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86 JUNHO ‘13
O BOLETIM DO QUE POR CÁ SE FAZ MENSAL / DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
O poeta é um fringidor. Fringe tão completamente Que chega a fringir que é dor A dor que deveras sente.
2. Fazendo Editorial
#
86
Em Janeiro, Portugal ingressa na
d´Argento para a melhor cenografia.
Theo
CEE, Comunidade Económica Euro-
A 25 de Agosto dá-se a inauguração
Ange-
peia, actual União Europeia. É o fim do
oficial da Estação Radionaval das La-
lopo-
papel selado, tendo durado mais de
jes, Ilha das Flores. A RTP Açores exibe
l o us ,
trezentos anos. O primeiro-ministro
a série “Xailes Negros” baseada num
com o pa-
Direcção
sueco, Olof Palme, é assassinado aos
romance de José de Almeida Pavão e
pel
Aurora Ribeiro
cinquenta e nove anos à saída de uma
adaptada para televisão por José Me-
entregue
a
sessão de cinema, na cidade de Esto-
deiros e Emanuel Macedo. Nesse ano
Marcello
Mas-
principal
Tomás Melo
colmo. Na Ucrânia acontece o aciden-
produzem-se dois discos emblemáti-
troianni. Nas salas de cinema nacional
Capa
te nuclear de Chernobil que espalha
cos da música açoriana: “O Barco e o
estreia o filme “Balada da Praia dos
Rúben Quadros Ramos
radioactividade e contamina pessoas,
Sonho” e “7 anos de Música”, com a pre-
Cães”, de José Fonseca e Costa, a partir
animais e todo o meio ambiente envol-
sença de músicos como José Medeiros,
do romance homónimo de José Cardo-
Colaboradores
vente. O prémio Nobel da Paz é atribu-
Paulo Andrade, Aníbal Raposo, Luís Gil
so Pires, com Assumpta Serna e Raul
Ana Lúcia Almeida
ído a Elie Wiesel, autor de mais de cin-
Bettencourt e as vozes de Susana Co-
Solnado nos principais papéis.
André Laranjinha
quenta e sete obras sobre a memória
elho, Piedade Rego Costa, José Ferrei-
É o ano do lançamento dos dois volu-
António Gracias
do Holocausto.
ra, Carlos Medeiros, Minela, Vera Quin-
mes de Música Moderna Portuguesa
Bianca Mendes
Em Fevereiro dá-se a maior tempesta-
tanilha, Paulo Martinho e Luísa Alves.
com nomes emergentes da cena musi-
Carlos Alberto Machado
de do século XX nos Açores, ocorrida
É daqui que emerge o segundo hino
cal independente: Radar Kadhafi, Essa
Cristina Lourido
entre 14 e as 16 horas do dia 15.
dos Açores: “Ilhas de Bruma”, escrito
Entente, Linha Geral, Prece Oposto,
Fernando Nunes
Nesse mesmo mês, a fragata francesa
por Carlos Medeiros Ferreira. Carlos
Pop dell´Arte entre outros.
Patrícia Carreiro
“L´Antreé” naufraga ao largo de Santo
Alberto Moniz apresenta no Festival
O coração de Alexandre O´Neill deixa
Sandra Silveira
Amaro, Ilha do Pico. Franco Ceraolo,
da Canção o tema “Canção para José da
de bater a 21 de Agosto e desaparece
Terry Costa
habitante da Ilha Graciosa, participa
Lata”, com letra de Álamo de Oliveira.
um dos maiores cultores da palavra
Victor Rui Dores
no filme “Ginger and Fred”, de Federi-
Na Grécia estreia o filme “O Apicultor”
escrita em português.
co Fellini, e é premiado com o Nastro
(O Melissokomos, 1986), do realizador
FN
Layout Design Mauro Santos Pereira
Editorial Estava eu no ano passado em plena
www.comunicaratitude.pt Paginação Tomás Melo Revisão
pudesse continuar a ter 12-16 páginas
enquanto se ajuda na manutenção da
Carla Dâmaso
China, gastando o dinheiro que nun-
(em vez de uma página impressa de
cultura dos Açores (no Faial, no Pico,
ca tive, quando fui convidada pelos
ambos os lados... ou de desaparecer
na Terceira...)
Propriedade
directores do Fazendo para tratar das
para mais uma publicação do ciber-
Por isso descansem, desfrutem de
Associação Cultural Fazendo
contas do jornal.
-espaço).
mais um Fazendo e... consu-
Mas a logística para taxar o jornal é
mam produtos e servi-
Sede
milagres estarão eles à espera?”
complicada, e mesmo que cada um de
ços de empresas da
Rua Conselheiro Medeiros
Absolutamente nenhum que eu pu-
vocês pagasse um euro por exemplar,
região.
nº 19 — 9900 Horta
desse fazer acontecer. Por isso paguei
isso não cobriria os custos de impres-
as dívidas e pus a hipótese de cobrar
são... então decidimos ter uma nova
aos leitores, de modo a que o jornal
rúbrica: promover a economia local
“Que ironia”, pensei; “de que espécie de
Periodicidade
Ruth Bartenschlager
Mensal Tiragem
Capa Nesta pequena ilustração, está representado o espírito do Azores Fringe Festival. Com origem na ilha do Pico, símbolo incontornável dos Açores,
500 exemplares Impressão Gráfica O Telégrapho
Rúben Quadros Ramos
As opiniões expressas
É estudante finalista de Novas Tecno-
e destaca, em particular, o projeto
e não necessariamente da direcção do Fazendo
nesta edição são dos autores
este festival reflete-se numa onda
logias da Comunicação (Universidade
pessoal TERCEIRA360º que valeu o 2º
omnidirecional que se propaga infini-
de Aveiro) e multimedia freelancer.
prémio no concurso de cartaz da IV J.R. de Animação Turística. Em 2013, foi
tamente, levando consigo uma ener-
Tem produzido a imagem de inúmeros
gia colorida, divertida e criativa pelo
projetos da AJITER, tais como a “Aca-
um dos artistas açorianos seleciona-
mundo. Cachalotes dançam e brincam,
demia da Juventude 2011”, “Academia
do pelo projeto DiscoverAzores e, atu-
lembrando este espírito. Na sua es-
da Juventude 2012”, “Educa-te com a
almente, tem trabalhado na criação e
sência, é como um ciclo sem fim capaz
crise”, entre outros. É co-fundador da
desenvolvimento da imagem do Azo-
de se regenerar a ele próprio, onde o
InvestMedia - Associação de Investi-
res Fringe Festival, primeiro Fringe em
topo do céu é, simultaneamente, um
gadores de Multimédia e Audiovisual
Portugal.
denso mar e as ilhas à superfície são, ao mesmo tempo, o fundo do oceano.
RQR
.3 #
86 JUNHO ‘13
Welcome to Azores Fringe Festival Fazendo Fringe
Mais de 120 artistas confirmados. Mais de 80 eventos programados. Três localidades com grandes exposições de arte abertas durante os 12 dias do Festival. desde o Aeroporto do Pico ao Terminal Marítimo; a
Um programa de 40 páginas recheado do que há
Arte e artistas da Nova Zelândia, Colômbia, EUA, Ca-
a oferecer entre o Pico, Faial, S. Miguel e ainda um
nada, Inglaterra, França, Espanha e Portugal confir-
Escola Profissional do Pico vai alojar a exposição do
veleiro que chegará de surpresa a vários portos de
maram presença nesta primeira edição do Festival.
Azores Fringe Festival aberta diariamente durante o
outras ilhas nos Açores. Estejam atentos na Net ao
De Portugal temos arte e dança do continente, ins-
Festival das 13h às 20h. A Casa da Montanha abre as
www.azoresfringe.com pois este é o primeiro fes-
talação fotográfica da Madeira e artistas de todas
portas a uma mostra de fotografia. Via Bar vai apre-
tival em Portugal na rede internacional dos “Fringe”.
as ilhas dos Açores. Desde a ilha do Corvo com seu
sentar programação da noite com DJs e mais artistas.
