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Julho/15 • Edição 72 • Ano VII • Distribuição gratuita
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Coração de mãe O drama das moradoras de rua separadas dos filhos pela droga
VERDADES SECRETAS Grazi Massafera fala sobre Larissa, sua personagem na novela das onze
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EDITORIAL Luta de classes Nos últimos anos, tem sido muito comum em nosso país associar pobreza à violência e desigualdades sociais a privilégios de ‘classes dominantes’. Tirada dos ensinamentos da esquerda política, essa retórica ganhou espaço na América Latina, especialmente nas academias do Direito e da Sociologia. É simples entender: nossos professores, mestres e doutores são formados, em sua maioria, nas escolas do pensamento humanista francês que, por sua vez, sempre validou a visão dos pensadores que dividem o mundo entre pobres e ricos. Passado mais de um século dessa hegemonia catedrática, o pensamento intelectual francês não representa mais a vanguarda do conhecimento. Em consequência, esvaziou boa parte de nossas teses de mestrado e doutorado.
Carlos Viana Editor Executivo carlos.viana@voxobjetiva.com.br
“... O povo que conhece o seu Deus se tornará forte e ativo.” (Daniel 11:32)
A Vox Objetiva é uma publicação mensal da Vox Domini Editora Ltda. Rua Tupis, 204, sala 218, Centro, Belo Horizonte - MG CEP: 30190-060
O que aconteceu? Em algum momento, toda teoria, seja econômica, seja filosófica,, precisa se encontrar com a realidade das pessoas. Na busca por uma igualdade social, os pensadores franceses eram, em sua maioria, defensores do Comunismo. Eles validaram propostas de um regime que, um século depois, se mostrou impossível de ser implantado e mais desumano que o rival Capitalista. Como resultado, há um vazio intelectual na atualidade do pensamento francês e latino-americano que tem se refletido nas relações sociais e nas definições sobre o que temos chamado de ‘luta de classes’. Nossa reportagem de capa deste mês chama a atenção para um dos recortes mais cruéis desse embate sócioideológico. Mães dependentes de drogas abandonam os filhos nos hospitais e deixam em aberto o passado de muitas das crianças. O Ministério Público agiu recomendando às maternidades públicas uma notificação antecipada dos partos como forma de garantir os direitos dos recém-nascidos. ONGs e movimentos ligados ao assunto alegam que a intervenção dos promotores reflete ‘a desigualdade econômica imposta às mais pobres e a não garantia dos direitos fundamentais como mães’. O que deve prevalecer? A visão sobre as leis que permitem uma intervenção do Estado, independentemente da condição econômica? Ou o discurso recorrente de que o ‘Poder organizado’ reflete sempre a desigualdade social? Como nosso leitor poderá observar, a reportagem não chega a uma conclusão. Simples! Esvaziados de nossas teses e de nossas certezas, vivemos o vazio de não saber mais como resolver os problemas do nosso cotidiano.
Editor adjunto: André Martins l Diagramação e arte: Felipe Pereira | Capa: Felipe Pereira l Reportagem: André Martins, Camila França, Cassio Teles, Gisele Almeida, Haydêe Sant’Ana, Leo Pinheiro, Tati Barros, Thaís Paiva, Thalvanes Guimarães | Correspondentes: Ilana Rehavia - Reino Unido, Gisele Almeida - Suécia | Diretoria Comercial: Solange Viana | Anúncios: comercial@ voxobjetiva.com.br / (31) 2514-0990 | Atendimento: jornalismo@voxobjetiva.com.br (31) 2514-0990 | Revisão: Versão Final Tiragem: 30 mil exemplares | voxobjetiva.com.br
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OLHAR BH
Prefeitura Municipal Foto: Felipe Pereira |5
SUMÁRIO 12
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Felipe Pereira
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Carlos Prates / Globo
reprodução
VERBO
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GRAZI MASSAFERA Atriz fala sobre casamento, maternidade e Larissa, sua personagem em ‘Verdades Secretas’
SALUTARIS
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METROPOLIS
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DIAS MELHORES Especialistas levantam alternativas para a superação da crise do setor hoteleiro
‘A ESCOLHA DE SOPHIA’ Ministério Público e prefeitura divergem sobre destinação de bebês de grávidas viciadas em entorpecentes
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Com sintomas enigmáticos, doenças de Chohn e retoculite ulcerativa desafiam os médicos
PODIUM
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CAPA
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SINAL DE ALERTA
LINHA DE FRENTE Fifa entra na mira do FBI e põe em xeque paixão dos torcedores e credibilidade do futebol
VANGUARDA
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ALÉM DA FICÇÃO Conheça os novos materiais que prometem revolucionar a indústria
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Arquivo Pessoal
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Cidade Olimpica/Divulgação Svein Ulvund / NSB
Bruno Figueiredo
Helibras/ Divulgação
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Shutterstock
ARTERIS
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‘DESTINATION WEDDINGS’ O casamento dos sonhos no exterior
HORIZONTES
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OSLO E BERGEN Uma viagem pelas ‘capitais’ norueguesas e os mais incríveis fiordes da Escandinávia
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JUSTIÇA • Robson Sávio Insegurança e impunidade: quem ganha com isso?
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PSICOLOGIA • Maria Angélica Falci
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METEOROLOGIA • Ruibran dos Reis
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CRÔNICA • Joanita Gontijo Confissões de uma mãe band-aid
KULTUR
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NO IMPROVISO Corte de investimentos desafia artistas a encontrar meios de fazer arte
ARTIGOS
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Dói, mas constrói Ondas de calor
SAPORIS
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RECEITA – Bufê Bouquet Garni
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VINHOS – Nelton Fagundes
Muffins de alho-poró e Grana Padano A arte da degustação e a importância do olfato
IMOBILIÁRIO • Kênio Pereira Proibida a cobrança abusiva para registrar ata |7
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Estevam Avellar / Globo
VERBO
VERBO
Verdades secretas de uma ex-cinderela Em entrevista exclusiva, Grazi Massafera revela que conviveu com prostitutas e quer ir à Cracolândia. Um ano e meio depois da separação de Cauã Reymond, a ex-BBB diz que deseja ter mais filhos, mas – ao que tudo indica – não sonha com casamento Leo Pinheiro
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o dia 8 de junho até o final da primeira semana de julho, Grazielli Massafera emagreceu cerca de cinco quilos de seu já esbelto corpo, de 1,73 metro e 57 quilos. Vaidade? Anorexia? É melhor bater na madeira! Felizmente Grazi não está com nenhum problema de saúde. O motivo da súbita perda de peso da ex-Miss Paraná é Larissa, sua personagem na novela das 11 da Rede Globo, ‘Verdades Secretas’. Na trama do novelista Walcyr Carrasco, a atriz passará por uma profunda transformação física e, até os últimos capítulos, vai aparecer esquelética. Exercício físico e alimentação saudável sempre foram as receitas infalíveis da ex-sister para manter um dos corpos mais desejados do Brasil. Porém, para dar vida à modelo que se envolve com o submundo da prostituição e vai acabar em uma cracolândia, a bela precisou de grandes mudanças em sua rotina diária. Ela abandonou as três sessões de musculação semanais, as corridas na areia fofa e o rígido programa de malhação para ganhar tônus. Agora ela vai à academia apenas para usar a esteira ergométrica. No auge da beleza, a balzaquiana Grazi constrói uma carreira de sucesso, riqueza material para proporcionar à herdeira Sofia o luxo e o conforto que não desfrutou em sua infância na
pequena cidade de Jacarezinho, no Paraná. Uma semana antes de completar 33 anos, ela revelou à Vox Objetiva que deseja ter mais filhos. A atriz fala sobre nudez, sexo, família, vaidade e confessa que teve privilégios de veterana dentro da atual produção em que atua. “A galera da novela toda fez um workshop que durou 40 dias. Eu não participei de nada e já comecei a gravar, então a personagem está sendo construída com a novela”, diz, impudica. Seu único pudor é em relação aos assuntos do coração. Discreta, ela não gosta de falar dos seus romances, seja do pai de sua filha, Cauã Reymond, com quem nunca chegou a se casar, seja do breve relacionamento com o também BBB 5, Alan Passos, ou dos supostos casos amorosos com o publicitário Rodrigo Lasmar, o lutador de MMA Erick Silva e o ex-judoca e apresentador de TV Flávio Canto. Questionada sobre namoro ou se tem algum romance sério à vista, Grazi se esquiva. Então que ninguém lhe pergunte sobre casamento, que seu staff contra-ataca imediatamente: “Ela preferiu focar nas perguntas da novela”, explicou a assessora de imprensa da atriz sobre a recusa de Grazi de responder se gostaria de um dia realizar uma cerimônia de matrimônio tradicional, de vestido
branco, véu, grinalda e buquê... Outro assunto-tabu durante a entrevista foi a sua relação com os atores mais experientes, que a discriminaram no início da carreira – e até hoje – por ser ex-BBB. Mesmo que muitos dentro da Globo considerem a ex-participante do reality apenas uma carismática garota-propaganda, Grazi demonstra que aprendeu um pouco do ofício de atriz e dissimula: “Sempre me senti respeitada”, encerra a questão. Sua personagem Larissa é uma modelo que se envolve com drogas e prostituição. Qual foi a sua reação quando recebeu o convite para um papel tão forte? Fiquei muito feliz com o desafio e agradeço a confiança do Mauro Mendonça Filho e do Walcyr Carrasco. Está sendo um prazer trabalhar com eles. Quais foram as suas primeiras impressões ao ler as falas da Larissa? Senti que seria uma boa oportunidade de fazer algo diferente do que tinha feito até hoje. Eu sou do dia, gosto de sol, de malhar e sou otimista. A personagem é o oposto do que eu sou. Ela é da noite, de um mundo bem pesado. |9
VERBO de garota de programa em ‘Bonequinha de Luxo’ porque estava grávida. Você pensou duas vezes em aceitar a sua personagem em ‘Verdades Secretas’ por ser mãe de uma criança ainda na primeira infância? O quanto a Sofia influencia as suas escolhas profissionais? Ser atriz é o meu ofício. Eu empresto o meu corpo para o personagem. Quando estou em casa, sou a mãe da Sofia. As duas não se misturam. Sofia é minha motivação de vida. As cenas de nudez e sexo lhe causam algum desconforto? Na sua opinião, qual será a reação do Seu Gilmar (pai), da Dona Cleusa (mãe), e da Sofia ao assistir à novela? Temos uma equipe muito cuidadosa e profissional. As cenas de sexo são quase coreografadas. Conversamos muito antes das gravações e isso gera confiança e segurança em cena. Você pensa em ter outros filhos?
Estevam Avellar / Globo
Com certeza! Quero sim. Amo ser mãe!
Como foi a sua preparação para interpretá-la? Você fez algum tipo de laboratório para vivenciar uma modelo e prostituta de luxo viciada em crack? Teve contato com dependentes químicos e garotas de programa ou ‘experimentou a droga e a prostituição’ apenas através de filmes e livros? A galera da novela toda fez um workshop que durou 40 dias. Eu não participei de nada e já comecei a gravar. Então a personagem está sendo 10 | www.voxobjetiva.com.br
construída com a novela. Eu tento não criar expectativa para não me boicotar na hora de atuar. Para dar uma acalmada, tive um encontro com o Sérgio Penna, que está preparando o elenco. Estou assistindo a filmes, pesquisando na internet e conversando com outras pessoas. Também tive a oportunidade de conversar com algumas garotas de programa para compreender melhor esse universo. Quero muito visitar a Cracolândia. Em 1961, Audrey Hepburn declarou que pensou em recusar o papel
Voltando à Larissa... Sua personagem vai passar por mudanças de fisionomia para mostrar os efeitos que as drogas psicoativas causam no corpo. Foi difícil passar por esse processo de emagrecimento? O que mudou na sua rotina alimentar e de exercícios? Muita coisa ainda vai acontecer. A Larissa será construída ao longo da trama. Eu costumava malhar três vezes por semana e tive que deixar isso de lado por causa da personagem. Hoje em dia só vou à academia para andar na esteira e fazer exercícios mais leves. Também parei de pegar sol e de pintar o cabelo. Ainda não entrei na parte da dieta, mas normalmente eu como de tudo, sem exageros.
Até o final da novela, os maquiadores terão a tarefa (quase impossível) de deixá-la feia. O quanto isso mexe com a sua vaidade?
As personagens de Grazi em ‘Aquele Beijo’, ‘Desejo Proibido’ e ‘Negócio da China’ subiram ao altar. Mas pelo que a atriz dá a entender, igreja, véu e grinalda parecem não estar nos seus planos
Isso não me abala como pessoa e me alegra como atriz. Quando existe um sentido, uma função para essa caracterização, ela é libertadora e faz todo o sentido. E a vaidade profissional: o quanto você se considera melhor atriz do que em 2006, quando estreou em ‘Páginas da Vida’? Posso dizer que aprendi muito nesses últimos anos e prefiro que a resposta venha do público. Ele é o termômetro do nosso trabalho.
Você procurou absorver ensinamentos desses colegas mais experientes?
Estevam Avellar / Globo
Sempre me senti respeitada. Aprendi muito com os atores experientes. Cada novo trabalho é uma nova escola. Isso é maravilhoso.
Renato Rocha Miranda / Globo
Você acha que os atores mais experientes lhe respeitam mais agora do que quando você saiu do Big Brother?
Sérgio Huoliver/ Globo
Sempre! ‘Verdades Secretas’ tem modelos como Yasmin Brunet e Alessandra Ambrósio estreando como atrizes. Você já conversou com elas, deu alguma dica? Qual conselho você deu para elas? No dia a dia trocamos muito. Elas, como modelos, trouxeram as experiências vividas no mercado, e aqui aprendemos juntas a fazer televisão. Eu sei que é clichê, mas diga: quais são as suas verdades secretas? Pode revelar ao menos uma? Elas são segredo! (Risos) | 11
METROPOLIS
EM BUSCA DE SOLUÇÕES Estagnação do setor hoteleiro revela a necessidade de repensar a forma de trabalhar o turismo em Belo Horizonte Thais Paiva Fotos: Felipe Pereira
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m matéria de receber bem, os mineiros são mestres. Em qualquer casa que se vá, o “cafezim” passado na hora, o “pãozim” com manteiga ou a broa de milho estão postos à mesa. Isso sem falar na prosa, que não pode faltar. A cartilha simpaticíssima das casas mineiras é seguida à risca pela rede hoteleira de Belo Horizonte. O serviço é incrementado com um atendimento de qualidade, conforto e requinte. Com a menor diária média do Brasil, Belo Horizonte tem 190 hotéis com aproximadamente 22 mil leitos. São muitos os atrativos, mas o momento do setor está longe de ser considerado positivo. O turismo em Belo Horizonte passa por um processo de estagnação. O baixo índice de hospedagem é
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preocupante e pode ser justificado por três fatores: a ausência de eventos e de congressos, a superoferta de hotéis - nos últimos dois anos foram construídas 30 unidades - e a crise econômica que castiga o país. Dados da Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado de Minas Gerais (Fhore-MG) revelam uma queda de 20% a 40% do turismo de negócios na capital, na comparação com o ano passado. O fato preocupa por ser a principal modalidade de turismo vinculado a Belo Horizonte. “As pessoas estão deixando de viajar. A hotelaria anda de mãos dadas com a economia. Então a crise econômica está afetando diretamente o setor”, analisa a presidente da Associação
Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (Abih-MG), Patrícia Coutinho. O presidente da Fhore-MG, Paulo Pedrosa, reitera a fala de Patrícia apresentando o impacto da retração nos postos de trabalho. Segundo ele, de dezembro de 2014 a maio de 2015 o houve uma redução de mil empregos na rede hoteleira de Belo Horizonte. O assunto foi tema de discussões nas Casas Legislativas de Minas e Belo Horizonte, no primeiro semestre de 2015. Duas audiências públicas, uma na Assembleia Legislativa de Minas Gerais e a outra na Câmara Municipal de Belo Horizonte, foram realizadas para tentar impedir que o problema ganhe uma proporção ainda maior. Atualmente tramita na Câmara um
Na visão de Pedrosa, hotéis deveriam investir em estratégias próprias. A hospedagem aliada a um passeio turístico pela cidade poderia ser um diferencial
projeto de Lei que prevê a isenção do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição de Direitos Autorais (Ecad) para estabelecimentos comerciais que não têm como foco a exploração musical. Se a proposta for sancionada pelo Executivo Municipal, a rede hoteleira vai ser beneficiada. ESTRATÉGIAS É consenso entre quem entende do assunto que reerguer o setor hoteleiro belo-horizontino passa pela intervenção do poder público. Na visão de Patrícia e de Pedrosa, há que se trabalhar a valorização do setor e conceder incentivos fiscais aos empresários do ramo. Os especialistas entendem também que a Companhia Mineira de Promoções (Prominas), a Belotur e a Secretaria de Turismo devam ter investimentos para gerir e prover o turismo de eventos e negócios em Belo Horizonte, atraindo cada vez mais turistas. Eles reiteram que o turismo envolve direta e indiretamente vários serviços correlacionados e, por isso, deve ser pensado de forma inteligente. Belo Horizonte é a capital do estado que concentra o maior número de municípios do Brasil. Os diferentes perfis de turismo e de circuitos espa-
lhados pelo estado são potencialidades ainda inexploradas, bem como a riqueza da cultura mineira. Toda essa amplitude de atividades culturais deve ser resgatada em Belo Horizonte, defendem os especialistas.
como um todo, investindo mais no marketing, para a maior promoção da cidade, e realizando as reformas do Minascentro e do Expominas. Assim toda a economia será fomentada, gerando mais consumo e empregos”, entende.
