Pubblicazione dell’Associazione per l’Interscambio Culturale Italia Brasile Anita e Giuseppe Garibaldi • Nº 119-120 Ano XIII - Setembro / Outubro 12 - R$ 10,00 PODE SER ABERTO PELA ECT
E MAIS: ENTREVISTA • HISTÓRIA ITALIANA • TURISMO • CINEMA • ARTES PLÁSTICA S • FOTOGRAFIA
Principais atrações da 2ª Mostra de Arte e Produtos Ítalo-Brasileiros
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O INCA-CGIL tutela gratuitamente os trabalhadores e aposentados italianos e brasileiros e suas famílias. RIO DE JANEIRO Av. Rio Branco, 257 sala 1414 20040-009 - Rio de Janeiro - RJ Telefax: 0xx-21-2262-2934 e 2544-4110
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SÃO PAULO (Coordenação) Rua Dr. Alfredo Elis, 68 01322-050 - São Paulo - SP Telefax: 0xx-11-2289-1820 e 3171-0236 Rua Itapura,300 cj. 608 03.310-000 - São Paulo- SP
“Patronato” da maior Confederação Sindical Italiana, a CGIL
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NOSSA CAPA
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agenda cultural
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às compras
05 Os melhores eventos estão aqui.
17 Aproveite nossas sugestões imperdíveis.
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editorial
encarte
06 Itália eleições 2013: o time da centro-esquerda.
18 “Manola”, di Margaret Mazzantini.
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comunità
08 Iniziato Brasitalia - 2 Mostra de Arte e Produtos Ítalo-Brasileiros. 08 Congiuntura Brasile. 09 Congiuntura Italia. 09 Chiude il Coasit.
Italia
Storia italiana 22 La Madonna divorata. Emigrazione 30 As andanças entre a Itália e o Brasil do ator Carlo Briani. O time da centro-esquerda 32 Fabio Porta e Fausto Longo.
10 Riunione Intercomites Brasile. 10 Ospedale Italiano: Più stile cosa loro che “Cosa Nostra”.
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10 L’ACIB verso la Chiusura.
Reflexão 29 30ª Bienal de São Paulo dialoga com o Público.
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gastronomia
11 Risoto de Frutos do Mar.
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turismo
12 São Paulo e o roteiro do café. Marisa Oliveira
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cultura
Literatura 16 “Brasil em campo”, de Nelson Rodrigues e “Retrato Calado”, de Luiz Roberto Salinas Fortes.
cultura
Fotografia 32 “Extravagâncias”, ensaio de Cristina Farage. Artes Plásticas 36 Alex Pitanga, “Arte é Liberdade”. Marisa Oliveira
Reflexão 40 Surdezes 2, em forma de carta ao meu filho sobre o ensurdecimento do mundo. Luis Maffei
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esportes
Reflexão 42 Vencedores sem pódio. Danielle Lima
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Criação: Tiago Morena/Sambacine
expediente
La rivista Forum Democratico è una pubblicazione dell’Associazione per l’interscambio culturale Italia Brasile Anita e Giuseppe Garibaldi.
Nota do Editor Eleições, Brasitália, Retrato Calado
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nquanto no Brasil aguardamos o resultado das eleições municipais, na Itália, as eleições do ano que
Comitato di redazione Giorgio Veneziani, Andrea Lanzi, Arduino Monti, Mauro Attilio Mellone, Lorenzo Zanetti (em memória).
vem já são tema de reflexão, bem como os problemas enfrentados pela comunidade ítalo-brasileira (Editorial).
Mas Itália e Brasil também são motivo de beleza, criatividade e alegria: nos dias 19, 20 e 21 de outubro, a segunda edição do Brasitalia,
Direttore di redazione Andrea Lanzi
Mostra de Arte e Produtos Ítalo-Brasileiros, um evento para
Giornalista Responsabile Luiz Antonio Correia de Carvalho (MTb 18977)
praça Vírgilio de Melo Franco, Centro.
Redazione Avenida Rio Branco, 257/1414 20040-009 - Rio de Janeiro - RJ forum@forumdemocratico.org.br Pubblicità e abbonamenti Telefax (0055-21) 2262-2934
ver, sentir, tocar a Itália, acontece no Rio de Janeiro, agora na Por falar em Rio de Janeiro, até o início de novembro, a cidade é palco da maior mostra de arte pública, a OiR, que a transformou em um museu a céu aberto e, admitamos, a tornou mais bela e interessante (Agenda Cultural). Rogerio Rebouças, com suas dicas de vinho (Às Compras), sempre muito bem selecionadas para o público da Forum Democratico, sugere, deixando-nos com água na boca, dois rótulos da vinícola Gerardo Cesari.
Revisione di testo (portoghese) Marcelo Gargaglione Lopes, Clara Salvador. Hanno collaborato: Cristiana Cocco, Marisa Oliveira, Danielle Lima. Logotipo: concesso da Núcleo Cultura Ítalo Brasileira Valença Stampa: Gráfica Opção
Ainda no âmbito do paladar, a seção Gastronomia, além da receita de risoto de frutos do mar, oferece uma opção especial para quem almoça no centro histórico do Rio de Janeiro. Vale a pena conferir. São Paulo, para quem gosta de curiosidades e aprecia fatos históricos, pode ser percorrida e descoberta, a partir de um roteiro proposto que revela o quanto a riqueza oriunda da cultura do café contribuiu para a transformação da cidade à época (Seção Turismo). Finalmente, um Brasil triste que não devemos
Copertina: Tiago Morena
esquecer: Retrato Calado, de Roberto Salinas (Seção Literatura).
Impaginazione: Tiago Morena Patrícia Freitas Sambacine Produções Ana Maria Moura
Boa leitura!
Dados internacionais de catalogação na fonte (CIP) Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia Forum Democratico/ Associazione per
Carta do leitor
l’insterscambio culturale italo-brasiliano Anita e Giuseppe Garibaldi - No.0 (mar. 1999) - Rio de Janeiro: A Associazione, 1999 - v. Mensal. - Texto em português e italiano - ISSN 1516-8123 I. Política - Itália - Brasil - Periódicos. 2. Difusão cultural Itália - Brasil - Periódicos. I. Associazione per l’interscambio culturale italo-brasiliano, Anita e Giuseppe Garibaldi. CDU 32:316.7(450 + 81)(05)
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“Muito profundo o seu ensaio “Arte e Consumo”. E o fato de você tratar o tema sob a perspectiva mais alta do destino humano e da possibilidade do homem se tornar humano, torna o seu ensaio um dos melhores já escritos sobre o assunto. E é de uma coragem maravilhosa nesta época de homens agachados. Estou feliz de tê-lo lido.” Jacob Klintowitz a Vicente de Percia, por email, setembro/2012.
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EXPOSIÇÃO
agenda cultural
Adriana Varejão - História às margens O Museu de Arte Moderna de São Paulo apresenta a primeira e mais abrangente exposição panorâmica de Adriana Varejão, uma das mais conceituadas artistas brasileiras no cenário internacional, com um recorte que abarca vários períodos de sua carreira a partir dos anos 1990 e traz obras de coleções do Brasil e do exterior, como a Fundación “la Caixa” (Madri), Tate Modern (Londres) e Guggenheim (Nova York) Adriana Varejão – Histórias às margens tem seleção de trabalhos fundamentais da artista feita pelo curador Adriano Pedrosa. São 42 obras, muitas inéditas no Brasil, uma das quais produzida especialmente para a exposição retrata azulejos, repletos de plantas carnívoras. Carioca, Adriana Varejão é um das artistas brasileiras mais conhecidas no mundo todo, com obras em acervos de instituições, como o museu Guggeheim, NY, a Tate Modern, Londres, Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris.
O sedutor; 2004 / Foto: Vicente de Mello
MAM SP - Parque do Ibirapuera – Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Portão 3, Tel.: (11) 5085-1300; Horários: de 3ª a Dom, das 10h às 17h30min, Ingressos: Entrada franca, classificação livre. Estacionamento: R$ 3,00/2h; Acesso para deficientes; até 16 de dezembro de 2012. www.mam.org.br; http://www.facebook.com/MAMoficial; http:// www.twitter.com/MAMoficial; http://www.youtube.com/MAMoficial
TEATRO
Mostra Internacional de Arte Pública - 1ª Etapa Rio de Janeiro: Museu a Céu Aberto O Rio de Janeiro até o dia 02 de novembro é palco de uma das maiores mostras de arte Awilda, de Jaume Plensa / Divulgação pública já realizadas no país. De dois em dois anos, até 2016 – no rastro da Rio+20 e simultaneamente à Copa do Mundo e às Olimpíadas – o projeto inédito OiR – outras ideias para o Rio, convidará artistas de prestígio internacional para interferir em locais emblemáticos da paisagem urbana da cidade. As obras desta primeira etapa levam a assinatura dos ingleses Andy Goldsworthy (Cais do Porto) e Brian Eno (Arcos da Lapa), do espanhol Jaume Plensa (Enseada de Botafogo), do americano Robert Morris (Cinelândia), do japonês Ryoji Ikeda (Arpoador) e do brasileiro Henrique Oliveira (Parque Madureira). O nome OiR, que quando escrito ao contrário se lê “Rio”, remete justamente à ideia de se pensar na cidade de uma maneira diferente. O projeto pretende fazer, de maneira atualizada, uma retomada da tradição de invocar o olhar estrangeiro sobre a paisagem carioca, iniciada desde os tempos das primeiras expedições, quando aventureiros e pesquisadores europeus atracavam por ali para tentar desvendar e traduzir os mistérios do novo território. E, mais recentemente, através de ensaios de pensadores ilustres como o antropólogo franco-belga Claude Lévi-Strauss e o escritor austríaco Stefan Zweig. Calendário: O radar, de Ryoji Ikeda - de 07 a 09/09; Praia do Diabo, Arpoador, das 19h às 22h; Awilda, de Jaume Plensa - de 7/09 a 02/11; Praia de Botafogo; 24h por dia. Cascasa, de Henrique Oliveira - até 02/11; Madureira; de 3ª a Dom., de 7h às 22h; Labirinto de vidro, de Robert Morris - até 02/11; de 3ª a Dom., de 7h às 23h; Domo de terra, de Andy Goldsworthy - até 02/11; Cais do Porto (Galpão da Ação e Cidadania) – Entrada pela Rua Coelho e Castro, em frente ao número 32; de 3ª a Dom., das 7h às 23h; 77 milhões de pinturas, de Brian Eno - de 19 a 21/10; Arcos da Lapa. Serviço do ônibus da OIR - Ponto de partida: Churrascaria Fogo de Chão - Av. Repórter Nestor Moreira s/nº, Botafogo; Datas das saídas: 08/09 a 02/11, fins de semana e feriados; Horários das saídas: às 10h e 15h; Duração dos passeios: cerca de 3h; Circuito: Praia de Botafogo – Cinelândia – Cais do Porto – Madureira – Praia de Botafogo; Entrada franca; Inscrições: www.oir.art.br
A Arte e a Maneira de Abordar seu Chefe para Pedir um Aumento Um homem apresenta um organograma – tão complexo quanto irônico – sobre as possibilidades de sucesso e fracasso na angustiante missão de pedir um aumento no salário. De George Perec (1936-1982), o texto é encenado por Marco Nanini e dirigido por Guel Arraes e tem como marcas o humor, a falta de enredo tradicional e um intrincado manual combinatório de probabilidades para a hora de pedir aumento de salário ao chefe. Emblemático, divertido, com Marco Nanini para garantir o espetáculo. Ator: Marco Nanini; Direção: Guel Arraes; Cenografia: Bia Junqueira; Iluminação: Beto Bruel; Figurinos: Antonio Guedes; Trilha Sonora: Berna Ceppas; Produção: Fernando Libonati. Centro Cultural dos Correios – End.: Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro, RJ; Tel.: (21) 2219-5165; De 6ª a Dom., às 19h, de 07/09 a 28/10/2012; Ingressos a R$ 20,00. Oi Futuro Flamengo – End.: Rua Dois de Dezembro, 63 – Flamengo, RJ; Tel.: (21) 3131-3060; De 6ª a Dom., às 19h30. De 02 a 25/11/2012; Ingressos a R$ 20,00.
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editoriale
Italia elezioni 2013: la squadra di centro sinistra.
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elle elezioni del 2008 per il parlamento italiano, la divisione delle forze progressiste e una legge elettorale denominata dal suo inventore “porcata”,
ha portato alla vittoria del centro destra. In America Meridionale, dopo la vittoria nel 2006 sotto la guida di Prodi, il centro sinistra si è presentato diviso e anche qui è stato sconfitto. Il Partito Democratico ha eletto solo il deputato Fabio Porta e ha perso il seggio di senatore, diventando così il terzo partito, sorpassato dalla lista MAIE (Movimento Associativo Italiani all’Estero) e dal Partito della Libertà. Il Partito Socialista Italiano ha avuto un buon risultato molto più consistente della Sinistra Ar-
cobaleno. In questo numero della rivista pubblichiamo le interviste al deputato Fabio Porta e al dirigente della Fiesp Fausto Longo - candidato nelle liste socialiste nel 2008 – che vuole rappresentare questo orientamento politico in una lista unitaria del Partito Democratico. Questa è la strada: riunire sensibilità politiche che abbiano affinità e aprire a personalità rappresentative dei partiti politici locali, quali il Partito Socialista in Argentina o il Partito dos Trabalhadores in Brasile. Oppure a candidati indipendenti che possano dare un contributo nella propria area di attuazione come gli scambi culturali e artistici. Prima di elencare alcune questioni attinenti agli italiani residenti all’estero e, in particolare, ai residenti in Brasile, esprimiamo alcune valutazioni sulla situazione politica italiana. Gli ultimi scandali in varie regioni italiane stanno mettendo in discussione la fiducia dei cittadini negli strumenti indicati dalla Costituzione per rappresentare la volontà del popolo; e, ancor più allarmante, parte consistente della popolazione giudica intollerabile quello che la “costituzione materiale” aveva reso normale modo di esercitare i mandati elettivi: ossia tutta una serie di privilegi che vanno dal ristorante agevolato per i parlamentari all’enorme flotta di auto con autista a disposizione di un numero enorme di eletti negli enti locali; dai gettoni di presenza per permanenze lampo nelle sedute consigliari alle spese di funzionamento dei gruppi consigliari dei partiti, autoapprovate dagli stessi. La situazione ha raggiunto una delicatezza tale, dopo che la guardia di finanza ha iniziato a sequestrare la documentazione contabile in varie sedi delle amministrazioni regionali, da portare le stesse regioni a richiedere provvedimenti di contenimento dei costi, diminuzione del numero dei consiglieri e controllo esterno dei conti. Dal punto di vista più strettamente politico si assiste ad una crisi profonda del centro destra, con Berlusconi tentato dal fare un passo indietro, rimanendo comunque il burattinaio del teatro politico; nel centro sinistra, Partito Democratico, Sinistra e Libertà e Unione Democratici Centro trovano difficoltà a far digerire alla propria base una nuova geometria politica che li veda insieme. Gli ultimi anni
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del governo Berlusconi, che puntava dichiaratamente a dividere le confederazioni sindacali, e le dichiarazioni del primo ministro Monti contro la concertazione hanno provocato una perdita di ruolo delle rappresentanze sociali, indebolendo il loro ruolo politico. Per quanto riguarda le comunità italiane che risiedono all’estero si è assistito al prosciugarsi dei fondi per l’assistenza diretta e indiretta ai connazionali in disagiata situazione economica; al taglio brutale del finanziamento agli enti gestori dei corsi di lingua italiana, provocando la chiusura di quelli che non sono stati in grado – o non hanno fatto a tempo- a riposizionarsi sul territorio, ad esempio con politiche di formazione linguistica rivolte agli insegnanti delle scuole pubbliche; alla riduzione del finanziamento dei Comites – oltre che rimandando di anno in anno la rielezione degli stessi- delineandone un modello di funzionamento che non prevede una reale attività di ricevimento e assistenza ai connazionali e discendenti, già che non ci sono risorse per una sede e per un addetto di segreteria. Altra emergenza é rappresentata dai servizi consolari, che diventano di giorno in giorno più fatiscenti in particolare verso i doppi cittadini, ma soprattutto nei confronti di coloro che hanno diritto al riconoscimento della cittadinanza italiana e affrontano tempi di attesa indegni di un paese civile. Il centro sinistra per essere convincente, oltre ad avere candidati seri e competenti, deve fuggire da ogni populismo (ci penserà abbondantemente la destra in questa specialità) e formulare proposte serie e realizzabili su queste questioni.
