninguém possui ideias originais e próprias. Há 4 ou 5 frases, feitas de há muito, que se repetem. Depois, boceja-se. Quatro pessoas reúnem: passados cinco minutos, murmuradas as trivialidades, o pensamento de cada um dos conversadores é poder livrar-se dos outros três. E todo o País não é mais do que uma agregação heterogénea de inatividades que se enfastiam. É uma Nação talhada para a ditadura – ou para a conquista.” Eça de Queirós (lido em 2012…) Carla Cook FAZENDO + AGOSTO 2012 +


VIAGENS

TEATRO

Ilhas

O espetáculo teve estreia mundial no Centro Cultural de Vila Flor, em Guimarães, no dia 15 de Junho de 2012 integrado nos Festivais Gil Vicente, e é uma coprodução da KARNART C. P. O. A. A. com a Guimarães 2012 Capital da Cultura, com o Cinema-Teatro Joaquim de Almeida no Montijo (onde será apresentado nos dias 21 e 22 de Setembro de 2012), com o Teatro Nacional São João no Porto (apresentações no Mosteiro de São Bento da Vitória entre 24 e 27 de Janeiro de 2013) e com o Teatro Municipal São Luiz em Lisboa (onde será apresentado entre 8 e 17 de Fevereiro de 2013). Com o objetivo de carregar de alma açoriana o trabalho nas suas fases de apresentação pós-Guimarães, quatro elementos do colectivo KARNART C. P. O. A. A. – Luís Castro, diretor artístico; Vel Z, colaborador plástico; Mónica Garcez e Bibi Perestrelo, atrizes – deslocaram-se à ilha do Pico entre os dias 04 e 24 de Julho de 2012 para uma residência artística de pesquisa, que se centrou na recolha de sons, objetos, imagens, e informações diversas junto de populações, associações, coletividades e autarquias. O material recolhido será, em novos processos de ensaios, integrado no espetáculo já construído, aprofundando-o e enriquecendo-o. O projeto partiu inicialmente de um cerrado processo dramatúrgico que selecionou excertos e passagens do texto, os quais foram posteriormente agrupados por temas, inspiraram ambiências sonoras e sugeriram instalações. Estas, subordinadas também a objetos com alma previamente recolhidos, tomaram corpo em mesas-ilha contaminando atores/performers e gerando personagens. ILHAS é uma experiência + 14 + FAZENDO + AGOSTO 2012 +

Vamos a Banhos!

Cartas do Exílio 3

ILHAS, baseado em AS ILHAS DESCONHECIDAS de Raúl Brandão, é um espetáculo de Perfinst que a KARNARTC. P. O. A. A. criou na linha do premiado HÚMUS (que apresentou em Dezembro de 2010, em Lisboa), que se pretende seja apresentado no arquipélago dos Açores em Março de 2013.

integrada no conceito de Perfinst que o colectivo KARNART investiga, que propõe aos espectadores uma escolha de pontos de vista e lhes proporciona a descoberta de narrativas individualizadas: ouvindo sempre, o público desloca-se entre zonas de representação simultânea escolhendo o que quer ver, encontrando o seu próprio sentido ao espetáculo. Cada uma de cinco “ilhas” é constituída por duas mesas (uma mesa-armazém onde estão organizados os objetos, e uma mesa-palco onde as instalações são montadas) e um ator/atriz. Estes, inspirados nas paisagens descritas por Raúl Brandão, nos seus personagens e em parte da alma açoriana recolhida durante a residência artística na ilha do Pico, instalam objetos criando composições que remetem para Pintura ou Cinema e cuja composição sublinha, antagoniza ou ironiza a ação do texto que se ouve, em off, narrado por uma voz masculina. São intérpretes deste trabalho as atrizes Filomena Cautela, Bibi Perestrelo e Mónica Garcez, e os atores André Santos e André Uerba. A direção do projeto é de Luís Castro em colaboração com o artista plástico Vel Z, e a paisagem sonora é da responsabilidade de Adriano Filipe. Para mais informações sobre a estrutura – seus objetivos, passado e conceito – aconselha-se uma visita ao site www.karnart.org. Luís Silva