Patrícia destaca que Minas é o segundo estado brasileiro em emissão de turistas. Ela defende a ideia de que é necessário estimular também o turismo interno e a renovação dos eventos da cidade. “O poder público deve compreender a importância do turismo para o crescimento da economia
Em 2014, o Brasil foi sede da Copa do Mundo. O maior evento de futebol do planeta deixou um legado: Belo Horizonte foi revitalizada em vários aspectos. “É inegável a melhora da infraestrutura e da mobilidade urbana”, destaca Pedrosa. Mas esses benefícios não foram suficientes para manter a
Em 2013 e 2014, o número de hóspedes aumentou com a realização das copas das Confederações e do Mundo. Mesmo com esse crescimento, a taxa de ocupação sofreu queda porque o aumento da oferta não foi compatível com a procura. Os dados são da Secretaria de Turismo de Minas Gerais
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METROPOLIS
OPINIÃO
Divulgação
O que pensam os gerentes de hotéis sobre o atual momento do setor hoteleiro em Belo Horizonte?
“Eu nunca vi uma crise como esta. Estamos trabalhando com uma ocupação baixa, e o valor da diária caiu mais de 50%. A rentabilidade é quase zero, e o custo é alto. Eu já demiti 25% do quadro de funcionários. Acho que o poder público deveria implantar feiras de âmbito nacional em Belo Horizonte para atrair pessoas. Precisamos de mais recursos e de uma boa gestão”
Ana Beatriz Motta Gontijo, gerente do Via Contorno Hotel
“A procura diminuiu se compararmos o ano de 2015 aos anteriores. As empresas estão investindo menos em viagens e eventos. Temos visto boas iniciativas e estamos trabalhando com a Belotur e a Secretaria de Turismo para virar o jogo. Esperamos mais shows e eventos culturais para a cidade de Belo Horizonte”
Alexander Borges, gerente do Hotel Mercure
procura pelos hotéis. Patrícia explica que unidades foram reformadas e novos prédios erguidos, todos com alto nível de serviço e de profissionais. Terminada a Copa, um clima de marasmo se abateu sobre o setor. A presidente da Abih-MG espera que as Olimpíadas de 2016 contribuam para a oxigenação do setor hoteleiro, já que o Mineirão vai receber jogos de futebol da competição. De acordo com Patrícia, até 2016, Belo Horizonte deve inaugurar dez hotéis. A expectativa das organizações hoteleiras é a concretização de ações que promovam o turismo em Belo Horizonte e que se desenvolva uma política voltada para o potencial da cidade. Belo Horizonte é uma capital moderna que apresenta jóias neoclássicas e modernistas. O Circuito Cultural Praça da Liberdade, as obras do arquiteto Oscar Niemeyer e o conjunto arquitetônico da Pampulha sobressaem nesse quesito. Em termos de festa, o Carnaval da capital, com os irreverentes bloquinhos de rua, cresce a cada ano e retoma o sucesso de décadas passadas. Patrícia pondera, entretanto, que não basta investir na divulgação do que
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Patrícia entende que o investimento em turismo e eventos pode revigorar o setor hoteleiro da cidade
Belo Horizonte tem de melhor. Ela acredita que seja necessário investir na mobilidade urbana. “A reforma da Rodoviária e melhorias nas vias de acesso, para que mais pessoas do interior visitem Belo Horizonte, são intervenções fundamentais”. Para Pedrosa, as iniciativas que partem dos hotéis também podem ser interessantes. “Seria criativo se os hotéis ‘linkassem’ a estadia a passeios; passassem a criar pacotes. Ao reservar um quarto, o hóspede teria direito a conhecer um ponto turístico da cidade, por exemplo”, sugere. No Brasil, o exemplo máximo de turismo inovador é o Programa “Porto Alegre Turismo Criativo”. A prefeitura da capital gaúcha oferece oficinas, cursos de curta duração e diferenciadas atividades relacionadas com a cultura local. Além de promover as atrações na cidade, o projeto proporciona conhecimento aos visitantes. As agências de viagem e um portal on-line divulgam as informações semanalmente.
ARTIGO
Kênio Pereira Imobiliário
Proibida a cobrança abusiva para registrar ata Síndicos e demais responsáveis por condomínios reclamaram comigo sobre cobranças exorbitantes feitas pelo Cartório de Títulos e Documentos para registrar uma ata de assembleia. Os valores chegam a R$ 1.160. O oficial do cartório explicou que cobra até 107 vezes R$ 10,71, que é o valor correto para o registro de uma ata. A majoração do valor poderia se justificar, caso fosse cobrado para o registro de contratos. A cobrança é escalonada com base em valores indicados na ata. O fato de conter dados sobre orçamentos de reformas ou valores de prestação de contas dá a entender que se trata de documento de teor econômico. Como presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB/MG, apresentei à Corregedoria-Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais uma solicitação para que ela se manifestasse sobre esse procedimento estranho que onerava injustamente milhares de condôminos. Só na Região Metropolitana de Belo Horizonte existem mais de 20 mil condomínios. Devido à falta de reclamação jurídica e técnica, essas cobranças vigoraram por muitos anos. Isso acarretou prejuízos para os condomínios. Houve relatos como os de uma ata em que se indicava a troca de síndico e a prestação de contas de R$ 198 mil. O registro só foi possível com o pagamento de R$ 1.049,32. Em outra ata, o simples orçamento de uma obra de R$ 85 mil gera uma cobrança de R$ 787,57. O novo síndico se sentiu coagido a pagar esses valores porque a ata continha também a eleição do síndico. E o banco não libera a movimentação da conta do condomínio para o novo síndico sem que a ata esteja registrada.
Ao analisar as tabelas de cobranças dos cartórios, percebemos que o valor correto a título de registro seria R$ 10,71 por ata mais R$ 6,31 para cada folha arquivada com a ata. Diante da nossa solicitação (Processo 2015/77296), a Corregedoria-Geral de Justiça de Minas Gerais confirmou o nosso entendimento: “Com efeito, não há como considerar com conteúdo financeiro ata de assembleia pelo simples fato de citar valores. Nos termos da bem-elaborada manifestação da técnica da Gerência de Fiscalização dos Serviços Notariais e de Registro (Genot), para que o título seja considerado com conteúdo financeiro, não basta que haja valores expressos, mas que configure negócio jurídico no qual se transmitam bens ou direitos. Assim, não pode ser cobrado com conteúdo financeiro o registro de atas de assembleia de condomínio nas quais se faça menção à prestação de contas, à aprovação de orçamentos para reforma, valor existente no fundo de reserva, etc”. De acordo com o parecer da Corregedoria-Geral de Justiça de MG, se o cartorário deturpar a interpretação da tabela de cobranças, terá que devolver em dobro os valores cobrados em excesso.
Kênio Pereira Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG keniopereira@caixaimobiliaria.com.br | 15
CAPA
RUAS, DROGAS E MATERNIDADE O drama das mães moradoras de rua envolvidas com a dependência química André Martins
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e a casa é o símbolo máximo da proteção e da propriedade, a rua é uma perigosa terra de ninguém. Quase sempre esses dois ambientes são definidos pelas relações de contraposição. Quase sempre. Porque para um número indefinido de pessoas no Brasil, rua e casa são apenas sinônimos. De acordo com o último censo realizado em 2013 pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), os moradores de rua da capital mineira estão em torno de 1,83 mil indivíduos. O número é variável e nunca exato devido às dificuldades de quantificar uma população que migra constantemente. Basta um pouco de sensibilidade para perceber, embora de forma imprecisa, as dificuldades dessas pessoas. Driblar necessidades básicas, como comer e se proteger do frio, são desafios para quem tem o céu como teto. Muitas vezes, as drogas são fatores de limitação. Nesse universo, comovem ainda mais os casos de mulheres grávidas que exibem suas barrigas ao vento das ruas como se respondessem apenas por si. Elizabeth Caetano é assistente social no Hospital Sofia Feldman. Nos oito anos em que ela presta serviços para a instituição surgiram casos marcantes de grávidas moradoras de rua e viciadas em entorpecentes no hospital. Algumas histórias a impactaram de forma definiti-
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va. “Ela tem cerca de 35 anos e foi mãe 11 vezes. Dessas 11 crianças, quatro nasceram no hospital. As duas primeiras foram encaminhadas para acolhimento institucional, e as outras duas saíram com ela. Essas histórias sempre mexem com a gente porque vemos o sofrimento dessas mulheres”, revela. De igual forma, para os profissionais de saúde que frequentemente lidam com casos similares, é praticamente impossível manter-se distante emocionalmente. “É difícil não sentir algo. No Hospital Risoleta Neves, por exemplo, há uma mulher conhecida de todos. Ela é moradora de rua, usuária de drogas e já teve quatro filhos. Alguém da família se dispôs a ficar com um dos filhos. Os outros foram para abrigos”, conta a médica obstetra e referência técnica do Comitê de Prevenção de Óbito Materno da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), Patrícia Magalhães. Outro que coleciona dramas de roteiros tristes e, às vezes, previsíveis é o policial aposentado Robert William. Ele é diretor da Organização Não Governamental Defesa Social, instituição que trabalha com a abordagem, o acompanhamento e o encaminhamento de usuários de drogas para comunidades terapêuticas e o serviço público de saúde. “Grande parte dessas crianças é composta por ‘filhos do crack’ e da droga. Não são frutos de relacionamentos regulares, amorosos. Algumas mulheres se prostituem por uma ‘pedra’”, explica. Segundo Robert, cerca de 50 mulheres moradoras de rua que declararam estar grávidas foram abordadas pela equipe multidisciplinar da ONG, que atua na capital mineira e na Grande BH há 11 anos.
com drogas. Quando conversamos com essas mulheres, percebemos que elas gostariam de ter uma família, uma casa, um marido,... É um sofrimento muito grande”, conta. A saúde dos bebês filhos de mulheres em situação de rua e envolvidas com o vício em drogas é uma preocupação real. Mas esse não é o único problema. Cerca de 90% dos bebês
acolhidos nas 15 unidades da PBH que abrigam crianças de zero a 6 anos são filhos de mães dependentes químicas. Muitas delas moram nas ruas. A informação é da secretária Municipal Adjunta de Assistência Social - Gerência de Abrigamento da PBH, Helizabeth Itaborahy Ferenzini. Desde quando essas mulheres começaram a ser identificadas pelas
Robert William pondera que o fato de essas mulheres morarem nas ruas não as destitui de sentimentos inerentes à maternidade. “Elas querem sempre o melhor para os filhos, inclusive que eles não se envolvam | 17
equipes dos consultórios de rua da prefeitura ou dão entrada nos hospitais para o início do pré-natal ou do parto, uma movimentação intensa acontece nas maternidades, no setor de Assistência Social da prefeitura e no Poder Judiciário.
Guilherme Dardanhan
CAPA
Para evitar que os bebês cresçam em abrigos, as assistentes sociais da PBH trabalham para levantar o histórico dessas mulheres e chegar até as famílias delas. Se não for possível para a mulher poder assumir seus compromissos como mãe, o objetivo é promover a adoção dessas crianças por pessoas próximas. Muitas vezes, o processo de identificação da família começa nas próprias instituições de saúde. “Nós procuramos a família. Se ela alega que vai ajudar a cuidar, a gente faz os encaminhamentos adequados”, revela Elizabeth Caetano. A mãe também é orientada a entender que acompanhar o crescimento do filho passa pela necessidade de abandonar o vício. Mas, em alguns casos, a identificação dos familiares é uma tarefa difícil. O destino mais certo para essas crianças são os centros de acolhimento. “Quando essas famílias não são identificadas, a mulher vive em situação de rua e com histórico de uso de drogas, a gente não pode ser irresponsável e entregar esse bebê para a mãe. Aí a gente faz o encaminhamento para a Vara da Infância”, arremata Elizabeth. DIREITO DE QUEM? Desde o ano passado, a Promotoria da Infância e da Juventude de Belo Horizonte vem sendo alvo de críticas por parte da prefeitura, de legisladores e de organizações sociais. O órgão exige das maternidades e dos profissionais de saúde a comunicação sobre os nascimentos de bebês filhos de mulheres vicia18 | www.voxobjetiva.com.br
das em drogas. Para os promotores, a medida é necessária por causa da falta de políticas públicas voltadas para essas mulheres e seus filhos. Em maio, deputados da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais se reuniram com o Procurador-Geral de Justiça Carlos André Mariani Bittencourt para debater as recomendações da Promotoria. “A recomendação do Ministério Público determina que a mãe que usou drogas perca imediatamente a guarda do bebê. Foram relatados vários casos de abuso na retirada de crianças das mães”, aponta o deputado João Leite (PSDB/MG). Para o parlamentar, o método adotado pela SMSA, de acompanhamento da mãe e do bebê para que o direito do contato seja preservado, é o mais adequado. Na
A recomendação do Ministério Público determina que a mãe que usou drogas perca imediatamente a guarda do bebê. Foram relatados vários casos de abusos na retirada de crianças das mães João Leite, deputado estadual
CAPA do promotor, o encaminhamento para a família substituta só deve ser feito quando todas as possibilidades de inserção da criança na família extensa sejam esgotadas. Além de determinar a comunicação sobre os casos desse tipo de nascimento, a Promotoria exigiu que o município crie abrigos para o acolhimento de mães e de bebês. Para Celso, é fundamental que haja uma política pública efetiva de acompanhamento e um trabalho prévio para que a mãe possa, em perfeitas condições, receber a criança. “Não adianta criar um programa que atenda por um mês e achar que isso vai resolver o problema”, adverte. “É uma irresponsabilidade deixar que essa criança seja usada visando a recuperação da mãe”.
