FCA Unicamp - Abre Aspas Nº 13

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FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS

ABRE ASPAS UNICAMP LIMEIRA Nº 13 § ago/set 2017

alunos da ‘eixo’ discutem modernização da gestão pública

cultivando hortas, amizades e autonomia projeto da Enactus amplia parcerias com agricultores de Limeira

#pesquisaempauta o objeto da pesquisa em diferentes perspectivas

DE LIMEIRA PARA ZURIQUE egresso de engenharia de manufatura desenvolve doutorado na ETHZ


Universidade Estadual de Campinas Reitor Prof. Dr. Marcelo Knobel Coordenadora Geral da Universidade Profa. Dra. Teresa Dib Zambon Atvars

Diretor Associado FCA Unicamp Prof. Dr. Márcio Alberto Torsoni

Diretor FCA Unicamp Prof. Dr. Álvaro de Oliveira D'Antona

Assistente Técnico da Unidade FCA Unicamp Flávio Batista Ferreira


FACULDADE DE CIร NCIAS APLICADAS

ABRE ASPAS UNICAMP LIMEIRA

Nยบ 13 ยง agosto/setembro 2017


Editorial A 13ª edição do Abre Aspas traz como destaque uma matéria sobre o aluno Erik Poloni, egresso do curso de Engenharia de Manufatura e atualmente desenvolvendo pesquisa de doutoramento na tradicional Escola Politécnica de Zurique, na Suíça. A série ‘Egressos da FCA Unicamp’ tem como objetivo resgatar memórias e conhecer quem são e o que fazem os profissionais que se formaram na Faculdade, já que eles também são parte da história e da identidade da FCA. Temos ainda uma matéria sobre a Eixo Público, organização estudantil fundada em 2016 por alunos do curso de Administração Pública. São vários os projetos que vêm sendo desenvolvidos pelos alunos, em Limeira e região, e um dos objetivos do grupo é informar as pessoas sobre o que é e como funciona esta graduação e, além disso, quais as possíveis áreas de atuação do profissional em gestão pública. Além disso, temos professores, funcionários e alunos negros da Faculdade expressando suas opiniões sobre a importância da aprovação do sistema de cotas pela Unicamp; um texto do aluno Fernando Pellegrini sobre sua pesquisa de mestrado, orientada pelo Prof. André Sica, do curso de Administração; novidades sobre o Projeto Cultivando Hortas, da Enactus, destaque na edição passada; e o já tradicional FCA na Mídia, pequena ‘prestação de contas’ das atividades da assessoria de imprensa da Faculdade. Divirtam-se! Cristiane Kämpf Assessoria de Comunicação FCA Unicamp

Expediente A revista eletrônica FCA Abre Aspas é uma publicação bimestral da Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp, em Limeira. Nº 13 – agosto/setembro 2017 Elaboração, produção e edição Cristiane Kämpf – MTB 43.669 Assessoria de Comunicação e Imprensa, FCA Unicamp Projeto gráfico e diagramação Maurício Marcelo | Tikinet



Já assistiu o vídeo institucional da Faculdade, com a participação de docentes, alunos e funcionários? Não perca! Está bastante interessante e já foi assistido mais de 10.800 vezes até o momento. Clique na imagem e confira!

Em 24 de agosto a Diretoria da Faculdade divulgou o Informe 04/2017, sobre a substituição de lâmpadas do estacionamento, dos acessos e dos entornos dos prédios. Todas as lâmpadas foram substituídas e a iluminação normal restabelecida. Confira aqui.


ÍNDICE

DE LIMEIRA PARA ZURIQUE

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EGRESSO DE ENGENHARIA DE MANUFATURA DESENVOLVE DOUTORADO NA ETHZ

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ALUNOS DA ‘EIXO’

DISCUTEM MODERNIZAÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA

CULTIVANDO HORTAS, AMIZADES E AUTONOMIA

PROJETO DA ENACTUS AMPLIA PARCERIAS COM AGRICULTORES DE LIMEIRA

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RETRATOS DO BIMESTRE

NOSSA HISTÓRIA COTIDIANA EM IMAGENS

#PESQUISAEMPAUTA

O OBJETO DA PESQUISA EM DIFERENTES PERSPECTIVAS

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COTAS NA UNICAMP

OPINIÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA APROVAÇÃO DO SISTEMA DE COTAS

FCA NA MÍDIA

DIVULGAR PRA QUÊ?

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Quem são e o que fazem os profissionais que se formaram na Faculdade? Quais suas opiniões sobre a formação que receberam e que dicas dariam para os atuais alunos? Quais suas melhores lembranças dos anos que passaram na FCA?

EGRESSOS DA FCA

A SÉRIE ‘EGRESSOS DA FCA’ DÁ VOZ A EX-ALUNOS QUE FAZEM PARTE DA HISTÓRIA DA INSTITUIÇÃO E, MESMO FORA DAS SALAS DE AULA, AJUDAM A CONSTRUIR A IDENTIDADE DA FACULDADE.



EGRESSOS DA FCA

DE LIMEIRA PARA ZURIQUE EGRESSO DE ENGENHARIA DE MANUFATURA DESENVOLVE DOUTORADO NA ETHZ

Erik (de moletom cinza) com o grupo internacional que participou de curso de verão no Centro de Cerâmica Estrutural Avançada, em setembro/2017, no Imperial College/Londres.

