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Octante com Nónio “Dollond” (1804

Adquirido em 1804 para o ensino do curso matemático na Academia Real de Marinha e Comércio (instituição que antecede a Academia Politécnica do Porto), e posteriormente utilizado para o ensino da Astronomia daquela Academia, o octante com nónio ajudou a preparar muitos marinheiros para navegarem nas suas fragatas e navios. Conheça este importante instrumento náutico, que integra a coleção do Museu da Faculdade de Engenharia.

Texto: Helena Peixoto Fotografia: direitos reservados

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Diretamente da firma londrina “Dollond” para o Porto. Estamos em agosto de 1804 e assim começa a viagem do octante com nónio. Adquirido para o ensino do 3º ano de Matemática na Academia Real de Marinha e Comércio – uma carta expedida pela Junta de Administração da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto-Douro e dirigida aos agentes da Companhia em Londres assim o comprova – o instrumento de ensino chegou à Invicta apenas em 1805.

O nome octante deriva do latim octans, que significa ‘a oitava parte de um círculo’, termo que surge pela estrutura do objeto, que descreve um ângulo de 45 graus. Este instrumento permite medir o ângulo formado pelas direções de observação de dois objetos distantes, até a um valor máximo de 90º e era, por isso, vulgarmente utilizado para medir a altura do sol ou de uma estrela acima do horizonte, para determinação da latitude. O horizonte era observado diretamente através do instrumento, enquanto que a luz do astro (passando ou não através de filtros), sofria uma dupla reflexão antes de ser recebida pelo observador. Sendo um dos espelhos montado num índice que se move sobre uma escala circular, fazia-se coincidir as visadas dos dois objetos e lia-se, finalmente, o ângulo entre as duas direções.

O octante é, na verdade, uma versão aprimorada de um instrumento conhecido como quadrante de Davis que, por sua vez, tinha também evoluído da balestilha, instrumento vulgarizado pelos navegadores portugueses da Época dos Descobrimentos. O rosto por trás deste

Octante com nónio, fab. Dollond, London, 1804 Coleção do FEUPmuseu - núcleo DEC (Inv. 100002911) 42 x 33 x 10 cm

melhoramento foi o matemático John Hadley que, em 1731 – considerado o seu inventor – que conseguiu conceber um equipamento com metade do tamanho de um quadrante, mas sem perda de precisão ou de aumento de margem de erro na medição. Além disso, o instrumento melhorado por Hadley podia ser utilizado tanto de noite como de dia, permitindo apontar também para estrelas menos brilhantes.

Este instrumento tornou-se tão popular que acabou por ser mais utilizado do que o próprio sextante, equipamento desenvolvido mais tarde e com um uso limitado a ângulos não superiores a 90º. Feito de madeira (mogno ou ébano), com escala de buxo, marfim ou latão, em que uma luneta de observação era frequentemente substituída por uma peça com um orifício (pinhole), o octante foi o equipamento de medição náutica preferencial ao longo da segunda metade do séc. XVIII.

Por volta de 1770 surgiu o nónio adaptado à escala circular, que permitia medir ângulos com maior resolução, e, até 1780, apresentava genericamente o zero ao centro. Depois dessa data, o zero passaria a estar à direita – que é o caso do octante com nónio pertencente ao acervo do Museu da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).

Esta rubrica é uma viagem pelos objetos históricos da FEUP: destacar as peças emblemáticas e algumas coleções que à época permitiram validar conceitos e inovar a forma como se transmitiram conhecimentos.

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