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pérolas da reposição

JUlHo de 2015 / edição 106

POR UM SETOR MAIS UNIDO Há quase 50 anos no mercado de reposição, Pedro Molina conta a sua história como um profissional atuante que luta pelo respeito à cadeia Por: Karin Fuchs | Fotos: Divulgação

A

Novas dependências da Car Central. No detalhe, a antiga Matriz

história de Pedro Molina no segmento de autopeças começou “por acaso”, como ele próprio diz. Diretor da Car Central e defensor da união do setor, causa que ele abraçou durante os seus dois mandatos à frente da Andap (Associação Nacional dos Distribuidores de Autopeças), entre 1999 e 2003, a sua experiência na área contábil e fiscal o levou ao mercado de reposição. “Em 1969, meu cunhado e um amigo atuavam em uma empresa de autopeças que não ia muito bem. Eles tinham uma carteira de clientes e decidiram fazer uma operação por conta própria. Como eram vendedores, eles me chamaram para organizá-la e eu aceitei. Assim, nasceu a Roles, como uma pequena distribuidora, e eu, efetivamente, participei do negócio a partir de 1972”, recorda-se Molina, que é sócio da empresa. Ele conta que naquela época, apesar da frota pequena, havia demanda e falta de peças. “Ao mesmo tempo em que o mercado era favorável, havia menos competidores, mas faltavam muitas peças. Nós nos especializamos em rolamento que, antigamente, era um produto mais raro, mais técnico, e isso nos ajudou muito a sermos diferenciados dos generalistas”, afirma. Diferenciação que se dá até os dias atuais. “Nós sempre buscamos trabalhar de uma maneira diferenciada, com um portfólio menor de marcas. Focamos em algumas partes do veículo, até porque hoje existe uma quantidade enorme de marcas e modelos, o que dificulta logisticamente para atender todas as filiais”, revela. Ao longo dos anos, a empresa cresceu e superou desafios, principalmente com os mirabolantes planos econômicos antes do Plano Real. “Foram épocas boas e ruins para a indústria automobilística e atravessamos todos estes momentos de crises e de alta inflação. O setor de reposição é bem beneficiado. Nos momentos ruins não é tão ruim e, quando o movimento é bom, é muito bom para o aftermarket”, avalia. Atualmente, a Car Central conta com 16 filiais no País, gera mais de 800 empregos diretos e tem um portfólio que abrange cerca de 10 mil itens, principalmente focado em suspensão, motor, transmissão e freios. “Começou como Roles e hoje é Car Central, mãe da Roles (segmento leve) e da RPR (segmento duas rodas), que não são mais duas empresas, mas duas marcas”, especifica Molina.

vendas para as oficinas. “Principalmente quando começaram a surgir os centros automotivos, modelo que não existia há 30 anos, o que conturbou bastante o mercado. Também surgiram as redes de compras, redes de autopeças como a Âncora e, agora, a Autozone, uma rede multinacional. O segmento é muito dinâmico, então, o que conversamos hoje pode ser que daqui a dois anos seja totalmente diferente”, explica. Outra mudança que Molina comenta refere-se à regionalização por parte dos distribuidores. “Antigamente, grande parte estava em São Paulo e, em um processo para ficarem mais próximos aos seus clientes, passaram a abrir filiais, o que se intensificou com a substituição tributária e conturbou bastante a distribuição, pois além do estoque físico, tem o estoque de imposto e as margens não remuneram todo o investimento. E, cada vez mais, o varejo usa o nosso estoque, até porque ele não tem espaço físico”, afirma. Realidade que em suas palavras se traduz em readequação. “Não há como fugir desta realidade. Todos precisam se readequar e as empresas menores têm um grau de dificuldade maior. O que temos visto é um processo de consolidação, o que é natural em todos os setores, como aconteceu com as farmácias, por exemplo. E há os grupos que formam redes, mas são empresas individuais, como a Âncora e grupos de compras. Isso acirra a competitividade dos distribuidores e acirra as margens”, analisa. Segundo ele, são mudanças que fazem com que a distribuição não consiga ter um bom resultado como no passado. “Por isso, é preciso ter uma empresa muito bem administrada e muito enxuta para conseguir sobreviver e remunerar o capital do acionista”, pontua.

Visão do setor À frente da Andap, como vice-presidente e presidente, Molina conta que um dos motes foi tentar reorganizar o setor por mais união. “O que melhorou um pouco, quando trouxemos os fabricantes para fazerem parte do grupo para tentarmos realmente melhorar o sistema da distribuição. Antigamente, havia respeito maior na cadeia. Mas o mundo mudou e o que funcionava no passado não funcionará para sempre”, enfatiza. Uma das mudanças apontadas por Molina foi quando começaram a proliferar as fábricas de autopeças no País, a venda direta para lojistas e, por parte dos distribuidores,

Desordem na cadeia Questionado sobre o futuro do mercado de reposição, Molina conta que mais mudanças estão por vir. “A começar que as fábricas começaram a mudar de alguns anos para cá. Além Pedro Molina, diretor da Car Central


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de fabricarem, também passaram a embalar e usar as suas marcas. Isso mexeu com o segmento como um todo. Antigamente, cada fábrica tinha o seu produto e vendia para o distribuidor. A partir do momento que começou a embalar, criou uma competitividade com outra fábrica que produzia e a importação também facilitou muito isso”, informa. Como resultado, diz ele: “hoje tem fábricas que não sei se interpreto como fornecedor ou como concorrente. É muito complicado. Se tornou moda diversas fábricas, por terem uma marca muito forte, apelaram por aumentar o portfólio de produtos. Isso criou um desarranjo na cadeia”, enfatiza. Consequentemente, Molina avalia que para se Convenção de Vendas com a presença de fornecedores no final de 2014

Filial Campo Grande (MS)

manterem competitivos os distribuidores passaram a buscar alternativas. “Como nós, por exemplo, que temos na marca própria Autho Mix uma saída para termos um pouco mais de rentabilidade. Trabalhamos nelas para crescermos. Respeitamos os fabricantes, mas não

temos compromisso com os que embalam. Crescemos devagar, ainda não partimos para os itens de maior giro até porque a gente não tem estrutura bem formada para poder dar suporte e garantia, então temos que crescer devagar”, comenta. Para finalizar, Molina fala sobre a aquisição da totalidade das ações da distribuidora Pellegrino, pertencente à Affinia, por parte do Grupo Comolatti, e da compra da Affinia pela Autopartners Participações, ambas aquisições em fase de aprovação pelo CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). “O que é um fato novo, uma mudança de cultura no setor e talvez um pouco de reposicionamento do segmento de distribuição com uma marca forte por trás. Vejo isso como positivo para o mercado”, conclui.


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