Revista Forum Democratico

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Pubblicazione dell’Associazione per l’Interscambio Culturale Italia Brasile Anita e Giuseppe Garibaldi • Nº 113-114 Ano XIII - Janeiro/Fevereiro 12 - R$ 10,00 PODE SER ABERTO PELA ECT

E M A I S : : H I S T Ó R I A I TA L I A N A • T U R I S M O • F O T O G R A F I A • A R T E S P L Á S T I C A S


O INCA-CGIL tutela gratuitamente os trabalhadores e aposentados italianos e brasileiros e suas famílias. RIO DE JANEIRO Av. Rio Branco, 257 sala 1414 20040-009 - Rio de Janeiro - RJ Telefax: 0xx-21-2262-2934 e 2544-4110

INCA INCA CGIL

SÃO PAULO (Coordenação) Rua Dr. Alfredo Elis, 68 01322-050 - São Paulo - SP Telefax: 0xx-11-2289-1820 e 3171-0236 Rua Itapura,300 cj. 608 03.310-000 - São Paulo- SP

“Patronato” da maior Confederação Sindical Italiana, a CGIL

PORTO ALEGRE Rua dos Andradas. 1234 cj. 2309 90020-100 - Porto Alegre - RS Telefax: 0xx-51-3228-0394 e 3224-1718 BELO HORIZONTE Rua Curitiba, 705 - 7º andar 30170-120 - Belo Horizonte - MG Telefax: 0xx-31 3272-9910

http:\\www.incabrasil.org.br

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J a n e i r o / F e v e r e i r o

agenda cultural

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às compras

05 Os melhores eventos culturais do momento.

15 Dicas e sugestões imperdíveis.

06

18

editorial

06 “Um novo mundo é possível”. As dúvidas são muitas.

encarte

18 “Bianca como il latte rossa como il sangue”, di Alessandro D’Avenia.

Andrea Lanzi

08

comunità

08 Congiuntura Brasile. 08 Accordo Sanitario tra Italia e Brasile. 09 Congiuntura Italia. 09 Rio de Janeiro: Mostra Modigliani. 09 Brasile: Comites, crisi e nuova elezione. 10 Rio de Janeiro: BRASITALIA - 2aMostra de Arte e Produtos ítalo brasileiros. 10 Nuovo schema di distribuzione rivista Forum Democratico.

11

gastronomia

11 Linguini Porto Cervo com camarão VM, receita do chef Gennaro Cannone.

12

turismo

12 Petrópolis, linda e imperial, cada vez mais atraente. Marisa Oliveira

14

22

Italia

Storia italiana 22 2007, liberamente tratto dal libro “Patria 1978- 2008” di Enrico Deaglio, Casa editrice Il Saggiatore.

30

entrevista

30 Tubarão Manso: Clodoaldo Silva, o esportista que mais subiu no pódio pelo Brasil. Danielle Lima

34

Italia

Emigrazione 34 Gennaro Cannone: “Aqui não me sinto um estrangeiro”. Marisa Oliveira

36

cultura

Artes Plásticas 36 Leo Ayres: amor, relacionamentos, ausência, transitoriedade. Fotografia

cultura

38 Anita Soares: formas e tons da natureza.

Literatura 14 “Portugal e a revolução global”, de Martin Page e “Para seguir minha jornada”, de Regina Zappa.

Reflexão 40 Cadelas céleres de raiva 2 ou o rock errou. Luis Maffei

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www.forumdemocratico.org.br

NOSSA CAPA


expediente

La rivista Forum Democratico è una pubblicazione dell’Associazione per l’interscambio culturale Italia Brasile Anita e Giuseppe Garibaldi. Comitato di redazione Giorgio Veneziani, Andrea Lanzi, Arduino Monti, Mauro Attilio Mellone, Lorenzo Zanetti (em memória). Direttore di redazione Andrea Lanzi Giornalista Responsabile Luiz Antonio Correia de Carvalho (MTb 18977) Redazione Avenida Rio Branco, 257/1414 20040-009 - Rio de Janeiro - RJ forum@forumdemocratico.org.br Pubblicità e abbonamenti Telefax (0055-21) 2262-2934 Revisione di testo (portoghese) Marcelo Gargaglione Lopes, Clara Salvador. Hanno collaborato: Cristiana Cocco, Marisa Oliveira, Danielle Lima Logotipo: concesso da Núcleo Cultura Ítalo Brasileira Valença Stampa: Gráfica Opção Copertina e Impaginazione: Ana Maria Moura A Mão Livre Design Gráfico

Dados internacionais de catalogação na fonte (CIP) Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

Nota do Editor Começando o ano.

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012 promete. As eleições municipais em outubro já começam a movimentar os partidos e seus candidatos e há toda essa especulação se a cidade do Rio de Janeiro vai conseguir se preparar para receber os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo de Futebol. Preocupações nacionais e regionais sobre o ano que começa... Mas vamos à nossa edição: falando em esportes, a Forum Democratico traz a entrevista com o campeão brasileiro paralímpico Clodoaldo Silva, o Clodô, também conhecido como Tubarão Paralímpico – uma bela e interessante história contada em entrevista (Entrevista Brasil). No âmbito das preocupações internacionais, em janeiro, o Forum de Davos surpreendeu levantando questões essenciais em relação ao modelo econômico, parecendo preocupado, (mas será verdade?) entre outras coisas, em minimizar a fome do planeta Terra e com a perspectiva de ausência de vagas de trabalho em todos os países (Editorial) nos próximos dez anos. Até abril, duas belas exposições para o público carioca: Tarsila do Amaral – Percurso Afetivo e ainda no rol dos eventos Momento Itália-Brasil, Modigliani: Imagens de uma vida. Não dá pra perdê-las (Agenda Cultural). A linda e imperial Petrópolis (RJ), sem abdicar de suas atrações “sangue azul”, como o Museu Imperial, o Palácio de Cristal, o Palácio Rio Negro, oferece novos passeios: o Museu de Cera de Petrópolis e uma visitação ao complexo industrial de fabricação de cerveja do Grupo Petrópolis, com direito à degustação (Turismo). Nas seções Gastronomia e Emigração, o mesmo personagem: o napolitano Gennaro Cannone, o chef da rede Alessandro & Frederico, apaixonado pelo Brasil e pelas mulheres brasileiras. Como dicas de leitura, obras distintas e peculiares. Portugal e a revolução global, de Martin Page, que nos abre um mundo sobre o país tão próximo de nós, brasileiros, e ao mesmo tempo tão desconhecido. Para arrematar a dica e bem iniciar o ano, Para seguir minha jornada, de Regina Zappa, é um presente e tanto para os fãs de Chico Buarque, “com direito às principais transformações socioculturais pelas quais o Brasil passou nas últimas décadas”; na obra o compositor, como fio condutor. Boa leitura!

Carta do leitor

- Forum Democratico/ Associazione per l’insterscambio culturale italo-brasiliano Anita e Giuseppe Garibaldi - No.0 (mar.

“Para quem se interessa pela Itália, é antenado, gosta de participar e vem acompanhando o Momento Itália-Brasil, destaco dois momentos do evento Brasitália: a Orquestra Tocante e Nelson e suas mulheres. Apresentações de peso.”

1999) - Rio de Janeiro: A Associazione, 1999 - v. Mensal. - Texto em português e italiano - ISSN 1516-8123 I. Política - Itália - Brasil - Periódicos. 2. Difusão cultural - Itália - Brasil - Periódicos. I. Associazione per l’interscambio culturale italo-brasiliano,

Marcos André, por email, fevereiro de 2012.

Anita e Giuseppe Garibaldi. CDU 32:316.7(450 + 81)(05)

Violinos da Orquestra Tocante

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agenda cultural

CURSO A música no cinema: um passeio pelas trilhas de oito cineastas

EXPOSIÇÕES

Ministrado por Marcelo Janot, o curso analisará a estética da obra de mestres do cinema mundial, como Stanley Kubrick, David Lynch, Alfred Hitchcock, Bernardo Bertolucci, Quentin Tarantino, Sergio Leone, Steven Spielberg e George Lucas, mostrando a importância do uso da música na construção narrativa de seus filmes. Marcelo Janot é jornalista e crítico de cinema. Comentarista do canal Telecine Cult, crítico do jornal O Globo e editor do site criticos.com.br. Presidiu a Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro por duas vezes e foi jurado em inúmeros festivais nacionais e internacionais.

CCBB Rio de Janeiro - Rua Primeiro de Março, 66, Centro; Tel.: (21) 3808-2020 ; de 3ª a Dom., de 9h às 21h; Entrada gratuita; até 29 de abril. Concerto Tarsila Musical: 4ª feira, 14 de março. Teatro 2. Capacidade 155 lugares. Entrada grátis - É necessário retirar senha 1 hora antes do inicio da programação. Debates: 5ª feira, 15 de março e 6ª feira, 16 de março. Auditório 4º andar. Capacidade: 64 lugares. Palestrantes: Aracy Amaral, Maria Alice Milliet, Camilo Osório e Fernando Cocchiarali. - Entrada grátis - É necessário retirar senha 1 hora antes do inicio da programação.

Foto: Céline Howard

Modigliani: imagens de uma vida Como parte dos eventos do calendário oficial do Momento Itália-Brasil, a exposição Modigliani: Imagens de uma vida traz pela primeira vez uma coleção de 13 pinturas, 5 esculturas originais, 55 desenhos, 2 livros e 1 litografia, além de documentos, fotos, diários e manuscritos de Modigliani e de importantes artistas da sua época, num total de 230 peças. Com obras inéditas na América Latina, a exposição Grand nu allongé oferece ao público um rico panorama da vida artística parisiense e italiana do século XX, distribuído em cinco salas do Museu Nacional de Belas Artes/IBRAM/Minc. O percurso expositivo da mostra apresenta várias fases de vida do artista: início, apogeu, correspondências entre outros grandes artistas, como Picasso, André Derain, Max Jacob, diários da sua mãe, fotografias de Anna Marceddu, entre outros. Com uma vida intensa, marcada por grandes amores, guerra e infortúnios, como graves doenças, Amadeo Modigliani nasceu em 12 de julho de 1884, na cidade italiana de Livorno e faleceu em 25 de janeiro de 1920, em Paris. Reflete em sua arte vários estilos artísticos e desnuda o homem de maneira reveladora.

Polo do Pensamento Contemporâneo – Rua Conde Afonso Celso, nº 103, Jardim Botânico, RJ; Tel.: (21) 2286-3299 e (21) 2286-3682. Terças-feiras: 20/03, 27/03, 03/04 e 10/04; de 19h30 às 21h30; Valor: 2 parcelas de R$ 170,00.

TEATRO Chagall Espetáculo infantil que conta a bela e emocionante história do menino Moshe Segal até o seu reconhecimento como o artista Marc Chagall. A obra de Chagall é marcada pela ótica de um pintor-poeta que atravessa uma Revolução (1917) e duas grandes guerras. Uma criança pobre e judia que habita um mundo cujo acesso à educação e ao ‘simples’ ir e vir lhe são negados. Moshe Segal precisou se inventar para se tornar Marc Chagall. Argumento: Doris Rollemberg;Texto: Eduardo Rieche; Direção: João Batista; Elenco: João Velho, Cristina Lago, Cleiton Rasga, Eduardo Rieche, Sergio Kauffmann e Sonia Praça; Cenografia: Doris Rollemberg; Figurinos: Mauro Leite; Iluminação: Renato Machado; Direção Musical: Marcelo Alonso Neves. Foto: Dalton Valerio

Foto: Rômulo Fialdini

Tarsila do Amaral Percurso Afetivo São 87 obras, entre pinturas, desenhos, objetos e gravuras. A ideia central para Tarsila do Amaral - Percurso Afetivo surgiu a partir da descoberta do Diário de Viagens. O conceito curatorial se baseou a partir do Diário, documento de caráter íntimo, e foi reunido o maior número possível de obras para um percurso emocional, afetivo e único para aquela que Oswald de Andrade chamava de “caipirinha vestida por Poiret”. A mostra considera os períodos Pau-Brasil, Antropofágico e Social e apresenta a segunda versão de A Negra, que Tarsila deixou inacabada. Além das obras, a mostra ganhou uma programação paralela que inclui um concerto (Anna Maria Kieffer) e duas agendas de debates, com participação de Aracy Amaral, Maria A Negra (2ª versão - 1940 - óleo sobre tela - 100x80cm Alice Milliet, Camilo Osório e Fernando Cocchiarale.

MNBA – Av. Rio Branco, nº 199, Cinelândia, Rio de Janeiro; Tel.: (21) 2219-8474; de 3ª a 6ª, de 10h às 18h; Sáb, Dom. e Feriados, de 12h às 17h; Entrada: R$ 8,00 (inteira) e R$ 4,00 (meia); até 15 de abril de 2012. CCBB Rio de Janeiro – Teatro II - Rua Primeiro de Março, 66 , Centro. Tel.: (21) 3808-2020); Sáb. e Dom., às 16h; Duração: 60 min; Gênero: Infantil; Class. Livre; Ingresso: R$ 6,00; até 18 de março.

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editoriale

“Un altro mondo è possibile”. I DUBBI SONO MOLTI. Andrea Lanzi

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n altro mondo è possibile è stata la marca registrata del Forum Sociale Mondiale, nato a Porto Alegre. Quest’anno anche il Forum di Davos, quello dei potenti della terra, alla sua XII edizione, invece di puramente celebrare i successi del modello neoliberale, sembra essersi posto il problema di cosa sia indispensabile cambiare per evitare il moltiplicarsi di crisi di sempre maggiore intensità ad intervalli minori; e con effetti sistemici che mettono in discussione i pilastri sociali e politici dei sistemi di benessere sociale. Per esempio, Paul Polman, della multinazionale Unilever, ha ricordato che ogni giorno “un miliardo di persone vanno a dormire con fame” e che bisogna aumentare la produzione di alimenti del 70% entro il 2020; Vikram Pandit, presidente del gigante finanziario americano Citi, ha ammesso che la fiducia nel sistema bancario non esiste più e che il maggior problema per il prossimo decennio sarà la mancanza di posti di lavoro nei paesi sviluppati e in via di sviluppo e ha concluso che “le banche devono servire i clienti e non se stesse”. “Dobbiamo ridesegnare questo modello e abbandonare l’avarizia che ha prevalso nel sistema attuale” ha detto Sharan Burrow, segretaria generale della Confederazione Sindacale Internazionale, che ha accusato i mercati finanziari di “assassinare” l’economia reale. Ma al di là delle affermazioni solenni, sembra di aver assistito ad una commedia delle parti perché poi a fronte della situazione concreta Fondo Monetario Internazionale, Banca Centrale e Commissione Europea impongono, ad esempio al popolo greco, sacrifici impensabili fino a qualche anno fa. Dal lato opposto, al Forum Sociale Tematico di Porto Alegre, lo slogan “Un nuovo mondo è possibile” sembra aver perso molta della sua capacità di mobilitazione delle idee e delle persone in carne ed ossa. Anche i nuovi tipi di protesta, come il movimento degli “indignati” e “occupa Wall Street”, appaiono la condanna etica di una minoranza senza la forza di cambiare lo stato delle cose. Insieme alla globalizzazione finanziaria – seppure escludente di una notevole parcella della popolazione mondiale – si è enormemente ampliata anche nei paesi emergenti a partire da Brasile, Cina, Russia e india,

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una classe media veicolo di individualismo e forzata al consumo di beni inutili dalla concentrazione dei mezzi di comunicazione diventati strumento di una “cretinocrazia” di cui Berlusconi è stato maestro. Se pensiamo, ad esempio, che le trasmissioni tipo “grande Fratello” sono assistite in tutto il mondo, ragioni per preoccuparsi ce ne sono. Tutti i 7 miliardi di abitanti della terra hanno diritto di uscire dalla povertà ed anzi di attingire livelli di consumo elevati; appare dubbio che ciò sia possibile senza cambiare la logica del sistema di produzione e di relazioni economiche, sociali e politiche; per fare un esempio classico, sul trasporto urbano se non si inverte la rotta del trasporto individuale, dell’acquisto dell’auto propria, il futuro è di città paralizzate. Dal punto di vista geopolitico un fenomeno spesso dimenticato è quello delle grandi mafie, produttrici di quote di ricchezza imponenti che poi vengono riciclate con la complicità di settori della finanza internazionale mentre gli stati sovrani insistono con politiche proibizionistiche che si sono dimostrate inefficaci. Il 2012 sarà anche l’anno delle elezioni presidenziali negli USA, in Russia e in Francia, mentre la Spagna e il Portogallo hanno appena visto la vittoria delle forze di centro destra. Il presidente Obama tenta la rielezione dopo che nelle elezioni di metà mandato ha perso la maggioranza alla Camera e dopo che l’entusiasmo popolare che aveva portato all’elezione del primo presidente di colore si è molto ridimensionato. Nonostante molte delle promesse di campagna di Obama non siano state realizzate, una vittoria dei repubblicani sarebbe un retrocesso per chi auspica un mondo più giusto. In Russia per la prima volta il potere assoluto di Putin, al comando di un complesso economico militare autoritario, viene messo in discussione da prime forme di protesta di massa, anche se una “primavera russa” appare ancora lontana. In Francia sembra probabile la sconfitta del presidente Sarkozy a vantaggio del candidato socialista François Hollande e questo potrebbe rappresentare – insieme alle vittorie rosso-verdi nelle elezioni regionali in Germania- l’inizio di un nuovo corso in Europa anche se “Un nuovo mondo possibile” risulta ancora molto lontano.

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editorial

“Um outro mundo é possível” AS DÚVIDAS SÃO MUITAS.

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m outro mundo é possível foi a marca registrada do Fórum Social Mundial, nascido em Porto Alegre. Este ano o Fórum de Davos, aquele dos poderosos da Terra, também na sua XII edição, não quis puramente celebrar os sucessos do modelo neoliberal e parece ter se interrogado sobre o que é necessário mudar para evitar a multiplicação de crises sempre mais intensas em intervalos menores; e com efeitos sistêmicos que colocam em discussão os pilares sociais e políticos dos sistemas de bem estar social. Por exemplo, Paul Polman, da multinacional Unilever, lembrou que a cada dia “um bilhão de pessoas vão dormir com fome” e que é preciso aumentar a produção de alimentos em 70% até 2020; Vikram Pandit, presidente do gigante financeiro Citi, admitiu que a confiança no sistema bancário não existe mais e que o maior problema para a próxima década será a falta de oportunidades de trabalho nos países desenvolvidos e em desenvolvimento e concluiu que “os bancos devem servir aos clientes e não a si mesmos”. “Temos que redesenhar este modelo e deixar de lado a avareza que prevaleceu no sistema atual”, afirmou Sharan Burrow, secretária geral da Confederação Sindical Internacional, que acusou os mercados financeiros de “assassinar” a economia real. Entretanto, além das declarações solenes, fica a percepção de que se assistiu a uma comédia delle parti porque quando se trata de solucionar situações concretas, Fundo Monetário Internacional, Banco Central e Comissão Européia impõem, por exemplo ao povo grego, sacrifícios impensáveis até poucos anos atrás. Do lado oposto, no Fórum Social Temático de Porto Alegre, o slogan “Um novo mundo é possível” parece ter perdido muito da sua força de mobilização de idéias e de pessoas em carne e osso. Mesmo nos novos tipos de protesto, como o movimento dos “indignados” e o “ocupa Wall Street”, aparece a condenação ética de uma minoria sem a força de mudar a realidade. Junto com a globalização financeira – ainda que excludente de uma notável parte da população mundial – ampliou-se enormemente, também nos países emergentes a partir de Brasil, China, Rússia e Índia, uma classe média veículo de individualismo e impelida ao consumo de bens inúteis pela concentração dos

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meios de comunicação que viraram instrumento de uma “burrocracia” da qual Berlusconi foi um mestre. Se pensarmos, por exemplo, que programas como o Big Brother são assistidos no mundo inteiro, motivos para estarmos preocupados não faltam. Todos os 7 bilhões de habitantes da terra tem o direito de sair da pobreza e, inclusive, de chegar a níveis de consumo elevados; parece duvidoso que isso seja possível sem mudar a lógica do sistema de produção e de relações econômicas, sociais e políticas; só para fazer um exemplo clássico, no tocante ao transporte urbano, se não se inverter a rota do transporte individual, da aquisição do carro próprio, o futuro será de cidades paralisadas. Do ponto de vista geopolítico, um fenômeno muitas vezes esquecido é o das grandes máfias, produtoras de cotas de riqueza imponentes que depois são recicladas com a cumplicidade de setores da finança internacional, enquanto os estados soberanos insistem com políticas proibicionistas que se demonstraram ineficazes. 2012 será também o ano das eleições presidenciais nos EUA, na Rússia e na França, ao passo que Espanha e Portugal acabaram de assistir ao triunfo das forças de centro direita. O presidente Obama tenta a reeleição após ter perdido a maioria na Câmara dos Deputados nas eleições de meio de mandato e neste contexto cujo entusiasmo popular que havia levado ao poder o primeiro presidente afro descendente já se dissipou bastante. Apesar de muitas das promessas de campanha de Obama não terem sido realizadas, uma vitória dos republicanos seria um retrocesso para quem almeja um mundo mais justo. Na Rússia pela primeira vez o poder absoluto de Putin, no comando de um complexo econômico-militar autoritário, está sendo contestado pelas primeiras iniciativas de protesto em massa, ainda que uma “primavera russa” pareça estar, por ora, longe de acontecer. Na França afigura-se provável a derrota do presidente Sarkozy favorecendo o candidato socialista François Hollande e isso poderia sinalizar – juntamente com as vitórias verde-vermelhas nas eleições regionais na Alemanha – o início de um novo curso na Europa; apesar disso “um novo mundo possível” dá ares de estar muito distante por enquanto..

