Vox 67

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Fevereiro/15 • Edição 67 • Ano VII • Distribuição gratuita

DE PARAQUEDAS - A SAGA DE UM REPÓRTER BRASILEIRO NOS CÉUS DE DUBAI

esperança esperança de de ouro ouro Ambicioso plano brasileiro de fazer nas Olimpíadas Emhistória busca de sucesso nos do Rio passa pelo maior Jogos Olímpicos do Rio,teste Brasil conjunto da delegação do país aposta no Pan-Americano no Pan-americano de Toronto de Toronto

FRUTOS DO MAR - PROMOÇÃO EXCLUSIVA PARA O LEITOR. CONFIRA NA PÁGINA 32


O que diferencia uma boa ideia?

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EDITORIAL Um país à deriva

Carlos Viana Editor Executivo carlos.viana@voxobjetiva.com.br

“... O povo que conhece o seu Deus se tornará forte e ativo.” (Daniel 11:32)

A primeira reunião do novo governo, com os 39 velhos ministérios, reforçou a sensação de vazio político que tomou conta do Brasil desde a virada do ano. Era esperado que a presidente Dilma Rousseff apontasse aos brasileiros definições claras sobre quais vão ser as políticas públicas para enfrentar nossos grandes problemas. Por mais que se conheça o Brasil e que se viva diariamente em qualquer canto do país, fica impossível responder a perguntas simples sobre o futuro. Qual Brasil que teremos no final do ano? Haverá energia elétrica suficiente? Teremos água em quantidade para garantir o futuro das próximas gerações? O que podemos esperar da economia nos próximos dois anos? Questionamentos, temos os mais diversos. De respostas, apenas discursos vagos e supérfluos. Dilma precisa agir, governar e trabalhar para mudar os números assustadores que herdou dela mesma em quatro anos de políticas erráticas e equivocadas. A presidente precisa reverter recordes negativos, como na Segurança Pública. Quando assumiu o primeiro mandato, o Brasil tinha 14 cidades entre as 50 mais violentas do mundo. No final de 2014, assustamos o mundo subindo para 19 centros metropolitanos dentre os mais perigosos do planeta. Enquanto nos debatemos sobre as mazelas que criamos para nós mesmos, o mundo prospera. A Índia se aproxima dos Estados Unidos e arranca para um grande desenvolvimento. A China organiza o mercado interno e se fortalece como um dos maiores mercados da humanidade. Na principal passarela do mundo desenvolvido - o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça -, o Brasil deixou de ser a estrela ascendente de quatro anos atrás, para se tornar o grande exemplo de que o discurso populista dos governantes é, cedo ou tarde, desmentido pelos números.

A Vox Objetiva é uma publicação mensal da Vox Domini Editora Ltda. Rua Tupis, 204, sala 218, Centro, Belo Horizonte - MG CEP: 30190-060

Aumentamos nossa carga tributária em troca de um corte de gastos sem muitas explicações nem compromissos com metas. Somos um povo à espera de soluções; um país à deriva e refém da corrupção; um povo que não desiste, sustentado pela esperança de que tempos melhores ainda estão por vir. Por enquanto, voltamos a ser apenas o país do futuro.

Editor adjunto: André Martins l Diagramação e arte: Felipe Pereira | Capa: Felipe Pereira | Foto de capa: Divulgação, Fred Hoffmann/ Divulgação/ CBVela, Flávio Perez/ OnboardSports l Reportagem: André Martins, Bianca Nazaré, Diane Duque, Érica Fernandes, Haydêe Sant’Ana, Leo Pinheiro, Rodrigo Freitas, Thalvanes Guimarães, Wander Veroni | Correspondentes: Greice Rodrigues - Estados Unidos, Ilana Rehavia - Reino Unido | Diretoria Comercial: Solange Viana | Anúncios: comercial@ voxobjetiva.com.br / (31) 2514-0990 | Atendimento: jornalismo@voxobjetiva.com.br (31) 2514-0990 | Revisão: Versão Final Tiragem: 12,5 mil exemplares | voxobjetiva.com.br

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OLHAR BH

Praรงa Sete de Setembro Foto: Felipe Pereira |5


SUMÁRIO 8

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Shutterstock

Divulgação

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Lili Ferraz

William Dias

VERBO

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ANA MARIA BAHIANA Crítica de cinema brasileira prestigiada em Hollywood analisa indicados ao Oscar 2015 e faz apostas

METROPOLIS

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NEGÓCIO DA CHINA

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CONDICIONAL

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O SECRETARIADO

SALUTARIS

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A equipe que vai nortear o desenvolvimento de Minas Gerais nos próximos quatro anos

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Brasileiros recorrem às academias e ao bisturi para “parar o trânsito” no verão

CAPA

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Por que investir no comércio on-line? Comprar a prazo no Brasil requer necessidade de bons antecedentes financeiros

COM TUDO EM CIMA

À PROVA No maior teste-conjunto da delegação brasileira antes das Olimpíadas do Rio, Brasil espera afinar detalhes e foca no top 3 do Pan de Toronto

HORIZONTES

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NOS CÉUS DE DUBAI A aventura de um repórter brasileiro no roteiro de paraquedismo mais cobiçado do mundo


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Arquivo Pessoal

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Shutterstock

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Reprodução

Cidade Olimpica/Divulgação

KULTUR

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“IMPÉRIO” Atração global recupera audiência, mas está longe de ser considerada um sucesso

NA AVENIDA Revigorado, carnaval de Beagá deve agitar massa de 1,5 milhão de foliões

RELEITURAS Como “Noé”, roteiro de “Êxodo - Deuses e Reis” apresenta divergências com as escrituras bíblicas

ARTIGOS

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IMOBILIÁRIO • Kênio Pereira O valor do trabalho intelectual

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JUSTIÇA • Robson Sávio Urge reformar a Segurança Pública

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METEOROLOGIA • Ruibran dos Reis

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PSICOLOGIA • Maria Angélica Falci

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TV Globo - Divulgação

Flávio Perez/ OnboardSports

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2014: o ano mais quente da história

Retração versus expansão

CRÔNICA • Joanita Gontijo Te desejo muita vida nestes anos!

GASTRONOMIA

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RECEITA – Chef Wanderson Costa

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VINHOS – Diocélio Goulart

Espaguete com frutos do mar Vinhos para o verão |7


VERBO

No olho do furacão Crítica Ana Maria Bahiana fala sobre a maior indústria de cinema do mundo e indica os favoritos ao Oscar 2015 André Martins

e

la é a crítica de cinema brasileira mais respeitada nos Estados Unidos. Não por acaso, Ana Maria Bahiana faz parte da Associação de Críticos Estrangeiros de Hollywood, um grupo seleto de correspondentes estrangeiros que decide os prêmios do Globo de Ouro, importante evento dentro do circuito de premiações de cinema americanas. Bahiana tem mais de 30 anos de experiência em reportagem e crítica cultural. Já passou por grandes veículos de comunicação e publicações segmentadas do Brasil, dos Estados Unidos, da França e da Austrália. Atualmente ela tem um blog dedicado ao cinema e às interfaces que ela mantém no portal Uol. Por lá, a jornalista dá dicas, tece comentários de filmes e revela detalhes de produções, deixando os cinéfilos muito bem informados sobre a produção cinematográfica americana e mundial.

cineasta amador de super 8 e um grande fotógrafo, também amador. Provavelmente deve haver muitos. Mas me diga um filme que impactou a sua vida e por qual motivo. “Hatari!” de Howard Hawks. Foi o filme que me mostrou a capacidade do cinema de me transportar para mundos que eu não sabia que existiam.

““Boyhood’, ‘Birdman’ e ‘Whiplash’ revelam três visões importantes de como o cinema está hoje”

Autora de livros como o best seller “Almanaque dos Anos 70”, a carioca é também responsável pelo livro “Como ver um filme”, que orienta o expectador a apreciar um longa e esmiúça os processos da produção de um filme.

Em entrevista exclusiva à Vox Objetiva, Bahiana conta um pouco sobre a trajetória profissional, os bastidores de Hollywood e comenta uma das festas mais aguardadas pelos americanos e cinéfilos em geral: o Oscar. Este ano, a entrega dos prêmios acontece na noite do dia 22 de fevereiro no charmoso teatro Kodak, em Los Angeles.

Você é uma das poucas críticas de cinema brasileira que trabalha no maior mercado cinematográfico do mundo e integra a Associação de Críticos Estrangeiros de Hollywood. Como tudo isso aconteceu na sua vida? Eu me candidatei, simplesmente. Hesitei durante um tempo porque não sou exatamente uma pessoa que se dá bem em associações e clubes... mas resolvi tentar. E minhas credenciais foram aceitas. Isso já faz 25 anos.

Como é ter acesso ao mundo desses ícones que se assemelham a verdadeiros olimpianos para a maioria das pessoas? Há muitas dificuldades em transitar nesse meio? Tudo depende. Depende de as pessoas que guardam os portões de acesso te conhecerem; depende de a pessoa que você quer entrevistar ter tempo, disponibilidade e alguma coisa para divulgar. Tudo é negociável. Qual a sua avaliação da safra de filmes de 2014?

Como surgiu o seu interesse pelo cinema? De berço. Meu pai era um fã de cinema, além de ser

Não foi das mais abundantes em termos de qualidade, mas teve algumas gemas preciosas e únicas.


Delaney Andrews

VERBO

Dessa safra, o que as pessoas não podem deixar de conferir e por quê? “Boyhood”, “Birdman” e “Whiplash”, porque revelam três visões importante de como o cinema está hoje. Estamos chegando perto da maior premiação de cinema do mundo, o Oscar. Muitas vezes, os prêmios são muito questionados. Queria saber sua opinião sobre aquela velha questão: Oscar é questão de política ou de mérito? As duas coisas são inseparáveis em qualquer prêmio. No Oscar, que é escolhido pelas pessoas que fazem os filmes nos quais votam, o lado “político” pode refletir a velha máxima: “mas o que eu ganho com isso?”. “Mérito” é algo muito pessoal e fluido - o que um profissional acha “melhor” vai depender de sua formação, experiência e estética. Lembrando que são os profissionais que escolhem as indicações nas respectivas categorias, atores votam em atores, diretores em diretores, etc.

O Brasil ficou de fora mais uma vez. Como crítica, e tendo uma referência do que tem sido escolhido nos últimos anos, talvez você consiga identificar o que seria necessário para o Brasil chegar e voltar a aparecer na premiação. A gente não tem produzido bons filmes ou o problema é a escolha desses filmes por parte do Ministério da Cultura? Eu não saberia dizer. Não acompanho a produção nacional por inteiro. Portanto, não tenho como avaliar onde está o problema. Todos os anos, as listas de indicados apresentam surpresas e escolhas óbvias. A presença de quais personalidades ou quais filmes você mais comemorou na seleção deste ano? E quais você mais lamentou? Adorei ver “Whiplash” entre os melhores filmes; Marion Cotillard indicada a melhor atriz por “Dois dias, uma noite” e JK Simmons nomeado o melhor ator coadjuvante por “Whiplash”; “Song of the sea” e “O conto |9


VERBO

da princesa Kaguya” entre as animações; “Ida”, candidato Polonês e Relatos Selvagens, pela Argentina, entre os indicados a melhor filme estrangeiro (“Ida” também pela magnífica fotografia). Queria ter visto “Book of life” e “Uma aventura Lego” entre as animações, mas não tinha mais vaga... Outro filme que penso ter sido merecedor de indicações é “Vício Inerente”, de Paul Thomas Anderson, mas seria pedir muito da cabeça dos acadêmicos. Seria muito bom também ter Ava DuVernay indicada entre os diretores por “Selma”. Por outro lado, ficaria bem feliz em não ver “American Sniper” em lugar algum. Clint (Eastwood) que me desculpe. Percebemos que, gradualmente, os chamados filmes de arte vão aparecendo no Oscar. Isso lhe parece, de certa forma, sintomático, no sentido de que o Oscar talvez queira conversar com todo mundo, ser menos bairrista e conservador? Essa tendência vem de algum tempo e mostra uma fratura muito interessante nas escolhas da Academia:

os 6 mil membros passam o ano todo fazendo principalmente os filmões comerciais dos estúdios e na hora H escolhem os filmes pequenos, financiados independentemente, e com uma visão autoral. Isso vem desde os anos 90, pelo menos. Pode conferir. Já li algumas declarações suas sobre o seu fascínio em relação à qualidade dos seriados que têm sido produzidos recentemente. Há explicação para essa florescência da TV ao passo que o cinema parece um pouco cambaleante? O que acontece é que os grandes estúdios decidiram investir pesado em filmões comerciais, colocando uma grande massa de mão de obra altamente qualificada sem trabalho. A natureza detesta um vácuo. Esse pessoal tinha que ir para algum lugar. Some a isso o fato de que, enquanto os cinemas não têm mais para onde crescer (pelo menos aqui, nos Estados Unidos), o entretenimento em casa se expande em várias novas plataformas. That’s a bingo!

Apostas de Bahiana para o Oscar 2015 Melhor filme

Melhor direção

Qual vence?

Qual vence?

“Boyhood”

Richard Linklater, “Boyhood”

Torcida

Torcida

“Boyhood” ou “Birdman”. Na verdade, qualquer um que não seja “American Sniper”

Linklater ou Alejandro Iñárritu, por “Birdman”

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Melhor ator

Melhor filme estrangeiro

Qual vence?

Qual vence?

Qual vence?