E

rik Poloni, 24, formou-se em Engenharia de Manufatura no final de 2015 e, naquele mesmo ano, embarcou para o Instituto Federal de Tecnologia de Zürich (ETHZ), na Suíça, para desenvolver o doutorado. A instituição, fundada em 1854, é considerada uma das melhores do mundo no ramo de engenharia e tecnologia: vinte e um de seus professores e alunos já foram laureados com o Prêmio Nobel, sendo o mais famoso deles o físico Albert Einstein. O projeto de pesquisa do aluno, intitulado Design and Manufacturing of Heterogeneous Photonic Composites for Aerospace Applications, é feito em colaboração com a NASA, a agência espacial norte-americana, na área de Ciência dos Materiais e consiste em elaborar um melhor escudo de calor para veículos espaciais. Estes veículos são expostos a condições extremas durante reentradas atmosféricas, quando viajam a velocidades de até 45.000 km/h, podendo atingir temperaturas de 3000 °C. A proteção existente atualmente negligencia grande parte

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do fluxo de calor que atinge os veículos, fator limitante para aterrissagens planetárias de grandes cargas. Erik acredita que as oportunidades oferecidas pela Universidade durante a graduação foram as responsáveis por levá-lo à instituição suíça. “Foram as oportunidades proporcionadas pela Unicamp que me permitiram estar aqui hoje, ter feito o duplo diploma na França, em Paris, e ter, durante esse tempo todo, recebido e compartilhado conhecimento – algo que, quanto mais se divide, mais se tem. Gostaria de agradecer os professores e amigos do curso de Engenharia de Manufatura, com quem aprendi e convivi durante os anos da graduação”. Ele fez iniciação científica por dois anos no IMECC - Unicamp pelo programa PICME da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas e por mais um semestre no CPMMA - Centro de Pesquisa de Manufatura de Materiais Avançados, coordenado pelos professores Wislei Osório e Ausdinir Bortolozo e

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EGRESSOS DA FCA

Com o Presidente da República da França e reitores das universidades estaduais brasileiras na Semana da América Latina e do Caribe na França de 2014

do qual participam vários outros docentes das Engenharias, e diz que, com certeza, a inspiração dada por muitos desses professores abriu as portas para o doutorado que desenvolve hoje. Mas a formação de Erik não ocorreu somente dentro das salas de aulas e dos laboratórios – ela se deu em vários outros espaços da Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp.

A FCA é uma das faculdades mais abertas a novas ideias no estado de São Paulo

O engenheiro de manufatura também foi nove vezes monitor oficial e extraoficial de disciplinas na graduação e professor no cursinho pré-vestibular Colmeia, experiências que o permitiram “atestar a importância do processo de aprendizado e o impacto que isso pode ter na vida de alguém”. Ele também realizou dois anos de intercâmbio na França e completou duas

graduações, obtendo um duplo-diploma: o de Engenharia de Manufatura na Unicamp e o Diplôme d’Ingénieur da École Centrale Paris; fez 22 créditos extra-curriculares e, segundo ele, passou “muito, mas muito tempo dedicado a explicar e aprender as mais diversas coisas durante o dia, de madrugada, na biblioteca, no predinho, na cantina, por Facebook, em repúblicas, em sala de aula e no Centro Comunitário do Morro Azul durante os seis anos em que a DAC me reconheceu como aluno da Unicamp”. Sobre sua atuação no CAMP - Centro Acadêmico de Manufatura e Produção, do qual foi um dos fundadores e onde exerceu, por seis meses, a função de diretor geral, o aluno egresso conta que o processo de refletir sobre o papel da organização desde o esboço do estatuto até a implantação das primeiras atuações, “foi uma experiência valiosíssima sobre o processo de articular e representar pessoas de maneira formal, o que será muito útil para minha vida, já que pretendo fazer a mesma coisa em maiores escalas”.

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EGRESSOS DA FCA A FCA, em sua opinião, é uma das faculdades mais abertas a novas ideias no estado de São Paulo. Tal abertura, segundo ele, assim como o incentivo à interdisciplinaridade, o caráter humanístico das disciplinas oferecidas pelo Núcleo Comum e a própria estrutura não-departamental da Faculdade, oferecem oportunidades para uma formação singular. “Sobram oportunidades. A vida associativa dos alunos se reinventa todo dia, os programas de pós começam a se estruturar e a infraestrutura oscila de maneira crescente. É um lugar cada vez melhor para se frequentar, inclusive para a comunidade ao redor do campus”. Assim que chegou na ETHZ, Erik teve que explicar para o coordenador do seu projeto com a NASA de que forma o curso de engenharia de manufatura incluía os conhecimentos de química e física que seriam necessários durante os trabalhos. “Tive que esclarecer para todos eles os conhecimentos que o curso abrange e justificar que, na minha formação, aprendemos os conceitos fundamentais para o projeto. Não foi fácil, já que, de perto, química, física e engenharia de manufatura são bem diferentes”. Para seu futuro profissional, ele afirma querer ingressar na área acadêmica. No entanto, o aluno pretende, em algum momento, participar da política brasileira e pensa que esta seria a maneira mais efetiva para concretizar