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comunità

Congiuntura Brasile.

Eleonora Mennicucci (a destra) con la presidente Dilma Rousseff

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ncora cambiamenti nei ministeri, questa volta in funzione delle prossime elezioni municipali; il ministro di Scienza e Tecnologia, Aloísio Mercadante, assume il posto di Fernando Haddad, candidato a sindaco di San Paolo, al Ministero dell’Educazione, mentre Eleonora Menicucci –compagna di cella della presidente Dilma ai tempi della dittatura militare – prende il posto nella Segreteria Nazionale di Politiche per le Donne, della senatrice Iriny Lopes, che si candida a sindaco di Vitória. Ha invece lasciato il ministero delle Città, Mário Negromonte, sostituito dal collega del Partido Progessista, Aguinaldo Ribeiro. La popolarità della presidente Dilma Rousseff supera quella dei presidenti Cardoso e Lula all’inizio dei loro mandati. Cambio

Aloisio Mercadante

della guardia alla Petrobras dove Graça Foster sostituisce Gabrielli alla presidenza. In vista delle elezioni municipali di ottobre, la presidente Dilma ha avvisato di non voler coinvolgere il governo federale. Il Partito dos Trabalhadores e o Partido da Mobilização Democrática Brasileira, i due maggiori partiti della maggioranza governativa, a livello nazionale tentano di creare le condizioni per le alleanze locali, che però ancora tardano. A Rio de Janeiro, a favore della rielezione del sindaco Eduardo Pães (PMDB) con un vice del PT, si schierano 16 formazioni politiche fra cui Il Partido Popular Socialista (all’opposizione a livello nazionale), mentre è nel Partido dos Trabalhadores che esistono voci contrarie come quella del deputato federale Alessandro Molon; l’opposizio-

ne mette in campo Rodrigo Maia (DEM) per la carica di sindaco con Clarissa Garotinho (Partido da República) come vice. Per quanto riguarda San Paolo sembra che i maggiori esponenti del PSDB abbiano convinto José Serra a candidarsi a sindaco abbandonando il sogno di essere candidato a presidente nel 2014; questa decisione rimescola le carte perché impedisce all’attuale sindaco Kassab (PSD) di appogiare il Partito dos Trabalhadores. Decisione storica del Supremo Tribunal Federal che, per 7 voti a cinque, ha deciso di applicare nelle elezioni di quest’anno la legge della “ficha limpa” per cui chi è stato condannato con una sentenza non monocratica (ovvero di un unico giudice) e chi si è dimesso dall’incarico politico per non perdere il mandato, non potrà

Accordo Sanitario tra Italia e Brasile. L’opinione di Pasquale Matafora, responsabile Area Sud America del Sindacato Confsal-Unsa

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opo aver parlato nel numero 109/110 della rivista dell’Accordo sul trasferimento dei condannati che se, ratificato dal Parlamento italiano, ci farebbe risparmiare circa 30 milioni di euro affrontiamo il problema dell’assistenza sanitaria. Matafora afferma “spero che il governo Monti faccia un lavoro di risanamento e di recupero di risorse ricordandosi del tema dello sconto della pena nel paese di origine; in questo contesto di recupero di

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risorse che dovrebbero essere destinate agli italiani all’estero attiro l’attenzione sul tema della sanità”. Attualmente è in vigore tra l’Italia e il Brasile un accordo in materia di emigrazione firmato il 9 dicembre 1960 e successivamente regolato il 19 marzo 1973, che prevede l’erogazione di prestazioni sanitarie gratuite nei rispettivi paesi ai cittadini dell’altro paese presso le strutture pubbliche. L’accordo è integrato da un protocollo aggiuntivo per quanto riguarda la materia sanitaria del 30 gennaio 1974. Scopo dell’accordo era di tutelare i diritti previdenziali degli emigrati garantendo la reciprocità di trattamento in materia di assistenza sanitaria. Sostiene Matafora “È ovvio - e

chi vive in Brasile lo sa benissimo - che il divario di qualità che esiste tra i due Paesi fa sì che i brasiliani residenti in Italia utilizzano il nostro Sistema sanitario con abbastanza soddisfazione; ma lo stesso non possiamo dire del SUS brasiliano, che purtroppo, salvo rare eccezioni, non è ancora in grado di offrire servizi adeguati o perlomeno di qualità paragonabile ai nostri. La conseguenza è che i connazionali residenti in Brasile sono costretti ad affidarsi ad onerose assicurazioni (piani di salute), private”. “A questo si aggiunge un dettaglio molto interessante: i brasiliani attualmente legalmente residenti in Italia sono circa 70 mila. La spesa che ne deriva non viene com-

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Congiuntura Italia.

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RIO DE JANEIRO

Il governo Monti, nonostante i duri provvedimenti in campo previdenziale e il pacchetto sulle liberalizzazioni accolto con fermate e blocchi stradali da parte in particolare di tassisti e autotrasportatori, riscuote la fiducia della maggioranza della popolazione; anche sul piano internazionale l’Italia torna ad avere un ruolo importante come dimostra l’incontro del primo ministro con il presidente americano. Momento importante per il futuro è la trattativa in corso fra governo e parti sociali per la riforma del mercato del lavoro; la prima importante differenza rispetto agli anni berlusconiani è che il governo non vuole dividere i sindacati e isolare la CGIL. Vi è condivisione sul fatto che la flessibilità non deve alla fine diventare precarietà e che essendo funzionale alle esigenze della produzione deve costare di più e non di meno. L’idea di avere un sostegno universale per

chi perde il posto di lavoro – una indennità di disoccupazione – è interessante ma non può essere accettata in cambio della fine della cassa integrazione speciale che si usa nelle crisi aziendali per tentare di evitare i licenziamenti collettivi. Sul piano strettamente politico l’intesa fra PDL, PD e Terzo Polo per approvare la riforma istituzionale con poteri per il capo del governo di nomina dei ministri, riduzione del numero dei parlamentari, sfiducia costruttiva rafforza l’ipotesi della fine della legislatura nel 2013 alla scadenza naturale. Dopo le riforme istituzionali si dovrebbe anche mettere mano ad una nuova legge elettorale che ripari ai gravi difetti di quella in vigore, denominata per definirne le caratteristiche negative “porcellum”. E l’Agenzia delle Entrate moltiplica le visite nei luoghi di villeggiatura e nei negozi di alto lusso dei centri storici.

Mostra Modigliani

Nudo femminile opo essere stata inaugurata a Vitória, la mostra “Modigliani: immagini di una vita” è stata aperta a Rio de Janeiro al Museu Nacional de Belas Artes dove rimarrà fino al 15 aprile. Si tratta di 230 pezzi riferiti all’artista fra cui diari, lettere, 13 dipinti e 5 sculture ispirate alle maschere africane.

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BRASILE

Comites: crisi e nuove elezioni.

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Mario Monti e Barack Obama

pensata, come prevede l´Accordo, dal lontano 1998. Sarò piu chiaro: l’Accordo prevede che periodicamente i 2 Paesi facciano una compensazione delle spese sostenute con l’assistenza medica. Traducendo per i non addetti ai lavori: l’Italia si siede al tavolino con il Brasile e dice caro Brasile i tuoi residenti da me mi sono costati tanti milioni di euro in prestazioni sanitarie; i miei cittadini che abitano da te quanto ti sono costati? Il risultato è un saldo a ricevere o a pagare”. Dettaglio interessante e non trascurabile: il Brasile non ha un controllo sulle prestazioni erogate a cittadini stranieri e l´Italia non ha mai puntato

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i piedi per esigere il rispetto di questo Trattato. In fondo noi italiani siamo sempre stati buoni e generosi con gli altri. Conclude Matafora “La cosa che fa rabbia è che queste decine di milioni di euro ad occhio e croce, vengono dimenticati e poi si tagliano fondi già irrisori per l’assistenza diretta e indiretta ai nostri connazionali residenti all’estero in condizioni di disagio. La rabbia aumenta quando poi parlo con i nostri pensionati in Brasile che usano quasi tutta la pensione italiana per medicine e piani di salute”.

l sottosegretario Antonio Catricalà, incontrando i responsabili per gli italiani all’estero dei vari partiti politici che sostengono il governo e alcuni dei parlamentari eletti all’estero, ha dato assicurazioni sull’inversione di rotta rispetto al finanziamento dei più importanti capitoli riguardanti questo settore e sulla realizzazione delle elezioni dei Comites (che dovevano essere realizzate nel 2009) nel corso del 2012. Per quanto riguarda l’aspetto finanziamenti – almeno se guardiamo alla situazione di Rio de Janeiro- sembra che le cose invece di migliorare stiano peggiorando; infatti il finanziamento al Comites è diminuito quest’anno a euro 19.000 rispetto all’importo di euro 26.000 del 2011 che già aveva creato enormi difficoltà con la creazione di un debito nei confronti del Consolato e il mancato pagamento a partire da ottobre degli stipendi alle due dipendenti del Comites. In questa situazione come presentarsi alla scadenza delle elezioni del Comites che già sono in ritardo di 3 anni? In primo luogo si tratta di dare vita in ogni circoscrizione consolare del Brasile a liste collegate che abbiano una ispirazione progressista, il che nella pratica vuol dire sensibili anche alle esigenze della parte più debole delle nostre comunità, come gli anziani a basso reddito, le madri (brasiliane) abbandonate insieme ai minori, coloro che non hanno la possibilità di ottenere il riconoscimento della cittadinanza italiana andando in Italia. Queste liste collegate devono anche dire come intendono affrontare il tema del mancato finanziamento ai Comites sia con l’individuazione di fonti alternative magari frutto di nuovi servizi all’utenza, sia richiedendo in giudizio il rispetto della legge istitutiva dei Comites che indica come dovere dello Stato finanziarne l’attività.

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comunità

RIO DE JANEIRO

BRASITÁLIA: 2a Mostra de Arte e Produtos ítalo brasileiros O evento está programado de 5 a 7 de outubro na Praça Virgílio de Franco Mello, atrás do Consulado Italiano.

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mostra une música, teatro, exposição multimídia, oficinas artísticas, produtos das regiões italianas, artesanato sobretudo ligado à sustentabilidade ecológica e social e à reciclagem, enogastronomia. Teremos um grande palco, uma praça de alimentação, uma feira mercado, uma área de exposição. En junho, acontecerá a Semana Italiana dedicada ao meio ambiente, coordenada pelo Consulado Geral da Itália do Rio de Janeiro e o Instituto Italiano di Cultura com destaque para: - A IV Conferência Internacional do Fórum das Culturas alimentares mediterrâneas, dedicada titulada “O impacto da alimentação sobre o meio ambiente”. - Seminário “Situação ambiental e possíveis soluções para o monitoramento e a mitigação das situações críticas na Bahia de Guanabara e nas lagunas do litoral de Rio de Janeiro”. Seguindo a temática socioambiental, BRASITALIA apresentará um plano de gestão de resíduos sólidos e educação ambiental, esclarecendo ao público participante os benefícios da reciclagem para o meio ambiente. BRASITALIA, organizada pela Associação Anita e Giuseppe Garibaldi, Instituto Tocando em Você, Fabbra, UIM, Associação de Amizade Itália Brasil,

Simone Colucci (ao microfone); atrás, da esquerda para a direita, Aldo Alessandri, Rafael Zibelli, Andrea Lanzi, Franco Perrotta, Odilon De Barros, o Consul Geral Mario Panaro e o Coronel Pedrosa Comites/RJ, é aberta à colaboração de outras associações e entidades. O evento está sendo inscrito – como no ano passado – nas leis de incentivo fiscal à cultura.

Nuovo schema di distribuzione rivista Forum Democratico.

A

nche a causa degli alti costi postali stiamo cambiando il sistema di distribuzione della rivista; sarà inviata, oltreché agli abbonati, alle associazioni italo brasiliane, proponendo che siano le stesse a distribuirla ai loro soci, eventualmente al prezzo di copertina.

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L’Associazione Anita e Giuseppe Garibaldi, editrice della rivista, riceverebbe come contributo una parte dei ricavati. In previsione di questo cambiamento la stampa della rivista riprenderà con il numero di maggio/ giugno, saltando marzo/ aprile.

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gastronomia

Linguini Porto Cervo com camarão VM

C

a comida deve ser preparada em sua forma original, tanto que a pizza Brandi, servida no Alessandro & Frederico, é considerada a pizza tradicional italiana e, indo além, importou o conceito de pizza D.O.C., ou seja, o selo garante que a pizza tenha ao menos três ou quatro ingredientes vindos da região de Nápoles, sul da Itália. Mas foi o linguini que o chef selecionou para nos ensinar a fazer. Claro que a rede tem outras delícias entre carnes e massas, sem contar os pãezinhos de fabricação própria que de tão bons são considerados uma tentação. E a pêra marinada no vinho do Porto...

a Press Foto: Divulgação Prim

onvidado a participar da seção Emigração desta edição, o chef Gennaro Cannone não se furtou a ceder uma das suas receitas, que compõem o cardápio da rede Alessandro & Frederico, onde ele comanda a cozinha. De se notar que Gennaro defende o conceito de que

Ingredientes

* Rendimento para 1 pessoa

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Foto: Divulgação Prima Press

Modo de preparo Puxar alho e azeite com os camarões. Flambar com o vinho branco seco. Juntar brócolis, champignon, tomate cereja, sal e pimenta. Enfeitar com salsinha fresca. O tempo de cozimento da massa varia, de acordo com o gosto de cada um. Para os italianos a massa é mais al dente. Já os brasileiros a preferem mais mole. A dica então é prová-la para ver se está a gosto.

Foto: João Salamonde

150g linguini 1 dente de alho 2 colheres (sopa) de azeite extra-virgem 5 camarões VM 1 copo de vinho branco seco brócolis frescos champignon Paris frescos 3 tomates cereja sal a gosto pimenta a gosto salsinha

Alessandro & Frederico Restaurante e Pizzaria D.O.C.G. Rio Design Leblon* - Rua Ataulfo de Paiva, 270, Lojas 112 e 113, Leblon, RJ;

Tel: (21) 2512-8921 / 2512-9388; 2ª a dom, das 11h à 1h; Cap. 108 pessoas; Cc e Cd: Todos; Tíquete: Visa Vale; Rolha R$ 35 Estacionamento do shopping; Acesso para deficientes; Não há área de fumantes; Entrega em domicílio para proximidades (taxa de 10% do valor do pedido); Rede Wireless.

*Outros Endereços: Rua Garcia d’Ávila, nº 134 (lj D) e nº 151, Ipanema; Av. das Américas, nº 7777, lj 349, Barra da Tijuca; Estrada da Gávea, nº 899, loja 101 D, São Conrado Fashion Mall.

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t u r i s m o

Casa de Santos Dumont

Foto: Alexandre Peixoto

Foto: Alexandre Peixoto

Cervejaria Itaipava

P e

linda

A

charmosa Petrópolis oferece ao visitante ícones que a tornam conhecida internacionalmente, como o Museu Imperial, o Palácio de Cristal, a Catedral São Pedro de Alcântara, o Palácio Rio Negro e a Casa de Santos Dumont, cujas paradas são obrigatórias. Conhecer de perto a rica arquitetura e as curiosidades desses e de outros monumentos é uma oportunidade fascinante, que deve ser aproveitada por todos que visitam a Petrópolis Imperial, que agora conta com quatro novos motivos para permanecerem mais tempo aqui. São eles: Casa Cláudio de Souza, Museu de Cera de Petrópolis, Palácio Itaboraí e Beer Tour. Inaugurados no segundo semestre de 2011, os novos atrativos chegaram para enriquecer os roteiros turísticos da cidade, com destaque para o Circuito a pé, que agora leva o visitante a conhecer um pouco mais da história do país e das grandes personalidades que passaram por aqui. Desde julho do ano passado, quem vem à Petrópolis tem a oportunidade de conhecer a Casa de Cláudio de Souza, pertencente ao Museu Imperial. A edificação em estilo eclético foi doada ao Museu, em 1956, pela viúva de Cláudio de Souza, dona Luiza Leite de Souza. No

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Casa da Ipiranga local, foi inaugurada uma exposição permanente que recria alguns cômodos da casa, com móveis, objetos e quadros originais. Também foi aberta para consulta a biblioteca particular do escritor, dramaturgo e acadêmico Cláudio de Souza, composta de mais de 600 obras, entre livros de sua autoria, de outros autores consagrados e obras raras. No espaço também acontecem diversas atividades culturais e artísticas. A poucos metros da Casa Cláudio de Souza, está localizado o Museu de Cera de Petrópolis que, exibe, entre outros, bonecos de Dom Pedro II, da Princesa Isabel, de Santos Dumont, de Einstein, Gilberto Gil e personagens da ficção como o capitão Jack Sparrow do filme Piratas do Caribe, cujo protagonista foi o ator Johnny Depp. No total, são 14 bonecos produzidos nos Estados Unidos, especialmente para o Museu, que foi elaborado nos moldes do Madame Tussauds. Todos os personagens estão inseridos em cenários que fazem referência a algum momento de suas atuações, seja na vida real ou fictícia, permitindo a interação

Foto: Alexandre Peixoto

Catedral São Pedro de Alcântara

Marisa Oliveira

com o público, que pode tirar fotos ao lado de seus ídolos, levando esta divertida recordação para casa. Localizado no bairro Valparaíso, um símbolo da arquitetura e da história de Petrópolis, voltou a abrir suas portas em outubro: o Palácio Itaboraí, propriedade da Fiocruz, recebeu minuciosas e cuidadosas obras, financiadas pela Petrobras com a chancela da Lei Rouanet. O prédio, que no passado foi residência de verão dos governadores do Estado do Rio de Janeiro, agora é a sede do Fórum Itaboraí, um espaço dedicado a exposições, com ênfase na interface entre a ciência e a cultura. O destaque é a trilha da biodiversidade vegetal na Mata Atlântica que inclui plantas medicinais, nutricionais, aromáticas, ornamentais e tóxicas do seu entorno. E para os apaixonados pela “gelada”, o Grupo Petrópolis, fabricante da cerveja Itaipava, entre outras marcas, abriu seu complexo industrial à visitação. Através do Beer Tour, os visitantes conhecem todas as fases do processo de Janeiro / Fevereiro 12


t u r i s m o

t r ó p o l i s

e imperial, cada vez mais atraente

Foto: Alexandre Peixoto

Palácio de Cristal

Palácio Rio Negro fabricação da cerveja. Durante o tour, turistas e visitantes conferem de perto todo o processo de fabricação de uma das cervejas mais consumidas do Brasil, que vai desde o descarregamento das matérias primas até o envase, etapa em que a cerveja já é rotulada e encaixotada ou embalada para finalmente ser apreciada pelo paladar do consumidor. No final do percurso, que dura aproximadamente 1 hora, os participantes seguem para o Bar Petrópolis, onde degustam o mais puro chopp Itaipava. Flecheiras Janeiro / Fevereiro 12