Julianne Moore, por “Para sempre Alice”

Eddie Redmayne, por “A teoria de tudo”

“Leviathan” (Rússia)

Torcida

Torcida

Torcida

Marion Cotillard, por “Dois dias, uma noite”

Michael Keaton, por “Birdman”

“Ida” (Polônia) ou “Relatos selvagens” (Argentina)

Melhor atriz


ARTIGO

Kênio Pereira

Imobiliário

O valor do trabalho intelectual Não raramente, vemos exemplos de como as pessoas desprezam o valor do conhecimento. Algumas, ao solicitar uma prestação de serviços de graça, falam em “favorzinho” e chegam a ressaltar a facilidade na realização do serviço por quem é solicitado. Realmente, depois de ter adquirido experiência à custa de erros e de prejuízos, se não fosse “fácil”, esse profissional não poderia viver de seu trabalho.

quer talento e estudo para tornar o conteúdo atraente. Logicamente esses profissionais não ficaram anos aperfeiçoando seus conhecimentos para receber um agradecimento. Eles, como os demais prestadores de serviços, não vivem somente de elogios; têm compromissos e contas a pagar, da mesma forma que o construtor e os comerciantes. Certamente eles não doam suas mercadorias em troca de um obrigado.

Ignora-se que bens como o automóvel, o avião provêm do pensamento humano, pois, do contrário, estaríamos andando a pé. De nada adianta a força física de 200 trabalhadores para construir um edifício sem o intelecto do arquiteto, do engenheiro e do calculista.

Negar ao prestador de um serviço que colha os frutos do pensamento que ele aprimorou para manter seu sustento e de sua família é uma afronta à inteligência. Aquele que distorce uma situação para solicitar como favor um serviço, não faz outra coisa senão desvalorizar o crescimento alheio.

Causa espanto as pessoas valorizarem apenas os bens materiais e acharem que a informação, a consultoria, a redação de documentos ou a elaboração de projetos caem do céu. O trabalho intelectual dos advogados, juízes, cientistas, médicos, dentistas, artistas define nossa civilização, pois, sem eles, não teríamos o bem-estar, a segurança e o conforto que usufruímos.

Sábia foi a afirmação da artista Cacilda Becker: “Não me peça de graça a única coisa que tenho pra vender!”. Os espertalhões têm dificuldade para entender que o sucesso só vem na frente de trabalho no dicionário, pois insistem em pedir orientação ou serviço sem a devida combinação prévia de quanto custa.

Alguns acham normal solicitar ao advogado um esclarecimento de uma dúvida que pode resultar na perda de um imóvel. O mesmo ocorre com um mecânico que, sendo expert, pode evitar a perda de um motor. E tem gente que não dá valor. Simplesmente agradece e diz que vai indicar o escritório ou a oficina. Seria então justo o advogado ou o mecânico ir a um restaurante almoçar, elogiar e despedir-se sem pagar e dizer: ótima comida, vou indicar para os amigos!

Aquele que dá sem qualquer remuneração o que tem para vender é o primeiro a desmerecer seu esforço e conhecimento, pois dessa maneira não vai conseguir obter os bens necessários à sua sobrevivência e, muito menos, manter seu negócio, pois seus custos com aluguel, água, energia elétrica, empregados e estrutura não são pagos com favores.

Escrever, qualquer um sabe, mas fazê-lo com arte e criatividade, como um publicitário, ou com coesão, imparcialidade e objetividade, como um jornalista, re-

Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG keniopereira@caixaimobiliaria.com.br

Kênio Pereira

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METROPOLIS

Muito além das redes sociais Com grande potencial de crescimento no e-commerce, internet se torna ótima opção de investimento Diane Duque

a

internet e as redes sociais adquiriram status de fenômenos no Brasil, nos últimos anos. Para dar uma ideia, cerca de 60% da população brasileira tem acesso à internet. Em número absoluto, isso corresponde a quase a totalidade dos habitantes da Inglaterra e da França juntos. Quem não está conectado costuma receber a alcunha de “alienado”. A despeito de tão grande percentual de internautas, o e-commerce, ou comércio eletrônico, ainda tem muito a evoluir no Brasil. Dentre os desafios do setor está o de tornar os serviços mais seguros. De olho nesse filão de mercado, o Serviço Brasileiro de Apoio

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às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mapeou as 50 melhores oportunidades de negócio para quem quer investir no comércio on-line, que tem previsão de faturamento de mais de R$ 30 bilhões para 2015. De acordo com o estudo, os segmentos mais promissores são o de fantasias e acessórios para festas, bolos de casamento e infantis, artigos para cabeleireiros e salões de beleza, material de fotografia e malhação. Contudo, o Sebrae sugere cautela na hora de investir e listou estratégias antes de se jogar de cabeça em um negócio. Dentre as dicas está criar um blog de curiosidades e análises sobre os pro-

dutos ou os serviços a serem oferecidos, vender algumas unidades do produto ou do serviço em site com bom tráfego de pessoas ou criar uma página em uma rede social para encontrar pessoas dentro do nicho escolhido. Segundo Luiz Barreto, presidente do Sebrae, o e-commerce é um mercado promissor. O setor não passa por crises e tem um longo caminho pela frente. “Dos 100 milhões de brasileiros com potencial de compra, cerca de 51 milhões estão adquirindo produtos e serviços”, contabiliza. Barreto revela que o estudo surgiu da necessidade de criar um


METROPOLIS

roteiro para o desenvolvimento de negócios on-line. Segundo o presidente da instituição, o Sebrae entende que o mercado de nichos é o mais adequado para pequenos negócios, uma vez que o mercado de massa é um ambiente de maior concorrência e grandes varejos. No passado recente, o planejamento de uma loja virtual para pequenas empresas envolvia plataformas de e-commerce improvisadas e soluções em e-marketing primitivas. É o que revela a analista de soluções e inovações do Sebrae/RJ, Raquel Abranches. “Atualmente é possível montar um

e-commerce no Brasil com baixo investimento e contar com recursos que há pouco tempo estavam disponíveis apenas para grandes empresas”, aponta. Superintendente de um banco cooperativo do Rio de Janeiro e formado em Administração com MBA em Negócios e Marketing, Marcelo Espíndola viu no e-commerce uma forma de inovar. Quando questionado do porquê de sair da zona de conforto

da conquista profissional em um alto cargo de uma grande empresa para dar início a um novo desafio, Espíndola explica a aposta demonstrando contentamento com o negócio. “O mercado on-line tem seus diferencias em relação ao mercado físico. Ambos têm seus benefícios. O que mais me atraiu no mercado on-line foi a possibilidade de alcançar um público bem maior de clientes potenciais. Por meio da venda pela internet, distribuímos produtos para todos os estados brasileiros. Diversas cidades do interior do Brasil não têm lojas que vendem nossos produtos”, explica o

empresário. Espínola é dono de uma loja virtual que comercializa bíblias e livros cristãos. O empresário fez o planejamento e os preparativos para o lançamento do negócio ao longo de um ano. Desde 2012, a loja on-line está no ar. Segundo o empresário, no início foram atendimento e toda parte legal e fiscal. “Para quem deseja investir nesse negócio, elenco três dicas: persistência, foco e percepção. Demora um

tempo para o negócio ser percebido na rede. É necessário investir em marketing e ser sensível ao rumo que o negócio está tomando. Ter percepção do cliente é importante. De nada adianta elaborar a melhor loja do mundo, se o cliente não tem a mesma leitura. É preciso ouvir o seu público”, sugere Espíndola. De acordo com dados da Consultoria Ebit, em 2013, o setor de e-commerce fechou o ano com faturamento de R$ 28,8 bilhões. Esse total representa um crescimento de 28% em relação a 2012. Em 2014, apenas no primeiro semestre do ano, o setor faturou R$ 16 bilhões, e a previsão é a de fechar o ano com alta de 26% com relação a 2013. E não para por aí. De acordo com o relatório de tendências de mercado da consultoria MarketLine, o crescimento previsto para o segmento no período entre 2012 e 2017 deve ser de 16,4%. Maria Fernanda Costa, proprietária de um salão de beleza no bairro de Botafogo, é uma das empresárias que compareceram à Feira do Empreendedor, organizada pelo Sebrae na Zona Oeste do Rio de Janeiro, no fim de 2014. Ela se encantou com as possibilidades de novos negócios pela internet e assistiu a três palestras relacionadas ao tema. “Adorei tudo e aprendi muito sobre a forma de administrar com o uso de ferramentas da internet. Saio daqui com um serviço de site contratado e um sistema de marcação de serviços on-line. Estou feliz e acho que em 2015 vou conseguir crescer com muito planejamento. Aqui aprendi que o segredo do sucesso é planejar e executar. Assim tudo fica mais fácil”, conta entusiasmada a pernambucana que mora no Rio há 18 anos.

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METROPOLIS

Sinal vermelho A nova realidade do mercado brasileiro desperta a necessidade de bons hábitos de consumo: tem que ter crédito para ter crédito Bianca Nazaré

O

“nome limpo na praça” já não representa mais caminho livre para o acesso ao crédito no país. Desde que a tecnologia se tornou uma das ferramentas de análise de operações financeiras, consumidores vêm expiando numa via-crúcis até a conquista do objetivo: o carro, a casa, ou até mesmo itens mais simples. Fernando Heleno, de 25 anos, nunca teve o nome negativado, mas não consegue fazer um cartão de crédito. Sem encontrar nenhum problema no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) nem na Serasa, Fernando não via motivos para a negativa das lojas. A única

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informação passada pelas empresas era de que o sistema não tinha liberado a operação. O acesso tem sido ainda mais difícil para o auxiliar administrativo Robert Neri Ferreira Campos, também de 25 anos. Com o nome limpo, Robert tem sido barrado em todas as lojas em que procura fazer compras no crediário ou em suas tentativas de obter cartões. A justificativa da maioria das empresas procuradas é de que, no momento, não foi possível enquadrá-lo em todos os critérios de concessão de crédito e que o cartão não

pôde ser aprovado. Apenas uma loja o informou sobre a baixa pontuação de crédito, conhecido no mercado como Credit Score. Ao pesquisar sobre o assunto e saber que a Serasa Experian realizava a venda desse sistema, ele protocolou uma reclamação na rede social Reclame Aqui. “Já existem outras formas de impedir o consumidor, como o SPC e a Serasa. Agora, quando você está com seu nome limpo, é vetado o seu direito de adquirir crédito”, queixa. Na rede social Reclame Aqui há mais 1.344 reclamações relacionadas ao


METROPOLIS

Credit Score, sendo 1.244 delas ligadas à Serasa Experian e 28 ligadas à Boa Vista Serviços. Ambas vendem o sistema de Credit Score para empresas interessadas em adquirir a ferramenta para suas operações de análise.

A. Junior

O QUE É O CREDIT SCORE? Além da consulta aos bancos de dados do SPC, Serasa e SCPC, administradora da Boa Vista Serviços, as empresas utilizam ferramentas de cálculos estatísticos para indicação do grau de risco das operações financeiras. O Credit Score indica a probabilidade de inadimplência em cada situação em que é solicitado o crédito. Por isso, mesmo estando com o nome limpo, o consumidor vai estar sujeito a recusa. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Serasa Experian explica que o Credit Score é apenas uma das ferramentas estatísticas utilizadas pelo concedente do empréstimo, não sendo a única que se utiliza de informações constantes em bancos de dados públicos sobre os consumidores. Segundo a Serasa, cada agente institui e utiliza as próprias políticas de crédito e de risco. Isso significa que o consumidor pode ter o crédito aprovado em determinado estabelecimento comercial e negado em outro. Segundo o presidente da Boa Vista Serviços, Dorival Dourado, e a Serasa Experian, o Credit Score faz a análise do perfil de grupos de consumidores baseada em informações públicas, como o índice de inadimplência da região em que o consumidor mora, além de informações prestadas em compras anteriores. Também são considerados os registros de débitos, a quantidade de consultas no nome do consumidor, a existência de ações judiciais relacionadas à execução, busca ou apreensão de bens, além de títulos protestados.

