5 SETORJUVENTUDE
BELÉM, DE 13 A 19 DE MARÇO DE 2020
DOM ANTÔNIO DE ASSIS RIBEIRO Bispo Auxiliar de Belém (domantoniodeassis@arqbelem.org)
MUNDO JUVENIL E A FÉ CRISTÃ INTRODUÇÃO
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o texto anterior refletimos sobre a importância da experiência da oração na vida conjugal. A oração é de fundamental importância porque a família é também o lugar de problemas e sofrimentos. A oração nos fortalece e anima. Temos muitas alegrias em família, mas também nela se fazem presentes a dor e o sofrimento provenientes de muitas causas. Uma vez que a fragilidade faz parte da condição humana, então naturalmente a mesma realidade envolve a família por inteiro. A família é composta por pessoas! Não é uma ideia, é uma
Desafiados pela fé, o sofrimento na família é uma oportunidade para se manifestar a solidariedade realidade humana; uma teia de relações sutis. É dentro dessa moldura existencial que emergem as mais variadas situações de sofrimento, às vezes, passageiros e outras, permanentes para a família. Nessa realidade encontramos diversas situações. Há famílias que no sofrimento se decompõem, se fragmentam, vão ao caos! Outras, porém, na mesma experiência dramática, se unem, se fortalecem e se superam. Muitos casais, no sofrimento amam-se ainda mais, outros entram em conflito, se acusam, se agridem, se separam. Uma coisa é certa: o sofrimento prova a consistência das relações humanas entre amigos, casais e grupos.
MATRIMÔNIO E FAMÍLIA: o desafio das provações e do sofrimento (parte 19) 1
Família e sofrimento O sofrimento faz parte da vida da família, porque onde há vivência do amor, também ali se faz presente a cruz. A vida saudável nesta terra não é possível onde só reina o prazer. Essa perspectiva da íntima relação entre amor e sofrimento faz parte do mistério do ser humano e foi bem presente na vida de Jesus Cristo, aquele que viveu neste mundo só fazendo o bem e curando a todos (cf. At 10,38). Ele foi o que mais sofreu! O sofrimento também é previsto desde o começo da vida matrimonial quando os noivos se prometem amor um ao outro em todas as circunstâncias. Na exortação apostólica a “Alegria do amor”, o Papa Francisco afirma: “alegria matrimonial, que se pode viver mesmo no meio do sofrimento, implica aceitar que o matrimônio é uma combinação necessária de alegrias e fadigas, de tensões e repouso, de sofrimentos e libertações, de satisfações e buscas, de aborrecimentos e prazeres, sempre no caminho da amizade que impele os esposos a cuidarem um do outro” (AL,125). A realidade do mal e do sofrimento, que se manifesta de tantas formas, dilacera a vida da família, desafia a sua serenidade, a solidez dos seus princípios, a firmeza da sua constituição e a qualidade da comunhão (cf. AL,19). Certa vez alguém me dizia: “quanta provação tenho passado com a minha família! Quanto peso e dores! Parece que as coisas estão desabando”. Quantos de nós já não
sentiram a mesma coisa! Mas nesse depoimento há duas questões importantes: passamos por provações e no sofrimento tudo parece desabar. Essa pessoa não só manifestava o que sentia, mas também revelava que acolhia os problemas pelos quais passava como “provação”. Isso é muito positivo! Quando encaramos o sofrimento como provação significa que somos alimentados pela fé que nos estimula a dar um sentido para aquilo que padecemos.
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O sofrimento da família na Bíblia A família na Bíblia não está isenta de fragilidades, de dramas, pecados, conflitos, divisões. Muito pelo contrário, encontramos nas narrações sagradas muitos dramas familiares. Tudo começa com o primeiro casal, Adão e Eva, onde aparecem o engano, o erro, a acusação, a fuga da responsabilidade, a vergonha. Entre seus filhos o drama foi maior: Caim matou seu irmão Abel por inveja! (cf. Gn 4,1-8). Mas as intrigas e sofrimentos familiares não param por aí. Encontramos conflitos na família de Abraão, Isaac e Jacó; seu filho José, o fruto da sua velhice, foi alvo da rejeição dos seus irmãos, acabou sendo jogado num poço por eles e depois vendido como escravo para madianitas a caminho do Egito (cf. Gn 37). O sofrimento também se fez presente na família de Tobit; homem bom, mas foi preso pelos Assírios, levado prisioneiro para Nínive, perdeu todos os seus bens, foi distanciado dos parentes e só ficou com sua
esposa Ana e seu filho Tobias (cf. Tb 1,10-20). Encontramos também do casal Elcana e sua mulher Ana; ela era estéril, sentia-se rejeitada e humilhada, mas desabafava com Deus em oração. Suas preces foram atendidas e dela nasceu o grande juiz e profeta Samuel (cf. 1Sm 1,1-21). Não poderíamos deixar de citar o comovente sofrimento, por motivos religiosos, de uma fiel família judia; mãe e filhos são torturados, mas perseveraram na fé até a morte (cf. 2Mac 7,1-41). Jó doente, sofrendo solidão, via seus parentes distantes de si a ponto de se sentir um estranho em casa e até sua mulher sentia repugnância dele (cf. Jó 19,13-17). Nessas famílias encontramos muitos males: conflito, inveja, rejeição, disputa, exclusão, trapaça, traição, desprezo, morte! O bem e o mal estão nas famílias!