Roteiro das novidades: Casa Cláudio de Souza Praça da Liberdade, 247- Centro - Tel.: (24) 2245-3418; Visitação: de terça a sexta-feira, das 11h às 18h; Biblioteca: de terça a sexta-feira, das 13h30 às 17h30. Manhã: agendamento pelo e-mail mimp.biblioteca@museus.gov. br - Ingresso: gratuito Palácio Itaboraí Rua Visconde de Itaboraí, s/nº - Valparaíso; Visitação: de segunda-feira a sábado, das 9h às 17h. No caso de visitas em grupo, é necessário agendar previamente pelo telefone (24) 2231-3137. Ingresso: gratuito

Museu de Cera de Petrópolis Rua Barão do Amazonas, 35 - Centro Tel: (24) 2249-1595; Visitação: de terça-feira a domingo, das 10h às 17h; Ingresso: R$ 15,00 (inteira) e R$ 7,50 (meia) Beer Tour Rua Trajano de Paula Filho, 199 - Pedro do Rio; Visitação: de terça a sexta-feira, das 15h às 16h30 e sábados, das 11h às 12h30 e das 15h às 16h30; Ingresso: gratuito, mediante agendamento prévio através do telefone: (24) 2103-8000

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c u l t u r a

l i t e r a t u r a Marisa Oliveira

Portugal e a revolução global

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artin Page, afirma que não é um acadêmico, mas um repórter, querendo dizer que Portugal e a revolução global é apenas uma crônica pessoal sobre o modo como surgiu o Portugal de hoje. Talvez esse viés apontado pelo autor seja exatamente o que torna a obra atraente: um olhar de primeira pessoa baseado em vivências, entrevistas e em inúmeras pesquisas, tanto assim que ao final do livro os títulos relacionados como sugestões bibliográficas impõem respeito! A obra narra as origens, a história dos invasores romanos e árabes, as lutas de reconquista, os caminhos inesperados da independência, a aventura marítima, a grandeza de João II, a saga dos viajantes, dos exploradores, dos santos e dos guerreiros, os tribunais e os cárceres dos inquisidores, o impulso reformista do Marquês de Pombal, o fim

Portugal e a revolução global Autor: Martin Page Tradutor: Gustavo Palma Editora: Nova Fronteira Páginas: 360 Preço: R$ 59,90

das dinastias, a República, as ditaduras, as guerras e as revoluções, até o definitivo encontro do povo português com os demais. A escrita de Page confere leveza, denota erudição e, com sutileza, imprime um tom divertido à narrativa. Com relação a esse aspecto, o tradutor exerceu com sabedoria seu papel. Antropólogo e jornalista, o inglês Martin Page viveu em Portugal e se apaixonou pelo país. Para os brasileiros, cuja terra já foi colônia de Portugal e, em função dessa relação, restam ainda preconceitos e talvez falta de informação sobre Portugal pesquisada com boa vontade. Portugal e a revolução global coloca luz sobre diversas perspectivas relativas à nação portuguesa, permitindo-lhe, sem dúvida, vir a conquistar um novo lugar entre nós.

Quem é Martin Page? Martin Page nasceu em Londres, em 1938, e morreu em 2005. Fez mestrado em Antropologia, na Universidade de Cambridge e, em Manchester, foi jornalista do jornal The Guardian. Seus livros, editados em 14 línguas, incluem The company savage, que se tornou um best-seller na Alemanha e no Japão, e dois romances, The pilot plot e The man who stole the Mona Lisa. Mudou-se para Portugal com a sua mulher, Catherine, produtora da BBC, e os seus dois filhos. Após ter viajado por todo o país e percorrido o norte de África, passou quatro anos escrevendo este livro numa aldeia perto de Lisboa.

Para seguir minha jornada

P

or meio de biografia ilustrada que abarca do nascimento (1944) aos trabalhos mais recentes do cantor e compositor, a jornalista Regina Zappa mostra que a história do Brasil tem Chico Buarque como trilha sonora. Esse é o texto inicial do release que apresenta a obra e tem o mérito de resumir a ideia toda. Um abstract perfeito! Se a história do Brasil de fato tem as composições do Chico como trilha sonora, é discutível, claro, mas organizá-las sob essa ótica e mesclá-la com a própria história do Chico, é uma ideia muito interessante. É como se estivéssemos sentados na varanda, ao redor de uma mesa, e aquele que vivenciou os fatos históricos do país – porque os viveu, participou deles de fato, foi e é, no segmento em que atua, personagem de destaque – esti-

Para seguir minha jornada Autora: Regina Zappa Editora: Nova Fronteira Páginas: 432 Preço: R$ 79,90

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vesse nos contando de viva voz. Seja ele, Chico Buarque, o próprio contador, sejam os amigos, os parentes, os recortes de jornais, os fac-símiles. Quem como Chico vem acompanhando a história do Brasil e da música brasileira, e, portanto, vem acompanhando a história do Chico Buarque, tem em Para seguir minha jornada a memória da sua própria jornada – esse aspecto da leitura é genial, a letra, a foto, a notícia, o evento nos remete ao que vivenciamos a cada etapa: ao momento, às esperanças, aos temores, ao que pretendíamos na vida. Para os mais jovens, a possibilidade de conhecer um mundo novo passado. Para os fãs do Chico de carteirinha, um tesouro inesperado e bem vindo.

Quem é Regina Zappa? Regina Zappa é jornalista, tendo sido editora de Internacional, Política e Cultura do Jornal do Brasil. Como escritora, é autora das biografias Chico Buarque para todos (Relume-Dumará, 1999) e Hugo Carvana Adorável vagabundo (Relume-Dumará, 2005), do romance Doce Lar (Rocco, 2005), do Cancioneiro Chico Buarque (Jobim Music, 2008), de 1968, Eles só queriam mudar o mundo, (com Ernesto Soto, Zahar, 2008). Dirigiu e roteirizou com Beatriz Thielmann o documentário Edu Lobo Vento Bravo.

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às compras

Dica do Rogério*para verão 40o Com o calor do verão que muitas vezes atinge 40 graus, temos de buscar vinhos que se adaptem ao nosso clima. Tintos leves, rosados, brancos e espumantes são os vinhos ideais para esta época do ano. Para esta dica, foi selecionado um vinho branco italiano do norte da denominação de Abruzzo, na província de Teramo, que é banhada pelo mar Adriático, cujo vinhedo fica próxima dos Apeninos Centrais. Esta região é menos famosa do que a Toscana, mas nos oferece ótimos vinhos brancos da uva Trebbiano.

Praticidade e criatividade O artesanato continua em alta e vem gerando renda e facilitando a inclusão social, o Grupo Atelier Azulejaria e o Grupo Bordados Natividade apresentam seus produtos com arte e criatividade. O porta-chaves é feito de dois azulejos pintados à mão, sobrepostos em uma base de MDF branca, aproveitando o que o Rio de Janeiro como motivo. Já o porta-trecos, simples e prático é confeccionado com tecidos diferentes, tornando única cada peça.

* Rogerio Rebouças

Notàri Trebbiano d’Abruzzo, 2007, branco - Produzido pela Fattoria Nicodemi unicamente com uvas Trebbiano d’Abruzzo, sua colheita é realizada manualmente no final do mês de setembro. O fato de o vinhedo estar situado a uma altitude de 250 metros lhe permite ter uma maior vivacidade. Sua cor é de uma encantadora palha intensa. No nariz tem aromas de limão siciliano e marmelo. Na boca tem notas minerais, belo frescor e é bastante longo. Este branco é para ser apreciado na mesa, entre amigos, e não na beira da piscina. Acompanha risotos, peixes e frutos do mar. Onde encontrar: Notàri Trebbiano d’Abruzzo, 2007, branco Importadora: Decanter - Preço: R$ 84,90 http://decanter.com.br ou pelo telefone: (11) 3073-0500.

Plantar a embalagem e reciclar produtos: o meio ambiente agradece

Gancho de chave Azulejo Rio (Grupo Atelier Azulejaria, grupo de artesãs que têm o Rio de Janeiro como inspiração) Preço: R$ 55,00 (cada um)

Porta-trecos (Bordados Natividade, 50 bordadeiras de Natividade, interior do RJ) Preço : R$ 33,00

Onde encontrar: Rede Asta - Asta Loja - Rua Mario Portela, nº 253, Laranjeiras, Rio de Janeiro, RJ; Tel.: (21)3976-3159/ (21) 3976-3152 - www.redeasta.com.br * Os imãs Amor e Paz, os aromatizadores e os descansos de panelas, produtos divulgados na edição anterior, podem ser encontrados na Rede Asta.

Música boa e divertida

Sabonetes Greenvana Preço: R$19,90 (cada um)

A caixa do sabonete Greenvana é feita em papel semente e pode ser plantada para gerar lindos cravos franceses. Especial e inovadora, ela gera flores em vez de lixo. E os benefícios para o meio ambiente e para você não param por aí: o sabonete tem base 100% vegetal, usa ingredientes orgânicos e ainda traz vitaminas, minerais e antioxidantes. O capim limão proporciona um aroma cítrico e relaxante à fragrância, o óleo de babaçu orgânico tem propriedade terapêutica e o açúcar orgânico auxilia na hidratação e oleosidade. Já a sandália masculina Rave Beberibe tem um solado feito com cerca de 60% de borracha de pneu reciclado. Os produtos da marca são feitos com materiais reciclados e reutilizados, como lonas de caminhão e pneus. Sandálias Góoc Preço: a partir de R$ 19,90 Onde encontrar: Nirvana Store - Espaço Nirvana Pça Santos Dumont, nº 31, Gávea, Jockey Clube do Rio de Janeiro, tel: (21) 2187-0100 Greenvana Store: www.greenvana. com

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(M.O.) Todo mundo tem um herói. O Edu Kneip também: Herói, um trabalho lúdico e divertido, sério, porém, na competência técnica dos músicos e da produção. Letras divertidas, inteligentes em arranjos (da banda Manto Sagrado) que acompanham com vigor a proposta do compositor. Forte e vibrante, Escuta só já dá o tom do que virá a seguir. Na faixa dois, Vou lhe contar, o piano de Gabriel Geszti é lindo e oportuno, assim como a flauta de Alexandre Caldi, em Muda Medanha. Em Palmas pro Leão, faixa seis, Mariana Baltar, com sua voz impecável – doce e suave – é outra bela e acertada escolha. Contador de histórias, faixa sete, samba com balanço e batida pra ninguém botar defeito, tem o baixo (Matias Correa) e o piano perfeitos! Destaque para o arranjo de Geszti, que encerra o cd. Kneip brinca com ritmos, letras e notas musicais, voz e violão. O Manto Sagrado, por sua vez, entra na brincadeira com o piano, os teclados e o acordeon de Gabriel Geszti , com o contrabaixo de Matias Correa e com a bateria de Ajurinã Zwarg. Thiago Amud, Mariana Baltar, Rui Alvin, Sergio Krakowski, Alexandre Caldi e Fabiano Salek foram os músicos convidados. Um toque a mais que torna melhor o que já é muito Herói (Edu Kneip e o Manto Sagrado) bom. Gravadora: Delira Música Preço sugerido: R$ 29,90

Contatos com a seção Às Compras para apresentação/sugestão de produtos sustentáveis ou demais produtos podem ser enviados para pauta@forumdemocratico.org.br

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e n c a r t e

Encarte especial Forum 113-114 - Introduzione alla lettura di brevi testi in Lingua Italiana - Fascicolo LXXIV

f a s c i c o l o

Introduzione alla lettura

Símbolos utilizados  Informação histórica

 Expressão - locução  “Falsos amigos” ou falsas analogias  Ao fim do parágrafo, há uma janela

com informações fora do texto 

Gírias ou expressões fixas

Anglicismos e neologismos

L X X I V

di brevi testi in Lingua Italiana

 Dialetos

a cura di Cristiana Cocco

“Bianca come il latte rossa come il sangue” di Alessandro D’Avenia

U

n figlio di Re mangiava a tavola. Tagliando la ricotta, si ferì

fino a che morte non vi separi, solo la colonna sonora giusta

un dito e una goccia di sangue andò sulla ricotta. Disse a

può salvarti. Ti sbatti due auricolari nelle orecchie ed entri in

sua madre: «Mamma, vorrei una donna bianca come il latte e

un’altra dimensione. Entri nell’emozione dal colore giusto. Se

rossa come il sangue».

ho bisogno di innamorarmi: rock melodico. Se ho bisogno di

«Eh, figlio mio, chi è bianca non è rossa, e chi è rossa non è

caricarmi: metal duro e puro. Se ho bisogno di pomparmi: rap

bianca. Ma cerca pure se la trovi.»

e crudezze varie, parolacce soprattutto. Così non resto solo:

L’amore delle tre melagrane, in Italo Calvino, Fiabe italiane.

bianco. C’è qualcuno che mi accompagna e dà colore alla mia

Ogni cosa è un colore. Ogni emozione è un colore. Il silen-

giornata. Non che io mi annoi. Perché avrei mille progetti, die-

zio è bianco. Il bianco infatti è un colore che non sopporto:

cimila desideri, un milione di sogni da realizzare, un miliardo di

non ha confini. Passare una notte in bianco, andare in bianco,

cose da iniziare. Ma poi non riesco a iniziarne una che sia una,

alzare bandiera bianca, lasciare il foglio bianco, avere un capel-

perché non interessa a nessuno. E allora mi dico: Leo, ma chi

lo bianco . Anzi, il bianco non è neanche un colore. Non è

cazzo te lo fa fare?3 Lascia perdere, goditi quello che hai. La vita

niente, come il silenzio. Un niente senza parole e senza musica.

è una sola e quando diventa bianca il mio computer è il miglior

In silenzio: in bianco. Non so rimanere in silenzio o da solo, che

modo per colorarla: trovo sempre qualcuno con cui chattare (il

è lo stesso. Mi viene un dolore poco sopra la pancia o dentro

mio nick è il Pirata, come Johnny Depp). Perché questo lo so

la pancia, non l’ho mai capito, da costringermi a inforcare il mio

fare: ascoltare gli altri. Mi fa stare bene. Oppure prendo il bat-

bat-cinquantino , ormai a pezzi e senza freni (quando mi decide-

cinquantino senza freni e giro senza meta. Se una meta ce l’ho

rò a farlo riparare?), e girare a caso fissando negli occhi le ragaz-

vado a trovare Niko e suoniamo due canzoni, lui con il basso e

ze che incontro per sapere che non sono solo. Se qualcuna mi

io con la chitarra elettrica. Un giorno saremo famosi, avremo la

guarda io esisto. Ma perché sono così? Perdo il controllo. Non

nostra band, la chiameremo la Ciurma. Niko dice che io dovrei

so stare solo. Ho bisogno di... manco io so di cosa. Che rabbia!

anche cantare perché ho una bella voce, ma io mi vergogno.

Ho un iPod in compenso. Eh sì, perché quando esci e sai che

Con la chitarra cantano le dita e le dita non arrossiscono mai.

ti aspetta una giornata al sapore di asfalto polveroso a scuola e

Nessuno fischia un chitarrista, un cantante invece... Se Niko non

1

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poi un tunnel di noia tra compiti, genitori e cane e poi di nuovo, ‘Cinquantino’ è il nome dato ad un motorino di 50 cc, uno scooter, in gergo giovanile. ‘ Manco’, nella lingua parlata, corrisponde all’italiano standard ‘neanche’.

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3 ‘Ma chi me lo fa fare?’ corrisponderebbe più o meno al portoghese “Mas, para que (ou quem) diabos estou fazendo isso?”

Janeiro / Fevereiro 12


A

lessandro D’Avenia nasce a Palermo il 2 maggio 1977 in una famiglia di classe media (il padre è dentista) con tre sorelle e due fratelli. Fin dalle scuole medie ama molto la lettura e al liceo classico ha come suo insegnante padre Puglisi. A 18 anni si trasferisce a Roma per frequentare l’università dove si laurea in letteratura greca. Vince un dottorato di ricerca all’università di Siena e inizia a insegnare. Frequenta a Milano la Scuola Specializzazione Insegnamento Secondario di cui critica l’eccesso di teoria e la lontananza dalla realtà. Frequenta un master di sceneggiatura e presenta in giro per l’Italia una conferenza - sceneggiatura sulla gioventù formatasi assistendo la MTV. Il suo primo libro, di cui riproduciamo alcune pagine, edito dalla Mondadori, ha un grande successo diventando un caso letterario. Nel 2011 ha pubblicato, sempre per Mondadori, Cose che nessuno sa. Rispondendo a una intervista (a Paolo Bianchi sul Giornale) su come è arrivato a concepire Bianca come il latte, rossa come il sangue ha risposto “Come si sarà gia capito, c’entra sempre la scuola. Avevo 27 anni, a Roma, mi toccava una supplenza di un’ora al liceo Dante. La situazione rischiava di degenerare perché un giovane professore di passaggio non è preso nella minima considerazione dagli studenti. Allora ho deciso di convincere i ragazzi a raccontarmi qualche storia di vita vissuta. Lo hanno fatto. Mi sono accorto che quelle narrazioni si conciliavano col mio desiderio di scrivere, un sogno che coltivavo da molto tempo”.

può ci vediamo con gli altri alla fermata. La fermata è quella del

vuoi stare e al pomeriggio invece ci trovi tutti. Ma la differenza è

bus davanti a scuola, quella alla quale ogni ragazzo innamorato

che non ci sono i vampiri, cioè i prof: succhiasangue4 che torna-

ha dichiarato al mondo il suo amore. Ci trovi sempre qualcuno e

no a casa e si chiudono nei loro sarcofaghi, aspettando le prossi-

a volte qualche ragazza. A volte anche Beatrice, e io, alla fermata

me vittime. Anche se al contrario dei vampiri, i prof agiscono di

sotto scuola, ci vado per lei. È strano: di mattina a scuola non ci

giorno. Ma se davanti a scuola c’è Beatrice è un’altra cosa.