A impossibilidade de parcelar compras de mercadorias de valor elevado, como eletrodomésticos, móveis e veículos, é o ponto crítico para quem não tem Score de crédito suficiente

Esses dados são transformados em modelos estatísticos e as informações são convertidas em números (pontos) que demonstram grupos de consumidores com maior ou menor tendência à inadimplência. O cálculo do Score tem um resultado entre 0 e 1000. Quanto maior a pontuação do consumidor, maior é a chance de conseguir pagar o crédito solicitado em um determinado período. RECLAMAÇÕES O problema envolvendo o Score ganhou notoriedade em 2010 quando o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul condenou a Câmara de Dirigentes Logistas (CDL) do estado a pagar R$ 10 mil por danos morais a uma consumidora que teve o pedido de cartão de crédito recusado. A alegação da empresa foi o baixo Score da cliente. A CDL foi apenada por ser a responsável pela venda do Credit Score ao varejo. Desde o julgamento favorável à consumidora, milhares de ações foram protocoladas na Justiça com o mesmo teor. Os advogados dos reclamantes defendem que o sistema afronta o

Código de Defesa do Consumidor por informar às empresas dados privados não liberados pelos clientes. Os milhares de processos fizeram com que o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) se pronunciasse. Em agosto de 2014, o STJ convocou as principais empresas de proteção ao crédito e órgãos de defesa do consumidor para uma audiência pública que definiu a legalidade do Credit Score. O acórdão publicado em novembro de 2014 considerou que o sistema é uma prática lícita, prevista em lei. Naquela ocasião havia cerca de 100 mil processos contra o Credit Score nos tribunais brasileiros, segundo o Banco Central. A instituição interveio na audiência em favor da permanência do modelo, alegando que o Scoring é favorável à economia. A insatisfação dos consumidores diz respeito à falta de transparência na disponibilização de informações prestadas pelas empresas. O procurador do Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-MG), Mateus Simões, esclarece que o Código de Defesa do Consumidor garante ao consumidor o direito a in-

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Como melhorar o Score de crédito

formações claras sobre qualquer tipo de fornecimento ou recusa de crédito. “O consumidor tem o direito de saber qual critério foi utilizado para a negativa. Isso não obriga a instituição a conceder o pedido, mas a obriga a dizer ao consumidor a razão de ele não ter conseguido o crédito”, esclarece. Simões acrescenta que, caso o consumidor não tenha sido esclarecido adequadamente sobre a recusa do crédito, ele possa exigir a apresentação dos critérios que levaram ao impedimento do acesso por meio do Procon ou da Justiça. O procurador acredita que as empresas tomem decisões pela obscuridade por temerem estar incorrendo em algum tipo de discriminação. A pontuação por região de moradia é um dos itens que gera polêmica. “Seria válido colocar no Score o bairro de morada do indivíduo?”, questiona Simões, explicando que este é um dos critérios do Scoring mais questionados na Justiça. “Quando você usa esse critério para conceder ou não o

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crédito, você está dizendo ‘as pessoas que moram nesse bairro não pagam suas dívidas’. Então, de alguma forma, você está discriminando aquelas pessoas. É por isso que o critério tem que ser transparente e também é por isso que as empresas evitam informá-los sobre razões”, elucida. No cenário econômico brasileiro, as empresas vêm buscando o mínimo de risco nos processos de concessão de crédito ao consumidor. Por esse motivo, ferramentas que contribuam para proteger o mercado da inadimplência, como o Credit Score, ganham legitimidade. O Serasa Experian acredita que o sistema permita evitar o superendividamento e reduzir a inadimplência, que apresentou um ligeiro recuo em 2014. Segundo o estudo “Perfil do endividamento das famílias brasileiras em 2014”, realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Tu-

rismo (CNC), o índice de famílias endividadas diminuiu 0,8% no ano passado. CONSUMIDOR ATRAENTE O Cadastro Positivo é uma ferramenta recente pensada para que os contribuintes tenham também um histórico de pagamento de contas em dia. Nele, as empresas de proteção ao crédito, como SPC, Serasa e SCPC, mantêm um banco de dados positivo de consumidores comprometidos a quitar suas dívidas. Esses dados ficam disponíveis para as empresas nas futuras análises de crédito. O cadastro pode ser feito gratuitamente no site de uma das instituições citadas. Caso o consumidor tenha interesse em conhecer as informações e as fontes utilizadas para o cálculo do seu Credit Score, basta procurar uma agência de atendimento gratuito do Serasa Experian e solicitar as informações, que deverão ser fornecidas em, no máximo, dez dias.


ARTIGO

Robson Sávio

Justiça

Urge reformar a Segurança Pública A partir da compreensão da segurança pública como direito de cidadania, um pacto nacional pode redundar na melhoria dos indicadores da criminalidade e na devolução da cidadania negada a milhões de brasileiros, vítimas de uma política de segurança que enxerga[va] nos pobres, as classes perigosas e violentas. Quais mudanças são urgentes? 1. Criação, regulamentação e implementação de políticas de gestão da atividade policial padronizadas nacionalmente e de mecanismos eficientes de controle da atividade policial com Ouvidorias de Polícia autônomas. Uma gestão eficiente dos operadores da segurança pública precisa romper com os feudos acumulados ao longo de anos nas corporações policiais e é fundamental para o planejamento das ações de prevenção e repressão ao crime. 2. Padronização dos programas de prevenção articulados com policiamento comunitário: se a repressão qualificada — baseada na eficiência da gestão policial — é importante para o aprimoramento da segurança pública, os programas de prevenção são fundamentais. Porém, é preciso integrar programas e ações de prevenção com programas sociais (como políticas de geração de emprego e de renda direcionados aos jovens) e com programas de prevenção, tratamento e/ou redução de danos direcionados a usuários de drogas. 3. Em relação ao sistema prisional: uma reengenharia desse sistema torna-se cada vez mais necessária na medida em que o exponencial aumento do número de presos, o elevado custo do sistema e sua baixíssima efetividade (haja vista as taxas de reincidência) indicam sua inviabilidade. Nesse sentido, o esforço político demanda uma concentração que envolve os três poderes: em relação aos executi-

vos, a padronização da gestão; em relação ao Judiciário, reformas nos procedimentos do sistema de justiça criminal e busca de padrões de celeridade (a impunidade alimenta a criminalidade); em relação ao Legislativo, reformas na legislação tendo como princípio que a utilização do aprisionamento é o último recurso a ser utilizado. 4. Em relação ao sistema de medidas socioeducativas, os jovens são, majoritariamente, vítimas e autores dos crimes violentos. É preciso investir maciçamente em políticas de prevenção à criminalidade, ao uso de drogas e na assistência às famílias em risco social. Em relação às medidas em meio fechado, aplicadas a adolescentes autores de atos infracionais; devem possibilitar a efetiva reintegração familiar e social desses jovens. 5. Integração inter e intragovernamental: as agências do sistema de segurança pública sob a responsabilidade do Executivo estadual (polícias e sistemas prisional e socioeducativo), os órgãos do Judiciário (de execução penal e da infância e juventude), os órgãos nacionais e os municípios precisam atuar numa articulação com vistas à otimização das ações e de programas nos três níveis de governo, objetivando a construção de políticas públicas de segurança que se complementam (otimizando recursos humanos e financeiros) e superando a “colcha de retalhos” do atual modelo — que gera altos custos, baixos resultados, competição e corrobora o desarranjo institucionalizado da política de segurança.

Robson Sávio Reis Souza Filósofo e cientista social robsonsavio@yahoo.com.br

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ARTIGO

Ruibran dos Reis

Meteorologia

2014: o ano mais quente da história Os primeiros registros meteorológicos datam de meados do século XIX. No Brasil, as coletas de dados começaram a ser feitas a partir de 1910. Com base em registros de gelo, árvores, polens é possível refazer os registros históricos do clima. Ao analisar as informações históricas, verificamos que nunca as temperaturas estiveram tão elevadas quanto as observadas nas últimas quatro décadas. Os dez anos mais quentes da história se desenrolam a partir de 1997. Em 2014, atingimos o ápice. A Agência Americana de Meteorologia e a Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) divulgaram que o ano passado foi o mais quente da história. É importante observar que naquele ano o El Niño atuou com fraca intensidade.

“Em 2014, atingimos o ápice. A Agência Americana de Meteorologia e a NASA divulgaram que o ano passado foi o mais quente da história”

O aumento da temperatura do ar causa variabilidade do clima de todo o planeta. Enquanto alguns países apresentam ondas de calor, outros registram temporais, chuvas de granizo, secas, etc. Em 2014, a temperatura do ar subiu 0,69 grau em todo o planeta. Parece pouco, porém a quantidade de energia necessária para causar alterações do clima é enorme. O Brasil sofre com essas alterações desde 1979. De lá para cá, aconteceram, no país, grandes desastres climáticos. 18 | www.voxobjetiva.com.br

O aumento da temperatura do planeta está diretamente associado ao aumento dos gases do efeito estufa: dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. Infelizmente a política dos governos municipais, estaduais e federal não tem olhado para a mitificação da emissão dos gases. Há alguns levantamentos isolados que dão conta da quantidade de gases emitidos por alguns municípios, entretanto, faltam políticas públicas para diminuir as emissões efetivamente. No Brasil, vamos continuar sentindo os impactos das mudanças climáticas ocorridas desde a Revolução Industrial e gastar R$ bilhões para diminuir os prejuízos decorrentes da inexistência de planos de contingência e planejamentos para adaptações.

Ruibran dos Reis Diretor Regional do Climatempo e professor da PUC Minas ruibrandosreis@gmail.com


METROPOLIS

Guilherme Bergamini

Novo secretariado, velhos nomes Composição do secretariado de Pimentel divide opiniões. Cotas partidárias deram projeção a nomes desconhecidos Rodrigo Freitas

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arco Antônio Rezende é o novo secretário de Estado de Casa Civil e Relações Institucionais. Foi procurador-geral da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) quando o governador, Fernando Pimentel (PT), esteve à frente da administração municipal. Secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Miguel Corrêa

(PT) é deputado federal e, nos últimos anos, se tornou homem de confiança de Pimentel na articulação política. Helvécio Magalhães (PT), que assumiu a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, foi secretário de Saúde no governo de Pimentel na capital e assumiu a Pasta de Planejamento e Orçamento na PBH no primeiro mandato de

Marcio Lacerda (PSB) por indicação do próprio petista. Em comum, esses três nomes evidenciam que o novo governador de Minas montou seu secretariado com base em velhos nomes que os cercam desde os tempos em que foi prefeito da capital mineira, entre os anos de 2001 e 2008. Embo-

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METROPOLIS

Omar Freire/ Imprensa

Pouco depois de ter tomado posse, o governador Fernando Pimentel reuniu a equipe de secretários para discutir o planejamento da administração estadual

ra tenha costurado a formação de sua equipe privilegiando também os partidos que o ajudaram a se eleger – como o PMDB, o PCdoB e o PRB –, Pimentel fez questão de colocar em postos-chave seus nomes de confiança. Outros exemplos dessa alocação estratégica do secretariado estão nas secretarias de Estado da Fazenda, da Educação e de Transportes e Obras Públicas, comandadas, respectivamente, por José Afonso Bicalho, Macaé Evaristo e Murilo Valadares. Bicalho foi secretário de Finanças da PBH durante o segundo mandato de Pimentel e assessor econômico do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior enquanto o petista esteve no comando da pasta, entre 2011 e 2014. Macaé foi secretária de Educação de Belo Horizonte e uma das responsáveis pelo programa de Educação Integral da capital mineira. Por sua vez, Valadares ocupou o cargo de secretário de Políticas Urbanas da capital

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nos mandatos de Pimentel e foi o responsável por tocar as principais obras do petista em suas gestões. Para o deputado federal Reginaldo Lopes, ex-presidente do PT em Minas Gerais, o governador, de fato, privilegiou nomes que o acompanharam ao longo dos anos em sua vida pública. “Eu penso que ele (Pimentel) combinou experiência técnica, caminhada histórica de alguns companheiros com seu projeto político com uma inovação e renovação de forças políticas dos partidos”, afirma. O fato de muitos nomes do secretariado terem uma profunda ligação com a capital mineira – inclusive já tendo ocupado cargos na administração municipal – já motiva as primeiras críticas da oposição. “É um secretariado muito belo-horizontino. Não vejo uma grande representação do interior nas escolhas do Pimentel. Não há ninguém do Triângulo Mineiro ou

de Juiz de Fora, na Zona da Mata, minha cidade”, ataca o presidente do PSDB em Minas, deputado federal Marcus Pestana. Outros exemplos que mostram que Pimentel privilegiou seu esquadrão estão na presidência da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), agora comandada por Mauro Borges. O novo presidente da estatal substituiu o governador no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e é professor de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde Pimentel também lecionou. Marco Aurélio Crocco, que assumiu o comando do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) foi o coordenador do programa de governo do petista nas eleições do ano passado. INSATISFAÇÃO A equação da montagem de um governo é complexa e não passa apenas pelos nomes que são de confiança do governante. E nessa conta difícil de fechar, algumas insatisfações foram ensaiadas, mas não chegaram a ganhar força. Os problemas nascem justamente no PT, o partido do governador. Algumas das correntes internas reclamam que foram “esquecidas” na formação do secretariado. É o caso da Democracia Socialista, tendência mais voltada à esquerda. O governador, no entanto, considera que Helvécio Magalhães é um representante do grupo, mas os petistas o consideram como sendo da cota pessoal do novo governador. Apesar das insatisfações, tudo está sendo tratado com muito cuidado para evitar desgastes e turbulências nos primeiros momentos do novo governo. “Pimentel privilegiou gente da corrente


METROPOLIS

Para Marcus Pestana, Pimentel poderia ter feito escolha mais heterogênea, com representantes de diferentes regiões do estado

Construindo um Novo Brasil, que é a corrente dele e hoje é a majoritária no partido. Há gente meio chateada, mas vamos ficar quietos. A hora é de apoio ao governador”, afirma um petista histórico em Minas, preterido da formação do secretariado. Também ficaram de fora do primeiro escalão as tendências Militância Socialista e Esquerda Popular Socialista. COTA POLÍTICA Na montagem do secretariado, Pimentel não se esqueceu também de privilegiar as forças políticas que o ajudaram a marchar até o Palácio Tiradentes, hoje a sede do governo do estado. O PT ficou com 11 secretarias. O PMDB, grande aliado e partido do vice-governador Antônio Andrade, ganhou seis e assumiu postos também estratégicos como a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (João Cruz Reis Filho) e a recém-criada pasta de Recursos Humanos (Gamaliel Herval). PCdoB e PRB ficaram com uma pasta cada. E o PR, que mudou de lado durante a eleição e chegou a apoiar Pimentel, também foi contemplado. Aliás, recai justamente sobre a indicação do PR a maior crítica ao novo secretariado mineiro. O deputado federal Bernardo Santana, novo secretário de Defesa Social, tem sido contestado. Especialistas e a oposição defendem que a área deveria ficar sob o comando de mãos técnicas na área da segurança e não sob a batuta de uma indicação política, como acabou ocorrendo. “Na Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), aparentemente e por enquanto, continua tudo na