Belarus – aqui a UE termina, e pelo menos, é bastante óbvio. Poucas pessoas saem do comboio; uma família cruzou os ferros e desapareceram para umas barracas numa rua de lama, além deles duas senhoras bem elegantes e coloridas em sapatos de tacão alto com significativamente pouco bagagem, de facto, tudo o que elas trazem é uma mala de mão.... Na fronteira chegam mais homens em vários uniformes, definitivo eles vêm do mesmo filme que a condutora saiu – abrupta e bruscamente pediram o meu passaporte e desapareceram com ele. O Belarus é mesmo como imaginava: 100 tonalidades de cinzento. A Neve é cinza, os edifícios cinzentos, árvores sem folhas em castanho-cinza e ruas sem alcatrão cinzento-castanho. Para compensar a falta de cor uns telhados das casas são azuis, verde ou amarelo! Dadatackdadatack....e já estamos em Moscovo. O Kreml, a Praça Vermelha, o Teatro Bolshoi e tudo o resto..., muito interessante e lindo, sem dúvida, mas o que me impressiona mais é a minha mudança de atitude: NUNCA mais me vou queixar sobre atrasos desnecessários ou tratamentos antipáticos em postos públicos em Portugal depois de testemunhar administrações russas! Se tivesse nascido na Rússia, eles tinham-me posto com a idade de 15 anos no Gulag, e hoje provavelmente ainda estaria lá! Mas como até agora ainda estou em liberdade, tinha a oportunidade de experimentar o trânsito russo. Em vez de ser detida porque não ser morta?! De uma rua já larga (2 – 3 filas em cada direcção) os Moskovánians conseguem criar uma estrada de 5 – 6 filas, semáforos só existem por razões decorativas e um pedestre tem menos direitos do que um violador de crianças. A classe alta mostra o seu status com luzes azuis montadas nos telhados dos seus carros grandes, uma vez a piscar dá o direito de passar em frente de todos os outros – o que aconteceu ao comunismo e à ideia de que somos todos um povo??? Ruth Bartenschlager

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Berlim. O portal ao Oriente. Cada cor de pele é vista, cada língua ouvida; de qualquer modo não é tão diferente a Lisboa, só é 5 vezes maior. Mil pequenas lojas e cafés, todos têm esplanadas o que indica um certo optimismo considerando o clima e as temperaturas na Alemanha... Entre a parte oriental e a parte ocidental da cidade quase já não existem mais diferenças visíveis. Construções extremamente feias do Este foram demolidas e substituídas pelas construções extremamente feias do Oeste. Edificios lindos e clássicos do século XIX agora são renovados e buracos dos tiros, ainda visíveis em 1994, foram rebocados e repintados. O que foram uma vez passeios largos (simplesmente não haviam tantos carros no Este mas mais pedestres) foram estreitados para se adaptarem à liberdade que um BMW pode oferecer. A plataforma 5 na Estação Central de Berlim transforma-se em Rússia nas noites de sábado, quando o comboio para Moscovo se prepara para sair. Não ouves mais uma palavra alemã nem inglesa, a língua russa domina e cada carruagem é guardada por pelo menos um condutor russo. Ao aproximar-me ele começa a ladrar Waschny kreka spalynska nutschef, o que, assumi, significa – onde está o seu bilhete? Mostrando-o teve o efeito dele olhar para mim, dos pés à cabeça, para o meu bilhete, novamente para mim, isto várias vezes e finalmente pediu assistência. O apoio chegou em forma de uma Srª em uniforme que, com certeza, saiu agora mesmo de um filme 007: Altíssima, uma certa largura, mamas bem grandes e o cabelo pintado de loiro. Ela repetiu o mesmo processo, olhando para mim e para o bilhete e finalmente mandou-me entrar no comboio. Lá, toda a gente estava descalçada (excepto eu), toda a gente falava Russo (excepto eu) e tudo era escrito exclusivamente em alfabeto crylic. À meia noite sabia como se diz desculpa – isventije – e agradecer alguém – spaceeba – , às 10 da manhã no dia seguinte consegui der ler o alfabeto crylic e quando chegarmos a Moscovo, vou ser capaz de flirtar com um dos condutores...