Informazione sul testo L’italiano, una lingua scritta a colori La lingua italiana è estremamente figurativa. Le frasi idiomatiche di cui è piena sono sempre pennellate a tal modo che possiamo immaginarci quello che significano. Il nostro autore di questa edizione lavora con i colori, ricordandomi un po’ il romanzo di Carlo Lucarelli ‘Almost blue’ del 1997 (Einaudi), in cui un cieco descriveva la voce delle persone usando i colori e grazie a questo aiuta la polizia ad arrestare un pericoloso assassino. Tornando al nostro e alle espressioni italiane in cui si usano i colori, farò degli esempi cominciando dall’espressione ‘di tutti i colori’ che, associata a vari verbi, cambia significato. Esempio: ‘Vederne di tutti i colori’ significa vivere tante, e spesso inattese, esperienze di vita. ‘Combinarne di tutti i colori’ potrebbe corrispondere al portoghese ‘Pintar o sete’ e così via e, in italiano, si usa anche per gli adulti. Il colore bianco ha già fornito delle frasi all’inizio di questo brano: ‘passare una notte in bianco’ significa non dormire; ‘andare in bianco’ è, in

Janeiro / Fevereiro 12

questo caso, non riuscire a fare niente con le ragazze; in generale, significa fallire; ‘alzare bandiera bianca’ vuol dire arrendersi, abbastanza chiara come le altre usate nel testo di D’Avenia. Il rosso usato in termini commerciali corrisponde, come in portoghese, all’avere il conto in negativo. Si usa con il verbo andare: “l’azienda è andata in rosso”. Ma quando si tratta della nostra situazione finanziaria, diciamo che siamo “al verde”. Sembra che quest’ultima espressione derivi dal fatto che un tempo le candele – quando non c’era la luce elettrica nelle case – avessero una base verde, pertanto quando arrivavano alla fine erano ‘al verde’. Poi si è ‘viola o verdi di rabbia’, a seconda dell’arrabbiatura più o meno intensa; e si è ‘neri’ quando si è arrabbiatissimi! Insomma, di espressioni ce ne sono molte e lo spazio a nostra disposizione purtroppo è finito, ma se volete vederne ‘di 7 significato di ‘ottenere per sé stesso’. idiomatiche, vi suggerisco di entrare tutti i Nel colori’ in termini di espressioni nel link http://webs.racocatala.cat/llengua/it/ che è abbastanza completo. Buona lettura!

f o r u mDEMOCRATICO

Encarte especial Forum 113-114 - Introduzione alla lettura di brevi testi in Lingua Italiana - Fascicolo LXXIV

alessandro d’avenia

e n c a r t e

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Encarte especial Forum 113-114 - Introduzione alla lettura di brevi testi in Lingua Italiana - Fascicolo LXXIV

e n c a r t e

cerchi di mostrarti come sei, non hai identità, ti comporti come Occhi verdi che quando li spalanca prendono tutto il viso.

tutti gli altri. Ma che ragionamento è? Bah, chi lo capisce: o sei

Capelli rossi che quando li scioglie l’alba ti viene addosso. Poche

te stesso o sei come tutti gli altri. Tanto a loro non va mai bene

parole ma giuste. Se fosse cinema: genere ancora da inventare.

niente. E la verità è che sono invidiosi, soprattutto i pelati6. Se

Se fosse profumo: la sabbia al mattino presto, quando la spiaggia

divento pelato io mi uccido. Comunque se a Beatrice non

è sola con il mare. Colore? Beatrice è rosso. Come l’amore è

piacciono dovrò darci un taglio a questi capelli, ma ci voglio

rosso. Tempesta. Uragano che ti spazza via. Terremoto che fa

pensare. Perché potrebbe essere anche un punto di forza.

crollare il corpo a pezzi. Così mi sento ogni volta che la vedo.

Beatrice, o mi ami così come sono, con questi capelli, o non se

Lei ancora non lo sa, ma un giorno di questi glielo dico. Sì, un

ne fa niente, perché se non siamo d’accordo su queste piccole

giorno di questi glielo dico che lei è la persona fatta apposta per

cose come potremo mai stare insieme? Ognuno deve essere se

me e io per lei. È così, non c’è scampo : quando se ne accorge-

stesso e accettare l’altro così com’è - lo dicono sempre in tivù

rà sarà tutto perfetto, come nei film. Devo solo trovare il

- altrimenti che amore è? Dài, Beatrice, ma perché non lo

momento adatto e la pettinatura giusta. Perché credo che sia

capisci? E poi di te mi va tutto bene, quindi tu parti avvantaggia-

soprattutto un problema di capelli. Solo se Beatrice me lo

ta. Sempre in testa, le ragazze. Ma come fanno a vincere

chiedesse li taglierei. Ma se poi perdo le forze come quello lì

sempre? Se sei bella hai il mondo ai tuoi piedi, scegli quello che

della storia? No, il Pirata non può tagliarsi i capelli. Un leone

vuoi, fai quello che vuoi, ti metti quello che vuoi... non importa,

senza criniera non è un leone. Il mio nome è Leo mica per

tanto tutti ti ammirano lo stesso. Che fortuna! Io invece ci sono

niente. Una volta ho visto un documentario sui leoni, dalla

giorni che non uscirei di casa. Mi sento così brutto che me ne

boscaglia usciva un maschio dalla criniera enorme e una voce

starei barricato in camera, senza guardarmi allo specchio.

calda diceva: “Il re della foresta ha la sua corona”. Così sono i

Bianco. Con la faccia bianca. Senza colore. Che tortura. Ci sono

miei capelli: liberi e maestosi. Quanto è comodo tenerli come

giorni invece che sono rosso anche io. Ma dove lo trovi un

fanno i leoni. Quanto è comodo non doverseli mai pettinare e

ragazzo così? Mi incollo addosso la maglietta giusta, mi spalmo i

immaginarsi che vadano su liberi, come fossero tutti i pensieri

jeans che cadono bene e sono un dio: Zac Efron7 potrebbe

che mi crescono in testa: ogni tanto esplodono e si disperdono.

solo farmi da segretario. Me ne vado da solo per strada. Alla

Io i pensieri li regalo agli altri, come le bolle della Coca appena

prima che incontro potrei dire “senti, bella, usciamo stasera

aperta, che fa quel rumore così esaltante! Io con i capelli dico un

perché ti voglio dare questa incredibile opportunità! E ti convie-

sacco di cose. Quanto è vero. Quanto è vero questo che ho

ne, perché se mi stai a fianco tutti ti guarderanno e diranno:

detto. Tutti mi capiscono solo dai capelli. Cioè, almeno gli altri di

come cazzo ha fatto a rimorchiare8 uno così?! Le tue amiche

scuola, quelli della ciurma, gli altri Pirati: Spugna, Stanga, Ciuffo.

invecchieranno dall’invidia”. Che dio che sono! Che vita piena

Papà ci ha rinunciato da un pezzo. La mamma non fa altro che

che ho. Non mi fermo un attimo. Se non fosse per la scuola

criticarli. La nonna quando mi vede per poco non muore di

sarei già qualcuno. Probabilmente se non andassi a scuola sarei

infarto (ma se hai novant’anni è il minimo). Ma perché fanno

più riposato, bello e famoso. La mia scuola porta il nome di un

così fatica a capire i miei capelli? Prima ti dicono devi essere

personaggio di “Topolino”: Orazio. Ha i muri scrostati, le aule

autentico, devi esprimerti, devi essere te stesso! Poi, quando

incrostate, lavagne più grigie che nere e cartine geografiche

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In portoghese è ‘chupasangue’. In portoghese è ‘escapatória’. 6 L’aggettivo ‘pelato’ si usa in lingua parlata al posto di ‘calvo’; sarebbe come il ‘careca’ del portoghese.

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È un attore statunitense. In gergo giovanile sarebbe come dire “conquistare”.

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sfilacciate con continenti e nazioni ormai sbiaditi e alla deriva... I

Giacomo. Puzza. E nessuno ha il coraggio di dirglielo. Io, da

muri hanno due colori – bianco e marrone -, come il Cucciolo-

quando sono innamorato di Beatrice, mi faccio la doccia tutti i

ne, ma non c’è niente di dolce a scuola: solo la campanella di fine

giorni e la barba una volta al mese. E comunque sono cazzi

giornata che, quando s’incanta, sembra voglia urlarti: hai buttato

suoi, in fondo, se non si lava. Ma almeno la madre glielo

un’altra mattinata tra queste mura bicolori. Scappa! In pochi casi

potrebbe dire. Invece no. Vabbè, ma io che colpa ne ho? Mica

la scuola è utile: quando mi sorprende lo sconforto e annego nei

posso salvare il mondo. Per quello basta Spiderman. Il rutto di

pensieri bianchi. Mi chiedo dove sto andando, che sto facendo,

Niko mi riporta sulla Terra e tra le risate gli dico: «Hai ragione.

se in futuro combinerò niente di buono, se... Ma per fortuna la

Al bianco non ci devo pensare...» Niko mi dà una pacca sulla

scuola è il parco giochi più pieno di gente nelle mie stesse

spalla: «Domani ti voglio dopato15! Dobbiamo umiliarli quegli

condizioni che io conosca. Parliamo di tutto, dimenticandoci i

sfigati!» Mi illumino d’immenso16: Cosa sarebbe la scuola senza

pensieri che alla fine non ti portano a niente. I pensieri bianchi

il torneo di calcio? “Non so perché l’ho fatto, non so perché mi

non portano a niente e i pensieri bianchi li devi eliminare. In un

sono divertito a farlo e non so perché lo farò di nuovo”: la mia

Mac che odora di Mac divoro le patatine calde, mentre Niko

filosofia di vita è riassunta in queste luminose parole di Bart

rumoreggia con la cannuccia dentro al maxi bicchiere di Coca.

Simpson, mio unico maestro e guida. Per esempio. Oggi la prof

«Non ci devi pensare al bianco.» Niko me lo dice sempre. Niko

di storia e filo17 sta male. E vai! Verrà una supplente. Sarà la

ha sempre ragione. Non è un caso che sia il mio migliore amico.

solita sfigata18. Non devi usare quella parola! Rimbombano

Lui è come Will Turner per Jack Sparrow. Ci salviamo la vita a

minacciose le parole della mamma, e io la uso invece. Quando

vicenda almeno una volta al mese, perché a questo servono gli

ci vuole ci vuole! La supplente è per definizione un concentrato

amici. Io i miei amici me li scelgo. Quello è il bello degli amici.

di sfiga cosmica. Primo: perché sostituisce un professore, che di

Che te li scegli e ci stai bene perché te li sei scelti proprio come li

per sé è già uno sfigato, e quindi la supplente è una sfigata al

vuoi tu. Invece i compagni non te li scegli. Ti capitano, e spesso

quadrato. Secondo: perché fa la supplente, che vita è lavorare

è una vera rottura di palle . Niko è della B (io della D) e giochia-

per sostituire qualcuno che sta male? Cioè: non solo sei sfigata,

mo nella stessa squadra di calcetto a scuola: i Pirati. Due

ma porti anche sfiga agli altri. Sfiga al cubo. La sfiga è viola,

fenomeni. Poi invece ti capita in classe quella sempre nervosa:

perché viola è il colore dei morti. La aspettavamo al varco la

Elettra. Già dal nome parte male. Certa gente condanna i figli

supplente, brutta come la morte e con il suo inappuntabile

con il nome. Io mi chiamo Leo e mi sta bene. Sono stato

vestito viola, per riempirla di palline inzuppate di saliva, lanciate

fortunato: fa pensare a una persona bella, forte, che esce dalla

con precisione assassina dalle Bic svuotate. Invece entra un

boscaglia come un re con la sua criniera. Ruggisce. O, almeno

ragazzo giovane. Giacca e camicia. Preciso. Occhi troppo neri

nel mio caso, ci prova... Ognuno nel nome ha il suo destino,

per i miei gusti. Occhiali neri pure quelli, su un naso troppo

purtroppo. Prendi Elettra: che nome è? È come la corrente,

lungo. Una borsa piena di libri. Ripete spesso che ama quello

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prendi la scossa già dal nome. Per questo poi è sempre nervosa.

che studia. Ecco, ci mancava uno che ci crede. Sono i peggiori!

E poi c’è il rompipalle professionista: Giacomo, detto Puzzo

Non mi ricordo il nome. Lo ha detto ma stavo parlando con

Un altro nome che porta sfiga ! Perché è lo stesso di Leopardi,

Silvia. Silvia è una con cui parli di tutto. Io le voglio un sacco di

che era gobbo, senza amici e pure poeta. Nessuno ci parla con

bene e spesso la abbraccio. Ma lo faccio perché lei è contenta,

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Compagni ‘di scuola’ e non ‘colleghi’, che si usa solo per l’ambiente di lavoro. In portoghese letteralmente ‘encheção de saco’. 11 In portoghese ‘futsal’. 12 In portoghese ‘chato, que enche o saco’. 13 Ossia, ‘mal cheiro’. 9

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Encarte especial Forum 113-114 - Introduzione alla lettura di brevi testi in Lingua Italiana - Fascicolo LXXIV

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Ossia ‘sfortuna’ in gergo giovanile. Praticamente uguale al portoghese: ‘dopado’. 16 Celebre poema del grande Giuseppe Ungaretti, scritto nel 1917, dal titolo “Mattina”. La poesia consiste in questa sola ma meravigliosa frase. Per averne un commento abbastanza valido suggerisco di entrare nel link http://it.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080326032250AAQZrlo o, avendone uno a casa, cercare su un buon libro di letteratura italiana. 14 15

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Encarte especial Forum 113-114 - Introduzione alla lettura di brevi testi in Lingua Italiana - Fascicolo LXXIV

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e anche io. Però non è il mio tipo. Cioè, è una giusta: con lei

mi ha raccontato una storia delle Mille e una notte.» Silen-

puoi parlare di tutto e ti sa ascoltare e ti sa dare dei consigli.

zio. «Ma adesso parliamo della Rinascita carolingia.» La classe

Però le manca quel tocco in più: la magia, l’incantesimo. Quello

mi guarda. Sono io che ho cominciato e io devo continuare.

che ha Beatrice. Non ha i capelli rossi di Beatrice. Beatrice con

Hanno ragione. Sono il loro eroe. «Prof, scusi, ma la storia delle

uno sguardo ti fa sognare. Beatrice è rossa. Silvia è azzurra,

Mille e... insomma, quella?» Qualcuno ride. Silenzio. Un silenzio

come tutti gli amici veri. Il supplente invece è solo una macchio-

western. Occhi suoi negli occhi miei. «Credevo non ti interes-

lina nera in una giornata irrimediabilmente bianca. Sfiga, sfiga,

sasse la storia di come si diventa sfigati...» Silenzio. Sto perden-

sfighissima! Ha i capelli neri. Gli occhi neri. La giacca nera.

do il duello. Non so cosa dire. «No, infatti non ci interessa.» In

Insomma, assomiglia alla Morte Nera di Guerre Stellari. Gli

realtà m’interessa. Voglio saperlo perché uno sogna di fare lo

manca solo l’alito mortifero con cui uccidere alunni e colleghi.

sfigato, e poi ci si mette pure a realizzarlo, il sogno. E sembra

Non sa che fare perché non gli hanno detto niente e il cellulare

addirittura contento. Gli altri mi guardano male. Nemmeno

della prof Argentieri è staccato. L’Argentieri ha un cellulare che

Silvia approva: «La racconti, prof, ci interessa.» Abbandonato

nemmeno sa come si usa. Glielo hanno regalato i figli. Fa

anche da Silvia sprofondo nel bianco, mentre il prof comin-

persino le foto. Ma lei non ci capisce niente. Lo usa solo per il

cia, con quei suoi occhi da invasato: «Mohammed el-Magrebi

marito. Sì, perché il marito dell’Argentieri sta male. Ha un

abitava al Cairo, in una casetta dove c’era un giardino e dentro

tumore, poveraccio! Un sacco di persone si beccano il

un fico e una fontana. Era povero. S’addormentò e sognò un

tumore. Se ti prende al fegato non ci puoi fare niente. Ci vuole

uomo bagnato zuppo che si toglieva una moneta d’oro di bocca

proprio sfortuna. E il marito si è preso il tumore al fegato.

e gli diceva: “La tua fortuna è in Persia, a Isfahan... troverai un

L’Argentieri non ce ne ha mai parlato, ce l’ha raccontato la Nico-

tesoro... vai!”. Mohammed si svegliò e partì di corsa. Dopo

losi, la prof di educazione fisica. Il marito è medico. E il marito

mille pericoli arrivò a Isfahan. Qui, mentre cercava da mangiare,

dell’Argentieri fa la chemioterapia nell’ospedale del marito della

stanco morto, venne scambiato per un ladro. Lo picchiarono

Nicolosi. Cavolo, che sfortuna l’Argentieri! È una noiosa e

con canne di bambù e quasi l’ammazzarono. Fino a quando il

pignola fino alla morte, fissata con quello lì che diceva che non ci

capitano gli domandò: “Chi sei, da dove vieni, perché sei qua?”.

si bagna due volte nello stesso fiume, che poi a me sembra così

Quello gli disse la verità: “Ho sognato un uomo zuppo che mi

ovvio... Però mi fa pena quando controlla il cellulare per vedere

ha ordinato di venire qua perché avrei trovato un tesoro. Bel

se il marito l’ha cercata. Comunque il supplente cerca di fare

tesoro, le bastonate!”. Il capitano fece una risata e gli disse:

lezione, ma come tutti i supplenti non ci riesce, perché giusta-

“Scemo, e tu credi ai sogni? Eh... io ho sognato tre volte una

mente nessuno se lo fila . Anzi, è l’occasione buona per fare

povera casa del Cairo dove c’è un giardino e oltre il giardino

casino e ridere alle spalle di un adulto fallito. A un certo punto

un fico e oltre il fico una fontana e sotto la fontana un tesoro

alzo la mano e gli domando, tutto serio: «Perché ha deciso di

enorme! Ma io non mi sono mai mosso da qui, scemo! Vattene,

fare questo mestiere...» Sottovoce aggiungo: «... da sfigato?»

credulone!”. L’uomo tornò a casa e, scavando sotto la fontana

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del suo giardino, dissotterrò il tesoro!» L’ha raccontata con le Ridono tutti. Lui non si scompone: «È colpa di mio nonno.»

pause giuste, come un attore. Silenzio e pupille dilatate tra i

Questo è proprio fuori. «Quando avevo dieci anni mio nonno

compagni, sembrano quelle di Ciuffo quando si fa una canna22:

Abbreviazione di ‘filosofia’. La parola ‘sfiga’, sempre in gergo giovanile, significa ‘sfortuna’. Quindi uno sfigato è sfortunato, ‘portare sfiga’ è ‘portare sfortuna’ ecc. 17 18

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brutto segno. Ci mancava solo

Augusto, Dante, Michelangelo... tutti uomini che hanno messo

il supplente cantastorie. Accol-

in gioco la loro libertà al meglio e, cambiando se stessi, hanno

go la fine della favola con una

cambiato la storia. In questa classe magari ci sono il prossimo

risata. «Tutto qui?» Il supplen-

Dante o Michelangelo... Magari potresti essere tu!» Al prof bril-

te si alza in piedi, rimane in

lano gli occhi mentre parla delle gesta di piccoli uomini divenuti

silenzio. Si siede sulla cattedra.

grandi grazie al loro sogno, alla loro libertà. La cosa mi sconvol-

«Tutto qui. Mio nonno quel

ge, ma mi sconvolge ancora di più che io sto ascoltando questo

giorno mi spiegò che noi siamo fesso. «Solo quando l’uomo ha fede in ciò che è al di sopra della diversi dagli animali, che fanno

sua portata - questo è un sogno - l’umanità fa quei passi in avan-

solo quello che la loro natura

ti che l’aiutano a credere in se stessa.» Non è male come frase,

comanda. Noi invece siamo

ma mi sembra la tipica frase da prof giovane e sognatore. Voglio

liberi. È il più grande dono che vedere tra un anno come sei ridotto, tu e i tuoi sogni! Per abbiamo ricevuto. Grazie alla

questo l’ho soprannominato il Sognatore. Bello avere dei sogni,

libertà possiamo diventare

bello crederci. «Prof, a me sembrano tutte chiacchiere.» Volevo

qualcosa di diverso da quello che siamo.

capire se faceva sul serio o semplicemente si era costruito un

La libertà ci consente di sognare e i sogni sono il sangue della

mondo tutto suo per coprire la vita da sfigato che faceva. Il So-

nostra vita, anche se spesso costano un lungo viaggio e qualche

gnatore mi ha guardato negli occhi e dopo una pausa di silenzio

bastonata. “Non rinunciare mai ai tuoi sogni! Non avere paura

ha detto: «Di cosa hai paura?» Poi la campanella ha salvato i miei

di sognare, anche se gli altri ti ridono dietro” così mi disse mio

pensieri, divenuti improvvisamente muti e bianchi. Non ho pau-

nonno, “rinunceresti a essere te stesso”. Ancora mi ricordo gli

ra di nulla io. Faccio il terzo anno di liceo. Classico. Così hanno

occhi brillanti con cui sottolineò le sue parole.» Tutti rimango-

voluto i miei. Io non avevo idea. La mamma ha fatto il classico.

no in silenzio, ammirati, e mi dà fastidio che questo qua sia al

Papà ha fatto il classico. La nonna è il classico fatto persona. Solo

centro dell’attenzione, quando sono io a dover essere al centro

il nostro cane non lo ha fatto. Ti apre la mente, ti dà orizzonti,

dell’attenzione nelle ore dei supplenti. «Cosa c’entra questo con ti struttura il pensiero,ti rende elastico... E ti rompe le palle dalla l’insegnare storia e filo, prof?» Mi fissa.

mattina alla sera. È proprio così. Non c’è una ragione per fare una scuola del genere. Almeno, i prof non me l’hanno mai spie-

«La storia è un pentolone pieno di progetti realizzati da uomini

gata. Primo giorno della quarta ginnasio: presentazioni, introdu-

divenuti grandi per avere avuto il coraggio di trasformare i loro

zione all’edificio della scuola e conoscenza dei prof. Una specie

sogni in realtà, e la filosofia è il silenzio nel quale questi sogni

di gita allo zoo: i prof, una specie protetta che speri si estingua

nascono. Anche se a volte, purtroppo, i sogni di questi uomini

definitivamente... Poi qualche test di ingresso per verificare il li-

erano incubi, soprattutto per chi ne ha fatto le spese. Quando

vello di partenza di ciascuno. E dopo questa calorosa accoglien-

non nascono dal silenzio, i sogni diventano incubi. La storia,

za... l’inferno: ridotti in ombre e polvere. Compiti, spiegazioni,

insieme alla filosofia, all’arte, alla musica, alla letteratura, è il

interrogazioni come non ne avevo mai visti.