Bem-vindos/as ao Azores Fringe Festival.
artesanato até a vídeo curtas de Santa Maria, ilus-
A Câmara da Madalena desde o Salão Nobre até ao
tração da Graciosa a fotografia de São Jorge, escri-
Átrio, o Centro de Formação Artística e o Palco da
Estamos a falar de arte: pintura, cartoons, ilustra-
tores de São Miguel a artistas plásticos da Terceira,
Praça da Madalena apresentam a maioria da progra-
ções, esculturas, artesanato e performances de
palestrante de arte das Flores a música do Faial e da
mação. Eventos satélite acontecem aos fins-de-se-
dança, teatro e música desde clássica a moderna
ilha do Pico temos representantes de todas as áreas
mana no Teatro Faialense no Faial e nas três cidades
passando por hip-hop e DJs. Também há workshops,
artísticas desde pintores a instrumentos de sopro.
em S. Miguel assim como uma mostra de arte estará
palestras e horas de convívio programadas para
A meca do Festival é na vila da Madalena no Pico. A
aberta na Academia das Artes dos Açores em Ponta
incentivar comunicação, aprendizagem e trocas de
Escola Cardeal Costa Nunes vai apresentar a sessão
Delgada. Mais surpresas serão adicionadas no www.
experiências entre artistas locais e estrangeiros. Há
final do Festival com trabalhos que engloba muitos
azoresfringe.com. Venham desfrutar de uma hora,
algo para todos os gostos e estilos desde a hora do
alunos e várias áreas desde música a teatro; o dia
um dia, um fim-de-semana ou porque não tirar fé-
almoço até tarde da noite.
de abertura consiste de apresentações surpresas
rias e passar doze dias no Fringe? Esperamos por si…
De 19 a 30 de Junho vamos ter uma explosão artística dos açores para o mundo. sexta
sábado
sexta
sábado
EXPOSIÇÃO AZORES FRINGE
21 junho 21:30
22 junho 21:30
28 junho 21:30
29 junho 21:30
de 19 a 30 junho das 13h às 20h Escola Profissional do Pico
CONCERTO
CONCERTO
CONCERTO
PERFORMANCE
Teatro Faialense
Teatro Faialense
Teatro Faialense
Teatro Faialense Desde cartoons a ilustrações, fotografia a pintura, Nervous Doll Dancing
esculturas a artesanato e participação de mais de
(Nova Zelândia)
20 artistas locais e estrangeiros.
João da Ilha (Terceira)
Nancy Dutra (Toronto)
Emanuel Paquete
Dono de uma voz cálida
A música de Nancy
Eidolon, uma história
Sonasfly (São Miguel)
e intimista, João da
Dutra é uma mistura de
fantástica e assusta-
22 e 29 de Junho das 15h às 20h
Ilha é um cantautor
intensidade emocional
dora contada através
Praça da Madalena
açoriano
como o Fado mas com
de violoncelo, com
seus instrumentos são
que neste momento
a estética da música
imagens cinemáticas,
DJs e eventos para toda a família desde dança,
destacados nesta noite
sua música entra na no-
country norte-ameri-
animação, marionetas e
caricaturas, pinturas corporais, moda e atelies para
ecléctica.
vela Destinos Cruzados.
cana.
ilustração.
crianças.
Alexandra Boga (Pico)
Artistas açorianos e os
programa completo no site: www.azoresfringe.com
Terry Costa
4. #
86 JUNHO ‘13
Sabine Gieshoff
Momento Faial - Exposição na Biblioteca Pública
Fazendo Pintura
Está patente até 5 de Julho, na sala de exposições
maneiras outras de visualizar. Por exemplo: alguns
da Biblioteca Pública e Arquivo Regional da Horta,
quadros estão dispostos no chão e o visitante é con-
num banco; a rusticidade de vacas, cabras e cavalos;
uma exposição de pintura com o título genérico de
vidado a colocar-se em cima de uns banquinhos para
os banhistas na praia; a “Ninfa de Banho” (que tanto
quotidiano da ilha: o velhote sentado placidamente
uma visão “picada” dos mesmos.
pode estar na Praia do Almoxarife como em Londres
Gieshoff, mulher discreta e reservada, professora
Exposições como esta são feitas para ver de per-
ou na Lua)... E podemos ver baleias, golfinhos e car-
alemã que, em licença sabática, vive há quase um
to, quase como quem folheia, página a página, uma
pas. E há a visão apetecível da montanha do Pico. E,
ano na ilha do Faial.
publicação. Isto faz com que a atenção ao pormenor
aqui e ali, despontam figuras femininas, em poses pensativas e ensimesmadas…
“Momento Faial”, da autoria da artista plástica Sabine
Entramos e deparamos com uma pluralidade temá-
seja especialmente relevante para o entendimento
tica e uma diversidade cromática. Trata-se de uma
de cada quadro.
exposição alegre, quiçá, divertida, de cores solares,
Numa visão reinventada do real, a pintora capta uma
gurativo, de uma encenação e de uma experiência
Tudo isto nos é dado através de um imaginário fi-
uma pintura que viaja pela ilha do Faial e se projeta
alma longínqua, uma identidade do recôndito, uma
criativa do olhar. Gostei e não dei o meu tempo por
por outros territórios.
aventura imanente do Faial. E partilha connosco
perdido.
Sabine Gieshoff demonstra capacidade de inovar
uma visão luminosa (também irónica e crítica), de
em materiais e modos de expressão, apresentando
momentos vividos e de instantes suspensos do
Victor Rui Dores
Projecto ReTaLh0 Artesanato Urbano “ Criamos detalhes únicos com carinho a pensar em si .”
Fazendo Design
Esta é a 4ª edição que o Projecto.Retalho realiza; dois showrooms no Natal e duas edições de Verão, a FADU - Feira de Artesanato e Design Urbano. Desta vez vamos ter uma colaboração mais próxima com as artesãs profissionais e ter alguns trabalhos expos-
sanato e o design feito nos Açores ,além fronteiras;
Este projecto nasce de uma vontade criativa, que
tos.
também algumas participações de criadores Conti-
pretende oferecer aos Açores / Terceira: Design,
A próxima etapa deste projecto é criar e desenvolver
nentais .
ideias, objectos e acessórios únicos, inspirados na
novas peças de Design com a técnicas artesanais
tradição e no Design, levando-nos para um patamar
locais , o designer e o artesão numa partilha de sa-
Vamos estar na sala de exposições da Delegação de
contemporâneo.
beres.
Turismo em Angra, na rua direita 74, de 15 a 30 de
O Projecto Retalho representa Designers, Criadores
Até ao final do ano deve nascer uma plataforma
Junho, das 15h à meia noite durante as Sanjoaninas.
e Artesãos dos Açores e Continente.
virtual , com loja online. Queremos divulgar o arte-
António Gracias
.5 #
86 JUNHO ‘13
Bagatelle a Cair
Era uma vez na Ilha do Faial, na tal ilha
to, que levou a queda deste mesmo,
piso (quase que dava para ver a Amé-
onde nada nunca fez mal…
seguindo-se com a queda do terceiro
rica daí), e muito muito mais!
abandonou o seu sonho. O segundo interessado (um arquitecto) quis com-
Um americano chamado John Bass Da-
andar…eventualmente o segundo e
A casa e jardim encontram-se num es-
prá-la. Mesmo preço, só que desta vez, não incluía uma certa área do terreno
bney ( 1º Cônsul da Embaixada Ameri-
enfim a parte traseira toda ruiu. Esta
tado vergonhoso, muito mal preserva-
cana nos Açores) de origem do Estado
parte Incluía a área dos criados, a sala
do. Enfim, uma grande pena para o que
localizada no fundo do jardim….Aban-
de Virginia. Acompanhado pela família,
de jantar, casas de banho e vários ou-
a “Bagatelle” uma vez foi e serviu em
donou o seu sonho. Enfim os proprie-
gostou da Horta e lá ficou em 1804.
tros quartos.
tempos…
Em 1812, constrói a sua primeira casa,
A parte sul da casa, continua em pé,
tários afirmavam sempre que o valor oferecido era baixo e que preferiam
a “Bagatelle”. Foram mandados vir
mas num estado muito mal conser-
O nome da casa “Bagatelle” surgiu do
mestres carpinteiros dos E.U.A exclu-
vado, basicamente, vê-se luz do dia
facto de tão majestosa casa ser ape-
esperar por uma oferta mais elevada, isto ao mesmo tempo que a casa se ia
sivamente para a construir.
através do chão que pisas… Nesta
nas uma bagatela (bagatelle)…
degradando e perdendo o valor de dia
parte da casa, encontra-se um salão
Actualmente, é alvo de vândalos e
para dia.
