momento esportivo
Vence quem ajuda o adversário Dois esportes de bola invadem escolas brasileiras com o objetivo de incentivar a cooperação entre os jogadores – inclusive com seus oponentes Flavia Yuri oshima e Felipe Germano
o
aluno do 1o ano do ensino médio Danilo Foganholi, de 15 anos, levou um susto ao voltar das férias. Em sua primeira aula de educação física, na quadra do colégio paulistano Mackenzie, encontrou seus colegas brincando com uma bola gigante, de 1,22 metro. Parecia uma gincana – ou uma pegadinha. O professor chegou, e Danilo percebeu estar diante não de uma brincadeira, mas de um esporte de verdade: Kin-ball. Pouco conhecido no Brasil, o kin-ball reúne três equipes na quadra. Elas se revezam para não deixar a bola gigante cair. Precisam se ajudar por um objetivo comum. O mais incrível: há gente que ganha dinheiro fazendo isso. Criado no Canadá, o kin-ball é um esporte profissional em 11 países, entre eles Japão, Estados Unidos e França. De acordo com a Federação Internacional de Kin-ball, existem 3,8 milhões de jogadores no mundo. O kin-ball chegou ao Brasil na esteira de outro esporte que privilegia a cooperação entre os jogadores, também promovido por escolas: o tchoukball. Nesse outro “ball”, ninguém pode fazer aquilo que mais se vê no futebol ou no basquete. É simplesmente proibido roubar a bola do adversário ou atrapalhar a visão dos demais jogadores. Os praticantes de kin-ball precisam cooperar com seus aliados e com seus
adversários. O tamanho monumental da bola exige que todos se unam para arremessá-la. Os três times em campo competem, mas duas regras os unem: é proibido atacar o time que está perdendo, e as equipes devem se juntar para enfrentar a mais forte. O objetivo é buscar equilíbrio. Se um time erra uma jogada, os outros dois pontuam.“É um jogo estimulante e sem competição excessiva”, diz Maria Ignez Giandalia, coordenadora de educação física e esportes do Mackenzie. A Universidade São Judas e o colégio Global, ambos em São Paulo, também realizaram recentes atividades com kin-ball. Criado em 1986, no Canadá, o kin-ball não exige habilidades específicas. O mais importante é o aluno se movimentar bem e prestar atenção para não deixar seu colega na mão – uma visão positiva, longe da ideia de destruição do adversário. O mesmo espírito emana do tchoukball. Para os ouvidos dos suíços, que criaram esse jogo, o nome é a onomatopeia do som produzido pela bola ao bater na rede. É um jogo de quadra com 14 jogadores, cujo objetivo é arremessar a bola para uma espécie de trampolim – o quadro. Cabe aos adversários impedir que ela pingue no chão ao voltar do quadro.“Em outros jogos, quando um s
Kin-ball
No esporte canadense, três equipes O jOgO No kin-ball, três times jogam ao mesmo tempo. Se a bola tocar o chão, dois times pontuam, e o responsável por pegá-la não Jogadores Tempo de jogo Pontuação
3 times de 4 jogadores 3 tempos de 15 minutos 1 ponto para cada bola
Fonte:marcostadeuAbílio,professor do colégio mackenzie
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trAbAlho em equipe Aiunos do colégio mackenzie jogam kin-ball. A escola adotou o esporte devido a seu espírito de colaboração
s
se enfrentam em quadra para equilibrar uma bola gigante. Quando uma erra, as outras duas pontuam 1 Jogadores do time
o campo
que ataca formam uma base para a bola ser lançada para outro time
A bola
2 Um dos times rivais é escolhido para não deixar a bola cair
3 Se a bola tocar o chão, as duas outras equipes pontuam
1,22 m
20 m
Foto: Rogério Cassimiro/ÉPOCA
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momento esportivo bAsquete no chão brasil x cingapura no mundial de 2013 de tchoukball, na Áustria. o esporte quer se tornar olímpico
Tchoukball
O esporte suíço usa um trampolim para devolver a bola ao jogo O tchoukball consiste em não deixar a bola pingar no chão quando é arremessada no quadro Jogadores
7 para cada time
Tempo de jogo
3 tempos de 15 min
Pontuação
1 ponto a cada bola rebatida do quadro
1 Colegas de equipe
passam a bola entre si. É proibido roubar a bola
o campo 26-29 m
15-17 m
O jOgO
3m
2 A bola é arremessada no quadro, espécie de trampolim com uma rede, e deve cair fora da área delimitada
Fontes: Associação brasileira de tchoukball e seleção brasileira de tchoukball
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o quadro 100 X 100 cm e inclinação de 55 graus
A bola 58 a 60 cm peso de 425 a 475 g
3 O objetivo do time adversário é pegar a bola no ar, antes que ela toque o chão