Alessandro Loyola

mesma toada. Aventou-se alterações, mas implementar mudanças substanciais na área da segurança pública, convenhamos, é para poucos”, avalia o cientista político e especialista em segurança pública Robson Sávio, da PUC Minas. “Na segurança pública, talvez tenha havido a indicação mais problemática do governo do PT em Minas. Não pode fazer uma boa política de segurança sem a Polícia

Militar (PM) e o Ministério Público (MP)”, critica Marcus Pestana, referindo-se ao fato de Pimentel ter anunciado o novo secretário em um evento da Polícia Civil (PC), o que melindrou as relações com a PM e com o MP. Pestana considera que o novo secretário, embora seja seu “amigo”, seja a “pessoa errada no lugar errado”. Para Sávio, a indicação política pode ser problemática porque a

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METROPOLIS

Pimentel poderia lançar mão dessa auditoria caso o senador Aécio Neves começasse a jogar muito pesado contra a presidente Dilma Rousseff. De duas, uma: ou Pimentel não gostou do comportamento do senador ou vai continuar tendo essa carta no bolso do colete

Rudá Ricci, cientista político

Seds, “durante o governo Antonio Anastasia, que foi o melhor secretário dessa pasta, ainda durante o governo Aécio, ficou à deriva nos últimos quatro anos, transformada numa espécie de mastodonte ingovernável com a PM e a PC disputando espaços institucionais e agindo como instituições autônomas; o sistema prisional à beira de um colapso”. Também houve críticas em torno da indicação do secretário de Estado de Esportes, Carlos Henrique (PRB). Pastor evangélico, os setores ligados à área reclamam da pouca ou nenhuma identificação do deputado estadual com a seara esportiva. É a mesma crítica feita em torno da indicação do deputado federal George Hilton para o Ministério do Esporte. Hilton também é do

PRB e, em sua posse, chegou a admitir que não “entende profundamente de esporte”. MULHERES Apenas uma mulher – Macaé Evaristo – compõe o secretariado do governo Pimentel. Ainda no primeiro escalão, Sinara Meirelles ficou com a presidência da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). O fato de apenas duas representantes do sexo feminino estarem nos cargos mais altos do estado também motivou uma ressalva feita pela deputada federal Jô Moraes (PCdoB), apoiadora do governo. Embora considere os nomes de todos “altamente qualificados e preparados”, ela reclamou do pouco espaço destinado às mulheres. “A presença de mulheres é muito pequena, praticamente inexiste. Então a gente precisa compensar a ausência de mulheres no secretariado com políticas públicas e reforço nos demais órgãos governamentais”, reivindica. MISSÃO

André Martins

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Dentro de 90 dias, o governador Pimentel pretende dar uma primeira grande missão a seu secretariado. Como encomendou uma auditoria sobre as contas do estado, ele pretende que seus auxiliares se debrucem sobre os resultados para interpretar o que o trabalho técnico apontar. Na opinião do cientista político Rudá Ricci, os resultados da auditoria podem ser utilizados de duas maneiras. “Pimentel poderia lançar mão dessa auditoria caso o senador Aécio Neves começasse a jogar muito pesado contra a presidente Dilma Rousseff. De duas, uma: ou Pimentel não gostou do comportamento do senador ou vai continuar tendo essa carta no bolso do colete”, avalia.


ARTIGO

Maria Angélica Falci

Psicologia

Retração versus expansão Relacionar-se amorosamente é importante e prazeroso. Mas nem sempre estar ao lado de alguém suscita os melhores dos sentimentos. Há quem sofra ao tentar se apresentar, fazer os primeiros contatos ou mesmo manter um relacionamento sadiamente. A dificuldade varia mediante os traços de personalidade. Existem pessoas muito retraídas, que se fecham com receio de se expor ou incomodar, e, por outro lado, há as ‘atiradas’, para as quais, em muitos casos, falta bom senso. Como equilibrar? Não ser retraído demais nem inconveniente, invasivo e chato?

Pessoas inseguras e fechadas precisam, sim, trabalhar melhor o autoconhecimento para vencer determinadas barreiras. Da mesma forma, aqueles que são expansivos demais não podem perder o limiar do respeito ao outro.

“Sentir a vida e fazer valer os sentimentos deve ser um dos nossos principais alvos”

Quando o tema é ‘relacionamento’, é importante analisar esse mundo cada vez mais tecnológico. A internet possibilita encontros, sem dúvidas. Ao mesmo tempo, essa ferramenta contribui para a diminuição dos encontros face a face. Viver a realidade, fora do mundo virtual, é algo que pode trazer muitas barreiras e constrangimentos para os ‘acanhados’. A internet é um subterfúgio por facilitar essa socialização. Entretanto, ela limita o aprendizado real. É importante olhar nos olhos, encarar e se sustentar com segurança. Nem sempre é fácil, mas o indicado é não mergulhar somente nessas relações virtuais. Às vezes escutamos ou confabulamos com nós mesmos que uma pessoa desinibida tem autoestima mais elevada que a do retraído, entendido como inseguro. Essa associação nem sempre é verdadeira. Pessoas expansivas demais podem se esconder neste módulo de comportamento. Por sua vez, os retraídos não são, por regra, depressivos e inseguros. Nosso modo de enxergar o mundo pode ser enganoso.

Não vale vir com rótulos. Cada um tem a sua construção e os seus registros. Se o seu comportamento incomoda, busque se compreender para mudar. Se o seu jeito de ser não incomoda a você e somente aos outros, siga a sua mente e o coração.

O cotidiano em consultório é algo que me fascina. De perto, conheço universos particulares, receios e fantasmas. Ver uma pessoa lutar para modificar traços de comportamento e ir ao encontro dos pontos favoráveis a ela traz grande satisfação. Não importa se o indivíduo é retraído ou expansivo, desde que ele esteja à procura de mudanças. Quem não quer se sentir ajustado, importante; e amar e ser amado? Sentir a vida e fazer valer os sentimentos deve ser um dos nossos principais alvos. Aos tímidos em excesso, uma dica: não se entregue ao medo de conhecer e aproximar, fazer amigos e se relacionar amorosamente. Esse é o grande ápice da vida! Aprender a equilibrar é a grande receita psíquica.

Maria Angélica Falci Psicóloga clínica e especialista em Sáude Mental angelfalci@hotmail.com | 23


SALUTARIS

O limite do desejo Academias cheias, personal trainers e cirurgiões com a agenda lotada. O verão impulsiona um crescente número de pessoas na busca pelo corpo perfeito Érica Fernandes

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ulher brasileira em primeiro lugar”, já cantava Benito di Paula se referindo à singularidade da beleza nacional em relação à das outras mulheres do mundo. A típica musa elogiada por Benito na década de 70 seguia o padrão de mulher magra com pernas finíssimas, inspirada em modelos como a famosa Twiggy. Mas isso mudou. Atualmente elas preferem a musculatura definida, com glúteos e seios avantajados, barriga ‘tanquinho’ e pernas torneadas. É um corpo escultural que beira a perfeição. Com um padrão de beleza tão elevado, quem deseja desfilar no verão com o corpo ‘em forma’, tem que suar a camisa literalmente. A estudante de direito e vendedora Uiara Freitas, de 19 anos, malha desde os 13. Ela confessa que segue uma rotina intensa de

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atividades físicas. Em novembro, entretanto, o ritmo se torna ainda mais desafiador, com baterias de exercícios aeróbicos que auxiliam na rápida perda de medidas. A preparação para o verão não fica restrita apenas ao trabalho com o corpo. A estudante dá atenção especial ao cardápio. “Corto o açúcar e a lactose da minha alimentação e permaneço com minha dieta balanceada sem frituras, farinha branca

nem alimentos calóricos. Quando tenho que ir a festas e restaurantes com amigos, como em casa para não sair da linha”, conta. Quem também entra com fôlego total na hora de se preparar para a estação mais quente do ano é a empresária Lindsey Passos, de 25 anos. Ela segue, rigorosamente, a rotina do projeto verão que academia onde ela frequenta criou para


Shutterstock

SALUTARIS

esse período do ano. “Falei para o meu personal que quero chegar com a barriga ‘trincada’ em 2015”, afirma sem rodeios e com a alegria de quem já perdeu 30 quilos desde o início da vida saudável, há três anos. Tanto Uiara quanto Lindsey têm em comum a boa forma física e o acompanhamento de profissionais, como personal trainer e

nutricionista. Aliada a isso, está a rotina de exercícios na academia. São, em média, quatro dias por semana no espaço fitness. Investimento que faz toda a diferença. “Hoje existe um aumento no número de academias em Belo Horizonte parecido com o movimento das locadoras de vídeo no passado. Em parte, esse crescimento se deve aos incentivos do governo em relação à

saúde, porque fica muito mais barato manter uma população que se exercita. Além disso, a mídia propaga uma imagem de corpo ‘marombado’ com influências de padrões americanos, aumentando assim a procura pela realização da prática esportiva”, entende o gerente comercial e coordenador de uma academia estabelecida na região da Pampulha, Frederico Souza.

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SALUTARIS

atrelada apenas às capacidades profissionais. A mulher de hoje busca também alcançar projeção por meio de atributos estéticos. A visão de Pereira é reiterada pelo especialista em cirurgia plástica Rodrigo Lacerda. O cirurgião tem experiência de mais de 16 anos na área e está vinculado às sociedades Brasileira e Internacional de Cirurgia Plástica. Lacerda conta que, nos últimos dez anos, a procura pelas intervenções clínicas cresceu consideravelmente. Segundo o médico, isso se deve à preocupação elevada das pessoas com a aparência, fruto da competição profissional e da busca do bem-estar, além da condição econômica favorável do país, principalmente entre 2008 e 2012.

Arquivo Pessoal

Corto o açúcar e a lactose da minha alimentação e permaneço com minha dieta balanceada sem frituras, farinha branca nem alimentos calóricos. Quando tenho que ir a festas e restaurantes com amigos, como em casa para não sair da linha

Uiara Freitas, estudante

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A Teoria das Gerações também explica o aumento pela procura de atividades físicas. Segundo essa corrente de pensamento, a geração X, anterior à atual, nasce no período pós-guerra, tempos de maior privação econômica. Naquela época havia grande preocupação com os recursos e pouca com o bem-estar social. A geração Y, que surge após os anos 80, por sua vez, vem de um contexto em que já se havia acumulado certa riqueza. As prioridades são outras, como a realização pessoal e a forma física. Atuante na área esportiva há quase 30 anos, o psicólogo e personal trainer Marcelo Pereira acredita que a independência conquistada pela mulher a partir da década de 70 faça com que ela queira se exibir cada vez mais para a sociedade. Para elas, a busca pela excelência não está

De acordo com Lacerda, a demanda por cirurgias aumenta com a proximidade do verão, período em que muitas mulheres decidem se submeter a procedimentos estéticos. O implante de próteses de silicone nas mamas, lipoaspirações e rinoplastias (cirurgia estética de correção do nariz) são as intervenções mais procuradas. “Hoje em dia, os clientes buscam um corpo bem-definido, com o mínimo de gordura, mamas mais avantajadas, rosto mais jovial, com um nariz que seja o mais natural possível”, revela. Tanto educadores físicos quanto nutricionistas e cirurgiões plásticos concordam em um ponto: a estética é o principal fator atrelado à procura por eles. Segundo Souza, 90% dos clientes procuram a academia movidos pela aparência física. “Muita gente diz que está malhando por saúde ou para melhorar a postura, mas na verdade elas escondem o motivo principal, porque ninguém quer falar que está fazendo tudo isso pela beleza”, acredita.


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de exageros quando o assunto é o corpo. Reconhecida pelas postagens de fotos nas redes sociais exibindo formas físicas perfeitas, a modelo foi parar nas capas de jornais e de revista recentemente. Mas dessa vez o destaque não foi o corpo escultural. Andressa protagonizou um incidente com a aplicação de hidrogel nas pernas. A substância levou a modelo a uma internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Conceição, em Porto Alegre, durante dias. “Existe uma cobrança de como vou me mostrar e não do que as pessoas vão ver, porque o gosto é relativo. Na verdade, as pessoas podem estar admirando o corpo de determinada pessoa, enquanto ela ainda continua insatisfeita fisicamente”, pondera Pereira.

Arquivo Pessoal

Lindsey perdeu mais de 30 quilos e quase desenvolveu um quadro de anorexia. O treinador e os familiares foram importantes na conscientização de que era necessário diminuir o ritmo

PERIGOS Para atingir o padrão de beleza e estar em forma no verão, nem todo mundo recorre aos métodos tradicionais: prática de exercícios com acompanhamento e cardápio balanceado. Há quem aposte em todo tipo de dieta e listas de exercícios divulgados em sites e em revistas de beleza. Tudo isso é feito sem nenhum tipo de orientação profissional.

