MUQUECA OU BACALHAU? DESCONTOS ESPECIAIS E PRATO GRÁTIS PARA OS LEITORES DA VOX OBJETIVA - PÁGINAS 18 E 31
ESPECIAL Dia Internacional da Mulher e as conquistas do mundo feminino
O Brasil do amanhã Envelhecimento rápido dos brasileiros se torna desafio para o sistema previdenciário. Investimento em capital intelectual e produtivo é a única saída para garantir as aposentadorias
VIVA A DIFERENÇA.
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RESPEITE A IGUALDADE.
NO DIA INTERNACIONAL DA MULHER, UMA HOMENAGEM A TODAS QUE ACREDITAM NA IGUALDADE DE DIREITOS E LUTAM FAZENDO HISTÓRIA.
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EDITORIAL Um futuro envelhecido A edição deste mês de Vox Objetiva traz um alerta importante: o país está envelhecendo cada vez mais rápido e o cenário futuro para a Previdência Social é preocupante. Em pouco mais de dez anos, grande parte da nossa população estará com mais de 60 anos e dependerá diretamente dos recursos a serem dispensados pelo Estado em forma de aposentadorias.
Carlos Viana Editor Executivo carlos.viana@voxobjetiva.com.br
“... O povo que conhece o seu Deus se tornará forte e ativo.” (Daniel 11:32)
A Vox Objetiva é uma publicação mensal da Vox Domini Editora Ltda. Rua Tupis, 204, sala 218, Centro, Belo Horizonte - MG CEP: 30190-060
Os números oficiais do Tribunal de Contas da União mostram que o déficit da Previdência pode alcançar R$ 100 bilhões nos próximos anos, ainda que a maior parte da população economicamente ativa contribua diretamente para cofres do governo. Segundo especialistas, o número menor em de jovens no mercado de trabalho e o envelhecimento dos contribuintes transformaram as contas da previdência numa “bomba-relógio” orçamentária. Para evitar um colapso e garantir o pagamento das rendas vitalícias, é necessário que se desenvolva um grande projeto de crescimento econômico baseado em alta tecnologia e cada vez menos dependente de mão de obra na geração de riquezas. Outro ponto importante é o planejamento e a recepção de grandes grupos imigrantes para a ocupação dos postos de trabalho. Colocadas em prática, essas e outras medidas podem reduzir os impactos do envelhecimento brasileiro e evitar que as aposentadorias sejam colocadas em risco por conta da falta de arrecadação. Mas, ainda que todos os riscos estejam apontando para um futuro colapso geracional, o que se observa é que nada vem sendo feito para resolver o desafio que se avizinha. Políticas restritivas, como o Fator Previdenciário, a obrigatoriedade de mais tempo de contribuição e a redução no valor das aposentadorias, são insuficientes. Na prática, elas condenam os trabalhadores a uma terceira idade insegura do ponto de vista financeiro. Estamos atrasados. A crise econômica que assola o país em 2015 mostra claramente que, em menos de uma década, o Brasil deixou de ser uma promessa para se tornar, mais uma vez, o país de um futuro indefinido e de risco para jovens e aposentados. Uma nação desenvolvida passa diretamente pela capacidade da sua mão de obra e dos seus governantes de responder aos desafios da produção em um mercado globalizado. Estamos longe das respostas às necessidades que o novo tempo vai exigir. Na vida, envelhecimento é sinônimo de experiência. Para a previdência brasileira, envelhecer é revelar o lado mais nefasto de uma incompetência: a de um país que coleciona oportunidades perdidas.
Editor adjunto: André Martins l Diagramação e arte: Felipe Pereira | Capa: Felipe Pereira | Foto de capa: Shutterstock l Reportagem: André Martins, Diane Duque, Gisele Almeida, Haydêe Sant’Ana, Leo Pinheiro, Tati Barros, Vinicius Grissi, Wander Veroni | Correspondentes: Greice Rodrigues - Estados Unidos, Ilana Rehavia - Reino Unido | Diretoria Comercial: Solange Viana | Anúncios: comercial@voxobjetiva.com.br / (31) 2514-0990 | Atendimento: jornalismo@voxobjetiva.com.br (31) 25140990 | Revisão: Versão Final Tiragem: 12,5 mil exemplares | voxobjetiva.com.br
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OLHAR BH
Bloco Ent達o Brilha - Carnaval 2015 Foto: Rafael Sandim
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SUMÁRIO 8
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Diane Duque
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André Martins
Martina Huber
CAPA
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EDUARDO RIOS NETO Por que o investimento em educação é a única condição para um futuro promissor no Brasil?
METROPOLIS
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INSEGURANÇA PÚBLICA
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PACTO
SALUTARIS
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Em tempo de boom no número de cesáreas, mulheres aderem ao parto humanizado
FEMME
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Policiais e civis na mira dos bandidos: Rio volta ao drama da violência cinco anos após a implantação da primeira UPP Suécia recebe Mahmoud Abbas e anuncia aumento de ajuda financeira à Palestina
UM MOMENTO ESPECIAL
REPAGINADA O visagismo e a missão de encontrar o corte de cabelo perfeito
PODIUM
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PROPOSTA INDECENTE Craques brasileiros sucumbem aos altos salários e partem para a China
Divulgação
Facebook/ Divulgação
Divulgação/ Record
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Leo Pinheiro
Reprodução
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Cidade Olimpica/Divulgação
KULTUR
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PEDIU PRA PARAR, PAROU! Com futuro incerto na Sapucaí em 2016, grandes camarotes sofrem com decadência
“OS DEZ MANDAMENTOS” Record investe pesado em primeira novela bíblica da TV brasileira
DESANDOU Com narrativa pouco picante, filme “Cinquenta Tons de Cinza” decepciona fãs e a própria autora do romance erótico
ARTIGOS
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IMOBILIÁRIO • Kênio Pereira Inadimplência vai aumentar nos condomínios
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JUSTIÇA • Robson Sávio Duas notas no início de ano infernal
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PSICOLOGIA • Maria Angélica Falci
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METEOROLOGIA • Ruibran dos Reis
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Amor doido
Hoje faz chuva ou faz sol?
CRÔNICA • Joanita Gontijo Machismo na fogueira!
GASTRONOMIA
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RECEITA – Chef Regina Maura
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VINHOS – Nelton Fagundes
Moqueca de peixe com camarão Alvarinho
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CAPA
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AndrĂŠ Martins
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CAPA
Ordem do dia Para especialista, investimento maciço em educação nunca foi tão necessário para assegurar o futuro do Brasil André Martins
D
ados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em algum momento entre os anos de 2030 e 2040, o Brasil registre crescimento populacional negativo. Significa dizer que não apenas vão nascer cada vez menos crianças no país. O contingente de idosos vai se tornar maior. A situação vai obrigar o país a ter capital intelectual e produtivo cada vez mais qualificado para evitar que o sistema previdenciário e outras políticas públicas sofram um colapso. Acontece que a educação brasileira sempre apresentou deficiências. Ela é, inclusive, mal-afamada em todo o mundo pela baixa qualidade. Para estimular o aperfeiçoamento profissional de jovens e adultos, o governo investe em programas sociais que facilitam o acesso às universidades públicas e particulares. A educação técnica é outra vertente que tem ganhado atenção por parte do governo. Mas estariam os recursos sendo alocados de maneira apropriada? Em entrevista à Vox Objetiva, o PhD em Demografia pela Universidade da Califórnia em Berkeley e professor titular de Demografia da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Eduardo Luiz Gonçalves Rios Neto, analisa a dinâmica demográfica brasileira e alerta para a necessidade de investir intensamente em educação. Segundo
ele, está na hora de o governo entender o capital intelectual como a única forma de o Brasil assegurar o futuro. Qual é o ponto nevrálgico da relação entre a dinâmica demográfica e potencial de crescimento do Brasil nos próximos anos? Sob o ponto de vista da dinâmica demográfica, o país praticamente completou a chamada transição demográfica, que consiste na queda da taxa de fecundidade total, precedida pela queda da mortalidade e o consequente aumento na esperança de vida ao nascer. A esperança de vida de 2005 a 2010 era de 70,45 anos para os homens e de 77,86 anos para as mulheres. Já a taxa de fecundidade total passou de cerca de seis filhos por mulher nos anos 60 para 1,9 filho por mulher em 2010. Na demografia, quando o número de filhos por mulher fica abaixo de 2,1 por cerca de 30 anos, a população do país passa a ter crescimento populacional zero. Em 2010, já estávamos abaixo dessa taxa, e a previsão é que ela continue caindo até por volta de 1,5 filho por mulher. Se isso acontecer, teremos crescimento populacional negativo a partir de algum ponto entre 2030 e 2040. Taxas de fecundidade baixas são associadas a bons índices de de-
senvolvimento. No caso do Brasil, isso seria diferente? Em princípio, a transição demográfica é boa, gera menos pressão sobre os recursos naturais e reduz potencialmente o impacto no meio ambiente. E durante o processo de queda da fecundidade é gerado o que seria chamado de dividendo demográfico. Trata-se de um bônus ou benefício potencial que pode ser aproveitado ou não e consiste no menor número de dependentes na população, fazendo com que a sociedade seja positiva. A queda no número de dependentes é causada pela diminuição da população de zero a 14 anos. Convenciona-se dizer que a população de 65 anos ou mais é também dependente idosa, dependendo da família ou da previdência social para viver. A razão de dependência idosa aumenta com a queda na fecundidade, mas esse aumento é bem gradual. O período entre a queda na dependência infantil e o aumento substancial da dependência idosa é chamado de dividendo demográfico, pois nesse período o país fica mais produtivo só pela dinâmica demográfica, independentemente do desempenho da economia. O Brasil está passando por esse dividendo demográfico? Na realidade, o Brasil já vem tendo esse dividendo demográfico desde os anos 80 do século passado. E |9
CAPA
André Martins
esse processo deve terminar perto de 2020. A partir desse ano, o envelhecimento populacional será o traço marcante da dinâmica demográfica. A proporção de idosos (pessoas de 65 anos ou mais) na população é de 7,5%. Em 2020 vai passar para 8,7% e para 11,7% em 2030. Envelhecimento populacional é a palavra de ordem no futuro brasileiro. O Brasil aproveitou esse dividendo demográfico? O dividendo demográfico é um benefício potencial que pode se tornar mais efetivo ou não. Por exemplo: a década de 90 representou um período próspero do dividendo demográfico, pois a população em idade ativa crescia muito. Como aquela década não foi de crescimento elevado, o dividendo demográfico ficou aquém do possível. Por outro lado, o baixo crescimento econômico teria causado uma queda na renda per capita, se não fosse o dividendo demográfico. Sob o ponto de vista da educação, a queda na população até 15 anos
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possibilitou o aumento na cobertura escolar. O país passou a ter toda criança na escola, no final dos anos 90, mas a qualidade da educação e a repetência continuaram a ser um problema, além da evasão no ensino médio e a pouca cobertura do ensino superior. A educação então seria o ponto ao qual o senhor pretende chegar... O dividendo demográfico causou impactos positivos na educação, mas o desafio persiste tanto na quantidade (cobertura do ensino médio e superior) quanto na qualidade (habilidades cognitivas de entendimento de texto e de matemática). Em 1970, mais da metade da população de 20 a 29 anos tinha de zero a três anos de estudo e outra proporção considerável tinha quatro a oito anos de estudo. A população com ensino médio ou superior era inferior a 10%. Em 2020, apenas 9,4% da população masculina de 20 a 29 anos e 5,5% da feminina deve ter de zero a três anos
de estudo. Metade dos homens e 45% das mulheres nesse grupo etário devem ter ensino médio completo ou incompleto e 12% dos homens e 27% das mulheres devem ter ensino superior completo ou incompleto. A projeção para 2030 mantém a escolaridade dos homens para o ensino superior e aumenta para 35% no caso das mulheres. Esses dados podem ser vistos sob uma ótica otimista ou pessimista. No lado otimista, realmente o país mudou muito no lado quantitativo da educação. Hoje praticamente não há o analfabetismo na população mais jovem. Essa mudança é particularmente notável entre 1990 e 2010, com um grande contingente da população completando o ensino fundamental. Por outro lado, comparando esses dados com os de países desenvolvidos e até mesmo os de países sul-americanos, como o Chile, a cobertura do ensino superior é muito baixa e, do ensino médio, muito alta. Se pensarmos que o país vai passar a envelhecer e a ter um crescimento
CAPA
De qualquer forma, minha mensagem é que os desafios do baixo crescimento e do envelhecimento populacional demandam uma sociedade com alto crescimento no capital humano como condição necessária para sustentar a previdência social e outras políticas públicas Eduardo Rios Neto, demógrafo
populacional nulo ou negativo, isso é preocupante, pois países com baixo crescimento populacional só podem crescer com crescimento no chamado capital humano. No frigir dos ovos, refere-se à educação. O problema é maior para os homens do que para as mulheres. Nesse sentido, programas de ensino técnico, como o Pronatec, são louváveis, mas podem ser um tiro no pé, porque, além dos problemas de baixa qualidade e fraudes, o ensino médio, mesmo que com conteúdo
técnico, pode não ser a solução mais adequada para os desafios de capital humano da economia brasileira. Além disso, quando o aluno vai para uma escola técnica de qualidade, na maioria das vezes, ao invés de ir para o setor produtivo ao concluir o curso, por estar bem formado, ele acaba indo para o ensino superior ao tirar uma nota muito boa no Enem. O ProUni parece ser efetivo e extremamente bem sucedido. Na realidade, dá a impressão de que tem muita gente formando no nível superior. Em parte, é verdade, mas, sob o ponto de vista relativo, a proporção daqueles que concluem o ensino médio que vão para o ensino superior é constante ou ligeiramente declinante nos últimos 20 anos. O aumento de alunos no ensino superior decorre do maior número de pessoas que concluem o ensino médio. Portanto, se o país quiser ter uma população mais escolarizada, com uma proporção de ensino superior de cerca de 50% em 2050, aí os esforços de política terão que ser muito elevados. É desejável uma porcentagem tão elevada de pessoas tendo cursado o ensino superior? Essa questão é sempre colocada, além daquela constatação que a qualidade do ensino superior varia muito entre as faculdades, públicas, privadas e entre as privadas. Argumenta-se que a Alemanha e outros países têm ensino técnico terminal de altíssima qualidade. Os argumentos são válidos, mas a Alemanha tem uma tradição de ensino técnico que vem do século XIX. Não se constrói uma tradição como essa de um dia para o outro. Além disso, vários países têm implementado o conteúdo técnico como pós-secundário (ou seja, superior): os chamados institutos tecnológicos. Essa poderia ser uma saída. De
qualquer forma, minha mensagem é que os desafios do baixo crescimento e do envelhecimento populacional demandam uma sociedade com alto crescimento no capital humano como condição necessária para sustentar a previdência social e outras políticas públicas. Uma população de 20 a 39 anos (adulta jovem) com alta escolaridade é importante para o país. E não o é somente para ajudar a pagar a conta da previdência, mas porque, até se completar a mudança na educação, uma proporção dos trabalhadores será praticamente improdutiva. Para dar uma ideia, em 2030, a porcentagem de homens e mulheres com zero a três anos de estudo é de 22,6 e 16 respectivamente. Essas pessoas terão baixíssima empregabilidade em 2030, demandando benefícios de política social que vão além da previdência. Como pagar tudo isso? A interação da educação superior com a tecnologia é a única solução. Em algum momento do passado, o Brasil teve um investimento considerado ideal? Ou a educação é um problema histórico? No passado a situação era ainda pior. O país aboliu a escravidão e deixou a população negra de lado, sem nenhuma compensação na área de educação que era reservada à elite. Até mesmo a população branca não tinha cobertura escolar. O senhor ainda guarda esperanças de que o olhar pela educação seja alterado um dia? Na intenção e no papel, todos concordam que a educação deveria ser prioridade, mas na prática nunca acontece. Uma das constatações que se pode fazer é que não existe mágica na área de educação. Todo político gostaria de achar uma fórmula mágica para escolarizar a população
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CAPA
Estou indo para a Universidade de Illinois, como Professor Visitante Distinguido Lemann. O empresário Jorge Paulo Lemann é uma daquelas raras e honrosas exceções na elite brasileira. Ele vem investindo na melhoria da educação brasileira por intermédio da Fundação Lemann. Além de atuar no Brasil, a fundação investiu uma soma vultosa de dólares em universidades americanas (incluindo Stanford, Harvard, Columbia e Illinois) para que elas incorporassem estudos sobre educação e soluções dos seus problemas no Brasil. É nesse contexto que estou indo para Urbana-Champaign.