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Itália eleições 2013: o time da centroesquerda. vontade do povo; e, dado ainda mais preocupante, parte consistente da população julga intolerável aquilo que a “constituição material” tinha considerado o modo normal de exercer os mandatos eletivos: ou seja toda uma série de privilégios que contemplam desde as refeições com desconto para os parlamentares até uma enorme frota de carros com motorista, disponíveis para um número enorme de eleitos nas assembleias regionais e municipais; de jetons de presença para aparições relâmpago nas reuniões dos conselhos eleitos até as despesas de funcionamento das bancadas partidárias aprovadas por elas mesmas. A situação é tão grave, depois de a Receita ter iniciado a sequestrar a documentação contábil de vários governos regionais, que as próprias regiões pediram para conter as despesas, diminuir o número dos eleitos e ter um controle externo dos orçamentos. Do
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as eleições de 2008 para o parlamento italiano, a divisão entre as forças progressistas e uma lei eleitoral denominada
pelo seu inventor de “porcaria”, determinou a vitória da direita. Na América Meridional, depois da vitória em 2006 com a liderança de Prodi, a centro-esquerda se apresentou dividida e foi derrotada. O Partido Democrático elegeu só o deputado Fabio Porta, perdendo a vaga de senador e posicionando-se como o terceiro partido, atrás do MAIE (Movimento Associativo Italianos no Exterior) e do Partido da Liberdade. O Partido Socialista Italiano teve um bom resultado, bem melhor do que aquele da Esquerda Arco Iris. Neste número da revista publicamos as entrevistas ao deputado Fabio Porta e ao dirigente da Fiesp Fausto Longo – candidato na chapa socialista em 2008 – que pretende representar esta orientação política numa chapa unitária do Partido Democrático. Este é o caminho: juntar sensibilidades políticas que tenham afinidades entre si e incluir personalidades representativas dos partidos políticos locais, como o Partido Socialista na Argentina ou o Partido dos Trabalhadores no Brasil; e abrir espaço para candidatos independentes que possam oferecer uma contribuição na própria área de atuação, como o intercâmbio cultural e artístico. Antes de listar umas questões que tem a ver com os italianos residentes no exterior e, sobretudo, no Brasil, colocamos umas avaliações referentes à conjuntura política italiana. Os derradeiros escândalos descobertos nos governos de várias regiões italianas estão destruindo a confiança dos cidadãos nos instrumentos previstos na Constituição para representar a
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ponto de vista mais estritamente partidário, se destaca a grave crise da centro-direita, com Berlusconi tentado a dar um passo atrás, tentando se manter como manobreiro oculto da cena política; na centro-esquerda, Partido Democrático, Esquerda e Liberdade, União Democráticos de Centro, encontram dificuldades para convencer as próprias bases de um novo arranjo político que os veja juntos. Os últimos anos do governo Berlusconi, que operava abertamente para dividir as centrais sindicais, e as declarações do primeiro ministro Monti contra a concertação provocaram um enfraquecimento da força dos setores sociais representativos, diminuindo a função política dos mesmos. No que se refere às comunidades italianas no exterior, tivemos o enxugamento, quase total, dos recursos destinados à assistência direta (via rede diplomática) e indireta (via entidades filantrópicas) dos compatriotas em dificuldade; corte brutal do financiamento aos entes gestores dos cursos de língua italiana, provocando o fechamento das entidades que não souberam –ou não tiveram tempo – de se reposicionar no território, por exemplo, com propostas de formação linguística direcionadas aos professores da rede pública; redução no financiamento dos COMITES – além de postergar ano após ano a reeleição dos seus componentes - impondo um modelo de funcionamento que exclui uma real atividade de atendimento aos italianos e descendentes, já que não existem recursos para ter uma sede e uma secretária. Outra emergência é a dos serviços consulares, que a cada dia ficam mais precários, sobretudo no atendimento aos duplos cidadãos e – de forma mais marcante- daqueles que tem direito ao reconhecimento da cidadania italiana e que enfrentam filas de espera indignas de um país civilizado. A centro- esquerda para ser convincente, além de ter candidatos sérios e competentes, deve fugir de todo tipo de populismo (a centro-direita pensará em se destacar nesta especialidade) e apresentar propostas sérias e viáveis para solucionar estas questões.
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comunità
Congiuntura Brasile.
Fernando Haddad
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I risultati delle elezioni municipali sono interessanti e in qualche caso sorprendenti. Sorpresa è l’esclusione dal ballottaggio a San Paolo di Russomanno, che era il lider nelle intenzioni di voto fino a pochi giorni fa. Vanno quindi al ballottaggio i rappresentanti del PSDB e del PT, José Serra e Fernando Haddad. Il segreto per vincere è aggregare alleati fra coloro che non sono arrivati al secondo turno. Il segretario del Partito Democratico italiano, Pierluigi Bersani, ha inviato un video di appoggio al candidato del PT Haddad. Vediamo qualche altro risultato: a Fortaleza si va al secondo turno fra il PT e il PSB, alleati a livello
Celso Russomanno nazionale; a Recife il secondo turno si terrà fra il PSB e il PSDB, mentre il candidato del PT si ferma al 3 posto; a Porto Alegre si rielegge il sindaco Fortunatti (del PDT) sconfiggendo i candidati di altri due partiti della base di governo, il PCdB e il PT; secondo turno a Manaus fra il PSDB e il PCdB; a Salvador secondo turno fra PT e DEM, quest’ultimo partito che rischia di scomparire sul piano nazionale; a Vitória secondo turno fra PPS (erede del Partito Comunista Brasiliano) e PSDB. Il governo e la presidente Dilma Roussef, in particolare, raggiungono percentuali di approvazione superiori a quelli del presidente Lula. Il processo
del “mensalão”, quasi sicuramente, si concluderà con la condanna dei principali imputati da parte del Supremo Tribunale Federale, compreso l’ex ministro della Casa Civil, José Dirceu. Ciò rappresenterà un grave danno per il PT che aveva sempre ridimensionato l’accaduto, ammettendo appena il finanziamento illecito delle campagne elettorali. La decisione del STF – se non vorrà assumere i caratteri di un uso politico della giustizia - sarà comunque l’inizio di un nuovo livello di controllo da parte della magistratura sul rispetto della legge da parte del sistema politico.
RIO DE JANEIRO
Iniziato Brasitalia - 2 Mostra de Arte e Produtos Ítalo-Brasileiros
È
iniziato l’evento il primo ottobre, con “BRASITALIA no Metrô” con la proiezione nella stazione Carioca – in una TV di 60 pollici - della mostra multimediale “BRASITALIA: fotógrafos e artistas plásticos na revista Forum Democratico”. Sempre nella stessa stazione è stata presentata il 3 ottobre lo spettacolo teatrale “Carioca core mio” e sono programmati il 10 ottobre “Pinoquio”e il 17 otobre il trio jazz italiano Felice Del Gaudio.
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comunidade
Congiuntura Italia.
Bersani e Vendola
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l Partito della Libertà appare in grande crisi, accentuata dallo scandalo alla regione Lazio che ha portato alle dimissioni della governatrice Polverini. In Sicilia il governatore Lombardo si é dimesso e le elezioni si terranno a breve. Il presidente della Lombardia, Formigoni, è al centro da mesi di indagini riguardanti finanziamenti personali illeciti da parte di imprenditori attualmente agli arresti. Le inchieste sulle spese autocertificate da parte dei
gruppi consigliari regionali, dopo le vicende che hanno portato in galera il capogruppo PDL del Lazio, stanno gettando ulteriore discredito sul sistema politico; e danno fiato al populismo e all’antipolitica, mai scomparsi nell’opinione pubblica italiana, che sembra dimenticare che siamo anche campioni dell’evasione fiscale. Il primo ministro Monti sembra averci trovato gusto e dichiara di essere sempre pronto – se necessario – a servire il paese,
giocando di sponda con Pierferdinando Casini che da tempo lo indica nuovamente a capo del prossimo governo, senza passare dalla prova del voto. Il Partito Democratico, nell’assemblea nazionale del 6 ottobre, ha modificato il proprio statuto e alle primarie di coalizione parteciperanno più candidati del partito oltre che candidati di altri partiti, come Niki Vendola che ha confermato in pari data la sua candidatura.
RIO DE JANEIRO
Chiude il Coasit
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opo oltre 50 anni di attività, a fine agosto, il COASIT (Comitato Assistenziale Italiano) ha deciso di cessare le attività dopo aver onorato tutti gli impegni verso i suoi collaboratori, fornitori, ecc. Il motivo contingente della decisione è semplice: chi dirigeva l’ente – dopo più di 20 anni di attività- non se la sentiva più di mantenere in piedi la struttura. Il motivo di fondo è diverso: negli ultimi 10 anni il COASIT non ha saputo, né voluto, innovare e far entrare forze nuove per continuare ad assicurare un servizio importante per i nostri connazionali in situazione disagiata. Nel 2005 vi furono anche aspre polemiche sul fatto che il consiglio direttivo dell’ente non veniva rinnovato e che alcuni degli stessi membri nemmeno sapevano di farne parte. Nato in base alla predisposizione filantropica di numerose imprese italiane, il COASIT, quando questa generosità è venuta meno, non ha saputo adeguarsi ai tempi ed è sopravvissuto quasi esclusivamente con il contributo dello stato. Quando anche i contributi statali si sono ridotti è subentrata la crisi che ha portato alla chiusura.
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comunità
Riunione Intercomites Brasile
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i è svolta il 10 settembre a Rio de Janeiro la riunione Intercomites con la presenza del console generale, Mario Panaro, e del consigliere di ambasciata, Gabriele Annis, da pochi mesi in carica. Da parte di tutti i presidenti Comites sono state evidenziate le gravi difficoltà prodotte dai tagli generalizzati e ripetuti all’assistenza diretta (via rete consolare) e indiretta (via entità filantropiche) ai connazionali in condizioni disagiate; i presidenti hanno protestato anche per la forte riduzione del contributo agli enti gestori dei corsi di lingua italiana che ne mette in discussione la sopravvivenza, come nel caso dell’Acib di Rio de Janeiro; infine le lamentele per la riduzione del finanziamento agli stessi Comites che li obbliga ad adottare un modello di funzionamento, senza sede propria e senza addetto di segreteria, che nei fatti è la negazione del ruolo previsto nella legge istitutiva. Tutto negativo quindi? In verità no, in quanto il consigliere Annis ha proposto di dare vita a gruppi di lavoro congiunti, con la presenza dei Comites, che possano approfondire i problemi della comunità italo brasiliana e cercare di proporre soluzioni anche sulla unificazione del modello di gestione dei servizi consolari. In apertura dell’incontro il deputato Fabio Porta ha inviato un suo messaggio, che è stato apprezzato proprio in quanto non si fermava ai rituali auguri di buon lavoro, ma entrava nel merito delle questioni in discussione. Per il prossimo anno assumerà la carica di presidente dell’intercomites, la presidente del Comites di San Paolo, Rita Blasioli.
Gabriele Annis
RIO DE JANEIRO
Ospedale Italiano: Più stile cosa loro che “Cosa Nostra”
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ome si sa “Cosa Nostra” è sinonimo di mafia e quindi di una pericolosa organizzazione crminale. Gli ex soci della SIBMS (Società Italiana Beneficenza Mutuo Soccorso) dipingono spesso in questi termini l’amministrazione dell’entità, fondata nella seconda metà del 1800, raccontando di mancanza di medici, difficoltà a fare analisi cliniche, ecc; quando ci raccontano queste cose, sempre difendiamo la SIBMS, affermando che semmai il difetto è che gli attuali rappresentanti legali agiscono nello stile “Cosa Loro”, come se l’entità centenaria fosse la loro impresa e non il frutto dello sforzo di migliaia e migliaia di italiani che vollero – con donazioni, ma anche lavorando sabato e domenica nella costruzione dell’edificio- costruire l’Ospedale Italiano, il loro ospedale. Ormai di italiano l’ospedale ha le interrogazioni parlamentari degli amici del suo presidente, dopo che non sono state rinnovate le convenzioni con il Consolato.
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RIO DE JANEIRO
L’ACIB verso la chiusura
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opo alcuni anni di crisi, provocata dalla riduzione continua del contributo statale per i corsi di italiano, l’ente non ha più condizioni di mantenere le attività. I debiti nei confronti del consolato ammontano ad oltre 100.000 reais, mentre l’esposizione bancaria supera i 120.000 reais. L’ente, fondato nel 1988, è stato l’esempio, seguito in tutto il Brasile, per la costituzione di entità dedicate all’insegnamento della lingua italiana. Il modello gestionale scelto dall’ACIB, ovvero la gestione diretta dei corsi, con i professori a libro paga, è ottimo dal punto di vista dell’omogeneità dell’offerta formativa; ma è pessimo quando cominciano a scarseggiare le risorse perché i costi sono fissi a fronte di una diminuzione delle entrate. Altro fattore che ha prodotto la crisi è stata l’incapacità di trovare un nuovo posizionamento sul territorio, puntando sulla formazione linguistica degli insegnanti della rete pubblica per espandere l’insegnamento della lingua italiana.
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gastronomia
Risoto de Frutos do Mar
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omo “manda o figurino” de quem trabalha no centro do Rio de Janeiro, estamos sempre correndo. Isso traz vários riscos, como o de passarmos “batidos” pelo Málaga, uma ilha de maneirismos bem à moda do que o cliente brasileiro gosta - atendimento personalizado e a
certeza de que vai sempre encontrar seus pratos preferidos, free de modismos e de “modernismos”! Assim, ainda que a base do cardápio seja a culinária espanhola, a infinidade de pratos, como moquecas, feijoada, pargo ao sal grosso, leitão à bairrada, entre outros, permite atender a todo
tipo de gosto. E mais, a equipe está orientada a providenciar qualquer prato, mesmo que não conste do menu. Tanto assim que o Málaga, ao ser contatado pela Forum Democratico, providenciou imediatamente a receita do Risoto de Frutos do Mar (M.O.).
Risoto de Frutos do Mar Foto: Divulgação / Prima Press
Málaga Rua Miguel Couto, 121 Centro, RJ. Tel.: (21) 2253-0862 / 2233-3515 Horário de funcionamento: 2ª a 6ª das 11h às 21h. www.malaga.com.br
Ingredientes
Modo de preparo
- 1/2 kg arroz arbóreo - 1 cubo de caldo de galinha - sal a gosto - azeite - 4 dentes de alho - 1 cebola grande - 2 tomates - 200 ml de vinho branco - polvo, cavaquinha, mexilhões, lulas, camarões (quantidade a gosto do cozinheiro) - 1/2 litro de caldo de peixe
Cozinhe o arroz com o caldo de galinha até ficar al dente.
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Em outra panela, doure o alho no azeite, adicione a cebola e os tomates picados. Acrescente o vinho. Coloque os frutos do mar e refogue-os com os demais ingredientes. Misture o arroz pré-cozido e quando estiver ao ponto de servir, adicione 100g de manteiga de boa qualidade e mexa até desmanchar. Bom apetite!
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S Ã O PA U L O E O R O T E I R O D O C A F É
São
Paulo
Foto: Estação da Luz, Caio Silveira / SPTuris
Marisa Oliveira
São Paulo é imensa, poderosa e muito interessante. Tão interessante que a prefeitura e a empresa responsável pela promoção turística da cidade criaram uma série de possibilidades para explorá-la e a Forum Democratico escolheu começar pelo roteiro do café. 812
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F
oi a economia cafeeira o fator que transformou a capital paulista, antes a nona cidade do Brasil (1872), na metrópole global dos dias de hoje. Cultivado inicialmente na região de Belém do Pará, o café chegou ao Rio de Janeiro e de lá foi para São Paulo, onde se consolidou como base da economia do país (meados do século XIX e primeiras décadas do XX). Foi o café o responsável pela introdução da ferrovia no estado de São Paulo, pela chegada em massa de imigrantes vindos da Europa e do Japão. Na capital paulista, a riqueza e o desenvolvimento se evidenciaram nas mansões dos barões fazendeiros, nas grandes construções urbanas, na difusão das artes, na importação da cultura europeia e nos teatros. O que o Roteiro do Café vem propor é a compreensão de como esse pequenino grão provocou em São Paulo as transformações sociais, econômicas e culturais.