Souza afirma que muitas mulheres aumentam a carga de atividades físicas enquanto reduzem a alimentação baseando-se em dietas mirabolantes para obterem resultado em curto prazo. A consequência de decisões como essa é a baixa da imunidade e o desgaste do corpo, que se torna suscetível a infecções e doenças. A apresentadora de TV e modelo Andressa Urach é um dos exemplos

Embora tenha atingido o equilíbrio com o corpo, Lindsey relata que o processo de emagrecimento foi conturbado. Ela saiu de um quadro de obesidade para uma quase anorexia. “Com 1,6 metro de altura, eu pesava 85 quilos. Após três anos, passei a pesar 50 quilos. Meu manequim era 42 e reduziu para 34”, recorda. Com a perda de peso, a empresária e a família dela viram o corpo da jovem se transformar até atingir o limite. “Ela estava muito envolvida emocionalmente. Esse fator trouxe dificuldades para abandonar o ritmo. Foi nesse momento que eu e a família dela interviemos, mostrando que era hora de parar”, relembra Pereira, que é personal da jovem. Depois dos desafios com a obesidade e do risco da anorexia, Lindsey acredita que tenha atingido o equilíbrio. “Quero continuar a ter uma vida saudável. Essa decisão é uma consciência; não é um foco de 2015 nem um projeto de verão. Para mim, atingir esse estágio significou a mudança da minha vida”, relata.

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Fred Hoffmann/ Divulgação/ CBVela

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Flávio Perez/ OnboardSports Divulgação

Salto em distância Brasil trabalha para se tornar potência esportiva em 2016, e o caminho para isso passa por Toronto, no Canadá Thalvanes Vinicius

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á pouco mais de sete anos, os brasileiros conviveram, de forma intensa e próxima, com o espírito olímpico - um tipo de prévia do que está destinado ao país em 2016. O Rio de Janeiro, acostumado a ser o centro das atenções do esporte no Brasil, especialmente em jogos de futebol no Maracanã, foi a sede da terceira maior competição multiesportiva do planeta: o Pan-Americano. Em 2007, pela primeira vez na história, a delegação brasileira alcançou a terceira posição no quadro geral de medalhas, abrindo caminho para uma evolução nos resultados. O Brasil tem a sétima economia do mundo, a quinta maior extensão territorial dentre os países do mundo e o quinto maior contingente populacional. Mesmo com tantos superlativos, o país sempre

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esteve longe de ser uma potência esportiva. Nas últimas Olimpíadas, foi apenas o 22° colocado. No dia 10 de julho deste ano, iniciam-se os Jogos Pan Americanos, em Toronto, no Canadá, e a competição é vista pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) como uma etapa imprescindível na preparação para os Jogos Olímpicos, no ano seguinte. A meta do COB é audaciosa: fazer do Brasil um dos dez países mais bem colocados no quadro de medalhas em 2016 e se manter no TOP 3 no Pan. Para alcançar o objetivo, em 2009, logo quando foi anunciado que o Rio sediaria as Olimpíadas, um plano estratégico foi elaborado para guiar o desenvolvimento sustentável de todas as modalidades olímpicas. O orçamento do COB é de aproximadamente R$ 700 milhões para investimento nesse ciclo, somando-se a isso recursos de outras entidades, como as Confederações, o Ministério do Esporte e os Clubes. Os primeiros anos desse período foram voltados para a preparação técnica, física e mental e estruturação das equipes brasileiras. A ideia é fazer com que o país conquiste mais medalhas nas modalidades em que tem tradição, como judô, futebol, natação, vela e vôlei, além de aumentar o sucesso em modalidades potenciais, como o boxe e a ginástica. Segundo o Diretor Executivo do COB, Marcus Vinícius Freire, o comitê monitora os principais atletas brasileiros buscando atender às principais necessidades em termos de treinamento esportivo. “Com os dados obtidos com o nosso acompanhamento, estabelecemos estratégias de investimentos visando o aprimoramento e desenvolvimento de cada esporte, disciplina ou atleta de potencial. Buscamos investir

nos detalhes que possam fazer a diferença no resultado dos atletas”, explica. A participação de treinadores qualificados é outro fator importante para acelerar a evolução do esporte em terras tupiniquins. Atualmente são 40 técnicos estrangeiros, de 20 modalidades diferentes, trabalhando com as equipes brasileiras, por meio de recursos da Lei Agnelo/Piva. E os resultados estão mesmo começando a aparecer. Ao longo de 2014 foram 24 conquistas, entre pódios em campeonatos mundiais e em competições equivalentes e posições em rankings de diversas modalidades. Em 2010, segundo ano de preparação no ciclo olímpico para os Jogos de Londres, foram 15 conquistas. Um dos esportes que mais trazem esperanças de medalhas ao Brasil no Pan é o judô. Em 2011, em Guadalajara, foram 13 medalhas, sendo seis de ouro, desempenho inferior apenas do atletismo e da natação. Agora, a maior favorita é Mayra Aguiar, que foi campeã mundial em 2014 e terminou o ano na liderança de sua categoria, a de 78kg. Nas Olimpíadas passadas, ela bateu na trave, ficando com o bronze. Em Toronto, ela deve ter a sua maior concorrente em nível mundial, a norte-americana Kayla Harrison. Mayra diz estar satisfeita com o progresso do esporte no Brasil nos últimos anos e acredita que o país tem chances de conquistar medalhas em todas as categorias. “Hoje eu peguei uma situação melhor. Por isso, sou fã dos atletas que vieram antes de mim, como o João Derly, o Tiago Camilo e a Edinanci Silva. Eles começaram a asfaltar um caminho que usufruímos agora. Vivemos uma situação bem melhor do que foi há dez anos e muitíssimo melhor do que foi há 20 anos, mas

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há muito ainda por fazer. Transformar o Brasil em uma potência olímpica não é coisa do dia para a noite”, opina. O último Pan remete também boas memórias pelo desempenho do atletismo, que bateu recordes de medalhas na história da competição. O país conquistou 23 medalhas, dez de ouro, seis de prata e sete de bronze, ficando apenas atrás de Cuba na classificação geral. “Investimos no apoio financeiro aos atletas que integram nossos programas, em razão de seus resultados, e em infraestrutura, dando condições aos atletas e a seus treinadores para se prepararem adequadamente”, elucida o presidente da Confederação Brasileira de Atletismo, José Antonio Martins Fernandes.

Mesmo com o bom retrospecto em 2011, o atletismo brasileiro não subiu ao pódio no Mundial de 2013 nem nas Olimpíadas de 2012: as principais competições em escala global. Nas competições sul-americanas, o Brasil dominou o ranking na temporada. Das 47 provas olímpicas, o país é líder em 25 (14 no masculino e 11 no feminino).

... sou fã dos atletas que vieram antes de mim, como o João Derly, o Tiago Camilo e a Edinanci Silva. Eles começaram a asfaltar um caminho que usufruímos agora. Vivemos uma situação bem melhor do que foi há dez anos e muitíssimo melhor do que foi há 20 anos,...

Outro esporte em que o Brasil sobressai é a vela. No último Pan, só o atletismo, judô e a natação nos trouxeram mais medalhas de ouro, ao todo foram cinco conquistadas. Martine Grael e Kahena Kunze, campeãs mundiais em 2014 na classe 49erFX da vela, foram eleitas, junto do ginasta Arthur Zanetti, os melhores atletas brasileiros do ano. Kahena se mostra otimista em relação à disputa no Canadá, mas não acredita em facilidades. “Na nossa classe há muitas duplas em excelente nível. Por isso, precisamos sempre manter o foco nas competições e buscar cometer o menor número de erros possível”, entende.

Mayra Aguiar, judoca

Ao analisar o panorama do esporte no país, Kahena pensa que, para um atleta comum, é muito difícil chegar a um alto nível de competitividade só com o Bolsa-Atleta, uma vez que o custo dos equipamentos é elevado. “Acredito que os investimentos no esporte pudessem ser mais bem aplicados e que eles poderiam ajudar mais os atletas de base. No Brasil, investese apenas na elite, nos atletas de ponta e, muitas vezes, esquecem o resto”, queixa.

Divulgação

RETROSPECTO PARA INSPIRAR

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Na natação, em 2014, os maiores destaques foram Cesar Cielo, Felipe França e Etiene Medeiros, que tiveram bom desempenho no Mun-


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ro de pódios. Thiago tem 18 medalhas, estando a uma apenas de se igualar a Borges.

Flávio Perez/ OnboardSports

Além disso, faltam apenas quatro medalhas para ele se tornar o recordista geral em número de medalhas da história do Pan. O exginasta cubano Erick López Ríos, detentor da atual marca, subiu ao pódio 22 vezes. “Quero colocar o Brasil sempre no lugar mais alto. Minha prioridade em 2015 é brilhar no Pan e no Mundial de Kazan para chegar com tudo na Olimpíada de 2016. Meu objetivo para o Pan é ajudar o país a ganhar o maior número de medalhas possível”.

Quero colocar o Brasil sempre no lugar mais alto. Minha prioridade em 2016 é brilhar no Pan e no Mundial de Kazan para chegar com tudo na Olimpíada de 2016. Meu objetivo para o Pan é ajudar o país a ganhar o maior número de medalhas possível

dial de piscina curta. Mas quando se fala em Pan-Americano, pensa-se em Thiago Pereira, o nadador que foi um fenômeno ganhando seis medalhas de ouro em 2007 e repetindo a dose em 2011. Ele é o brasileiro com o maior número de ouros na história da competição, com 12, e agora está próximo de superar Gustavo Borges em núme-

O nadador recordista se diz otimista em relação ao desempenho geral da equipe de natação brasileira na competição. “A natação no Pan deve brilhar como sempre. Vivemos um momento especial, e o investimento é bom. Mas sempre queremos mais, principalmente nas categorias de base. Espero também que o Brasil aproveite o legado de 2016”, projeta.

Thiago Pereira, nadador

Campeãs mundiais em 2014, Martine Grael e Kahena Kunze acreditam que não venham a ter vida fácil em Toronto, mas acreditam em bons ventos e resultados

Fred Hoffmann/ Divulgação/ CBVela

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RECEITA

GASTRONOMIA

RECEITA

Espaguete com frutos do mar Chef Wanderson da Costa Saatore Ristorante

MODO DE PREPARO

200 g de espaguete 200 g de camarão 200 g de polvo 200 g de lula 80 ml de azeite 80 ml de vinho branco 200 g de polpa de tomate 1 cebola Sal Ervas finas

Coloque o azeite em uma frigideira e doure a cebola ralada. Acrescente a polpa de tomate e deixe cozinhar por dez minutos. Adicione a lula cozida e cortada em anéis, o polvo cozido e os camarões crus. Coloque o vinho branco e deixe ferver por cinco minutos. Cozinhe o espaguete em uma panela grande, depois acrescente a massa à panela com o molho. Salpique as ervas finas a gosto.

Saatore Pampulha Denis Medeiros

ivulgação

INGREDIENTES

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GASTRONOMIA

O vinho rosé é dono de uma cor exuberante e um frescor inigualável, sendo perfeito para a mesa com paladares diferentes. O rosé propicia uma boa combinação com legumes, saladas, peixes e frutos do mar, assim como com grelhados, massas e carnes mais leves. Os produtores investem muito nesse tipo de vinho. Por isso, a bebida tem se tornado cada vez mais surpreendente.

O vinho que sugiro é o branco Recuerdo Torrontés (R$39). Um vinho 100% Uva Torrontés colhidas de vinhedos de 30 a 40 anos de idade e produzido na província La Rioja, na Argentina. O Recuerdo Torrontés é de paladar cítrico, tem uma límpida cor amarelo-palha brilhante, com intensas fragrâncias delicadas de jasmim, cítricos e um toque de madressilva e peras. Rótulo vibrante e harmônico em boca, com picante acidez, o que favorece a harmonização com a massa de frutos do mar. Esse vinho da uma sensação de tostado leve e refrescante que não disputa com o prato e equilibra com os frutos do mar e o molho de tomate.

Reprodução

Harmonização Espaguete com frutos do mar

Vinhos para verão Diocélio Goulart, diretor do Vinces Wine & Coffee Em dias de calor, não há nada melhor do que se refrescar. A cerveja é a bebida preferida dos brasileiros na estação mais quente do ano. Contudo, o vinho tem ganhado espaço e conquistado paladares. Conforme dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o consumo de vinho deve crescer 30% até 2016. A meta é que a ingestão nacional atinja 2,5 litros por habitante, de acordo com o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). Reconhecidos pela leveza no sabor, os vinhos rosés, brancos e os espumantes são excelentes pedidas para o verão com suas altas temperaturas.