Divulgação
Para Rios Neto, programas como o Pronatec ou o ensino técnico podem não ser solução para os desafios da economia brasileira
com qualidade, mas isso não existe. É preciso seriedade na política pública, menos modismos e mais eficiência produtiva na alocação dos recursos à escola, melhor remuneração ligada à qualidade do professor, inclusive com valorização da profissão pela sociedade e, acima de tudo, uma mudança cultural na atitude das famílias diante da educação. Os estudos mostram que a família e sua estrutura de classe são os determinantes principais do desempenho escolar. O Brasil é um caso particularmente grave, pois nem mesmo a maioria da elite econômica e social do país vê o estudo como motriz determinante do sucesso. O patrimonialismo ainda favorece uma ética esnobe, consumista e até mesmo hedonista. Não tenho nada contra o consumismo, mas esse fator deveria ser acompanhado da meritocracia, ao passo que aqui é acompanhado do patrimonialismo (heranças, etc.) ou do roubo. A ética profissional para gerar a afluência é fundamental em todas as camadas sociais, mas deve começar pelo exemplo da elite. Infelizmente, no caso brasileiro, esse não parece ser o caso. Quantas fortunas
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brasileiras fazem doações ou criam fundações para a melhoria do ensino no país? Há alguma experiência feita em algum canto do mundo que o senhor acha um exemplo e que talvez pudesse ser implementada aqui visando o avanço do Brasil? Talvez entre os países dos Brics... O caso dos Brics é bastante complexo por causa da heterogeneidade dos países. Índia e China são casos especiais, com peculiaridades difíceis de ser generalizadas. A Rússia tem uma tradição de ensino consolidada, que vem se deteriorando mais recentemente. A África do Sul é o que mais se assemelha ao Brasil, mas aí em termos da desigualdade e não de exemplos. O caso mais citado de sucesso no aumento da escolaridade é o da Coreia, e lá a cultura e o papel da família foram fatores fundamentais. O senhor está de partida para os Estados Unidos para participar de um grupo de estudos sobre o Brasil. Como aconteceu esse convite?
A situação política, econômica e social do Brasil teve peso na sua decisão de ir para o exterior? Eu tenho 59 anos e estou próximo de minha aposentadoria. A essa altura da vida, não faria muito sentido sair do Brasil por migração de trabalho por conta do contexto político, econômico e social do país. O Brasil nunca experimentou um boom de emigração, embora nos anos 80 tenha havido uma emigração considerável por causa da crise, inclusive para os Estados Unidos. A situação brasileira é paradoxal: quando a perspectiva de crescimento era promissora, falava-se em importar trabalhadores qualificados, como no caso dos engenheiros e, posteriormente, dos médicos. Agora, se a perspectiva de crescimento e da crise não for resolvida rapidamente, aí o cenário será de globalização dos competentes e escolarizados. A dinâmica demográfica brasileira mostra que, com a queda do crescimento populacional e o fim do dividendo demográfico, fora da educação e da tecnologia estamos fadados a ser um gigante que nunca vai deixar de ser adormecido. Os dias do sonho de grandeza estão contados. Está na hora de acordar, e podemos ter um pesadelo acordados.
ARTIGO
Kênio Pereira
Imobiliário
Inadimplência vai aumentar nos condomínios Em 2014, a inadimplência dos condomínios chegou à marca de 11,22%, contra 10,3% em 2013. Os dados são do Secovi-MG. Os aumentos previstos para a energia elétrica e a água podem superar 50% em 2015. Com isso, as quotas de condomínios, que vinham sendo reajustadas com índices acima da inflação, vão subir ainda mais. O quadro contribui para o crescimento da impontualidade. O problema se torna mais grave nos edifícios compostos por unidades diferenciadas: apartamentos-tipo e cobertura ou apartamentos no térreo e nos edifícios comerciais compostos de salas, mas com lojas no piso térreo. Nesses casos, a maioria das convenções prevê o rateio das despesas conforme a fração ideal.
e injusta gera a desvalorização da cobertura, do apartamento térreo e da loja, pois o valor abusivo da taxa, que às vezes supera 100% do que paga o apartamento-tipo, faz a unidade maior encalhar. Raros são os pretendentes à compra ou à locação que aceitam pagar valor de quota de condomínio que às vezes supera o preço de um aluguel.
“... não faz sentido os proprietários pagarem a mais por despesas que são geradas nas áreas externas e comuns”
Ocorre que as despesas que compõem o rateio dos gastos decorrem do uso das áreas comuns, que não têm nenhuma relação com o tamanho interno da unidade. Dessa forma, todas as despesas com porteiros, faxineiros, corredores, áreas de lazer e administrativas devem ser divididas igualmente entre as unidades, sejam elas, apartamento-tipo, cobertura, seja no apartamento térreo.
Quanto às lojas, caso tenham entrada independente da portaria que serve apenas às salas e com acesso direto da calçada, as perícias comprovam ser abusivo cobrar delas as despesas com porteiro, elevadores, limpeza e outras que se destinam exclusivamente às salas. Entretanto, se essas unidades maiores têm a sua quota de condomínio cobrada com base na fração ideal, essa situação ilógica
Com o aumento expressivo das despesas condominiais em 2015, haverá maior determinação dos proprietários das coberturas e das demais unidades maiores para lutar contra a cobrança baseada na fração ideal. Afinal de contas, não faz sentido os proprietários pagarem a mais por despesas que são geradas nas áreas externas e comuns.
Diante do crescimento da inadimplência, haverá o agravamento de outra situação injusta. O condomínio é obrigado a pagar todos os encargos e compromissos. Se não receber a parte de quem está inadimplente, ele acaba tendo que ratear esse rombo. E se o rateio é baseado na fração ideal, o dono da cobertura acaba pagando a mais pelos calotes do vizinho. Assim o condômino é apenado duas vezes: por pagar em excesso por despesas de serviços que ele não usufrui e por ter que cobrir uma proporção maior do déficit de caixa.
Kênio Pereira Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG keniopereira@caixaimobiliaria.com.br
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METROPOLIS
O sonho MORRO ABAIXO Cinco anos após a implantação da primeira UPP, o Rio de Janeiro volta ao drama da Segurança Pública. Moradores atingidos por balas pedidas e mortes de policias tornam-se rotina na cidade maravilhosa Diane Duque
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á pouco mais de cinco anos era inaugurada a primeira Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Rio de Janeiro. Com a iniciativa, a Secretaria de Segurança do estado colocava em prática a política de polícia de proximidade. Era uma experiência. O primeiro local escolhido para a implantação de uma UPP foi o bairro de Botafogo, zona Sul da capital fluminense. Os cariocas encararam a novidade com ar de desconfiança, mas a redução da violência e o aumento da sensação de segurança, tanto para os moradores quanto para os turistas, fizeram a população baixar a guarda. A partir da implantação da UPP do Santa Marta, o projeto cresceu e tomou forma. Os números positivos, divulgados com orgulho pelo governo, dão conta de 38 unidades, 1,5 milhão de pessoas beneficiadas, 264 territórios retomados pelo estado, 9.543 policiais
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treinados e 9.446.047 metros quadrados de extensão territorial total das áreas das UPPs. Mas os números não dizem tudo. A realidade é que o caso de amor entre a Segurança Pública do estado e a população parece ter chegado ao fim. Pelo menos na cidade maravilhosa. Registros de balas perdidas e mortes de civis e de policiais nas comunidades pacificadas ameaçam o sonho de uma cidade mais segura, com a força das facções criminosas sendo minada. O governo do estado tem se mantido firme em relação às baixas de policiais e “partido para cima” dos bandidos sem amenizar o problema. A maioria dos cariocas que reelegeram o governador Pezão manteve o peemedebista no poder com receio de que um novo governante não desse a mesma atenção e continuidade ao projeto. Esse foi, inclusive, um dos motes da campanha de Pezão, que chegou a
matteo0702/ Flickr
Orçadas em R$ 2 bilhões, as obras do Anel Rodoviário preveem alargamento de pistas e de viadutos e construção de vias e de marginais
METROPOLIS
afirmar que qualquer de seus opositores poderia enfraquecer ou extinguir as UPPs. Agora o governador tem de lidar com o incômodo impulso da violência na cidade e o dever de cumprir promessas. Os recorrentes ataques à UPPs levam os moradores do Rio a cobrar do governador uma resposta à altura. O problema é que nem sempre essa cobrança vem em tom amistoso. Ônibus em chamas e vias interditadas são demonstrações de indignação de uma população acuada pelo medo. “Queremos a paz que tínhamos no começo da pacificação. Muitos moradores se arriscaram denunciando ponto de drogas com o sonho de ver a polícia mandar aqui dentro. Mas o que vemos agora são os bandidos voltando aos seus postos. Não tem como não ficar com medo. Queremos que o Pezão resolva isso. As coisas não podem voltar a como eram”, alega Bruna Carla Mendonça, nascida e criada na Grota, uma das favelas que compõem o Complexo do Alemão. Um ex-presidente da Associação de Moradores da Cidade de Deus que prefere não ser identificado corrobora o pensamento de Bruna. “A gente deu toda a força para a implantação da UPP, passamos informações e apoiamos os policiais, no início, quando os moradores eram ressabiados com a presença da polícia. E é certo que a bandidagem sabe disso. Se eles tomarem o comando de novo, como vamos fazer? Eu já estudo a possibilidade de me mudar de cidade”, revela. De acordo com o cientista político João Trajano, do Laboratório de Análise de Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o problema das UPPs é que a lógica da política se sobrepõe à dos profissionais de segurança.