Epá, a casa é brutal…é toda senhorial!
de baile (frequentado, entre outras
“exploradores nocturnos”. Os ditos
O Maestro Victorino d’Almeida, da pe-
Com três pisos, a vista a partir do ter-
grandes individualidades, pelo rei
vândalos são uma das principais ra-
núltima vez que visitou a Horta, em Ja-
raço principal (onde o Johnny tomava
D.Pedro de Portugal), uma ampla e
zões (o facto de haver uma grande ne-
neiro de 2007, depois de ter ido pesso-
o pequeno almoço), é espetacular.
iluminada sala de entrada, uma biblio-
gligência da parte dos donos e de ter
almente visitar a casa de família onde
Observa-se a cidade da Horta toda e
teca privada (agora cheia com registos
mais que 200 anos também influencia
tinha chegado a passar férias, afirmou
a majestosa Ilha do Pico. No terreno
e livros dos últimos donos a habitar a
um pouco muito pequenino) para que
que “nos outros países há ruínas, em
encontra-se (agora em estado degra-
casa, a família de Medeiros), uma en-
a mansão se encontre no estado de-
Portugal só há escombros!”, frase bem
dado) a casa dos criados, a garagem,
trada senhorial/sensacional com uma
gradado em que está.
elucidativa da situação.
uma cisterna ligada à casa mestre,
ampla escada e varanda, a cave (ocupa
Há uns anos atrás a casa incluindo
A casa agora encontra-se num estado
completando-se por um jardim (agora
metade da divisão total da casa e está
terreno foi posta à venda. O primei-
que restauração já não é um termo vá-
a selva da Amazónia) de três vastos
cheia de coisas bonitas), no terceiro
ro interessado andava com o sonho
lido. As oportunidades da “Bagatelle”
terraços.
piso encontra-se uma cozinha, uma
de tornar a “Bagatelle” num Hotel/
voltar a ser utilizada/aproveitada/res-
A parte traseira da “Bagatelle”, des-
casa de banho, um quarto de arruma-
Residencial. O Preço? 500.000€. O
peitada faleceram. Está condenada a
truiu-se ao longo de vários anos, o
ções, sete quartos de habitação, o só-
Preço de restauração? Pois, cerca de
ruir pelo tempo.
motivo foi por simples negligência.
tão (cheio de baús de viagem, baratas
outros 500.00€. Basicamente, um
Faial a Cair
Existiam entradas de água no tec-
e pombos), a varanda principal do 3º
investimento ridículo. O interessado
Açores a Cair
Açores a Cair http:// azoresacair . blogspot . pt
Fazendo Cinema
O que é AÇORES A CAIR?
Um espaço digital
Eis um blog para amosar espaços que
sobre espaços reais
têm deixado de exercer a função para
sem uso
que foram pensados e construidos. No Aquipélago dos Açores.
No Arquipélago dos Açores
6. #
86 JUNHO ‘13
O Talento de Jovens Faialenses Fazendo Música
Uma viagem pode ser uma aventura. Principalmen-
conforme planeado. Mas a boa disposição do grupo,
rio Nacional de Lisboa e o aluno Cristóvão Ribeiro um
te quando os protagonistas são jovens. E sobretudo
constituído também por dois professores e três pais,
certificado de participação.
quando colocam o seu empenho e a sua competên-
ou seja, nove pessoas de duas gerações venceu os
Todos ganharam e, embora seja lugar-comum esta
cia no objetivo da viagem.
contratempos e reforçou a motivação.
afirmação, a verdade é que todos tiveram razões
Foi o que aconteceu na recente viagem de alunos
Sim, porque o cansaço e o menor tempo de ensaio
para se orgulharem da prestação que vincou o nome
do ensino artístico (antigo Conservatório) da Esco-
poderiam ter causado estragos na prestação das
do Faial nos Conservatórios e que deu aos alunos a confiança resultante do seu sucesso e a certeza de
la Básica e Integrada António José de Ávila. Aurora
provas. Mas pelo contrário, convergiram numa ima-
Nunes, Cristóvão Ribeiro, Rosa Lopes e Clara Guarini,
gem de trabalho e de disciplina exemplares aliada à
que estamos, sempre que nos propusermos estar,
jovens entre os sete e os treze anos, saíram do Faial
organização da professora Ludmila e do professor
entre os melhores.
com o objetivo de representar a sua Escola nos con-
Marcelo.
A Escola ganhou também consideração por incenti-
cursos de música que decorreram no Conservatório
Não se pode esquecer a importância do papel dos
var a participação nestes eventos e por possibilitar
Nacional de Lisboa e no Conservatório de Música de
pais na conquista dos objetivos propostos, dado que
a evolução das nossas crianças e da nossa realidade colocando-a a par de outras diferentes.
Fátima e Ourém no passado dia 27 de abril.
a educação é uma tarefa tripartida entre pais, pro-
A viagem, que devia ter sido direta e a tempo de
fessores e alunos(as). Neste caso uma tarefa com
Com alegria, felicitamos os(as) participantes e for-
cumprir as horas de descanso necessárias ao bom
esta etapa bem sucedida uma vez que as alunas Au-
mulamos votos para que continuem a investir no
desempenho dos “artistas”, acabou por ter uma
rora Nunes e Clara Guarini arrecadaram o 1º prémio
vosso e nosso desenvolvimento.
paragem técnica na Terceira, devido a avaria do
nas suas categorias no concurso do Conservatório
avião da TAP e a hora de chegada a Lisboa à 01:00
de Música de Fátima e Ourém, a aluna Rosa Lopes
da madrugada de sábado e não às 13:00 de sexta
trouxe o 3º prémio na sua categoria do Conservató-
Sandra Silveira
está no ar
discoverazores.eu
www .
Discover Azores - Descobrir Açores com artistas é
Esta é uma plataforma única e das maiores bases
bricas e entrevistas nos seus programas regulares.
um projeto desenvolvido pela associação Mirate-
de dados artísticas nos Açores. O site já foi visitado
Miratecarts continua a desenvolver oportunidades
carts com sede no Pico.
em computadores de mais de 80 países desde o seu
de apresentação e divulgação não só entre ilhas mas
Centenas de artistas de todas as ilhas do arquipéla-
lançamento oficial.
também internacionalmente. Quanto mais trabalho
go têm participado nesta campanha que teve inicio
se faz, mais é necessário. Na região, um dos projetos
no verão de 2012. Finalmente este site está no ar e
Já em 2013, o projeto Descobrir Açores também lan-
já a serem elaborados é o Azores Fringe Festival, um
oferece mais de 100 páginas com artistas e mais de
çou um concurso para escritores e músicos assim
festival de artes que faz parte de uma rede interna-
300 links que ligam todas as ilhas através de arte e
como um programa de rádio que mensalmente apre-
cional de mais de 250 festivais, assim projectando
cultura.
senta uma cornucópia de talentos e trabalhos rea-
as ilhas e os artistas de uma forma incomparável.