um sentimento abstrato de querer melhorar o que ele vê de errado na condução do país. “A preparação para isso, no entanto, tem que ser bem pensada, já que, se for para fazer mal feito, basta realmente deixar como está”. Oportunidades em Zürich e dupla diplomação Há oportunidades para alunos da Faculdade que têm interesse em desenvolver projetos de pesquisa na ETHZ. Duas delas são com os grupos de pesquisa dos quais o próprio Erik participa. “O candidato precisa se interessar por engenharia/ ciência dos materiais e física estar motivado. Gostar das disciplinas do Ausdinir, Contieri, Wislei, Maialle e Degani é um bom parâmetro para o aluno avaliar se ele se encaixa no tema. O trabalho, entretanto, é experimental, em laboratórios de pesquisa do nosso grupo”, explica Erik. Saiba mais aqui e aqui. (LINKAR OS PDFs) A Diretoria de Relações Internacionais (http:// www.internationaloffice.unicamp.br) orienta alunos interessados em estudar fora do país (obter dupla diplomação e realizar intercâmbios) sobre universidades que mantém convênios com a Unicamp. Na FCA, os estudantes podem também buscar maiores informações na Diretoria de Ensino, com os funcionários Rodrigo Ramos (rodrigo. ramos@fca.unicamp.br) ou Edgard Kinchoku (edgard.kinchoku@fca.unicamp.br)

Membros do Centro Acadêmico de Manufatura e Produção em novembro de 2015

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EGRESSOS DA FCA

Sorte a minha ter tido muitos professores que foram muito importantes. É impossível citar todas as razões, então prefiro dizer que todos os dias penso e uso o que aprendi com cada um. Muitos dos meus interesses surgiram das aulas e conversas com os professores Marcelo Maialle, Ana Luiza Pereira, João Eloir, Leonardo Tomazeli, Bianca Calsavara, Marcos Barbieri, Josely Rímoli, Tristan Torriani, João José de Almeida, Cristiano Torezzan e Mariana Costa, que me acompanharam desde o início do curso. Agradeço também especialmente ao meu orientador, professor Wislei Osório, por ser um dos grandes responsáveis pelo meu contato com a área de materiais e inserção na vida acadêmica. Nada disso, contudo, teria a graça que teve se a FCA não tivesse a feliz presença do professor Marcos Degani, prova de que pessoas brilhantes também podem ser humildes. A ele, a minha profunda gratidão por todos os ensinamentos.

Erik na ETHZ, em laboratório de pesquisa onde desenvolve seu doutorado

Interessado em Dupla Diplomação? Confira as dicas do Rodrigo Ramos, funcionário da Diretoria de Ensino da FCA! Link para acessar uma plataforma criada para centralizar informações para alunos brasileiros que tem interesse em participar de um programa de duplo diploma em uma das universidades do grupo das Ecoles Centrales - na França: http://centralizando.weebly.com/ Sugiro que o aluno, interessado em outros programas de duplo diploma, acesse o portal da DERI - Diretoria Executiva de Relações Internacionais - clique no item Institucional e selecione a opção Consulta a convênios, conforme indicado nos links abaixo: http://www.internationaloffice.unicamp.br/ – Portal da DERI http://www.conveniosderi.gr.unicamp.br/ – Consulta a convênios No item Consulta a convênios o interessado poderá descobrir quais instituições mantém convênios com a Unicamp e o que está previsto em cada um dos acordos institucionais.

Uma forma mais simples de conferir os editais em em andamento ou aqueles que já foram encerrados (nesse caso apenas para conhecimento das regras dos programas de duplo diploma) é acessar o portal da DERI e digitar “duplo diploma” no campo Search.

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EIXO

EIXO PÚBLICO ATUA EM LIMEIRA E REGIÃO E DISCUTE MODERNIZAÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA

Membros da Eixo Público – Consultoria Jr, organização estudantil da FCA que atua em Limeira e região

A

Eixo Público – Consultoria Jr, fundada em 2016 por alunos do curso de Administração Pública, é uma das mais novas organizações estudantis da Faculdade. Atualmente, a empresa júnior (EJ) conta com uma equipe de 21 membros, inclusive de outras graduações, como Administração. O objetivo da Eixo é prestar consultorias para a área pública, oferecendo soluções relativas à modernização da administração pública (municipal, estadual ou federal), racionalização de despesas, elaboração de indicadores e treinamento de pessoal. Através de seus projetos, a EJ presta serviços de qualidade à sociedade e oferece a seus membros a oportunidade de colocar em prática conceitos teóricos aprendidos em sala de aula e iniciar contato profissional com o mercado de trabalho. Apesar do pouco tempo de vida, a consultoria vem firmando parcerias estratégicas e

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desenvolvendo projetos importantes em Limeira e Região. No primeiro semestre do ano, por exemplo, foi firmada uma parceria técnica com a Escola do Legislativo da Câmara de Vereadores de Piracicaba, com o objetivo de realizar ações voltadas à educação para a cidadania, difusão cultural, capacitação de agentes políticos e lideranças comunitárias, e capacitação e atualização de corpo técnico, servidores e vereadores. Cinco alunos ofereceram oficinas sobre elaboração de projetos, transparência, formulação de políticas públicas, avaliação e monitoramento de políticas públicas e governo aberto, capacitando em torno de 25 pessoas por oficina. “Foi uma experiência incrível. Foi nosso primeiro contato com o legislativo de forma bastante próxima. Algo que nos deixou surpresos foi a diversidade de pessoas que participaram – gente de 20 a 80 anos, pessoas muito ativas na sociedade: membros de conselhos, servidores, líderes comunitários.