opinião do deputado, o direito que a criança tem de permanecer com a família extensa deve ser priorizado. E as recomendações do MP se refletiram nas ruas. É o que revela Arnor Trindade, crítico da decisão do MP e referência da Coordenação de Saúde Mental da SMSA. Para o especialista, a possibilidade da retirada das crianças das mães tem coagido muitas a revelarem que estão grávidas. Trindade entende que apartar os bebês de suas mães é uma prática que deve ser revista. “O Estatuto da Criança e do Adolescente diz, em seu primeiro item, que a criança tem o direito de permanecer com a família. Mas o Ministério Público dá primazia ao trecho que diz que a criança deve crescer em ambiente longe de usuários de entorpecentes. Às vezes, é possível que a mãe se recupere e
que a criança fique sob guarda da família extensa”, entende. Ainda segundo Trindade, a aplicabilidade da medida, que vale para todas as mães usuárias de droga e não apenas para as moradoras de rua, tem se dado de maneira seletiva. “Usuárias de droga que têm seus filhos no (Hospital) Mater Dei estão permanecendo com as crianças normalmente. Então é algo que deve ser avaliado”, alerta. O Ministério Público prioriza a proteção e o bem-estar das crianças, como explica o promotor de Justiça da Infância e da Adolescência, Celso Penna Fernandes Júnior. Para ele, a Promotoria é obrigada a preservar a integridade dos bebês em abrigos de acolhimento até que a prefeitura possa desenvolver o trabalho investigativo e determinar judicialmente o destino da criança. Na visão
Celso sai em defesa da Promotoria, acusada de perseguição a pobres e à comunidade negra. Ele critica também o andamento das reuniões para o debate do assunto na esfera pública. “Fiquei sabendo que levaram mulheres que tiveram seus filhos retirados delas em reuniões na Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa. Acho que essas pessoas não sabem e não querem saber concretamente o que aconteceu ao longo do processo que envolveu essas mães. Elas tiveram direito à defesa, o direito de recorrer, foram para o Tribunal e ficou decidido que elas não deveriam ficar com as crianças. O trabalho é todo documentado; tudo está no papel; tudo foi investigado. É muito fácil falar genericamente de perseguição sem ter o conhecimento do processo”, aponta. De acordo com Helizabeth, a maioria dos bebês filhos de mães dependentes químicas de Belo Horizonte tem apresentado parecer conclusivo para a colocação em famílias substitutas. O acompanhamento pós-acolhimento é feito pelo Sistema Único de Assistência Social do município. | 19
ARTIGO
Robson Sávio Justiça
Insegurança e impunidade: quem ganha com isso? A eficiência do sistema de justiça criminal é ingrediente indispensável não somente para a diminuição da sensação de impunidade, como para a repreensão de práticas criminosas. Um sistema judiciário moroso e seletivo certamente produz resultados negativos também no sistema de segurança pública. No caso brasileiro, os impactos da execução criminal são responsáveis, segundo o Conselho Nacional de Justiça, pelas altas taxas de congestionamento de todo o sistema judiciário do país. Obviamente não é para promover a vingança, segregar nem aniquilar o infrator ou ampliar as garras do estado penal que se exige mais efetividade da Justiça. Assistimos, extasiados, à prisão de milhares de jovens acusados de tráfico de drogas porque portam alguns gramas de entorpecentes, mas vemos a impunidade colossal em relação aos grandes traficantes, como ocorreu no episódio da apreensão de um helicóptero de políticos transportando meia tonelada de pasta-base de cocaína. Persiste a pergunta: que justiça é essa? A certeza da impunidade favorece a prática de crimes. Vergonhosamente, para cada cem homicídios dolosos praticados, apenas oito são totalmente processados pelo sistema de justiça criminal brasileiro. Desses oito, somente dois têm os autores presos. Abrir mão da apuração dos crimes sinaliza o fracasso do Estado e o caráter dúbio da Justiça (a aplicação da lei depende de circunstâncias aleatórias). Resultado: para muitos, o crime compensa. Onde estão os problemas da impunidade? Os baixos investimentos em estruturas de investigação, inteligência e perícia das polícias são fatores que corroboram o 20 | www.voxobjetiva.com.br
caos no sistema de justiça criminal. Mas não podemos responsabilizar somente as polícias pela situação desastrosa. Governantes insensatos, que se contentam com o “aqui e o agora”, sempre preferem investir nas ações de repressão – que aparentemente dão resultado (nem que seja midiático) -, em vez de direcionar os investimentos para uma polícia mais eficiente; menos preocupada em prender e mais direcionada para elucidar os crimes. Com um sistema prisional direcionado somente para quem oferece risco social - e não como instrumento para prender os pobres e negros e praticantes de crimes contra o patrimônio -, teríamos um quadro de maior efetividade da Justiça e a possível diminuição da impunidade. Afinal, justiça tardia é a negação da justiça. A situação não será resolvida com medidas paliativas nem com reformas incrementais nas agências do sistema de justiça criminal. Afinal, quando há pressão social ou midiática, as respostas do Estado são sempre nos moldes dos “remendos novos em panos velhos”. Resultado: mantendo-se a estrutura, sem profundas reformas, o problema da impunidade associada ao aumento de crimes vai persistir e outras tantas ações enxuga-gelo serão sistematicamente implementadas, sendo soluções meramente paliativas.
Robson Sávio Reis Souza Filósofo e cientista social robsonsavio@yahoo.com.br
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SALUTARIS
AUTOIMUNES E RARAS Dificuldades nos diagnósticos, falta de informação e preconceito são desafios a serem vencidos pelos portadores da doença de Crohn e da retocolite ulcerativa Haydêe Sant’Ana
ores abdominais e articulares, diarreia, sangue nas fezes, febre, emagrecimento. Esses são alguns dos sintomas de duas doenças pouco conhecidas: a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. Ambas estão relacionadas com a inflamação intestinal crônica provocada por uma disfunção no sistema imunológico. Mesmo com o desenvolvimento de vários estudos e pesquisas relacionados, as causas desses males ainda não são conhecidas. Médicos e pesquisadores acreditam que fatores genéticos somados aos de ordem ambiental, como dieta, condições higiênicas, sanitárias e a composição da flora intestinal, sejam responsáveis pelo desencadeamento e a modulação das enfermidades. Segundo a coloproctologista Dra. Thaísa Barbosa, nenhum dos componentes isolados pode explicar as Doenças Intestinais Inflamatórias (DIIs). “É a integração entre esses fatores que determina as características da doença e se ela vai se instalar”, afirma. A doença de Crohn se caracteriza pela inflamação de uma ou mais partes do tubo digestivo, desde a boca, passando pelo esôfago, estômago, intestino delgado e grosso até o reto e o ânus. No caso do intestino, a inflamação pode atingir todas as camadas ou acometer partes do tubo. Já na retocolite, apenas a camada mais superficial - a mucosa do cólon - é afetada. Ambas as doenças apresentam distribuição uniforme entre os sexos e geralmente ocorrem na transição da fase jovem para a adulta, entre 15 e 30 anos. Existe também um segundo pico da doença, entre 50 e 70 anos. Como corpo e mente são interligados, as emoções influenciam no aparecimento das doenças. “Sabemos que uma resposta imunológica distorcida contra o intestino é o que ativa essa inflamação. O estresse emocional está intimamente ligado
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SALUTARIS ao sistema imunológico, podendo interferir e desencadear as crises agudas da doença”, explica Thaísa. Como não existe um exame específico para o diagnóstico, a dificuldade para descobrir a doença é um dos principais problemas para os portadores das DIIs. O aposentado Gérson Polidoro é portador da doença de Crohn há mais de 20 anos. Ele revela que sofreu por sete anos com os sintomas sem saber ao certo o que tinha. “Meu Crohn foi bem agressivo. Sofria com muita dor, cólica. Antes do surgimento da doença, pesava 80 quilos; depois cheguei aos 40 quilos. Tive o meu peso reduzido pela metade. A questão do preconceito é forte. Os médicos me olhavam e só me pediam exame de HIV”, conta. Portadora de retocolite ulcerativa há 18 anos, a servidora da justiça Patrícia Quintiliano também revela a aflição pela qual passou até ter a doença descoberta. “Eu tinha muita diarreia e muita dor na perna. Cheguei a ir a alguns angiologistas por causa das dores. Fui a um proctologista que me diagnosticou com hemorroidas. Até na minha família, as pessoas achavam que eu tinha Aids, porque emagreci muito. Cheguei a fazer os exames, e não dava nada”, relembra. O diagnóstico precoce da doença é fundamental para o tratamento e o controle feito à base de medicamentos. De acordo com as diretrizes de 2010, da Organização Mundial de Gastroenterologia, são utilizados aminossalicilatos, corticoides, antibióticos, imunopressores e biológicos no tratamento das DIIs. Os corticoides são drogas de manutenção utilizadas na fase aguda, ativa, quando outros medicamentos não fazem mais efeito. No geral, são evitados porque podem causar dependência. Em situações mais severas, os pacientes podem até ser operados.
Doença de Crohn: É uma doença inflamatória crônica que pode se localizar em qualquer área do tubo digestivo, da boca ao ânus, com predominância na região de transição entre o intestino delgado e o grosso (cólon).
Sintomas Dor abdominal, fraqueza, cansaço, febre, diarreia, dor articular e perda de peso.
Isso ocorre nos casos mais graves, diante da falta de resposta ou da dependência de corticoide, quando há suspeita ou confirmação de câncer colorretal, hemorragias e obstrução ou perfuração intestinal. A confecção da “bolsa”, ou seja, ileostomia ou colostomia, é indicada em emergências. A ileostomia é uma abertura artificial no íleo (parte final) do intestino delgado para a passagem de fezes a serem armazenadas em uma bolsa coletora. Já na colostomia, a abertura é no cólon, no intestino grosso. Para a recepcionista Sarah Lebron, a descoberta do Crohn na fase inicial, na adolescência, foi fundamental para a recuperação dela. Há seis anos, Sarah passou por uma crise
Retocolite Ulcerativa ou Colite Ulcerativa: A retocolite é uma inflamação crônica que compromete exclusivamente o reto e o intestino grosso (cólon). Diferentemente da doença de Crohn, essa inflamação atinge somente a mucosa do intestino.
que quase a matou. “Eu cheguei a pesar 35 quilos, sem perspectiva nenhuma de melhora. Tomei todos os tipos de medicamento, e eles não faziam efeito. Sabendo do meu diagnóstico, os médicos tinham dificuldade em me tratar. Imagina se não soubessem! Eu já estava com falência de alguns órgãos”, conta. Um recurso para o tratamento foi a adoção de um medicamento ainda pouco utilizado pelos portadores de Crohn. No entanto, um ano depois, a mesma medicação que ajudou a salvar a vida dela quase a levou a óbito. Suspenso o remédio, a alternativa para Sarah foi a ostomização - instalação de uma bolsa para coletar as fezes. No início, ela conta que ficou muito deprimida. “Eu pensava que não ia mais sair de casa | 23
SALUTARIS
Divulgação
A equipe da AMDII promove reuniões para estimular a solidariedade entre os associados e difundir informações sobre as doenças
por causa da bolsa. Depois conheci uma moça ostomizada que saía e se vestia normalmente. Ela me aconselhou a usar uma cinta para esconder a bolsa. Foi o que eu fiz. Saí na rua e foi ótimo”. Embora muitos médicos considerem a Crohn benigna e controlável, a doença pode ser devastadora em alguns casos, como alerta Barbosa. “A doença pode ter um curso imprevisível e incapacitante, já que ela pode afetar diversos órgãos importantes, a despeito de toda medicação existente. Infelizmente muitos pacientes com Crohn tornam-se refratários aos medicamentos usuais e, com o tempo, até aos biológicos. Aí fica difícil o controle da doença”, expõe. AMDII “... ter olhos para ver os problemas alheios passa a ser uma salvação paradoxal. Não diminui meus problemas, mas não me sinto a única 24 | www.voxobjetiva.com.br
pessoa com problemas”. Esse é um trecho do livro “Registros de uma Crohnista, escrito por Leca Castro. Foi por meio de reflexão similar à proposta pela autora que, em 2002, portadores da doença de Crohn e da retocolite ulcerativa se uniram para criar a Associação Mineira dos Portadores de Doenças Inflamatórias Intestinais (AMDII), entidade civil, de caráter social, sem fins lucrativos. Só em Belo Horizonte, aproximadamente 400 pessoas participam das reuniões. No estado de Minas Gerais são cerca de 800 associados. Estrangeiros também interagem com o grupo pela internet.
34 anos, morreu na cidade de Medianeira, no Paraná, após permanecer internado por meses em um hospital e ser tratado inadequadamente.
A presidente da AMDII e portadora de Crohn há 19 anos, Jussara Morato, enfatiza que a falta de conhecimento da população sobre as doenças é algo que deve ser vencido cotidianamente. Mesmo com a internet, o acesso às informações ainda é basicamente restrito às cidades grandes e às capitais. No interior, a desinformação sobre as DIIs por parte de médicos e funcionários dos postos de saúde ainda predomina. No final de 2014, Marciano Machado de Brito, um portador de reticolite ulcerativa, de
Para Patrícia, que também preside a AMDII, o projeto é um desafio. “Sabemos que é muito difícil atingir todos os municípios, mas estamos trabalhando para alcançar o maior número possível de pessoas. Não podemos permitir que outras pessoas percam a vida pela falta de informação como aconteceu. Precisamos de apoio, mas nem tudo se resume ao suporte financeiro. O simples gesto de abrir as portas é importante para que possamos realizar nosso trabalho com excelência”, enfatiza.
Atualmente a associação trabalha no projeto que leva o nome de Marciano e tem por objetivo difundir a informação sobre as doenças a todos os municípios mineiros. O dia 19 de maio foi o Dia Internacional das DIIs. Na data, aconteceu o lançamento do Programa para a “Formação de Multiplicadores” em uma reunião da associação na Câmara Municipal de Belo Horizonte.
ARTIGO
Maria Angélica Falci Psicologia
Dói, mas constrói Sentir a dor da perda não é um processo simples. Em algum momento na vida sofremos perdas, desde as mais simples até as mais dolorosas. As reações é que costumam surpreender. Há quem lide bem com elas, mas outras perdem a estabilidade emocional. Ao escrever sobre as famílias que enfrentam o doloroso desafio de lidar com a perda, gostaria de propor algumas reflexões. O luto é um processo subjetivo, íntimo e não existe tempo para que seja elaborado. Certa vez, em um atendimento, uma pessoa me confessou que evitava falar sobre o assunto pelo fato de ser alvo de críticas e censuras. A sociedade costuma ser intolerante até mesmo com a dor do outro. Não raramente há a tendência de se impor um tempo para que o enlutado processe a dor, que como disse, é algo extremamente particular. Sofrer por muito tempo é considerado um absurdo, quando o absurdo está em determinar tempo para isso.
Quando não existe esse entendimento, o enlutado pode passar por várias fases em primeira instância, como a negação e a revolta. É evidente que se o indivíduo não caminhar para a aceitação, ele dará lugar aos sintomas psicológicos. A depressão é o maior precedente. A incapacidade de superação aprisiona o enlutado no Não raramente há a passado, e o reflexo disso pode ser a tendência de se impor amargura e o fechamento em si.
um tempo para que o enlutado processe a dor, que é algo extremamente particular. Sofrer por muito tempo é considerado um absurdo, quando o absurdo está em determinar tempo para isso
Não existe um tempo determinado para esse tipo de superação. Cada indivíduo tem o tempo certo. Exige paciência e muito amor para que o ‘momento cinza’ passe e a pessoa se abra em novas perspectivas. Alguns conseguem lidar bem com a perda porque existe certa preparação psicológica, um entendimento mais profundo no âmbito psíquico sobre os ciclos da vida e, portanto, há maior aceitação.
Preparar-se para a perda é algo complexo: depende de uma abertura psicológica para vencer o tão temível medo da morte. Culturalmente para nós, ocidentais, isso não é algo natural como em outros países. Mas internamente podemos, sim, fazer um grande favor a nós mesmos e encarar a perda como um aprendizado. Apesar de todo o sofrimento causado, ela pode ser um caminho para construções e ajustes, levando a ganhos na vida. Temos que lutar para viver bem e, quando chegar o momento difícil, ter as ferramentas psicológicas necessárias para prosseguir.
