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A futura engenheira que promete dar cartas nos Olímpicos de 2020

A futura engenheira que promete dar cartas nos Olímpicos de 2020 Texto: Sara Miguel Gonçalves Fotografia: direitos reservados

É uma das maiores promessas da natação em Portugal. Já participou em dezenas de provas nacionais e internacionais. Aos 25 anos, vai estrear-se na maior competição desportiva mundial: os Jogos Olímpicos. Paralelamente, Catarina é finalista do curso de Bioengenharia na FEUP e revela os sacrifícios que a alta competição obriga.

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Anatação entrou na vida de Ana Catarina Monteiro aos três anos de idade. Aos sete, a jovem iniciou o seu percurso na competição, ao dispor do Fluvial Vilacondense, o clube que a viu crescer e onde ainda hoje treina. Desde então, Catarina tem vindo a colecionar, no seu currículo desportivo, dezenas de títulos e medalhas: Campeonatos Nacionais, uma Medalha de Prata nos Jogos do Mediterrâneo, vários Opens Europeus (Bélgica, Espanha, França, Eslovénia) e finais em Campeonatos da Europa e do Mundo. Pela U.Porto, Catarina já perdeu a conta aos títulos conquistados, ‘Foram dezenas’, revela. Em 2012, venceu o galardão de Atleta Revelação do ano na Gala do Desporto da U.Porto e foi nomeada, no mesmo ano, para atleta do ano pela Federação Académica de Desporto Universitário (FADU).

O sonho de participar nos Jogos Olímpicos acompanha-a desde sempre e quase que foi possível em 2016, mas uma lesão no ombro impediu Catarina de correr atrás do sonho. Três anos depois, dia 4 de abril de 2019 – uma data que ficará para sempre gravada na memória da atleta – nos Campeonatos Nacionais de Natação, nas piscinas do Complexo Mário Mexia, em Coimbra, a nadadora do Clube Fluvial Vilacondense conquistou o passaporte para Tóquio 2020, no Japão, com a marca de 2.08,40 nos 200 mariposa, especialidade em que é recordista nacional. “Quando bati na parede, olhei para o cronómetro e vi que tinha atingido o objetivo e ouvi toda a bancada… Parece que uma enorme quantidade de flashes passou pela minha cabeça…”, recorda a nadadora.

Catarina atravessa agora a melhor fase da sua carreira enquanto atleta, mas não esconde as dificuldades que teve de enfrentar até chegar aqui. “O caminho foi duro, cada um tem o seu, tem os seus obstáculos, as suas barreiras, mas também tem os seus trunfos, as suas mais-valias… O meu trunfo foi nunca ter deixado de sonhar, ainda que muitas vezes fosse difícil acreditar…”, revela a recordista nacional.

Apesar das exigências inerentes à alta competição, os estudos mantiveram-se sempre como parte integrante da sua vida. Natural de Vila do Conde, desde cedo demonstrou interesse pelas áreas de Biologia e investigação. A descoberta das Engenharias aconteceu em 2011, quando chegou à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto para frequentar o curso de Bioengenharia, iniciativa conjunta com o ICBAS (Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar). “Sempre fui fã de Biologia e investigação, na altura não tinha uma ideia bem definida e, então, optei por BioEngenharia, pela abrangência que o curso me poderia dar”, recorda a atleta.

A frequentar o 5º ano de Bioengenharia na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Catarina encara a conciliação da carreira desportiva com a profissional como uma questão de organização. Contudo, devido à intensidade da carga horária e dos treinos, decidiu concentrar-se na prática desportiva, sem descurar do curso, que frequenta em tempo parcial. “Estabeleço prioridades para cada momento, nos últimos anos o meu foco é a natação... O meu futuro na natação é mais imediato, depois dos trinta e poucos anos acaba, portanto é agora que tenho de apostar tudo”.

Na correria entre os treinos e as aulas, é na família que a jovem encontra apoio e motivação, ‘Tenho a sorte de ter ao meu lado pessoas especiais, que nunca me deixaram desistir de lutar e tornar este sonho um bocadinho seu também’, confessa.

Para o futuro, a nadadora espera terminar o curso para prosseguir, mais tarde, a área da investigação que considera mais próxima do seu desporto de eleição e que lhe permitirá um futuro sempre ligado ao desporto em geral. “Gostava muito de usar as bases que ganhei para me direcionar para a investigação no sentido de melhoria da performance em atletas de alto rendimento”, confessa.

Agora, a viver o sonho de qualquer a atleta, a futura nadadora olímpica promete dar o seu melhor naquela que é a maior competição desportiva mundial. “Eu quis muito este momento, lutei muito por ele, agora quero vivê-lo ao máximo e certificar- -me que dei o melhor de mim até ao final!”, afirma a nadadora. MUITO + QUE ENGENHARIA

Com uma agenda muito preenchida, a vida pessoal acaba, muitas das vezes, relegada para segundo plano, restando pouco tempo para se dedicar a atividades de lazer. “Gosto de ir ao cinema, passear com o meu namorado, estar numa esplanada com amigos… Mas a maior parte dos meus tempos livres é passada a dormir.”, admite.

“Bater o meu melhor tempo: o recorde nacional” é o objetivo de Catarina para Tóquio 2020. Apesar de consciente do grau de exigência da competição, a atleta mostra-se confiante, “Estou certa de que poderei lutar por uma meia final, e quem sabe por uma final”.

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