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Roteiro do Café e História de São Paulo - caminhos do desenvolvimento urbanístico, das reminiscências arquitetônicas das tradicionais casas de café. 1. Palácio da Justiça Um dos exemplos de modernização da metrópole. Projetado em 1911 e inaugurado em 1933. Estilo eclético, influência neorrenascentista. No interior do edifício, o Plenário do Júri é revestido com lambris de madeira de lei e tem como teto uma claraboia. Obra do Escritório Técnico Ramos de Azevedo (considerado o principal arquiteto do ciclo de riqueza do café). Abriga exposições permanentes e temporárias mantidas pelo Museu do Tribunal de Justiça. Praça Clóvis Bevilácqua, s/n; tel: +55 11 3295-5816; 2ª a 6ª feira, das 10h às 17h (seguindo o calendário do Tribunal de Justiça) 2. Edifício Guinle Considerado o primeiro prédio vertical da cidade, uma das primeiras construções de concreto armado do país. Construído entre 1913 e 1916. Projeto dos arquitetos Hipólito Gustavo Pujol Junior e Augusto de Toledo. Fachada Art Nouveau, com motivos de grãos e ramos de café. Rua Direita, 49 3. Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Construído entre 1923 e 1927, seguindo o projeto do arquiteto Hipólito Gustavo Pujol Junior, professor da Escola Politécnica. Desde 2001, abriga o Centro Cultural Banco do Brasil, um dos mais ativos e completos espaços culturais paulistanos, parte de mais um esforço na política de revitalização do centro da cidade. Na fachada, adornos de ramos de café. Rua Álvares Penteado, 112; +55 11 3113-3651/ 3113-3652; 3ª a Dom., das 10h às 20h. 4. Largo do Café Local onde, no passado, o café era comercializado, numa espécie de bolsa informal. Em 1914, foi instituída a Bolsa Oficial do Café, em Santos. Atualmente, há bares e cafeterias muito animadas. Cruzamento das ruas São Bento, Álvares Penteado, do Comércio e Dr. Miguel Couto. 5. Edifício Martinelli Na São Paulo que crescia com o dinheiro do “ouro negro”, quando inaugurado, em 1929, era o mais alto edifício do mundo, à exceção dos Estados Unidos, condição perdida apenas em 1936. Inicialmente, de autoria do arquiteto húngaro William Fillinger, o projeto de 12 andares foi alterado pelo próprio empreendedor da obra, Giuseppe Martinelli, que tinha a meta de 30 andares e de construir sua mansão no topo do prédio, assim demonstrando aos desconfiados que, apesar de tão alta, era segura. Havia neste exato local o Café Brandão, um dos mais marcantes da época. Rua Líbero Badaró, 504; +55 11 3104-2477; 2ª a 6ª feira: das 9h30min às 11h30min e das 14h30min às 16h; Aos sábados, até as 13h, com agendamento obrigatório. Foto: Prédio Martinelli, José Cordeiro / SPTuris
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Foto: Parque da Luz, Jefferson Pancieri / SPTuris
A Região da Luz O café, como fator de atração e de desenvolvimento, faz crescer a população e impulsiona o progresso. A região da Luz deixa de ser um ponto de parada de tropeiros e se incorpora ao novo cenário. A ferrovia começa a ser construída em 1860, para dar conta de escoar o café pelo porto de Santos. 6. Estação da Luz Comportando o movimento de pessoas e cargas, foram inauguradas em 1901 a atual Estação da Luz e duas pequenas pontes sobre a estrada de ferro. Projeto do inglês Charles Henry Driver. Um dos mais tradicionais símbolos da cidade – especialmente pela sua torre de 60 metros de altura – a Estação da Luz é uma das mais importantes do sistema de transporte metropolitano e abriga, desde 2006, o genial Museu da Língua Portuguesa. Praça da Luz, 1 - Luz; 0800-55-012; Diariamente, das 4h às 24h. www.estacaodaluz.org.br
Foto: CCBB, José Cordeiro / SPTuris
7. Painel Epopéia Paulista Realizado pela artista plástica Maria Bonomi, Epopéia Paulista é monumental, seja pelo conceito, seja pela dimensão (73m comp. X 3m de altura), seja pela autora, que tem um forte comprometimento com a socialização da arte. A parte Amarela, a presença nordestina na cidade (literatura de cordel e a cor da terra seca do Nordeste). A Branca, com suas linhas retas representam os trilhos do trem e do Metrô, e cor branca, propriamente dita, o futuro, pelos que chegam. Os objetos esquecidos no dia-a-dia da estação, bem como a terra onde o café frutificou, a parte de cor Vermelha. Estação da Luz (corredor de interligação entre o Metrô e a CPTM); 0800-55-0121; Diariamente, das 4h às 24h.
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Acima: Pinacoteca, Alexandre Diniz / SPTuris. Abaixo: CCBB, José Cordeiro / SPTuris
8. Parque da Luz O Parque da Luz, aberto ao público em 1825, é a mais antiga área verde da cidade. Com 113.400 m², conta com muitos atrativos, como a gruta com cascata, o aquário subterrâneo, e esculturas de artistas como Lasar Segall, Victor Brecheret, Leon Ferrari e Amilcar de Castro. Praça da Luz, s/nº - Luz; +5511 3227-3545; 3ª a Dom., das 9h às 18h; www.prefeitura.sp.gov.br 9. Pinacoteca do Estado Concebido inicialmente para sediar o Liceu de Artes e Ofícios – centro de educação profissionalizante para formação de artesãos e mão-de-obra especializada para servir à metrópole que se desenvolvia, em função do boom do café. Projeto do arquiteto Ramos de Azevedo. Passou a abrigar a Pinacoteca do Estado, o primeiro museu de arte de São Paulo. Com mais de 8 mil peças em seu acervo, é um dos principais atrativos turísticos da cidade. Praça da Luz, 2 - Luz; +5511 3324-1000; 3ª a Dom., das 10h às 17h30min; www.pinacoteca.org.br 10. Estação Pinacoteca O edifício da Estrada de Ferro Sorocabana, de 1914, abrigava escritórios administrativos e o armazém central da ferrovia. Durante o regime militar instaurado nos anos de 1960, o Departamento de Ordem Política e Social – DOPS, principal órgão de investigação e repressão durante a ditadura ocupou o espaço. Em 2004, foi incorporado pela Pinacoteca do Estado, passou a ser chamado Estação Pinacoteca e expõe a Coleção Nemirovsky, um dos mais importantes acervos de arte moderna do país. No térreo, está o Memorial da Resistência de São Paulo, dedicado à preservação das memórias da resistência e da repressão política no Brasil. Largo Gal. Osório, 66 - Luz; +5511 3324-1000; 3ª a Dom., das 10h às 17h30min; www.pinacoteca.org.br 11. Estação Júlio Prestes Projeto do arquiteto Christiano Stockler das Neves, este edifício foi erguido para substituir a estação original Estrada de Ferro Sorocabana, a qual já não comportava mais o movimento e as demandas decorrentes da grande movimentação. Abriga o ponto de partida dos trens da Linha Diamante, a Secretaria do Estado de Cultura e a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Tem ainda uma sala de concerto, considerada uma das melhores do mundo. Rua Mauá, 16 - Luz; +5511 3324-1000; 2ª a 6ª, das 10h às 18h; Sáb., das 10h às 16h30min; www. salasaopaulo.art.br 12. Vila dos Ingleses Concebida para servir de moradia aos funcionários ingleses da ferrovia São Paulo Railway (Santos-Jundiaí). Projeto do chileno Eduardo de Aguiar D’Andrada, com inspiração nas vilas operárias de Londres. Hoje funciona ali um centro de atividades comerciais. Rua Mauá, 836 – Luz; +5511 32286944. Setembro / Outubro 12
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c u l t u r a
l i t e r a t u r a Marisa Oliveira
Brasil em campo Tristes daqueles que, embora nos dias de hoje se deliciem com a comunicação em rede e todas as suas possibilidades, não tiveram o prazer de a cada dia, abrirem o rosinha, o Jornal dos Sports, e desfrutarem das verdades absolutas, eternas e incontestáveis sacramentadas nas crônicas de Nelson Rodrigues. Um olhar rico e peculiar, pródigo de metáforas e adjetivação, único!, sobre as paixões dos homens, sobre o indivíduo, o futebol como teatralização das relações humanas. E, a cada dia, uma vez lida, saíamos todos com as metáforas na cabeça, deleitando-nos... A cada afirmação uma sentença poética, erudita, mitológica: “Lembro-me de uma pelada a que assisti, faz tempo”, escreveu Nelson Rodrigues. “Um dos adversários era o brioso Rosita Sofia. E o outro devia ser o Manufatura, ou Mavilis, sei lá. De repente, a coisa começou a crescer em campo. Tudo
adquiriu um dramatismo inesperado e colossal. E me doeu não ser um Camões, ou um Sófocles, ou um Tolstói. Eu via, ali, todo um material abundantíssimo para uma Guerra e paz.” As hipérboles em abundância, maravilhosas, dão o tom ou os tons da força da pena do autor - a vida vista com dramaticidade, desnuda, revelando o que vai na alma de cada um. Prova disso são as imagens dos torcedores, espectadores das partidas de futebol, com seus radinhos de pilha à beira do gramado - Canal 100 (quem nunca assistiu, que pena!), exemplos fiéis de vários “abundantíssimos Guerra e paz” que existem dentro de cada um de nós. São 71 textos, selecionados pela organizadora Sonia Rodrigues, repletos de literariedade, que compõem o retrato de uma época sem perder a atualidade, com o bônus de nos mostrar como é possível ser um cronista sem o alinhamento com o padrão universal do comportamento/pensamento único.
Quem é Nelson Rodrigues? Brasil em campo Autor: Nelson Rodrigues Organização: Sonia Rodrigues Editora: Nova Fronteira Páginas: 160 Preço: R$ 34,90
Nelson Rodrigues (1912-1980) nasceu no Recife, mas se consagrou por produzir textos que têm como cenário o Rio de Janeiro. Ainda adolescente começou a exercer o jornalismo, área em que se destacou como cronista e comentarista esportivo. Escreveu 17 peças de teatro, além de contos e romances. Muitos de seus textos em prosa foram adaptados para cinema e televisão, o que reforça a vitalidade de sua obra e o interesse que ela desperta há várias gerações. É considerado o maior dialogista do Brasil.
Quem é Sonia Rodrigues? Sonia Rodrigues é escritora e jornalista. Fez mestrado e doutorado em literatura pela PUC-Rio. Tem obras publicadas por diversas editoras do mercado brasileiro e é pioneira no desenvolvimento de redes sociais de aprendizagem em torno de jogos aplicados a conteúdos diversos. Com recursos da sua plataforma digital Almanaque da Rede, pesquisa e patrocina pesquisas sobre o pai, Nelson Rodrigues, desde meados de 1999. Sua obra mais recente é Estrangeira, publicada em 2010. Foi também a organizadora de Nelson Rodrigues por ele mesmo (2012), que será adaptado para os palcos por Fernanda Montenegro.
Retrato Calado Lançado inicialmente em 1988, Retrato Calado volta a ser publicado agora, uma decisão editorial de muita sensibilidade e oportunidade da CosacNaify sob vários pontos de vista: 2012 é o ano em que se instala no Brasil a Comissão da Verdade, amém!; vivemos na roda-viva pós-Perestroika, pós-queda do muro de Berlim, pós-vitória absoluta do capitalismo, contexto em que o individualismo se exacerbou, bem como fez proliferar a necessidade total de “sermos todos felizes o tempo todo”; o Brasil nunca valorizou a formação de um arquivo de memórias sobre os movimentos de luta por uma sociedade mais justa e melhor para todos, nem tampouco seus “heróis” conhecidos ou anônimos, e nem tampouco sofreram punição aqueles que
Retrato Calado Autor: Luiz Roberto Salinas Fortes Apresentação: Marilena Chauí Posfácio: Antonio Candido Editora: Cosac & Naif Páginas: 136 Preço: R$ 35,50
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comprovadamente agiram de má-fé, fora da lei, cometendo barbáries gratuitas, sem honrar a instituição que representavam, a constituição que deveriam defender. Retrato Calado é uma obra comovente que deveria circular de maneira ampla em rodas de leitura, como exemplo de memória do que não deve ser praticado, e de alerta sobre os riscos de se validar, por convicção ou omissão, regimes de exceção. O prefácio da Marilena Chauí é uma aula, bem como o posfácio de Antonio Candido. E é deste último que extraio os comentários que resumem a obra: um homem em busca de si mesmo, que narra seus encontros com a repressão policial e militar em fins dos anos 60, dos anos 1970, tendo como bálsamo, para nós leitores, uma escrita excelente, uma prosa irretocável.
Quem é Luiz Salinas? Luiz Roberto Salinas Fortes foi professor e filósofo, autor de obras como Rousseau: da teoria à prática. São Paulo, Ática, 1976, bem como de artigos, ensaios e resenhas. Preso diversas vezes e torturado durante a ditadura militar, morreu precocemente aos 50 anos.
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às compras
Ideias úteis e interessantes
(M.O.)
Os grupos de artesãs Fuxicarte, Ressurgir e Transformarte têm dado o que falar e o que apreciar, juntando o conceito de utilidade e de criatividade. Almofada Pão de Açúcar Preço: R$ 42,00.
Contatos com a seção Às Compras para apresentação/sugestão de produtos sustentáveis ou demais produtos podem ser enviados para pauta@forumdemocratico.org.br
Reciclagem, criatividade, beleza
Caminho de mesa Patch Preço: R$ 69,00. Cachepô Preço: R$ 360,00. Potinho com pazinhas coloridas Preço: R$ 35,00.
Feito com jornal chinês reciclado, o cachepô da Rug Hold é lindo! (47x47x43cm)
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Onde encontrar Rug Hold - Rua Antunes Maciel, 313 - São Cristóvão, RJ. Telefone: (21) 3299-9999
Dica do Rogerio Rogerio Rebouças selecionou para essa edição dois vinhos da vinícola italiana Gerardo Cesari, situada na região de Verona. Fundada em 1936 por Franco Cesari, a “azienda” foi a primeira produtora de Valpolicella a ter seus vinhos nos cinco continentes.
Amarone della Valpolicella Clássico DOC, 2008, com uvas corvina,
rondinella e molinara envelhecido em barris de carvalho. De cor rubi bem sustentada, tem aromas de cerejas negras em compota, café e especiarias. Na boca tem um bom ataque, é longo, agradável, com aromas de café, frutas escuras e maduras em compota. Carnudo, potente e de bom frescor mostra um bom comprimento. Muito bom vinho. Preço: R$ 186,00.
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Jèma
2007, IGP Corvina Veronese, 100% casta corvina - O vinho é de cor rubi densa com notas violáceas, o aroma tem boa intensidade com especiarias, frutas negras maduras, com destaque para o cassis. Na boca é agradável, de bom corpo, macio, untuoso e potente. O vinho começa mostrando sua exuberância e aos poucos o álcool se retrai e os aromas se revelam. Deve ser aberto uma hora antes do serviço. Preço: R$ 179,00.