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METROPOLIS
Bala perdida e o drama da população
Fonte: Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro
“Em 2015 teremos 40 UPPs no Rio. Elas têm sido feitas de maneira intempestiva”, opina Trajano, ressaltando a hipótese de as unidades promoverem a migração de bandidos para outras áreas da capital e da Região Metropolitana do Rio. PAZ E PROBLEMAS Os conglomerados habitacionais do Rio de Janeiro já contam com UPPs. No entanto, as três maiores comunidades da cidade enfrentam problemas. O Complexo do Alemão, na Zona Norte, voltou a ser uma bomba-relógio. Mesmo escondidos em outras localidades, os bandidos continuam exercendo influência no cotidiano do Alemão. Rotineiramente há tiroteios na comunidade, pacificada em 30 de maio de 2012. A Cidade de Deus, localizada na Zona Oeste e
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pacificada em 16 de fevereiro de 2009, vive drama similar. Confrontos entre bandidos e polícia são frequentes. Os moradores se queixam da impossibilidade de sair de casa e do medo de se arriscarem. Também voltou aos noticiários policiais a Rocinha, na Zona Sul. A comunidade recebeu sua UPP em 20 de setembro de 2012. Não é apenas a população que sofre no meio do fogo cruzado entre as forças de segurança e os criminosos. Os PMs têm encontrado resistência até mesmo nas áreas consideradas pacificadas. Só em janeiro deste ano, seis policiais, um civil e cinco militares, foram alvejados por bandidos. As balas perdidas também voltaram a aterrorizar. Também em janeiro foram computadas 19 pessoas atingidas por bala de fogo. Desse total, três perderam a vida.
Para o coronel Ubiratan Ângelo, comandante da Polícia Militar no Rio de Janeiro em 2007, é compreensível que inocentes sejam atingidos uma vez que o número de embates entre polícia e bandidos tem aumentado. “Nos confrontos são usadas armas de guerra. Um tiro de fuzil acerta o que o atirador não vê, sejam criminosos, sejam policiais envolvidos. Não estou justificando um policial atirar a ermo, mas quando você é alvo de rajadas de fuzil, você atira não para acertar o cara, mas para poder sair da zona de perigo, avançar ou recuar. Em muitos casos, o policial está com medo. Há vídeos na internet que mostram o cara atirando numa direção onde está não só o bandido, mas também moradores de bem. Isso acontece nas áreas mais violentas que têm mais autos de resistência (homicídios decorrentes de intervenção da polícia)”, explica. Dados da Secretaria de Segurança do Rio comprovam que as mortes por bala perdida diminuíram a partir de 2008, quando 16 pessoas perderam a vida. Mas o ano de 2015 não começou bem. Apenas nesse primeiro trimestre, a cidade já registra três mortes por bala perdida. OUTRO ÂNGULO As tentativas de retomada de territórios por parte dos criminosos está longe de ser o principal problema nas comunidades cariocas. O estudo “UPP e a economia da Rocinha e do Alemão”, elaborado pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, traça as peculiaridades e os principais desafios nas duas maiores e mais famosas comunidades do Rio. O estudo levanta o perfil da Rocinha e do Alemão para entender os reflexos da atuação das UPPs nesses locais.
METROPOLIS
Diane Duque
A instalação da primeira UPP do Rio de Janeiro deu início a um audacioso projeto para pacificar comunidades dominadas pelo tráfico
De acordo com o levantamento, as condições de trabalho na Rocinha são superiores às do Alemão. “Mesmo com o dinamismo econômico, a Rocinha é a região administrativa da cidade com escolaridade mais baixa, seja na população geral, seja na população ocupada. A situação reflete a carência histórica de Política
Policiais na mira dos bandidos
Fonte: Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro
Mortos Feridos
Pública e de imigração de áreas de menor escolaridade. Por outro lado, o Alemão era aquela com maior taxa de pobreza, o que é importante ter em mente na comparação”, revela o estudo que estruturou análise de dados sobre quatro vertentes: Trabalho, Moradia, Educação e Serviço Voluntário ou Solidário. Um dado
interessante diz respeito à valorização dos imóveis nessas comunidades a partir da implantação das UPPs. Os imóveis obtiveram valorização de 6,8% nas favelas na comparação com as unidades habitacionais presentes em localidades asfaltadas. “As favelas não são um bloco monolítico. As UPPs implantadas em favelas tiveram impactos econômicos diferenciados. Nós nos debruçamos sobre a Rocinha e o Alemão a partir do banco de dados de aspectos objetivos e subjetivos cobrindo 150 mil moradores dessas favelas. Mal comparando, se estivéssemos falando de combater a pobreza do mundo, China e Índia seriam as unidades globais mais relevantes para atuar, pois abrigam mais da metade dos pobres do mundo. Simultaneamente a Rocinha e o Alemão são as unidades mais relevantes para o endereçamento dos problemas das favelas cariocas. Rocinha e Alemão são as favelas-símbolos do Rio, além, é claro, de serem objeto das UPPs”, conclui o estudo.
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METROPOLIS
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METROPOLIS
Falando de paz Palavras sutis e discursos amenos marcam visita do presidente da Palestina à Suécia. País escandinavo se projeta como principal membro da União Europeia apto a costurar a paz entre palestinos e israelenses Gisele Almeida, de Estocolmo
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m país em busca de legitimidade perante a comunidade internacional. Assim pode ser designada a Palestina desde 1988, ano da declaração de independência do Estado. No fim de novembro de 2012, a Assembleia Geral das Nações Unidas reconheceu a Palestina como Estado observador não membro da ONU, uma mudança de status que concedia direitos e dava perspectivas plenas de um estabelecimento do Estado como país. Era um grande passo de uma jornada que parece estar longe de terminar - pelo menos até a paz ser realidade entre palestinos e israelenses.
outubro de 2014, quando a Suécia se tornou o primeiro país ocidental da União Europeia a reconhecer o Estado da Palestina. Para o primeiro-ministro, a visita de Abbas foi
uma importante expressão da relação bilateral. Durante as atividades oficiais foram abordados assuntos, como as
Na primeira quinzena de fevereiro, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, visitou a Suécia pela primeira vez desde o reconhecimento da Palestina pelo país nórdico. Durante os três dias em que esteve em Estocolmo, o Presidente Abbas encontrou o Primeiro-Ministro sueco Stefan Löfven, a Ministra das Relações Exteriores, Margot Wallström, e o Rei Carl Gustaf XVI. “Para nós, a Palestina é um Estado independente”, frisou Löfven na ocasião. Foram as mesmas palavras ditas em
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O primeiro-ministro sueco, Stefen Löfven, anunciou um aumento da ajuda financeira à Palestina de Mahmould Abbas
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METROPOLIS
Estamos convencidos de que as pessoas, tanto em Israel quanto na Palestina, têm o direito à paz
Stefan Löfven, primeiro-ministro sueco
graves condições em que vivem os palestinos, principalmente na Faixa de Gaza; o processo de construção do Estado da Palestina e a forma como a Suécia pode contribuir para que o processo tenha continuidade. Para reforçar essa parceria, foi também inaugurada a primeira embaixada Palestina na Suécia. “Assinamos um contrato de cinco anos de cooperação ao desenvolvimento do Estado da Palestina e vamos colocá-lo em prática imediatamente”, afirmou Löfven. A Suécia vai aumentar em 50% o suporte dado à Palestina, o que significa uma contribuição de 1,5 bilhão de coroas suecas (R$ 510 milhões), entre 2015 e 2019. Essa é uma adição substancial à assistência humanitária que o país escandinavo já fornece aos palestinos. Além de falar sobre o suporte financeiro, o primeiro-ministro destacou as responsabilidades que a Palestina terá com esse reconhecimento. “Queremos a implementação do desenvolvimento de direitos humanos, a intensificação da luta contra a corrupção e
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a promoção da igualdade de gêneros”, destacou. Stefan Löfven procurou se desvencilhar das perguntas a respeito da reação negativa de Israel quanto à decisão da Suécia de reconhecer o Estado da Palestina. Löfven disse que o reconhecimento é um grande passo para que exista um relacionamento amigável entre Palestina e Israel, apontando para a esperança da possibilidade de retomada das negociações de paz. Rumores de que a relação diplomática entre Israel e a Suécia teria sido abalada surgiram desde que o país nórdico formalizou o reconhecimento. Os questionamentos aumentaram por conta do cancelamento de uma visita oficial da Ministra das Relações Exteriores, Margot Wallström, a Israel, em janeiro. A assessoria da ministra informou que a viagem foi apenas adiada e que um nova data será marcada. A previsão é de que a viagem aconteça logo após as eleições israelenses, previstas para o dia 17 de março. RETOMADA NAS NEGOCIAÇÕES Foi de forma branda que Mahmoud Abbas finalmente se pronunciou sobre o tópico mais aguardado da visita, a retomada das negociações de paz no Oriente Médio. “Nós apresentamos as mãos estendidas aos israelenses para firmar a paz. Para conseguir essa paz, é preciso negociar”, afirmou o presidente. Abbas também ressaltou a expectativa de que a decisão da Suécia influencie membros da União Europeia e leve outros países ao reconhecimento. E mais que isso: há esperança de que esse reconhecimento leve palestinos e judeus à mesa de negociações de paz. Ao ser questionado sobre as ações violentas do grupo Hamas contra
Israel, o Presidente Abbas apresentou uma resposta vaga. “A única forma de chegar ao nosso objetivo é a democracia. Precisamos de eleições parlamentares e presidenciais”, disse. O jornal sueco Dagens Nyheter classificou essa saída como uma resposta fria para uma pergunta quente. O Hamas é um grupo militante islâmico que se estabeleceu oficialmente na Palestina em dezembro de 1987 e foi criado em meio a primeira Intifada (Revolta Palestina), como parte do movimento de resistência contra a ocupação sionista de terras palestinas. A organização é considerada um dos opositores da paz, já que eles não reconhecem o Estado de Israel e defendem a criação de um Estado Palestino único, que ocupe as terras onde ficam Israel, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. O grupo também é conhecido por sua resistência em renunciar à violência, sendo atribuídos a ele diversos ataques terroristas a Israel. Desde 2006, quando o Hamas chegou ao poder de forma democrática, vencendo as eleições do Conselho Legislativo Palestino, o grupo vem impedindo a realização de novas eleições no país. Questionado sobre como a Suécia pode auxiliar no combate às ações do Hamas contra Israel, o primeiro-ministro sueco reforçou um posicionamento: “tanto a Suécia quanto a UE veem o Hamas como uma organização terrorista”, ressaltando assim que não existe nenhum tipo de relação diplomática entre o país escandinavo e essa instituição. “Estamos convencidos de que as pessoas, tanto em Israel quanto na Palestina, têm o direito à paz”, pontuou Löfven reforçando a importância de os dois Estados estarem abertos à conciliação. “A Suécia está preparada para ajudar nessas negociações em qualquer momento que elas puderem ser iniciadas”, concluiu.
ARTIGO
Robson Sávio
Justiça
Duas notas no início de um ano infernal O ano de 2015 só está começando. E já sabemos que será um ano infernal. Começamos refletindo sobre a crise hídrica. Em São Paulo, o governo tucano continua afirmando que o desabastecimento não existe. Todos sabem que daqui há mais ou menos quatro meses, se continuar como está, o Sistema Cantareira vai secar. Em Minas, com medo dos resultados das urnas, os tucanos omitiram a gravidade da situação, principalmente da RMBH. No Rio, o governo peemedebista omite o fato de o rio Paraíba do Sul, que abastece quase todo o estado, estar próximo ao colapso. No cenário nacional, o governo petista, mesmo sabendo do risco de um apagão, continua dizendo que não há problemas. Se tivéssemos governos responsáveis, seria a hora de nossas lideranças fazerem um pronunciamento público à nação. É preciso admitir o quadro periclitante de nossas hidroelétricas e represas e clamar à população para que cumpra o seu dever de economizar. Dois fatores foram cruciais para esse quase caos: os eventos climáticos, ocasionados, em boa medida, pelo modelo de desenvolvimento que violenta a natureza, e o fato de que, nos últimos 20 anos, os consumidores vorazes da classe média brasileira saltaram de 30% para cerca de 70% da população. Isso representou uma extraordinária demanda de consumo num curtíssimo período. Agora só falta algum preconceituoso culpar os pobres por terem ascendido à classe média. O fato é que esse modelo de desenvolvimento que privilegia o bem-estar individual em detrimento dos recursos ambientais mostra a perversidade desse processo violentador. Agora olhemos para Brasília: a Câmara dos Deputados elegeu como presidente Eduardo Cunha. (Nem vou
comentar a situação do Senado, que tem Renan Calheiros como presidente e que está se transformado num locus dos decadentes da política, salvo poucas exceções). O currículo de Cunha, os interesses dele e os grupos que ele defende sintetizam a qualidade de muitos daqueles que nos representam e lideram nossas instituições democráticas. Enquanto mantivermos esse modelo político-eleitoral que privilegia o capital-eleitor em detrimento do cidadão, vamos continuar reféns de uma pseudodemocracia cujos eleitos não representam de fato o povo. Vejamos a decadência das nossas instituições: um Parlamento estruturado no chamado presidencialismo de coalizão que tem se transformado num balcão de negócios espúrios. Um Executivo refém dos tentáculos do capital, quase ajoelhado diante dos ditames da deusa-economia e de costas para a ecologia e a política e um Judiciário elitizado, surdo aos clamores populares, patrimonialista, insulado, seletivo e discricionário. Socorro! Podemos fingir, acreditando nesse tipo de democracia. Mas não há futuro promissor enquanto o Brasil não enfrentar o personalismo, o elitismo, o autoritarismo, o burocratismo, o patrimonialismo,... e continuar adiando a tarefa de reformar nossas instituições pouco republicanas.