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EIXO

Oficina “Governo aberto: que bicho é esse?”, oferecida pela Eixo em parceria com a Câmara dos Vereadores de Piracicaba

E eles tinham muito interesse em compartilhar experiências e fazer perguntas, o tempo todo. Nós éramos literalmente bombardeados de perguntas, parecia que estávamos em uma avaliação, o processo todo foi muito interativo e muito bom”, afirma Larissa Estequi que, juntamente com Juliana Mendes, Larissa Lopes, Matheus Magalhães e Lana Faria foram os alunos responsáveis pela parceria. Luiz Carlos de Lima, estudante do curso de técnico legislativo da Escola Técnica Estadual Cel. Fernando Febeliano da Costa, em Piracicaba, era um dos participantes que acompanharam as atividades propostas. Em entrevista para o departamento de comunicação da Câmara dos Vereadores de Piracicaba, ele afirmou que “as oficinas trouxeram informações relevantes sobre elaboração de projetos, formulação de políticas públicas, formação e agendas e de processos de decisão, implementação de formas de avaliação e monitoramento do setor público. Gostaria de parabenizar os alunos pelo ótimo desempenho e, à Escola do Legislativo, por trazer essa iniciativa para a sociedade, na casa do povo”. A iniciativa ganhou destaque na mídia da cidade e no Portal da Câmara dos Vereadores.

Santa Casa de Limeira, interdisciplinaridade outros projetos A Eixo Público desenvolve também um projeto com a Santa Casa de Limeira, o qual deve durar três meses e envolve mapeamento de processos, análise do corpo clínico, do setor financeiro

e do programa de qualidade da instituição. Os alunos explicam que estão colaborando para melhorar a gestão de processos determinados dentro da Instituição, analisando por exemplo, a inter-relação entre departamentos na realização das atividades do hospital. “Nossa equipe se dividiu em comissões e estamos analisando todos os processos, para ver o que é possível melhorar. É muito interessante, porque a Santa Casa é quase uma cidade. São muitas pessoas atendidas diariamente, da região toda, o fluxo de operações que acontece lá é muito grande, então é realmente um desafio muito interessante pra gente, afirma Matheus. Os alunos colocam também a importância da interdisciplinaridade, fomentada também pela estrutura não-departamental da Faculdade, para a melhor execução destas tarefas e afirmam que querem, cada vez mais, atrair estudantes de diferentes cursos para os projetos que desenvolvem. “Nutricionistas e engenheiros são muito bem-vindos, já que desenvolvemos projetos em instituições diversas e o setor público não é formado somente por administradores públicos, mas por profissionais de áreas distintas. Acreditamos que a proposta da interdisciplinaridade funciona muito quando vamos para a prática. Quando conseguimos unir as cabeças e os conhecimentos para atingir objetivos comuns, as coisas funcionam muito bem”. Mirella Mariana é aluna de Administração e atualmente é uma

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EIXO

O projeto foi extremamente enriquecedor do ponto de vista técnico, ao permitir que a equipe aplicasse ferramentas e conceitos apreendidos dentro e fora da faculdade. A iniciativa proporcionou à equipe o contato com a realidade da saúde de Limeira e com o trabalho excepcional desenvolvido pelas agentes de saúde do programa Estratégia da Saúde da Família. Com toda a certeza a sensação de conseguir colaborar de alguma forma para o aperfeiçoamento do trabalho realizado pelas agentes é a maior recompensa que poderíamos ter

das gestoras da comunicação da Eixo. Ela conta que mudou totalmente sua visão sobre o que é o setor público – e também sobre suas futuras possibilidades de atuação profissional como

Administradora – depois de entrar na organização. “Antes, meu sonho era trabalhar numa empresa privada, a Natura. Agora já vislumbro inúmeras outros direcionamentos para minha futura carreira no mercado de trabalho”. Outros projetos já desenvolvidos pela organização são o Arrecada Eixo, em parceria com o Centro de Promoção Social Municipal de Limeira; os projetos Pensantes e Gran Idade, que trabalharam educação cidadã e saúde com crianças e idosos no Centro Comunitário Nossa Senhora das Dores; e o projeto Cuidadores, ponto inicial do desenvolvimento da consultoria. “O projeto foi extremamente enriquecedor do ponto de vista técnico, ao permitir que a equipe aplicasse ferramentas e conceitos apreendidos dentro e fora da faculdade. A iniciativa proporcionou à equipe o contato com a realidade da saúde de Limeira e com o trabalho excepcional desenvolvido pelas agentes de saúde do programa Estratégia da Saúde da Família. Com toda a certeza a sensação de conseguir colaborar de alguma forma para o aperfeiçoamento do trabalho realizado pelas agentes é a maior recompensa que poderíamos ter”, diz a aluna Larissa Lopes, diretora de projetos da Eixo. Para entrar em contato com a eixo Público, escreva para comunicacaoeixopublico@gmail.com. Visite também a página da consultoria nas redes sociais.

Vivendo a Faculdade além das aulas Algo que sempre fiz muita questão de frisar para quem vem me perguntar sobre universidade e vida universitária, é que não é possível entender e viver a Faculdade somente com as aulas da graduação. E uma coisa que a Unicamp me ensinou muito e sempre me instigou, desde que entrei, é esse mundo das organizações estudantis, esse mundo da prática das coisas, da vivência. Hoje temos 32 organizações estudantis na FCA e é impossível uma pessoa não se identificar com nenhuma delas. É muito importante que os novos estudantes, e os alunos em geral, percebam a importância de se envolver nesse mundo das organizações. Precisamos incentivar a participação de todos em pelo menos uma organização estudantil, pois são experiências que só trazem benefícios, tanto pessoais quanto profissionais Larissa Estequi, aluna de Administração Pública e Gestora de Projetos da Eixo Público

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PROTAGONISMO ESTUDANTIL E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