Onde encontrar: www.emporiosantajoana.com.br www.ciadowhisky.com.br
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Encarte especial Forum 119-120 - Introduzione alla lettura di brevi testi in Lingua Italiana - Fascicolo LXXVII
e n c a r t e f a s c i c o l o
Introduzione alla lettura
Símbolos utilizados Informação histórica
Expressão - locução “Falsos amigos” ou falsas analogias Ao fim do parágrafo, há uma janela
com informações fora do texto
Gírias ou expressões fixas
Anglicismos e neologismos
di brevi testi in Lingua Italiana
Dialetos
a cura di Cristiana Cocco
“Manola” di Margaret Mazzantini
O
rtensia L’inizio. Il problema è l’inizio. Ho tante cose da raccontarle, Manola.
faccia senza remorevii, sono abituata alle porte sbattute sul grugnoviii. Se
Sono così piena. È una pienitudine piuttosto dolorosa, mi creda. Lo so,
invece accetta, si rimbocchi le maniche, sarà un lavoro molto duro, inutile
basterebbe buttare lì il primo sassolino, a caso. Temo che verrebbe giù
nasconderlo. Io sono un essere sensazionale, avrà modo d’accorgersene.
una irrefrenabile slavinai. Non ho nulla di personale contro di lei, anzi
Le darò tutte le mie coordinate astrali e terrestri. Se ne stia zitta, accocco-
quel turbante di stoffa intignata che ha sul capo mi piace molto. Però ho
lata nel suo scranno, e mi lasci parlare. Non le chiedo altro che stare lì ad
bisogno di calma. Si rende conto di quanti equivoci possono nascere da un
ascoltarmi, esattamente come sta, immobile, dietro quella sfera di vetro,
inizio sommario? Partire con il piede sbagliato sarebbe catastrofico, l’errore
con le mani annodate sul grembo. Io sono per le libere associazioni. Sulle
iniziale si ripeterebbe milioni e milioni di volte, come l’errore cromosomico
mie magre spalle pesano svariate primavere di analisi freudiana. Ho scelto
in un embrione. Non possiamo permettercelo. Almeno io, nella condi-
la terapia freudiana proprio per non essere interrotta. Perciò, anche quan-
zione in cui mi trovo, non posso permettermi un altro passo falso. Non è
do resterò muta, la prego, non interrompa il mio silenzio. Lei non può
ii
maniacalità la mia, è prevenzione. Eppure sento che devo fidarmi, devo
sapere cosa significhi per me avere un pensiero davanti allo sguardo e non
lasciar ruzzolare nelle sue esoteriche mani la mia slavina vitae, d’altronde
riuscire ad afferrarlo. Eppure, fino a un attimo prima era perfetto, stampato
iii
non ho alternative. Si sarà accorta di primo acchito che non sono una
nel nitoreix, aureolato dall’arcobaleno della mia immaginazione. Manola, le
cliente abituale. È stato il caso a condurmi qui, e lei sa bene che il caso non
chiedo: esiste secondo lei un luogo che raccoglie tutto il pensiero smarrito
esiste, è un artiglio nel caos di qualche nostra misconosciuta volontà.
dagli uomini?
Il fatto è che io ho sotto il mento una sacca, dov’è racchiusa tutta la mia
E il Pensiero, che fluttua sul capo dell’umanità come uno sciame di vespe
infelicità. Vorrei che lei mi aiutasse a sbarazzarmi di questo malefico
cercando un varco in un cranio a caso, è sempre lo stesso da sempre? Io,
gozzacciov che mi sciabordavi sotto pelle. Se ha intenzione di rifiutarmi, lo
Manola, ho una testolina porosa, capace di accogliere la grande energia
iv
i La slavina è una frana di neve polverosa che scivola da un pendio montano, perlopiù durante il disgelo primaverile. In portoghese si dice ‘avalanche’. Qui viene usato in senso figurato. ii Dal verbo ‘intignare’, ossia essere roso dalle tignole, ossia le tarme (in portoghese, ‘traças’). iii Usando dei sinonimi, possiamo dire ‘tuttavia, nondimeno’, in portoghese ‘todavia’. iv Espressione avverbiale che significa ‘subito, al primo tentativo’. v Da ‘gozzo’, che in linguaggio familiare significa gola, stomaco. Con il suffisso dispregiativo ‘accio’ si vuole dire che da fastidio. vi Il verbo ‘sciabordare’ deriva probabilmente dall’incrocio tra i verbi ‘sciaquare’ e ‘bordo’ (di una nave). Quindi significa: frangersi contro qualcosa, quando intransitivo, oppure, quando transitivo, significa agitare un liquido squotendo; agitare qualcosa immerso in un liquido. Nel testo, è come se il gozzo si agitasse come immerso nel corpo...
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L X X V
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‘Senza remore’ significa ‘senza indugio, senza freno’. Il grugno è il muso del maiale (porco) o del cinghiale (javali), ma si usa anche in linguaggio scherzoso, per dire che una persona ha una faccia particolarmente sgradevole o animalesca, come quando si dice “Voglio rompere il grugno a...”. ix Significa ‘chiarezza, nitidezza’. vii
viii
Setembro / Outubro 12
Margaret nasce a Dublino il 27 ottobre 1961. Suo padre Carlo, scrittore, e sua madre Anne Donnelly, pittrice, viaggeranno con le figlie tra la Spagna, l’Irlanda e il Marocco, fino a trasferirsi nelle campagne di Tivoli. Margaret frequenta l’Accademia d’Arte Drammatica Silvio d’Amico di Roma dove si diploma nel 1982. Nello stesso anno esordisce a teatro interpretando Ifigenia nell’omonima tragedia di Goethe. Nel corso degli anni ’80 dà vita sul palcoscenico a grandi personaggi femminili, recitando Cechov, Strindberg, Sofocle. Nel 1987 si sposa con Sergio Castellitto. Sarà proprio Sergio a farle dono di un quaderno che sulla copertina ha l’immagine audace e seducente di Indiana Jones. È da lì, da quel quaderno di scuola che Margaret comincia a pensare per la prima volta alla scrittura come a qualcosa di necessario per lei. La scrittura come quell’arte faticosa, dura, a tratti ingrata che ha visto dominare l’esistenza di suo padre ma insieme come capacità di posare uno sguardo dilatato sul mondo e sugli uomini. Il suo esordio in letteratura è del 1994 con Il catino di zinco, uscito per Marsilio con cui vince il premio Campiello. Del 1999 è l’esilarante e visionaria pièce Manola, da cui è tratto l’inserto. Nel 2001 pubblica Non ti muovere, (Mondadori), con cui vince tra gli altri, il premio Grinzane-Cavour, il premio internazionale Zepter come miglior libro europeo e nel 2002 il premio Strega. Non ti muovere è un caso editoriale da 2 milioni di copie e viene tradotto in 35 lingue. Nel 2004 il film tratto dal romanzo e diretto da Sergio Castellitto replica nelle sale il successo del libro e segna la nascita dell’amicizia con Penelope Cruz, straordinaria attrice protagonista. Nel 2002 lavora a Zorro. Un eremita sul marciapiede (Mondadori), un monologo interpretato in teatro da Sergio Castellitto. Nel novembre 2008 esce Venuto al mondo (Mondadori), con il quale vince il premio Super Campiello 2009. Nel marzo 2011, esce sempre per Mondadori Nessuno si salva da solo, che domina le classifiche per mesi. Vive e lavora a Roma con Sergio ed i loro quattro figli Pietro, Maria, Anna e Cesare.
universale che ci sovrasta. Purtroppo, però, sono una pericolosissima
questo mondo di accendini senza ricarica.
ricevente senza spurghi. Un ordigno, sono. Non si allarmi, ma io potrei
Anemone
esplodere qui davanti a lei, in questo preciso istante. Guardi la treccia dei
Sono in ritardo? Io sono sempre in ritardo, però detesto i ritardatari, dete-
miei capelli, si accompagna meravigliosamente al mio stile crepuscolare,
sto quelli che si approfittano del mio tempo, come se fosse meno prezioso
come un’abbadessa al suo convento. Non l’ho mai scorciata. Io, Manola,
del loro. In quanto al tempo degli altri, non è colpa mia, ma non riesco
non butto via niente di me. Ogni cosa, anche la più logora, conserva dentro
proprio a stargli dietro. Gran bella baracca questa sua roulotte: l’acqua
di sé un sussurro che non posso permettermi di smarrire. La treccia è la
calda c’è? Quando l’ho vista arrivare, Manola, sulle prime ho pensato che
mia miccia. Sovente vedo qualche fiammella sprigionarsi oltre l’arco della
lei fosse scappata da un manicomio. Sarei venuta comunque a farle visita.
fronte, mentre la treccia, lentamente, si solleva in aria. Forse un giorno
Io adoro le chiacchiere, adoro il suono delle cose a vanveraxi, dei barattoli
finalmente mi condurrà con sé. Il mio corpo si sgretolerà in un pulviscolo
spinti da un piede, a caso. L’ho vista dalla finestra del cessoxii, io ci passo le
magnetico, e io sarò ovunque. Anemone dice che la mia chioma sembra
ore lì dentro, è il miglior posto del mondo. Mi occupo della mia persona.
un cesto di raffia sbruciacchiata. Mia sorella è così incredibilmente prosaica!
Sono ben equipaggiata, e mi sembrerebbe indecente non prendermi cura
È una sorta di uccello del paradiso, un goffo impiastro variopinto, eppure
del mio patrimonio corporale, sarebbe, come dire, un vero e proprio
non conosce la levità aerea dei volatili, ha il passo terrestre di un trattore
schiaffo alla miseria. Se vuole, a tempo perso, posso venire a darle una
a cíngoli. Forse verrà a farle visita, tanto per infilare il suo volubile becco in
mano per organizzare con più criterio questo pandemonio di roba che la
un nuovo nido. Non si preoccupi, resterà giusto il tempo necessario per
circonda. Ma detto tra noi, le consiglio di lasciare tutto fuori posto. Anch’io
dimenticare qualcosa che non tornerà mai a riprendere. Io invece tornerò.
ogni tanto penso che dovrei riordinare il mio armadio, ma poi mi stanco,
La mia affidabilità è pari solo alla mia intensità. Anche se a volte penso che
a pensarci, dico. Io sono per la pala meccanica. Una bella pala meccanica
x
sarebbe stato meglio essere un cerino , una cosetta che brucia in fretta, in
x “Il cerino è un tipico fiammifero ormai quasi introvabile nelle tabaccherie italiane. Si chiama cosí perché è fatto di una piccolissima cannula di carta imbevuta di cera, con una capocchia infiammabile, come quella degli altri fiammiferi.
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una volta ogni tanto, che s’acchiappa il vecchiume e lo spappola, e poi si
Encarte especial Forum 119-120 - Introduzione alla lettura di brevi testi in Lingua Italiana - Fascicolo LXXVII
e n c a r t e
Significa ‘senza riflettere, a casaccio’. In linguaggio familiare, significa ‘bagno’. La stessa parola, in linguaggio volgare, significa ‘un luogo o una cosa lurida, schifosa, di pessima qualità’; o ancora ‘una persona brutta o sgraziata’: “Che cesso d’uomo!”. xi
xii
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Encarte especial Forum 119-120 - Introduzione alla lettura di brevi testi in Lingua Italiana - Fascicolo LXXVII
e n c a r t e
ricomincia. Io detesto il passato, mi piace la roba di giornata. Se una sta
Sì, Ortensia è affetta da irsutismo idiopatico costituzionale. Praticamente
sempre a guardarsi indietro trova una carrettata di cose storte per le quali
un orangutan. Povera mamy, in gravidanza ebbe un mucchio di nausee
xiii
crucciarsi . Il futuro non lo so cos’è. Di sicuro dura poco, come tutto.
per colpa di tutto quel crine che Ortensia stava sputando fuori a più non
Ogni volta che mi cade sul collo una preoccupazione, io penso subito che
posso.
comunque sia finirà, e che presto arriverà un altro presente bello pulito.
Ortensia
Allora mi siedo ad aspettarlo, ed evito inutili sofferenze. Tanto, Manola, si
Siamo gemelle, io e Anemone. No, non monozigote. Ognuna ha avuto il
sopravvive sempre e comunque, e tutti si consolano. Io sono una persona
proprio ovulo. Fortunatamente. È una circostanza piuttosto fastidiosa.
contenta, ho un bel sole sopra di me, e un paio di mutandine di lurex
Credo che chiunque abbia il diritto di trascorrere almeno i suoi nove mesi
luccicante sotto di me. E questo mi basta. Badi, però, non sono affatto
prenatali in santa pace. Anemone aveva una forte pulsione a invadere, era
cretina. Penso semplicemente che la vita è corta. Mia sorella dice che la
un feto molto forzuto e strafottente. Io adoro mia sorella, Manola, è quel
vita è lunghissima. Ortensia si ricorda tutto, tutte le cose brutte, dico: è
genere di personcina folklorica che non si può non amare. Tutti la amano.
un’archivio di schifezze, lei. Se le capitasse di incontrare un barbagiannixiv
Temo che quella credenza popolare della camicia di fortuna per i nascituri
sotto una grande cappa nera, non si spaventi, quel pennutaccio, senza
abbia un suo fondamento di verità. Ho il sospetto che mia sorella, alle
dubbio, è mia sorella. Ma stia tranquilla, Manola, non credo che verrà
ventitré, cinquantanove minuti e quarantasette secondi di quel lontano
mai a farle visita. Ortensia disprezza chi professa la magia, dice che è roba
giovedì sedici novembre, sia nata avvolta da un poderoso camicione
da minorati culturali. In verità ha il terrore che qualcuno possa leggerle
idrorepellente. Tutto le scivola addosso senza ferirla. Io invece sono venuta
la mano. Vuole deciderlo da sola il suo futuro, senza lasciarsi influenzare.
fuori dopo un po’. Non si erano accorti che ci fossi anch’io. Il ginecologo di
Non avrebbe tutti i torti, solo che non mi fido delle sue decisioni. Io credo
mia madre, auscultando il suo robusto pancione, disse che si trattava d’un
che ci siano miliardi di destini a disposizione per ognuno di noi. A volte mi
maschio, di un solo, formidabile, maschio. Sono nata alle zero zero del
capita di chiudere gli occhi e vedere il film di una mia possibile vita, con
diciassette novembre, venerdì. Tredici secondi di ritardo che hanno influito
le faccende importanti e anche con tanti stupidi dettagli, in maniera così
in maniera catastrofica sul mio oroscopo astrale. Nacqui podalica. Mi
realistica che mi stanco. Allora abbandono quella vita prima che sia troppo
affacciai col mio didietro ruvido e rugoso, e venni fuori violacea, piuttosto
tardi, e ricomincio subito con un’altra. È fantastico vivere, la gente non se
pelosa, sembravo un piccolo struzzo. Mia madre appena mi vide mi
ne rende conto. La gente è davvero cieca. Lei crede nella reincarnazione?
vomitò addosso. Credo che laggiù, in fondo all’utero, io sentissi che le
Io sogno sempre di volare, forse sono stata un’aquila reale in una delle mie
stavo nuocendo, per questo mi rincantucciavo. Credo si trattasse di un
vite precedenti. Una volta ho fatto un viaggetto con la Reincarnatio Tour,
microscopico senso di colpa prenatale, e di conseguenza feci di tutto per
dovevano portarmi a Karaganda, invece mi hanno ficcato in un alberghetto
non uscire, per non dover affrontare il resto. Lo so perché ho frequentato
senza stelle nell’entroterra lucano, raccontandomi che ero la reincarnazio-
un corso di reintegrazione primaria in una vasca d’acqua tiepida, e ho
ne di una femmina da conio del Settecento. Una puttana, per intenderci. A
potuto, quindi, rivivere la mia vita intrauterina senza la mia impermeabile
me piace molto viaggiare, perché a me piace perdermi le cose. Mi riempie
sorella. Anemone si era offerta di accompagnarmi. Le ho detto: «Grazie
di gioia pensare che un mio bikini sia rimasto sulla riva del lago Ciad, e
del pensiero, cara, ma almeno il rebirtbing voglio farlo da sola!». L’unico
una mia forcina in un cassetto pieno di sabbia e ragni rossi a Timbuctu.
veramente felice del raddoppio fu mio padre, che adorava le bambine.