Robson Sávio Reis Souza Filósofo e cientista social robsonsavio@yahoo.com.br
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SALUTARIS
Por um bom parto Em busca de maior protagonismo na hora de dar à luz, mulheres optam pelo parto humanizado orientadas pelas doulas Haydêe Sant’Ana
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ar à luz um filho é um dos desejos mais íntimos da maioria das mulheres. Sentir uma vida desenvolver dentro de si e fazer parte do processo ativamente é algo que encanta o universo feminino. A gravidez proporciona o autoconhecimento, o aprendizado sobre o próprio corpo e dá uma das mais belas e instintivas lições da vida: um amor incondicional a um ser que nem sequer pode ser visto com riqueza de detalhes. A vida de uma mulher pode ser dividida antes e depois de uma gravidez. Tudo muda. E as transformações vão além das questões fisiológicas. A gravidez provoca mudanças significativas no modo de representação e de percepção da vida e do mundo pela mulher. O trabalho de parto sempre foi um processo complexo. As dores, o medo, a insegurança, as dúvidas e a falta de conhecimento do que pode ou não ser feito ao longo do parto são fatores que acompanham muitas grávidas. Durante muitos anos, a escolha pelo tipo de parto se resumia a apenas duas alternativas: normal ou cesárea. E a decisão de qual método optar nem sempre era da mulher. Muitas vezes, os médicos decidiam.
Ana Flávia Ceolin amamentando Alice, que veio ao mundo por meio de um parto natural
Arquivo Pessoal
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No Brasil, a cesárea se tornou um dos métodos mais indicados pelos obstetras. A escolha se deve a diversos fatores: tempo, logística dos hospitais, dentre outros. Anualmente a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) faz a pesquisa Nascer no Brasil - Inquérito Nacional Parto e Nascimento - a maior do gênero feita no país. Conforme o levantamento divulgado em 2014, 52% dos nascimentos no Brasil ocorrem por cesariana. Mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomen-
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da um percentual de 15%. Para a OMS, esse é o limite de segurança para evitar a morbidade e mortalidade materna e neonatal. A média mundial é de 18%. Nesse cenário, o Brasil é o país recordista desse tipo de procedimento obstetrício. A falta de informação das mães é um dos principais fatores que levam ao alto número de cesáreas no país. A afirmação é do presidente da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig), Agnaldo Lopes. “Na maioria das vezes, a paciente tem a falsa ideia de que uma cesariana é mais segura que o parto normal. É preciso trabalhar a informação sobre a possibilidade do parto normal e dos seus benefícios para a mulher e para o bebê”, afirma o obstetra. Há muitos mitos que atribuem segurança à cesárea. A idade avançada da mãe, o peso do bebê acima de quatro quilos ou quando a mãe teve filhos por meio de cesáreas estão entre os mais comuns.
de medidas para garantir a todas as brasileiras um atendimento adequado, seguro e humano no Sistema Único de Saúde (SUS). Em conjunto com a Rede Cegonha, uma portaria de 2013 regulamenta a criação de Centros de Parto Normal (CPN) que buscam uma atenção mais humanizada ao parto e ao nascimento planejados para serem implantados próximos aos hospitais. A humanização do parto propõe um modelo no qual a mulher é protagonista de todo o processo. Ela é assistida de forma única de acordo com seus desejos e recebe total apoio para gestar, dar à luz e amamentar. Nesse modelo de parto, a doula, mesmo sem ter formação médica, tem um papel fundamental na vida da gestante. Ela acompanha a equipe que assiste o parto e se encarrega de orientar os futuros pais nas decisões sobre o parto. O
casal recebe todo o suporte físico e emocional para ter um parto bem-sucedido. Lena já auxiliou mais de 500 partos. Ela explica que o parto humanizado trabalha para que tudo ocorra da maneira mais natural possível, respeitando a fisiologia da paciente. Não há uso de métodos farmacológicos para provocar as contrações nem para aliviar a dor, como acontece no parto normal. “O parto humanizado defende um parto em que as contrações venham no ritmo da paciente, a bolsa seja naturalmente rompida e que a mulher escolha a posição mais confortável: de cócoras, na banheira, na cadeira, dentre outras”, esmiúça. A doula Lena Rúbia Borgo auxiliou mais de 500 nascimentos. Na foto, ela carrega João, filho de Bárbara Coli e Thiago Medrado, nascido dia 25 de novembro de 2014
Lena Rúbia Borgo trabalha no Instituto Nascer como doula - mulher que orienta casais a respeito das possíveis escolhas na hora do parto. Ela acredita que o grande número de cesáreas reflita uma sociedade movida pelo medo. “A grande maioria das indicações sobre cesárea são baseadas em mitos, lendas, invenções da ‘cultura do medo’. Alimenta-se a ideia de que o parto normal é perigoso. A preferência pela cesárea é porque é mais rápida, controlada e pode ser agendada”, afirma a doula. Com o objetivo de conscientizar e informar a população sobre os benefícios e as vantagens da escolha pelo parto natural, o movimento pelo “Parto Humanizado” vem ganhando força no Brasil, nos últimos anos. Em 2011, o Ministério da Saúde lançou a Rede Cegonha, um conjunto
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SALUTARIS
É preciso trabalhar a informação sobre a possibilidade do parto normal e dos seus benefícios para a mulher e para o bebê
Agnaldo Lopes, presidente da Somig
Divulgação
Outros elementos que diferenciam o parto humanizado do normal é o uso de recursos naturais para auxiliar a gestante a entrar no trabalho de parto. Aulas de yôga, massagens, exercícios, aromaterapia, o uso da água para ajudar a distensionar a musculatura e provocando uma vasodilatação. Tudo é usado com a proposta de deixar a mulher mais relaxada. Além disso, a mãe tem permissão para se alimentar durante o parto. A estudante de psicologia Júlia Teixeira optou pelo parto humanizado por ser uma alternativa natural e acolhedora. Ela deu à luz no Hospital Sofia Feldman e foi acompanhada pela doula Lena. Júlia relata que a experiência de dar à luz foi gratificante. “Faltam palavras para expressar o quão transformadora foi a experiência de parir minha filha de forma natural.
É um mergulho na nossa natureza fêmea e sentir que assim como gestamos, somos também feitas para parir nosso bebê”, define. Mel, a filha de Júlia, nasceu de parto natural realizado na água. Assim que saiu da barriga, o bebê foi acolhido nos braços pelos pais. Para Júlia, a vivência do parto natural fez com que ela ressignificasse o que é a dor. “Dor e sofrimento são duas coisas bem distintas. A dor do parto é muito diferente de sofrer. É dor grandiosa, dor de (re) nascimento. Quando olho pra trás, percebo que em minha memória corporal não há dor. Vejo prazer ao lembrar de parir”, reflete. O trabalho das doulas não termina quando a criança nasce. São elas que ajudam nos primeiros dias de vida, orientando os pais sobre os cuidados e a amamentação. Júlia considera o apoio de Lena fundamental, especialmente com a amamentação. “Tive dificuldades no princípio. O apoio da Lena foi fundamental para que eu seguisse firme”, revela. QUEBRANDO MITOS O lema “Uma vez cesárea, só cesárea” é um dos mitos difundidos na cultura popular que mantém vivo o medo pela escolha do parto normal. O Parto Normal Após Cesárea (PNAC) ainda é uma alternativa muito incomum para as mulheres devido ao medo da ruptura uterina, mesmo sendo baixa a probabilidade de que isso ocorra (0,5% nos casos de PNAC). Disposta a ter um parto natural depois de uma complicada e sofrida cesariana, a psicóloga Ana Flávia Ceolin desafiou o senso comum. Ela sofreu com o trauma da cirurgia. “Eu tive vazamento de líquido, fiquei sem andar e só ficava
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Ana Flávia e o marido amparam a pequena Alice nos primeiros minutos de vida
deitada. Então, quando engravidei novamente, tive muito medo de passar por tudo isso novamente”, conta. Incentivada por uma amiga a participar das reuniões do grupo Ishtar, de apoio à gestação e ao parto ativo em Belo Horizonte, Ana conheceu o trabalho das doulas Kahlú Brum e Lena Borgo. Após uma série de mensagens de apoio, dicas, leituras, Ana decidiu, ainda com certo temor, a ter o segundo filho por meio de um parto humanizado. O procedimento correu bem e nem lembranças da recuperação ela tem. “Eu não tive recuperação, porque estava inteira o tempo todo. Assim que a Alice nasceu, eu a segurei nos braços”, relembra. Na contramão da natureza humana, ter filho por parto normal deixou de ser um procedimento natural para ser um procedimento visto com estranheza na sociedade. É o que acredita Ana Flávia. “É engraçado quando falo nas rodas de conversa que tive filho por parto normal. As pessoas me chamam de corajosa. Deixou de ser algo natural. Todo mundo tem medo de o corpo trabalhar para expulsar o neném, mas não tem medo do médico vir com o bisturi e cortar as camadas da pele e costurar depois”, observa. Para incentivar o parto normal e diminuir o número de cesáreas desnecessárias, a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte lançou, em 2007, o programa Movimento BH pelo parto normal. Aos poucos, hospitais das redes pública e privada estão aderindo ao movimento e instalando suítes adequadas para o parto natural, as chamadas PPP.
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Você, líder!
COMO SE MANTER EM UM BRASIL EM CRISE
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credito que o nível de ansiedade dos empresários e executivos esteja bem alto. Muitos fizeram investimentos de longo prazo para implementar seus negócios e estão certos em suas atitudes. Então, o que fazer neste momento em que a mídia nos bombardeia com informações negativas? Com base em minha experiência de 29 anos na gestão de empresas e por ter passado por várias crises, seguem algumas dicas que tenho colocado em prática. Tive a felicidade de ler o Livro “A Lei do Triunfo”, do autor Napoleon Hill, e o meu segredo está nessas leis. Aprendi a criar um ambiente agradável e amistoso com a equipe. Assim é possível envolvê-la no objetivo principal bem definido (Visão Estratégica) e me proporcionar muita autoconfiança que se estende à equipe. Percebendo as condições financeiras de seu líder e que ele está bem, o grupo se sente seguro financeiramente. Essa condição desenvolveu em mim o hábito da economia. Assim as crises me afetam mas não me destroem. Sou sempre o que tem iniciativa quando a equipe imagina uma ideia de inovação. Essa postura fortalece o entusiasmo de todos e desenvolve a habilidade de controlar as preocupações para lidar com as adversidades.
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Eu e a equipe fazemos bem mais que o combinado, conforme ensina o autor. A melhoria no desempenho gera um espírito de corpo muito forte, como citado por Peter Drucker. Outra atitude é “o líder chora para cima e sorri para baixo”. Com essa postura mantenho uma personalidade agradável e uma boa inteligência interpessoal. Por ter bem definidos os objetivos da empresa, meus pensamentos têm exatidão, concentração e foco. A equipe percebe e coopera cada vez mais.
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ARTIGO
Maria Angélica Falci
Psicologia
Amor doido Falar sobre relacionamentos amorosos nos leva, em primeira instância, a pensar nos relacionamentos saudáveis e ajustados. Infelizmente percebemos o aumento no número de relacionamentos mal-localizados em ações e sentimentos. Alguns casos partem para o passional.
Aqueles que não recebem boa orientação na fase inicial tendem a conduzir suas vidas com um modo comportamental não aprazível e gerador de muito sofrimento. Observar e prevenir tem um potencial incrível para ajudar nesse sentido. Vamos em frente com um amor estável e cordial.