Maria Angélica Falci Psicóloga clínica e especialista em Saúde Mental angelfalci@hotmail.com | 25
SAPORIS
Muffins de alho-poró e Grana Padano Receita do Bufê Bouquet Garni
45 Minutos
Variável
INGREDIENTES
PREPARO
1 ½ xícara de farinha de trigo ½ xícara de óleo de milho 3 ovos grandes ½ copo de leite 2 colheres rasas de fermento em pó 2 talos de alho-poró 3 colheres de azeite 1 colher de folhas de orégano fresco 120 g de queijo Grana Padano Sal
Pique a parte branca do alho-poró em rodelas bem finas e salteie no azeite. Deixe esfriar e tempere com sal. Reserve.
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Bata os quatro primeiros ingredientes no liquidificador até obter uma consistência cremosa, tipo mingau. Acrescente o fermento e faça a montagem. Unte e enfarinhe as forminhas à sua escolha e coloque 1/3 da massa no fundo de cada uma. Distribua um pouco do alho-poró, das folhas de orégano e do Grana Padano, repita o procedimento e finalize com o queijo. Asse em forno pré-aquecido até crescer e dourar. Sirva morno ou frio.
SAPORIS
Harmonização Muffins de alho-poró e Grana Padano Nelton Fagundes, Enoteca Decanter O Pinot Noir Françoes Labet, de Corsega, na França, é um vinho tinto leve, fresco, de taninos macios e notas frutadas que lembram morangos frescos e flores vermelhas. Na boca, o vinho se mostra seco e com leve peso. A textura do vinho realça os ingredientes e texturas do prato ao extremo. Ótima dica de prato e vinho para este tempinho frio.
Lembro bem em minha infância que minha amada mãe, que Deus a tenha!, sempre me dizia que cheirar alimentos, ou mesmo pratos na mesa, era falta de educação. Em um puro instinto de sommelier, eu já tinha esse hábito. Sempre fui apaixonado por cheiros e cores e, até hoje, ao receber um prato, em qualquer lugar em que esteja, sempre o leva ao nariz, sem nenhum pudor, para sentir sua complexidade.
A arte da degustação e a importância do olfato Nelton Fagundes Sommelier da Enoteca Decanter BH
Uma das coisas que mais agradeço por trabalhar no mundo do vinho é o constante aperfeiçoamento das técnicas de degustação, pois se trata de uma ação muito importante na hora de consumir vinhos e alimentos. Os olhos, o nariz e a boca enviam inúmeras informações ao cérebro para a percepção
tros para sentirem os aromas e as texturas. Muitas pessoas são privilegiadas e conseguem uma sensibilidade única. Outras conseguem a façanha de sentir aromas dentro de outros aromas. Essa percepção só é possível ao cheirar os alimentos e criar um banco de dados para recorrer a ele sempre que necessário. É impossível uma pessoa que não tem costume de cheirar, querer achar todos os aromas presentes nos vinhos. Isso leva tempo. Criar um banco de dados com os aromas requer dedicação e atenção.
de nuances, aromas e sabores. Isso seria impossível sem o processo da degustação sistemática, como ocorre com os vinhos. A sensibilidade de cada um em termos de percepção é bem variada, sendo que alguns têm mais facilidade que ou-
Devemos usar nossos sentidos para comer e beber melhor. É importante lembrar que 70% dos sabores estão na parte nasal. Na boca estão presentes apenas as percepções do que é doce, salgado, amargo e azedo. Para ser um bom degustador, é necessário usar todos os sentidos, principalmente o olfato. Não se sinta envergonhado em não sentir nem reconhecer determinados aromas. Se nunca comi amora, como posso sentir seu cheiro? Contudo, posso ter uma percepção de frutas vermelhas. O quesito aroma nas degustações são verdadeiras torturas para alguns e um paraíso para outros. Tudo requer treinamento e dedicação. Sempre que for consumir vinhos e alimentos, seu repertório vai ser elaborado de forma natural. O mais importante é montar seu arquivo de aromas sem queimar etapas. Se tiver paciência e atenção, em pouco tempo você vai ser um ótimo degustador ou, quem sabe?, um sommelier. Se assim for, bem-vindo ao time! | 27
PODIUM
Limpando o jogo Como será o futebol após o escândalo que se abateu sobre o esporte com a comprovação de casos assombrosos de corrupção? Thalvannes Guimarães
CBF / Divulgação
Falcatruas, propinas, acusações e prisões. No primeiro momento, as palavras podem parecer associadas a um caso de corrupção envolvendo políticos brasileiros, mas não. Elas fazem parte de manchetes nas editorias de esportes da imprensa mundial. As cortinas que escondiam os bastidores do futebol foram rasgadas pela Agência Federal de 28 | www.voxobjetiva.com.br
Investigação (FBI), e dirigentes importantes acabaram atrás das grades. Tudo indica que isso é só o começo. A esperança dos milhões de apaixonados é de que a gestão do futebol tome um novo rumo. Sentimentos tão complexos despertados pelos jogos se tornam ainda mais confusos quando se conhece o cenário fora
dos gramados. É algo semelhante a degustar uma iguaria e descobrir que faltaram bons modos aos cozinheiros. A paixão pelo clube ou pela seleção se enfraquece quando se descobre como o dinheiro é faturado em nome de uma emoção. Presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) entre 1989 e
PODIUM 2012, Ricardo Teixeira colocou uma mansão de R$ 22 milhões à venda nos Estados Unidos, após o estouro das investigações. De onde surgiram tantas riquezas? Nada contra Ricardo foi provado ainda, mas já se sabe que ele e o presidente Marco Polo Del Nero são da mesma ala política de José Maria Marín. Recentemente preso, Marín teve o nome retirado da fachada do suntuoso prédio da CBF no Rio de Janeiro. Expulso da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Marín é acusado de receber propina em contrato de direitos de transmissão da Copa América e da Copa do Brasil. As investigações da polícia americana indicam que, de 1991 até agora, autoridades da Fifa se envolveram em crimes de fraude, subornos e lavagem de dinheiro. A justiça afirma que duas gerações de dirigentes tiveram parcerias com executivos de marketing esportivo com contratos obscuros mantidos pelo pagamento de propinas. A maior parte das fraudes indica o recebimento de propinas de executivos de marketing para a comercialização de direitos de mídia e marketing de várias competições esportivas. Há fortes suspeitas também de irregularidades na votação da sede da Copa do Mundo. A escolha mais duvidosa é a da Copa de 2022, confirmada no Quatar. Se a corrupção não é de hoje, por que as investigações demoraram a vir à tona? Segundo o Deputado Federal Silvio Torres (PSDB-SP), relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Nike em 2000, existia uma blindagem muito grande da Fifa pelos governos, por medo de retaliações. “Tanto a CBF quanto a Fifa criaram uma blindagem num esquema de corporação. Eles sabiam que quando um país denunciasse, os outros iriam fazer a mesma coisa. Como a corrupção é mundial, os órgãos internacionais se sentem à vontade para fiscalizar. No Brasil, os agentes políticos sempre tiveram
CBF / Divulgação
medo de fazer alguma intervenção porque achavam que a Fifa poderia prejudicar o país em algo,” diz. Quanto às investigações relacionadas com a CBF, quando se formava uma CPI, deputados aliados com a instituição não permitiam a continuidade das buscas de provas de corrupção. Em 15 anos, a Polícia Federal (PF) abriu 13 inquéritos contra a CBF e Ricardo Teixeira. No entanto, nenhum desses teve resultado até hoje. Coincidência ou não, nesse mesmo período a CBF patrocinou congressos e viagens da PF e
31 8685-3955 • 31 9920-8787
adrianomrsouza@gmail.com
Marin está entre as 14 pessoas indiciadas por fraude, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha
até cedeu a Granja Comary, Centro de Treinamento da Seleção Brasileira para um torneio de delegados. Silvio Torres, autor do projeto de Lei (PL 14129/27) desarquivado este ano, tem esperanças de que as investigações prossigam com sucesso. O projeto de Torres propõe o reconhecimento da seleção brasileira como um patrimônio cultural. Se for aprovado o PL, todos os contratos da CBF se-
PODIUM
... isso vai reverberar na paixão e no consumo do futebol. Toda essa cadeia de corrupção interfere na relação do torcedor com o esporte
rão auditados e acompanhados pelo Ministério Público. “Tudo precisa ser revelado agora: se existiram agentes públicos coaptados pela Fifa, se passou dinheiro sujo pelos bancos e se os contratos de marketing e transmissão foram regulares. Tudo está em xeque neste momento”, enfatizou. Além dos dirigentes acuados, a série de escândalos deve afetar a paixão e o consumo dos torcedores. Para Vinícius Paiva, profissional em marketing esportivo, a relação entre torcedor e o futebol muda. “Eu não tenho dúvidas de que isso vai reverberar na paixão e no consumo por futebol. Toda essa cadeia de corrupção interfere na relação do torcedor com o esporte”, opina. O especialista cita o baixo público dos amistosos realizados recentemente no Brasil como reflexo dos bastidores da bola. No entanto, ele diz que o impacto na paixão é relativo. “Nos últimos anos, os jogos da seleção no Brasil bateu recordes de público e renda. Em Porto Alegre e em São Paulo, a presença dos torcedores foi muito menor do que a esperada. Isso é reflexo do que envolveu a CBF nas últimas semanas”, acredita. Enquanto a situação não chega a um desfecho, profissionais do futebol e torcedores acompanham com entusiasmo as punições devidas. É o caso do ex-jogador e ex-treinador Procópio Cardoso. “Espero que chegue às federações e aos clubes por-
Vinícius Paiva, profissional em marketing esportivo
que eu sei que há muita coisa errada. Temos hoje clubes deficitários e isso está se refletindo na qualidade do nosso jogo. Hoje, para assistir a uma partida, você tem que escolher bem, porque o nível é fraco. E a principal culpa é dos corruptos que aproveitam as inúmeras brechas para realizarem negócios malfeitos para os clubes, mas bons para eles”, explica. Para Procópio, o futebol jogado no passado em terras tupiniquins era de melhor nível, mesmo sem ter nenhum glamour. “Eu vivi numa épo-
ca em que os campos viviam cheios. Eu joguei um Fla X Flu em que 187 mil pessoas pagaram ingresso. E o jogo era um espetáculo; era praticado um futebol de alto nível. Quando eu era jogador, vi presidentes ficarem pobres, porque faziam tudo pelo clube. Atualmente é o contrário. Há muita coisa errada”, lamenta. Antes das prisões, a má gestão e a corrupção já eram denunciadas por personalidades do meio, como o ex-jogador Romário. Em 2013, jogadores preocupados com a atual condição do futebol no Brasil fundaram o Bom Senso FC com o objetivo de mobilizar a opinião pública para uma reforma profunda no esporte. As principais pautas do movimento estão relacionadas com o calendário, as finanças dos clubes e as melhorias das condições para o torcedor. Diretor Executivo do Bom Senso, Ricardo Martins acredita que haja perspectivas de mudanças, mas ressalta que elas não vão acontecer de dentro para fora. “É um erro esperar que, no caso do futebol brasileiro, a CBF seja a força motriz das reformas necessárias para o esporte. É preciso que todos os setores e atores da indústria do futebol - atletas, treinadores, árbitros, imprensa, patrocinadores - se articulem na construção de alternativas à evidente incapacidade da CBF e das federações de desenvolverem o futebol no país”, alerta. Para o diretor,, com uma gestão séria, o futebol brasileiro estaria em outro patamar e não dependeria do surgimento espontâneo de craques. “Temos a sétima economia do mundo e um forte mercado consumidor com alto interesse em futebol. Mesmo assim, a indústria da bola no país movimenta apenas 0,2% do nosso Produto Interno Bruto (PIB), enquanto países como a Espanha movimentam 3% da economia com o futebol. A mera profissionalização dessa indústria no país já poderia nos colocar em outro patamar de disputa com países europeus e emergentes”, avalia.
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Domínio sobre a matéria Engenharia de Materiais pode promover mudanças de paradigma industrial por meio de materiais sustentáveis Cassio Teles
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ço, borracha, algodão, seda, vidro e madeira são materiais essenciais nas atividades industriais. A maioria dos produtos inseridos no cotidiano nasce manipulação desses materiais, que quase sempre são combinados no processo. O que poucos sabem é que o domínio sobre a matéria não se restringe apenas à indústria. Centenas de materiais com as mais diversas aplicações são produzidos diariamente pela ciência. Se antigamente a alquimia sonhava em transformar metais comuns em ouro, hoje o metal dourado e reluzente não é propriamente o material mais duradouro e de maior valor. Os
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novos materiais desenvolvidos em laboratórios, a partir da manipulação em escala atômica, são capazes de substituir qualquer material convencional. Nos últimos anos, os nanotubos de carbono ganharam destaque. Esses cilindros de moléculas de carbono prometem as mais variadas ‘mágicas’ com um potencial jamais alcançado pelos materiais convencionais. Dentre as principais utilidades deles estão a transmissão e o armazenamento de energia elétrica, dada a alta condutividade e resistência ao aquecimento. Na construção civil, estudos comprovam que uma viga à base de nanotubos de carbono tem resistên-
cia equivalente à de 200 vigas de aço. No campo da informática, os tubos microscópicos permitem que um grande número de produtos eletrônicos que, até então, só existiam na ficção científica, viessem a se tornar realidade. Em breve será possível construir circuitos eletrônicos nanométricos, substituindo os chips de silício por nanoprocessadores. Quando isso acontecer, a comunicação e o armazenamento de dados vão ocorrer em velocidades hoje inimagináveis. Estima-se que pesquisas na área de engenharia de materiais já desenvolveram mais de 50 mil materiais divididos em cinco classes disponíveis
VANGUARDA
Langley Sandie Gibbs / Nasa
para o mercado industrial. Esses produtos são construídos com os tradicionais metais, as cerâmicas e os modernos polímeros, semicondutores e os compósitos. As pesquisas buscam desenvolver materiais de acordo com os princípios de sustentabilidade. É o que aponta o Chefe do Departamento de Engenharia de Novos Materiais da Universidade de São Paulo (USP) - Campus de São Carlos, professor Marcelo Chinelatto. “Na minha área, trabalho com materiais poliméricos, oriundos do petróleo, que é um recurso escasso. Então buscamos produzir materiais de fontes renováveis. Outro aspecto é a redução de descarte dos materiais nocivos ao meio ambiente, como dejetos industriais. Então buscamos alternativas, materiais biodegradáveis que possam substituir os materiais convencionais”, explica o docente. Ainda não se sabe qual vai ser o im-
pacto socioeconômico da inovação desses materiais na capacidade de produção nem no faturamento. Para a pesquisa, o setor público ainda é o grande incentivador. Entretanto, mesmo com os resultados em testes científicos, a indústria ainda teme pela substituição dos materiais convencionais. “Há certa resistência da indústria em substituir os materiais convencionais pelos novos. É difícil sair da zona de conforto, do que já está estabelecido. Para uma adoção de novos materiais em larga escala, seria necessário readequar todos os parques industriais”, analisa o professor. Em janeiro deste ano, a Escola de Engenharia da USP de São Carlos criou um biomaterial com potencial de uso na medicina. O estudo realizado pelo pesquisador Pablo Felipe Marins Finotti consistiu na construção de um polímero resultante da mistura racional de dois outros po-
límeros. O novo material está sendo desenvolvido para aplicações que requerem materiais biodegradáveis, biocompatíveis e biorreabsorvíveis. Uma possível aplicação para esse novo polímero seria em stents coronarianos, utilizados em procedimentos de angioplastia. A composição é à base de ácido lático e de policaprolactona, que são dois poliésteres termoplásticos. O primeiro material é mais rígido e tem maior resistência à tração, mas é frágil. O segundo tem menor rigidez, porém apresenta maior tenacidade, além de ser extremamente flexível. “Os componentes do biomaterial são escolhidos de acordo com essas duas propriedades. A primeira delas é fundamental para que se assegure que não haja nenhuma reação agressiva do organismo à presença de um corpo estranho”, explica Finotti. Após a escolha, os materiais são combinados numa blenda polimérica composta para simular determinada propriedade
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Divulgação / Nasa Oivind Haug
Pesquisador de materiais da Nasa examina revestimentos depositados em partes de carboneto de silício no Plasma Spray
zer testes clínicos até que possa ser utilizado, contribuindo para uma melhora na saúde das pessoas”, aponta.
ou comportamento e utilizá-los nas ligas dos stents.