A estação de muito sol e calor também é perfeita para o consumo de espumantes e vinhos brancos. Esses vinhos se destacam pela leveza, ótima acidez, muito frescor e podem ser degustados ainda mais gelados. Os peixes, frutos do mar, as saladas e as sobremesas compostas por frutas, como o morango, são pratos que harmonizam adequadamente. Os vinhos próprios para o verão são reconhecidos pelo frescor e devem ser servidos normalmente em temperaturas mais baixas, próximos dos 12 graus. Por sua vez, os vinhos mais encorpados, tradicionais dos dias mais frios devem ser apreciados na faixa de 15 graus. Mesmo no período de calor, a bebida deve ser servida em temperatura adequada, porque o resfriamento excessivo pode mascarar o aroma em alguns casos. Os vinhos tintos são vistos como bebidas de inverno, mas isso não é uma regra. Atualmente são encontrados tintos mais leves e que também combinam com o clima mais quente. Os vinhos mais leves são muito consumidos durante o verão. Eles ganham destaque por estarem prontos para ser apreciados e porque podem ser ingeridos ainda jovens. Outra característica que conquista o brasileiro é a diversidade da bebida: seca, meio-seca, um pouco doce ou até mesmo dulcíssima. A variedade conquista ainda mais o paladar da população, destacando os vinhos em meio às bebidas preferidas dos brasileiros. | 33


HORIZONTES

Mergulho no céu de Dubai A experiência de um repórter brasileiro em um dos destinos de aventura mais desejados do mundo Léo Pinheiro

“e

scolha um trabalho que tu ama e você não terá que trabalhar nem um dia da sua vida”. Poucas horas antes de zarpar do Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, rumo ao desconhecido – em todos os sentidos – Emirados Árabes Unidos, lembrei da citação do filósofo chinês Confúcio que norteou meu curso para a profissão que exerço há mais de 20 anos: o jornalismo. Ao contrário do que muitos imaginam, ser correspondente internacio-

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nal não é glamouroso. Já perdi a conta de quantas tragédias cobri durante a minha carreira ao mesmo tempo em que parentes e amigos diziam: “Ai, que chique o seu trabalho”. Não costumo me estender; somente respondo que não é bem assim. Mas dessa vez foi assim sim. Não posso negar: esta matéria que ora você folheia foi muito prazerosa de ser produzida. Isso porque no país asiático tudo é luxuoso, sofisticado e grandioso. No lugar em que havia

apenas três décadas nada existia, além de areias de um deserto sem fim, encontrei prédios que pareciam sair das telas de um filme de ficção científica, hotéis de seis e (acredite) sete estrelas, Ferraris e Lamborghinis como viaturas de Polícia e caixas eletrônicos de barras de ouro! É claro: nesse paraíso do consumo não faltam shoppings gigantescos. Visitei alguns, como o Dubai Mall. Lá está o Burj Khalifa, o segundo maior edifício do planeta com seus


Arquivo pessoal

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experiência, ter que me jogar de um avião bimotor a uma altura de mais de 3 mil metros. Seria o meu primeiro salto duplo. E não seria um salto qualquer, mas o mais desejado entre paraquedistas profissionais e aventureiros de final de semana de todo o mundo, o SkyDive Dubai Palm. Sempre pratiquei esportes ao ar livre. Remo foi o mais recente. Mas entre os modismos cariocas como o slackline e stand up paddle, e as aventuras de férias, como mergulhar em Fernando de Noronha ou esquiar em Insbruque, na Áustria, nada me empolga tanto quanto os esportes em altura. Balonismo, asadelta, alpinismo... É só me chamar que estou dentro. Então saltar de paraquedas seria uma questão de tempo e oportunidade, correto?

Para alcançar o objetivo, fiz um intenso treinamento aeróbico, musculação e uma dieta por conta própria – cortei doces, refrigerante e o jantar. É como se alguém estivesse fazendo uma brincadeira de mau gosto comigo. Ir a um lugar onde estão alguns dos melhores e mais refinados restaurantes do mundo e não poder aproveitá-los é muita sacanagem (Desculpe-me o palavreado, caro leitor)!

Errado. Meses antes de a aventura sequer ser planejada, tive uma séria lesão no joelho e precisei passar por um demorado processo de recuperação, que requeria sessões de fisioterapia e paralisação total da prática de exercícios nos membros inferiores. Fui proibido até de subir escadas! Como consequência surgiu o vilão dessa história: o sobrepeso.

Se, para muitos, parece exagero, é válido ressaltar que o não cumprimento dos pré-requisitos físicos permite que o instrutor se recuse a fazer o salto duplo e a empresa não lhe devolva o sinal de 50% – pago obrigatoriamente no ato da reserva do serviço. E acredite: não tem a menor chance de alguém conseguir dar ‘o jeitinho brasileiro’ nos Emirados Árabes.

PREPARO FÍSICO imponentes 163 andares e 828 metros de altura, que fiz questão de visitar em meu primeiro dia de viagem. Mas eu ainda iria muito mais alto... A DEZ MIL PÉS O que não contei até agora é que o objetivo dessa viagem era fazer um salto de paraquedas. Eu, Leo Pinheiro, jornalista, ex-atleta e com uma barriguinha de refrigerante iria, sem nenhum treinamento nem

vida. O pior é que o IMC estava acima do limite permitido. Então a minha preparação física seria um dos pontos fundamentais para a produção dessa reportagem, que seria descrever a experiência de colocar os pés para fora do avião e voar! Sim, eu iria voar de paraquedas. E isso só seria possível se eu perdesse três quilos em dez dias.

Ao contratar um salto duplo na SkyDive Dubai, o passageiro assina um contrato no qual se compromete a estar em seu peso ideal no dia da atividade. A unidade de medida usada pela empresa para a avaliação física dos clientes é o Índice de Massa Corporal (IMC), que não deve ultrapassar os valores de 30 para os homens e de 27,5 para as mulheres. Uma semana antes de embarcar, eu estava pesando 88 quilos, o maior peso que já tive em minha

O DIA Quando cheguei à sede da Skydive Dubai, senti no ar o clima de aventura. Nas conversas entre instrutores e alunos; nos vídeos que passavam no telão; e no painel de fotos de celebridades que fizeram saltos duplos, como a ‘veloz e furiosa’ atriz Michele Rodriguez, o rapper Usher e, no centro, o nosso eterno craque Ronaldo Fenômeno. Durante sua visita ao país, em maio de 2014, o ex-atleta deu um salto duplo, o qual descreveu em uma rede social como “uma das melhores experiências da vida”.

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Arquivo pessoal

HORIZONTES

Durante os dez primeiros segundos, a sensação é de queda. No restante do percurso, que dura menos de um minuto, eu me senti voando... Cada vez mais rápido, até chegar aos 200 quilômetros por hora. Apesar da alta velocidade, dá tempo de eu posar para as fotos; sorrir, mostrar a língua e mandar beijos

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A mais célebre figura a pisar, ou melhor, sobrevoar o local, no entanto, foi a do Sheikh Hamdan bin Mohammed bin Rashid Al Maktoum, príncipe herdeiro de Dubai, que é paraquedista profissional dos bons e já deu diversos saltos sobre The Palm.

res daquela religião é considerado desrespeito. Outro grupo que me chamou a atenção foi o de cinco ou seis homens uniformizados com a Dishdasha, a tradicional túnica comprida na cor branca, que usavam sob o equipamento de paraquedismo.

Ufa! Pode parecer prosaico, mas me senti mais seguro por saber que pessoas que podem pagar pelo melhor escolheram aquela equipe para realizar as suas aventuras. Enquanto esperava a minha vez, olhava ao redor para desvendar como eram as pessoas ‘normais’ que iriam saltar naquele dia.

Minha hora parecia não chegar, mas realmente não me incomodava. Eu estava curtindo observar a preparação de todos ao meu redor. Pouco antes de o instrutor me chamar para explicar os procedimentos do salto, preenchi uma ficha com informações pessoais e, em seguida, fui para o momento que mais temia: a pesagem.

Observei algumas mulheres muçulmanas que iam dar saltos duplos de burca. Porém, por mais curioso que seja, não convém olhar muito para elas, pois o contato visual ‘excessivo’ com mulhe-

Fui de chinelo e sem beber água para diminuir os riscos de sobrepeso. A boca estava seca de ansiedade e pela sensação térmica, que devia ser de uns 60 graus naquela


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Faltava somente colocar o meu amuleto da sorte: a camisa do Mengão. A orientação dos instrutores é que você use tênis e roupas leves e confortáveis – calça jeans, por exemplo, pode atrapalhar os movimentos das pernas. Então não é questão de superstição, mas a verdade é que nada no mundo me deixa mais confortável do que a camisa do Flamengo. Seja na terra, seja no mar... E, agora, no ar. TREINO O último passo antes de subir no avião é um treinamento de aproximadamente 10 minutos, que consiste em ouvir instruções sobre os procedimentos básicos de posicionamentos de saída do avião com o instrutor, de queda-livre e de segurança. Aquele definitivamente é o momento de tirar quaisquer dúvidas sobre o salto: a hora do ‘fale agora ou cale-se para sempre’. O instrutor, Clayton Werner, também sul-africano, deu as explicações, as repassou e vestiu o equipamento em mim.

carrega quase 30 quilos de equipamento nas costas. Rumo ao avião, falamos amenidades sobre as condições climáticas e o quanto aquela experiência estava sendo divertida para mim. Naomi registrava tudo. A bordo da aeronave, mais fotos, e a última conferência do meu equipamento é feita pela dupla. O barulho da cabine despressurizada permite que eu fale com o instrutor somente o indispensável. Dez minutos após a decolagem, chegou a hora de acoplar. O espaço é apertado e, por isso, todos os movimentos são executados sentados. Tenho que sentar no colo do instrutor para me conectar a ele. Feito. Somos a segunda das três equipes a pular. O primeiro

turista me parece nervoso, mas ele não mais podia desistir. Agora era a minha vez! O SALTO Contagem regressiva e... NO AR Clayton nos lança no céu de Dubai. Durante os dez primeiros segundos a sensação predominante é de queda. No restante do percurso, que dura menos de um minuto, eu me senti voando... Cada vez mais rápido, até chegar aos 200 quilômetros por hora. Apesar da alta velocidade, dá tempo de eu posar para as fotos; sorrir, mostrar a língua e mandar beijos para Naomi – que está de costas para o solo e fazendo o registro da aventura.

Skydive Dubai/ Divulgação

manhã em Dubai. Finalmente saiu o resultado: 84 quilos e 28,73 de IMC. Relaxei. Dali em diante, tudo foi festa. Naomi Kotzee, a fotógrafa-cinegrafista sul-africana de minha equipe, pede que eu grave uma mensagem para eu mostrar para amigos e parentes. Ela vai guiando a ‘entrevista’ perguntando se eu estou nervoso, excitado, o que eu espero do salto e coisas do gênero. Simpática e sorridente, ela me deixou mais à vontade ainda.

Seguimos até a pista de decolagem em um carrinho de golfe. O percurso é curto: pouco mais de cem metros. Mas àquela altura, 10h, em Dubai, o sol está escaldante e qualquer ajuda no deslocamento seria bem-vinda – principalmente para Clayton, que

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Mas Di Siena

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DICAS IMPORTANTES O limite de peso do passageiro é de cem quilos. Se você está acima do peso, consulte a empresa ainda no Brasil para que seja avaliada a possibilidade de utilização de equipamento especial; De acordo com a legislação dos Emirados Árabes Unidos, o salto duplo é permitido apenas para maiores de 18 anos; Não é necessário exame médico para o salto duplo. Porém, é preciso assinar uma declaração de que você está bem fisicamente e não tem nenhum problema de saúde; É recomendável se alimentar normal e moderadamente. Não se deve saltar de paraquedas em jejum.

PREÇO Salto duplo com vídeo e fotos digitais: 1.999 dirhans que equivale a US$ 544,24 e cerca de R$ 1,5 mil de acordo com a cotação do dia. O pagamento só pode ser feito em dinheiro (só moeda local) ou cartão de crédito (Visa e MasterCard). Cartões de débito não são aceitos. Para garantir o salto duplo é necessário pagar 50% do valor no ato da reserva..

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Quando a velocidade estabiliza, o instrutor abre o paraquedas e tenho a sensação indescritível – desculpe-me pela ausência de palavras – de ser puxado para cima. Daí em diante, tudo fica muito mais lento; a velocidade cai para módicos 30 quilômetros por hora. Tenho a impressão de que o tempo parou; deixo de voar e passo a plainar sobre The Palm Islands, o arquipélago artificial em forma de palmeira que é um dos principais pontos turísticos do país.

Com tudo sob controle, Clayton afrouxa o nosso acoplamento (procedimento padrão) e me deixa conduzir o decurso que falta até quase o chão. A guia não é leve, mas, ao mesmo tempo, é sutil, sugerindo que não se deve puxar muito forte para não se perder o rumo e rodopiar. Nos últimos 50 metros, ele retoma as rédeas do paraquedas. Eu levanto as pernas conforme as instruções recebidas. Em seguida, toco o chão suavemente com os pés.

Naquela hora descubro por que o salto de paraquedas em Dubai é considerado o mais bonito e almejado entre os paraquedistas profissionais e amadores de todo canto. Levo cinco ou seis intermináveis minutos contemplando os paraísos artificiais e naturais do emirado. Confesso: eu me deslumbro com a perfeita combinação das construções suntuosas com as águas cristalinas do Golfo Pérsico e o deserto que se perde no horizonte.

Mal chego ao solo, recebo as congratulações do ‘South Africateam’ (equipe África do Sul). Já em terra firme, Naomi volta a me fotografar. Clayton comemora mais um de seus milhares de saltos. Olho para o céu e vejo outros pinguinhos de gente plainando e fico com vontade de fazer tudo de novo. Lembrome da minha mãe falando: “Se seus amigos pularem do avião, você vai querer pular também?”. Agora posso dizer: Sim, mãe, eu vou!