Shakespeare nos deu um grande legado com sua obra. Por meio dela, clareou muito bem o amor que cega, aprisiona e anula. Quando não há a devida correspondência, instala-se o ódio e a possessão. É uma situação tão incômoda que pode respingar até mesmo na família, que vê um ente querido em situação de vulnerabilidade ao ser perseguido pelo apaixonado doente. Torna-se um verdadeiro transtorno e um desconforto emocional.
Psicóloga clínica e especialista em Sáude Mental angelfalci@hotmail.com
Maria Angélica Falci
Sabemos que uma pessoa sem controle emocional e que não suporta a perda não sabe lidar bem com as frustrações da vida. Ela se torna um risco potencial para desenvolver doenças psíquicas, como forte carência afetiva, bipolaridade, depressão, ansiedade generalizada, transtorno obsessivo compulsivo e, em casos extremos, ideações suicidas e homicidas. Não podemos fazer vistas grossas diante de um relacionamento “doente” que avança com ameaças, explosões agressivas, punições e cerceamentos. É importante estarmos atentos aos pares e às companhias de nossos familiares. É necessário também fornecer apoio e cuidado psicológico para prevenir situações trágicas que deixam marcas severas nos âmbitos pessoal e familiar. Sabemos que os adolescentes estão aprendendo a se relacionar amorosamente. Essa é uma fase em que todo sentimento é muito intenso e vivaz. Dessa forma, é possível que sejam desenvolvidos quadros de ciúme e até mesmo de uma obsessão patológica.
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SAPORI
Moqueca de peixe com camarão Chef Regina Maura, Restaurante Badejo
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INGREDIENTES
MODO DE PREPARO
400 g de peixe em postas (se possível, badejo) 200 g de camarão-rosa 2 tomates maduros picados 2 cebolas brancas grandes picadas Coentro picado Cebolinha picada Azeite-doce Colorau Tempero alho e sal Limão Água fervente
Esquente três colheres de sopa de azeite em uma panela de barro, se possível. “Queime” o colorau com o tempero alho e sal no azeite. Imediatamente coloque as postas de peixe previamente regadas com limão. Adicione meio copo de água fervente e tampe por cinco minutos. Adicione o coentro, a cebola e o tomate, nesta ordem. Regue um pouco mais de azeite e deixe cozinhar por dez minutos em fogo alto, tomando cuidado para o peixe não “agarrar” (queimar). Coloque os camarões, aguarde mais cinco minutos. Salpique a cebolinha e sirva com arroz branco e pirão.
SAPORI
dos vinhos brancos da região do Minho. Esse baixo percentual de produção se deve às dificuldades do cultivo e à baixa produção. Esses fatores certamente contribuem para que os rótulos produzidos 100% com Alvarinho tenham um custo mais elevado em relação aos vinhos brancos portugueses e de outras regiões.
Harmonização Moqueca de peixe com camarão
Produzido a partir de lotes de Chardonnay selecionados nos vinhedos de Tulum, o Callia Alta Chardonnay, de San Juan na Argentina, é produzido a partir da uva típica das zonas mais quentes. No nariz, abundância de frutos tropicais, abacaxi em calda, manteiga, mel e certa suntuosidade. Na boca, o vinho é seco, saboroso e de leve corpo, com um toque de especiaria e abacaxi. É fresco, harmonioso e de boa acidez. Os ingredientes da Moqueca de peixe com camarão pedem um vinho com estrutura e delicadeza. O Callia Chardonnay cumpre esse papel e contrasta muito bem com a acidez do tomate. É um excelente vinho, com ótima relação custo - benefício.
O delicado e fresco vinho verde, muito conhecido por nós brasileiros, não tem nada a ver com os vinhos feitos a partir da Alvarinho. Na verdade, até hoje há uma grande associação entre Vinho Verde, uma região de Portugal, e a bebida vinho verde, como expressão de um rótulo que ainda não está pronto. Essa confusão ou dúvida ainda está longe de ser sanada, mas, para facilitar nossa compreensão, devemos sempre lembrar: Vinho Verde é uma região produtora de vinhos localizada em Portugal.
Alvarinho Nelton Fagundes sommelier da Enoteca Decanter BH A cepa Alvarinho é uma das mais importantes uvas brancas de Portugal. Ela dá origem a um vinho de altíssima qualidade. Plantada em diversas regiões do país e do mundo, a espécie é originária da região da Galiza e atinge seu auge na sub-região de Monção e Melgaço, no Norte de Portugal. O sabor desses vinhos é complexo, macio, harmonioso e persistente. O aroma dessa cepa é intenso e variado, passeando pelo frutado, floral, amendoado e caramelizado. Quem degusta os vinhos produzidos com essa uva consegue perceber aromas de pêssego, maracujá, flores de laranjeira e violeta, avelã e noz e até mel. A coloração desses vinhos tem tons palha. A Alvarinho é reconhecida no mundo dos vinhos, mas corresponde a apenas 3%
Voltando à Alvarinho, digo que os melhores resultados são alcançados com a produção unitária desse tipo de uva. Porém, há casos em que ela é encontrada em pequenas parcelas ou meio a meio com outras cepas importantes de Portugal. Um aspecto interessante é que ela apresenta um frescor incrível quando jovem, com notas cítricas e minerais. Com o passar dos anos, mostra-se voluntariosa, intensa e vivaz. Essa diversidade concede à Alvarinho uma riqueza que poucas cepas apresentam. Aqui enfatizo a produção da uva em Portugal, mas destaco que ela também tem bons resultados na Galícia na Espanha, no Uruguai e em outros países. Sugiro desfrutar essa preciosidade com peixes e frutos do mar, mais especificamente com um belo filé de bacalhau grelhado com batatas, brócolis, cebolas, azeitonas e azeite extravirgem. É de tirar o folego! Seguem algumas dicas de vinhos com Alvarinho para ampliar seus conhecimentos: Alvarinho Colheita Seleccionado 2013 – Quinta de Gomariz R$ 117,60; Alvarinho Contacto 2013 – Anselmo Mendes R$ 128,35 e Alvarinho Murois de Melgaço 2009 – Anselmo Mendes R$ 185,02.
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SAPORI
Penne com bacalhau Chef Wanderson da Costa, Saatore Ristorante
INGREDIENTES
MODO DE PREPARO
300 g de penne 100 g de bacalhau desfiado 50 g de azeitonas pretas 50 g de azeitonas verdes 2 tomates maduros 80 ml de azeite 80 ml de creme de leite fresco 1 cebola Sal e pimenta a gosto
Dessalgue o bacalhau, escorra, retire as espinhas, desmanche o peixe em lascas e reserve. Prepare o macarrão conforme instruções da embalagem. Aqueça o a-zeite e doure a cebola em uma frigideira, em fogo brando. Acrescente as lascas de bacalhau e refogue por cinco minutos. Adicione as azeitonas fatiadas e os tomates cortados em cubos e tempere com sal e pimenta a gosto. Junte o creme de leite fresco e misture bem. Escorra o macarrão e incorpore ao molho. Sirva em seguida.
Harmonização Penne com bacalhau
O Rio Sol tem cor límpida, com tons esverdeados e é extraordinariamente refrescante. O vinho apresenta pequenos toques de citrinos e aromas que lembram frutas de polpa branca, como pera, maçã e abacaxi. De boca, tem uma acidez equilibrada e persistente, com final longo, ótimo para harmonizar com pratos de peixe e frutos do mar.
Pingos nos is Engana-se quem pensa que bacalhau é tudo igual. A Vox Objetiva lista os principais tipos e as características do método de preparação de alguns peixes, que faz parte da tradição da páscoa nas mesas brasileiras. Cod Gadus Morhua: impressiona pela brancura e maciez da carne. Ela simplesmente desmancha em lascas. Ideal para assados ou como postas. Ling: carne macia e preço mais acessível. Por ser menos alto do que o cod, o
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SAPORI
ling é ideal para ser apreciado assado ou em receitas que usam lascas. Saithe: tem carne mais clara do que o cod e o ling. Além disso, tem o preço baixo como atrativo. Recomendado para saladas e bolinhos, dentre outras receitas. Zarbo: é o mais simples de todos. Ideal para receitas de bolinhos ou refogados. Gadus Macrocephallus: a carne é mais rígida e de sabor distinto do bacalhau verdadeiro. Pode ser usado em tortas, ensopados e até mesmo em bolinhos.
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FEMME
personalidade por trás da tesoura Visagismo propõe estudo de características pessoais para definição do corte ideal Tati Barros
a
necessidade de mudar o visual é característica das mulheres. E são incontáveis os motivos que as levam a fazer um makeover completo na imagem. No entanto, essa transformação pode ser muito mais complexa do que simplesmente levar uma fotografia da celebridade preferida como referência para um cabeleireiro de confiança. Diversos fatores contribuem para que a mudança combine com o estilo de vida e a personalidade da pessoa. Esta é a função do visagista, pro-
Paulo Afonso
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fissional responsável por fazer um estudo completo da identidade de uma pessoa e, a partir disso, identificar as técnicas mais indicadas para conseguir o resultado esperado. Variáveis entram em questão durante essa análise: as necessidades profissionais e pessoais do cliente, os gostos, a facilidade para manter o look escolhido. Segundo a hair stylist e visagista Vera de Oliveira, o visagismo é “a personalização do visual da mulher, fugindo assim da padronização tão vista ultimamen-
te, e indo além dos aspectos exclusivamente estéticos”, entende. Alguns aspectos devem ser observados com muita cautela. É o caso da geometria do rosto, os ângulos, o tamanho e o formato dos olhos, os lábios, o nariz, as sobrancelhas e o queixo. Dessa forma, o visagista pode identificar a melhor tonalidade e o corte mais indicado para os cabelos, criando um visual em que prevalece a harmonia. “O estudo do visagismo é fundamental para nós, hair stylists. Assim temos capacidade para direcionar o melhor para o
FEMME cliente, ainda que, muitas vezes, ele mesmo não saiba exatamente o que deseja ou necessita. É um trabalho em conjunto, baseado principalmente na troca de ideias e informações”, explica Vera. Além de todo o empenho dos profissionais para promover essas mudanças, é necessário que a pessoa esteja aberta às mudanças, por mais radicais que pareçam no primeiro momento. “Mudança nunca é fácil, especialmente para as mulheres brasileiras, que são muito conservadoras quando se trata do próprio visual. E para que o trabalho seja realizado, é fundamental que a pessoa esteja aberta para ouvir nossas propostas. Há casos em que o cliente, na verdade, não quer mudar. Aí não há o que possamos fazer”, pondera. A visagista Vera de Oliveira explica que é necessário estar aberto às mudanças propostas por quem entende do assunto
COMBINAÇÕES Descubra qual tipo de corte certo para o formato do seu rosto
ROSTO REDONDO
ROSTO QUADRADO
Esse formato pede cortes mais longos, pelo menos abaixo do queixo, para criar um efeito de alongamento. É recomendado também não abusar do volume dos fios. Um bom recurso é apostar nas franjas mais longas e cortes em assimétricos;
Esse formato é caracterizado pela testa e o queixo maiores. Para criar um visual harmonioso são indicados os cortes mais longos. Já as franjas retas devem ser evitadas, dando preferência para as mais longas, com camadas.
ROSTO OVAL
ROSTO TRIANGULAR
Por haver harmonia entre o queixo e a testa, esse formato de rosto aceita todos os estilos de corte. Quem tem o tipo oval pode ousar e apostar em diferentes visuais, lançando mão das novas tendências, sem medo.
Nesse tipo de rosto, a testa é larga e o queixo é mais fino. Para criar um equilíbrio, são indicados cortes que deem mais volume na altura do queixo. Além disso, os fios desfiados e assimétricos conferem equilíbrio e charme ao visual.
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PODIUM
De partida Salários milionários e contratos atrativos convencem jogadores brasileiros a deixar o país e encarar aventuras na Ásia Vinicius Grissi
É
verton Ribeiro, Éder Lima, Luca Fonseca, Júnior Urso, Renê Júnior, Ricardo Goulart, Montillo, Conca, Diego Tardelli, Elkeson, Barcos, Marcelo Moreno, Anselmo Ramón, além do técnico Cuca. Poderia ser a escalação de um time que vai disputar o Campeonato Brasileiro de 2015, mas esses são apenas alguns dos nomes que vão jogar a próxima edição da China Super League. A falta de dinheiro dos clubes brasileiros aliada ao crescente investimento no futebol asiático gerou uma combinação perigosa e tirou alguns dos principais jogadores do futebol brasileiro. Dentre eles, dois dos destaques de Atlético e Cruzeiro, campeões dos torneios nacionais em 2014. Diego Tardelli seguiu o caminho de Cuca. Vai defender o Shandong Luneng, onde vai receber em torno de um R$ 1 milhão por mês, livre de impostos. Já Ricardo Goulart, acertou transferência milionária para o Guangzhou Evergrande, atual campeão asiático. Só neste ano, oito jogadores brasileiros fizeram as malas para o futebol chinês, sem contar os estrangeiros
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Conca, Barcos e Marcelo Moreno. Além das cifras salariais, casas e carros com motoristas, intérpretes e passagens aéreas para familiares costumam estar no pacote das ofertas sedutoras. Em meio ao risco de “se esconder” em uma competição ainda sem transmissão para outros países, onde os gols minguam no Youtube, vem a realização financeira.