No geral, a pesquisa com novos materiais refere-se não só a materiais recém-descobertos ou desenvolvidos. Os materiais conhecidos há mais tempo são fabricados com maior desempenho funcional. Esses materiais são aplicados em diversas áreas como siderurgia, mecânica, materiais cerâmicos, biomateriais, polímeros, engenharia de superfícies, medicina e agricultura de alta precisão.
O material convencional comumente implantado em artérias obstruídas do coração é composto por ligas de cromo e cobalto que se alojam no organismo. Segundo Chinelatto, orientador da pesquisa, um ano após a cirurgia, o stent pode ser retirado. “A pesquisa descobriu que existem materiais que cumprem a função de um stent e são absorvíveis pelo organismo”, comenta. A invenção já foi patenteada pela universidade, mas não foram feitos testes clínicos primordiais para a liberação do produto. “Estamos buscando parcerias para desenvolver o produto e oferecer para o mercado. Mas ainda é necessário envolver outras áreas, como a medicina, para fa34 | www.voxobjetiva.com.br
Outro grande mercado que utiliza novos materiais nos sistemas de produção é a indústria aeronáutica. Um dos motivos é a busca por elementos que tenham leveza, mas com resistência superior à das ligas metálicas que compõem a fuselagem das aeronaves. Essa aplicação é feita pela única fabricante brasileira de helicópteros Helibras, situada em Itajubá/MG. A empresa do Sul de Minas substituiu
as hélices de metal por um material mais leve e dez vezes mais resistente à base de compósitos de carbono. Um compósito é um material formado por dois elementos que se auxiliam e somam as suas propriedades. De acordo com o Departamento de Inovação da Helibras, a empresa desenvolve pesquisas em parceria com a Universidade Federal de Itajubá (Unifei). Além das hélices, a Helibras assinou, em junho do ano passado, 16 contratos com indústrias nacionais. Elas vão produzir a estrutura intermediária do helicóptero em material composto. O Brasil ainda não produz essa peça em escala industrial. De acordo com o especialista em engenharia aeroespacial do Colégio Politécnico di Torino, na Itália, Rodrigo Zanatta, uma das propriedades mais negativas das fibras de carbono é o alto custo. “O metro quadrado de um tecido ‘plain’ de fibra de carbono de qualidade aeroespacial pode
VANGUARDA custar mais de R$ 200 contra os R$ 5,00 ou R$ 10,00 da fibra de vidro. Essa diferença no custo de aquisição frequentemente limita o emprego de componentes de extrema solicitação mecânica”, comenta. Apesar de mais rígidas, resistentes e caras, as fibras de carbono têm propriedades adequadas ao uso aeroespacial. Além das fibras de carbono, existem as já conhecidas fibras e vidro e fibras de aramidas também usadas em alguns componentes. As pesquisas de desenvolvimento de novos materiais envolvem testes das mais diversas formas e demandas de equipamentos de última geração e de alto custo. Os testes buscam atribuir e conferir tenacidade, maior ou menor rigidez, flexibilidade e resistência à tração para averiguar as propriedades de blendas e compósitos. Outro ramo com maior potencial de aplicação de novos materiais é a pesquisa espacial. Como sempre, essa área está na vanguarda das invenções de materiais. Assim como o forno de micro-ondas e a ressonância magnética, uma infinidade de novos equipamentos e, por conseguinte, de novos materiais estão surgindo nos experimentos realizados nas condições extremas do espaço. O ambiente hostil fora da atmosfera pode danificar os materiais utilizados na construção dos ônibus espaciais. Esse é o caso de raios ultravioletas e raios x provenientes do sol, de ventos solares e de partículas radioativas, sem contar as alterações abruptas dos ciclos térmicos, variando do frio extremo ao calor excessivo. Os choques com detritos que vagam pelo espaço também são constantes e estão entre as principais ameaças à fuselagem dos foguetes.
Há certa resistência da indústria em substituir os materiais convencionais pelos novos. É difícil sair da zona de conforto, do que já está estabelecido Marcelo Chinelatto, professor da USP de São Carlos
com as ameaças do ambiente espacial. Além da fuselagem e de peças das aeronaves, os materiais são testados também nos trajes usados pelos astronautas em ambientes externos. Essas peças devem ter a mesma resistência às condições extremas. Selos apertados com borrachas especiais
que podem ser usados nas portas, garantindo ar respirável em módulos tripuláveis e testes de erosão devido à exposição ao oxigênio atômico com diversos polímeros também fazem parte dos estudos. Recentemente um novo polímero com propriedades impressionantes se tornou realidade. Desenvolvido no Centro de Tecnologias em Eletroquímica, em San Sebastian, na Espanha, quando o material gelatinoso é partido ao meio, ele é capaz de se reconstituir, unindo as duas partes em temperatura ambiente, e recuperar 97% da força original. À base de ureia e uretano, o polímero batizado de “exterminador do futuro” está no ponto de ser utilizado comercialmente. A Nasa já trabalha na perspectiva de utilizar o material nos ônibus espaciais. Esse polímero também pode ser aproveitado pela indústria na confecção de aparelhos de uso cotidiano, como tables e smartphones. A invenção foi publicada na revista científica Materials Horizons voltada para materiais inovadores.
A Helibrás desenvolve pesquisas em parceria com a Universidade Federal de Itajubá para chegar a peças mais leves e resistentes para as aeronaves
Helibras / Divulgação
Desde 2001, a Agência Espacial Americana (Nasa) promoveu cinco testes com foguetes feitos a partir de novos materiais. Cada experimento serviu para investigar quais materiais apresentam pontos críticos para a exploração espacial e que mais sofrem | 35
ARTERIS
A escolha de destinos dos sonhos para a hora do “sim” conquista noivos em busca de uma cerimônia intimista Tati Barros
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Arquivo Pessoal
asar na praia era um sonho que Júlia Jabour nutria desde a infância. “Sabe aquelas meninas que, em vez de sonhar em ser médica ou uma empresária bem-sucedida, sonham em se casar e ter filhos? Eu era exatamente assim”, relembra. Ao conhecer aquele que seria seu futuro marido, Felipe Davis, o sonho de criança da empresária começou a adquirir um aspecto real.
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É sabido que Minas não tem mar. Casar longe de Beagá era mais que natural na cabeça de Júlia. Mas o sonho do enlace na areia, próximo ao oceano, criou asas que conduziram o casal a um lugar surpreendente, longe dos trópicos. Em uma viagem a Miami, os pombinhos descobriram a ilha de Bimini, nas Bahamas. O lugar se mostrou o cenário ideal para a cerimônia. No tão memorável dia,
Júlia e Felipe foram prestigiados por 70 pessoas - parentes e amigos, todos padrinhos do casal. Os chamados ‘destination weddings’ vêm conquistando cada vez mais casais que sonham com paisagens perfeitas para a tão esperada hora de dizer ‘sim’. Para a cerimonialista Paloma Horta, alguns elementos contribuem para a preferência des-
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Júlia e Felipe selaram o matrimônio em uma paradisíaca praia nas Bahamas
se tipo de casamento. “Os noivos buscam destinos diferentes para se casar; querem uma cerimônia mais intimista em vez de fazer uma festa na própria cidade para cerca de 300 pessoas. No modelo destination wedding, a cerimônia dura cerca de três dias, e os convidados são pessoas realmente próximas do casal, tornando tudo ainda mais especial”, analisa.
A procura não diz respeito apenas a cenários paradisíacos. Já imaginou fazer a celebração em pleno Central Park, na cosmopolita Nova Iorque? Esse foi o destino dos gaúchos Caren Thoen e Saul Scheid. A ideia de fazer algo que fugisse do tradicional, em uma cidade simbólica para os dois, logo conquistou os noivos. “Tanto eu quanto meu marido somos da área de comunicação. Nós acreditamos que o casamento seja muito mais que uma tradição: é um marco e uma comemoração do amor. Queríamos algo que realmente marcasse nossas vidas e a das pessoas que amamos”, revela Caren. O cenário do casamento foi escolhido após uma reunião com o fotógrafo da cerimônia. “No início, amei a ideia, mas fiquei aflita. Não sabia se os convidados iriam tão longe por nós. Quando os amigos mais próximos começaram a confirmar presen-
ça, tive a certeza de que tinha tomado a decisão certa”, afirma. As histórias contadas por Júlia e Caren tiveram um desfecho memorável, mas engana-se quem pensa que é fácil fazer com que tudo saia como o desejado. Até chegar o grande dia, é preciso passar por uma preparação a distância e, principalmente, aprender a lidar com uma cultura diferente em relação ao matrimônio. A cerimonialista Paloma Horta ob-
serva que nosso padrão de casamento é muito mais elaborado, e as festas são de longa duração. Por isso, é preciso que haja uma adaptação. “Deve haver uma ‘customização’ das propostas oferecidas no exterior para que elas atendam às expectativas dos noivos em termos de decoA cerimônia de Caren e Saul aconteceu no Central Park, em Nova Iorque, e rendeu histórias para a vida inteira
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Os resorts aparecem como boa opção porque tem estrutura preparada para esse tipo de cerimônia e oferecerem opções de pacotes para os noivos. “Quando visitei o resort, a cerimonialista me mostrou os locais, as fotos de casamentos e uma degustação incrível. Havia todas as entradas e os pratos que são oferecidos para montarmos o menu. Foram cinco meses de troca de e-mails e ligações semanais. Não foi estressante. Tudo saiu perfeito, superando minhas expectativas”, conta Júlia.
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ARTERIS
ração, música, temperatura das bebidas, entre outros detalhes. Tudo deve ser bem combinado com o profissional responsável”, alerta. Caren sentiu na pele as dificuldades. A preparação da cerimônia teve início com três meses de antecedência e durou até minutos antes do evento. “Foi muito complicado. O americano não é muito de vender; ele está acostumado a ser comprado. Logo, aprendi como funciona esse mercado”, conta. Além disso, é preciso estar preparado para alguns fatores-surpresa que vão além dos imaginados pelas noivas. “Se eu contar todos os detalhes, posso transformar meu casamento em uma comédia hollywoodiana. Fiquei praticamente 45 minutos perdida de carruagem no Central Park enquanto o Saul me esperava no altar! Cheguei esbaforida, porque tive que subir uma encosta a pé. 38 | www.voxobjetiva.com.br
O Saul já estava em prantos por causa da preocupação”, relembra Caren. Apesar dos contratempos, as lembranças dos dez dias de viagem significaram uma intensa celebração ao amor. “Posso dizer que nem no meu mais bonito sonho imaginei que meu casamento seria tão lindo e cheio de emoção. Meu coração sorri só de lembrar com saudade de todos esses momentos”. PRESENÇA VIP Ao optar pelo casamento num destino inusitado, é fundamental uma atenção especial com os convidados. Afinal, a viagem significa gastos extras para eles. Passagem, hospedagem e alimentação não ficam baratos! Por isso, esse é um ponto que deve ser visto como prioritário ao se programar os detalhes da celebração.
“Meses antes da cerimônia, fizemos um “Save the Date” com todas as informações necessárias para que eles fossem se programando. Quando o dia finalmente chegou, recebemos cada um com um drink de boas vindas e uma alegria contagiante. Para surpreender ainda mais, preparamos uma Welcome Bag, com vários mimos e uma carta de agradecimento que foram deixadas nos quartos”, conta Júlia que, após a experiência pessoal, abriu a empresa Craft, especializada na criação dos detalhes tão especiais para destination weddings. Recentemente a Craft produziu os gifts do casamento da estilista Raquel Mattar, que aconteceu em Turks and Caicos. Já no casamento de Caren, o envolvimento dos familiares e amigos começou meses antes da data de embarque. “Muitos dos nossos convidados nunca tinham viajado de avião. Todos os preparativos, as reuniões e até aula de inglês que antecederam a viagem abriram o horizonte de muitas pessoas que queriam viajar, mas que tinham medo. Estar em Nova Iorque mudou a vida deles. A nossa também”, revela. Para os familiares que não compareceram ao casamento em NY, Caren e o marido fizeram uma cerimônia civil em Gramado/RS. Para convencer aqueles que ficam com dúvidas em relação a se casar em destinos incomuns, Júlia guarda um argumento afiado, na ponta da língua. “O melhor não é apenas o lugar maravilhoso ou a realização de um sonho. É poder viver o momento mais feliz da sua vida ao lado de pessoas que realmente te amam e fizeram questão de viajar tão longe para vivenciar isso com você. Falo que Deus é um Deus de sonhos! Ele conhecia o meu coração e fez com que tudo se tornasse realidade. Ele fez infinitamente mais do que eu poderia imaginar”.
ARTIGO
Ruibran dos Reis Meteorologia
Ondas de calor As ondas de calor ocorrem quando a temperatura do ar se mantém, durante vários dias seguidos, com valores extremos, quatro a oito graus acima do normal para a época do ano. A sequência de dias com temperaturas elevadas tem sido frequente em diversos países nos últimos 20 anos. Os meses de junho e agosto são de inverno no Hemisfério Sul e de verão no Norte. Quando é inverno por lá, estamos acostumados a ver, por meio dos veículos de comunicação, a ocorrência de nevascas durante o inverno. Não tomamos conhecimento, no entanto, que o verão no Hemisfério Norte tem registrado temperaturas muitos altas.
as ondas de calor eram uma tendência do aquecimento global e seriam cada vez mais frequentes. Em Minas Gerais, o último verão foi marcado por temperaturas elevadas e falta de chuvas. Em meses em que as chuvas são frequentes, como dezembro, janeiro e fevereiro, o que se pôde observar foi a ausência de precipitações e o calor intenso. Essa situação acabou intensificando a crise hídrica em diversos municípios do estado, inclusive em alguns municípios da Região Sul, onde nunca havia se observado a falta de água. Algumas nascentes chegaram a secar.
O relatório de 2007 do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) apontava que as ondas de calor eram uma tendência do aquecimento global e seriam cada vez mais frequentes
No verão de 2003, uma forte onda de calor assolou a Europa, causando mais de 35 mil mortes. As temperaturas ficaram elevadas durante vários dias na França, Itália e Espanha, onde houve a maioria das mortes. Em algumas cidades da Espanha, a temperatura máxima registrada chegou
a
47ºC.
No mês de junho deste ano, uma onde de calor atingiu o Paquistão, na cidade de Karachi, com temperaturas superiores a 40ºC durante vários dias. Mais de mil pessoas perderam a vida. O relatório de 2007 do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) apontava que
Dados de centros de pesquisas americanos mostram que o El Niño vai continuar atuando nos próximos meses, portanto, pode-se esperar um inverno e uma primavera com temperaturas ligeiramente acima da média histórica, além de chuvas na forma de temporais. Ondas de calor devem ocorrer em Minas nos meses de setembro e outubro.
Ruibran dos Reis Diretor Regional do Climatempo e professor da PUC Minas ruibrandosreis@gmail.com | 39
HORIZONTES
De encher os olhos A arquitetura e as belezas naturais das duas capitais de um dos países mais bonitos do mundo, a incrível Noruega Gisele Almeida, de Estoucomo
Heidi Thon / Visit Oslo
E
m matéria de rankings mundiais, a Noruega é, disparado, o país que aparece no topo de grande parte deles. Os positivos, obviamente! A nação já foi considerada a melhor em qualidade de vida pela Organização das Nações Unidas (ONU) e é um dos cinco lugares com condições ideais para ter e criar filhos no mundo. Mas
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viver em uma cidade com tantos benefícios tem um preço. Segundo a revista The Economist, a capital norueguesa, Oslo, ocupa a terceira colocação na lista das cidades mais caras do mundo. Visitei Oslo em plena comemoração do Dia Nacional da Noruega. Nas ruas, o vermelho, o branco e
o azul, cores da bandeira do país, estavam presentes em tudo: roupas, janelas e nos rostos dos cidadão. Um patriotismo bonito de ver. “Este ano, a comemoração tem um motivo ainda mais especial: é o centenário da nossa independência”, comenta Silje Damhaug, natural de Oslo. Desde 1905, a Noruega se emancipou da vizinha, Suécia.