aluno se destaca, a equipe gira em torno dele”, diz Rogério Sousa, coordenador de esportes do Colégio Rainha da Paz e técnico da seleção feminina de tchoukball. “No tchoukball, isso não existe. Pode haver jogadores habilidosos e não habilidosos, e o jogo ocorre com qualidade.” A dinâmica de colaboração levou a ONU a recomendar o tchoukball como um esporte que propaga a paz. Quem joga tchoukball afirma que os bons princípios não comprometem a diversão. “As partidas são rápidas, com muita adrenalina”, diz Nathália Tavares, de 18 anos, praticante do esporte há sete. Nathália já integrou a seleção brasileira. Disputou o Sul-Americano de 2010, o Mundial de 2011 e o Pan-Americano de 2012. O tchoukball foi inventado em 1967, na Suíça, pelo médico Hermann Brandt. Ele queria criar um esporte em que os riscos de lesão fossem mínimos. Chegou ao Brasil há 22 anos. Hoje, é praticado em cerca de 70 escolas, no Paraná, em Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Sergipe, Rio de Janeiro e São Paulo. Faz parte do currículo das escolas estaduais paulistas desde 2008. O Brasil não tem feito feio em recentes torneios. Em 2008, a equipe nacional masculina venceu o Sul-Americano. Em 2010, houve dobradinha, com canecos para as seleções brasileiras masculina e feminina. No ano seguinte, o masculino foi o oitavo entre os 15 participantes do Mundial. Em 2012, brasileiros e brasileiras foram campeões pan-americanos. Nada disso garantiu apoio financeiro. Os jogadores brasileiros não recebem para treinar, e as viagens internacionais saem de seus bolsos.“Temos ótimos atletas que não participam dos campeonatos por falta de patrocínio”, diz Archimedes Moura, presidente da Associação Brasileira de Tchoukball. As federações internacionais de kin-ball e de tchoukball agora sonham em transformar suas inusitadas atividades em esportes olímpicos. Poucos jogos abraçariam tão bem o lema de que o importante é competir. u Foto: divulgação
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GustavoCerbasi
Sim, alugar imóvel é um bom negócio A
obsessão pela casa própria deixa evidente a falta de educação financeira dos brasileiros. Quem diz isso não sou eu, e sim os números. Não é preciso fazer muitas contas. Coloque-se no lugar do proprietário de imóvel. Raramente os rendimentos do aluguel superam 0,5% ao mês. Na dura realidade de juros elevados, qualquer um que compra um imóvel pode também investir seu patrimônio na renda fixa, com ganhos superiores a 0,7% mensais. Se não é bom negócio para locadores, por que seria para inquilinos? O caminho para sair do aluguel, para a maioria das pessoas, é por meio do financiamento. Na prática, financiar é tomar dinheiro emprestado e pagar um aluguel por ele. Pouca gente percebe o mau negócio que faz ao deixar de alugar por 0,5% ou 0,6% ao mês e passar a alugar dinheiro do banco ou da construtora por algo entre 0,8% e 1% ao mês. Aqui, alugar dinheiro é mais caro que alugar imóvel. É insensatez, mas é fato. Há contra-argumentos que tentam derrubar essa reflexão. Um deles é que aluguel de imóvel é pela vida toda, enquanto o “aluguel de dinheiro” – ou financiamento – é por apenas alguns anos. Façamos novas contas. Um imóvel de R$ 500 mil pode ser alugado por R$ 3 mil mensais. Um financiamento desse mesmo imóvel pediria pelo menos uma entrada de R$ 150 mil, e o restante seria parcelado em, digamos, 20 anos com prestações de cerca de R$ 3.550 mensais. Considerei juros de 0,9% ao mês. Os R$ 550 mensais da diferença,
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se bem investidos por 20 anos, podem resultar em R$ 193 mil. Somados aos R$ 150 mil da entrada e aos rendimentos que esse valor também geraria em 20 anos, dá um total de cerca de R$ 501 mil. Considerei rendimentos de 0,3% ao mês acima da inflação, para chegar a resultados em valores de hoje. Você não conseguirá comprar, daqui a 20 anos, o mesmo imóvel que hoje vale R$ 500 mil apenas corrigindo sua poupança pela inflação. Mas estará mais flexível para morar onde quiser, em imóveis adequados a seu instante de vida e de carreira, sem abrir mão da oportunidade de poupar e sem engessar demais seu orçamento. Provavelmente, com isso, terá mais chance de crescimento na carreira e na renda, consequentemente na poupança e na capacidade de comprar um imóvel melhor no futuro. Você se sentirá menos pressionado, por ter um orçamento flexível, que pode ser mudado se a renda cair. Podemos desistir de um imóvel alugado, mas é mau negócio desistir de um financiamento. A reflexão se inverte quando as prestações do imóvel ficam inferiores à mensalidade do aluguel. Isso ocorre com os imóveis mais baratos, que têm subsídio do governo. Se não for seu caso, pense bem antes de apertar seu orçamento. Quanto mais altos os juros, maior a vantagem da combinação de aluguel com poupança. u Gustavo Cerbasi é consultor financeiro e escritor. Escreva para ele em E-mail: www.maisdinheiro.com.br. Twitter: @gcerbasi.
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