Por ela, Ricardo Goulart tomou a decisão de deixar o Brasil no auge da carreira e ainda aos 23 anos. “Futebol é muito rápido, e quando eles querem, eles podem. Foi uma
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negociação favorável tanto para o Cruzeiro quanto para mim. Tenho família por trás, que depende do meu esforço e trabalho”, revelou o Gordo, como é conhecido pelos amigos de infância. Goulart virou Rambo na sua apresentação ao Guangzhou. O sonho que parecia impossível de comprar uma Brasília nova para o pai, o ex-jogador e mecânico Vitor Gomes, agora está bem abaixo da realidade. Convocado por Dunga no fim do ano passado, Goulart não teme perder espaço na seleção atuando no futebol chinês. “Não perco a visibilidade. O mundo se comunica nos dias de hoje. Vou fazer de tudo para chamar atenção na China e ser o primeiro jogador que atua lá a ser convocado”, revela. O mesmo sonho é o de Diego Tardelli. Aos 29 anos, o ex-atleticano aceitou o desafio no exterior. Depois de passar por Betis (Espanha), PSV Eindhoven (Holanda), Anzhi
Makhachkala (Rússia) e AlGharafa (Catar), é hora de desbravar o futebol asiático. Titular da seleção desde a chegada de Dunga, Tardelli garante que se preocupou com o assunto antes de acertar a transferência. “Tive contato com alguém que me deixou mais tranquilo ainda. Deixei uma boa imagem e acho que o Dunga é muito coerente nisso, com relação aos jogadores que atuam fora do país. Eles me deixaram muito tranquilo, então vamos esperar o que vai dar. Não é uma porta que se fecha”, garantiu ainda antes de assinar o contrato de quatro anos com o Shandong Luneng. Mesmo com bons contratos ao longo dos últimos anos, o jogador já havia admitido publicamente a força da proposta chinesa. “É para mudar minha situação e a da minha família. Acredito que todos os jogadores queriam estar no meu lugar, neste momento. É uma proposta boa, irrecusável”, declarou.
Mas nem sempre as facilidades financeiras superam as dificuldades em um país de cultura totalmente diferente. O atacante Rafael Marques, por exemplo, voltou ao futebol brasileiro nesta temporada após passagem pelo Henan Jianye. Na chegada ao Palmeiras, revelou arrependimento. “Depois de chegar lá e ver como é a estrutura, um estilo de trabalho que não combina comigo, eu não pretendo voltar. Quem voltou da China sabe muito bem”, contou o jogador. Quem ainda está por lá também não esconde as dificuldades. “A adaptação na China é dura. Compensa pelo lado em que você está ajudando a evoluir o futebol. Fora isso, a vida é muito difícil”, admite o técnico Cuca, que deixou o Atlético após o Mundial de Clubes em 2013. O meia Montillo, que atuou pelo Cruzeiro, tem ainda outros problemas. “Tenho uma dificuldade grande com o meu filho maior que não tem escola e com o mais novo que tem Síndrome de Down e precisa de cuidados especiais que lá não tem”, contou em entrevista ao canal ESPN. E os investimentos do futebol chinês no Brasil não se resumem aos jogadores. No ano passado, Shandong Luneng de Cuca comprou um Centro de Treinamento no interior de São Paulo e em janeiro veio ao país para realizar amistosos e fazer pré-temporada. Na bagagem, além de jogos contra Palmeiras e Botafogo, levou o ex-atacante do Atlético. Como disse Ricardo Goulart, “quando eles (chineses) querem, eles podem”. E do futebol brasileiro, eles parecem querer cada vez mais.
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Negócio da China A decisão de deixar o futebol brasileiro para jogar em centros menos famosos nem sempre é simples. E cada vez mais, jogadores contam com ajuda profissional para saber se as propostas são mesmo valiosas. Marcelo Claudino é consultor financeiro e foi o responsável por fazer estudos para Ricardo Goulart e Éverton Ribeiro, que deixaram o Cruzeiro em janeiro. Em entrevista, ele conta à Vox Objetiva um pouco mais sobre o trabalho.
informações, como carga tributária, moeda local e imposto de renda sobre o salário que ele vai receber. Às vezes, o atleta acha que vai ganhar muito mais, mas pode ser surpreendido com a alíquota e acabar com a mesma coisa. Todos os aspectos relacionados com essa gestão dali por diante são tratados por nós. Cuidamos da ajuda na adaptação, do patrimônio e do investimento dos atletas para que eles continuem gerando riqueza e prosperem.
Como é feito o trabalho de consultoria para sugerir ou não a transferência de um jogador?
E quais as principais diferenças tributárias entre o Brasil e de mercados como a China?
A primeira parte é feita pelo empresário, responsável pela negociação. Após a proposta se tornar concreta, vamos munir o atleta com todas as
Cada região tem a sua peculiaridade. No caso dos Emirados Árabes, que funcionam como “um paraíso fiscal europeu”, o imposto de renda
Arquivo Pessoal
tem alíquota zero. Mas quando esse dinheiro entra no Brasil, dependendo de como ele entra, é tributado de acordo com as leis. Na China, o percentual de imposto de renda chega a 45%, mas existem estratégias, dentro do que a lei permite, e a opção de administrar uma parte desse recurso fora do país. Como funciona esse trabalho de consultoria financeira no Brasil? Há dez anos, eu enxerguei essa oportunidade. A partir de 2008, nós começamos com esse trabalho, inicialmente no vôlei. O grande problema para entrar no futebol, primeiramente, é conquistar a confiança. O atleta pode entender que a presença do especialista é prejudicial, mas muitas vezes a interferência familiar ou de um empresário sem especialização pode colocá-lo em problemas. É um caminho sem volta. Os atletas estão mais conscientes e informados. Eles sabem da importância de proteger aquilo que estão ganhando com tanto suor. Mesmo que muitos jogadores tenham ótimos salários, ouvimos muitos casos de dificuldade após o fim da carreira... Existem vários casos, alguns públicos. Isso acontece por dois motivos principais: primeiro porque ele mantém o padrão de vida que não condiz com a renda que ele não vai ter mais; segundo é que ele não se preparou para outra atividade. Isto também faz parte da nossa consultoria: fazer com que o atleta se prepare para uma atividade quando parar. Dois em cada três atletas entram
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Facebook/ Divulgação
em depressão quando se aposentam. Por isso, esse movimento novo vem sendo feito com atletas aposentados voltando a jogar. A China ainda deve tirar muitos jogadores do futebol brasileiro? É um movimento difícil de inverter. A China é uma das maiores economias do mundo, com muito dinheiro investido e muitos empresários
bilionários entrando no mercado do futebol. São cifras que não se comparam ao que um atleta pode ganhar no Brasil. Além disso, os times chineses veem a oportunidade de levar um atleta mais novo e tentar a revenda para o mercado europeu, obtendo lucro. E essas transações podem mesmo mudar financeiramente a vida de um jogador?
Marcelo Claudino (foto ao lado) prestou consultoria financeira nas transferências dos craques Ricardo Goulart e Éverton Ribeiro, do Cruzeiro, e Diego Tardelli, do Atlético, para o promissor mercado chinês
Sem dúvida. São valores que, dentro do tempo de contrato, se forem recebidos e bem geridos nos investimentos corretos, representam a independência do atleta sem sombra de dúvida.
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Leo Pinheiro
Supercamarotes $/A Espaços VIPs pagos pedem passagem e atravessam o samba das grandes cervejarias – Antártica e Devassa devem deixar o Carnaval carioca em 2016 Leo Pinheiro
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rnold Schwarzenegger, Jennifer Lopez, Madonna, Beyoncé, Rodrigo Santoro, Maradona, Neymar... Esqueça esses nomes e o glamour que rolava no mais famoso camarote da Marquês de Sapucaí. Ninguém assume publicamente, mas esse foi provavelmente o último ano do espaço VIP da Ambev no Sambódromo do Rio de Janeiro. Procurada pela Vox Objetiva, a assessoria de imprensa da cervejaria sequer respondeu aos e-mails e telefonemas para dar a versão oficial da empresa. Sabe-se, no entanto, que o ambiente ideali-
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zado pelo empresário paulistano José Vitor Oliva chegou à maior idade agonizante. Se nos áureos tempos o investimento na ação superava os R$ 10 milhões – em 2013 somente a estrela internacional Megan Fox recebeu o cachê de R$ 4,7 milhões para ser a musa do camarote da Brahma –, este ano o espaço que levava a chancela da Antártica economizou até no cafezinho. Literalmente! O farto café da manhã outrora oferecido aos convidados ao final dos desfiles minguou, assim
como o restante do bufê. Quem foi ao camarote esperando o tradicional jantar ficou a ver navios. Bebida, é claro, não faltou. Mas comida, que é bom, somente canapés. Os mimos também foram escassos. As sandálias Havaianas que eram presenteadas nos finais de noite para dar descanso aos pés das mulheres simplesmente desapareceram este ano. O estande da fabricante de calçados estava lá; os brindes não. Tudo no espaço era ligeiramente mais pobre do que em anos anteriores, inclusive o nú-
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mero e o quilate dos convidados. Já foi 1,6 mil; este ano, apenas mil convites foram distribuídos. Ainda assim, o Camarote BOA não seduziu estrelas hollywoodianas nem mesmo globais a permanecerem no local gratuitamente. Os convites, antes disputados a tapas, foram recusados em avalanche. Para não correr o risco de não ter nomes de primeira linha no camarote durante a folia momesca, a Ambev teria pago R$ 100 mil para Bruna Marquezine e R$ 50 mil para Sabrina Sato para que ambas marcassem presença no Sambódromo carioca.
da cervejaria – não conseguiu. Musa do camarote, Juliana Paes, há anos a personificação da BOA – mas que já foi Devassa – também parece não ter sido um bom investimento. Acompanhada de seu marido, o empresário Carlos Eduardo Baptista, a atriz chegou tarde e saiu cedo, não deu declarações polêmicas, não dançou até o chão nos shows promovidos no espaço, e, enfim, não ‘causou’ para o público e a mídia. Juliana não deu colher de chá ao contratante e sequer voltou para o desfile das campeãs – já que não tinha sido paga para isto. SAI DEVASSA, ENTRA SCHIN
Os problemas não pararam por aí. Os convidados da Ambev, pagos ou não, estavam mais rebeldes que em outros tempos. A ex de Neymar se recusou a posar para fotos na frente do backdrop (aquele painel com as marcas de patrocinadores) da Havaianas e do Zero-Cal, parceiros comerciais do Camarote BOA. Thiago Lacerda ficou mal-humorado com a camisa que deram a ele; era tamanho G, mas não deu no ator. Já Maitê Proença quis entrar no local sem usar a camiseta
Do outro lado da avenida, a concorrente Brasil Kirin também não teve vida fácil. Há alguns anos, a Devassa se recusava a pagar cachê para celebridades nacionais. Mas hoje se sujeita aos caprichos dos famosos que se propõem a pisar em seu camarote. A mesma Maitê Proença que, contrariada, vestiu a camisa da Antártica, bateu o pé e entrou no espaço Devassa sem o figurino da cervejaria. Viviane Araújo teria condicionado a pró-
Gabriel Santos / Riotur
pria ida à troca de 50 convites para amigos. Os executivos da empresa negaram o pedido. Então, a rainha de bateria mais antiga em atividade não foi. Embora a qualidade da comida e do atendimento do camarote continue impecável e a quantidade de artistas considerados top fosse bem maior do que na concorrência – praticamente o elenco inteiro de ‘Império’ estava lá – o vice-presidente de marketing da Devassa, Douglas Costa, respondeu à Vox Objetiva que não sabe se a empresa manterá o camarote no sambódromo do Rio no próximo Carnaval. “O Carnaval e o camarote são grandes impulsionadores da marca. A gente está entendendo este cenário e vai ter algumas novidades durante o ano. Estaremos oxigenando a marca Devassa em 2015, mas não há nada definido, muito menos se participaremos ou não do próximo carnaval”, revelou. Em meio às incertezas, os apaixonados pela identidade e pelo estilo Devassa de ser já podem se preparar para se despedir da marca carioca no sambódromo. No mercado correm informações de que a Brasil Kirin vai continuar com o camarote, mas deve trazer de volta para a Sapucaí a cerveja Schin. Tradicionalmente, a marca concentra suas ações no Carnaval de Salvador, onde lidera o mercado com folga sobre as bebidas da Ambev. Porém, como perde no Estado do Rio para a Antártica, Skol e Brahma, pensa em voltar à capital do samba em grande estilo. Se a estratégia não causar o impacto midiático e de mercado desejado, é provável que a Brasil Kirin insista apenas mais um ano com a marca Schin no Rio, como garantem especialistas. Assim sendo, para 2018, a fabricante apostaria
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diverti muito, e achei que ele tem a melhor vista para a Avenida. A gente tem a sensação de estar dentro do desfile. Por isto, aceitei o convite na hora”, declarou a musa, que fechou contrato de posto de destaque do Folia Tropical nos desfiles de domingo e segunda, mas voltou para o desfile das campeãs sem cobrar cachê.