Desde artistas digitais a cinema, música e outras
lizados por açorianos. O programa Rádio Descobrir
áreas de performance, literatura, artistas plásti-
Açores é produzido através da Rádio Pico mas tam-
Passo a passo vamos dando a conhecer ao mundo
cos aos tradicionais que inclui o artesanato, o site
bém é apresentado na França através da Rádio Cul-
estes nove ilhéus no centro do Atlântico. Através
discoverazores.eu oferece uma oportunidade de
tura Lusa e no Canadá através da Rádio Centre-Ville,
da nossa cultura, dos nossos artistas, conseguimos
aprender sobre cada ilha através dos seus artistas.
assim chegando às comunidades mais directamente.
promover a região a um grande mercado que nem
Outras rádios também apresentam algumas das ru-
conhece a nossa existência. Mais investimento direto na promoção internacional dos nossos artistas é necessário para garantir que os Açores não vão desaparecer num mundo de globalização. Terry Costa
.7 #
Sol Baixo
www.vimeo.com/64414314
86 JUNHO ‘13
Fazendo Música
Ainda não se estudou a fundo a presença da cultura árabe nos Açores Sabemos que árabes provenientes do norte de
“há mouro na costa”, por exemplo), na arquitetura
África (os “mouros”, os “berberes”) vieram parar aos
rural (as chaminés da ilha de Santa Maria, de nítida
Açores. A outra é o “Sol Baixo”, tradicional da ilha de Santa Maria:
Açores aquando do povoamento. Tudo leva a crer
influência algarvia) e na toponímia: existe na Acha-
que eles não seriam muitos, mas em número sufi-
dinha, ilha de S. Miguel, um sítio chamado Cova da
ciente para nos deixarem influências a vários níveis.
Moura e, nos Fenais da Ajuda, há um lugar chamado
Na música, por exemplo: as alvoradas, cantadas de
Arrifana. Na ilha Terceira existem a Ribeira do Mouro
E eu hei-de amá-lo baixinho
forma arrastada e monótona pelos foliões, denotam
e a Canada do Mouro.
Só p´ra seguir uma teima” (…)
“Sol baixo, sol baixinho Sol baixinho, também queima
nítidas influências hispano-árabes ou mouriscas.
E, no Cancioneiro dos Açores, para além das referi-
Mas há mais. No Romanceiro dos Açores, recolhido
das alvoradas, a influência árabe está, pelo menos, “Sol Baixo” é uma bela e extraordinária canção que
por Teófilo Braga, temos os Romances Mouriscos,
em duas cantigas. Sobre uma já aqui escrevi – “A
passou ao lado de muitos dos nossos musicólogos
sendo que dois deles, o “Romance do Mouro atraiço-
Bela Aurora”, que começa por ter algumas afinidades
que nem a registaram. Devemos ao malogrado ma-
ado” e “O cativo de Argel”, chegaram até aos nossos
marroquinas, mas ao longo do tempo foi perdendo
riense Mário Mareante a grande divulgação desta
dias por via da oralidade. E também influências na
esse caráter e hoje, pela índole musical em que se
cantiga dentro e fora dos Açores.
fraseologia popular (“trabalhar como um mouro”;
enquadra, poderemos considerar uma canção dos
VictorRui Dores
Concurso Fotográfico
A Melhor Imagem do Azores Fringe
Fazendo Fotografia
De 19 a 30 de Junho 2013, vamos apre-
Fotografe um ou mais eventos do Fes-
O público escolherá as 10 imagens
VAMOS AO FRINGE...
sentar mais de 80 eventos no Azores
tival (sem perturbar os artistas parti-
finalistas, via Internet/facebook, du-
www.azoresfringe.com
Fringe Festival, que inclui progra-
cipantes, claro)...
rante o verão de 2013. As 10 finalistas
Para mais informações, por favor con-
mação fixa nas ilhas do Pico, Faial, S.
Coloque as suas fotos num álbum onli-
serão convertidas em autocolantes,
tate-nos através do info@mirateca.
Miguel e ainda o veleiro itinerante El
ne, por exemplo no facebook, com o tí-
que preencherão o corpo da mascote
com, com o assunto: Concurso Foto-
Chapron que chegará a vários portos
tulo: AZORES FRINGE FESTIVAL 2013.
Atlante (veja exemplos na foto).
gráfico.
Antes de 10 de julho 2013, escolha no
gem vencedora (em setembro 2013) @ artista da imagem vencedora rece-
dos Açores. Queremos a vossa participação, sejam
Um júri internacional escolherá a ima-
amadores ou profissionais. O concurso
máximo 3 imagens preferidas e man-
é aberto a todos os cidadãos portu-
de para o email info@mirateca.com,
be uma viagem ao Canadá para apre-
gueses e a todos os cidadãos estran-
com seu nome, telefone, local de re-
sentar o seu trabalho (cidade e datas
geiros residentes dos Açores.
sidência e link para o álbum com todas
por determinar); assim como o espaço
as suas fotos do Festival.
para exibir o seu trabalho no Azores Fringe Festival 2014.
8. #
86 JUNHO ‘13
Um Filme Sobre o Pão Ponto de Partida
Um Filme em Fase de Montag
A produção de um filme (documentá-
que por sua vez dava sementes de-
O filme ainda não existe, está a ser
rio) sobre o pão na ilha de São Miguel é
formadas e demasiado grandes para
montado. Por isso mesmo prefiro não escrever sobre o filme, mas antes nar-
uma iniciativa do Museu Carlos Macha-
delas se poder fazer farinha.
do, cujo principal objectivo é fazer um
Terra fértil, de onde, depois de alguns
rar algumas cenas filmadas e anotar
levantamento das diferentes formas
anos de trabalho e cultivo, se viria a
algumas impressões das filmagens.
de produção de pão, assim como da
colher bom trigo e em abundância.
Neste momento, o filme está todo
sua importância na sociedade micae-
A partir do último quartel do século
partido em sequências diferentes e a
lense contemporânea.
XV, os Açores, com particular desta-
sua estrutura final ainda não está de-
Desde os primórdios do povoamento
que para a ilha de São Miguel, surgem
finida. É assim que o apresento neste
da ilha que o pão é um alimento central
como o celeiro oficial de provimento
texto.
na alimentação dos seus habitantes.
do reino, das praças de África, da Ma-
O pão é um alimento imprescindível,
deira, entre outras, mantendo este
rico e nutritivo, mas também símbolo
estatuto até meados do século XVII.
“Ordinariamente, qualquer ilha nova
importante numa sociedade de raiz
São Miguel já foi produtora de trigo em
parece um paraíso terreal e é fértil em
católica, como é a sociedade micae-
quantidade suficiente para consumo
tudo, quando d’antes de povoada se deitam n’ela as sementes das cousas
em seus princípios depois de achada,
lense.
interno, assim como para a exporta-
Assim, os cereais, em particular o trigo,
ção.
necessárias à vida humana e lhe dão
estão entre as primeiras culturas ex-
Chegados ao século XXI, dá-se exac-
espaço em que se criem e cresçam e
perimentadas pelos novos habitantes
tamente o inverso: São Miguel não
possam multiplicar para uso e manti-
da ilha. A permanência destes povoa-
produz cereais suficientes para con-
mento dos povoadores vindouros.”
dores num território até então virgem,
sumo interno (no caso do trigo a pro-
Gaspar Frutuoso, Saudades da Terra
Na Calheta há um edifício grande,
dependia em grande parte do sucesso
dução é inexistente), encontrando-se
da cultura do trigo.
numa situação de total dependência
Acabo de vir da lagoa do fogo. Que-
trial da Moaçor.
As primeiras plantações tiveram um
do exterior.
ria filmar a ilha lá de cima, de onde se
Vistos de cima, o navio, a doca e a mo-
resultado surpreendente: o trigo cres-
Podemos viver numa ilha sem produ-
consegue ver o mar dos dois lados, se
agem, formam um pequeno triângulo
ceu de tal forma que o seu caule tinha
zirmos o nosso próprio sustento?
apontarmos para oeste. Para leste,
à entrada da cidade.
o aspecto e a robustez de uma cana,
branco, onde opera a moagem indus-
está a cratera da lagoa que é uma boa
Um dia, ao nascer do sol, a greve ter-
imagem de uma ilha virgem: o “paraíso
minada, o navio entra finalmente na
terreal”.
doca para descarregar o trigo.