D’altronde non ho autocontrollo. In compenso possiedo molta autostima,
Mentre mia madre stava facendo il secondamento, lui si scatenò in una
un bene prezioso, perché il mondo intorno tenta continuamente d’abbac-
tyrolienne montanina sull’aia insieme al marito della levatrice. Bevve e ballò
chiartixv. Del push-up io non ne ho bisogno: il mio seno è libero come un
tutta la notte, sotto le stelle, cercando i nostri nomi lassù nel firmamento.
cardellino. È tutta una questione di yang e di yin. Se tu sei yang, anche il
Poi stramazzò ubriaco in un campo di fiori, e così... Manola, lei conosce
tuo didietro sta al posto giusto, garantito. Mia sorella, invece, è terribilmen-
la favola della principessa rana? «Rana, rana...» «Chi è che mi chiama?»
te negativa, terribilmente yin. È magra come una stringa di liquirizia eppure
«Giovannin che poco t’ama.» «Se non m’ama m’amerà quando bella mi
se la spogli è piena di cellulite, ha la cellulite pure sui gomiti, una cosa mai
vedrà...» Anch’io mi sono sempre sentita una principessa costretta nel
vista. Voglio dire, non si vede perché è completamente ricoperta di peli.
corpiciattolo d’una rana dall’incantesimo di una strega malvagia. Mia madre
Affliggersi, preoccuparsi. Il barbagianni è un uccello rapace notturno, dalle piume fulvo chiaro, macchiettate di grigio; per estensione, si dice ‘è un barbagianni’quando la persona è stupida e pedante, e spesso riferendosi agli anziani. xv Sinonimo di avvilirsi, deprimersi. xiii
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non era una strega, anzi, era una donna piacevolissima, solo molto
Credo che mi considerassero il frutto di un malvagio nodo che avevano
fluttuante. È nata su un aereo della crocerossa, in tempo di guerra, e non si
nel karma; una punizione, insomma, per qualche lontano trascorso. Certo
è mai adattata alla terraferma. Camminava sempre scalza. Tante volte,
non somigliavo a nessuno di famiglia. Somigliavo a una di quelle grigie
all’imbrunire, l’ho spiata allontanarsi sulle scale verso l’alto, fino all’ultima
cornacchie, che talora, al tramonto, si posavano sugli alberi più alti,
terrazza. Faceva un passo oltre la ringhiera, e rimaneva lì, con l’aria sotto i
interrorendo mia sorella. Sono sempre stata una bambina specialissima,
piedi, a guardare l’infinito. Sono nata asciutta asciutta, come una sarda sotto
capace, mio malgrado, di mettere in soggezione chiunque. I miei vecchi mi
sale. Sarda secca è il mio soprannome, per via della magrezza, o Zerbinac-
lanciavano perplesse occhiate e tiravano avanti. In ogni caso, poverini, non
cia, Gramignaccia, Grusbona, per via dei peli, o Chiorbona, Sorbona,
avrebbero avuto il tempo per badare a me. I clienti assorbivano tutte le
Zuccona di fosso, per il capoccione, o Pustola di fiele, per i bubboni, o
loro energie. Lei non ha idea, Manola, di come siano esigenti i clienti di un
Recchia di lepre, per le orecchie a padiglione aguzzo. È stata Anemone ad
albergo. Room-service, biancheria sempre fresca, profilattici. Montagne di
appiopparmi tutti questi nomignoli. Ha una fantasia così fervida quel
profilattici a tutte le ore del giorno e della notte. Una banda indefessa di
tesoruccio! È alta due spanne più di me, ha seni e natiche da guerriera del
depravati amplessatori! Io mi sentivo in dovere di aiutare la mia famiglia. Le
Walhalla; ma è rimasta una bambina. Manola, io detesto i soprannomi. Li
chiedo, Manola: è bene che una bambina piena di crucci esistenziali debba
trovo vagamente criminali. Una povera creatura diligente s’è aggiustata nel
correre su e giù da una stanza all’altra, porgendo nelle fessure delle porte
migliore dei modi, s’è infilata la mascherina, i guanti, nove paia di collant
su un piccolo vassoio d’argento oscene guaine di gomma a lercissime
tricocoprenti: che bisogno c’è di rivelare a tutto il mondo sganasciandosi dal
manacce maschili? Torno a chiederglielo, Manola: è bene? Mamy era
ridere che lì, sotto i miei pannucci, c’è una selva, a causa dell’abnorme
sempre molto stanca. La trovavo imbambolata dietro al banco della
sviluppo del sistema pilifero? Ma Anemone non rinuncerebbe a una battuta
concierge. Suonavo il campanello e lei si sbambolava di soprassalto. «Che
per tutto l’oro del mondo. Gode nel compiacere l’umanità, anche quella più
colore di camera ha, signore?» «Mamma, sono io, Orty.» «Oh, scusami,
xvi
mediocre. La lusinga avere dalla sua una platea di bocche spalancate,
cara, ero soprappensiero.» «Mammina è un pezzo che non faccio la
sempre pronte a lasciar vibrare la giugulare sotto quella orrenda raffica di
grossa.xvii» «Non preoccuparti, cara, purtroppo siamo sottomessi alla legge
singulti isterici. Manola, io detesto le risate. Quanto a magrezza, posso dirle
di gravità. Ogni cosa, prima o poi, cade in basso.» Faceva scattare il
che non sono sempre stata così sfrussatina. Adesso, è vero, peso trentano-
cassetto della cassa e vomitava là dentro. Mamy non aveva una grande
ve chili e trecento grammi, contro il metro e settantatré centimetri di
manualità, e le riusciva difficile tenere in braccio un marmocchio per il
altezza. Ma a me va bene così. Non so proprio cosa farmene della carne.
verso giusto. Il fatto che io e mia sorella fossimo passate attraverso la sua
Comunque, ho avuto anch’io il classico periodo di pinguedine infantile. Poi
pancia non le pareva così importante. Per lei, tutti i bambini del mondo
un giorno cominciai a dimagrare. Credo che sia stato per via dell’albergo. A
erano uguali. Li scrutava con uno strano interesse, come si fa con certi
pianterreno, il ristorante era sempre in funzione, e io mi trovavo costretta a
insetti esotici. Era assolutamente sprovvista di senso del possesso, e i
inalare senza tregua mefitiche esalazioni culinarie, che mi ricordavano di
legami di sangue la infastidivano come i colletti chiusi negli abiti. Stringeva,
avere un corpo biologico, mentre io volevo solo un corpo animico. È
invece, in un batter d’occhio, formidabili amicizie occasionali, che poi
davvero avvilente, Manola, svegliarsi al mattino con l’odore di broccoli
dimenticava con identica disinvoltura. Tuttavia, ho sempre nutrito il timore
ripassati e di tordi ripieni in fricassea spalmato sul cuscino, mentre aneli solo
che tra me e la mia gemella preferisse Anyxviii, perché le sembrava molto
una piccola tisana di fucus. Smisi di nutrirmi completamente. Divenni
femminile. Mamma non era affatto femminile, le sarebbe piaciuto esserlo,
sempre più eterea nell’intento di allontanarmi da questo mondo che non mi
ma in realtà aveva i piedi piccoli e la bocca enorme. Sembrava un cavallo.
amava. Speravo che qualcuno captasse il messaggio deposto nella teca dei
La notte sognavo che tutti i peli si staccassero da me. Li sentivo disbulbarsi
miei ossicini affioranti. Ma il mio era un sos lanciato nel vuoto. La gente mi
e rimanere sul guanciale, per potermi presentare davanti a mamy come un
urtava, si pungeva contro i miei spigoli, e incurante correva a sgargarozzarsi
meraviglioso angelo implume, affinché lei potesse contattarmi senza
nel salone dei banchetti. I miei genitori mi lasciavano smagrare in santa pace,
conatixix. Invece mi venne l’alopecia, una piccola chierica mistica. Sono
con il mio bagaglio d’infelicità, tenendomi a distanza come un lebbroso con i
cose che capitano. Lucianella, la mia sublime analista, me l’ha spiegato:
suoi campanelli. Erano molto immaturi, Manola, e inoltre mi temevano.
per esprimere un malessere interiore, la psiche s’accanisce su una parte del corpo che possa avere un significato simbolico. Ho perso tanti capelli e
Encarte especial Forum 119-120 - Introduzione alla lettura di brevi testi in Lingua Italiana - Fascicolo LXXVII
e n c a r t e
neppure un pelo. Manola, lei non trova che io abbia un capoxx ciclopico? Nel senso ‘... dalla sua parte ...’.
xvi
Il personaggio, Ortensia (nome di un fiore, in portoghese hortência), si riferisce al defecare. Diminutivo attribuito alla sorella Anemone (altro nome di fiore, in portoghese anêmona). xix Il conato è l’impulso a vomitare. xx Nel senso di una testa. xvii
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italia
Italiani in Brasile La Madonna divorata
La festa della Nossa Senhora Achiropita: un culto calabro-bizantino in Brasilei Lorenzo Aristodemo 1. Introduzione Nell’agosto del 2009, un secolo dopo il più grande flusso migratorio italiano in Brasile, arrivo a São Paulo. A differenza degli emigranti di un tempo, non con un transatlantico nel porto di Santos, ma all’aereoporto di Guarulhos. Le prime impressioni del luogo sono soffocate dal disagio che provoca la grande città e da una fredda serata dell’inverno brasiliano. Il mio unico pensiero è raggiungere il quartiere di Perdizes, dove alloggerò per il resto del mese. Il giorno successivo cerco subito qualcosa in cui riconoscermi: il quartiere di Bexiga, il luogo dove agli inizi del Novecento si insediò la comunità calabrese, il luogo cruciale per la mia ricerca. È lunedì, la sera prima si è conclusa la cerimonia di apertura dell’83esima edizione dei festeggiamenti dedicati alla Nossa Senhora Achiropita, l’icona bizantina che gli immigrati calabresi portarono con sé a São Paulo. Il quartiere è costelIato di bandiere e girandole bianche, rosse e verdi, l’atmosfera è mite, riconosco qualcosa, mi sento al sicuro. L’indagine sulle origini della festa mi spinge a cercare i primi contatti con il quartiere, con i suoi vecchi abitanti, con le associazioni italiane e, ovviamente, con la parrocchia della Nossa Senhora Achiropita. Sulle tracce della comunità calabrese, tento di integrarmi nel nuovo ambiente, usando qualsiasi pretesto per recuperare notizie e ricostruire l’evoluzione della festa di Bexiga nel corso di un secolo. Durante il mio cammino visito sedi di associazioni, università, musei, cantine e biblioteche. Seguo il flusso dei riferimenti, sperando che mi porti qualche informazione interessante. Arriva il giorno della festa. Le informazioni raccolte fino a questo momento sono varie ed eterogenee, nulla di veramente significativo. Mi lascio coinvolgere dalla festa e dalle sue attrazioni: la musica, il cibo, le persone. È sorprendente osservare la partecipazione viva di tutto un quartiere, ormai non più calabrese, e di una buona parte della città. Ogni dettaglio della festa è sottoposto alle mie analisi: tento di individuare le continuità con il passato o gli stravolgimenti prodotti
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dal passare del tempo. Finisce il primo weekend. Avrò altre due possibilità, visto che la festa continua in tutti i fine settimana del mese di agosto. I giorni passano e la mia foga di trovare del materiale interessante
per la ricerca aumenta progressivamente. Intanto la città e la gente di São Paulo mi coinvolgono sempre di più. Quanto più mi lascio trascinare dall’atmosfera della città, tanto più riesco ad approfondire la sua conoscenza, Bexiga inclusa. Con il passare dei giorni, conosco quartieri nascosti e gente ancora più nascosta. Vado a trovare alcuni amici fuori città, prendo una pausa dalle mie ricerche, per poi trascorrere gli ultimi giorni a São Paulo e raccogliere ulteriori documenti, fare le ultime fotografie e non tralasciare niente che si possa rivelare utile in seguito. Ormai mi sono calato nell’atmosfera paulista e quasi mi dispiace lasciarla. Al ritorno dal Brasile mi sono rimaste impresse le immagini di São Paulo e dei suoi colori, la melodia del brasileiro parlato, le meraviglie dei luoghi visitati e delle persone incontrate. Quello che però non ho trovato a Bexiga sono proprio i calabresi. Sono arrivato con un secolo di ritardo. Gli immigrati, armai, non ci sono più, sono solo nei libri di storia e nelle fotografie dei musei paulisti sull’emigrazione. Ho toccato con mano la statua della Madonna Achiropita, ma non ho incontrato nessuno che somigliasse a chi l’aveva portata. Molti degli intervistati ostentavano origini italiane, ma la loro brasilianità evidenziava come non avessero le-
gami significativi con l’Italia. In Brasile ho trovato solo brasiliani. Arrivato in ltalia, sul treno per la Calabria, ho incontrato di nuovo i calabresi. Se però il tempo ha trasformato i calabresi in brasiliani, rimangono ancora nell’odierna São Paulo i segni e gli effetti della migrazionce. 2. Nossa Senhora Achiropita. Da Rossano Calabro a São Paulo. La Madonna Achiropita è festeggiata il quindici agosto a Rossano Calabro, cittadina del cosentino. La venerazione dei rossanesi per l’icona bizantina risale all’epoca compresa tra il VII e l’VIII secolo, anche se recenti studi fanno risalire l’affresco al VI secolo, legandolo al culto della Madre di Dio di cui il monaco Efrem era il Padre. Secando la tradizione, l’affresco sarebbe opera divina, così come si evince dal termine Achiropita derivante dal greco akheiropoietos, cioè non dipinta da mano umanaii. Nello stesso periodo nel quartiere di Bexiga si svolge da quasi un secolo la tradizionale festa della Nossa Senhora Achiropita. L’icona è fortemente caratterizzata dalla presenza del mare, inteso non come barriera tra mondi lontani, ma come mezzo d’incontro tra gli stessi. L’icona di matrice bizantina ha attraversato lo Jonio per sbarcare a Rossano, sulle coste calabresi, arrivando dal vicino oriente. Così, in un secondo momento, accompagna i calabresi nella migrazione di inizio Novecento, attraversando l’oceano verso le terre tropicali del Brasile. 3. Storia della festa di Bexiga. Le prime notizie raccolte sulla festa dell’Achiropita risalgono al 1908. A quel tempo un gruppo di italiani del quartiere di Bexiga cominciava a riunirsi nella casa di José Falcone, un macellaio che svolgeva anche la funzione di custode della immagine della Madonna proprio nella sua abitazione. L’odierna chiesa della Nossa Senhora Achiropita, che si trova nella strada principale del quartiere di Bexiga, Rua 13 de Maio, ha subito varie trasformazioni prima di arrivare all’attuale configurazione. La storia della chiesa nasce proprio
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storia italiana A cura di Vittorio Cappelli e Alexandre Hecker
dall’esigenza degli immigrati italiani di avere una piccola cappella per adorare le proprie icone. Nel suo lavoro sulla festa dell’Achiropita di Bexigasiii, Maria Celia Crepschi Coimbra ricostruisce la storia della festa religiosa e rintraccia tre diversi momenti storici. La prima fase è individuabile tra i primi anni del Novecento, in cui arriva il maggior numero di rossanesi a São Paulo. Tra il 1908 e il 1926, la festa è una fedele riproduzione di quella che si svolge in Calabria. È Ia festa dei calabresi destinata ai calabresi stessi, senza intenzioni di diffusione del culto. L’organizzazione è gestita da una commissione istituita attraverso riunioni tra i calabresi. La festa è anche una opportunità per raccogliere fondi per la comunità. Parte della rendita viene destinata all’acquisto di un terreno per la costruzione della cappella dedicata alla Madonna, che, dopo pochi anni, sarebbe stata realizzata proprio nella strada principale di Bexiga. Dopo il primo ventennio di feste la situazione cambia radicalmente: la Chiesa diviene responsabile dell’organizzazione che precedentemente era in mano ai calabresi di Bexiga. Nel 1926 viene istituita la parrocchia di São José do Bexiga, affidata all’ordine religioso della Divina Provvidenza di don Orione, prete piemontese e missionario in America latina. Nello stesso anno il vicario nomina una commissione per la festa, sostituendo i festeiros calabresi nell’organizzazione della manifestazione. In questo cambiamento della gestione della festa la Crepschi Coimbra osserva come la Chiesa abbia attuato un processo di espropriazione della religiosità popolare dei calabresi. In quegli anni mutano tante cose, ma in molti casi i calabresi capatostaiv resistono alle pratiche di espropriazione attuate dalla Chiesa, nonostante le barracas non siano più gestite dalle famiglie calabresi e le bande musicali vengano contattate dal parroco stesso. Tutto ciò avviene negli anni in cui anche il quartiere cambia il nome di Bexiga in quello di Bela Vista. I cambiamenti operati modificano la gestione e il senso della manifestazione che, da festa a carattere familiare, passa in mano alla Chiesa. È interessante notare che per la Chiesa la prima festa di Nossa Senhora Achiropita avviene nel 1927, anno successivo all’istituzione della parrocchia, e non nel 1908, come registra la memoria della comunità. I discendenti dei calabresi ricordano che nel 1986 ci fu la 79esima edizione della festa e non la 60esima edizione, come viene erroneamente affermato dagli organizzatori. Comunque la Chiesa riconosce che nel 1926 la festa era già una tradizione, come si evince da alcuni documenti dell’archivio ecclesiastico. Nella terza fase, relativa al