Isabella Pinheiro/ Folia Tropical
Ano passado vim aqui com uns amigos e achei o camarote o mais animado da Sapucaí Tatá Werneck, atriz
em outra bebida popular do seu portfólio: a Cintra. Novos camarotes cortejam celebridades e anônimos O lugar no Sambódromo ocupado pela Cintra no passado, há três anos é do camarote Folia Tropical,
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administrado pelo Grupo Pacífica, que, na contramão dos camarotes de cervejarias, está em franca expansão. Enquanto Ambev e Brasil Kirin reduziram número de convidados e/ou de celebridades, o Folia Tropical ampliou a venda de ingressos em quase 10% em relação a 2014. Dentre os camarotes pagos, ele foi mais concorrido também pelas celebridades. Passaram pelo Folia Tropical os músicos Diogo Nogueira, Paulinho Moska, Maria Gadú, o fotógrafo internacional Mario Testino, a escritora e roteirista Thalita Rebouças, os atores Thiago Martins, Guilherme Fontes, Rita Guedes, Fabíula Nascimento, e os casais de artistas Marcos Veras e Júlia Rabello, Carol Castro e Raphael Sander e Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert. Já a atriz e apresentadora, Tatá Werneck, eleita ‘a mulher do ano de 2014’ por uma revista masculina, passou de cliente à musa do espaço no Carnaval 2015. “Ano passado vim aqui com uns amigos e achei o camarote o mais animado da Sapucaí. Eu me
Para quem não é celebridade, mas quis ver de perto os artistas, ser visto e ainda receber tratamento VIP, bastou pagar R$ 2.499. Por este valor, o cliente desfrutava de shows exclusivos nos intervalos dos desfiles, espaço zen, onde recebia massagens no corpo e nos pés; espaço-beleza para as mulheres (principalmente) capricharem nos penteados e maquiagem para curtir a folia. Os principais atrativos, porém, foram os serviços de bufê all inclusive e open bar, com bebidas premium como espumante Chandon, vodca Absolut, whisky Johnnie Walker, Amarula e Busca Vida. O diretor de marketing do Grupo Pacífica, Mickael Mendonça, explicou a receita do sucesso do Folia: “Este ano o Folia Tropical teve muitas conquistas, entre elas, o aumento do espaço, os inúmeros elogios dos serviços aos nossos clientes e a lotação máxima em todos os dias de Carnaval. Para o próximo ano, a expectativa não pode ser diferente: lotar o setor 10 da Sapucaí de gente bonita e de bem com a vida! E, claro, transformar o desfile das escolas de samba numa experiência única. Sem dúvida, nosso grande diferencial é ter um espaço democrático, onde clientes e celebridades possam se divertir. Com essa receita, a cada ano, a procura por ingressos aumenta. Por conta disso, disponibilizamos a venda on-line alguns meses antes do Carnaval”.
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Em seu primeiro ano na Avenida, o Camarote Rio não se preocupou em ter convidados famosos – nem promoter tinha – e fez questão de vender atendimento personalizado para os clientes. Com o slogan ‘A celebridade aqui é você’, cumpriu o que prometeu. A começar pelo ponto de encontro dentro de um shopping center, com todo conforto e segurança, onde os clientes foram recebidos das 10h à 0h para credenciamento, customização de camisas, open bar e traslado para a Sapucaí. Tudo estava incluído no valor de R$ 2,5 mil por pessoa. Dentro do Sambódromo, tudo era de primeira também e, assim, o espaço promete ser um dos mais concorridos em 2016. Depois de debutar no Carnaval Carioca do ano passado, o grupo Cabral Garcia voltou em 2015 com o Camarote Gente Fina. Como o nome sugere, o diferencial do espaço era a qualidade dos serviços, o requinte dos ambientes e conforto dos convidados – até os banheiros foram reformados para mimar o público, formado por empresários, políticos e diretores de multinacionais. Os ingressos saíram a R$ 2.750, por dia, para os dias de desfiles do Grupo Especial e para o sábado das Campeãs.
nuirmos o preço e baixar o nível do serviço. Não é isto que o nosso público anseia”, garante o empresário. O RSC orgulha-se de ter, todos os anos, um estande com o salão de beleza mais concorrido da Sapucaí, com profissionais responsáveis por maquiagens e penteados da maioria das rainhas de bateria e destaques das escolas de samba. O bufê – que serviu até comida japonesa – foi preparado pela renomada chef Monique Benoliel; a decoração, pelo carnavalesco Renato Lage e, para não fugir às origens, passistas de escolas de samba foram contratadas
especialmente para dançar com os convidados. De brinde, o cliente tinha a chance de fechar negócios com executivos da Coca-Cola, Souza Cruz, Nissan, Audi, Unimed que estavam no local. “Algumas dessas empresas que não têm mais camarotes próprios estão conosco. Há algum tempo, nós temos investido no nicho de marketing de relacionamento. Hoje 68% dos nossos clientes são pessoas jurídicas. No ano que vem, com a Olimpíada, esperamos aumentar o volume de negócios e recuperar nosso investimento”, projetou Mattos com otimismo carnavalesco.
Fernando Maia / Riotur
PASSARELA DE NEGÓCIOS
Felipe Pilotto e Isabella Pinheiro/ Folia Tropical
Contudo, nos quesitos luxo, sofisticação e bons negócios, nenhum camarote até hoje superou o Rio, Samba & Carnaval, que é organizado pelo empresário Maurício Mattos, seguramente o maior especialista em áreas VIPs do samba carioca. Voltado para o network entre corporações, o RSC comercializa cotas para empresas em seu espaço na Sapucaí — o convite individual custou R$ 8,8 mil, a noite. Pode parecer salgado, porém Mattos garante que o diferencial é o ‘padrão de qualidade RSC’. “ Não adiantaria nada dimi-
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Terra prometida Em busca de melhores índices de audiência, Record joga pesado com a primeira novela bíblica da teledramaturgia brasileira Wander Veroni Fotos de Michel Ângelo e Munir Chatack
s
er um divisor de águas no entretenimento da Rede Record: essa é a missão da nova novela da emissora, “Os Dez Mandamentos”. Com estreia prevista para o dia 23 de março, às 20h30, a história adaptada por Vivian de Oliveira e dirigida por Alexandre Avancini tem ares de superprodução. Com a nova novela, a Record pretende impulsionar a audiência da faixa de novelas da emissora que, nos últimos anos, tem amargado uma média bem inferior à das minisséries bíblicas. Dividido em quatro fases e com uma previsão inicial de 150 capítulos, o folhetim terá cerca de 70 atores principais em cena, mais de mil figurantes e externas gravadas em um trigal na cidade de Guarapuava, no Paraná, e nas ruínas de Pukará de Lasana, no deserto do Atacama, no Chile. Também foram feitas imagens no Mar Vermelho, Monte Sinai e Rio Nilo, no Egito, mas sem o elenco. Apesar de a Record não revelar os custos de produção da novela, nos bastidores estima-se que cada capítulo de “Os Dez Mandamentos” tenha custo aproximado de R$ 1,2 milhão – valor muito próximo ao da minissérie “José
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do Egito” (R$ 850 mil por capítulo) e de “Milagres de Jesus” (R$ 900 mil por capítulo), cuja primeira temporada teve a parceria da Academia Filmes. Disposta a retomar a vice-liderança em seu novo horário de novelas, a Record pretende sortear dez carros zero quilômetro nos primeiros capítulos de “Os Dez Mandamentos”. Para ganhar o automóvel, o telespectador sorteado precisa responder quantas vezes, ao longo do capítulo, uma vinheta especial foi exibida. Os interessados em participar da promoção devem se inscrever previamente e vai caber aos principais apresentadores da emissora a condução dos sorteios na TV. Autora das minisséries bíblicas “A História de Ester”, “Rei Davi” e “José do Egito”, a roteirista Vivian de Oliveira está bastante entusiasmada com o novo desafio na carreira. “Está sendo um grande prazer adaptar a história de Moisés. “Os Dez Mandamentos” trata da fundação de uma nação e de uma história que impactou a humanidade como um todo. No início, era para ser uma minissérie, mas depois vimos que a história tinha o potencial para render muitos capítulos. Foi quando decidimos que seria a primeira novela bíblica do mundo”, revela. Prestes a viver o seu primeiro protagonista na televisão, o ator Guilherme Winter não vê a hora de a novela “Os Dez Mandamentos” estrear. Ele conta que, para o processo de composição do personagem, leu livros, assistiu a filmes e participou de workshops com especialistas no assunto. “Estudando Moisés que fui descobrir com propriedade e compreender o homem que ele foi. O líder não só espiritual, mas político tem uma história
de vida trágica e bela: de escravo se torna príncipe e abdica de uma vida de luxo pra olhar para os menos favorecidos e lutar por eles”. SINOPSE A história da novela “Os Dez Mandamentos” começa na cidade de Pi-Ramsés, no Antigo Egito, aproximadamente em 1300 a.C. Lá, o faraó Seti (Zecarlos Machado), que odeia e despreza o povo hebreu, decreta a morte de todos os bebês israelitas do sexo masculino. Para desespero do povo escravizado, muitos bebês são jogados no rio.
Com orçamento farto, a novela “Os dez mandamentos” pode ser a mais cara da história da Record
Mas um deles é salvo por sua família, que o coloca num cesto de junco, no Rio Nilo. O cesto acompanha a correnteza e acaba indo parar nas mãos da princesa Henutmire (Mel Lisboa), que se apieda da criança e resolve ficar com ela. O menino é batizado de Moisés e é criado como um verdadeiro príncipe egípcio ao lado de seu tio-irmão, Ramsés, e da bela Nefertari (Camila Rodrigues), que
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‘Os dez mandamentos’ trata da fundação de uma nação e de uma história que impactou a humanidade...
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Vivian de Oliveira, autora
devidas proporções, podem ajudar o público a entender o processo de início do Cristianismo no Velho Testamento e, principalmente, trazer detalhes do Antigo Egito, de como eram os costumes hebreus, a alimentação, as vestimentas, por exemplo. Tudo isso pode ajudar no entendimento da fé”, analisa o teólogo e professor-doutor em Ciências da Religião da PUC-Minas, Carlos Frederico Barbosa de Souza.
despertará o amor dos dois, provocando muitos conflitos. Já adulto, Moisés (Guilherme Winter) se envolve com o sofrimento de seu povo e acaba se desentendendo com o faraó. Obrigado a fugir, ele vai para a terra de Midiã, onde se casa com a bela e rebelde Zípora (Gisele Itiê) e passa muitos anos trabalhando como pastor de ovelhas. Certo dia, no pastoreio do rebanho,
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Moisés recebe um chamado de Deus, que se revela a ele e o manda voltar ao Egito para libertar o povo hebreu da escravidão. Daí, começa toda a saga que envolve as famosas pragas do Egito e a abertura do Mar Vermelho. “Antes de qualquer coisa, é muito importante observar que existe um contexto histórico e social nas histórias bíblicas que, com as
O teólogo acredita que o maior desafio de uma novela bíblica seja não cair no fundamentalismo. “A saga de Moisés é uma narrativa que faz parte dos livros Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio, na Bíblia. Além disso, é uma história que é comum tanto para cristãos, quanto para os judeus e muçulmanos. A questão é que, dependendo de como tudo isso for conduzido, pode levar para uma visão fundamentalista e, com isso, filtrar o público, no sentido de que quem pensa diferente não assiste”, pondera.
ARTIGOS
Ruibran dos Reis
Meteorologia
Hoje faz chuva ou faz sol? A pergunta que intitula esse artigo é uma das que mais escuto desde que optei pela carreira de meteorologista. Trata-se de um questionamento bastante atemporal. Foi essa pergunta que motivou Aristóteles a tentar prever as condições do tempo em determinado horizonte temporal. Por volta de 340 a.C., o estudioso escreveu o livro “Meteorológica”. Na obra, ele indicou que seria possível fazer previsões tendo como referência a direção dos ventos. Até o fim do século XVI eram muito comuns as previsões feitas baseadas unicamente na observação. Com a invenção do termômetro, em 1593, e de outros instrumentos meteorológicos, os dados envolvendo o tempo passaram a ser quantitativos. O ato de coletar e arquivar essas informações permitiu que os meteorologistas fizessem comparações.
previsão quantitativa do tempo, com até 15 dias de antecedência e índice de acerto de mais de 90%. Portanto, é possível saber se vai fazer sol ou se vai chover em todas as regiões do Brasil com 15 dias de antecedência, bem como estimar o volume de chuva nesse horizonte temporal.