Cá em cima fica-se muitas vezes den-
Gruas, pinças e funis gigantes, cami-
tro das nuvens, que cobrem e des-
ões e tapetes rolantes sem fim, ope-
cobrem a paisagem à velocidade do
rados por homens-computador, trans-
vento.
portam o trigo para os celeiros, onde
O sol mostra-nos as cidades, lá em bai-
é armazenado. Um tractor vermelho e
xo. O silo da Moaçor destaca-se, ilumi-
mais alguns botões e alavancas levam
nado. A imagem de uma ilha habitada.
finalmente o trigo para a moagem industrial.
Um navio chega à ilha e ancora em
Lá dentro, o chão de madeira treme
frente da Calheta, em Ponta Delgada.
com as máquinas todas a funcionar e é
Terá que esperar alguns dias para en-
preciso usar tampões nos ouvidos por
trar na doca porque os trabalhadores
causa do barulho.
estão em greve geral, aqui e em todos
O trigo passa de máquina para má-
os portos do país.
quina por dentro de tubos coloridos e
O navio vem de França e traz trigo para São Miguel.
raramente o vemos. É possível ouvi-lo a passar no interior metálico com uma nitidez surpreendente encostando a cara aos tubos; por contacto. São quatro andares de máquinas e alguns
.9 #86 JUNHO ‘13
Fazendo Cinema
gem Não é economicamente viável semear
Um relógio de parede marca o ritmo
milho e muito menos trigo, aqui na ilha.
lento e rigoroso de fazer o pão. Os
Segundo as contas do Carlos, sai mais
tempos das várias etapas do processo
barato comprar o cereal que vem de
são exactos, como é o ritmo e os ges-
fora. “É para esquecer!”, remata.
tos de amassar e tender.
A levada da água também já não é
Enquanto a massa leveda, falamos
mantida como dantes e vai-se degra-
sobre a reprodução da Última Ceia que
dando aos poucos.
está pendurada na parede, e sobre a
A farinha varrida do chão, no fim da
morte.
manhã, era dada aos porcos que se
Falámos muito pouco. Tentei, na me-
criavam em casa. Hoje criam-se menos
dida do possível, não interferir com a
animais em casa e a farinha é atirada
solidão de Conceição.
para a ribeira.
Bebemos café, comemos pão com
Carlos varre o chão enquanto murmu-
queijo e o dia começa.
ra “plástico e mais plástico… dantes não havia nada disso.”
Com a primeira luz, a paisagem começa a desenhar-se nas janelas viradas
“N’esta ilha, tendo os homens, ou cada
a nascente. A esta hora foram já co-
um deles, três ou quatro moios de ter-
zidas algumas centenas de pães nos
ra, só um semeava, ficando os outros
fornos metálicos da padaria da Anto-
trabalhadores a fazer e a embalar fa-
da praia, mas raramente põe o moinho
sem semear; mas aquele só semeado
nieta, na vila das Capelas. O percurso
rinha.
a funcionar, se é que ainda o faz.
lhe dava tanto trigo, que lhe sobejava
de Antonieta tem pontos em comum com o de Conceição mas, ao contrário
Quase de noite, depois de passar algu-
O chão de pedra não treme e o barulho
e se enfadava.”
mas horas dentro da moagem indus-
das pedras é tolerável. Aliás, é através
Gaspar Frutuoso, Saudades da Terra
trial, soube muito bem sair dali, tirar os
do som das pedras que moem o cereal,
desta, Antonieta investiu. A sua padaria emprega vários traba-
tampões e estar em cima do mar.
que o Carlos determina a grossura da
Conceição usa a farinha de milho do
lhadores, na maioria mulheres, que
Estava uma lancha que nunca tinha
farinha que sai. Quanto mais barulho,
Carlos para tender os seus pães de
cozem pão de trigo, de milho, de mis-
visto, ancorada ali em frente.
maior é a velocidade da pedra e mais
trigo. São vizinhos na Ribeira Grande.
tura, massa sovada, biscoitos, etc.,
O céu carregado acabou por desabar à
fina sai a farinha.
Conceição tinha uma padaria aberta
que se encontram à venda em super-
noite, com chuva forte e trovoada.
Apesar de auxiliado por uma ou duas
ao público, que acabou por fechar por
-mercados e mercearias, por toda a
máquinas eléctricas, Carlos opera
não se enquadrar nas novas leis de hi-
ilha.
manualmente duas pedras ao mes-
giene alimentar.
Aqui, como em casa de Conceição,
estão as Lombadas, onde nasce a Ri-
mo tempo encadeando uma série de
Teria sido necessário um grande in-
também os tempos de amassar, leve-
beira Grande - não a cidade, mas a pró-
operações com uma energia impres-
vestimento para poder continuar a
dar, tender e cozer o pão são exactos,
pria ribeira.
sionante! Não parece haver outra
vender pão.
com a diferença de que tudo é feito
Filmei lá uma parte do ciclo da água. A
forma de fazer farinha ali; a partir do
Agora, coze o seu pão em casa para
em simultâneo e com a ajuda de algu-
água do ponto de vista do “paraíso ter-
momento em que as pedras começam
a família e amigos, que contribuem à
mas máquinas.
real (…) fértil em tudo” e também como
a moer, não há tempo a perder.
medida da sua disponibilidade.
Uma das padeiras canta alegres har-
fonte de energia para fazer operar os
Na Moaçor são necessários quatro an-
Começa a fazer a massa às duas e
monias pop, sobre o ritmo repetitivo do trabalho.
Para norte-nordeste da lagoa do fogo
moinhos da cidade da Ribeira Grande.
dares de máquinas para fazer farinha,
meia da manhã para tirar a primeira
A ribeira é desviada para uma levada
enquanto que aqui, todo o engenho
fornada às seis e meia. Todo o proces-
que canaliza a água, fazendo-a passar
cabe num plano fixo, aberto. Tecnolo-
so é manual e o pão é cozido num forno aquecido a lenha.
pelos moinhos com a pressão sufi-
gia extraordinária!
ciente para os pôr a funcionar.
Aqui só se faz farinha de milho, todo
Já cá em baixo, na cidade, Carlos é o úl-
ele importado da Europa e dos Esta-
timo moleiro a fazer farinha num moi-
dos Unidos da América.
nho de água, na Ribeira Grande. Parece que há mais um moleiro perto
André Laranjinha
10. #
86 JUNHO ‘13
A PENA no Azores Fringe Festival
Plataforma de Escrita Nova Açoriana
Fazendo Fringe
A Plataforma de Escrita Nova Açoriana é constituída
meiro livro, também de poesia, intitulado “Invictas
de tudo isso, durante o tempo em que decorrerá o
por um grupo de escritores e amantes das letras que
Brotassem”. Além disso, irá representar o projecto
Azores Fringe Festival, os micaelenses poderão vi-
têm um objectivo em comum: levar a escrita e os au-
EscreVIVER (n) os Açores, realizando vários ateliês
sitar uma exposição de variadas artes na cidade de
tores açorianos mais longe.
de escrita criativa.
Ponta Delgada. Teremos desde pintura a fotografia,
Foi, portanto, neste sentido que aquele projecto
Por terras micaelenses as actividades vão percorrer
a ilustrações, etc.
resolveu integrar as actividades do Azores Fringe
três dos concelhos da ilha no Sábado, dia 22 de Ju-
Por motivos alheios à organização, as actividades
Festival, organizado pela MiratecArts, que decorre
nho de 2013. Em Ponta Delgada poderemos contar
agendadas para Ponta Delgada decorrerão no Ate-
na ilha do Pico, Faial e na de São Miguel de 19 a 29
com workshops de escrita e de poesia. Na Ribeira
neu Criativo, em Ponta Delgada, e não na Academia
de Junho de 2013. Assim sendo, teremos no Pico dois
Grande as crianças terão um momento para serem
das Artes dos Açores, também em Ponta Delgada,
elementos da PENA nas actividades do Pico. Pedro
pequenos grandes escritores e o humor e a ficção
como anteriormente estava previsto.