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miglior modo per scoprire chi è l’uomo. Alessandro Magno, 19 20

‘Beccarsi’ una malattia significa, sempre in gergo giovanile, ‘prendere, prendersi’. Ossia ‘nessuno gli dà importanza’.

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21 Fare ‘confusione’; interessante è dire che la parola ‘casino’ (casa di prostituzione) equivale al portoghese ‘zona’: entrambe significano ‘confusione’ nelle frasi in cui si vuole dare quest’idea. Oggigiorno la parola ‘casino’ non viene più considerata volgare, ma fino a qualche decennio fa lo era. 22 Quando fuma una sigaretta di marjihuana.

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italia

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ITALIA, 2007. LA FINE DELLO STATO? ncora adesso si discute sulle cause che portarono alla caduta dell’Impero romano. Si era allargato troppo? Un sottile veleno lo aveva consumato dall’interno? E da decenni si sostiene che l’Italia, prima di avere un Piave, deve passare da una Caporetto. Questo sarà argomento delle nostre discussioni future, chissà per quanti anni ancora. Quindi non rimane che mettere insieme alcuni fatti, alcuni sintomi osservati nell’anno che chiude i trenta di questo libro.

A

IL GOVERNO PRODI. Ha vinto di un soffio, ma è in perenne difficoltà in Senato. Subisce un brusco calo di popolarità con 1’approvazione dell’indulto. Lo ha chiesto Giovanni Paolo II nella sua apparizione in Parlamento il 14 novembre 2002, lo hanno votato ben 705 parlamentari di maggioranza e di opposizione. Per il presidente del Consiglio, la norma è stata adottata perché non c’era alternativa: «Noi diciamo no alla carcerazione in condizioni disumane». Le carceri italiane sono infatti piene ogni oltre ogni limite, con più di 60mila detenuti in strutture adatte per la metà. Ma il provvedimento è visto dalla stragrande maggioranza degli italiani come una minaccia: migliaia di delinquenti sono in giro, pronti alla recidiva, allo stupro, allo scippo. Una delle titolazioni più frequenti dei giornali e delle notizie televisive è: «Arrestato un immigrato, era uscito con l’indulto». Se il governo si forza di mettere in ordine i conti pubblici, principalmente attraverso l’azione del ministro Visco intenzionato a far pagare le tasse agli evaso­ri, i suoi buoni risultati non vengono considerati. La legge del ministro Bersani che prevede la liberalizzazione

Senatrice a vita Rita Levi Montalcini

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Ministro Pierluigi Bersani delle licenze dei taxi si scontra con l’opposizione violenta dei taxisti. A Roma bloccano il traffico per diversi giorni e aggrediscono le automobili del governo. IL SENATO Il Senato, con la sua maggioranza continuamente instabile, diventa il teatro - mai visto prima nella storia della Repubblica - di continue manifestazioni organizzate dalla destra. Insulti, aggressioni, minacce sono all’ordine del giorno. Silvio Berlu­ sconi palesa senza scrupoli di avere in corso una campagna acquisti per convin­cere gli indecisi e far cadere il governo. Offre posti, soldi, donne. Ma i più bersagliati sono i senatori a vita, che con il loro voto in genere salva­no il governo. E la più attaccata è la quasi centenaria Rita Levi Montalcini, pre­mio Nobel per la medicina. Dalla cronaca di Alessandra Longo sulla Repubblica: Un bel paio di stampelle da consegnare a domicilio. Si comincia dalla senatrice a vita Rita Levi Montalcini: «L’indirizzo lo conosciamo, vogliamo dargliele personalmente... ». Nella deriva attuale, l’iniziativa dei giovani affiliati a La Destra di Francesco Storace passa quasi inosservata. Giusto il titolo di un’agenzia di stampa: «Senatori a vita: LD regala stampelle, le prime a Levi Montalcini». Loro sono fieri, fierissimi, della trovata. Mentre il capo, Storace, presenta a Palazzo Madama un disegno di legge per abolire i detestati vegliardi, «non più vecchi saggi ma gen­te organica alla maggioranza», i ragazzi del movimento, guidati da Fabio Sabbatani Schiuma, braccio destro

7 dell’ex presidente della Regione Lazio, studiano l’idea - im­magine: «Abbiamo scartato mutandoni e pannoloni, meglio le stampelle», informa Sabbatani Schiuma. Tutto questo non le pare di uno straordinario pessimo gusto? «Loro, i senatori a vita, sono le stampelle di questo governo sì o no? E poi se son vecchi se ne stessero a casa». Rita Levi Montalcini è la prima della lista. Di lei, co­ me degli altri senatori, hanno indirizzo, numero civico, orario consigliato per trovarla a casa. L’hanno awertita del pacco in arrivo, si è limitata ad alzare le spalle. Davvero «una cosa incivile, inaccettabile, inquietante, ai limiti dell’intimidazio­ ne», commentano Enzo Bianco, presidente della Commissione affari costituziona­li del Senato, Silvana Mura, deputata dipietrista, e Nicola Latorre, vicepresidente del gruppo dell’Ulivo a Palazzo Madama. «Che si vadano a leggere le mail che ar­rivano al mio sito» replica Storace «la gente non ne può più di questo governo te­nuto in piedi dai novantenni» Storace, lei converrà che l’iniziativa delle stampelle ha un sapore decisamente fascista. «Ma quale fascista, è un’idea goliardica, so’ ragazzi. Io, comunque, non ce l’ho con la Levi Montalcini scienziata, anzi, da connazionale, ne sono orgoglioso. Provo pena, invece, per la sua attività al Senato. È intollerabile che questi votino tutto, non solo la fiducia al governo, ma anche le mozioni e gli ordini del giorno, com’è successo con il caso Visco.» Hanno il diritto di votare, non le pare? «Appunto, per questo va cambiata la legge.» Commenta Francesco Cossiga: «Storace arriva buon ultimo. Ho già proposto l’abolizione dei senatori a vita. Se il mio voto fosse determinante, io non voterò». Nel frattempo dal sito di Storace, non filtrato, un florilegio degno di chi scrive: «Vergognosi a vita, mummie, relitti, cariatidi maleodoranti, parassiti, Barabba senatoriali, siete sclerotici, inutili, dannosi». La più bersagliata è lei, la signora Montalcini, «premio nobel della vergogna». Storace: «È entrata a Palazzo Madama per meriti, per aver illuminato il paese, oggi è diventata l’abat-jour di questo governo. Mi domando perché lei e i suoi colleghi se ne fregano dell’orientamento popolare e sostengono una maggioranza che il paese non vuole più. Questa è un’anomalia tutta italiana, un abuso del voto che non siamo più disposti a tollerare». Capisci che l’idea di con­segnare le stampelle («Sono tutte riciclate», precisa Sabbatani Schiuma in tempi di antipolitica) è partita dai più “moderati” del gruppo. Circola on line, fra i simpa­tizzanti, fra i militanti, un linguaggio ben peggiore: «La Montalcini è vecchia, ha i miliardi da parte e rompe pure i cosiddetti. È irritante, di profilo anche più odiosa» Di profilo? Si arriva al punto, all’umore vero di certa destra: «Che ci fa al Senato? Le darei un incarico politico nel ghetto».

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storia italiana

i t ál i a

Liberamente tratto dal libro “Patria 1978- 2008” di Enrico Deaglio. Casa editrice Il Saggiatore.

GLI ALLARMI. Il ministro dell’Interno Giuliano Amato: «Se fossimo così incoscienti da pensare che la sicurezza non è un nostro problema, creeremmo le condizioni per una svolta fascista nel nostro paese. Se c’è una cosa che un democratico deve saper fare è non svegliare la tigre della reazione». Alessandro Amadori, direttore dell’istituto Coesis, analizza il calo di consenso del governo: «È la prima volta che avverto nel paese un simile clima di conte­stazione. Sembra quasi ci sia la volontà di trascinare i cittadini in piazza». Roberto Weber, presidente della società di ricerca Swg: «Oggi c’è una dimensione di sfiducia nella politica e nelle istituzioni che ha qualcosa di anomalo». Renato Mannheimer, titolare di uno dei più accreditati istituti di sondaggi: «Il 58% dei cittadini esprime verso la politica disgusto, diffidenza, rabbia e noia». Ilvo Diamanti, editorialista della Repubblica: «L’economia marcia, la disoccu­pazione è ai minimi storici, i conti pubblici sono migliorati. Ma gli italiani non se ne accorgono. Anzi pensano il contrario: che tutto vada male, per colpa del go­verno e della maggioranza che lo sostiene. Un fatto davvero incredibile». Furio Colombo, ex direttore dell’Unità: «A volte gli stati crollano. Ma il fat­to, raro in tempi moderni, nell’ultimo secolo è avvenuto solo a causa di guerre e rivoluzioni. E mai in paesi democratici. [. ..] Questo fatto raro e quasi impossibile sta acadendo in Italia. Il paese sembra minacciato da una progressiva ca­tena di frantumazioni. Le crepe sono dentro l’edificio del paese, non intorno e alla sua periferia. [... ] Le bande di una strana Vandea risalgono la penisola, fran­tumando, spezzando, dividendo ciò che ancora resiste. Come se questo fosse il progetto». Giuseppe De Rita, presidente del Censis: «L’Italia è diventata un paese afflosciato su una poltiglia di massa, una mucillaggine sociale». Dal suo rapporto annuale si scopre poi che la criminalità organizzata vive a braccetto con il 77% della popolazione di quattro regioni meridionali e il 22% dell’intera popolazio­ne italiana. Il New York Times denuncia il declino italiano con una frase di Veltroni: «Ha perso la voglia del futuro; c’è più paura che speranza». Secondo l’istituto Demos, che da dieci anni stila un «Rapporto sull’atteggia­ mento degli italiani verso lo Stato», metà dei cittadini pensa che «senza parti­ti non vi sia democrazia»; ma l’altra metà, di riflesso, la pensa in modo diverso. Anzi, circa il 40% sostiene che, anche senza partiti, la democrazia possa funzio­ nare egualmente bene. Ancora: il 54 % degli italiani crede che i partiti debbano disporre di una «base di iscritti». Quindi: di un’organizzazione. Ma il 60% pre­ferirebbe che la scelta del leader scavalcasse ogni vincolo associativo e avvenisse «attraverso elezioni aperte a tutti gli elettori inte-

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Giuliano Amato ressati». La stessa indecisione si coglie di fronte alla distinzione fra destra e sinistra. LA COCAINA. È il prodotto di maggior successo in vendita in Italia. Illegale, coltivata in Colom­bia e distribuita qui dalla quasi monopolista ‘ndrangheta calabrese, il suo consumo è lievitato più di qualsiasi altro. Il ministro dell’Interno Giuliano Amato si dice impressionato dai dati che riceve: «C’è un consumo gigantesco di cocaina. C’è una spaventosa domanda di droga». La usano due milioni di italiani che spendono per questa loro abitudine -continuativa o saltuaria - quattro miliardi di euro l’anno. Commenta Amato: «Se c’è una domanda che viene dalle famiglie, dagli italiani adulti, dai giovani, non potete poi chiedere alle forze dell’ordine di contrastarne il traffico». Cocaina viene trovata dappertutto: nelle acque del Po, nella banconote che, arrotolate, servono per sniffare, sugli specchietti retrovisori delle motorette di Genova, sui lavandini dell’autogrill delle autostrade dove i camionisti si ferma­no. I giornalisti delle Iene la trovano anche in Parlamento. I giornali pubblicano mappe dettagliate dei punti di spaccio e l’andamento del mercato: il prezzo della coca continua a diminuire ed è arrivato a soli 30-40 euro al grammo, dai 100 dell’anno precedente. Il comune di Milano propone un kit antidoping gratis per controllare i figli, ma l’iniziativa non ha successo, perché in genere la questione riguarda padri e madri piuttosto che i figli. Secondo lo scrittore Roberto Saviano «la cocaina è diventata il vero miracolo del ­capitalismo contemporaneo. L’azienda coca

è senza dubbio alcuno il business più redditizio d’Italia. La prima impresa italiana, l’azienda con maggiori rapporti internazionali. Può contare su un aumento del 20% di consumatori, incrementi impensabili per qualsiasi altro prodotto. Solo con la coca i clan fatturano 60 ­volte quanto la Fiat e 100 volte Benetton». ‘NDRANGHETA, LA LOCOMOTIVA DEL NORD. Nel rapporto Eurispes del 2007 la ‘ndrangheta risulta avere un giro d’affari di 43,8 miliardi. Il core business resta la cocaina, ma la mafia calabrese è molto presente nell’impresa e negli appalti pubblici, nella prostituzione, nell’estorsione e nell’usu­ra e nel traffico d’armi. Gli esperti della Direzione nazionale antimafia parlano ormai di una «terza generazione» di criminalità mafiosa e tutti concordano sul ruolo prevalente di Milano e della Lombardia nella destinazione degli investimenti. A distanza di trent’anni, la forza dell’imprenditoria mafiosa non solo ha avuto successo, ma è connsiderata come una delle poche possibilità di crescita in tempi di crisi. ECONOMIA REALE. Purtroppo questi dati macroeconomici non suscitano particolare interesse, né nei cultori della materia, né tra gli studiosi della finanza, né nel governo che, a parte la dichiarazione di impotenza del ministro Amato, non ne fa cenno. Eppure il calcolo è abbastanza semplice. Questi due milioni di consumatori di cocaina pa­gano regolarmente in contanti, quindi in un anno ci sono quattro miliardi di euro in co­ntanti che girano. Dove vanno?

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italia fondò il Partito dell’uomo qualunque con notevolissimo successo, prima che i suoi parlamenta­ri fossero inglobati dalla Democrazia cristiana.

Vengono «lavati», certo; molti saranno usati per spese correnti, molti andranno all’estero, ma moltissimi restano in Ita­lia a costruire le fortune economiche della patria del futuro. Cantieri, negozi, case, partecipazioni in Borsa, campi da golf, residence. Ma è soprattutto l’enorme massa di denaro liquido ed esentasse che fa girare l’economia italiana, la plasma e guida la trasformazione della sua classe dirigente. La cosa è nota a tutti. Mi ricordo che in un bel pomeriggio romano, in un viaggio in taxi attraverso villa Borghese deserta, il taxista mi spiegava che c’era la crisi e che quindi, finito il pieno di benzina, molti lasciavano la macchina in par­cheggio. «Cosa risparmiano? Mah, diciamo cento euro al mese. E che ci fai con cento euro? Un vestitino al pupo, paghi il travestito, paghi lo spacciatore e i cen­to euro sono andati.» Forse l’Istat dovrebbe rivedere il paniere. LA CASTA, IL BEST SELLER Scritto dai giornalisti del Corriere della Sera Gian Antonio Stella e Sergio Riz­zo, il libro è un durissimo attacco alla classe politica, per i suoi sprechi, ruberie, malversazioni, privilegi. Viene descritta un’oligarchia ingorda e intoccabile, sen­za distinzioni tra destra e sinistra. I lettori diventano in breve più di un milione e apprendono degli stipendi, delle consulenze, degli aerei di Stato usati per por­tare le eccellenze alle feste, del Quirinale i cui giardini costano dieci volte quel­li di Buckingham Palace, delle province inutili. Ma «la casta» è intoccabile, un luogo a se stante, impunita. I lettori si riempiono di rabbia, anche perché si sen­tono deprivati di qualcosa: che cos’hanno di così speciale questi personaggi che non abbiamo noi? Che cosa sanno fare che noi

Veronica Lario

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Beppe Grillo non sappiamo fare? Perché la ca­sta è così chiusa e non è possibile entrarci? LA MONNEZZA La monnezza, i rifiuti, il frutto del consumismo, l’ipocrisia del sacchetto riciclabi­le, la raccolta differenziata che fanno solo i trentini e i bolzanini, gli ospedali che gettano sangue, siringhe, crostoni infetti, medicine scadute, materiale radioattivo; le industrie che buttano amianto, coloranti cancerogeni. Tutto questo va a finire a Napoli, che l’accoglie e lo interra nelle sue cave o nei suoi terreni. Napoli e il suo territorio sono la bad company, quella che si accolla i debiti. I cumuli di rifiuti sal­gono, le scuole vengono chiuse per sicurezza, la camorra organizza i camion per i trasporti notturni, l’amministrazione è succube di tutto ciò. Roghi si alzano nelle città. Ragazzini incendiano cassonetti. Commissari straordinari si succedono. Tre cose dominano il 2007: la casta, la monnezza, la cocaina. E solo quest’ultima è benemerita. BEPPE GRILLO, IL «VAFFA DAY». È un comico sessantenne genovese, vecchia gloria della Rai, titolare di un blog molto popolare in cui propone soluzioni ecologiche ai grandi problemi della vita (l’auto a idrogeno, per esempio) e denuncia le «schifezze» della politica italiana, a partire dal presidente del Consiglio che chiama «lo psiconano». Nell’autunno del 2007 proclama un «V- (Vaffa Day) » contro la «Politica», definisce il Parlament­o «la vera discarica della politica italiana», ricca solo di indagati, collusi, condannati. Organizza manifestazioni di massa, a ognuna delle quali partecipano migliaia, o decine di migliaia, di persone. Si presenta sul palco con una camicia grigionera e arringa la folla al grido di: «Italiani!». Viene definito «qualunquista», «voce dell’antipolitica». Viene anche paragonato a Guglielmo Giannini, un drammaturgo che nel dopoguerra

ROMA, 31 GENNAIO 2007. LA FIRST LADY SCRIVE ALLA REPUBBLICA La signora Veronica Berlusconi, molto seccata dell’andazzo «sessualsenile» di suo marito e dai possibili risvolti nell’asse ereditario, scrive una lettera aperta alla Repubblica, il giornale antiberlusconiano per eccellenza: Egregio Direttore, con difficoltà vinco la riservatezza che ha contraddistinto il mio modo di essere nel corso dei 27 anni trascorsi accanto a un uomo pubblico, imprenditore prima e politico illustre poi, qual è mio marito. Ho ritenuto che il mio ruolo dovesse es­sere circoscritto prevalentemente alla dimensione privata, con lo scopo di portare serenità ed equilibrio nella mia famiglia. Ho affrontato gli inevitabili contrasti e i momenti più dolorosi che un lungo rapporto coniugale comporta con rispetto e discrezione. Ora scrivo per esprimere la mia reazione alle affermazioni svolte da mio marito nel corso della cena di gala che ha seguito la consegna dei Telegat­ti, dove, rivolgendosi ad alcune delle signore presenti, si è lasciato andare a considerazioni per me inaccettabili: «Se non fossi già sposato la sposerei subito», «con te andrei ovunque». Sono affermazioni che interpreto come lesive della mia dignità, affermazioni che per l’età, il ruolo politico e sociale, il contesto familiare (due figli da un primo ma­trimonio e tre figli dal secondo) della persona da cui provengono, non possono essere ridotte a scherzose esternazioni. A mio marito e all’uomo pubblico chiedo quindi pubbliche scuse, non avendone ricevute privatamente, e con l’occasione chiedo anche se, come il personaggio di Catherine Dunne, debba considerarmi La metà di niente. Nel corso del rapporto con mio marito ho scelto di non lasciare spazio al conflitto coniugale, anche quando i suoi comportamenti ne hanno creato i presupposti. Questo per vari motivi: per la serietà e la convinzione con la quale mi sono accostata a un progetto familiare stabile, per la consapevolezza che, in pa­rallelo alla modifica di alcuni equilibri di coppia che il tempo produce, è cresciuta la dimensione pubblica di mio marito, circostanza che ritengo debba incidere sul­le scelte individuali, anche con il ridimensionamento, ove necessario, dei deside­ri personali. Ho sempre considerato le conseguenze che le mie eventuali prese di posizione avrebbero potuto generare a carico di mio marito nella sua dimensione extrafamiliare e le ricadute che avrebbero potuto esserci sui miei figli. Questa linea di condotta incontra un unico limite, la mia dignità di donna che de­ve costituire anche un esempio per i propri figli, diverso in ragione della loro età e