HORIZONTES
Roberto Meazza
fossem resultado de variadas influências estilísticas. Dentre as atrações turísticas de Oslo, destaca-se o majestoso Palácio Real, construído em estilo neorrenascentista. O palácio está localizado no alto da famosa Karl Johan Gate, uma rua restrita a pedestres, muito charmosa e repleta de lojas e cafés. Próximo à movimentada Karl Johan Gate está a Ópera House, outra imponente construção. Marcada por um formato distinto, a plataforma externa dá acesso ao teto do edifício e permite a observação da entrada do fiorde de Oslo.
Assim como muitos homens e mulheres, Silje desfilava pelas ruas com um dos símbolos da cultura norueguesa, o bunad, roupa tradicional cheia de detalhes e utilizada desde o século XVIII. Frequentemente, entre maio e junho, é possível encontrar noruegueses vestidos com o bunad em diversas cidades do país. É um traje quase indispensável em celebrações importantes, como casamentos, aniversários e batizados, e é produzido com ouro, prata, podendo ainda ser adornado com diversos tipos de joias. Quem desejar ter uma peça tem que preparar o bolso, pois é necessário dispender muitas coroas norueguesas.
lação, reduzindo o país a apenas uma província. Em 1624, um dramático incêndio destruiu toda a cidade. No século XIX, Noruega e Suécia passam a compor o mesmo reino e, em 1940, o país sofreu com a ocupação da Alemanha nazista. Tantos acontecimentos históricos fizeram com que a arquitetura de Oslo e de outras cidades do país
Sabine Zoller / Visit Oslo
A intenção da Snohetta, empresa de arquitetura que desenhou o projeto da Ópera House, era criar um espaço para aproveitar a beleza natural da cidade. Desde a inauguração do espaço, em 2008, o local já ganhou importantes condecorações de arquitetura, exemplo do Prêmio de Arquitetura Contemporânea da União Europeia. Além de servir de mirante, a Ópera House é palco de muitos
As ousadas formas da Ópera House já foram reconhecidas por importantes prêmios de arquitetura
OSLO Uma cidade em constantes mudanças: assim pode ser definida a capital da Noruega. Apesar de ser o primeiro nome da principal cidade do país, Oslo já foi conhecida por Christiana, Kristiania, e depois recobrou e manteve o nome original. As mudanças revelam um pouco do passado. O país escandinavo passou por períodos conturbados. No século XV, a peste negra dizimou metade da popu| 41
HORIZONTES Øivind Haug / NSB
bria completamente os penhascos. Era hipnotizante a beleza daqueles paredões brancos que brilhavam com os raios de sol. O percurso dessa viagem parece ter sido escolhido a dedo para o deslumbre dos viajantes. Pode parecer clichê, mas quando o relógio indicou que já eram quase sete da noite, eu me surpreendi. Estava há mais de seis horas sentada numa poltrona de trem. Casinhas coloridas, enfileiradas no alto das montanhas, anunciavam a chegada à antiga capital norueguesa. BERGEN
eventos, que vão da Ópera Carmen até os ballets e shows. A casa abriga também charmosos restaurantes. Esse é apenas um dos muitos edifícios modernos que fazem a cidade ser reconhecida como a capital da arquitetura contemporânea. Quem visita Oslo deve incluir no roteiro um passeio pelo Vigeland Park, o maior parque de esculturas do mundo. São mais de 200 esculturas em bronze de autoria de Gustav Vigeland. Os jardins do local são uma atração à parte. O local é ideal para aproveitar uma tarde ensolarada na primavera e no verão. VIAGEM INESQUECÍVEL Sofri de um tipo de tédio antecipado ao saber que a viagem de trem de Oslo a Bergen, antiga capital da Noruega, durava cerca de sete horas. Estava certa de que, para mim, a única salvação seria me entreter com as redes sociais. Para a minha surpresa, o meu smartphone teve grande utilidade. Pude tirar fotos da paisagem estonteante daquele percurso incrível. A cada curva, um novo mix de cores. Ora os diferen42 | www.voxobjetiva.com.br
tes tons de verde contrastavam com vermelho das casas típicas da região, ora o azul-turquesa das águas dos rios eram espelhos que refletiam os contornos das montanhas. A viagem era novidade para mim. A minha percepção sobre tudo aquilo era a melhor possível. Mas qual seria o sentimento das pessoas que faziam aquele trajeto todos os dias? A resposta, por mais surpreendente que possa parecer, é a mesma: “Faço esse percurso há mais de 30 anos e não me canso. Aqui não existem dias iguais”, explicou entusiasmada Kjerstin Skavhellen, funcionária da NSB, companhia de trem da Noruega. Para ela, as mudanças das estações tornam essa rota única e fazem com que cada viagem seja especial. Passando por Finse, a mais alta estação de trem da Europa, o cenário se modificou drasticamente. Mesmo no auge da primavera do Hemisfério Norte, a neve coDo monte Fløyen é possível ter uma vista privilegiada de Bergen
Conhecida pela arquitetura peculiar, com estruturas que preservam o estilo urbano-medieval, Bergen é a segunda maior cidade da Noruega. Devido à sua vulnerabilidade, por conta das casas de madeira e as ruas estreitas, a cidade teve de debe-
lar vários incêndios. No último, em 1955, sobraram apenas 62 casas de madeira construídas no século XVIII. “Para evitar novos acidentes, a preservação e a construção de edifícios seguem um regulamento técnico de edificações, com rigorosas normas de segurança”, explica Sunniva Helland, representante da empresa Saunders Architecture de Bergen. Com casas de madeiras coloridas, telhados em forma de triângulo e enfileiradas em frente ao porto, o bairro Bryggen hoje faz parte da lista de Patrimônios da Unesco. As elegantes construções eram as residências dos comerciantes alemães da Liga Hanseática, que dominou a cidade durante os séculos XIII e XIV. Hoje as históricas construções abrigam restaurantes típicos e lojas de artesanato e design locais.
Sverre Hjørnevik
Frithjof Fure
Do lado oposto ao Bryggen fica localizado o Fisktorget, o Mercado de Peixe, um ponto de encontro para nativos, comerciantes e turistas. A Noruega é o segundo maior exportador de peixe do mundo, ficando atrás apenas da China. O comércio de peixe e as atividades relacionadas têm grande importância para a economia do país. De acordo com dados do Ministério do Comércio, Indústria e Pesca da Noruega, cerca de 23,5 mil habitantes trabalham no setor, o que representa 28,5 bilhões de coroas norueguesas para o Produto Interno Bruto (PIB) do país. O Fisktorget é um verdadeiro oásis para os amantes de frutos do mar. A presença de vendedores anunciando as especialidades em barracas vermelhas, nas imediações do porto de Bergen, dão uma atmosfera pitoresca à cidade. Por ali, é possível experimentar pratos que vão do salmão ao bacalhau fresco. Degustar uma sopa de mariscos ou a exótica carne de baleia, que os
Os famosos fiordes noruegueses estão entre os cenários mais exuberantes do planeta
comerciantes fazem questão de informar, é resultante de pesca autorizada. Gastronomia e arquitetura à parte, Bergen é a porta de entrada para uma das paisagens mais exuberantes do planeta: os fiordes. Os enormes vales formados por rochas e inundados pela água resultante do derretimento do gelo em sucessivas eras glaciais são verdadeiras obras de arte da natureza. Os fiordes ocorrem em áreas próximas aos polos da Terra. A Noruega é o país com o maior número deles no mundo. Do alto do Monte Fløyen, uma das sete montanhas de Bergen, é possível observar a entrada dos fiordes. A impressão é que o mar se ramifica entre as paredes das montanhas, levando as águas a desbravarem novos caminhos para o interior do continente. | 43
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Criatividade para driblar a crise Diante das dificuldades enfrentadas pelo setor cultural em 2015, artistas e produtores buscam novos caminhos para continuar fazendo arte Camila França
O
ano de 2015 começou com previsões de cortes nos investimentos do estado. Com o setor cultural não foi diferente. Diante desse quadro, recorrer às leis de incentivo já não era mais viável. Com a crise da falta de recursos e patrocínios, ideias originais surgem como um caminho alternativo para driblar as dificulda44 | www.voxobjetiva.com.br
des e continuar levando ao público trabalhos artísticos de qualidade. O Catarse, tipo de financiamento coletivo on-line, está entre as apostas da classe artística para levantar recursos. Além disso, a divulgação de trabalhos nas redes sociais, a união de grupos e o famoso profissional
‘faz-tudo’ são alternativas para deixar, por exemplo, uma sessão de teatro com ingressos esgotados. Em março, o secretário de Estado de Cultura, Ângelo Oswaldo, anunciou que não seria possível captar verbas por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, visto que o teto
KULTUR da renúncia fiscal estava batido. O dado deixou os produtores mineiros desanimados. Trocando em miúdos, significa dizer que não é mais possível captar recursos para um projeto e recebê-los ainda este ano. A crise não abateu só Minas Gerais. A cultura sofre com cortes de orçamento também nas esferas municipal e federal. Diante desse cenário, artistas se mobilizam e buscam soluções alternativas para continuarem projetos sem o auxílio das leis de incentivo. Para tirar as ideias do papel, sobra criatividade, esforço, dedicação e, claro, uma ajuda de amigos e familiares.
com o projeto “Se Essa Praça Fosse Minha”, que leva para diversos estados espetáculos e oficinas a bordo de um fusca carinhosamente chamado de Olivério. O projeto começou sem recursos financeiros. No entanto, no decorrer da viagem, eles sentiram a necessidade de buscar outras formas para a manutenção. “Inicialmente o projeto era financiado com as colaborações espontâneas, daquelas que se colhem no chapéu. Com o tempo, percebemos que muitos municípios não estavam habituados a receber apresentações de rua. Foi então que vimos o financiamento coletivo como uma alternativa para dar continuidade a esse sonho”, conta Felipe.
CROWDFUNDING O casal arrecadou quase R$ 8 mil no Catarse, um site de financiamento coletivo no qual artistas inscrevem os projetos e aguardam a colaboração do público. O colaborador recebe alguns brindes sugeridos pelos artistas, como CDs, ingressos para espetáculos, chaveiros personalizados, bo-
MÃOS À OBRA Ainda que diante de um quadro tão restritivo, os artistas vão à luta para conquistar os objetivos. A Yepocá Companhia de Teatro realizou recentemente uma temporada no Teatro da Assembleia com os espetáculos ‘Des espera’ e ‘Sem Fonia Musical’. Segundo o fundador da companhia, Bruno Godinho, as peças foram feitas com recursos próprios. “O fato de não termos patrocínio nos faz buscar uma energia maior, um refinamento e alegria para fazer valer a presença daquele espectador que saiu de casa O Yepocá Companhia de Teatro foi criada em 2002 e é exemplo de grupos que se mantêm por meio de Leis de Incentivo à Cultura e dos recursos da própria equipe
Cláudia Lima
Os financiamentos coletivos são opções para quem deseja produzir os projetos sem auxílio das Leis de Incentivo à Cultura. Cada vez mais populares, os crowdfunding servem para concretizar planos com rapidez e com a colaboração de pessoas conhecidas ou não pelos idealizadores. Segundo o curador de projetos da Variável 5, João Santos, o financiamento coletivo é outra possibilidade para viabilizar projetos. “O financiamento coletivo se populariza entre o público e cresce entre os artistas que, mesmo enfrentando dificuldades, sempre encontram meios para desenvolver a criação”, explica.
necos. “O valor arrecadado nos deu tranquilidade diante dos imprevistos da viagem, como a manutenção do carro e os gastos de produção”, explica Felipe.
A Variável 5 é uma plataforma digital de crowdfunding, produtora cultural e agência de comunicação fundada em setembro de 2012. O objetivo da plataforma é incentivar o público a promover os artistas no cenário cultural brasileiro e internacional. João conta que, no total, 35 campanhas tiveram sucesso por meio do financiamento coletivo e que juntas elas somam mais de R$ 330 mil arrecadados. O financiamento coletivo foi a opção do casal Felipe Abreu e Romina Sanchez, da Companhia Laguz Circo. Este ano, eles viajam pelo Brasil | 45
KULTUR
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para nos ver. Costumamos brincar que cada pessoa presente é o nosso patrocinador do dia”, explica. Bruno e a esposa Luisa Goreti fundaram a Yepocá Companhia de Teatro em 2002. Desde então, trabalharam com Leis de Incentivo à Cultura e projetos viabilizados com recursos dos integrantes. Para Bruno, os artistas não devem ver as leis como base para a idealização de um trabalho. “Grande parte da nossa produção é realizada com recursos próprios. Esse processo parte do fato de sermos profissionais do teatro e de que essa arte depende de vontade, paciência e criatividade dentro e fora do palco para acontecer. O talento ajuda, mas acordar cedo, dormir às vezes e investir energia, acreditar que você tem algo bom a oferecer, é fundamental”, afirma. BOAS-NOVAS Com o cenário atual estagnado, a previsão para 2016 não se mostrava nada animadora. No entanto, notícias recentes demonstram que é possível reverter a situação. De acordo com o presidente da Fundação Municipal de Cultura, Leônidas Oliveira, os cortes na Lei Estadual de Incentivo à Cultura não interferem nos projetos do município. “Compreendemos o impacto dos cortes na Lei Estadual para a classe artística mineira. No entanto, a capital conta com recursos próprios e todos os projetos continuam a todo vapor para este ano e para o próximo”, ressalta.
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Segundo Leônidas, a proposta da Fundação Municipal de Cultura para o ano que vem é ampliar ainda mais o atendimento aos artistas com novos editais e uma reformulação na Lei Municipal de Incentivo à Cultura, que passará a ter inscrição digital. “Por questões burocráticas e pela quantidade de documentos exigidos, alguns artistas e produtores encontram dificuldades para se inscrever na Lei de Incentivo. Isso acontece principalmente quando se trata do primeiro contato com a Lei. Visando simplificar e tornar cada vez mais
acessível a participação nos editais e em projetos da fundação, estamos com a proposta de informatizar as inscrições”, revela. O presidente também destaca a criação de um edital que visa incentivar a cultura popular. “A ideia é realizar um grande FIT (Festival Internacional de Teatro) em 2016, além de modernizar a Lei Municipal de Incentivo à Cultura e inaugurar um edital para incentivar projetos relacionados à cultura popular”, destaca Leônidas.
Showtime / Divulgação
CRÍTICA
Penny Dreadful Ambientada na Londres vitoriana do século XIX, série amarra histórias e humaniza personagens clássicos do terror
André Martins Mesas volantes, sonâmbulos, médiuns, cartomantes, espíritos. O diabo em pessoa. No século XIX, a Europa se aterrorizava com histórias que intercambiavam o plano terreno e outros, paralelos e desconhecidos. O homem era impelido a procurar suas respostas a questões de fé, não importavam os meios para tal. Esse quadro é muito bem descrito pela historiadora Mary Del Priore no livro ‘Do outro lado’, lançado em 2014. É nesse ambiente sombrio e cheio de mistérios que se desenvolve ‘Penny Dreadful’, série do Showtime transmitida pela HBO no Brasil.