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periodo successivo, dagli anni Settanta fino a oggi, la dimensione della festa cresce così tanto da essere ora una delle più grandi di São Paulo. La festa perde le sue caratteristiche tradizionali, diventando un evento che mira al riconoscimento dell’italianità di Bexiga e della città di São Paulo. Nel 1979, la festa subisce un nuovo impulso innescato dalla commissione della parrocchia che entra in collaborazione con la Sociedade União do Bexiga (Ub), un’organizzazione che ha come obiettivo lo sviluppo e la valorizzazione del quartiere all’interno della metropoli paulista: l’edizione della festa del 1979 proietta Bexiga verso la metropoli. Nel giugno del 1980, il parroco, favorevolmente stimolato dal successo dell’edizione dell’anno precedente, convoca varie associazioni per collaborare con la commissione della festa della parrocchia. In risposta all’appello, alcune associazioni del quartiere e la Ub partecipano all’organizzazione. La parrocchia, allarga la collaborazione alle associazioni di quartiere solo fino al 1980, quando le barracas cominciano a vendere piatti tipici italiani, seguendo il modello delle cantinas dei privati, che, di fatto, dominano l’organizzazione della festa. La commissione, guidata dal parroco, considera le associazioni incaricate del funzionamento delle barracas come elementi estranei all’organizzazione. Gli obiettivi delle associazioni che prendono parte alla manifestazione non corrispondono agli obiettivi dei parrocchiani, consistenti nel totale trasferimento dei profitti della festa alla Chiesa. II conflitto latente tra commissione della festa, in mano alla parrocchia, e associazioni di quartiere è analogo al conflitto sorto, nel l926, tra la Chiesa, che assume la leadership esclusiva dell’organizzazione della festa, e i calabresi abitanti di Bexiga a cui di fatto «apparteneva» la festa. Dal 1981 è la commissione, nominata dal parroco della chiesa, a decidere le sorti della festa, che, anno dopo anno, assume dimensioni crescenti in termini di risorse investite, profitti e partecipazione: la festa di Nossa Senhora Achiropita diventa così un emblema dell’italianità di São Paulo. 4. L’esperienza della festa oggi. Il quartiere di Bexiga è completamente decorato da bandierine e girandole bianche, rosse e verdi. Durante il mese di agosto accoglie circa duecentomila paulisti che accorrono per trascorrere una serata all’insegna dell’italianità, ormai contaminata da forti elementi brasiliani. I festeggiamenti cominciano con una serie di celebrazioni: la messa di apertura e il ringraziamento alla Nossa Senhora Achiropita, la messa
Editrice: Rubbettino
dell’immigrato italiano, celebrata in italiano e, durante le settimane dei festeggiamenti, le messe dedicate alle varie sezioni dell’Obra Social di Nossa Senhora Achiropita, l’istituto legato alla chiesa che svolge attività sociali per i moradores de ruav, anziani e bambini. Le serate del sabato e della domenica sono dedicate alla festa in strada tra le numerose barracas gastronomiche. Il 30 di agosto si concludono i festeggiamenti con una messa di ringraziamento e i fuochi d’artificio finali. L’edizione del 2009 ha avuto risonanza anche in una televisione nazionale brasiliana, entrando, inoltre, nel calendario culturale del municipio di São Paulo. 5. Celebrazioni e festeggiamenti. Il giorno centrale di tutte le celebrazioni è il 16 agosto, domenica in cui si svolge la processione che attraversa le strade principali del quartiere. La processione, molto partecipata dai residenti, è aperta dalla banda musicale, seguita dalla statua a cui sono attaccati i nastri dove si appendono i soldi offerti. Questa è una delle tradizioni, descritte dalla Crepschi Coimbra, esistente sin dai primi anni della festa e che, nonostante il tentativo di soppressione da parte della Chiesa locale, ha resistito fino a oggi, dando continuità a un elemento che si riscontra anche nelle feste devozionali calabresi. Arrivati di fronte alla chiesa, decorata con palloncini bianchi e azzurri, il parroco recita le ultime preghiere, ringrazia i partecipanti ed elenca i successivi momenti delle celebrazioni. La banda esegue l’inno nazionale italiano seguito da quello brasiliano. Prima di entrare in chiesa per posizionare la statua della Madonna sull’altare principale, una grossa esplosione libera dei palloncini a elio bianchi, rossi e verdi, un ennesimo omaggio all’Italia. Oltre alle messe e alle bençõesvi che si susseguono di ora in ora, un momento molto suggestivo è la preghiera collettiva che apre tutte le giornate di festa. Prima che arrivi la grande massa dei partecipanti, gli altoparlanti diffondono le parole del Padre che invita i volontari, i partecipanti e gli abitanti a fermare le proprie attività per alcuni minuti, per pregare e concentrarsi in modo da dare un impulso positivo alle diverse attività. È interessante notare che realmente in questi momenti chiunque partecipa al rito lo fa con estrema devozione e gratitudine. Vincenzo Miconi, abruzzese abitante di São Paulo, è uno dei tanti volontari che lavora per mettere in moto la grande macchina organizzativa che muove la festa dell’Achiropita. Racconta della sua esperienza e del suo rapporto con la festa, che inizia proprio nel 1978, anno in cui la festa è in ascesa. È responsabile della
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italia
barraca della fogazza, una specialità importata da un italiano e ormai diventata una tradizione della festa. Vincenzo fa parte dell’organizzazione da quando era adolescente e racconta del suo progressivo coinvolgimento: Dalle prime amicizie mi sono poi interessato di cultura italiana che avevo dimenticato essendo partito dall’Italia a dodici anni. La tradizione è importante e deve essere preservata altrimentí si disperderebbe così come gli italiani di Bexiga notevolmente diminuiti dagli anni settanta ad oggivii. Vincenzo Miconi evidenzia l’importanza che riveste il lavoro volontario nella festa, dove quest’anno oltre mille volontari sono impegnati tra le barracas, la cantina e l’organizzazione. Quasi tutti arrivano da altri quartieri come Lapa, São Bernardo, Santo Amaro e Penha, i quali non hanno alcun legame con la cultura italiana. Anche coloro che vengono alla festa per partecipare contribuiscono alla riuscita generale “semplicernente comprando e consumando un piatto di spaghetti in piedi in mezzo alla strada”viii. Dalle parole di Miconi emerge l’importanza dell’aspetto organizzativo, “in modo tale che durante la festa si riescano a canalizzare le energie affinché non ci sia dispersione ma un ambiente gradevole”ix. C’è un coordinatore generale e un coordinatore spirituale, il parroco. Il coordinamento generale è formato da cinque coppie (marito e moglie) che si occupano dei cinque settori principali in cui è divisa la festa: l’organizzazione interna (la cantina), quella esterna (rua, barracas), la parte riguardante l’alimentazione, la parte finanziaria, il settore dell’organizzazione del personale. Le strade sono invase dalle barracas, ognuna delle quali è specializzata nella preparazione di un prodotto: la barraca della fogazza, un pasticcio fritto con pasta di patate, la barraca della fricazza, della polenta bolognesa, del macarrão, della pizza e, per finire, della calabresa (è questo il nome con cui viene chiamata la salsiccia). La festa per le strade si svolge tra cibo, giochi, giostre per i bambini, musica italiana diffusa lungo il percorso principale. La gente arriva già nel tardo pomeriggio, ma è durante la serata che le strade diventano sempre più piene e tra le file interminabili delle barracas l’agitazione generale cresce, il caos che si viene a creare è indescrivibile. All’interno della struttura della parrocchia, c’è la Cantina Madonna Achiropita in cui avviene una festa esclusiva, dato il prezzo da pagare per entrare che consiste in sessanta reaisx per persona. Sui tavoli della cantina si notano i posti assegnati e delle bottigliette di ketchup con cui ogni cliente condisce le specialità italiane. Rispetto al cibo venduto nelle barracas per strada, l’offerta della cantina è molto maggiore. Il menu base comprende spaghetti à moda achiropita, polenta fritta,
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antipasto speciale e pane. A scelta si può aggiungere peperone al forno, melanzana al forno e la richiestissima fogazza. Tra i dolci si trovano crustoli, pastiera di grano, amaretto, sfogliatelli e canoli, prodotti tipici del sud Italia, non solo tradizionali della Calabria e tanto meno di Rossano Calabro. È interessante notare che i nomi delle pietanze elencate nel menù sono in italiano, anche se esistono i termini corrispondenti in portoghese. La sala della Cantina Madonna Achiropita lentamente si riempie e gradualmente si anima, grazie anche al contributo della banda Felice Italia, che sfodera un repertorio che va dalle recenti canzoni di Bocelli a quelle di Sergio Endrigo, Claudio Villa e Rita
Pavone. Il maestro Feliciano, leader della banda, parla della musica italiana a São Paulo: “Con gli anni abbiamo imparato cosa piace ai paulisti, nipoti di italiani. La musica che qui piace è diversa da quella che si suona nel sud, a Porto Alegre, che è più folcloristica, popolare o in altre parole raízesxi. Nella São Paulo industrializzata all’inizio del secolo si è diffusa un altro tipo di musica, più erudita non così folcloristicaxii”. Il lavoro dei volontari è notevole. Nella cantina alcuni sono impegnati in cucina, altri servono ai tavoli, altri ancora controllano la situazione e agevolano i partecipanti. In strada decine di volontari si aggirano vendendo tamburelli bianchi, rossi e verdi, ovviamente firmati Nossa Senhora Achiropita. Intervistando qualche volontario della festa, ho avuto l’occasione di chiedere se fossero discendenti di italiani o se avessero legami particolari con il quartiere o con la devozione per
la Nossa Senhora Achiropita. Le risposte, per quanto diverse, avevano molti tratti comuni. Nessuno di loro aveva radici italiane o una devozione particolare, così come testimonia una signora impegnata nella vendita di tamburelli in uno stand: “Abito nel quartiere, mi piace questa festa. Non vengo da famiglia italiana, sono mineiraxiii, lavoro qui perché la Chiesa fa un ottimo lavoro con le risorse derivanti dalla festaxiv”. Anche Caio, un giovane di 22 anni, racconta: “Abito lontano da qui. Diversi anni fa invitarono i miei genitori e successivamente mi hanno portato, ma non abbiamo nessun legame con la cultura italiana. Qui in Brasile non c’è nessuna preoccupazione riguardo la discendenza. Gli italiani non si sposano con gli italiani, i negri non si sposano con i negri, cosi la tradizione si va trasformando e si perde la vera identità, in questo caso italianaxv”. Finalmente, incontro qualcuno con una discendenza italiana, il signor De Marco, nipote di calabresi: I miei nonni erano calabresi, ma non so di dove. La mia devozione nasce con mia moglie perché ha genitori italiani e sono tutti devoti. Sono volontario da cinque anni, la festa cresce anno dopo anno, la cultura italiana è sempre benvenuta qui, la gente la accoglie con calorexvi”. Le recenti edizioni della festa possiedono molti tratti comuni con la tradizionale festa che si è svolta in passato. La festa oggi è divenuta più in generale la festa dell’italiano nella città di São Paulo. Vi si riscontrano tanti elementi di italianità, ad esempio nelle specialità culinarie. La festa assume l’importante ruolo di conservazione della memoria del contributo italiano nella costruzione di São Paulo e dell’influenza che gli italiani hanno esercitato sulla città. Diversamente dall’idea di “doppia assenza”xvii, formulata da Sayad, il quale descrive le condizioni dei migranti algerini in Francia, sostenendo che i migranti soffrono una doppia condizione di emarginazione sia nel Paese di partenza che in quello di arrivo, il fenomeno specifico della festa dell’Achiropita genera non solo un’integrazione forte tra le comunità, ma anche un’identità della festa completamente nuova. Si viene a creare una presenza, nonostante l’assenza fisica dei protagonisti che diedero origine alla festa. 6. La festa osservata in un’ottica tropicale L’osservazione della festa della Nossa Senhora Achiropita va condotta considerando anche gli effetti del processo migratorio nel contesto specifico del Brasile. L’ottica tropicale sta a significare un’analisi della contaminazione reciproca delle due comunità attraverso l’utilizzo di categorie che nascono e si sviluppano nel luogo di accoglienza, il Brasile, e che danno giusto risalto al luogo in cui converge il processo migratorio. La prima lettura è basata sull’antropofagia, un concetto
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elaborato nel Brasile degli anni Venti del Novecento dai modernisti brasiliani, per definire la capacità del Brasile di mangiare e digerire le culture straniere, di inglobarle e “creare qualcosa di inedito e di tipicamente brasiliano”xviii. La seconda rilettura tropicale è legata ai fenomeni che si sviluppano specificamente in Brasile, come i postsincretismi, che trovano grande diffusione e che rivelano la marcata attitudine del Paese alla formazione di unione e mescolanza di diversi culti. La festa dell’Achiropita può essere osservata alla luce di queste due nuove riletture, analizzando l’evolversi del fenomeno in un’ottica fortemente caratterizzata dalla cultura locale. Nella prospettiva multidisciplinare attraverso cui si cercherà di osservare la festa dell’Achiropita, vi è un’attenzione particolare al Brasile, non considerato come un mero contenitore entro cui si svolge il fenomeno, bensì come parte integrante del fenomeno stesso, che incide notevolmente nella comprensione dell’evoluzione degli avvenimenti. Al di là della ricostruzione storica - che tende a rintracciare elementi che possano ricongiungere l’analisi all’origine della vicenda migratoria, adoperando il nostro punto di vista di matrice eurocentrica - è determinante osservare quali siano le caratteristiche che hanno inciso sul processo di integrazione e di sviluppo della festa, il quale ha portato questa dell’Achiropita a essere la festa più grande di São Paulo, proprio nel momento in cui i promotori iniziali, gli immigrati calabresi, avevano perso ogni legame con la festa e le proprie origini. Con il progressivo declino delle tradizioni italiane, sostituite da usanze «tropicali», la festa italiana diventa ciò che i paulisti pensano siano l’Italia e le sue tradizioni. In questo contesto il termine tropicale si limita a definire la visione e l’analisi del fenomeno da un punto di vista endogeno e specifico del Brasile, così come afferma Finazzi-Agrò rimarcando l’importanza di quanto l’habitat possa condizionare “se non immediatamente l’essenza, almeno la struttura dell’essere”xix. Il concetto di tropicalismo, coniato da Gilberto Freyre per definire la specificità del meticciato culturale che si era venuto a formare in Brasile, stabilisce come questo Paese possa “diventare un leader nel processo di creazione dell’uomo civilizzato delle regioni fredde consapevole dei valori estetici dei tropici”xx, attraverso un percorso di “imperialismo culturale alla rovescia, con i tropici alla guida e l’Europa al seguito, non ultimo perché il Brasile era un pioniere nella mescolanza razziale e culturale che stava diventando caratteristica del mondo del tardo Ventesimo secolo”xxi. Inoltre, il termine tropicalismo fu ulteriormente utilizzato negli anni Sessanta per definire il movimento artistico, che coinvolse letteratura, musica, arti visive, teatro e cinema, caratterizzante dell’essenza nazionale brasiliana. Esponenti di primo piano del tropicalismo furono i musicisti Caetano Veloso e Gilberto Gil, che scelsero tale termine “quasi a voler ribadire che l’abitare (verbo che, si ricordi, deriva da habere) al sole dei tropici comporti un modo d’essere specifico”xxii.