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KULTUR

Pouco fôlego “Império” recupera audiência ao destacar personagens populares e acertar em improvável troca de atrizes, mas está longe do sucesso alcançado por Avenida Brasil Wander Veroni

a

novela global “Império” vem recuperando um pouco a audiência no horário nobre da Rede Globo. A atração atingiu média de 31 pontos, segundo o Ibope. Criado por Aguinaldo Silva, o folhetim não chega a ser um fracasso, como o suposto último trabalho de Manoel Carlos, “Em família” (média de 26 pontos). Entretanto, a trama está longe de ser considerada um sucesso, caso de “Avenida Brasil”. A título de exemplificação, a história de vingança orquestrada por Nina (Débora Falabella) registrou uma impressionante média de 41 pontos. Teria o público perdido o interesse por novelas? A questão pode

ser um pouco mais complexa, conforme explica o autor do site Teledramaturgia (www.teledramaturgia. com.br) e colunista do UOL e do canal Viva, Nilson Xavier. “Os hábitos da sociedade mudaram com a inclusão digital, nesses tempos de mídias sociais, popularização da Internet e TV Paga. Há a possibilidade de assistir a tudo on-demand, à hora e ao dia que quiser pela internet”, explica. Também pesquisador de telenovelas, Nilson considera “Império” o maior sucesso da Globo no horário nobre desde Avenida Brasil, principalmente pela repercussão da história com o público. Porém, Nilson acredita que o autor da tra-

ma do Comendador José Alfredo se repita e, em consequência disso, o telespectador dificilmente tende a se surpreender. “Vemos muitos elementos em “Império” usados em novelas do Aguinaldo, como “Suave Veneno”, “Senhora do Destino”, “Fina Estampa” e “Duas Caras”. Mas os novelistas se repetem. Sempre foi assim”. De acordo com Nilson, “Império” tem um grande trunfo: apresentar uma história de superação centrada em um homem que ascende socialmente. “Superação rende. É o sonho da classe média brasileira!”, completa. De acordo com a psicóloga Letícia Guedes, especialista em análise comportamental, o sucesso de uma | 39


KULTUR

2012

Tv Globo Divulgação

MÉDIA DE AUDIÊNCIA DAS ÚLTIMAS NOVELAS DAS NOVE

41

pontos

2011/2012

38

pontos

2013/2014

novela pode ser medido quando promove reflexões sociais e o público passa a se identificar com os personagens a ponto de discussões levantadas pela trama serem levadas para o ambiente familiar. “Uma das formas de aprendizagem de comportamento é observar um modelo. Porém, é importante saber que a vida real, geralmente, é bem mais complexa do que as situações retratadas nas novelas. Precisamos estar atentos quanto ao que é transmitido e o que é de fato vida real”, avalia Letícia.

35

pontos

POPULAR 2012/2013

34

pontos

2014

26

Fonte: Ibope

pontos

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Um dos pontos altos de Império são os personagens populares. Isso vai desde o protagonista, o Comendador José Alfredo (Alexandre Nero) até os personagens secundários como a amargurada Cora (Drica Moraes / Marjorie Estiano), o blogueiro Téo Pereira (Paulo Betti), a cabeleireira Xana Summer (Aílton Graça) e o pintor esquizofrênico Salvador (Paulo Vilhena). Eles têm histórias fortes e, a cada cena, têm seus bordões ou as expressões compartilhadas à exaustão nas redes sociais. Nesse quesito, Téo Pereira é rei absoluto. O blogueiro, que ficou famoso com o seu biquinho e o jeito afetado ao chamar os outros de “quereeedos”, acompanha

a alta sociedade carioca utilizando acontecimentos da vida privada. Ele representa um hábito muito comum, porém condenado: a fofoca. Outro ponto que ajudou Império a ganhar um novo destaque depois do seu lançamento foi o afastamento da atriz Drica Moraes por motivos de saúde. Encarnando a antagonista Cora, a atriz foi substituída às pressas por Marjorie Estiano, que tinha feito a mesma personagem na primeira fase da novela. Apelando mais uma vez para o realismo fantástico, uma das marcas de Aguinaldo Silva, Cora apareceu, de um capítulo para o outro, bem mais jovem, depois de uma seção de beleza em um Spa. Apesar do estranhamento inicial, o público se empolgou com a mudança e não rejeitou a troca. Para Nilson Xavier, a saída encontrada trouxe uma revigorada para a novela. “A substituição foi acertada na medida que a personagem ficou mais interessante na interpretação de Marjorie – não desmerecendo o ótimo trabalho que Drica Moraes fez. Talvez seja o momento da personagem na história ou talvez Cora tenha ganhado uma energia e jovialidade extras, próprias da personagem remoçada”, entende.


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"Quereeedo" Paulo Betti fala sobre Téo Pereira: um dos personagens mais populares e queridos de “Império” O Téo Pereira é diferente de tudo o que você já fez na televisão. Como aconteceu o convite para entrar em “Império” e como foi o processo de criação do personagem? O convite foi do diretor da novela, Rogério Gomes. Imediatamente comecei a puxar na memória pessoas que eu conheci que pareciam com o Téo. Eu me lembrei de Sérgio Mamberti interpretando o Veludo no filme “O Bandido da Luz Vermelha”, de Rogério Sganzerla, e de Hugo Carvana, que costumava fazer uma ‘biba’ nos intervalos das filmagens. Foram as primeiras referências. O seu personagem é um dos mais populares de “Império”. A que você credita esse sucesso do personagem entre o público e a crítica? Você esperava isso? Será que o Téo pode ganhar um filme ou uma série, como aconteceu com o personagem Crô, também do Aguinaldo Silva? Acho que o sucesso do personagem é uma combinação de fatores. O primeiro é, evidentemente, o excelente texto de Aguinaldo Silva, a coragem do diretor que me deu respaldo na criação exagerada, até caricata, como alguns acusam e que assumo. Procurei me inspirar também nas chanchadas da Atlântida. O povo gosta de personagens de cores fortes.

Não acredito em continuação. Acho que o Téo funciona porque está na novela, no meio das cenas do Comendador, e o personagem funciona como um respiro de humor em Império. Pode também funcionar no teatro, mas, a princípio, não penso em continuar. Certos personagens nos escravizam, se não os abandonamos. Não quero ser um cavalo eterno do Téo. Téo tem uma grande desavença pessoal com o personagem Cláudio Bolgari (José Mayer). Há um quê de paixão reprimida? Acredita em um final feliz para o Téo Pereira ao lado de um amor verdadeiro? Fiquei superfeliz quando o Aguinaldo escreveu em seu blog que o Téo é imortal. Isso significa que ele não vai matá-lo. Espero que o Téo termine lançando o livro, cercado de muitos bofes. Mesmo que Téo defenda que seu personagem é um jornalista que apure, ele se tornou um blogueiro conhecido por suas notícias ácidas, muitas vezes vistas como fofoca. E o ator Paulo Betti, acompanha os blogs, sites e revistas de fofocas? Na sua opinião, por que o brasileiro gosta tanto de saber da vida dos famosos? Téo é um jornalista de

nível muito baixo; tem gente muito boa nos blogs. Ele representa um tipo ruim de jornalismo, escandaloso e mentiroso. Todo mundo gosta de saber fofocas, não só no Brasil. Alguns lugares gostam mais. A fofoca é um fator importante na vida das pessoas,... mas eu não acompanho nenhum colunista de fofocas regularmente.


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o de Com expectativa de 1,5 milhã rnaval de foliões, a edição 2015 do ca o maior de Belo Horizonte promete ser todos os tempos Haydêe Sant’Ana

“m

oro num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza. Mas que beleza! Em fevereiro tem carnaval...” A composição de Jorge Ben Jor reverencia a beleza do país ao mesmo tempo em que destaca a mais popular festa brasileira: o carnaval. A música é uma perfeita alegoria dos momentos de alegria, folia, de dias reservados para extravasar as emoções e dançar até o pé doer. Este ano, o evento acontece entre os dias 14 e 17 de fevereiro. A expectativa pela folia deixa todos ansiosos. Não há quem não queira curtir o carnaval. E o local - se nas avenidas, blocos de rua ou nas praias - pouco importa. O importante é que todo brasileiro quer aproveitar a festa da melhor maneira possível.

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Os destinos mais procurados pelos foliões em Minas são as cidades históricas. Diamantina, Ouro Preto, Mariana e São João del-Rei se destacam por oferecer uma programação animada e afamada entre os jovens. Mas quem pensa que carnaval em Minas se resume a essas cidades, está muito enganado! A cada ano, Belo Horizonte resgata a festa, que encantava os cidadãos e atraía turistas dos mais diferentes lugares. Em 2012, mais de 40 mil pessoas participaram dos dois dias de desfiles de Blocos Caricatos e Escolas de Samba na capital, enquanto outras 50 mil acompanharam as apresentações musicais que ocorreram no palco na Praça da Estação.

Samba e Blocos Caricatos retornou à avenida Afonso Pena, depois de ser realizado em outros locais por 24 anos. A volta da folia para um dos pontos centrais da capital favoreceu a participação e o maior envolvimento do público. “Quando o carnaval voltou para a Afonso Pena, o pessoal pensou que a festa tinha voltado. Mas, na verdade, ela nunca deixou de acontecer. Isso contribuiu para uma maior visibilidade”, afirma o presidente do bloco Estivadores do Havaí, Juólisson Mangabeira.

À frente do bloco Aflitos do Anchieta há 14 anos, Sônia Maria acredita que o evento esteja evoluindo aos poucos. “O carnaval dos blocos tem agregado muito. Tanto que agora os blocos caricatos faEm 2014, um grande marco: o zem manifestações nas ruas. Apetradicional desfile de Escolas de sar disso, o carnaval não é como


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antes, com 46 blocos, um bom público, as escolas de samba,...”, relembra saudosista. Na opinião de Sônia, se tivessem sido mantidos os padrões de antes, a folia em Beagá poderia ser compatível até mesmo com o apoteótico carnaval do Rio de Janeiro. “Naquela época, nosso carnaval era muito bom. As pessoas pagavam para poder assistir na arquibancada. Tinha muita gente. Era uma coisa fantástica!”. Segundo ela, o carnaval carece de maior apoio por parte da prefeitura. A Empresa Municipal de Turismo (Belotur) criou uma comissão composta por dez órgãos que devem atender às demandas por serviços, como transporte, segurança, limpeza urbana e saúde. Além dos dez órgãos, participa da iniciativa a Associação Cultural dos Blocos Caricatos (ACBC), incumbida de organizar e criar as regras para o desfile. A Liga das Associações Carnavalescas (Liac), que atuava no carnaval da cidade, não está participando do processo em 2015. Uma comissão formada por membros do bloco desempenham o papel de representação das agremiações.

dagem em hotel de luxo por cinco dias e quatro noites, traslado, city tour e visitas à Serra do Cipó e a Inhotim, em Brumadinho. Na programação estão seis escolas de samba: Acadêmicos de Venda Nova, Canto da Alvorada, Cidade Jardim, Estrela do Vale, Força Real e Imperavi de Ouros. A folia conta também com nove blocos: Academia do Samba por Acaso, Aflitos do Anchieta, Bacharéis do Samba, Corsários do Samba, Estivadores do Havaí, Infiltrados de Santa Tereza, Inocentes de Santa Tereza, Mulatos do Samba e Vila Estrela.

Cada bloco tem ginga e samba na ponta do pé. Os enredos homenageiam personagens, exaltam origens e contam um pouco da história das agremiações. O desfile dos blocos caricatos acontece no dia 16, na avenida Afonso Pena. Além dos blocos cadastrados pela prefeitura, a expectativa é de que 200 blocos de rua participem da folia. Para quem quer curtir a festa sem sair de Beagá, os blocos de rua são ótimas opções. É só ficar atento ao local e ao percurso definido para embarcar no trem da alegria.

Fora do Eixo

A estimativa da prefeitura é de que 1,5 milhão de foliões curtam o carnaval deste ano em Belo Horizonte. O número representa um público quase três vezes maior que o do ano passado. Para atender os turistas, a Associação Brasileira de Agentes de Agências de Viagens (Abav-MG) e a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih-MG) lançaram dois modelos de pacotes para quem vai passar o feriado na capital. O pacote básico, no valor de R$ 490, inclui hospedagem em hotel econômico por quatro dias e três noites, traslado (aeroporto-hotel) e city tour pela cidade. Já o pacote completo, que sai por R$ 1,34 mil prevê gastos com hospe| 43


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Passeando pelos blocos A Vox Objetiva selecionou alguns dos blocos que vão dar o tom da folia na Afonso Pena durante os quatro dias de carnaval. Conheça um pouco sobre a curiosa história dessas agremiações

Pentacampeão do carnaval de Beagá, o Inocentes de Santa Tereza é um dos blocos mais antigos e tradicionais da cidade. O presidente do bloco, Ângelo Lima, conta que a agremiação surgiu nos anos 60, a partir de um grupo de amigos desejosos de desfilar no carnaval da cidade. “Certo dia, eles levaram um caminhão enfeitado com brinquedos de parques próximo onde acontecia o desfile na Avenida Afonso Pena. Então, os organizadores os chamaram para participar do desfile oficial e aí o sonho começou a se tornar realidade”, relembra. Em 1973, o bloco foi oficialmente registrado. De 1976 a 1980, o conjunto ganhou cinco carnavais consecutivos, conquistando assim sua fama de fazer belos espetáculos na cidade. Todos os anos, cerca de 200 pessoas participam do desfile. Já nas ruas do bairro, esse número aumenta consideravelmente. São 3,5 mil a 5 mil foliões nas ruas de Santa Tereza. Este ano, o bloco presta homenagem ao famoso Clube da Esquina. “Optamos por falar de um ícone que nasceu no bairro Santa Tereza e despontou para o mundo. E um fruto da nossa terra”, revela Ângelo.