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storia italiana del loro sesso. Oggi nei confronti delle mie figlie femmine, ormai adulte, l’esem­pio di donna capace di tutelare la propria dignità nei rapporti con gli uomini as­sume un’importanza particolarmente pregnante, almeno tanto quanto l’esempio di madre capace di amore materno che mi dicono rappresento per loro; la difesa della mia dignità di donna ritengo possa aiutare mio figlio maschio a non dimen­ticare mai di porre tra i suoi valori fondamentali il rispetto per le donne, così che egli possa instaurare con loro rapporti sempre sani ed equilibrati. RingraziandoLa per avermi consentito attraverso questo spazio di esprimere il mio pensiero, La saluto cordialmente. La lettera viene considerata un serio attacco politico, oltreché personale, al ca­po dell’opposizione. Silvio Berlusconi risponde a stretto giro di posta, anche lui pubblicamente, alla moglie offesa. Si scusa e termina con «un bacione, Silvio». La questione è chiusa. I due non divorzieranno. ITALIA TELEVISIVA, 13 FEBBRAIO 2007. PORTA A PORTA, «COM’ERA BUONO MUSSOLINI» Il senatore Marcello Dell’Utri ha annunciato di aver scoperto e acquistato i diari di Mussolini scritti nel 1939 che contengono importanti rivelazioni storiche; a favore del duce, naturalmente, della sua intelligenza, umanità e volontà di pace. Gli studiosi della materpa fanno notare al senatore che si tratta di patacche in circolazione da anni, rifiutate da tutte le persone serie cui sono state offerte. Ma questo non toglie che Bruno Vespa organizzi una trasmissione in cui i diari vengono dati per veri e un po’ di storia viene riscritta. In studio, da una parte Dell’Utri e Alessandra Mussolini; dall’altra - ma interverranno pochissimo - Giulio Andreotti, Gavino Angius, Valerio Castronovo e Giovanni Russo Spena. Alessandra Mussolini mostra la pagella scolastica del padre Romano e rivela che il nonno era molto più indulgente di nonna Rachele. Controllano la calligrafia: toh, è identica a quella dei diari. E poi si arriva al succo: secondo le pagine del diario, nel ’39 Mussolini era contrario alla guerra, all’invasione della Polonia. Dell’Utri legge le fotocopie: «Certo, certo. Questo è un fatto storico. Nelle sue annotazioni si vede un atteggiamento assolutamente preoccupato di un’entrata nel conflitto e dice chiaramente: “Che faccio? Lancio ancora un disperato appello per la conferenza ma le risposte sono evasive e inconcludenti”. Quindi dice appunto che ... Poi alla fine non sa bene se sono stati gli inglesi. Dice (legge): “Quando i tedeschi ... “ qui c’è un punto molto interessante “Ma questi inglesi sono sinceri? Cosa vogliono? Vogliono veramente la pace o si prendono beffa di tutto?”». Insomma, la colpa dell’invasione della Polonia fu degli inglesi. Poi si passa al Mussolini privato e Dell’Utri legge di nuovo stralci dei diari: «È probabile che mo­rirò povero, povero soltanto di danaro perché quando io abbia la vista del mare, la fraganza della mia terra di Romagna, le aurore e i tramonti e ridotti al minimo Janeiro / Fevereiro 12

i t ál i a i patemi d’animo, ebbene allora io sarò veramente l’uomo più ricco della terra e non avrò più nessun desiderio meno uno: la grandezza immutabile dell’Italia». L’uomo era grande, umile, disinteressato, patriota. E quando i suoi sforzi di pace non riescono, ecco l’auspicio di Mussolini. È sempre Dell’Utri che legge, con voce ferma: «Gli italiani impareranno a essere seri e non perdere tempo in futilità, a sacrificarsi con inimmaginabili vantaggi per tutti, e soprattutto, a frenare gli impulsi della piccola e grande borghesia per la quale ho sempre nutrito un generale odio senza rimedio, la borghesia spendacciona che non conosce il valore del denaro e della fatica, nutrita di benessere, godereccia, indifferente, animatrice delle sale cinematografiche, generatrice di figli idioti, altezzosa e superba». Bruno Vespa, molto partecipe: «Ma ... voglio dire ... qui torniamo al primo Mussolini­, qui torniamo al Mussolini socialista». C’è forse una macchia in quest’uomo così nobile? È questa forse la promulgazione delle leggi razziali? Alessandra Mussolini lo esclude: «Ha avuto anche un’amante ebrea. [ .. ,] Quando uno sceglie una donna la sceglie per cuore, ed era ebrea». La lezione di storia della Rai termina qui. ROMA, 12 MAGGIO 2007. DIO, PATRIA E FAMIGLIA, OVVERO IL «FAMILY DAY» Convocati dalla Casa delle libertà, spinti dalla Conferenza episcopale italiana, di­verse centinaia di migliaia di persone si ritrovano nella grande piazza San Giovanni di Roma. Sono contro i Dico (la legge che garantirebbe alle coppie omosessua­ li qualche diritto nella loro vita civile), per essere assicurati che la famiglia resti quella descritta dalla Chiesa e che l’Italia non diventi un paese ateo. Sono pre­senti tutti i dirigenti della Cdl, ma anche alcuni del centrosinistra, tra cui il mi­nistro della Giustizia Clemente Mastella, che ricorda: «lo sono rimasto vergine fino a 28 anni: aspettare è bello!». La legge sui Dico, propugnata dalle ministre Barbara Pollastrini e Rosy Bindi, non vedrà mai la luce. PALERMO, 12 MAGGIO 2007. VIGILIA DELLE ELEZIONI PER IL SINDACO Si vota per il sindaco di Palermo. Il candidato del centrosinistra è di nuovo Leo­luca Orlando, questa volta con l’Italia dei valori di Antonio Di Pietro. Il candida­to del centrodestra è Diego Cammarata, sindaco uscente. Il presidente di seggio della sezione 460 nel quartiere Cruillas, Gaetano Giorgianni, si reca nella sede elettorale di «Azzurri per

Palermo» che sostiene Cammarata. Fa presente che ha 45 anni ed è disoccupato. Il consigliere comunale Gaspare Corso gli promette, in caso di vittoria, un posto da ausiliario del traffico. Segue brindisi per suggellare il patto. Poi si organizzano: immetteranno nelle urne 260 schede già votate per Cammarata. Corso le scrive, la cognata le piega. Giorgianni si reca al seggio alle 5.30, non c’è ancora nessuno, infila le schede nelle urne e le sigilla. Diego Cammarata vince le elezioni tra accuse di brogli diffusi. Orlando pro­testa, ma il risultato non cambia. Gaetano Giorgianni, reo confesso, viene arre­stato nell’ottobre del 2008. Non è diventato ausiliario del traffico. TORINO, LINGOTTO, 27 GIUGNO 2007. WALTER VELTRONI Tutti hanno capito che il governo di Romano Prodi non riuscirà a resistere. La coalizione è divisa e rissosa; i voti in Senato sono labili; i sondaggi sono pessimi; i media gli sono contro; il Vaticano idem. L’ultima possibilità per il centrosinistra vie­ne individuata nella nascita di un nuovo partito, il Partito democratico e nella presentazione di un nuovo leader, Walter Veltroni. A 52 anni, Veltroni è il popolarissimo sindaco di Roma, dove è stato elet­to con il 61,8% dei suffragi. Giornalista, appassionato di cinema e di televisione, scrittore di romanzi, dirigente del Pci, direttore dell’Unità, segretario dei Ds (il suo congresso ha come motto: «I care»), Veltroni ha un orizzonte culturale diverso da quello dei suoi compagni di partito della sua generazione; guarda alle esperienze americane, e in particolare alla biografia di Robert Kennedy, come a un modello valido anche in Italia, è pragmatico e antide­ologico. A Roma si è dimostrato capace di mettere insieme gli interessi più diversi, dal nuovo piano regolatore allo sviluppo dell’industria culturale. Con­cepisce

Walter Veltroni

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italia la politica come una cosa «bella», una missione in grado di fornire an­che soddisfazioni esistenziali. Il 27 giugno si presenta nell’ex stabilimento Fiat del Lingotto per presentare il suo progetto: un partito democratico «a vocazione maggioritaria» in grado di portare, senza particolari scosse o scontri, verso una modernità. Il suo piano pre­ vede di abbandonare a se stessi i piccoli partiti della sinistra radicale (responsa­bili del calo di consenso del governo) e di «sfondare» al centro, nella vasta massa di elettori che non apprezza Silvio Berlusconi. Con quest’ultimo però non sceglie la via dell’indignazione morale o dell’attacco verbale; decide anzi di non nomi­narlo neppure. Il Partito democratico viene fondato dall’unione degli appara­ti di Ds e Margherita ed elegge Veltroni suo segretario alle elezioni primarie del 14 ottobre 2007 con il 76% dei voti. La sua segreteria sarà però breve. Alle elezioni dell’aprile 2008 il Partito de­mocratico perderà sonoramente contro il Popolo delle libertà di Berlusconi e Fini. La scelta di «correre da soli» non dà risultati al centro, ma in compenso vanifica il voto di tre milioni di elettori che rimangono fedeli ai partiti marxisti, ma che, non avendo raggiunto il quorum, non sono più rappresentati in Parla­mento. Anche la scelta dei candidati a capo delle liste -l’industriale e l’operaio, il generale e la giovane di bella presenza - non viene particolarmente apprezza­ta. Alla sconfitta alle elezioni politiche segue una sanguinosa rivincita elettora­le della destra a Roma, che elegge, contro Francesco Rutelli, Gianni Alemanno, una vita da militante nel neofascismo. Incapace di fornire idee sui temi della lai­cità dello Stato e poco incisivo nell’opposizione parlamentare, il Partito demo­cratico non suscita grandi entusiasmi. Seguono poi tracolli elettorali in Abruzzo, scandali che coinvolgono il partito in Campania e infine la sconfitta alle elezio­ni regionali in Sardegna. Walter Veltroni si dimetterà da segretario del Pd il 17 febbraio del 2009; al suo posto sarà eletto il suo vice, Dario Franceschini, in at­tesa di un congresso fissato per l’autunno 2009. ROMA, OTTOBRE-NOVEMBRE 2007. I NOSTRI LUOGHI OSCURI La prima notizia compare in un trafiletto di cronaca sul quotidiano della capita­le, Il Messaggero, mercoledì 31 ottobre. Parla di una donna rumena senza nome aggredita e in coma nella zona di Tor di Quinto. Nel corso della giornata si sco­pre qualcosa di più: è stata un’ altra rumena che, sotto la pioggia battente, gri­dando e piangendo, si è messa in mezzo alla strada e ha fermato un autobus di linea. Con i gesti ha indicato al conducente il fossato in cui giaceva la donna fe­rita. La testimone fa il nome dell’aggressore, un giovane rumeno che vive in una baracca vicina alla sua. La vittima viene portata all’ ospedale Sant’Andrea in co­ma cerebrale e viene identificata come Giovanna Reggiani, 47 anni, romana. È la moglie di un capitano di vascello e vive negli appartamenti della Marina mili­tare. Aggredita vicino alla buia

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Presidio vittime Thyssen stazione ferroviaria, è stata, secondo la testimone rumena, trascinata a forza in una baracca e seviziata da Nicolae Romulus Mailat, 24 anni, che viene arrestato. Decine di migliaia di tifosi romani si stanno recando allo stadio Olimpico per il derby Roma-Lazio, che questa volta si gioca il mercoledì in notturna. La voce che una donna italiana è stata uccisa da un rumeno si sparge in città. Il ministro degli Interni teme che dal catino dello stadio possano uscire «spedizioni puni­tive». Il sindaco di Roma, Veltroni, chiede al governo un decreto urgente per l’espulsione dei rumeni, considerati la causa dei crimini nella capitale. Lo sta­dio resta, tutto sommato, tranquillo. Il ministro Amato vara il decreto. Il giorno dopo Gianfranco Fini visita il campo nomadi di Tor di Quinto e accusa il governo, chiede che nel provvedimento venga inserita anche una norma per l’espulsione non solo di chi delinque, ma anche di chi non ha reddito e mezzi certi di sostentamento. Giovedì 10 novembre Giovanna Reggiani muore. Venerdì 2 novembre quattro rum­eni vengono aggrediti nel parcheggio di un centro commerciale da una «spedizione punitiva». Nello stesso giorno la polizia abbatte venti baracche dell’accampamento nomadi di Tor di Quinto e il decreto espulsioni viene re­so operativo. Il governo rumeno protesta ufficialmente. L’applicazione del decreto è sospesa. Lo stadio, che si temeva esplodesse alla notizia dell’aggressione alla signora Reggiani, esplode domenica 11 novembre. La mattinata, in una piazzola di sosta di Badia al Pino (Arezzo), un poliziotto uccide con un colpo di pistola un tifoso laziale, Gabriele Sandri, popolarissimo a Roma. Ci sono scontri a Bergamo e a Milano dove viene assalita una stazione di polizia; a Roma la

partita in notturna viene sospesa, mentre gruppi organizzati dell’estrema destra (come non era mai successo nella capitale) danno l’assalto a commissariati di polizia. Un vento fatto di notizie di stupri, invasione di rumeni, assenza di misure drastiche da parte del governo e rabbia di tifosi si alza forte nella capitale che, nell’aprile del 2008, eleggerà sindaco Gianni Alemanno. MILANO, 18 NOVEMBRE 2007. IL DISCORSO DEL PREDELLINO. È la sera del 18 novembre. Milano, la storica piazza San Babila del centro della città. C’è un gazebo di Forza Italia, che è stato appena visitato da Silvio Berlusconi. I suoi lo acclamano, gli stringono le mani, lo vogliono toccare, le televisioni sono presenti. Il leader sale in macchina, ma poi ci ripensa, apre lo sportello e si alza in piedi sulla scocca. Ha il doppiopetto grigio, una camicia azzurra, la cravatta. È ispirato: annuncia al suo popolo che in questo preciso momento, a contatto con la gente, nasce il nuovo partito, il Popolo della libertà. Basta con i parrucconi della politica! Nasce il rapporto diretto tra il leader e il suo popolo. Le poche parole passano alla storia come «il discorso del predellino», termine con quale si indicava il gradino da salire per entrare nelle automobili del primo Novecento. A Gianfranco Fini sembra il discorso di un invasato e il 9 dicembre commenta: «Siamo alle comiche finali». Nel marzo del 2009 Alleanza nazionale, il suo partito, confluirà nel Popolo dell­e libertà. TORINO, 6 DICEMBRE 2007. LA MORTE NELLE ACCIAIERIE THYSSENKRUPP Le prime notizie parlano di un operaio morto e

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storia italiana di altri sei in fin di vita per un incendio scoppiato nelle acciaierie all’una e mezzo di notte. Gli altri sei operai moriranno nel giro di un mese. La proprietà ha risparmiato sulle misure di sicurezza dato che l’impianto è in dismissione. È la più grave strage sul lavoro mai avvenuta in un impianto industriale. Dal reportage del direttore della Repubblica, Ezio Mauro, dell’l1 gennaio 2008: Se a Torino chiedi degli operai della Thyssen, ti indicano il cimitero. Bisogna prendere il viale centrale, passare davanti ai cubi con i nomi dei partigiani, andare oltre le tombe monumentali della «prima ampliazione», girare a sinistra dove ci sono i nuovi loculi. Lì in basso, come una catena di montaggio, hanno messo Antonio Schiavone, 36 anni (detto «Ragno» per un tatuaggio sul gomito), morto per primo la notte stessa, Angelo Laurino, 43 anni, morto il giorno dopo come Roberto Scola, 32 anni. Subito sotto, Rosario Rodinò, 26 anni, che è mor­to dopo 13 giorni con ustioni sul 95% del corpo e Giuseppe Demasi, anche lui 26 anni, ultimo dei sette a morire il 30 dicembre dopo 4 interventi chirurgici, una tracheotomia, tre rimozioni di cute con innesti e una pelle nuova che dove­va arrivare il 3 gennaio per il trapianto, ed era in coltura al Niguarda di Milano. Ci sono i biglietti dei bambini appesi con lo scotch, come quello di Noemi per Angelo, ci sono le sciarpe della Juve, mazzi di fiori piccoli col nailon appannato dall’umidità, un angelo azzurro disegnato da Sara per Roberto, quattro figure colorate di rosso da un bambino per Giuseppe, tre Gesù dorati, due lumini per terra. Attorno alle cinque tombe, una striscia azzurra tracciata dal Comune le separa dagli altri loculi. È un’idea del sindaco Sergio Chiamparino e del suo vi­ce Tom Dealessandri, una sera che ragionavano sulla tragedia della Thyssen. Se tra un anno, cinque, dieci, qualcuno vorrà ricordarla, parlarne, partire da quei morti per discutere sulla sicurezza nel lavoro, ci vuole un posto, e non ci sarà neppure più la fabbrica, non ci sarà più niente: mettiamoli insieme, quelli che non hanno una tomba di famiglia; hanno lavorato insieme e sono morti insieme. Quelle fotografie di ragazzi sono le uniche tra i loculi, le altre sono di vecchi e dove non c’è la foto c’è la data: 1923, 1925, 1935, 1919, anche 1912. Intorno, un telone nasconde lo scavo di una gru nel campo del cimitero, si sente solo il rumore in mezzo ai fiori, ma c’è lavoro in corso. Siamo a Torino, dice un guar­diano, è la solita questione: lavoro, magari invisibile, ma lavoro. GELA, 30 DICEMBRE 2007. I PIZZINI NELLA PANCIA. Rosario Crocetta è il sindaco di Gela, votato dal 70% della città. Ha 57 anni, è gay, è comunista, è il Gary Cooper di una delle città più mafiose, più povere, più distrutte, l’ultimo lembo d’Italia, quello in cui Enrico Mattei scoprì il petrolio. Siamo usciti dal suo ufficio - porte blindate, vetri antikalashnikov - «in convoglio». Siamo all’hotel Sileno, chiuso per l’occasione, scortatissimi. La