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7. Antropofagia. Il contesto storico in cui si sviluppa e si diffonde il Manifesto Antropofago di Oswald de Andrade è di fondamentale importanza per la storia del Brasile. Mentre negli anni Venti si affermano le comunità di immigrati italiani, arrivate nel grande flusso di inizio secolo, il Brasile si prepara a celebrare solennemente il centenario dell’Indipendenza, trovandosi “di fronte a un divario nettissimo tra il mondo come era rappresentato nel passato, con il suo ordine e la sua organicità, e il mondo attuale con i suoi fermenti e la sua nuova instabilità”xxiii. ln quell’anno - il 1922 - due eventi si sovrappongono: Rio de Janeiro, la capitale, si prepara a ospitare l’Esposizione Internazionale, provvedendo a un risanamento generale delle proprie strutture urbane e diventando l’emblema di un Paese che guarda alla modernità, efficiente ed economicamente affidabile. Contemporaneamente a São Paulo viene allestita la Semana de Arte Moderna, una contromanifestazione che esprime l’insieme delle “esperienze estetiche, stilistiche, espressive, come in un passaggio dalla quantità alla qualità, in una presa di coscienza di un processo da lungo tempo in atto, in un rivoluzionario scambio, e non pacifico scorrimento, di personaggi e di generazioni al timone dell’intelligenza nazionale”xxiv. La Semana de Arte Moderna crea un’occasione di incontro per numerosi scrittori e artisti brasiliani, come Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila de Amaral, Raul Bopp e Emiliano Di Cavalcanti. In questa occasione acquista risonanza 1’idea di antropofagia come riferimento culturale generalizzato, che si concretizzerà sette anni più tardi, nel 1929, nella stesura dei manifesti di Oswald de Andrade: il Manifesto della poesia Pau-Brasil e il Manifesto Antropofago. La Pincherle
osserva l’importanza dei manifesti scritti da Oswald de Andrade come testimonianza del “senso di un movimento di avanguardia in un ex colonia alla ricerca della propria identità culturale”xxv. L’esigenza percepita dai modernisti era “quella di liberare il presente dal peso della tradizione accademica oltre a quella di reinterpretare il passato alla luce della modernità”xxvi,
creando un’identità propria, capace di contenere le diversità esistenti. L’antropofagia viene utilizzata come metafora organica, ispirata al rituale dei guerrieri tupi che, divorando i nemici coraggiosi, riuscivano a conglobare “tutto quello che doveva essere ripudiato, assimilato e superato per conquistare l’autonomia intellettuale”xxvii. L’uso della parola antropofagia è certamente provocatorio, rimanda chiaramente al fatto che sia proprio “il Brasile, la vera patria dei caribicanibi, ad essere identificato quale paese d’elezione degli antropofagi”xxviii. L’idea di Oswald de Andrade consiste nel definire la cultura brasiliana caratterizzandola nella sua originalità. L’antropofagia riflette l’incontro e il contatto con l’altro, per cui “si mangia, per assorbire le virtù del mangiato, per incarnarne il valore, così che l’incorporazione dell’altro finisce per configurarsi come un modo di dare corpo all’altro, al nemico come all’amico”xxix. Benedito Nunes descrive l’antropofagia dei modernísti come una diagnosi della società brasiliana, “traumatizzata dal sistema coloniale, il cui maggior simbolo è la repressione dell’antropofagia ad opera dei gesuiti”xxx, e come una terapeutica, “atta a rinnovare i meccanismi sociali e politici, le abitudini intellettuali, le manifestazioni letterarie e artistiche radicate nel trauma repressivo, esemplarmente rappresentato dalla catechesi”xxxi. Il Manifesto Antropofago, ironicamente datato anno 374 dalla deglutizione del vescovo Sardinhaxxxii, “nel suo svolgersi mette in atto esattamente ciò che si propone: divora le citazioni colte, inglobando riferimenti
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italia disparati alle discipline più diverse della tradizione occidentalexxxiii”. In relazíone all’atto cannibalico, “viene valorizzato 1’aspetto ritualistico, il senso della sacralizzazione del proibito, 1’assunzíone sublimata di ciò che non appartiene al proprio ambito”xxxiv, denigrando l’aspetto caratterizzante della società occidentale, “improntato all’utile e ipocritamente coperto da falso pudore moralista”xxxv. Il Manifesto svolge un ruolo fondamentale come segnale di rottura con la cultura vigente in Brasile, che, se da una parte dipendeva fortemente dalle influenze europee, d’altro canto soffriva di un’identificazione con il mito del buon selvaggio e con la visione romantica dell’indio “sulla falsariga degli eroi cavallereschi”xxxvi, che andava diffondendosi nel tardo Ottocento soprattutto attraverso i romanzi di Jose de Alencar. Dalla fusione di queste culture così diverse i modernisti cercano di formare una sintesi, fagocitando il meglio dei vari universi: «il progresso tecnico e la filosofia umanista da un lato, il sentimento cosmico e l’istinto di conservazíone dall’altro”xxxvii. La fagocitazione arbitraria di elementi che culturalmente non appartengono alla cultura brasiliana va letta positivamente come un processo di arricchimento reciproco derivante dall’incontro. Così, ritornando all’analisi della festa dell’Achiropita, il divoramento di elementi che appartenevano agli immigrati italiani crea una festa in cui, al di là della conservazíone della memoria nella città paulista del contributo italiano, si riscontrano pochi elementi legati alla tradizione originaria, che in tal modo non appartiene esclusivamente agli immigrati bensì a chiunque vi partecipi. Tale partecipazione è evidente durante i festeggiamenti a cui intervengono persone che né hanno legami con la cultura italiana e né abitano nel quartiere in cui si svolge la festa. Parafrasando Oswald de Andrade, “l’allegria è la prova del nove”xxxviii; in assenza di una specifica appartenenza dei partecípanti, la festa presenta una forte connotazione di carattere
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sociale che ne giustifica l’esistenza. La visione antropofagica dell’alterità è uno sguardo verso sé stessi, ci si riscopre “attraverso lo sguardo altrui”xxxix, così come descritto nel Manifesto di de Andrade: “Già avevamo il comunismo. Già avevamo la língua surrealista. L’età dell’oro. Catiti Catiti / Imara Notià I Notià Imara/ Ipejuxxxx”. Oltre al Manifesto di Oswald, tra i più importanti autori antropofagici vanno ricordati Mario de Andrade e Raul Bopp. Il primo scrisse il romanzo simbolo dell’Antropofagia: Macunaíma. Il protagonista, Macunaíma, l’eroe senza nessun carattere, rappresenta “il campione nazionale. Il campione dei difetti nazionali”xxxxi. Una delle caratteristiche centrali del testo é «1’amoralità dell’eroe, che nel corso della narrazione mente, uccide, fa all’amore nella più completa primitiva libertà”xxxxii, il che ne fa un personaggio estremamente antropofagico. Mario de Andrade rappresenta così, oltre ogni retorica e ogni costruzione miticamente aprioristica, il Brasile mistirazziale, nella sua realtà sociale e linguistica multiforme. 8. I post-sincretismi in Brasile La festa dell’Achiropita, oltre a essere considerata una manifestazione di carattere sociale e culturale, va intesa nella sua originaria natura religiosa. In relazione ai mutamenti del sacro in Brasile, Massimo Di Felice caratterizza l’ethos spirituale del popolo brasiliano come “un atteggiamento utilitaristico e compulsivo che oltrepassa le barriere dei dogmi e delle istituzioni religiose, e si disloca senza meta, accumulando esperienze diverse e tradizionalmente diverse tra loro”xxxxiii. La difficoltà a etichettare le religioni brasiliane come sincretismi risiede nella concezione storica lineare di matrice eurocentrica, che sta a monte della definizione. In realtà, non è sufficiente analizzare i culti formatisi in Brasile come una semplice convergenza di varie religioni «pure». La manifestazione del sacro in Brasile può essere definita, non più come “un’unione sincretica di elementi provenienti dai tre sistemi originari (1’africano, l’europeo e l’indigeno), ma come la nascita e il succedersi di innovazioni e di sperimentazioni di nuove forme di sacralità penetrabili”xxxxiv. Di Felice ribadisce la “necessità di considerare i mutamenti continui dei culti e delle mistiche in Brasile come il libero e indefinibile movimento di forme di sacralità aperte, immanenti e sempre disponibili”xxxxv. La diffusione di culti con influenze cattoliche, africane, ovviamente indigene, ma anche derivanti da altri riti, traccia una mappa della spiritualità brasiliana in cui le nuove forme di religione superano il modello sincretico, inteso come convergenza lineare di due religioni che “ibridizza gli elementi identitari” xxxxvi. La diffusione dei nuovi culti in Brasile ha assunto notevoli dimensioni dagli anni Sessanta in poi. Le recenti forme di spiritualità introducono nuove mistiche, nuove immagini tradizionali delle varie divinità, sia africane sia cristiane, indigene e indù. Come afferma Perniola, “non hanno un rapporto di identità con l’originale, col prototipo”
xxxxvii, ma costituiscono nuove rielaborazioni postsincretiche. Tra le nuove mistiche presenti in Brasile troviamo il culto del Santo Daime, la União do Vegetal - basate sull’utilizzo cerimoniale dell’ayahuasca, una bevanda ricavata dall’ebollizione di due piante native della foresta pluviale - le varie dottrine dello spiritismo kardecista, i culti presenti nella Valle do Amanhecer, la Cultura Racional, l’Umbanda e il Candomblé, entrambe di origine africana, ma con un forte influsso di altri culti non africani. La formazione dei postsincretismi riflette il superamento degli “argini stabiliti dal concetto di religione e dalle forme istituzionali della fede” xxxxviii. Le forme del sacro in Brasile sono il frutto della “libera sperimentazione di originali riletture e di interpretazioni creative che, più che riunire elementi provenienti da altri sistemi religiosi, creano pratiche inedite e significati non permanenti, facendo della mistica e delle fedi le pratiche sperimentali di una incessante ricerca spirituale”xxxxix. Il Brasile si delinea così come una regione del mondo fertile dal punto di vista spirituale e della libertà di espressione nelle manifestazioni del sacro. Proprio per la natura indefinibile del sacro, appare necessario ricorrere a varie forme interpretative per esprimerne l’essenza trascendente. 9. Brasile: l’Evasione e l’Altrove. Consideriamo infine il Brasile nell’immaginario degli europei cercando di rivelare la natura di chi guarda attraverso l’analisi dell’Altro. Se i paulisti evocano l’italianità celebrando la festa dell’Achiropita, nello sguardo degli occidentali il Brasile ha sempre richiamato archetipi contrastanti. In quello che può essere considerato l’atto di nascita della letteratura brasiliana -la Carta do Achamento di Pero Vaz de Caminha, lo scrivano a bordo della nave di Pedro Alvares Cabral che nel 1500 arrivò sulle coste dell’odierna Bahia troviamo una descrizione paradisiaca del territorio brasiliano, con tutte le sue meraviglie naturali: “Questa terra, signore [...] ha qui e là, lungo la riva del mare grandi scogliere, rosse e bianche; e la terra è tutta piana e coperta di grandi foreste. A perdita d’occhio è tutta una spiaggia-palmeto, molto piana e molto bella [...] Acque ce ne sono molte, infinite. Ed è così bella che, volendola sfruttare, vi si potrà produrre tutto, per merito di queste acque xxxxx”. Si viene a creare il mito del Brasile come Eden, paradiso terrestre, quasi una proiezione di un luogo oramai dimenticato per gli occidentali iper-civilizzati. Come le isole fortunate, antico mito greco che narrava l’esistenza di isole dal clima mite e di estrema ricchezza di vegetazione, destinate agli eroi per vivere un’eterna vita felice. Pero Vaz de Caminha descrive, oltre alle meraviglie naturali, il fascino subito dalle donne del luogo: “E una di quelle fanciulle era tutta tinta da cima a fondo di quella pittura; ed era così ben fatta e rotondetta e la sua vergogna (che lei proprio non ne aveva) era così graziosa che molte donne del nostro paese, vedendola
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storia italiana così fatta, avrebbero avuto vergogna di non avere una vergogna come lei xxxxxi”. Il Brasile incarna così quello che gli occidentali hanno perso. È la proiezione di cio che si è assopito attraverso le sedimentazioni della civilizzazione: Brasile come futuro del passato. Emblema dei desideri nascosti, delle passioni che emergono nel momento della scoperta dell’Altro, della diversità, di ciò che non si crede di essere e viene proiettato all’esterno. Gli occidentali, attraverso Pedro Alvares de Cabral, non scoprono il Brasile, ma scoprono una dimensione di sé stessi, ormai fossilizzata da secoli di civilizzazione. Questo riflesso paradisiaco nasconde un lato selvaggio, che rimanda a sentimenti più oscuri. Oltre all’immagine dell’Eden, il Brasile è per molti secoli la sconosciuta terra dei cannibali che evoca l’ignoto. Il selvaggio, la possibilità di vita libera o comunque meno appesantita da un apparato morale, per gli occidentali, sono motivo di spavento e al tempo stesso di fascino: il selvaggio alimenta la paura dell’Altro che si concretizza appunto nell’essere mangiato, nell’atto antropofagico. Se da una parte anche i primi occidentali rimangono affascinati da tanta bellezza, allo stesso tempo c’è una sorta di invidia, espressa nella volontà di dominio sulle terre da civilizzare, come si può notare in un altro passo della Carta di Pero Vaz de Caminha: “Ma il miglior frutto che se ne può trarre mi sembra che sarà quello di salvare questa gente. E questo deve essere il principale seme che Vostra Altezza dovrà gettare quaggiù xxxxxii”. La catechizzazione degli indios a opera dei gesuiti esprime il rammarico di non possedere più ciò che si vede nell’Altro. Emblematica è l’immagine liberatoria del vescovo bollito in pentola dagli indios, marchio dei modernisti brasiliani. La Stegagno Picchio parla di un “Brasile come nostro rimorso. Brasile paese del futuro, Brasile paradigma di mistione antropologica, culturale e linguistica”xxxxxiii. È una nostra proiezione dell’Altrove, dell’Evasione: nell’osservazione dell’Altro ritroviamo noi stessi e le nostre sensazíoni. Antonio Tabucchi, in un articolo sul Brasile xxxxxiv, riporta una sua conversazione con lo scrittore Carlos Drummond de Andrade sul lungomare di Copacabana. Quest’ultimo in tono retorico gli chiede cosa sia il Brasile e, rispondendosi, dice che il Brasile è un sogno degli europei, con la differenza che loro (i brasiliani) ci vivono dentro. Dai tentativi di civilizzazione morale dei selvaggi all’origine dell’ufanismo» xxxxxv, il Brasile rivela la sua vera identità sempre in bilico tra le diverse letture denigratorie o esaltanti. Tornando al modernista Mario de Andrade, attraverso Ia figura di Macunaíma, egli sembra essere riuscito a svelare l’archetipo dell’individuo brasiliano. L’essenza brasiliana, alla luce delle varie influenze, è rappresentata fedelmente dall’antieroe creato da de Andrade, un “indio negro e poi bianco con gli occhi azzurri, pigro, lussurioso, crudele, cuore tenero, avido di denaro, furbo, malfido e capace di ogni inganno e prodezza” xxxxxvi, il quale incarna le controverse caratteristiche Setembro / Outubro 12
costanti del Brasile, che affascinano chi vive al di là dell’Atlantico. 10. Conclusioni Alcune settimane dopo il ritorno dal Brasile, vado a Rossano, nella cattedrale per cercare qualche altra informazione, soprattutto riguardo ai legami tra la parrocchia di Rossano e quella di Bexiga. Incontro don Tonino, padre della parrocchia di Rossano, che mi assicura di non sapere quasi nulla sulla festa dell’Achiropita di São Paulo e che non ci sono rapporti tra le due comunità, svaniti forse da molti anni. La Madonna Achiropita è diventata Nossa Senhora Queropitaxxxxxvii, divorata dai paulisti che ne hanno fatto un’icona identificabile col quartiere di Bexiga. I paulisti che oggi partecipano alla festa si sono appropriati di un’icona che non rappresenta più ciò che era per i rossanesi nel passato. La festa è diventata la rappresentazione dell’italianità secondo i paulisti. All’interno di un processo di “importazione culturale” rivivono la loro identità attraverso gli Altri. Così de Andrade scrive nel Manifesto: “Ma non erano crociati quelli che vennero. Erano fuggiaschi di una civiltà che stiamo mangiando, perché siamo forti e vendicativi come il Jabuti xxxxxviii”. Le categorie di colonizzato e colonizzatore sono superate attraverso un processo antropofagico e creatore di un nuovo fenomeno, di una nuova identità che appartiene a chiunque vi prenda parte. La definizione provocatoria di Madonna Divorata indica un approccio distante dalle categorie classiche, evidenziando la carica di appropriazione e di utilizzo di chi, senza diritti derivanti dalla tradizione, partecipa al fenomeno e lo fa proprio. La creazione di una nuova identità ricorda il poema antropofagico Cobra Norato di Raul Bopp, in cui l’eroe principale uccide
il Serpente, “s’infila nella sua pelle di seta elastica e parte alla ricerca della figlia della regina Luzia. Entra nella foresta, sopporta le prove, interroga i passanti, raggiunge il cobra grande, nel momento in cui questo sta per sposare la figlia della regina, lo uccide” xxxxxix, raggiungendo la sua amata. La peculiarità dell’integrazione brasiliana risiede nell’assimilazione anche di ciò che è potenzialmente avverso, un “assorbimento del nemico sacro, per trasformarlo in totem”xxxxxx. Da un approccio contrastante si passa a un approccio conciliatorio. Il riscatto del Brasile colonizzato avviene all’interno delle stesse forme di colonizzazione subìta. Seguendo quest’ottica, anche il concetto di migrazione può assumere un altro significato. La migrazione come impulso verso il cambiamento e la trasformazione continua di culture diverse, che travalicano le appartenenze esclusivamente nazionali e territoriali. La migrazione come fenomeno che dà vita a processi culturali considerevoli, al di là delle numerose letture pietistiche e moralistiche del fenomeno, che soffocano il contesto di meraviglia caratterizzante l’incontro tra culture diverse. A tale riguardo, Oswald de Andrade offre un interessante spunto di riflessione: “Le migrazioni. La fuga dagli stati noiosi. Contro le sclerosi urbane. Contro i Conservatori e il tedio speculativo xxxxxxi”. La Madonna Divorata diventa così una necessità interpretativa, un emblema di un’esperienza collettiva. Dal rapporto tra brasiliani e immigrati scaturisce un fenomeno che riecheggia ancora una volta nel Manifesto di de Andrade: Figli del sole, madre dei viventi xxxxxxii. Trovati e amati ferocemente, con tutta l’ipocrisia della nostalgia, dagli immigrati [...] Nel paese del cobra grandexxxxxxiii.