Paulo Câmara, professor e escritor, irá apresentar
irão sentar-se à mesa numa conversa aberta para
Este será um evento dedicado à arte pela arte, que
o seu novo livro de poesia, de nome “Saliências”. O
todos os interessados. Já o concelho da Lagoa irá
pretende unicamente levar a arte (seja ela qual for) mais longe.
livro tem a chancela da Pastelaria Studios Editora. O
acolher uma hora do conto. Para finalizar as activida-
outro membro que nos vai representar na ilha mon-
des, decorrerá uma tertúlia com todos os membros
tanha é a Carolina Cordeiro, escritora e também pro-
da PENA, em Ponta Delgada, na qual poderemos
fessora. Esta jovem micaelense irá falar do seu pri-
contar com a nossa tradicional Viola da Terra. Além
Patrícia Carreiro
Sinais da Ilha e de Mim Gargalos Clubes
Fazendo Literatura
Um destes dias, na estação dos CTT das Lajes do
Na Fundação José Saramago, pomposamente ins-
Pico, um senhor, que daqui a pouco mais de um mês
talada na Casa dos Bicos, em Lisboa, lançamento de
fará 87 anos, segundo proclamou, dizia-se orgulho-
um livro. Cheguei uns minutos atrasado mas uma
so do «seu tempo que é que era», enquanto uma
menina simpática conseguiu parquear-me num can-
senhora, uns trinta anos mais nova, acenava que
to escuro – esqueci-me de lhe dar a gorja. Já antes de
sim senhora com a cabeça, «agora passam-se coi-
entrar, ouvira risos largos da assistência, numerosa.
sas aí pelos caminhos que se fossem no meu tempo
Na mesa do evento, o apresentador e o autor, lade-
apertavam-lhe mas era os gargalos!», e a senhora
ando uma executiva literária-loura-falsa, contavam
que sim senhora, e o filho adolescente da senhora
piadolas e anedotas “com barbas”. Risos, muitos.
que também pois era assim mesmo, «olhe que no
Perguntei ao vizinho quem organizava a rambóia e
outro dia até me disseram que eu só com a 4ª classe
ele começou «clube de…», mas não terminou, su-
sei mais de contas do que estes malandros que ago-
focado por uma estrondosa e profunda gargalhada,
ra têm o liceu todo ele agora é tudo computadores»,
provocada por um dito espirituoso do autor. Fiquem
e a senhora que sim senhora é assim mesmo tal e
sem saber que literatura era aquela, se o era, e quem
qual. Atrás de mim, o André segredou-me que na-
organizava o gracejo.
quele tempo do senhor de 87 anos se sabia à brava de informática. E eu calado, à procura do meu tempo.
Herança
Impérios
Monstro
A cinquenta metros da minha casa a vila continua
Na Feira do Livro de Lisboa dois impérios do gosto:
O Almirante, Serra da Estrela com 11 anos, o nosso
a crescer em cimento armado e asfalto, caminhos
a Leya e a Porto Editora. Passamos por túneis, com
querido monstro, morreu. Estávamos em Lisboa
bordejados por envergonhadas tiras de relva e au-
seguranças e caixas registadoras à espera de en-
quando ele se foi, por isso a tristeza foi maior. Ficá-
tomóveis estacionados, depois de dizimadas as ár-
golir o nosso dinheiro, gasto em saldos cegos. Es-
mos menos tudo.
vores antigas. Dizem que é o progresso, o desenvol-
tonteamos. Do outro lado da alameda do Parque, os
vimento.
resistentes alfarrabistas e editores independentes. Respiramos.
Carlos Alberto Machado
.11 #
Montra de Ler Roberto de Mesquita
Manuel Tomás
Quando os Almas Cativas Picolândia Bobos Uivam e poemas dispersos Onésimo Teotónio Pereira
Edição: Companhia das Ilhas, 2012 (48
páginas)
Os textos de Picolândia foram retira-
Edição: Clube do Autor, 2013 (200 pá-
dos de uma rubrica intitulada de Últi-
ginas)
Dois anos depois de publicar a antologia Onésimo – Português Sem Filtro, Onésimo T. Almeida volta a publicar, pela mesma editora, desta vez Quando os Bobos Uivam. «Fogo, espionagem e outros mistérios q.b. são alguns dos ingredientes do novo livro do grande contador de estórias que é Onésimo Teotónio Almeida. E também há presidentes e ex-presidentes da República, poetas, escritores e pensadores, tudo entretecido em conversas com textos clássicos e reflexões oportunas. Quando os Bobos Uivam compõe-se de quatro estórias mirabolantes de realismo magicamente real a demonstrar que a arte, muitas vezes, não vai além da imagem pálida que a vida é capaz de inventar.» (da editora)
Prólogo e organização de Carlos Bessa. Edição: Câmara Municipal das Lajes do Pico, colecção Biblioteca Açoriana (direcção de Urbano Bettencourt e Carlos Alberto Machado), 2007 (200 páginas) Roberto de Mesquita nasceu a 19 de Junho de 1871, na ilha das Flores, lugar onde viveu quase ininterruptamente. Os Açores foram a sua pátria: fez estudos na Terceira e no Faial e trabalhou alguns anos no Pico e no Corvo, na condição de funcionário da Fazenda Pública. Do arquipélago apenas saiu uma vez, em 1904, tendo-se deslocado a algumas cidades de Portugal continental. Casou, mas não teve filhos. Levou uma vida de isolamento,
ma Coluna, publicada, precisamente, na última coluna da última página do
semanário Ilha Maior (entre 2005 e 2011). O título do livro foi repescado de uma outra rubrica, há muitos anos, mantida em O Telégrafo. «Há muito e há muitos que discutem a oportunidade de se publicar um livro de crónicas, porque podem elas perder actualidade. Aceito, mas julgo que, em livro, elas assumem um novo sentido e podem fazer lembrar um momento, um acontecimento, uma ideia do que é viável ou do que é inviável e, em qualquer caso, com alguma ironia e riso à mistura ajudar à escolha ou rejeição entre a razão e a tolice, como diria Eça de Queirós.» (Manuel Tomás, nota de abertura).
86 JUNHO ‘13
Fazendo Literatura
Carlos Alberto Machado
Hipopótamos em Delagoa Bay com fotografias de Jorge Aguiar Oliveira. Edição: abysmo, 2013 (292 páginas) «Hipopótamos em Delagoa Bay é um tratado de cobardia sem mestre. Um ajuste de contas com a traição. Um inventário de escombros. Um elucidário de sonhos. Um jogo de memórias. Um ordálio. Uma expiação. Política. Corpos. Paixão. Linguagem. No século XVIII, em Moçambique, a coroa austríaca instaura uma feitoria em Delagoa Bay – o nome inglês para a baía de Lourenço Marques, ou do Espírito Santo. Um século e meio depois, uma família alentejana, que teve nessa feitoria um antepassado, traficante de marfim, chega a Lourenço Marques, na altura em que Portugal
temperada pela leitura, pela música
começava a construir um país, outro
(foi primeiro-clarinete na Filarmónica
país. Hermínio Quaresma, o último re-
União Musical Florentina), pelos afa-
presentante dessa família, chega até
zeres do emprego. Morreu no dia 31
aos nossos dias atravessando a revo-
de Dezembro de 1923, a recitar versos
lução portuguesa e a independência
de simbolistas franceses e de poetas
moçambicana.
lusos.
pessoal que atravessa tempos e luga-
Uma
peregrinação
Em vida, não publicou senão meia dú-
res, os das revoluções, dos encontros
zia de poemas em jornais e revistas. O
e desencontros amorosos. A fazer e a
livro, Almas Cativas, seria editado oito
desfazer estórias e a História.
anos depois da sua morte, em 1931.