“Com o passar do tempo e o aperfeiçoamento de instrumentos e métodos, as projeções se tornaram precisas”
Com o desenvolvimento das leis físicas da natureza e tendo posse dos dados meteorológicos, o homem começou a fazer as primeiras previsões do deslocamento das tempestades a partir do século XIX. O grande salto da meteorologia, no entanto, só aconteceu em meados do século XX, com as pesquisas de campo e a utilização dos computadores para fazer as previsões do tempo. No Brasil há um supercomputador utilizado para elaborar previsões do tempo. A máquina chega a fazer mais de 700 trilhões de operações por segundo. Por meio de modelos físico-matemáticos é possível elaborar uma
O supercomputador também é utilizado para elaborar previsões climáticas com até três meses de antecedência, entretanto os modelos de simulação são diferentes.
As previsões do tempo foram introduzidas na meteorologia por meio de informações práticas. Com o passar do tempo e o aperfeiçoamento de instrumentos e métodos, as projeções se tornaram precisas. O alto índice de acerto na previsão do tempo é resultado de um grande investimento no desenvolvimento de softwares de visualização de informações. A confiabilidade desses levantamentos faz com que a população utilize os dados cotidianamente para reservar o guarda-chuvas na bolsa antes de sair ou decidir qual o momento oportuno para semear.
Ruibran dos Reis Diretor Regional do Climatempo e professor da PUC Minas ruibrandosreis@gmail.com
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KULTUR - CRÍTICA
Açúcar demais, pimenta de menos Aguardado filme “Cinquenta Tons de Cinza” desagrada aos fãs e à própria autora do romance erótico Haydêe Sant’Ana
a
versão cinematográfica do primeiro livro da trilogia “Cinquenta Tons de Cinza” decepcionou. Quem foi ao cinema achando que o filme poderia surpreender com cenas provocativas, como as de “O Último Tango em
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Paris” (1972), “Império dos Sentidos” (1976) ou “Azul é a Cor Mais Quente” (2013), voltou para casa com a sensação da falta de situações, talvez, mais apimentadas. A aura de erotismo retratada com engenhosidade pela autora do livro,
Erika Leonard James, não se repete na adaptação para o cinema. O longa é centrado em Anastasia Steele (Dakota Johnson), uma jovem desajustada, tímida e virgem, e Christian Grey (Jamie Dornan), um homem bonito, bilionário e poderoso. O choque entre esses dois mundos solta algumas fagulhas. Curiosamente, a moça sem graça desperta o interesse de Grey, tornando-se seu objeto de desejo. Até esse ponto, a história de Erika tem todos os elementos para um conto de amor tradicional. O que diferencia os rumos da história é a construção do personagem de Christian Grey que, aos poucos, vai se revelando um homem dominador, sádico e possessivo. O estrondoso sucesso que o livro alcançou em todo o mundo é fruto do mergulho pelo universo sadomasoquista do personagem masculino
da autora. As fantasias, os chicotes, as vendas e as cordas alimentam a imaginação dos leitores seduzidos pela loucura e o sadismo. Por sua vez, Anastasia representa o estereótipo de mocinha que espera um príncipe encantado. A produção da diretora Sam Taylor-Johnson desafiou a fórmula de sucesso do romance. No filme, Grey não é o tipo que se impõe tanto, e nas cenas entre o casal de protagonistas, Anastasia não parece tão entregue e vulnerável. Ela não cede de maneira completa às investidas do parceiro. A impressão que se tem é de uma deliberada inversão de papéis em que é ela quem tem o controle da situação. A atuação de Dornan é outro problema. O moço pode ser bonito, mas não convence. Pouco tempo após o lançamento do filme, correu por Hollywood e pelo
mundo a informação de que Dornan pudesse ser substituído no segundo filme. O motivo? Os ciúmes da mulher do galã, incomodada com o alvoroço que o marido causava por onde quer que passasse. O burburinho logo foi abafado. A dobradinha de Dornan com Dakota foi confirmada para o próximo filme. Insatisfeita com o roteiro do longa, a autora dos livros está reivindicando maior participação na construção do roteiro da sequência. Ao que tudo indica, as negociações entre Erika e o estúdio Universal devem atrasar as gravações. O lançamento do segundo filme está previsto para o final de 2016. Até lá, os fãs do bestseller vão ter que se contentar em digerir o primeiro longa da franquia, que está mais para cinquenta tons insossos de rosa.
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TERRA BRASILIS • AGENDA
Bastille e Foster the People
Roberto Carlos
O prestigiado Lollapalooza acontece em São Paulo, nos dias 28 e 29 de março. Quem não puder comparecer ao evento não tem muitos motivos para se queixar. Isso porque algumas atrações do festival chegam mais cedo ao Brasil para apresentações em algumas capitais do país. É o caso da banda de rock indie-inglesa Bastille e o conjunto de pop indie-americano Foster the People, conhecida pelo hit “Pumped up Kicks”. As bandas passam por Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte e Brasília. Por aqui, o show acontece no dia 25 de março, no Chevrollet Hall.
Entre os dias 19 e 28 de março, Roberto Carlos vai peregrinar por terras mineiras. As cidades de Governador Valadares, Ipatinga, Montes Claros, Divinópolis e, por fim, Belo Horizonte vão receber shows do rei da música brasileira. No setlist, sucessos consagrados, como “Emoções” e “Como é Grande o Meu Amor por Você” e músicas recentes que atingiram grande sucesso por meio de inserções em novelas globais, exemplo de “Esse Cara sou Eu”. As entradas têm preços variados. Vão de R$ 60 (arquibancada) a R$ 600 (camarote).
Chevrolet Hall 25 de março, às 21h30 R$ 180 (inteira primeiro lote) chevrolethallbh.com.br
Mineirinho 28 de março, às 21h Variados preços robertocarlos.com
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Feira de Gastronomia do Mercado Central Ele é um octogenário e está mais que inserido no cotidiano da capital mineira. O Mercado Central é um patrimônio da cidade. Nesse cenário cheio de história e sabores acontece mais uma edição da tradicional Feira de Gastronomia. O evento vai contar com a participação de diversos setores gastronômicos de Beagá, que vão oferecer pratos especiais nos estandes da feira. É uma oportunidade para passear por esse cartão-postal de Belo Horizonte e, o melhor: deliciar-se com as preciosidades da culinária mineira. Mercado Central 20 de março, às 13h Entrada gratuita mercadocentral.com.br
TERRA BRASILIS • AGENDA
Decole mais rápido. Conexão Aeroporto BH e Betim. Agora, pela pista rápida e exclusiva do MOVE.
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R$
Por trecho.
Meu passado me condena Após o maior sucesso de público em 2013 e 2014, a comédia stand-up “Meu passado me condena” volta aos palcos da capital mineira. A peça traz os personagens que marcaram a carreira de Fernanda Souza, como a Mili de “Chiquititas”, Mirna de “Alma Gêmea”, Carola de “O Profeta”, Isadora de “Toma Lá Dá Cá”, dentre outras. Num tipo de “confessionário”, a atriz relembra seus grandes sucessos. Cine Theatro Brasil Vallourec 21 e 22 de março Sábado, às 21h, e domingo, às 20h R$ 120 (inteira) cinetheatrobrasil.com.br
Intercâmbio e cursos Hotel Mercure 23 de março Entrada franca salaodoestudante.com.br
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Em março, Belo Horizonte recebe a maior feira de educação internacional da América Latina. O salão do estudante oferece ao visitante a oportunidade de conhecer instituições estrangeiras e se informar sobre cursos e intercâmbios no exterior. A feira traz opções de cursos desde o high-school até o doutorado, além de cursos de línguas, estágios e MBA.
Por trecho.
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3224 1002
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CRÔNICA
Joanita Gontijo
Comportamento
Machismo na fogueira! Foi nos anos 70 que o amor livre, o sexo sem compromisso e te aplica o golpe final: acusa a parceira de ser chata demais e a desobrigação da virgindade antes do altar abriram as portas compreensiva de menos. Com o jogo virado, acredite, a esposa para a igualdade de homens e mulheres nos relacionamentos. terminará a discussão pedindo desculpas a ele. Os sutiãs já estavam queimados, e a pílula anticoncepcional garantia a elas o direito ao prazer sem a consequência da proEscorregões podem acontecer com qualquer um e, então, criação. Esses fatos históricos deixaram ventos mais “uivantes” chega o dia em que ela perde o senso do limite e se esquece arejarem o consciente coletivo da sociedade. Para o homem, de voltar pra casa a tempo de dar boa noite ao marido. A reapoucas foram as novidades. Liberdade nunca lhes faltou e ção será parecida. Faltará complacência e sobrarão acusações. comer o tal fruto proibido jamais exigiu À esposa, também dessa vez, restará etiqueta à mesa. A eles sempre foi permio pedido de clemência, pelos séculos tido misturar sexo com qualquer ingredos séculos, amém. diente: amor, prazer, lealdade, infidelida“Na teoria da sociedade de, compromisso, distração. Na teoria da sociedade ocidental, ocidental, homens e homens e mulheres têm os mesmos Sem falsa hipocrisia, confessemos que direitos, mas quase nunca somos mulheres têm os mesmos nos tempos atuais, os representantes julgadas da mesma forma que eles. mais jurássicos do gênero humano ainda nossa heresia nos leva à direitos, mas quase nunca Enquanto avaliam o comportamento de homens fogueira, o erro deles vira piada de e mulheres de maneira muito desigual. somos julgadas da mesma boteco em dois tempos. Isso acontece Não falta quem diga: as cabras que se porque junto dos sutiãs, deveríamos segurem porque os bodes estão soltos. ter queimado também a nossa culpa: forma que eles” Deixando o mundo “animal” de lado e aquela fincada no DNA feminino. Por acreditando que até o mais desprezível causa dela, somos guerreiras capazes ser vivo possa evoluir, eu me concentro, de conquistar o mundo, mas tremea partir de agora, naqueles que, pelo memos diante do grito ou da queixa de nos no discurso, garantem às mulheres os mesmos direitos e alguém que amamos. É claro que há exceções entre homens as prerrogativas masculinas: os machistas politicamente cor- e mulheres, mas se você reconheceu por aqui algo que se enretos. caixa na sua vida, toma aqui minha caixinha de fósforos. Eu já acendi o meu! Eles são como lobos em pele de cordeiro. Liberalidade na rua, intransigência em casa. Eis uma cena típica: o marido sai com os amigos na noite de uma sexta. Seduzido pela cerveja gelada, ao invés de deixar o bar antes da meia-noite, o borJoanita Gontijo ralheiro se estende até alta madrugada pelos inferninhos da Jornalista e autora do livro “70 dias ao lado dela cidade. Ao chegar em casa, é recebido com um sapato de cris”joanitagontijo@yahoo.com.br tal na cabeça, dá muitas explicações e se nada for convincen50 | www.voxobjetiva.com.br
Lei Maria da Penha – um marco na história do Brasil Maria da Penha Maia Fernandes, cearense, biofarmacêutica, sofreu a primeira tentativa de assassinato em 1983, com um tiro nas costas, enquanto dormia. Ficou paraplégica. A segunda tentativa de assassinato ela sofreu alguns meses depois, quando foi empurrada de sua cadeira de rodas e quase eletrocutada no chuveiro. O autor das duas tentativas foi o professor universitário Marco Antonio Herredia Viveros, seu marido à época. Apesar da investigação policial ter começado em junho do mesmo ano, a denúncia só foi apresentada ao Ministério Público Estadual em setembro do ano seguinte e o primeiro julgamento só aconteceu 8 anos após os crimes. Em 1991, os advogados de Viveros conseguiram anular o julgamento. Já em 1996, Viveros foi julgado culpado e condenado a dez anos de reclusão, mas conseguiu recorrer em liberdade. Após 15 anos das tentativas de assassinato a Justiça brasileira ainda não havia dado decisão ao caso, nem justificativa para a demora. Com a ajuda de entidades civis, Maria da Penha conseguiu enviar o caso para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (OEA), que, pela primeira vez, acatou uma denúncia de violência doméstica. No processo a OEA também condenou o Brasil por negligência e omissão em relação à violência doméstica. Uma das punições foi a recomendação para que fosse criada uma legislação adequada a esse tipo de violência, dando origem, mais de vinte anos após os crimes, à Lei 11.340/2006 — Lei Maria da Penha.
Fazer da educação o nosso m a i o r o r g u l h o. É a s s i m q u e a g e n t e fa z a m e l h o r c a p i ta l d o B r a s i l . Com as UMEIs – Unidades Municipais de Educação Infantil – a Prefeitura de Belo Horizonte garante o melhor ensino infantil do Brasil e torna-se modelo para o mundo.
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