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Jesus liberta as famílias Nos evangelhos Jesus aparece profundamente sensível diante do sofrimento das famílias. Aliás, desde criança ele e seus pais passaram por um forte drama, sendo perseguido e ameaçado de morte. Ao longo de sua vida visitou doentes em suas casas, libertou pessoas causadoras de grande sofrimento para suas famílias, ressuscitou mortos, consolou pais e mães (cf. Mc 5; Jo 11,1-44; Lc 7,11-15). Ainda hoje Jesus quer estar perto e dentro das famílias! Mas a presença invisível de Jesus só pode ser acolhida através da fé! É daí que vem à tona a importância da vida espiritual dos ca-
sais e de todos os membros da família. A grande verdade é que o sofrimento faz parte da condição humana, mas nela está presente o mistério divino que, com sua força, tudo sustenta e transforma! Somente através da fé é possível colhermos o sentido mais profundo do sofrimento e da morte. A fé nos possibilita ler e interpretar aquilo que com os olhos da razão não conseguimos. A fé nos infunde serenidade e esperança, pois “tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8,28). Na perspectiva da fé nada é estéril.
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Somos atribulados, mas não vencidos Porque somos seus filhos, Deus nunca nos abandona; está sempre presente em todas as circunstâncias da nossa existência, mesmo quando não o sentimos. Deus, que conhece a nossa fragilidade (porque somos suas criaturas e filhos), também nos envia o seu Espírito para socorrernos em nossa fraqueza (cf. Rm 8,26; Hb 2,18). Então, a qualidade da gestão do sofrimento depende da nossa vida espiritual. Sim, a fé nos fortalece e faz toda a diferença em nossa vida. Eis o que afirma São Paulo: “somos atribulados por todos os lados, mas não desanimamos; somos postos em extrema dificuldade, mas não somos vencidos por nenhum obstáculo; somos perseguidos, mas não abandonados; prostrados por terra, mas não aniquilados” (2Cor 4,8-9). A experiência de fé nos
estimula a permanecer na certeza de que Deus nunca nos abandona e somos respeitados em nossa condição: “Deus é fiel e não permitirá que sejam tentados acima das forças que vocês têm. Mas, junto com a tentação, ele dará a vocês os meios de sair dela e a força para suportála” (1Cor 10,13). Desafiados pela fé, o sofrimento na família é uma oportunidade para se manifestar a solidariedade, reforçar a união, estimular a convergência de intenções, lutar pela superação dos conflitos, fortalecer o carinho fraterno e a esperança! PARA REFLEXÃO PESSOAL: Você concorda que o sofrimento é uma provação? Por que as famílias reagem de modo diferente diante do sofrimento? Por que amor e sofrimento caminham juntos?
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A oração nos fortalece e anima
Ainda hoje Jesus quer estar perto e dentro das famílias! Mas a presença invisível de Jesus só pode ser acolhida através da fé
Domingo, dia 15, a JORNADA VOCACIONAL A Arquidiocese de Belém realiza dia 15 a 10ª Jornada Vocacional, junto com o Serviço de Animação Vocacional (SAV) com o tema “Chamados e enviados” e o lema “Mostra-me, Senhor, os teus caminhos. (Sl 25,4). Especial para os jovens, o evento será das 8h às 17h, no Centro de Formação e Cultura (CCFC), com apresentações artís-
ticas, sorteio de brindes, louvor, palestras, adoração ao Santíssimo Sacramento e Missa, presidida pelo Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa. A Jornada Vocacional quer promover o discernimento vocacional, diz o coordenador do SAV, padre Paulo Oliveira: “É para ajudar os jovens a discernir a sua vocação, não só quem
vai ser padre ou religioso. Todos os jovens são chamados a esse discernimento, também no Matrimônio, na vida leiga consagrada”. Padre Paulo explica que o tema da jornada reforça junto ao jovem a escuta da voz do Senhor: “Lembramos que precisamos ouvir o chamado de Deus e saber que Ele também nos envia em missão para fazer levar o seu amor ao próximo”.
Organizada para os jovens, a Jornada, entretanto, é aberta ao público, sem limite de idade para participantes. Informações: redes sociais do SAV no facebook e instagram. O Centro de Cultura (CCFC) fica no complexo do Seminário São Pio X, na rodovia BR 316, km 6, em Águas Lindas, Ananindeua. Convide seus amigos e a família. Participe!