Hipopótamos em Delagoa Bay é ro-
Uma edição modesta, de tiragem re-
mance de tudo isto. Sempre atraves-
duzida que parecia votada ao silêncio,
sado por uma dúvida: «houve aqui al-
não fora Vitorino Nemésio ter encon-
guém que se enganou»?» (da editora)
trado aí «uma tristeza emotiva, quasi
Carlos Alberto Machado nasceu em
climatérica, que aflora uma alma en-
Lisboa em 1954 e está radicado nas
torpecida pela humidade dos Açores».
Lajes, ilha do Pico, desde 2005.
A segunda edição, revista e aumentada, sairia várias décadas depois, em 1973. Roberto de Mesquita, como Cesário Verde e Camilo Pessanha tudo viveu interiormente. Como eles e António Nobre, foi autor de um livro só. (Carlos Bessa, da edição)
Companhia das Ilhas
12. #
86 JUNHO ‘13
Nós Apoiamos a Cultura Fazendo Publicidade
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.13 #
Peca-se no MAH!
Sete Pecados Sociais - Carly Swenson
86 JUNHO ‘13
Comércio sem Moralidade II, 2010
Fazendo Artes Plásticas
Cativante, insidiosa, a beleza instala-se, domina,
ção sem Sacrifício e Ciência sem Humanidade.
voo e, mais que aberto, o livro está esgarçado, es-
compele e redime. Como as mulheres. Não talvez
Dramaticamente belas ou chocantemente perver-
ventrado de páginas. Resta apenas a lombada carim-
como todas as mulheres, mas certamente como
sas, as obras de Carly Swenson são intrigantes e
bada: “state book”. Na base do quadro, outros tantos
Sophia de Mello Breyner, decididamente como Carly
subtilmente provocatórias. Perspetivadas como
livros, “Boys Books”,”What a Girl can Make and Do”:
Swenson. Belas mulheres, poeta e artista, irmanam-
exercícios de crítica, combinam ícones clássicos, “malhas que o império tece“ aos “menino(s) de sua
-se também pela sua Poética caraterizada por uma
imagens conceptuais e objetos de uso comum, de
comum rendição ante o real, por um mesmo compro-
forma a promover uma tomada de consciência de
Uma outra tela, uma daquelas em que a mensagem
metimento com o social.
persistentes fatores de injustiça no mundo contem-
é mais direta, aborda a Política sem Princípios: bo-
mãe”.
porâneo.
necos de plástico lívidos perfilham-se lado a lado,
gicamente levado a ver o espantoso sofrimento do
A pluralidade de técnicas e a multiplicidade de ma-
amortalhados sob uma bandeira americana cruzada de pensos rápidos. Noutra ainda, fósforos queima-
“Aquele que vê o espantoso esplendor do mundo é lomundo. “ — diz Sophia e se Sophia dispensa que se
teriais associam-se à exuberância cromática e à in-
diga mais de si, sobre Carly Swenson apetece dizer
terseção de texturas para as tornar imediatamente
dos escadeiam harmonicamente azul celeste acima
umas quantas coisas mais.
apelativas. Forçam o olhar e desconcertam pela for-
e há pássaros, mulheres elegantes e Alices. Mas os pássaros ostentam letreiros “sold” e todas as ma-
Natural do Havre, Montana, casada com um militar
ma como literalmente acumulam referências, cons-
americano estacionado na Base da Lajes, esta jo-
truindo-se à maneira de palimpsestos que cruzam o
ravilhas sucumbem face à dominância dos relógios
vem americana residente na Terceira tem também
intimismo surrealista com a estridência berrante da
alados que escaveira rostos e mantém dobradas as
a capacidade de se comover face ao esplendor do
pop art.
costas da ceifeira de Courbet: “Comércio sem Mora-
mundo e de igualmente se indignar face ao mal que
A primeira impressão é de caos. Contudo, quando os
lidade”.
nele grassa.
imperativos da lógica cedem à dimensão alegórica, o
Esta é pois arte do “tempo dividido”, da “selva mais
Sete Pecados Sociais: Seven Social Sins, exposição
absurdo estala face à dilatação dos significados sub-
obscura”
patente desde 23 de fevereiro e até 9 de junho, na
jacentes à teia intricada de imagens.
sada de amargura” “em que os homens renunciam”.
“da noite densa/pesada de chacais/ Pe-
Sala Dacosta do Museu de Angra do Heroísmo, in-
Num dos quadros mais belos, que tematiza a des-
Mas esta é também uma arte luminosa. Como o
corpora 7x3 telas da sua autoria, inspiradas nos sete
virtuação do conhecimento, andorinhas esvoaçam
pecado, atrai e repele… Como a beleza, humaniza,
pecados capitais que Gandhi responsabilizou pelas
para fora de um livro aberto, numa aparente revo-
comove, incita. Vale, pois, a pena visitar o Museu de
desgraças sociais: Prazer sem Consciência, Política
ada primaveril que polvilha de florzinhas amarelas
Angra do Heroísmo e apreciar o quão bem se peca na
sem Princípios, Riqueza sem Trabalho, Conhecimen-
o mapa mundi. Mas estão amarradas as andorinhas.
Sala Dacosta.
to sem Sabedoria, Comércio sem Moralidade, Adora-
Fios negros tarjam-lhe os corpos e coartam-lhes o
Ana Lúcia Almeida
Há no meio do mar uma terra sagrada
Fazendo Terceirenses
‘Há no meio do mar uma terra sagra-
odores e cócegas, e um jeito próprio
como esta ilha se comprime em beijo
pingar em mim sua saliva. Estava en-
da’, disse Virgílio. Motivos tenho eu
de se fortalecer com o vento. Não sei
e se abre em riso, não temo em afirmar
tão na Garganta da Terra. Fui digerida.
para crer que há muitas. O mar divini-
precisar se o Arquipélago dos Açores é
que estamos na boca. Quando cheguei
Digeriu-se-me a nacionalidade, o tro-
fica seus torrões. Mostra disso é que
ele todo formado por partes do corpo
aqui era uma estrangeira, verde-e-
picalismo, tornei-me esta mistura de
qualquer ilha é um pedaço de corpo
de uma mesma sereia, ou se é um car- -amarela, como tantas outras pessoas
samba e chamarrita. Quando a sereia
de sereia à mostra. Metade da face,
dume delas, se por cardume se puder
que aqui vieram ter. Dispus-me a an-
me regurgitou à superfície, já eu era
um seio, um nariz, uma cauda. Nós,
tratar. Como também não sei dizer que
dar léguas pelos carnudos lábios ver-
dos Açores. Sofrera o nascimento de
que habitamos as ilhas, lhes confe-
parte do corpo cada uma das nossas
des até encontrar a caverna de uma
um segundo parto. E digo mais, desta
rimos pele, olhos e nervos. Conferi-
ilhas expõe. Mas por viver na Terceira
boca muito aberta. Desci pelos dentes
terra sagrada eu não parto jamais.