CULTIVANDO HORTAS,

AMIZADES E AUTONOMIA PROJETO DA ENACTUS AMPLIA PARCERIAS COM AGRICULTORES DE LIMEIRA

Alunos da Enactus e a agricultores no bairro Geada

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a edição passada do Abre Aspas, a matéria Luz no fim do túnel: ações de extensão universitária promovem interações transformadoras destacou o depoimento do Sr. Joaquim, agricultor do bairro Geada, sobre a “luz” que certas ações da organização estudantil Enactus estão trazendo para a vida dos moradores do bairro – e igualmente, como dissemos na matéria, para a vida acadêmica e pessoal dos estudantes. Até o fim do primeiro semestre deste ano, o projeto Cultivando Hortas, ainda piloto, ajudava somente o Sr. Joaquim com o planejamento da produção e estabelecimento de parcerias para vendas dos produtos. Hoje, já são seis agricultores do bairro que fazem parte da iniciativa: Sr. Joaquim, Sr. Ernesto, Sr. Pedro, Sr. Miguel, Sr. Francisco e Sr. Laércio. Neste projeto especificamente, estão trabalhando dez membros da organização. Os alunos Allison Takara, Ana Carolina Klein, Cynthia Batista, Danilo Kanesiro, Erick Kumano, Júlia Gonçalves, Juliana Campos, Leonardo Weise, Michel Zacheo e Thainá Mota têm agora como objetivo entender melhor os problemas que os agricultores enfrentam, como questões com o

escoamento dos produtos e entraves com o tipo de solo, por exemplo. “As principais dificuldades enfrentadas por eles são realmente a venda dos produtos e o trabalho com o solo, que possui muitas pedras e não é tão próprio para o cultivo. Portanto, nossa atuação com eles se dará no sentido de conseguir locais fixos para as vendas dos produtos e desenvolver técnicas para a melhoria do solo”, explica Leonardo, atualmente diretor do projeto. Ele ressalta que o mais importante é que os agricultores consigam replicar sozinhos o que o grupo desenvolver em conjunto, como a compostagem, por exemplo. “Não somos assistencialistas, buscamos antes de tudo a autossustentabilidade dos projetos”, afirma o aluno. Atualmente, os alunos trabalham em conjunto com a Incubadora de Limeira, que proporciona oficinas semanais relacionadas ao cultivo de hortas, permitindo que os estudantes aprimorem seus conhecimentos e o trabalho com os pequenos agricultores. Eles também se reúnem periodicamente para pensar em ações futuras e em como aproximar mais o projeto da comunidade limeirense.

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RETRATOS DO BIMESTRE Nossa história cotidiana em imagens

Da direita à esquerda: Prof. Marco Milani, Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA); Prof. Marcelo Knobel (Reitor da Unicamp); Sr. Mário Botion (Prefeito de Limeira); Prof. Álvaro D’Antona (Diretor da FCA) e Prof. Márcio Torsoni (Diretor Associado), durante aula inaugural do PPGA, no início de agosto.

Prof. Oswaldo Gonçalves Jr, doc Pública é idealizador do projeto P com a participação de alunos das CVU – Centro de Voluntariado Uni

Professor e alunos da APAE de Limeira participam de torneio amistoso de tênis de mesa, organizado pelo GRIPER – Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Esportes de Raquete.

Aluno Marcos França auxilia estud ção na final da etapa regional da das Escolas Públicas, que ocorreu n Prof. Márcio Barreto, do Núcleo Geral Comum, ajuda a cavar buraco para o projeto Plantadores de Árvores.

Thaís Cirilo e Janaína Modanez, funcionárias da Área de Gestão Documental organizaram painel com o conteúdo do Abre Aspas Nº 11 – Edição Especial.

Primeiros alunos de mestrado e dou Pós-Graduação em Administração


Alunos da Eixo Público na Rádio e TV Unicamp. Eles concederam entrevistas sobre os objetivos da organização estudantil e os resultados de projetos que impactam Limeira e região.

Alunas da Faculdade trabalham no cadastramento dos participantes do 1º Simpósio Internacional em Indústria 4.0, organizado pelo Centro de Pesquisa em Engenharia de Produção (CENPRO FCA Unicamp)

cente do curso de Administração Plantadores de Árvores, que conta s organizações estudantis, como o iversitário

dante de Limeira durante participaa Olimpíada Brasileira Matemática nas dependências da Faculdade.

utorado e docentes do Programa de

Alunos membros da Associação Atlética Acadêmica X de Outubro, dos cursos de Administração e Administração Pública, durante evento que apresentou os cursos da FCA para alunos do ensino médio de Limeira

Membros da organização estudantil MTE (Mercado de Trabalho em Engenharia) e alunos do ensino médio de Limeira, durante evento que apresentou os cursos da FCA.

Alunos da 1ª turma de Doutorado em Administração, juntamente com os professores Marco Milani e Marcelo Knobel


#PESQUISAEMPAUTA ESTA NOVA SEÇÃO TRAZ DESCOBERTAS, DIFICULDADES E COMENTÁRIOS SOBRE INVESTIGAÇÕES CIENTÍFICAS DESENVOLVIDAS POR ALUNOS OU EGRESSOS DA FACULDADE DURANTE SEUS CURSOS DE MESTRADO E DOUTORADO.