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i t ál i a

Rosario Crocetta proprietaria si informa se il sindaco ha preso la pastiglia per il diabete. Telefona il Tg3 per fissare il collegamento: Gela farà una fiaccolata a Capodanno in solidarietà con i morti della Thyssen di Torino. Pochi minuti prima sono partite le suonerie delle scorte - chi Tim, chi Vodafone, chi Wind: è morto il settimo operaio. Le straordinarie misure di sicurezza che circondano Crocetta sono la con­seguenza di un fatto eccezionale. Il principale bandito in città, il capo locale di Cosa Nostra con cui Rosario Crocetta ha ingaggiato e vinto la più coraggiosa e pericolosa delle battaglie politiche, è morto ammazzato. Ma non in uno scontro tra faide: ammazzato dalla polizia. In un episodio più unico che raro - i mafiosi ammazzano i poliziotti, ma i poliziotti non ammazzano i mafiosi, perché nelle storiche regole di ingaggio tra lo Stato e la ­mafia 1’evento da sempre è considerato pericoloso - Daniele Emmanuello, 43 anni, è morto colpito da almeno un proiettile alla nuca mentre fuggiva da un casolare in cui si era appostata una squadra «catturandi» della polizia di Stato. Era uno dei dieci più importanti latitanti italiani. È successo il 3 dicembre scorso, a Villarosa, nelle campagne tra Enna e Caltanissetta. All’alba, e c’era nebbia. La polizia aveva circondato l’edificio, uno dei tanti «non finiti» con i mattoni a vista, ma non sapeva che un robusto catenaccio chiudeva la porta dall’interno. Così, quando cercarono di sfondare per il blitz, furono respinti dal metallo e dai cardini e impiegarono molti minuti per farsi strada. Emmanuello si rive­stì velocemente, lasciò il fucile sotto il letto e si gettò dalla finestra per fuggire nei campi. La polizia gridava «arrenditi!» e sparava in aria. Poi tra il lusco e il brusco videro una sagoma allontanarsi tra gli alberi. Spararono in basso, ma Emmanuello

correva acquattato e si prese la pallottola destinata a un polpaccio direttamente nell’occipite. Questa la versione della polizia. Una primissima versione aveva riportato che Emmanuello era morto in seguito alla caduta dalla finestra. Ma quando il cadavere venne messo su un tavolo settorio per 1’autopsia, si scoprì quello che nemmeno gli sceneggiatori di Twin Peaks o di Csi oserebbero pr­oporre. Il morto aveva inghiottito, prima di fuggire, diversi «pizzini» che ora si trovavano nella gola, nell’esofago, nello stomaco. Quadratini di carta di cinque centimetri di lato scritti fitti fitti, avvolti in un sottile cellophane. Papiri arrotolati destinati a morire con il Faraone, ma anche le credenziali che il boss scampato all’arresto avrebbe cacato intatte come tanti ovuli di cocaina e avrebbe sciorinato di fronte alla Commissione di Cosa Nostra, sempre che esista ancora. O forse erano solo amuleti. Ma, incredibilmente, i pizzini di Emmanuello lo hanno tradito. Il sottile strato di cellophane ha resistito ai succhi gastrici e, uno dopo l’altro, i quadratini so­no ricomparsi, con il loro inchiostro intatto. Che cosa c’è scritto? Nell’assenza di notizie ufficiali, le voci a Gela si alimentano: Emmanuello portava con sé l’in­vestitura per il ruolo di nuovo capo di Cosa Nostra siciliana e quel casolare era solo una tappa del suo viaggio trionfale verso Palermo; aveva un messaggio per la sua amante segreta; aveva le prove dei suoi contatti con un importante sena­tore che «teneva in mano»; aveva, aveva ... Aveva la mafia nella pancia ed era il ventre della mafia. La leggenda locale di­ce che nella pancia del boss ci sia il Quarto livello. Rosario Crocetta aveva fatto esplicitamente di Daniele Emmanuello il ne­mico principale di Gela. E il sindaco era stato molto coraggioso, visto che Emmanuello dominava il crimine della città, ma tutti avevano paura di fare il suo nome. Lo aveva attaccato frontalmente in

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italia

tutti i comizi. Lui, che disponeva di un esercito di duemila picciotti. Inaugurando il nuovo carcere aveva manifestato il desiderio di averlo come primo ospite, aveva cacciato dall’ufficio sua moglie, impiegata comunale che aveva ottenuto il posto in virtù di un «reddito minimo di inserimento». La signora Emmanuello naturalmente disse che era stato il sindaco a fare uc­cidere suo marito. Volle dei funerali pubblici che, nelle intenzioni della famiglia, avrebbero dovuto essere uno show di potenza. Il prefetto li vietò e Daniele Em­manuello fu seppellito in forma privata. Quando ho chiesto al sindaco Crocetta quanti, secondo lui, sarebbero inter­venuti alle pubbliche esequie, mi ha risposto: «Migliaia, sicuramente. I picciot­ti del suo esercito ci sarebbero stati tutti, e poi sarebbero stati presenti i membri della famiglia allargata non solo degli Emmanuello, ma anche dei Madonia, dei Rinzivillo, dei Fiandaca, la mafia del vallone. E poi ci sarebbe stato qualche po­litico locale ... ». Rosario Crocetta, alla notizia della cattura e della morte di Daniele Emma­nuello, ha semplicemente detto che gli dispiaceva che fosse stato ucciso in un incidente nel corso di una delle più brillanti operazioni di polizia svolte in Sici­lia, ma che considerava quella data, il3 dicembre 2007, «il giorno della libera­zione di Gela». «Ho ricevuto molte telefonate di appoggio» mi dice il sindaco «anche il mi­nistro dell’Interno; ma un po’ mi sento solo. Certo è stato meglio che non ci sia­no stati funerali pubblici, ma io non ho mai visto una chiesa che chiude perché è morto il parroco. E questo parroco era anche un generale che ha condotto una guerra. Perdendo Gela, non ha perso una lontana provincia, ha perso una quantità di soldi che nemmeno ti immagini». Daniele Emmanuello tutto si aspettava tranne che di essere ucciso dalla polizia di Stato. Erano quattro fratelli, nipoti del capo di Cosa Nostra di Gela, detto «U furmiculuni». Daniele aveva studiato a Genova per diventare perito chimico e alla fine degli anni settanta aveva frequentato le Brigate rosse. Suo fratello Nunzio lo ha fatto ancora di più (gli epigoni delle Br lo ricordano come il «compagn­o figlio di contadini meridionali» e un pentito, Filippo Vitale, ha afferma­to in un processo che era addirittura nel commando Valeria Parrella

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che rapì Moro in via Fani). Daniele tornò quando U furmiculuni venne ucciso dalla Stidda, una forma di mafia municipalistica che sfidava il potere dei vecchi di Cosa Nostra. La guerra la vinse Emmanuello, e si dimostrò spietato. Duecento morti, attentati, incendi, bombe, stragi. Abbassò fino a 14 anni l’età minima dei suoi soldati, usò tecniche di guerriglia, si fece la fama di uomo feroce e di killer in grado di centrare a venti metri un bersaglio in movimento. È stato uno dei custodi del piccolo Santino Di Matteo. Insieme ai Rinzivillo, ai Madonia si apprestava ad ampliare il pro­prio potere territoriale. E aveva questi pizzini nella pancia, che sono visibili sul sito della polizia di Stato. E che saranno studiati. Come le lettere di Aldo Moro. Come il papello di Salvatore Giuliano, che non si è mai trovato, ma un giorno si troverà. Come il papello di Totò Riina e della sua trattativa con lo Stato. Come i pizzini di Provenzan­o su cui studiano anche i biblisti. Un po’ di storia patria recente è stata scritta a mano. Aldo Moro scriveva alternativamente con una Bic o una Tratto Pen. SCRITTORI ITALIANI DEL 2007. VALERIA PARRELLA, LO SPAZIO BIANCO. Valeria Parrella, di Torre del Greco, in provincia di Napoli, ha 33 anni. Quattro anni fa ha avuto

un grande successo di critica con la sua opera d’esordio, la raccolta di racconti Mosca più balena, con la quale ha vinto il premio CampielloOpera ­prima. Due anni dopo ha pubblicato Per grazia ricevuta, un’altra raccolta di racconti, che arriverà tra i cinque finalisti del premio Strega. Quest’anno, pubblica il librettino Il verdetto, ma soprattutto annuncia l’uscita del suo pri­manzo, Lo spazio bianco, che uscirà nel 2008. Il romanzo racconta la storia di Maria e di sua figlia Irene che, arrivata troppo presto, è costretta a stare in una incubatrice: Il fatto è che mia figlia Irene stava morendo, o stava nascendo, non ho capito bene: per quaranta giorni è stato come nominare la stessa condizione. Chiedere qualcosa ai medici era inutile, mi rispondevano: Signora, non lo può sapere nessuno. [...] Non c’è una percentuale di probabilità? In che modo credete opportuno intervenire? Possiamo ipotizzare, una volta assunta la sopravvivenza, tali e tal’altri danni? Mi studiavo, mentre aspettavo la risposta: avevo le unghie in ordine, e un libro nella borsa, e un conto corrente che registrava ogni mese un accredito del Ministero. Avevo visto tutti i film d’essai all’Abadir prima che tornasse a essere un cinema porno, avrei portato Irene a tutti i cortei,

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storia italiana

i t ál i a

senza fine» e uno nel 2005 (Ognuno ha quel che si merita). Quest’anno esce il suo terzo al­bum, Pensa. «Pensa» è anche il titolo della canzone con la quale Moro vince Sanrem­o Giovani. La canzone, un dialogo che Moro intrattiene con la mafia, sarà molto trasmessa dalle radio. Nel videoclip compariranno Rita Borsellino e alcuni attori di Mery per sempre (1989), il film di Marco Risi ambientato in un carcere di Palermo.

Fabrizio Moro appesa nel marsupio, facendola ballare dietro il camion dei Zezi. Se nella nuova risposta ci fosse stato un termine non trasparente, avrei integrato il significato dal contesto lì per lì, e poi sarei corsa a controllarlo su internet, nella pausa dalle 12.30 alle 16.00, la più devastante. No, signora, vale la regola del tutto o del niente. Io dissi: Fate voi. - La bambina nascerà sicuramente viva, ma potrebbe morire subito, o sopravvivere con gravi handicap, oppure stare bene, lei lo sa? - Io lo so. - Lei lo sa, signora? - Io so che avrei dovuto partorire tra tre mesi. - La bambina sarà portata subito in terapia intensiva neonatale. Nel corso della narrazione, la protagonista Maria racconta anche la sua infanzia. E racconta di quella volta in cui aveva la varicella ed era in macchina, in auto­grill, con suo padre e sua madre. Era il 16 marzo del 1978: Quel giorno, al distributore, insieme alla puzza di benzina iniziammo a sentire il rumore di un elicottero. E mentre procedevamo spediti verso Torino sempre sulla corsia di marcia, senza sorpassare mai nessuno, e mia madre diceva «lo a questa, finché non si rimette, a casa non me la riporto», il rumore delle pale dell’elicot­tero si fece sempre più forte, sempre più forte, poi fu superato da due macchi­ne della polizia con le sirene accese che ci strinsero sulla destra. E mio padre, per non farsi strisciare la Centoventiquattro che aveva fatto pulire apposta per anda­re a

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trovare sua sorella, rischiò di finire nel burrone. Ricordo di avere sbirciato, da stesa, l’ombra dell’elicottero su di noi e poi, riafferrata dalla febbre, di esser­mi addormentata con la testa sotto il plaid: avevo rivisto il tettuccio della macchi­na solo nel momento in cui un poliziotto mi strappava via la coperta dalla faccia e mia madre indispettita diceva: - Mia figlia. Maria. Ha la varicella. Il poliziotto si era ritratto, e forse si era anche pulito la mano sulla divisa, poi comunque, giusto per far vedere, aveva dato un’ occhiata nel portabagagli. Prima che bucasse la busta, mia madre, con la stessa voce, aveva suggerito: - Mozzarella. Alla fine se n’erano andati, sempre con le sirene accese, ma prima mio padre ave­va avuto il tempo di chiedere: - Che state cercando? - Hanno rapito Moro. Per un buon quarto d’ora in macchina si fece silenzio, come se la cosa ci avesse ri­guardati personalmente, come se da qualche parte quella cosa stesse mettendo a repentaglio le nostre vite, la nostra trasferta a Torino, il mio ritorno a scuola. Fin­ché mio padre disse: -E io, poi, se avevo rapito Moro, me lo tenevo steso sul se­dile di dietro sotto un plaid? MUSICA ITALIANA DEL 2007 FABRIZIO MORO, «PENSA» Fabrizio Moro, romano, 32 anni, ha pubblicato un album nel 2000 (Fabrizio Moro) quando si è presentato a Sanremo giovani con «Un giorno

Ci sono stati uomini che hanno scritto pagine / appunti di una vita dal valore inestimabile / insostituibili perché hanno denunciato / il più corrotto dei siste­mi troppo spesso ignorato. / Uomini o angeli mandati sulla terra per combattere una guerra / di faide e di famiglie sparse come tante biglie / su un’isola di san­gue che fra tante meraviglie / fra limoni e fra conchiglie ... massacra figli e figlie / di una generazione costretta a non guardare / a parlare a bassa voce a spegnere la luce / a commentare in pace ogni pallottola nell’aria / ogni cadavere in un fosso. / Ci sono stati uomini che passo dopo passo / hanno lasciato un segno con corag­gio e con impegno / con dedizione contro un’istituzione organizzata / cosa no­stra ... cosa vostra ... cos’è vostro? / è nostra ... la libertà di dire / che gli occhi sono fatti per guardare / la bocca per parlare le orecchie ascoltano ... / non solo musi­ca non solo musica. / La testa si gira e aggiusta la mira ragiona / a volte condanna a volte perdona. / Semplicemente / pensa prima di sparare/ pensa prima di di­re e di giudicare prova a pensare / pensa che puoi decidere tu. / Resta un attimo soltanto un attimo di più / con la testa fra le mani. / Ci sono stati uomini che so­no morti giovani / ma consapevoli che le loro idee / sarebbero rimaste nei secoli come parole iperbole / intatte e reali come piccoli miracoli, / idee di uguaglian­za idee di educazione / contro ogni uomo che eserciti oppressione / contro ogni suo simile contro chi è più debole / contro chi sotterra la coscienza nel cemen­to. / Pensa prima di sparare / pensa prima di dire e di giudicare prova a pensa­re / pensa che puoi decidere tu. / Resta un attimo soltanto un attimo di più / con la testa fra le mani. / Ci sono stati uomini che hanno continuato / nonostante in­torno fosse tutto bruciato / perché in fondo questa vita non ha significato / se hai paura di una bomba o di un fucile puntato / gli uomini passano e passa una can­zone / ma nessuno potrà fermare mai la convinzione / che la giustizia no ... non è solo un’illusione. / Pensa prima di sparare / pensa prima di dire e di giudicare prova a pensare / pensa che puoi decidere tu / resta un attimo soltanto un attimo di più / con la testa fra le mani.

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Danielle Lima*

TUBARÃO MANSO

Clodoaldo Sil o esportista que mais subiu ao pódio pelo Brasil

Nenhum atleta brasileiro em esportes olímpicos e paralímpicos tem tantas medalhas quanto Clodoaldo Silva. Ao todo são 13 medalhas em Paralimpíadas sem contar com os Parapans e outras competições nacionais e internacionais. O Tubarão Paralímpico, apelido que ganhou durante o mundial de Mar del Plata, na Argentina, em 2002, é fruto de seu excelente trabalho dentro da Forum Democratico: Como foi a sua trajetória desde os tempos de fisioterapia até se tornar um atleta paralímpico? Clodoaldo Silva: Nasci em Natal, no Rio Grande do Norte, em 1979, com paralisia cerebral. Nasci com as pernas cruzadas e dobradas. Até os sete anos de idade não andava. Para onde eu tinha que ir era me arrastando ou então meus irmãos me carregavam nas costas. Minha família não tinha condições financeiras para a minha fisioterapia. Eu não tinha cadeira de rodas e nem muletas porque não tínhamos condições financeiras. Como éramos muito pobres, dependíamos da saúde pública para realizar cirurgias para melhorar a minha locomoção. Ficávamos na fila de espera. Minha mãe foi a vários médicos e alguns disseram “pode-se fazer cirurgias, mas seu filho não vai melhorar muito, ele não vai conseguir andar. Sempre vai ser dependente de tudo e de todos”. Como ela não aceita um não assim de cara, procurou outros médicos e aos sete anos consegui fazer as minhas primeiras cirurgias na virilha *Danielle Lima, jornalista, 25 anos, amante da cultura italiana e apaixonada por esportes.

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piscina. Mas fora dela, ‘Clodô’, como gosta de ser chamado pelos mais íntimos, não se esquece de suas conquistas diárias. Confira nesta entrevista dada com exclusividade à Forum Democratico como foi a trajetória do maior ídolo do esporte paralímpico brasileiro. E, veja também, sua admiração por Luca Mazzone, adversário italiano nas competições aquáticas.

para desdobrar as pernas. Aos nove anos, fiz na perna esquerda para esticá-la. E aos 16 anos,realizei o mesmo na perna direita. FD: Como você ia para a escola? CS: Quando tinha amigos para ir comigo, ia com eles me segurando. Quando não tinha, ia sozinho. Saia de casa com a farda branca e chegava lá preto e suado. Às vezes demorava de 30 a 40 minutos para chegar na escola. Fui o único irmão a completar o Ensino Médio. Tenho mais um irmão e três irmãs. Essas dificuldades que passei guardo com muito carinho, pois foi com elas que aprendi a ser a pessoa que sou. Aprendi a dar mais valor as coisas que eu consigo. Hoje eu tenho uma importância muito maior do que eu sou e do que eu represento para todo o país pela dificuldade. Eu sei o porquê as pessoas me admiram tanto. Porque elas conhecem um pouco da história de vida do Clodoaldo e veem que não é só um campeão dentro da água. Veem também que é um campeão fora e que passou por todas essas dificuldades e conseguiu superá-las. FD: Voltando para a sua carreira de atleta paralímpico...