Marés

1: praia de porto pim 2: poça da rainha 3: piscinas da lajinha 4: porto da feteira 5: piscinas de castelo branco 6: piscinas do varadouro 7: porto do comprido 8: praia da fajã 9: porto da eira 10: porto do salão 11: porto da ribeirinha 12: porto de pedro miguel 13: praia dos inglesinhos 14: praia do almoxarife 15: praia da conceição

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Agenda AGOSTO FAIAL

BANCO DE ARTISTAS

Qua_1 Ago. 19h30 Biblioteca Pública e Arquivo Reg. João José da Graça LANÇAMENTO DO LIVRO DE FLÁVIO SILVA mostra Labjovem

Qui_2 Ago. 22h00 Casa de Chá PEDRO e MY concerto na relva

Ela tem uma banda, ele tem outra. Dadas as poucas afinidades musicais começaram por procurar as canções que podiam partilhar e ao fim de vários serões perceberam que já quase havia um repertório. Juntaram algumas canções dela e temas para guitarra dele e perceberam que a coisa ficava completa. Vão estar no jardim da C.A.S.A. a tocá-las numa noite de verão.

Seg_13 Ago. 21h30 Biblioteca Pública da Horta DUO TROMPITEANO

DURANTE A SEMANA DO MAR

Dom_5 Ago. a Sab_11 Ago

Ficha Técnica

PICO

FAZENDO - DIRECÇÃO Aurora Ribeiro Tomás Melo

Ter_7 Ago. 18h FESTA DE SÃO CAETANO

COORDENADORES Albino, Carla Cook, Fernando Nunes, Filipe Porteiro, Helena Krug, Lídia Silva, Pedro Gaspar, Pedro Afonso REVISÃO E AGENDA Sara Soares

Sex_10 a Seg_13 Ago. NOSSA SENHORA DOS MILAGRES Cachorro

CAPA Ágata Biga COLABORADORES Carlos Alberto Machado, Catarina Fernandes, Cristina Lourido, Francisco Henriques, José Nuno G P, Luís C. F. Henriques, Luís Silva, Miguel Machete, Pedro Medeiros, Ruth Bartenschlager, Terry Costa, Victor Rui Dores

18h00 às 24h00 espaço exterior do Banco de Portugal Semana do Mar todos os dias

Dom_12 a Qua_15

12345eºç

Sex_17 a Dom_19 Ago.

PROJECTO GRÁFICO Lia Goulart

FESTA DE SANTO ANTÓNIO DO MONTE Monte

PROPRIEDADE Associação Cultural Fazendo

18h00 HORA DO CONTO (com alguns avós faialenses)

19h00 ATELIER INFANTIL (artes plásticas, jogos tradicionais, etc)

f

20h00 PETISCOS (cachupa, orelha, caracóis, etc)

FESTA DE NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO São Caetano

Qui_23 a Dom_26 Ago.

SEDE Rua Concelheiro Medeiros nº 19 9900 Horta PERIODICIDADE Mensal

SEMANA DOS BALEEIROS Lajes

TIRAGEM 500 exemplares

21h00 ATELIER INFANTIL (dança, yoga, artes plásticas, etc)

pºç

22h00 CONCERTO (jazz, chamarritas, morabeza, etc)

IMPRESSÃO Gráfica O Telégrapho CONTACTOS vai.se.fazendo@gmail.com fazendofazendo.blogspot.com 292 392 718

zzzzzzzzzzzzzzzºç atenção NOVO Terminal Marítimo na Horta atenção NOVO Terminal Marítimo na Horta

Gatafunhos

Tomás Melo

atenção NOVO Terminal Marítimo na Horta

atenção NOVO Terminal Marítimo na Horta


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