GRUPO DE PESQUISA NO LABORATÓRIO DE GEOGRAFIA DOS RISCOS E RESILIÊNCIA


#PESQUISAEMPAUTA

INTERDISCIPLINARIDADE E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA PERMITEM OLHAR OBJETO DA PESQUISA EM DIFERENTES PERSPECTIVAS Por Fernando Pellegrini*

Prof. Renato Garcia (IE/Unicamp, editor da Revista Brasileira de Inovação e professor do PPGA da FCA), Prof. José E. Roselino (UFSCAR), Fernando Pellegrini e Prof. André Sica, da FCA.

N

esse ano, por duas vezes, após realizar lançamentos de cargas espaciais com sucesso, a Índia foi frequentemente criticada em alguns veículos de comunicação por investir maciçamente em seu programa espacial. Em fevereiro, ela lançou com sucesso 104 nano satélites a bordo de um único foguete – um recorde – que até então era de 37 satélites lançados pela Rússia, em 2014. Já em junho, um satélite com massa superior a 3000 kg foi lançado com sucesso pelo seu maior foguete, sinalizando que o país já possui competências para lançar cargas de grande porte, como satélites geoestacionários etc. É comum se perguntar o porquê de um país investir bilhões em atividades espaciais, ciência, e tecnologia, enquanto quase um quarto de sua população ainda se encontra em níveis consideráveis de pobreza. Acontece que, cada vez mais, as aplicações da indústria espacial atuam como um driver fundamental de toda economia global. Ademais, as capacidades tecnológicas e a massa crítica desenvolvida através do investimento em setores intensivos em conhecimento produzem externalidades positivas, como os

chamados spin-offs e spillovers tecnológicos, que por sua vez impulsionam o desenvolvimento econômico de forma sustentável. Além disso, as aplicações espaciais também contribuem com a sociedade civil e tornam-se fundamentais com a intensificação das questões ambientais e climáticas. Os casos do rompimento da barragem de Mariana, de queimadas e dos últimos furacões que atingiram a América Central e do Norte são somente alguns exemplos. Tanto a Índia quanto o Brasil iniciaram seus respectivos programas espaciais na década de 1960. Entretanto, nosso programa espacial ainda engatinha se comparado ao indiano ou chinês. Até hoje não possuímos um veículo lançador de satélites próprio, e nossa indústria espacial não possui capacitação suficiente para desenvolver endogenamente todos os subsistemas que compõem um satélite. Em 2012, foi publicado o Plano Nacional de Atividades Espaciais (PNAE 2012 – 2021) pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O documento estipulou os projetos a serem desenvolvidos pelo país ao longo de uma década. Eram previstos

* Fernando Pellegrini é aluno egresso do curso Gestão de Empresas (atual Administração) e realizou seu mestrado no Programa de Política Científica e Tecnológica do DPCT Unicamp, Instituto de Geociências. Os orientadores foram o Prof. André Sica, da FCA, e Milton Chagas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

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ABRE ASPAS | Nº 12 § maio/julho 2017


#PESQUISAEMPAUTA

É comum se perguntar o porquê de um país investir bilhões em atividades espaciais, ciência, e tecnologia, enquanto quase um quarto de sua população ainda se encontra em níveis consideráveis de pobreza.

o lançamento de diversos satélites e o desenvolvimento de cinco foguetes. No total, cerca de 9 bilhões de reais deveriam ser despendidos. Acontece que, até 2016, nem dois foram bilhões foram efetivamente repassados às instituições que compõem o sistema espacial nacional. Em 2014, por exemplo, eram previstos 1,4 bilhões e cerca de 300 milhões foram executados. A efeito de comparação, os 12 estádios da copa do mundo custaram 8,3 bilhões, dos quais somente 17% foram arcados pela iniciativa privada. Já os jogos olímpicos passaram dos 40 bilhões. Como pesquisa para a dissertação de mestrado, tive a oportunidade de estudar o caso da Opto Eletrônica, empresa que desenvolveu as câmeras acopladas aos satélites de sensoriamento remoto desenvolvidos em parceria com a China (CBERS-3 e 4). A Opto foi fundada em 1986 como uma spin-off do Instituto de Física da Universidade de São Paulo do campus de São Carlos (IFSC-USP) e era considerada organização modelo de parceria entre universidades e empresas. Ela chegou a faturar mais de 100 milhões de reais, com mais de 500 funcionários (sendo 90 somente em P&D), produzindo produtos complexos a partir de sua

competência em optrônica. Entretanto, a empresa entrou em recuperação judicial em dezembro de 2014, dois anos após o término das licitações que haviam encomendado as câmeras desenvolvidas para a plataforma CBERS, vendendo seus ativos de defesa e espaço a fim de sanar dívidas. Eu e meus orientadores, André Campos (FCA) e Milton Chagas (INPE), fizemos um estudo de caso para procurar entender como foi o processo de desenvolvimento e aprendizado tecnológico da Opto, além de tentar, em alguma medida, entender o que pode tê-la levado a entrar no processo de recuperação judicial. Um dos pontos mais interessantes que identificamos foi o da dispersão dos recursos humanos desenvolvidos, uma vez que praticamente toda a equipe de P&D acabou por deixar a empresa, e como a retenção desses conhecimentos é problemática. Por ser um conhecimento complexo e específico, ele não pode ser facilmente codificado e invariavelmente é dependente das relações humanas e do intercâmbio de experiências. O que identificamos foi um problema não muito discutido na literatura, mas igualmente importante. O da primordialidade da retenção dos recursos humanos e da transferência do conhecimento desenvolvido, tanto em termos individual quanto organizacional – um aspecto fundamental ao desenvolvimento da indústria espacial brasileira. Não somente o Brasil peca em relação ao planejamento orçamentário e político referente ao Programa Espacial Brasileiro, mas também todo o conhecimento estratégico produzido acaba por ser comprometido. Minha experiência e formação na FCA em muito ajudaram no decorrer do estudo e na compreensão e capacidade de análise dessas questões. O foco que temos na interdisciplinaridade e nas disciplinas de caráter humanístico permitiu olhar o objeto da pesquisa com diferentes perspectivas.