CS: Comecei a nadar como fisioterapia em 26/4/96. Isso acontecia às terças e quintas pela manhã, sendo que a tarde a equipe de atletas paralímpicos treinavam naquele mesmo local, na SADEF (Sociedade Amigos do Deficiente Físico). Só consegui participar desta equipe no finalzinho do ano de 1997. Em 98, já estava integrado e treinando com eles. Meu primeiro campeonato foi no final daquele ano [98] no Rio de Janeiro. Consegui as primeiras três medalhas de ouro da minha carreira. No final de 98 foi uma galera para o mundial, mas eu ainda não podia ir. Enquanto eles estavam viajando eu continuei treinando e era o único novato que resistiu aos treinos. De uma hora para outra surgiu o campeonato no Rio de Janeiro. Fui com a justificativa de que eu me destacava no Rio Grande do Norte, apesar de não ter havido campeonatos regionais. Em 99 participei em um campeonato regional no Rio Grande do Norte que foi muito importante, pois me deu o passaporte para eu participar da minha primeira competição mundial numa cidade chamada Christchurch, na Nova Zelândia. Fui classificado pela primeira vez internacionalmente e me co-

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e n t r e v i s t a

va Clodoaldo exibe com orgulho uma das medallhas conquistadas no Parapan do México, em 2011

locaram na classe S4 (Swin 4). Participei de três provas e ganhei três medalhas de ouro. Quinze dias depois, eu estava em meu primeiro Parapan-americano, na Cidade do México. E lá eu também disputei quatro provas e ganhei quatro medalhas de ouro. Lá a minha classe foi ratificada em S4. FD: Sua vida mudou em 2 anos. Do final de 97 você iniciou os treinos e no final de 99 já tinha 10 medalhas de ouro... CS: A minha grande experiência internacional foi na Paralimpíada de Sydney, na Austrália. Até então eu só ganhava medalha de ouro e não conhecia o nível internacional de autorrendimento. Eu fiquei deslumbrado lá. Foram três medalhas de prata e uma de bronze e um quarto lugar – este bronze foi perdido na batida de mão. Um grande ensinamento porque com essas medalhas eu saí de lá muito mais motivado. Pensei “pô, esses caras não tem nada de diferente de mim. Eu acho que daqui a quatro anos, eu posso mudar essa história”. Comecei a me dedicar mais e a ter um pensamento maior do que era a natação paralímpica. Só que até o ano de 2001tinha que traba-

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lhar, estudar, treinar e procurar patrocínio. FD: Você trabalhava com o quê? CS: Meu primeiro emprego foi como artesão fazendo cadeiras de palhas. O segundo numa clinica de órtese e prótese e em meu último era auxiliar de escritório numa farmácia em Natal. Isso foi até 2001. Sendo que nesta farmácia eu fiquei de 99 a 2001, ele me patrocinava e quando não estava em competições fortes trabalhava lá. Só em 2001, a minha vida mudou na questão da piscina com a criação da Lei Agnelo/Piva que destina 2% das loterias federais para o esporte brasileiro. Os atletas que conquistaram medalhas em Sydney, no ano anterior, tinham uma bolsa e passei só a estudar e treinar. E isso deu tão certo que após um ano de dedicação, em meu primeiro mundial em Mar del Plata, na Argentina, bati três recordes mundiais e ganhei duas medalhas de ouro e duas de prata. Depois daquele ano, a cada campeonato melhorava meu tempo e vinha batendo meus recordes. Em 2004, os treinamentos só pioravam pela exaustão. Chegou a Paralimpíada e meu objetivo era melhorar as minhas marcas. Saí

de Atenas com seis medalhas de ouro, uma de prata e um quarto lugar. Não esperava esse resultado. Naquele momento, todos falavam que a competição estava passando na TV e que eu era conhecido no Brasil. Quando voltei para o Brasil, eu tive um choque logo ao descer no embarque. Era muita gente, todas as emissoras. Realmente, eu fui tratado como herói, nem mais como ídolo. FD: Como é pra você sair do país anônimo e voltar herói? CS: Até hoje eu não sei explicar. Mas a minha vida toda foi como muita naturalidade, mas sei da gigantesta responsabilidade que eu tenho dentro e fora d’água. Hoje além de ser ídolo dos meus fãs, o que eu mais acho legal é que eu sou ídolo dentro do esporte paralímpico e principalmente dentro da modalidade da natação. A natação está muito renovada e os meninos mais novos me olham com se estivessem vendo o Michael Phelps ou alguma celebridade. FD: Mas não é só na natação, tem uma história sua com o Neymar... CS: Eu estava saindo de São Paulo e nem

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comunità

sabia que ele estava no mesmo voo que eu. Sempre aguardo todo mundo para depois sair por último. Ele vinha lá de trás, parou, me cumprimentou, apertou a minha mão, me parabenizou e falou que me acompanhava. Parou e a fila parou toda atrás dele. Até brinquei com ele falando “então me ensina a jogar bola como você joga que eu te ensino a nadar”. É engraçado, lembro até hoje quando a primeira pessoa famosa me pediu pra tirar uma foto. Era a Juliana Veloso, atleta dos saltos ornamentais. Ela estava concorrendo ao premio de melhor atleta olímpica e eu, de melhor atleta paralímpico. Pensei: “pô, a Juliana Veloso, querendo tirar foto comigo”. FD: Sua vida deu um salto em 2002 e a partir de então... CS: Em 2004 começou a surgir novas oportunidades fora das piscinas. Só então eu comecei a ter uma pessoa para cuidar da minha carreira e passei a dar palestras e apadrinhar projetos sociais. Naquela época o atleta mais conhecido do esporte paralímpico foi o Clodoaldo Silva e continua sendo até hoje. Eu não esperava toda essa visibilidade e carinho que as pessoas tinham por mim. Logo após, começaram os treinos para Pequim. Achei que Atenas tinha sido bom, mas no Rio foi indescritível ver a arquibancada gritando o seu nome. No Parapan do Rio foram sete medalhas de ouro e uma de prata. No ano seguinte veio a Paralimpíada de Pequim. Em 2008, ganhei uma prata e um bronze na classe S5. FD: Foi quando veio a grande polêmica da reclassificação? CS: Sim, o Comitê Paralímpico Internacional disse que todo e qualquer atleta poderia passar por uma reclassificação. Só que o único que passou fui eu. Depois que eles mudaram o regulamento para fazer a classificação e mexeram comigo, voltaram ao regulamento anterior e só eu tinha passado pela reclassificação no mundo inteiro. Não havia o que fazer. E com S5 [uma categoria acima da anterior, isto é, com melhor mobilidade] nadei e ganhei duas medalhas. Consegui uma prata e um bronze. Foram

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importantíssimas pra mim, pois eu me tornei o maior medalhista do Brasil em Jogos Paralímpicos tanto em qualidade quanto em quantidade. São 13 medalhas: 6 ouros, 5 pratas e 2 bronzes. FD: E para 2012. O que você espera deste ano? CS: Ainda estamos analisando, mas pretendo participar no mínimo de seis provas em Londres. O pensamento é ganhar o maior numero possível de medalhas paramelhorar o ranking pessoal e da história do esporte brasileiro. FD: Em 2016, você não estará mais dentro das piscinas... CS: Pretendo que alguns frutos do trabalho do Instituto Clodoaldo Silva estejam dentro da água ou atuarei como um dirigente ou torcedor. De uma maneira ou de outra estarei lá. Percebi que o esporte paralímpico já cresceu muito, mas ainda não é o ideal. Verifiquei também que os atletas quando se aposentam vão para a TV, como comentaristas e apresentadores, e isso dá uma credibilidade maior ao evento. Por todo o conhecimento que eu tenho, eu quero fazer uma faculdade de jornalismo para poder divulgar o esporte paralímpico e paralelamente tocar o Instituto Clodoaldo Silva. FD: Como é a sua relação com a Itália? CS: É o país da bota [risos]. Meu sonho de consumo é visitar Veneza, será porque só tem água lá? Acho que é por isso [e mais risos]. Todo brasileiro adora futebol e eu comecei a conhecer a Itália por este motivo. Engraçado que os brasileiros da minha idade nasceram com o fantasma do Paolo Rossi, o carrasco da Copa de 82, que fez três gols em cima do Brasil. Na minha antiga categoria, S4, eu tinha um adversário italiano, o Luca Mazzone. Não dialogávamos muito, mas havia uma admiração mútua. Ele era bem mais velho do que eu, e antes das provas vinha me cumprimentar todo gentil, todo cavalheiro. Isso ele fazia em 2000, na minha primeira Paralimpíada. Em 2004 competimos juntos e em

2008, estávamos em categorias diferentes. Mesmo assim, veio falar comigo em Pequim sobre a mudança de classe que passei. Gostar, eu gosto mesmo é do Roberto Baggio porque ele perdeu o pênalti e nos deu o título em 1994, no Mundial dos EUA [e mais risos]. FD: De onde veio o apelido Tubarão Paralímpico? CS: Foi em 2002, durante o Mundial de Mar Del Plata, na Argentina. Uma amiga, que depois se tornou minha empresária trabalhava numa associação de apoio aos deficientes visuais. Divulgava as informações do campeonato em releases para a mídia e aí o nome pegou. FD: Em breve, teremos um documentário sobre você nas telonas. Como é isso? CS: As primeiras imagens foram feitas no Parapan no México no ano passado e vai contar com depoimentos, trechos da minha vida desde a infância; vai pegar alguns momentos como o nascimento da minha filhinha (novembro de 2011), a ala da Grande Rio no Carnaval deste ano cujo enredo é Superação e o grand finale em Londres. A previsão é que possamos lançar ainda neste ano. FD: O que você diz a quem enxerga as dificuldades como obstáculos? CS: Que as pessoas possam me ver e ler toda essa história de dificuldade e superação e imaginar “poxa, o Clodoaldo Silva nasceu em Natal, o Rio Grande do Norte, morou em um bairro conhecido pela criminalidade e violência. Nasceu com paralisia cerebral, passou fome, saiu lá do Nordeste para começar um sonho e hoje conseguiu vencer na vida. Então, se ele conseguiu isso, eu também posso conseguir. Seja no esporte seja fora dele”. FD: Parar de reclamar da vida e seguir em frente, né? CS: Isso, parar de reclamar da vida e seguir em frente. * Danielle Lima, jornalista, 25 anos, amante da cultura italiana e apaixonada por esportes.

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Clodoaldo se preparando para executar o nado borboleta

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Marisa Oliveira

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Gennaro Cannone nasceu no sul da Itália. Em Nápoles. Muito jovem saiu de Roma, cidade onde morava, para conhecer lugares e pessoas. De lavador de panelas a chef de cozinha, Gennaro passou pela França, Tunísia, Egito, Marrocos, Grécia e alguns países asiáticos. Convidado para comandar a inauguração da pizzaria Capricciosa, de Búzios, o napolitano Gennaro Cannone, por aquela época, parece ter descoberto seu ponto fraco (ou forte!): apaixonou-se por uma brasileira e se encantou pelo país. Era para ficar seis meses e já se vão 13

FD - Sr. Gennaro, fale da cidade, da região em que o sr. nasceu. Como era sua vida antes de vir para o Brasil? GC - Sou de Nápoles, mas me mudei para Roma ainda muito novo, com dias de vida. Saí com 17 anos da Itália e fui para Paris para conhecer lugares e pessoas. FD - Algum dia o sr. pensou em emigrar, especificamente, pensou que poderia viver no Brasil? O que o fez emigrar? O sr. está no Brasil há quanto tempo?

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GC - Vivo no Brasil há 13 anos. Roma é uma cidade muito pequena, é como se fosse Niterói aqui no Rio, então eu percebi que precisava viajar para poder crescer na vida. FD - Ao emigrar, que sentimento o dominou? GC - Quando se deixa a sua terra, o seu país, é sempre muito difícil porque parece que uma parte sua vai ficar lá, mas para crescer na vida é preciso olhar pra frente. Hoje vou uma ou duas vezes por ano a Itália visitar meu país, amigos e parentes.

FD - Quais as suas primeiras impressões da nova terra? O que mais o marcou? GC - Quando cheguei ao Brasil, sem hipocrisia, me senti em casa. Mesmo tendo vivido em outros países como França e Tunísia, aqui, eu nunca me senti um estrangeiro. FD - Como chef de cozinha, o que o sr. tem a dizer dos sabores de países tão distintos? GC - A arte é igual em todo lugar, a diferença entre os dois países está nos pratos principais. Aqui o principal é o feijão, o arroz,

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n n o n e estrangeiro”

anos. São treze anos de paixão à mulher brasileira. Desde 2004, está no comando da rede Alessandro & Frederico. Como chef é um entusiasta da gastronomia tradicional (ainda bem!) e segue defendendo que domingo é – ou deveria ser – dia de massa. Ah, Gennaro também é apaixonado pelas carnes do Brasil e por uma feijoada de primeira.

Chef Gennaro

GC - Toda vez que vou a Itália levo coisas bem brasileiras que não encontro lá, como uma boa cachaça e o feijão preto. Antes, quando voltava da Itália, o que primeiro guardava na mala era um bom parmesão, massa, óleo. Hoje eu encontro tudo aqui. FD - Como tem sido viver no Brasil? GC - Aqui eu me sinto em casa sempre, desde o dia em que cheguei. Aqui eu não me sinto um estrangeiro. FD - Do que o sr. sente falta? GC - Sinto muita saudade da minha terra. Sinto falta de encontrar os amigos em um bar para jogar baralho. Sempre assisto o canal italiano, além de voltar à Itália todos os anos. FD - Quais são suas preferências na culinária brasileira? GC - Com certeza, a grande maestria da carne. No Brasil, se encontra a melhor carne do mundo e, depois, a feijoada. Adoro uma feijoada de primeira.

Gennaro em família

a feijoada. Na Itália, comemos muita massa, mas o sabor é o mesmo. A terra é a mesma. FD - Quando o sr. retorna à Itália leva novos paladares, novos sabores?

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FD - O que o faz permanecer por aqui? GC - Sem dúvida nenhuma as mulheres. Um homem de verdade ama. Me apaixonei pela mulher brasileira, sem dúvida, é a melhor do mundo. Além de lindas, são companheiras, amigas, carinhosas, parceiras. FD - Na sua opinião, qual o melhor lugar do mundo para se viver? GC - Era, é e sempre vai ser o Brasil.

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Sem título, 2011

Diferentemente do que de macomo resultado de um procesneira geral se imagina, Leonardo so. Brasileiro, solteiro, busca Cavalcanti de Albuquerque Ayres dar direção a seu trabalho, mas não “nasceu” artista, isto é, desexistem muitos fatores, alheios de criança não brincava com coa sua própria vontade, que deres, materiais etc. É engenheiro terminam o ponto de parada formado e trabalhou como analista de siste- da sua produção. Não faz planos, a vida se mas. De fotografia em fotografia, de vídeo encarrega de levar sua arte. Com vigor e em vídeo, surge o Leo Ayres, tornado artista sem fatalismo.

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Livro de Cabeceira: Fragmentos de um discurso amoroso, Roland Barthes. Prato preferido: Cheio Artista que desponta: Julia Debasse, Marcelo Amorim, Bianca Bernardo, Maria Mattos, Daniela Seixas e vários outros. Local para viver: Minha casa Local para trabalhar: Qualquer lugar Próxima exposição: Centro Cultural Banco do Nordeste, em Fortaleza Conhecendo melhor Leo Ayres: www.leoayres.com

FD - Leo, em que momento da sua vida você se descobriu artista plástico, se é que se pode dizer desta maneira? LA - Graduei-me em Engenharia e, depois de um certo tempo trabalhando como analista de sistemas, fui fazer um curso de fotografia. Um curso após o outro, fui parar na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde estudei durante alguns anos. Tornar-me artista foi mais um processo que uma decisão instantânea. FD- Como foi sua formação como artista? LA - Estudei alguns anos no Parque Lage, fiz diversos cursos e também participei do Grupo Alice, grupo de estudos coordenado pela Brígida Baltar e pelo Pedro Varela. O que considero muito importante na minha formação foi poder viajar e ver boas exposições. Só a experiência pode trazer uma formação completa. FD - De que técnicas você mais se utiliza? Por que? LA - Comecei fazendo fotografia e vídeo. Estas são técnicas de que ainda utilizo, mas não tenho uma mídia preferencial. Gosto de estar sempre experimentando e aprendendo. Não existe uma técnica específica. Eu penso em um resultado e busco a técnica que vai permitir chegar até lá. Ou não. O erro também faz parte do meu processo. FD - Fale um pouco dos materiais que você utiliza nas suas obras.

mos todos para a Fosfobox e distribuí cinquenta globinhos espelhados e cinquenta lanterninhas. A boite ficou toda no escuro e tocamos só músicas lentas. A reação das pessoas me surpreendeu e, além de tudo, foi muito divertido. No dia seguinte, eu estava esgotado. FD - Quais são os temas que predominam na sua arte? LA - Amor, relacionamentos, ausência, transitoriedade... FD - O que é arte para Leo Ayres? LA - O que não é arte? Manual 261, 2011 LA - Prefiro usar materiais do cotidiano, encontrados em casa, tapetes, camas, baralhos, livros. FD - Quais foram as principais influências na sua produção? LA - Ana Miguel, Brígida Baltar, Marcos Chaves, Márcia X, Felix Gonzalez-Torres, Martin Creed, e milhares de outros artistas, com certeza. Ir ao cinema, ver televisão, ler um livro ou conversar com os amigos também afetam meu trabalho. FD - O que o emociona na arte que produz? LA - Meu trabalho tem que emocionar os outros e não a mim mesmo. Gostei muito da performance que fiz na abertura da minha exposição Discoteca de Mão, na Cosmocopa. No final, fo-

FD - Você exerce outras atividades profissionais? LA - No momento, me dedico somente à minha produção. FD - Leo Ayres nos próximos cinco anos... LA - Em 2012, vou fazer uma individual no Centro Cultural Banco do Nordeste, em Fortaleza. Em abril, farei o projeto Vitrine Efêmera, em Santa Teresa. Não fico fazendo planos ou imaginando aonde meu trabalho vai estar. Eu sou um arco e os trabalhos são minhas flechas. Eu dou a direção, mas aonde minha produção vai parar depende de diversos fatores alheios à minha vontade.

Truque de copas

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nita Soares tem como objetivo mostrar o ambiente natural da forma que ele se apresenta, sem interferências físicas, de luzes que não sejam as naturais, ou movimentação de pessoas ou objetos. Ela traz imagens que ressaltam preciosos detalhes surpreendentes do ambiente natural que muitas vezes passam despercebidos. A finalidade é que passemos a contemplar e sentir parte desse todo, percebendo nossa fração de responsabilidade na manutenção dos ambientes em que vivemos, para que possamos continuar a admirá-los com prazer. “Precisamos reaprender a apreciar e dar o devido valor ao que temos gratuitamente e constantemente ao nosso dispor, àquilo que nos alimenta e nos supre de fato, aquilo que realmente fará falta se secar ou deixar de existir. Desejo a disseminação do sentimento de respeito e responsabilidade com a natureza na convivência cotidiana do homem e o meio ambiente que o cerca. Além de sensibilizar a população para que observe e valorize mais a natureza ao nosso redor e conseqüentemente tenha mais desejo e prazer em preservá-la.”

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Todas as imagens aqui apresentadas são provenientes de negativo 35mm e foram expostas em Petrópolis, Itaipava e no Rio de Janeiro. Nascida em 1981, Anita atua há 6 anos no mercado de fotografias para decoração e serviços personalizados para seus clientes. Contatos: www.anitasoares.com

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cultura

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Luis Maffei luis.maffei@terra.com.br

Cadelas céleres da raiva 2 ou o rock errou.

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ensando, e pensando mais, sou levado, neste nosso tempo que já comentei de diversos modos (um deles: “(...) tempo sem ostras, com dinheiro/ em bolsos dos outros e discretas ditaduras”; o fragmento é do poema “28 – Bragantino 0x0 Vasco, 03, 10, 09”, de meu 38 círculos), a duas veredas distintas e, não por acaso, complementares: o ceticismo e a esperança. Não é sem esperança “Cadelas céleres da raiva” (texto com algum tempo de vida), e mesmo o choque de realidade que vai ali não é despido de algum projeto positivamente afirmável – acima de tudo, Dioniso é protagonista do verso homérico traduzido e do texto, sendo também patrono do conjunto que não houve porque não sou uma adolescente roqueira. Mas algum ceticismo há ali, especialmente na percepção de que, nesta época de sonhos difusos espalhados por prateleiras em shoppings, a identidade é coisa espinhosa, o rock é coisa palatável. De fato, isso é pena. Um Lobão ainda enfiado em confusos anos 80 forjou um título notável, de disco e canção: o rock errou. O trocadilho com rock’n’roll é óbvio, mas a expressão tem muita inteligência, e faz-me pensar no elenco de erros feitos pelo rock, cuja consequência é seu bem penteado estágio atual, rentável e adocicado. Alguém poderá dizer que pouca coisa escapa a esses pentes, finos na tarefa de captura e grossos na abrangência. É verdade. O contra-argumento insistiria, talvez, na capitulação dos bons fazedores de rock, ou no desaparecimento de potenciais cadelas céleres da raiva. Fato é, e Lobão percebeu-o cedo, que o rock errou. Digo eu, o rock ainda erra. Como? Eis a outra face, a da esperança: errar é mo-

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ver-se sem destino definido. Como se pode errar neste mundo, como podemos criar mundos neste mundo, riffs desviantes, errados? A própria origem latina de erro diz de apartar-se do caminho, e apartar-se do caminho, se gesto bem feito, pode encetar a criação de nova picada, e, consequentemente, novo destino. Pode-se começar assim: pondo hoje na vitrola, de novo, certas ostras antigas, de vinte e cinco, trinta anos de vida. Como escutá-las agora? Como dar sentido a elas no sentido da errância? Será que podemos ajudar o rock a errar mais? Aposto que sim. Outra ainda: investigar cuidadosamente as hipóteses roqueiras que se dão a nosso redor. Hoje mesmo, mais cedo, ouvi pela enésima vez a “Abertura 1812”, de Tchaikovksy, e é evidente que a peça não é um rock’n’roll. Mas o espírito que moveu muitos dedos calejados por cordas de metal durante a intensificação do poder revolucionário do rock está ali, movendo o incomodado russo e seu gênio romântico. Escutar Tchaikovksy de novo, ou mesmo uns Beatles com vocação sinfônica e alegremente melancólica (não esqueçamos George Martin), é escutar realmente de novo: atualizar, eu diria, ou ser atualizado, ser posto, o ouvinte, em estado contemporâneo a si próprio. Outra: enfrentar “tempo sem ostras, com dinheiro/ em bolsos dos outros e discretas ditaduras” com a montagem de um conjunto de rock chamado Cadelas Céleres da Raiva. Que pode, antes de tudo, aprender, em audição que babe, a ouvir. Seria bastante coisa neste mundo de surdos. Seria um bacanal.

Janeiro / Fevereiro 12


Janeiro / Fevereiro 12


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