Além de ter um visual incrível, com uma fotografia fria, direção de arte e figurinos caprichados, a série une histórias de personagens de terror e de fantasia clássicos, como o doutor Victor Frankenstein, Dorian Grey, Van Helsing. O roteiro é muito bem construído, tecendo as histórias com nexo e descrevendo personagens humanos e muito complexos. Um dos papéis mais interessantes é o do monstro John Claire (Rory Kinnear). Considerado uma aberração, o homem alterna impulsos de ódio dirigidos ao seu criador, Frankenstein, e doçura, ao falar de poesia e lidar com o amor.
A atração tem como personagem principal a enigmática médium Vanessa Ives (interpretada pela extraordinária Eva Green), disputada por forças malignas. O explorador inglês Sir Malcon Murray (Timothy Dalton), o artista circense e atirador Ethan Chandler (Josh Hartnett) e o cientista Victor Frankenstein (Harry Treadaway) oferecem seus préstimos para proteger Vanessa, impedindo assim acontecimentos escatológicos.
Os contos de terror de ‘Penny Dreadful’ vêm agradando ao público. A série teve sua terceira temporada confirmada para 2016, mas sem previsão de início. A segunda temporada da trama acaba de ter seu desfecho. ‘Penny Dreadful’ foi criada pelo conhecido John Logan, indicado ao Oscar pelos roteiros de ‘Gladiador’, ‘O Aviador’ e ‘Hugo’. A produção é de Sam Mendes, diretor ganhador do Oscar por ‘Beleza Americana’. | 47
Maria Rita
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TERRA BRASILIS • AGENDA
Firefly
Turnê Cabaré
Produzido pela própria cantora e contando com arranjos de Jota Moraes, o novo álbum de Maria Rita apresenta músicas inéditas e muito mais. A cantora se emocionou em vários momentos da gravação do novo disco. Na faixa ‘Mainha me ensinou’ a voz da cantora se embarga por causa das lembranças da mãe, Elis Regina. Maria Rita promete cantar os antigos e novos sucessos da carreira.
Desenvolvido pela companhia italiana de dança Evolution Dance Theater, o espetáculo ‘Firefly’ mistura ilusão e magia por meio do uso da luz negra. Tudo isso acompanhado pela performance dos bailarinos no palco. A coreografia de Anthony Heinl é formada por figuras misteriosas que parecem flutuar, saltar e desaparecer em meio a luzes, cores e a escuridão. Além de bailarinos, acrobatas e efeitos técnicos inovadores conferem ao show uma beleza singular.
Os cantores Leonardo e Eduardo Costa retornam a Beagá para um show do projeto ‘Turnê Cabaré’, inspirado no álbum ‘Cabaré’, lançado no ano passado. Clássicos do sertanejo tocados antigamente nos cabarés, botecos e bordéis, como “Seu amor ainda é tudo” e “Ainda ontem chorei de saudade”, de Moacyr Franco; “Boate Azul”, de Benedito Seviero e Tomaz e “Garçom”, de Reginaldo Rossi, estão no setlist.
Chevrolet Hall 25 de julho, às 22h De R$ 80 a R$ 40 (meia) chevrolethallbh.com.br
Palácio das Artes 20 de julho, às 20h De R$ 90 a R$ 45 (meia) fcs.mg.gov.br
Mix Garden 24 de julho, às 22h timsoierpromocoes.com.br
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TERRA BRASILIS • AGENDA
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Savassi Festival Em julho, o jazz invade Belo Horizonte com a 13ª edição do Savassi Festival. Além de shows de jazz e música instrumental em espaços públicos, o evento promove lançamentos de CDs, concursos, workshops e residência artística. Diversos pontos da cidade De 4 de julho a 12 de agosto Entrada Franca savassifestival.com.br
Em comemoração à Queda da Bastilha, o Consulado da França promove a 16ª Edição da Festa Francesa. Na programação, quermesse, espetáculos franceses e brasileiros, apresentação de cantores e músicos, performances circenses, quadrilha e música francófona.
BETIM R$36,05 (HORÁRIOS ESPECIAIS VIA FIAT)
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16ª Festa Francesa Rua Pernambuco, Funcionários 19 de julho, às 12h Entrada: um quilo de alimento não perecível consulart.belohorizonte@yahoo.com
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CRÔNICA
Joanita Gontijo Comportamento
Confissões de uma mãe band-aid Quero me confessar! Eu pequei! Por palavras, atos e omissões. Contrariei por diversas vezes a Bíblia de princípios básicos e regras sobre como criar filhos fortes e independentes. Se educadores e psicopedagogos me flagrassem em algumas situações cotidianas, teriam me amaldiçoado. Provavelmente teriam me jogado nas valas sombrias onde padecem as mães de crianças mimadas e de adolescentes intolerantes. Não se apressem em ligar para o Conselho Tutelar. Meus erros não passam nem perto de maus-tratos ou de negligência. Peco pelo excesso de amor e de compreensão. Já fiz curativos em muitas feridas da alma e do corpo dos meus filhos que, se sangrassem por mais tempo, poderia torná-los mais maduros. Quando eles começaram a andar, protegi as quinas das mesas com capas de silicone, tapei as tomadas e mantive olhos abertos e mãos a postos ao menor risco de um tombo. E, então, eles foram para a escola. Quantos pecados eu cometi nessa fase! Se algum professor pudesse me castigar, ele ia me obrigar a escrever no quadro negro mil vezes a frase: “Deixe doer”. Proibi o videogame e a TV quando o mais velho foi parar na diretoria por indisciplina. Cobrei boas notas do filho do meio, quando ele perdeu média em mais de uma matéria. E tomei o celular do caçula por ter agredido um colega. Mas as tentações sempre foram muitas. E em vários momentos, sucumbi. Já saí correndo do serviço para entregar o trabalho que um deles tinha feito durante todo o final de semana, mas tinha esquecido em casa. Também levei meu filho à faculdade, de 50 | www.voxobjetiva.com.br
carro, quando acordou atrasado para pegar o ônibus e tinha prova no primeiro horário. Paguei professores particulares para que a “bomba” fosse evitada algumas vezes. Mas isso não é tudo… Fiz pior… muito pior! Já perdoei castigos antes do prazo; dei presentes fora das datas comemorativas; deixei faltar à escola na final da Eurocopa. E permiti algumas faltas nas aulas de inglês nas manhãs chuvosas e de muito frio. Autorizei que comessem pipoca em cima da minha cama (acordei com um peruá quase dentro dos meus olhos); comprei um cachorro grande mesmo com um apartamento pequeno só pra ver os olhos deles brilharem (desde então…. adivinhem quem cuida do pestinha!). Deveria me arrepender. Mas, em vez disso, desqualifiquei a culpa todas as vezes que alguém tentou me responsabilizar. Deveria ser condenada a carregar a cruz de ter filhos sem limites? Porém, contrariei as teorias dos sábios pensadores da educação. Meus filhos poderiam ser mais fortes, mais proativos, menos sentimentais... Quando os protegi de algumas dores e não permiti que certas feridas ardessem tanto, impedi que eles criassem cascas grossas. Mas ensinei lições muito mais importantes. Mostrei o que é amar, perdoar e ser solidário. Quem não tiver pecado, que atire a primeira pedra!
Joanita Gontijo Jornalista e autora do livro “70 dias ao lado dela” joanitagontijo@yahoo.com.br
Mem贸ria Ouro Preto Caderno especial
Especial Ouro Preto | Introdução
História viva Textos de André Martins Fotos de Felipe Pereira
Primeiro bem brasileiro declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco, em 1980, Ouro Preto é o retrato do Brasil-Colônia. De igrejas e casarões suntuosos até os menores e mais delicados oratórios, a cidade é um convite à contemplação. As formas e as cores do inconfundível estilo barroco embalam a cidade em uma aura mística. O fator “tempo” tem grande valor por lá. Quanto mais ele passa, mais a cidade se ressignifica e ganha em importância. Se Ouro Preto é capaz de embasbacar os visitantes, quem vive por lá parece ter perdido o olhar de estranhamento. Já não tiram mais o fôlego as muitas ladeiras que forçam os turistas a paradas para o descanso em passeios curtos. Surpreendem pouco o frio severo e a névoa fantasmagórica que dá às manhãs de inverno o aspecto de fim de tarde. Os detalhes caprichosos nos altares esculpidos por Aleijadinho continuam sendo valorizados, embora não tenham mais o ar de novidade. É curioso pensar no descompasso dos olhares lançados a esse magnífico museu a céu aberto e sobre o cotidiano vivo em uma cidade de 304 anos recém-completados. Mas refletir sobre a memória de Ouro Preto vai além da curiosidade. No século XVIII, a exploração do ouro originou revoltas, ambições e custou o sacrifício dos africanos escravizados. A corrida pela prosperidade provocou a chegada de toda sorte de pessoas do Brasil e da Europa. O patrimônio artístico, que resiste bravamente às investidas do tempo, está entre os vestígios deixados pelos protagonistas de uma história de poder e escrita em cor escarlate, de sangue. Para os mais sensitivos, as ruas de Ouro Preto continuam habitadas por espectros de homens em busca do metal que projetou a região no mundo. Esse é um fator que faz de Ouro Preto uma cidade proporcionalmente bela e sombria.
Especial Ouro Preto | Negócios
Abrindo portas Arquitetura, artes e história: eis a tríade dos mais afamados atrativos de Ouro Preto. Mas a cidade é reconhecida por muito mais. Outro ponto forte do município é a promoção de eventos – grande parte deles é de cunho cultural. O Fórum das Letras, o Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana, a Mostra de Cinema de Ouro Preto e o Festival Internacional de Jazz são apenas alguns exemplos de eventos consolidados ao longo dos anos e que atraem um público seleto, que se destaca pelo bom gosto. Os dois centros de convenções da cidade – um da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e o outro do Hotel Estalagem, do Sesc – favorecem as atividades de negócios. Desde 2005, o município também conta com uma organização especializada que deu robustez e reforçou o setor de promoção turística e de eventos. O Ouro Preto e Circuito do Ouro Convention & Visitors Bureau (CVB) une o empresariado local e as associações comerciais do circuito para promover o município e o Circuito do Ouro ao Brasil e ao mundo. “O Convention & Visitors Bureau é uma entidade que está aqui para apoiar o organizador de eventos e facilitar a articulação dele com a cidade, o setor público e o trade turístico – os hotéis, os restaurantes e os museus.
Quando há interesse, nós articulamos apresentações de grupos de folclore, congado e seresta. Ouro Preto já é um atrativo e tem potencialidade para valorizar qualquer evento, mas aqueles que têm esses temperos locais se valorizam mais. Muitas vezes, o organizador que vem de fora não conhece essas particularidades. Então o nosso papel é facilitar essa interlocução”, explica o presidente do CVB, Márcio Abdo de Freitas. O Convention & Visitors Bureau conta com cerca de 30 empresários associados que entenderam o papel desta entidade de origem internacional e identificam, na iniciativa, uma forma de expandir seus negócios ao tornar Ouro Preto e região ainda mais conhecidas. A maioria dos empresários envolvidos é dos setores de hotelaria e gastronomia, da linha de frente do turismo. Para Freitas, é fundamental o espírito de acreditar que o trabalho desenvolvido em conjunto possa favorecer todos de alguma forma. Na história do CVB em Ouro Preto, há cases de sucesso. O CineOP, em seu início, foi um dos primeiros eventos apoiados pelo CVB e está entre os de maior prestígio para a cidade. Em 2015, o CineOP completou dez anos. Esse serviço de facilitação é feito de forma inteiramente gratuita aos organizadores de eventos.
Especial Ouro Preto | Mina do Veloso
Em profundidade O início do século XVIII foi marcado por grande movimentação em Ouro Preto. Exploradores de diversas partes da Europa e até mesmo da colônia chegavam à região atraídos pela opulência mineral. Naquela época, as promessas de riqueza reluziam em dourado. A metade do século XVIII foi o auge da exploração do ouro. A cidade se inflou de escravos, forasteiros e bandeirantes. O dinamismo da atividade econômica da época se refletiu no aspecto de queijo suíço que as encostas de Ouro Preto adquiriram com o tempo. A atividade mineradora na cidade começa com a exploração do chamado ouro de aluvião, material em pó encontrado no fundo dos rios e que se exaure rapidamente. Pouco tempo depois, iniciam-se as perfurações em rocha. A força de trabalho e a técnica utilizada a partir desse momento foi a de nativos africanos que tinham grande tradição na exploração do ouro naquele continente. Mas, se lá eles trabalhavam em regime livre, na outra banda do Atlântico as coisas funcionavam de outra forma. As condições de trabalho no subsolo ou montanha adentro eram desumanas. Além da alimentação precária, os escravos trabalhavam 18 horas por dia e tinham o tempo de vida reduzido pela ação da sílica originada a partir da destruição das rochas. A exploração do ouro mudou radicalmente a estrutura do Brasil colonial. A capital se transferiu de Salvador para o Rio de Janeiro, mais próxima da menina dos olhos da Coroa portuguesa. E a infraestrutura para o escoamento da produção de ouro para a Europa começa a ser feita. Até aspectos sociais mudam. Cidades ricas, como Ouro Preto, pluralizam-se pela diversidade e pelo grande afluxo de pessoas. Alguns mudam de situação social em encontros inesperados. Mais tarde, escravos tomam as rédeas da própria vida ao conseguirem as cartas de alforria compradas com o metal. Em um século, o ouro extraído de Ouro Preto correspondeu a um terço da produção mundial naquela época. De lá saíram mais de mil toneladas do metal. O material foi usado na confecção de altares de igre-
Especial Ouro Preto | Mina do Veloso
jas e em objetos decorativos na colônia, na reconstrução de Lisboa, assolada por um terremoto em 1755 e, principalmente, para impulsionar a Revolução Industrial na Inglaterra. Um dos complexos mineratórios do qual se extraiu grande quantidade de ouro na cidade de Ouro Preto pertenceu ao Coronel José Veloso do Carmo, um homem poderoso que herdou parte das encostas de exploração e viveu na região entre a segunda metade do século XVIII e o início do século XIX. Cogita-se que o minerador tenha sido dono de mais de 60 bocas de minas. Em recenseamento feito em 1804 – período de declínio da exploração aurífera -, ele contava com a posse de 88 escravos. Atualmente uma das galerias que pertenciam ao coronel Veloso é posse de Eduardo Ferreira. Desde 2009, o engenheiro civil e uma equipe de colaboradores e voluntários trabalham na infraestrutura local. Há um ano, a Mina du Veloso foi aberta à visitação. O trabalho é fruto de um projeto de extensão da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) cujo objetivo é promover uma ressignificação da história da mineração na cidade. “O tombamento de Ouro Preto teve o foco somente no aspecto da arquitetura, mas nós achamos que a parte da mineração também tem valor”, ressalta. Outro ponto importante é a valorização da mão de obra utilizada nas minas no ciclo do ouro. “Como engenheiro, percebo o valor deste local como uma obra de engenharia. Nessa região havia um sistema considerado muito avançado para a época. Havia todo um sistema de aquedutos, de mundéus, de galerias subterrâneas. A mão de obra especializada utilizada aqui veio de Gana, Togo, Benin, Nigéria,... que compunham a costa do ouro na África. O negro não era só força de trabalho; era intelecto também”, explica Eduardo. Ao passear pela mina, é possível perceber toda a engenhosidade e as técnicas que proporcionaram a exploração econômica das montanhas sem o descuido do quesito segurança. “Houve todo o cuidado para perfurar a rocha criando pilares para evitar desabamentos”, explica um dos guias da mina, Hanster Silva. Os indícios da existência de ouro permanecem como provas da vivacidade da exploração mineral no passado. O quartzo, pedra cristalina que indica a presença do metal dourado, está incrustado em pontos dos 150 metros do corredor principal da mina. Ao longo dessa passagem existem aberturas que levam a outros pequenos corredores, buracos e poços de água cristalina originários do sangramento das rochas. Além de resumir, com fluidez, a história do local e banhar o visitante na história da Ouro Preto colonial, Hanster revela curiosidades sobre a mina. “Naquela época, os exploradores tinham o costume de adentrar esses lugares com pássaros. Sendo muito sensíveis, as aves eram um parâmetro para indicar a qualidade do ar. Se elas morressem, os homens se retiravam e aguardavam a troca do gás carbônico, proveniente da respiração humana, pelo oxigênio”, conta. Em quase um ano de funcionamento, cerca de 11,5 mil pessoas de todo o mundo, incluindo Estados Unidos e Europa, visitaram a Mina du Veloso. “Queremos apresentar essa história aos turistas e, principalmente, aos moradores de Ouro Preto. Com a Mina du Veloso, estamos propondo uma nova visão de turismo, que abraça a mineração e a questão ambiental, algo desvalorizado no turismo tradicional”, esmiúça Eduardo.