Driver – Fator de impulsionamento Spillovers – Em economia, o ‘efeito spillover’ pode significar externalidades positivas ou negativas. No texto, significa conhecimentos tecnológicos produzidos através dos investimentos em ciência e tecnologia. Spin-offs – Na área de negócios, o termo ‘spin-off’ significa ‘empresa derivada’. Em tecnologia, ocorre ‘spin-off’ quando uma tecnologia resulta do desdobramento de outra já existente. Optrônica – A optoeletrônica é o estudo e aplicação de aparelhos eletrônicos que fornecem, detectam e controlam luz. O uso militar da optoeletrônica é usualmente referido como optrônica.

Nº 13 § agosto/setembro 2017 |

ABRE ASPAS

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COTAS NA UNICAMP

COTAS NA UNICAMP

Professores e funcionários negros da Faculdade expressam suas opiniões sobre a importância da aprovação do sistema de cotas raciais e sociais pela Unicamp, ocorrido no dia 30 de maio deste ano. A nova política passa a valer no vestibular de 2019 e abrange estudantes de escola pública, pretos, pardos e indígenas.

Da frente para trás e da esq à dir: Karina Venâncio, Washington Oliveira, Eber Magalhães, Ricardo Floriano e Mauro Cardoso.

Estou aqui assustado em saber que há tão poucos funcionários (docentes e não-docentes) negros/pardos entre todos na FCA. O que dizer sobre isso, se segundo o IBGE a maioria da população brasileira é negra/parda? Como se sentir ou mesmo se expressar sobre sua raça em uma instituição em que nem 1% dos funcionários são negros/pardos? Contudo, gostaria de expressar minha felicidade pela aprovação das cotas na Unicamp. É uma vitória para a população do Brasil, não apenas do estado de São Paulo. Desejo que o debate sobre o tema torne-se profundo, seja levado cada vez mais a sério, e que os envolvidos tenham a medida certa de responsabilidade sobre a comunidade da Unicamp. Washington Alves de Oliveira – Professor das Engenharias O processo de implementação das cotas na Unicamp ocorreu de forma muito peculiar, desde a criação do PAAIS em 2004, o número de alunas e alunos negras e negros matriculados subiu de 10% para 21,8%. A criação de tal ação afirmativa, apesar de limitada, permitiu um aumento de 100% de pretas e pretos circulando nos campi como estudantes, fator determinante na criação dos núcleos de consciência e frentes de combate ao racismo e pró-cotas. Passados 13 anos após esta iniciativa, a pauta de cotas foi inserida nas manifestações e greves estudantis, culminando na adoção das cotas étnico-raciais prevista para o vestibular 2019. Agora a luta será pela manutenção do ensino gratuito e de qualidade com uma representatividade relevante das negras e negros no meio acadêmico e científico. Eber Magalhães – Funcionário da Área de Manutenção e aluno do curso de Administração Pública

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COTAS NA UNICAMP

Minha mãe é funcionária da Unicamp há 30 anos, então esse 'ambiente universitário' sempre fez parte da minha vida e é triste ver como o número de negros na universidade é pequeno desde sempre.

A primeira ideia é considerar os “direitos como trunfos”, para utilizar uma expressão já consagrada. Não se pode, em hipótese ainda que remota, defender os direitos apenas em tese, sem dinamizar sua aplicação prática. Neste sentido, uma instituição que não garanta direitos, não é uma instituição em sentido pleno. O segundo aspecto é estabelecer um conjunto de prioridades básicas sem as quais a comunidade acadêmica estaria impedida de desenvolver suas potencialidades, suas capacidades. O terceiro ponto a ser considerado é a disposição prática das prioridades de acesso ao ensino superior. De tudo isto, a Unicamp, com a adoção das cotas raciais e sociais, exercita uma virtude pública das mais importantes: a promoção da justiça social. Mauro Cardoso Simões – Professor do Núcleo Geral Comum

A aprovação das cotas sociais e raciais na Unicamp é uma vitória. Trata-se de oferecer a mesma oportunidade a todos de ingressar nesse espaço, sendo que os jovens negros apresentam os mesmos potenciais e capacidades intelectuais que todos os outros. Minha mãe é funcionária da Unicamp há 30 anos, então esse ‘ambiente universitário’ sempre fez parte da minha vida e é triste ver como o número de negros na universidade é pequeno desde sempre. É extremamente importante que a universidade, até onde lhe cabe, faça sua parte em diminuir essas diferenças e contribua em todos os âmbitos da sociedade. Karina Venâncio – Funcionária Diretoria de Ensino

As alunas Samara Santos e Mariah Grimaldi.