mos aquela capacidade de adivinhar
há meia década, e por sentir a forma
do Algar do Carvão, um a um, e senti
Bianca Mendes
14. #
86 JUNHO ‘13
Fringe
Porquê participar? João da Ilha músico
Pedro Paulo Câmara escritor
O Fringe é único! Sei-o bem porque tive a oportuni-
Arte... artistas... cultura: Fringe. “No princípio era o
dade de participar no Edinburgh Festival Fringe em
Verbo” e arte, claro! A arte não existe para ser ques-
2006, como membro de uma equipa técnica de uma
tionada ou traduzida, ela é, por si própria, a tradução
companhia de teatro lisboeta, e foi uma experiên-
da alma do artista, exposta à mercê do olhar dos
cia maravilhosa com a possibilidade não só de fazer
demais. Participar num Festival Fringe, e particu-
Carolina Cordeiro escritora
parte dos bastidores de um dos maiores festivais de
larmente no Azores Fringe Festival, é despojar-se
artes no mundo, como também de assistir a alguns
de receios e encarar de frente os moinhos rigorosos
nas mais um. É um que abarca todos: todas as pesso-
dos espectáculos mais interessantes e mágicos
de uma era que assenta numa crise de valores, de
as, todos os conceitos, todos os motivos para fazer
Verão. Festivais. Mais festivais. Mas este não é ape-
da minha vida, na mítica cidade que deu origem ao
verbas ou de vontades próprias. Participar no Fes-
nascer nas ilhas, ainda mais, a consciência de que
conceito Fringe! E sendo o Fringe, mágico, excepcio-
tival é lançar-se à aventura e contribuir, mesmo que
fazendo é que lá se chega. O Fringe traz, de tudo um
nal, e um verdadeiro “mar” aberto a todas as artes,
levemente, para um mundo mais esclarecido, mais
pouco. De todos nós - do mundo, um espetáculo a
alcançando o mais possível todas as “margens”, não
sorridente e mais rico. A partilha enriquece o EU e o
ser visto, lido e ouvido. É orgulho, é prazer, é diversão, é conhecimento, é cultura. Por isso estou lá - no
teria melhor lugar para acontecer do que nos Açores
OUTRO e esta é uma oportunidade de ouro para se
- Ilhas cheias de magia e carregadas de arte, que por
crescer como indivíduo e como artista. Já Leonardo
Pico - e estou cá - em S. Miguel. Mas outros estarão
vezes também é deixada na “margem”, ou por outras
da Vinci sugeria que “A arte diz o indizível; exprime o
noutros locais, de braços abertos para partilharem,
palavras na “franja” de uma suposta arte “maior”.
inexprimível; traduz o intraduzível”. A arte é sagrada
convosco, a sensação encantadora de participar
Que venha o Azores Fringe Festival!
e consagra.
num festival de culturas açoriana e mundial.
Mara Bettencourt música
Sonasfly música
Comendador. Manuel Azevedo
escritora
Festival é algo muito enriquecedor, não só a nível
Desafio e aprendizagem - é o meu lema de vida! Cada
Quem poderia imaginar o festival internacional Frin-
artístico como também cultural. É um Festival dinâ-
nova experiência é uma evolução pessoal e, conse-
ge nos Açores, no Pico, minha terra natal, no meio do Oceano Atlântico? Terry Costa podia, sua imagi-
Ter a oportunidade de participar no Azores Fringe
mico, eclético e único!
quentemente, profissional. Conhecer novos artis-
Artistas locais como também internacionais viajam
tas; sair da minha zona de conforto; trocar ideias e
nação não tem limites, e agora a sua visão está se
para mostrarem os seus belos talentos e socializa-
opiniões, são as minhas ferramentas de trabalho.
tornando realidade. Tenho a honra e humildade de fazer parte dela.
rem com artistas de várias áreas. Uma das grandes
É mais forte do que eu! Por isso apostei na primei-
vantagens do Azores Fringe Festival é a de poder co-
ra edição do Azores Fringe Festival (porque quero
O mundo precisa desesperadamente de mais imagi-
nhecer o paradisíaco arquipélago dos Açores, o que é
fazer parte desta história). A iniciativa foi recebida
nação. Imaginação é a chave para uma vida plena e
uma experiencia encantadora.
com entusiasmo e, não demorei mais de 1 segundo
feliz, sem ela apenas existimos. Intolerância de qual-
Apesar de actualmente residir nos E.U.A, tenho
para perceber que esta oportunidade não poderia
quer tipo é o inimigo da imaginação, nunca devemos
imenso orgulho em ser Açoriana e de poder parti-
ser desperdiçada. Estou empolgadíssima com a ex-
permitir novamente intolerância a enraizar-se no
cipar num festival que abrirá portas ao desenvolvi-
pectativa de participar em mais um evento mundial
nosso cantinho do paraíso. Viva o Fringe nos Açores!
mento artístico Açoriano. Este ano vou actuar a solo, - mas que agora acontece mesmo ao lado da minha mas para o ano vou incentivar todos os membros da
casa!
minha banda e outros artistas com quem trabalho a participarem neste grande evento!
Duarte Neves
16anos
Este Festival será de grande importância para nós açorianos, pois devido à nossa insularidade e isolamento da Europa continental, não temos muitos eventos culturais, muito menos de tão grande dimensão como é o caso deste. Mas, para além de ser importante para mim na qualidade de açoriano, é bastante importante para mim na qualidade de (tentativa de) artista, pois é a primeira hipótese que tenho de expor as minhas obras, que são pequenos desenhos “surrealistas”, desenhados com esferográfica.
Parabéns Terry.
.15 86 JUNHO ‘13
Entrevista com o Morcego Renato Goulart
Fazendo Entrevista
O que é que pequeno-almoçaste?
Porque ainda não é a altura de os co-
Fruta, água e suplemetos naturais.
locar em prática, uns por razões pessoais e outros por razões financeiras.
Se o Conde Drácula viesse cá às ilhas onde o levarias?
O que é que mais odeias na inter-
Montanha do Pico.
net?
Qual é a semelhança entre o Pico e
ou seja “falsas identidades”.
Pessoas que se fazem passar por outras, o Faial? Nenhuma.
Que forma de arte é que te aguça os caninos?
Se não gostas de chuva o que é que
Escultura.
estás aqui a fazer? “Nome”
Gosto muito da chuva, por isso não te-
O que é que gostavas de ter nasci-
nho esse problema.
do?
Renato Goulart “Idade” 40 anos
Se não fosse ser humano, gostaria Na escola que outra “disciplina”
de ter nascido “cavalo”, um misto de
deveria ser obrigatória?
elegância, força, beleza, velocidade.
Inglês. Gostavas de ir morrer longe?
“Profissão” Guia Interprete
Porque é que tens alguns projec-
Opção da morte não me assusta, por
tos na gaveta?
isso longe ou perto, é irrelevante.
Gatafunhos
Tomás Melo
Horários
Índice Fazendo Editorial
.2
86
.2
Horta — Madalena 7h30 10h30 13h15 15h15 17h15
Fazendo Fringe Welcome to Azores
.3
Fringe Festival Fazendo Pintura Sabine Gieshoff
.4
Fazendo Design Projecto Retalho
.4
Madalena — Horta Fazendo a Cair
8h15 11h15 14h00 16h00 18h00
Faial a Cair
.5
Fazendo a Cair Açores a Cair
.5
Fazendo Música O Talento de Jovens Cedros — Horta
Horta — Cedros
P. Norte — Horta
Horta — P. Norte
7h00; 12h45; 16h00;
11h45; 15h20 (Hospital);
7h00; 12h45;
11h45; 17h30;
Sábados: 8h00
18h15;
Sábados: 8h00
Sábados: 13h15
Sábados: 13h15
.6
Faialenses Está no Ar Discover Azores
.6
Fazendo Música Sol Baixo Piedade — S. Roque — Madalena
Madalena — S. Roque
Piedade — Lajes
Madalena — Lajes
— Piedade
— Madalena
— Piedade
6h15; 13h30;
10h00; 17h45;
5h45; 12h55;
10h00; 17h45;
Domingos e feriados: 13h15
Domingos e feriados: 9h30
Domingos e feriados: 12h55
Domingos e feriados: 9h30
.7
Fazendo Fotografia Concurso
.7
Fazendo Cinema Um Filme sobre
.8
o Pão
Para o bem de todos nós e para o bem dos Açores
Fazendo Literatura
Circule de Bicicleta
PENA
.10
Fazendo Literatura Sinais da Ilha e de
.10
Mim Fazendo Literatura Mulher de Livros
.11
Fazendo Artes Plásticas Peca-se no MAH
.13
Fazendo Terceirenses Há no Meio do Mar
.13
uma Terra Sagrada Fazendo Fringe Porquê Participar?
.14
Fazendo Entrevista
vai.se.fazendo@gmail.com www.fazendofazendo.blogspot.com
Com o Morcego
.15
Gatafunhos
.15