Especial Ouro Preto | Chafarizes
Beleza resgatada Além dos casarões históricos, igrejas e locais que hoje servem como museus, elementos não menos imponentes e charmosos se projetam no olhar de quem visita Ouro Preto: os chafarizes. A autoria dos monumentos erguidos no século XVIII para o abastecimento de água da cidade é desconhecida. No entanto, há histórias que ligam o mestre do barroco mineiro a duas das obras. Acredita-se que o chafariz do Paço de Antônio Dias tenha sido construído pelo pai de Aleijadinho e contado com a genialidade do maior artista brasileiro do período colonial. Supõe-se também que o segundo maior chafariz da cidade, o Marília de Dirceu, tenha sido assinado pelo artista. Desde janeiro de 2015, tapumes, cercas e armações de madeira e ferro se espalham por toda a Ouro Preto. As estruturas cercam 22 dos 25 chafarizes da cidade que passam por um minucioso trabalho desenvolvido por mãos habilidosas na arte da restauração. A quem possa interessar, é possível acompanhar o desenvolvimento das obras diariamente. As intervenções dão vida nova a essas peças centenárias e revelam detalhes da ação do tempo e do homem. Até então, intervenções pontuais e isoladas tinham sido feitas nos chafarizes. Tanto em volume de monumentos quanto em recursos liberados, é a primeira vez na história que é promovida uma restauração desse porte nessas fantásticas obras da cidade. O cuidado embalou o processo licitatório para a seleção da empresa apta a executar as obras. Em se tratando de
um patrimônio como o de Ouro Preto, há que se ter o cuidado na escolha de uma equipe com know-how comprovado. A SEPRES Engenharia, empresa com 20 anos de experiência em restauração, desenvolve as ações. “Já executamos obras na Matriz de São Pedro dos Clérigos, em Mariana, na Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias, em Ouro Preto, dentre outras”, revela o engenheiro civil e responsável técnico da empresa, Cláudio Lisboa. Para a arquiteta e urbanista que compõe a equipe de profissionais envolvidos, Ana Paula Alves Ferreira, não é possível mensurar a satisfação de fazer parte da história dos monumentos. “A oportunidade que me foi concedida para participar do processo de restauro desses chafarizes é, sem dúvida, uma honra. Cada etapa concluída e cada monumento que vai sendo recuperado dá
Especial Ouro Preto | Chafarizes
uma satisfação pessoal e profissional muito grande, não só para mim, mas para toda a equipe, para a empresa contratada e para os demais profissionais envolvidos, tanto os representantes do município, quanto os da Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Minas Gerais (IPHAN-MG). Esta ação é parte fundamental do processo de preservação do Patrimônio Cultural da cidade, recuperando monumentos pulverizados pelo Conjunto Tombado em Nível Federal desde 1938 e declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco em 1980”, revela. A arquiteta detalha que há vários momentos envolvidos no processo de recuperação. “Os procedimentos técnicos contemplados nessa ação consistem principalmente em operações inerentes à conservação da cantaria, tratandose de limpeza, reconstituição, consolidação e imunização. Dentre os serviços previstos está a remoção e a recomposição de reboco em trechos de alvenaria que estão danificados, bem como da pintura à cal”, explica. A equipe que manipula os chafarizes está sempre em diálogo com a diretora municipal de Cultura e Patrimônio, Maria Raquel Alves Ferreira, e os técnicos do IPHAN. “Obras de restauração contam com surpresas. Por isso, é necessário discutir e refletir sobre o patrimônio para que se identifique a melhor forma de intervir”, explica a diretora. Semanalmente Maria Raquel percorre as ruas da cidade e se entusiasma com os resultados. O processo de restauração prevê a manutenção das bicas - atualmente duas jorram água - e dos tanques dos chafarizes. Sendo assim, há a possibilidade de que outros chafarizes voltem a cumprir uma das funções básicas que tinham nos séculos passados: verter água.
Os chafarizes devem ser entregues até julho de 2016. Mesmo com o estágio avançado das obras, as intervenções demandam um tempo de observação. Eventualmente outros reparos podem ser necessários. Para o coordenador dos trabalhos de restauração, Rinaldo Urzedo, é fundamental que os monumentos sejam conservados. Só assim o processo de restauro terá validade. “Se não for feito um trabalho de conservação pontual, daqui a dois anos serão necessárias outras intervenções de restauração. Capacitar equipes para um trabalho de manutenção preventiva seria o ideal. Não teria dano aos bens, a vida útil deles seria prolongada e não seria preciso mais um processo como este que está acontecendo”, sugere.
Especial Ouro Preto | Festival de Inverno
Arte e resistência
No dia 8 de julho de 2015, Ouro Preto completa 304 anos. As atrações do Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana abrem as comemorações. O evento surgiu em 1967 por meio dos esforços de professores de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O objetivo deles era levar arte às pessoas. Desde 2004, o festival é desenvolvido pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) como atividade de extensão universitária. Este ano, o evento acontece de 8 a 19 de julho e conta com um público estimado em 150 mil pessoas. “O festival tem o compromisso extensionista da Universidade para a comunidade, ofertando atividades diferenciadas fora dos grandes centros e atuando nas periferias e nos distritos das cidades de Ouro Preto e Mariana. Para além disso, o festival busca criar públicos, valorizar a arte e a cultura nos seus diversos aspectos e promover o debate do cenário artístico atual por meio do Fórum das Artes”, aponta a pró-reitora de Extensão da Ufop, a professora Ida Heuser do Prado. O corte de gastos feito pelo governo afetou também o Festival de Inverno. Segundo a pró-reitora, o valor movimentado reduziu em um terço na comparação com 2014. Adaptações foram necessárias. “Para se adequar ao novo cenário, o evento reduziu o número de dias destinados à sua programação. Consequente-
mente houve um corte nas apresentações de grande e médio portes (shows realizados em praças públicas), mas, ao mesmo tempo, focamos em atrações de boa qualidade e em locais fechados para que diminuísse o valor destinado à estrutura dessas apresentações”, revela. Quem lida com arte sabe que um de seus sinônimos pode ser resistência. Mesmo com a escassez de recursos, o festival continua sendo atrativo para quem procura manifestações culturais que dialogam com a pluralidade. O tema do evento deste ano é “O que te afeta”, que abrange o afeto como sentimento e como aquilo que faz as pessoas sentirem, criarem e movimentarem. Dentre as atrações do Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana, destaca-se a apresentação da vocalista do Patu Fu, Fernanda Takai, com a Orquestra Ouro Preto, no dia 8. Como aconteceu em 2014, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais se apresenta no evento, só que, desta vez, em Mariana, no dia 12. O festival inclui shows, espetáculos de teatro e dança, concertos, palestras, mesas de debate, exposições, mostras audiovisuais, intervenções e muito mais em oito curadorias Você confere a programação completa do festival na fanpage da Vox Objetiva.
Especial Ouro Preto | Ecoturismo
Natureza e aventura São como tapetes verdes cobrindo mares de morros. É essa a impressão que fica em quem observa as terras de Ouro Preto e das cidades vizinhas a partir do Pico do Itacolomi e do mirante da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). Quando não é prejudicada pela névoa espessa, a vista do horizonte é magnífica. Além das diversas tonalidades de verde das florestas, é possível avistar o perímetro urbano das cidades. Não muito distante do centro histórico de Ouro Preto estão as cachoeiras, todas cercadas pela vegetação nativa, uma fusão da exuberante Mata Atlântica com áreas de Cerrado. As cachoeiras das Andorinhas, dos Prazeres e Véu da Noiva, do Pocinho, do Falcão e o complexo de cachoeiras do Córrego Manoel Teixeira são as mais visitadas pelos turistas. Devido ao contato com as rochas, a água é fria. Coragem para a visitação é fundamental até mesmo nos dias mais quentes.
O terreno acidentado de Ouro Preto é ideal para os roteiros de aventura. O canyonning, as escaladas, o rapel, a tirolesa e o trekking contribuem para fortes descargas de adrenalina dos aventureiros. Na cidade também acontecem eventos de velocidade, como motocross e motociclismo. Visitar os distritos também são ótimas alternativas para o descanso e a liberação do estresse. De todos eles, destacam-se Santo Antônio do Leite e Lavras Novas, locais acolhedores, simples e com toda a infraestrutura de restaurantes e pousadas. Além de cachoeiras e poços, os distritos são perfeitos para cavalgadas, trilhas, prática do rapel e observação das mais ousadas formações geológicas do antiquíssimo terreno ouro-pretano. Sem sombra de dúvidas, é um passeio revigorante com todos os elementos para agradar à família inteira.
VEJA ALGUNS DOS TRABALHOS QUE A ASSEMBLEIA REALIZOU NOS ÚLTIMOS DIAS:
EDUCAÇÃO
TURISMO 1
Deputados aprovam o Projeto de Lei 1.504/15, que muda a carreira dos professores e vai garantir o pagamento do piso salarial nacional da categoria.
Assembleia realiza audiência pública para debater problemas e demandas do setor hoteleiro, prejudicado com a baixa ocupação após a Copa do Mundo de 2014.
TURISMO 2
Deputados visitam Minascentro e Expominas, principais centros de convenções de Belo Horizonte, e reivindicam reformas para incrementar o turismo de negócios e eventos da Capital.
Para saber mais, acesse www.almg.gov.br/acompanhe/noticias. Saiba qual é o canal da TV Assembleia na sua cidade. Acesse www.almg.gov.br/acompanhe/tv_assembleia/sintonia. Você também pode receber notícias sobre os assuntos de seu interesse. Para isso, basta clicar em “Receba as nossas notícias” e se cadastrar.
TURISMO 3 Parlamentares se reúnem com secretário de Turismo e cobram mudanças na legislação estadual para incentivar e modernizar o segmento turístico.
Especial Ouro Preto | Hotelaria
Hotelaria Em 2014, passaram mais de 400 mil turistas por Ouro Preto. As informações são da Secretaria de Turismo da cidade. Com a crise, a expectativa da prefeitura é de que esse número se mantenha neste ano. Em cidades com marcas tão fortes quanto às de Ouro Preto, ter uma rede hoteleira forte é imprescindível. A cidade tem cerca de 70 estabelecimentos entre pousadas e hotéis dos mais diferentes estilos. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (Abih-MG), regional Circuito do Ouro, Antoninho Tavares dos Santos, a rede hoteleira de Ouro Preto mira a expansão dos negócios. “O setor trabalha de forma intensa para expandir em 5% na comparação com 2014. Acredito que possamos atingir esse resultado”, expõe. Mesmo contando com grande apelo turístico e a promoção de eventos esportivos e atrações culturais, a taxa de ocupação da rede hoteleira de Ouro Preto é considerada baixa: gira em torno dos 45% ao ano. O período mais promissor para o setor é o inverno. Por ser uma cidade tombada, a maioria dos hotéis e de pousadas do município são casarões antigos. As construções novas e mais modernas estão relativamente afastadas do centro histórico devido às restrições impostas pela prefeitura para a preservação do patrimônio. Ainda que não sejam tradicionais, essas instalações se destacam pelo aconchego, o frescor e o café da manhã farto. Mas uma atração é especial: os casarões antigos adaptados para atender como hotéis. Grande parte deles foi construída no século XIX e são os que mais surpreendem. Muito além do valor simbólico que esses imóveis têm para a cidade, a mobília colonial é um capítulo à parte e acrescenta generosas doses de charme e requinte à estadia.
Especial Ouro Preto | Gastronomia
Gastronomia Em matéria de culinária, Ouro Preto dá motivos de sobra para que o turista volte (várias vezes) à cidade. A tradicional cozinha mineira, com fogão a lenha e panelas de pedra, é o carro-chefe dos restaurantes ouro-pretanos. A costelinha de porco, o feijão tropeiro, o frango com quiabo e o angu marcam presença em praticamente todos os restaurantes. Para quem conhece a boa mesa de Minas, esses pratos por si só são chamarizes de outro mundo. Quem pensa que é somente dessas delícias de que é feita a gastronomia local se surpreende. Nas noites tranquilas e bucólicas de Ouro Preto, o melhor a fazer é explorar restaurantes, bares e cafés para descobrir que entre uma ladeira e outra há uma infinidade de sabores e pratos considerados pouco usuais para uma cidade histórica. Em relação à variedade, Ouro Preto compete em condições de igualdade com os grandes centros. Acredite: até mesmo comida japonesa é possível encontrar na cidade. Alguns restaurantes oferecem diversas comidinhas com misturas inusitadas. Ingredientes usados na culinária mineira, como a couve, o ora-pro-nóbis, a carne de porco, ganham combinações originais que
desafiam os visitantes a comer apenas o suficiente. As massas também são opções interessantíssimas para as noites frias. Com as variadas cartelas de vinhos, então, os pratos têm o sabor ressaltado. Outra atração da gastronomia ouro-pretana são os doces e as sobremesas. A maioria é simples e bem peculiar a Minas Gerais. O que surpreende é o sabor caseiro de tudo. Doce de leite, doces em compota, goiabada-cascão com queijo, arroz-doce e licores. Depois dessa descrição de sabores e texturas, é preciso mais motivos para ir a Ouro Preto?
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O MOVE já melhorou a vida de muita gente. E agora o que vai melhorar é a sua proteção.
MOVE 1 ANO O MOVE de Belo Horizonte está completando 1 ano transportando cerca de meio milhão de passageiros por dia com mais conforto, rapidez e economia. E agora o MOVE vai melhorar também a sua proteção. A Prefeitura está colocando equipes de vigilância 24 horas, sete dias por
semana, em todas as estações do MOVE de BH. Ou seja, mais segurança e tranquilidade para quem usa o transporte na capital. Faça você também a sua parte e cuide do que é de todos nós. Um transporte coletivo com mais conforto, rapidez e segurança. É assim que a gente faz a melhor capital do Brasil.
CONFORTO
RAPIDEZ
ECONOMIA
José Divino da Silva
Danielle Oliveira
Elizabete Maria da Costa
Morador do Bairro Guarani
“O MOVE tem tecnologia de primeiro mundo, ar-condicionado e trafega com rapidez em pista exclusiva.”
Moradora do Bairro Copabana
“Antes eu demorava quase duas horas pra chegar ao Centro. Hoje em vinte e cinco minutos eu tô lá.”
Para saber mais, ligue 156 ou acesse www.bhtrans.pbh.gov.br
Moradora do Bairro Comerciários
“É mais rápido e mais econômico ir trabalhar de MOVE do que de carro.”
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A MELHOR CAPITAL DO BRASIL
Ministério da Cultura apresenta Banco do Brasil apresenta e patrocina
Alvará de localização e funcionamento • Nº do alvará: 2013155660 • Data de validade: 12/08/2018
Teatro Lokvar de Marionetes
Espetáculos:
João, o Indeciso e A Pequena Sereia De 16 a 19 de julho, no CCBB Belo Horizonte. Referência mundial na arte e na tradição do teatro de bonecos, o grupo tcheco traz o encantamento das marionetes em apresentações repletas de magia e emoção. Senhas distribuídas uma hora antes do espetáculo. Saiba mais em bb.com.br/cultura
Apoio
Entrada franca bb.com.br/cultura SAC 0800 729 072 Ouvidoria BB 0800 729 5678 Deficiente Auditivo ou de Fala 0800 729 0088
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