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COTAS NA UNICAMP As cotas são importantes, pois são intensas as desigualdades em nosso país. São, de fato, uma forma efetiva de democratização do acesso à universidade pública de qualidade. As cotas proporcionam um aumento das representatividades étnicas, raciais e sociais dentro da universidade, o que só pode ser encarado positivamente. Ricardo Floriano – Professor das Engenharias

Penso que as cotas étnico-raciais são muito importantes porque a Universidade ainda é um espaço extremamente elitizado e... branco. Todo o processo da graduação é difícil por si só, sair de casa, mudar de cidade, estudar, trabalhar, etc. E fazer tudo isso isolada no meio de pessoas que têm outra condição social dificulta mais ainda. Os alunos negros, muitas vezes, também são os alunos mais pobres, que moram mais longe, que tem dificuldades de locomoção, que nem sempre tem um computador pra estudar em casa, ou que precisam trabalhar em tempo integral para se manter na faculdade e, por enquanto, ainda somos minoria aqui dentro. Por causa disso, a dinâmica da universidade ainda não é pensada para nossa rotina, para a nossas limitações. É um desafio a mais quando precisamos ter o mesmo desempenho acadêmico que os alunos brancos que vieram de escola particular, que têm cursos extracurriculares aos montes, ganham carro da família e todos os recursos para estudar em tempo integral. Sem contar a questão da convivência em coletivo, das amizades e da exclusão que muitas vezes sofremos dentro da sala de aula. Quanto mais alunos e alunas negras tivermos aqui, melhor a universidade cumprirá sua função social. E as consequências disso só podem ser as melhores se pensarmos que mais negros terão acesso ao ensino superior e, posteriormente, a melhores postos de trabalho, elevando assim a qualidade de vida de suas famílias. O Brasil só tem a ganhar. Mariah Grimaldi aluna do antigo curso de Gestão de Comércio Internacional, atual Administração

A universidade é como espelho da vida real. O vestibular é um dos reflexos: ele funciona como filtro de pessoas merecedoras (ou não) de desfrutar recursos, espaços e conhecimentos que formam a intelectualidade acadêmica. Esse “filtro”, muitas vezes, funciona de forma exclusiva, tornando a universidade um enclave científico. É evidente que existem barreiras e poucas pessoas têm condições e ferramentas para atravessá-las. A implementação das cotas étnico-raciais e sociais na Unicamp colabora para quebrar essas barreiras e para que os corpos (docentes, discentes, administrativos e técnicos) não sejam/estejam alheios aos pensamentos e ações que ecoam das ruas. Por exemplo, como profissionais da engenharia e arquitetura poderiam pensar, de forma efetiva, em projetos de casas populares, se estes profissionais sempre moraram em condomínios fechados? Para isso servem as cotas étnico-raciais e sociais: para transformar a universidade, desde suas cores até as suas ciências, e assim revolucionar o campo reflexivo acadêmico. Que os corpos negros, indígenas e favelados ocupem e existam na Unicamp! Samara Santos – aluna do curso de Administração Pública

As cotas são importantes, pois são intensas as desigualdades em nosso país. São, de fato, uma forma efetiva de democratização do acesso à universidade pública de qualidade.

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FCA NA MÍDIA

DIVULGAR PRA QUÊ? Como instituição financiada com recursos públicos, é dever da Faculdade divulgar os resultados das ações de ensino, pesquisa e extensão realizadas por seus professores e alunos, bem como aquelas realizadas por seus funcionários. O site, a fanpage e o Abre Aspas têm como objetivo colaborar para o cumprimento desse dever, assim como contribuir para a construção da identidade da Faculdade e zelar por sua imagem perante a opinião pública.

Prof. Álvaro de Oliveira D’Antona, atual Diretor da Faculdade, concede entrevista para jornalistas da Prefeitura de Limeira após aula inaugural do Programa de Pós-Graduação em Administração.

ATINGIMOS 7 MIL FÃS NO FACEBOOK

Qual a importância disso? Como sabemos, os algoritmos da rede social não nos permite atingir todos eles com a frequência que gostaríamos. Entretanto, no Brasil, a força deste canal de comunicação ainda não pode ser ignorada e é preciso esforçar-se para ocupar este espaço de disputa de discursos, que muitas vezes pauta a própria mídia nacional. Vejam o clipping deste bimestre e confiram as matérias que saíram na mídia e tiveram nossos docentes e alunos como fonte. Deu alguma entrevista e gostaria que divulgássemos? Envie o link para cristiane.kampf@fca.unicamp.br VITAMINA C EVITA RESFRIADOS? VEJA MITOS E VERDADES SOBRE SEU CONSUMO

UOL entrevista Profª Marciane Milanski e as alunas Mariana Portovedo, Suleyma Oliveira Cosa e Camilla Mendes de Souza, do Programa de Pós Graduação em Ciência da Nutrição e Esporte e do Metabolismo – CNEM.

PARA UMA CIDADE UNIVERSITÁRIA, É PRECISO MAIOR ENVOLVIMENTO

Gazeta de Limeira entrevista alunos da Faculdade para edição comemorativa dos 191 anos da cidade. 7 MANEIRAS DE COMER OVOS NO CAFÉ DA MANHÃ

UOL entrevista o Prof. Dennys Esper Cintra, docente do curso de Nutrição. NADA DE SUPLEMENTOS: VEJA COMIDAS QUE MELHORAM CONCENTRAÇÃO, MEMÓRIA E RACIOCÍNIO

Estadão entrevista a Profª Ana Vasques, docente do curso de Nutrição. A matéria é de fev/2017, mas só encontramos o link agora! 5 COMBINAÇÕES DE ALIMENTOS GOSTOSAS E PERFEITAS PARA SUA NUTRIÇÃO E CAFÉ COM LEITE, HAMBÚRGUER E QUEIJO: MISTURAS NADA EFICIENTES PARA NUTRIÇÃO

UOL entrevista a nutricionista Clarissa Casale Doimo, aluna egressa da Faculdade

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