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OS INOCENTES DE SANTA TEREZA

“Vem minha criança… vem para ser feliz… Ouça a voz da sua raiz… Canta Inocentes, salve a realeza, ô minha Santa Tereza Nesta noite equatorial, Os Inocentes vêm mostrar… Nesta passarela iluminada… A história desta esquina popular” (Trecho do samba-enredo “Sou do ouro, sou Minas Gerais – Santa Tereza não te esqueço nunca mais”)

AFLITOS DO ANCHIETA Com a melhor bateria de bloco caricato do último ano, os “Aflitos do Anchieta” têm história na avenida. O grupo foi criado em 15 de novembro de 1965 por sete meninos de 12 anos. Pela pouca idade, os meninos não podiam participar dos desfiles dos adultos, do Bloco dos Cartolas. Por isso, decidiram criar a própria agremiação.


Campeão dos carnavais de 83 e 84, os Aflitos do Anchieta já receberam cinco tamborins de ouro, prêmio máximo oferecido para a melhor bateria do Carnaval. O samba-enredo de 2015 tem como tema a preservação da natureza, dos rios e a falta de alimentos para os peixes. A presidente do bloco, Sônia Maria, explica que a escolha do tema foi uma forma de homenagear o pai, que gostava muito de peixaria e também de alertar a população sobre o problema da falta de água. “Meu pai era aposentado, trabalhou no antigo Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge), ajudava muito no carnaval e gostava que a gente participasse também”, conta.

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“Vamos com urgência cuidar Da nossa geração atual Somos o alicerce do futuro Para nossos filhos brincarem o carnaval” (Trecho do samba-enredo “Alerta de um pescador”)

ESTIVADORES DO HAVAÍ

Além de Juólisson, toda a família Mangabeira participa da festa que já virou tradição. Por lá, cada um tem função definida. “Meu filho e meu sobrinho participam como ritmistas; minha irmã e meu cunhado fazem parte da diretoria e minha mãe participa dos bastidores. Então praticamente todo mundo contribui”, afirma Juólisson. O tema do samba enredo dos Estivadores do Havaí deste ano aborda o medo. Na avenida, fantasias de bruxas, assombrações, fantasmas e truques de ilusionismo vão compor o espetáculo de terror. Cerca de 180 pessoas compõem o bloco.

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O bloco foi fundado em 12 de julho de 1984 por Jorge Mangabeira, no bairro Santo André. Filho do fundador e presidente do conjunto, Juólisson Mangabeira explica que o nome do bloco surgiu como uma homenagem. “Foi uma forma de reconhecimento a um antigo bloco do bairro Floresta. Como ele não vingou, o meu pai teve a ideia de o homenagear dando o nome de Estivadores ao nosso bloco”, revela.

“Vem viajar nesse mundo de superstições No lado negro da magia, Mitos e aparições Caminhando na floresta com a lua cheia vem o ritual” (Trecho do samba-enredo “A hora do espanto”)

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TERRA BRASILIS - CRÍTICA

O SAGRADO E O PROFANO Hollywood volta a apostar em filmagens de clássicos bíblicos, mas causa polêmica ao propor releituras incompatíveis com os textos de inspiração divina André Martins

e

torção dos roteiros em relação a eventos relatados na Bíblia. Ambas as obras sofreram sanções em países do Oriente Médio. Em muitos deles, os filmes sequer entraram em cartaz. Enquanto tentam lidar com xingamentos e acusações, inclusive de blásfemos, 11 em cada dez diretores de cinema ou pro-

fissionais de arte se apoiam nas chamadas “licenças” para justificar releituras e criações de algo ao qual se faz referência - caso de filmes que surgem a partir da adaptação de textos bíblicos. Se o longa em questão não é bem recepcionado, a tal licença funciona como um grande pedaço de madeira boiando em um mar revolto que tudo engole.

Reprodução

m 2014, duas grandes produções cinematográficas alvoroçaram cinéfilos e religiosos: “Noé”, dirigido por Darren Aronofsky, e “Êxodo - Deuses e Reis”, orquestrado pelo consagrado Ridley Scott. Na trajetória dos dois longas, algumas similaridades: além de não terem recebido o crivo da crítica, os filmes foram muito questionados no meio religioso. Motivo: a dis-

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TERRA BRASILIS - CRÍTICA

Inventivo, Aronofsky não se deixou limitar pelos grandes hiatos bíblicos sobre a vida de Noé. O diretor preencheu lacunas da história a seu modo e recriou uma versão particular do personagem que dá nome ao filme e de Deus: um homem aparentemente à beira da loucura e um Criador silencioso em demasia. Criações e polêmicas à parte, o roteiro de “Noé” foi considerado uma bagunça sem precedentes. Nem mesmo a tempestade de efeitos visuais - muito bem-feitos, diga-se de passagem - foi capaz de salvar o filme do vexame. Há muitos desacertos: a presença de seres extraordinários constituídos de pedras brutas - os anjos caídos - que ajudam Noé e sua família a construir a arca e a se defenderem da fúria dos homens; o potente sonífero animal que curiosamente surtia efeito em minúsculos pássaros e gigantescos elefantes; conflitos familiares maldesenvolvidos na arca que levaram à vergonha alheia figuras como os ótimos Russell Crowe e Jennifer Connelly. Em dezembro foi a vez de “Êxodo - Deuses e Reis” ser submetido à apreciação do público e da crítica. Ao contrário de “Noé”, o filme de Scott não foi apedrejado em praça pública, apesar de não ter despertado grandes amores. A produção diz respeito à mesma história rodada há quase 60 anos por Cecil B. DeMille, “Os Dez Mandamentos” - um clássico hollywoodiano absoluto. A história gira em torno de Moisés, judeu criado como príncipe na casa do faraó Seti e que se descobre o libertador de seu povo, escravizado pelos egípcios. “Êxodo - Deuses e Reis” também apresenta divergências em relação ao texto bíblico. Chama-

do por Deus, Moisés se mantém mais como um líder de guerra intempestivo que um pacífico guia religioso. Chama a atenção ainda a comunicabilidade ruidosa entre Moisés e Deus, que é representado na figura questionável de um menino. O filme adota também um tom mais realista, o que acaba por

“Êxodo - Deuses e Reis” tem cenas de luta muito bem feitas, sem contar os planos extensos belíssimos, marca registrada do diretor.

reduzir o impacto dos prodígios de ordem divina. E isso pode ser um grande problema para os cristãos que esperavam um filme essencialmente bíblico. Apesar desses detalhes, que podem ou não ser entendidos como falhas, o longa é propositivo ao apostar numa profunda humanização de Moisés. Em muitos momentos, o líder questiona Deus, mas, ainda assim, o obedece. Christian Bale, o Batman, convence no papel.

oria moderna, que sugere um movimento de retração das águas. De acordo com a Bíblia, Moisés abre o mar ao meio por meio de seu cajado. Se a cena da abertura não tem o impacto necessário, o momento em que o mar retorna ao seu lugar é de tirar o fôlego.

O clímax do longa é quando Deus inflige dez castigos ao Egito devido às negativas de libertação de Ramsés, promovido a faraó com a morte do pai. É nesse momento, em especial, que Scott prova que, no auge dos 77 anos, ainda tem fôlego de sobra para dirigir grandes produções. Assim como os épicos “Cruzada” e “Gladiador”,

A travessia do Mar Vermelho, talvez a cena mais aguardada, não empolga quase nada pelo fato de Scott ter se baseado em uma te-

Para 2015, a promessa é de mais polêmica. O diretor colombiano Rodrigo García acaba de rodar “Last days in the desert” (ainda sem tradução nem previsão de estreia no Brasil). A produção conta com a presença de Ewan McGregor e acompanha os 40 dias em que Jesus foi tentado pelo diabo no deserto. Os filmes antecessores sobre o filho de Deus e os demais eventos bíblicos não sugerem que o longa de García siga a Bíblia ao pé da letra. Entre o sagrado e o profano, Hollywood parece ter outra preocupação: vender.

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Divulgação

Skank/divulgação

Pitty/ Divulgação

TERRA BRASILIS • AGENDA

Pitty

Camarim de Verão

Circuito Bloquinhos de Carnaval

A roqueira baiana e banda sobem ao palco do Music Hall para a apresentação no novo álbum “Sete Vidas”. O disco marca a retomada da carreira solo de Pitty que, nos últimos anos, dedicou-se ao duo Agridoce, ao lado do guitarrista Martin. O novo trabalho, composto por dez faixas, tem forte marca da inquietude da cantora evidenciada por um rock cru e excêntrico. Pitty é uma das atrações do Festival Lollapalooza, que acontece no dia 29 de março, em São Paulo.

O espaço Nutreal, na cidade de Nova Lima, recebe a banda mineira Skank para a edição especial de férias da festa Camarim de Verão. É uma oportunidade para quem gosta do trabalho do conjunto, que está na estrada há tanto tempo promovendo o pop-rock originário de Belo Horizonte. O evento é open bar e conta com a presença dos DJs Michel Lara e Davi Zaidan. Os ingressos estão sendo vendidos na Central dos Eventos, na Savassi. A classificação do show é de 18 anos.

O carnaval de Belo Horizonte tem retomado o fôlego nos últimos anos. Em grande medida, o fato se deve à atuação dos bloquinhos. No dia 7 de fevereiro, o Parque JK será palco de muita descontração e música com a apresentação dos blocos Oi de Gato, Tô de Cara (TDC), Trem das Onze e da Escola de Samba Canto da Alvorada. Vai ser um aquecimento mais que perfeito para a maior festa de rua da capital mineira. A entrada é franca!

Music Hall 7 de fevereiro Pista R$ 90 (inteira), camarote R$ 120 (inteira) Outras informações: 3209.8686

Nutreal, em Nova Lima 7 de fevereiro, às 17h Inteiras de R$ 160 (homens), R$ 140 (mulheres) Outras informações: (31) 3568.8362

Parque Juscelino Kubitchek 7 de fevereiro, das 12h às 21h Entrada franca facebook.com/circuitodebloquinhos

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TERRA BRASILIS • AGENDA

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Por trecho.

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Notório Tradicional O espetáculo do Ballet Jovem Palácio das Artes é uma das atrações da programação 41ª Campanha de Popularização do Teatro e da Dança. O espetáculo une coreografias de Notório e Tradicional às já apresentadas Cantares e No evento de uma súbita perda. A atração conta com orientações do coreógrafo brasileiro erradicado na Dinamarca, Alessandro Pereira, do argentino Oscar Araiz e outra do português André Mesquita.

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CRÔNICA

Joanita Gontijo

Comportamento

Te desejo muita vida nestes anos! Novas doenças, antigos males ainda sem cura, agendas cada encarar as baladas adolescentes ou a idosa que se apaixonava vez mais lotadas, estresse, depressão,... O mundo moderno por alguém mais jovem enfrentavam o olhar de censura e reengole a humanidade com o mesmo furor que a terra traga provação de quem não tinha a mesma coragem de ousar. cidades inteiras durante um terremoto. Ainda assim, vivemos cada vez mais. A evolução da medicina justifica o aumento da Ainda estamos longe de nos livrar dos tabus e preconceitos nossa data de validade e isso muda a definição do que é ser sobre o comportamento que cabe a cada idade, mas com a esjovem ou ser velho. É fato que o tempo passa mais lentamente perança ingênua de uma criança e a rebeldia dos jovens eu pra quem tem alguma qualidade de vida. A mulher de 60 anos acredito que esse dia virá. hoje não é a mesma mulher de 60 anos de meados do século passado. A idade – Sim, estou envelhecendo a cada ano, aquela contada a partir da data do nosso a cada dia... Que esse caminhar me nascimento - diz cada vez menos sobre a liberdade de fazer o que “Que as marcas do tempo assegure quem somos. quiser de cada segundo da minha vida sem me preocupar com o que no meu corpo sejam Aos 15 anos, imaginava como eu seria esperam de “alguém da minha idade”. exibidas como troféus quando chegasse aos 40: uma jovem seQue crescer não signifique abrir mão nhora, casada, mãe de família, concilianda alegria infantil e de alguma dose de quem venceu as do o trabalho com as responsabilidades de irresponsabilidade adolescente. de uma dona de casa. Os 40 já se foram adversidades da própria Que envelhecer me coloque no cenhá dois anos e carrego quase todas as tro das atenções e não na berlinda da história” características expectadas por mim na impaciência. Que eu não tenha que juventude, mas tenho menos certezas me desculpar pelas rugas me desfigudo que achei que tivesse, mais desejos do rando com injeções e bisturis. Que as que achei que seria capaz e inúmeros remarcas do tempo no meu corpo secomeços me aguardam pelo caminho. Nem de longe me con- jam exibidas como troféus de quem venceu as adversidades sidero uma obra finalizada de mim mesma nem estou pendu- da própria história. rada numa sala esperando que o tempo me apague as cores e me desgaste as arestas. Meu desejo é o mesmo para todos que já fizeram e farão aniversário neste ano! Que, ao parabenizarem você pela data, não Estou convencida de que o que acontece comigo se repete se atenham a descobrir quantos anos você está fazendo. Que a com a grande maioria das pessoas. A pergunta “Quantos anos pergunta do dia seja outra: “Com que intensidade você deseja você tem?” tem perdido o sentido no mundo atual. Vinte, 35, viver o tempo que te resta?” 42, 57, 71, 80 são respostas que não esclarecem muito. Há cem Joanita Gontijo anos, o lugar que as pessoas ocupavam na esteira da faixa etáJornalista e autora do livro “70 dias ao lado dela ria tinha regras e condutas previstas em um manual escrito ”joanitagontijo@yahoo.com.br por uma sociedade conservadora. O adulto que se atrevia a 50 | www.voxobjetiva.com.br


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