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italia
i . Questo testo è una sintesi della tesi di laurea magistrale in Discipline Economiche e Sociali per lo Sviluppo e la Cooperazione, discussa dall’autore presso la Facoltà di Economia dell’Università della Calabria (relatore Vittorio Cappelli, anno accademico 2008- 2009) [N.d.A.]
xx
ii
G. Roma, La Madonna e l’Angelo, Rubbettino, Soveria Mannelli 2005.
xxii
E. Finazzi-Agrò, Strani tropici, La costruzione dello spazio brasiliano, in «Agalma», n. 10, 2005.
xxxxv
iii
xxiii
xxxxvi
M. C. Crepschi Coimbra, Nossa Senhora Achiropita: uma festa religiosa do catolicismo popular na cidade de São Paulo, Fflch-Usp, São Paulo 1987. iv
Così vengono soprannominati i calabresi dai paulisti.
v
P. Burke, Tropicalizzazione, tropicalismo, tropicologia. Il contributo di Gilberto Freyre, in «Agalma», n. 10, 2005. xxi
Ibidem.
M. C. Pincherle, La cultura cannibale, Meltemi, Roma 1999. xxiv
L. Stegagno Picchio, Storia della letteratura brasiliana, Einaudi, Torino 1997.
In portoghese, letteralmente: gli abitanti della strada (ossia, i senza casa).
xxv M. C. Pincherle, op. cit. xxvi Ibidem.
vi
xxvii
ln portoghese: benedizioni.
vii
A. Fabris, Da Tropicalia a Happyland, in «Agalma», n. 10,2005.
Intervista rilasciata da Vincenzo Miconi all’A. in data 13 agosto 2009 nell’Edificio Italia, São Paulo.
xxviii
viii
xxix
ix
Ibidem.
Ibidem.
x
A. Fabris, Da Tropicalia a Happyland, in «Agalma», n. 10, 2005. xxxi
xi
xxxii
xii
Intervista rilasciata daI Maestro Feliciano all’A. in data 15 agosto 2009 nella Cantina Madonna Achiropita, São Paulo.
Ibidem.
xxx
Sessanta reais brasiliani corrispondono a circa venticinque euro. In portoghese: radici.
Ibidem.
Il riferimento storico è il 1554, l’anno in cui un antropofago caeté deglutì realmente il vescovo Sardinha. Questo evento è l’immagine manifesto dell’Antropofagia. xxxiii
xiii
M. C. Pincherle, op. cit.
Dello Stato di Minas Gerais, a nord dello Stato di São Paulo.
xxxiv
xiv
Interviste rilasciate dai volontari della parrocchia Nossa Senhora Achiropita all’A. in data 15 agosto 2009, São Paulo.
xxxv
xv
Ibidem.
xxxvii
Ibidem.
xxxviii
xvi xvii
A. Sayad, La doppia assenza, Raffaello Cortina, Milano 2002. xviii
Ibidem. Ibidem. Ibidem.
O. de Andrade, Manifesto Antropofago, in «Revista de Antropofagia», 1928. xxxix
O. de Andrade, La cultura cannibale, a cura di E. Finazzi-Agrò, Meltemi, Roma 1999. xxxx
xix
xxxxi
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Ibidem.
xxxvi
S. Jatahy Pesavento, Modernità ‘Primitivista’, in «Confluenze», vol. l, Dipartimento di Lingue e Letterature Straniere Moderne, Università di Bologna, 2009. E. Finazzi-Agrò, Strani tropici, La costruzione dello spazio brasiliano, in «Agalma», n. 10, 2005.
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E. Finazzi-Agrò, La cultura cannibale.
O. de Andrade, Manifesto Antropofago, in «Revista de Antropofagia», 1928. O. de Andrade, Nota Informativa, in Macunaíma, a cura di G. Segre Giorgi, Adelphi, Milano 2006.
xxxxii
Ibidem.
xxxxiii
M. Di Felice, Dalla Teologia della Liberazione alla New Age, in «Agalma», n. 10, 2005. xxxxiv
Ibidem. Ibidem. Ibidem.
xxxxvii
M. Perniola, La suavidade, in “Agalma”, n. 10,
2005. xxxxviii
M. Di Felice, Dalla Teologia della Liberazione alla New Age, in “Agalma”, n. 10, 2005 xxxxix
Ibidem.
xxxxx
P. Vaz de Caminha, Lettera sulla scoperta del Brasile, Sellerio, Palermo 1992. xxxxxi
Ibidem.
xxxxxii
Ibidem.
xxxxxiii
L. Stegagno Picchio, op. cit.
xxxxxiv
A.Tabucchi, Brasile Eden dei nostri rimorsi, in «Corriere della Sera», 8 agosto 1997. xxxxxv
Termine che indica un atteggiamento di lode, vanto della natura e delle bellezze brasiliane. xxxxxvi
L. Stegagno Picchio, op. cit.
xxxxxvii
Queropita è un termine che ho riscontrato in diversi testi con il quale i paulisti scrivono il nome Achiropita, per mantenere così una pronuncia fedele a quella italiana. xxxxxviii
O. de Andrade, Manifesto Antropófago, in «Revista de Antropofagia», 1928. xxxxix
L. Stegagno Picchio, op. cit.
xxxxxx
O. de Andrade, Manifesto Antropófago, in «Revista de Antropofagia», 1928. xxxxxxi
Ibidem.
xxxxxxii
Nella mitologia indigena dei tupi-guarani il Sole è una divinità femminile. xxxxxiii
O. de Andrade, Manifesto Antropófago, in «Revista de Antropofagia», 1928.
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c u l t u r a
Vicente de Percia depercia@gmail.com
30ª Bienal de São Paulo dialoga com o Público
A
qualidade não deve ser medida pela quantidade. Com menos partici-
pantes e, respectivamente, um número menor de obras, a 30ª Bienal de São Paulo é o evento de maior referência nas artes plásticas no Brasil. Quer queiram ou não. Essa edição surge com mais coerência e metodologia perante o público e busca recompor o equilíbrio perdido nas últimas edições. De certa forma contestada, sobreviveu aos erros, principalmente induzida pelo diletantismo dos seus curadores e gestores. São 111 artistas vindos de 33 países diferentes. Do total, 23 são brasileiros. Arthur Bispo do Rosário, Brasil, viveu recluso por meio século em um hospital e é um deles. Apresenta quase que uma retrospectiva das suas tarefas artísticas e é o mais visitado nessa Bienal. Pintura, desenho, gravura, fotografia, vídeos, apenas depoimentos, anotações, autorretratos etc... preenchem o Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera em São Paulo e ficará até o dia 12 de dezembro de 2012. O conjunto da mostra erradica, em boa parte, qualquer tipo de parcialidade da curadoria e atende a um método para compreender o artista na sua individualidade, o que possibilita assistir inúmeros tipos de concepções, observar os meios materiais e instrumentos diversos. O curador, o venezuelano, Luis Pérez Oramas estabelece uma divisão de cinco módulos para a 30ª Bienal; fomenta uma estratégia motivadora em ver e transitar pelo espaço da Bienal; evita as lacunas; os espaços vazios das outras temporadas; descarta o amontoado de informações; insere uma estratégia logística e de marketing, comete seus erros na escolha dos vídeos de artistas de caráter subjetivo e “aparentemente” coloquial. Oramas optou por reunir pluralidades estéticas para marcar, não com tanta ênfase, a “contemporaneidade” tão exigida do circuito para esse tipo de mostra.
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Nessa Bienal o individual do artista dialoga com a sociedade, suas diversidades e semelhanças revelam aspectos dos embates, transições, semelhanças poéticas, impactos, escalas cromáticas, arquétipos, tabelas existentes. O senso-crítico desperta segmentos dionisíacos e apolíneos da existência humana. A montagem, uma das melhores já vistas de Martim Corrullon, contribui e facilita a visita dos presentes no pavilhão criado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Sobrevivências, Alterformas, Derivas, Vozes e Reverso são os títulos de cada um dos módulos que dão forma ao nome oficial da bienal: “A IMINÊNCIA DAS POÉTICAS”. O primeiro: faz analogias entre contemporâneo e obras assinaladas; o segundo: indaga a própria arte e suas deformações; o terceiro: são as propostas marginais; quarto: aponta as multiplicidades; o quinto: tenta dialogar com as mostras paralelas que se sucedem em outros espaços fora da bienal. As obras expostas, a maior parte, foram feitas para essa Bienal, ou comissionadas especialmente para a exposição. A investigação da produção cultural brasileira é sem dúvida um dos alicerces dos primórdios da Bienal, e a sua relação com o contexto internacional se presentifica desde a sua primeira edição, em 1951. O objetivo da Bienal internacional de São Paulo sempre teve desafios, desde a catalisação de recursos econômicos até os “interesses” do circuito das artes, o que não descarta: Galerias, marchand, curadorias e as múltiplas influências coercitivas negativas. Aprofundar uma avaliação sobre sua trajetória requer a necessidade de ponderar as experiências passadas e, também, os deslizes que não contribuíram para uma base sólida desejada, ou seja, fortalecer uma entidade de interesse coletivo com compromissos com a arte e a formação e esclarecimento de opiniões. Vicente de Percia, crítico de arte, artista plástico, escritor: prêmio Master de Literatura. Membro da Bow Art International e da Associação Brasileira e Internacional de Críticos de Arte. Pesquisador da Bienal de São Paulo com várias publicações sobre o tema.
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As andanças entre a Itália e o Brasil do ator Carlo Briani FD - Quem é Carlo Briani? CB - Sou um italiano radicado no Brasil, como dezenas de milhares de outros que aqui vivem e trabalham. Nasci em Strá, perto de Veneza, em 1955, e me mudei para o Brasil com meus pais em 1966. A minha família vem de produtores de vinho, gente acostumada com o trabalho pesado, mas também aos prazeres da boa mesa e da boa gastronomia italiana. Desde pequeno me interessei pelas artes, sabia que iria trabalhar nessa área, sou um comunicador nato, meu caminho natural é a atuação. E meu primeiro grande teste como ator foi mostrar aos meus pais que eu queria viver desse ofício: se pudesse convencê-los, teria certeza de que poderia viver disso. Eles se convenceram e cá estou até hoje, entre o Brasil e a Itália, atuando no cinema e no teatro, produzindo peças e eventos artísticos, trabalhando na televisão em diferentes posições, emocionando as pessoas e me emocionando com elas. FD - Como foi sua formação entre o Brasil e a Itália? CB - Me formei em Marketing pela ESPM em SP e, com 23 anos, abracei meu destino: voltar para a Europa, estudar Cinema. Em 1978, fui estudar no Centro Sperimentale di Cinematografia di Roma e na Accademia di Arte Drammatica, dirigida por Alessandro Fersen. Nesse período, trabalhei no filme “Blood Line”, dirigido por Terence Young e “Città delle Donne”, de Fellini; trabalhei também com Lina Wertmuller, Walter Preci e Franco Dodi. Em 1980 voltei ao Brasil e fui Diretor de Cena da Temporada Lírica Oficial do Teatro Municipal de São Paulo. Comecei a trabalhar na Band e de lá fui para a Globo, como Diretor responsável por algumas campanhas publicitárias premiadas, como a do Ourocard do Banco do Brasil, com a Regina Casé e o Luís Fernando Guimarães e também por uma sitcom chamada “Mãos à Obra”, dentro do “Pequenas Empresas, Grandes Negócios”, que fugia do formato de telecurso tradicional. Esses trabalhos me levaram a ser transferido para a Telemontecarlo (Globo News Principado de Mônaco) como executivo de programação. De 1988 até 1996 dirigi e produzi toda a programação daquela emissora (exceto nas áreas de jornalismo e esporte). Vários destes programas que produzi, receberam prêmios.
FD - Como foi sua vida pessoal na Itália? CB - Tive uma vida maravilhosa na Itália, como tenho hoje uma vida excelente no Brasil. Me considero um humanista, um homem do mundo, que teve a felicidade de trabalhar com arte e cultura. Essa formação me colocou em contato com pessoas fascinantes e com o melhor que a vida pode oferecer. A Itália foi parte fundamental na construção da minha carreira e da minha personalidade. Não existe país no mundo mais propício ao trabalho artístico e intelectual. A Itália é o berço da latinidade, de nossa maneira de ser e pensar. E, no sentido humano e profissional, os anos que passei ativamente trabalhando na Itália me ofereceram muito e me abriram muitas oportunidades e contatos, que cultivei e cultivo até hoje para promoção da arte e estreitamento cultural entre aquele país e o Brasil.
FD - Qual é a sua relação com a cultura e com a realização de bens culturais? CB - A minha vida é dedicada à cultura há mais de 35 anos. A minha experiência, também se deu muito por trás das câmeras e palcos, na produção de diversos projetos culturais e de entretenimento. Contudo, quando voltei ao Brasil, pela minha bagagem italiana, sempre fui requisitado como ator a representar esta comunidade nos diversos meios, com toda a nossa diversidade, principalmente para mostrar que vamos além dos estereótipos e de que nem todos os italianos têm as marcantes características “simplório-camponesas”, como muitos até hoje acreditam. Encarnei uma variedade imensa de italianos em novelas e no cinema - como Giovanni em “Estômago”. Sem falar na campanha publicitária que faço há 17 anos para a Bauducco, representando um personagem real, que é um modelo de sucesso dos imigrantes no Brasil.
FD - Como é se relacionar com o público de seus trabalhos? CB - Tive o mérito (e um pouco de sorte) de selecionar papéis de personagens simpáticos, de bom caráter, que condizem com a minha forma de agir com os outros. Esses trabalhos fazem com que o público tenha um enorme carinho e estima por mim. Isto tudo resultou num relacionamento muito carinhoso e “familiar” com o público que me sente como alguém próximo, amigo mesmo... Estou acostumado a encontrar com senhoras na rua, que se aproximam de mim com a mesma intimidade e simplicidade que dão aos próprios parentes. Isto é muito compensador. Talvez por isso, em 2006, a Academia Brasileira de Arte, Cultura e História, que é uma entidade voltada à divulgação dos valores morais e intelectuais no progresso do Brasil tenha me conferido a Medalha do Mérito Histórico e Cultural, pela minha representação desta parcela importante da sociedade brasileira, me considerando um dos principais ícones da herança italiana no Brasil.
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“Essa convicção me fez refletir, estruturar um programa político-cultural e me propor como candidato ao Senado nas próximas eleições políticas na Itália. Como disse, sou um homem de dois mundos, me considero apto ao desafio.” FD - Como é o momento atual de sua carreira? CB - Depois da minha volta ao Brasil me dediquei profundamente à carreira de ator, nos últimos anos tenho tido uma vida bastante produtiva entre novelas, filmes, teatro e colaboração em projetos artísticos e audiovisuais. Tenho um espírito muito ativo, não consigo ficar parado um minuto e estou sempre envolvido em novos projetos no Brasil e na Itália. Destes projetos procurei participar tanto da área criativa quanto da parte administrativa e nas estratégias de financiamento. Isso demanda muita energia e uma grande capacidade de entendimento das diferenças culturais, burocráticas e da percepção das necessidades humanas e artísticas dos dois países. Devido a essa percepção e participação, venho me interessando cada vez mais pelas políticas culturais e pelas possibilidades de negócios que podem ser gerados entre o Brasil e a Itália no campo artístico e cultural. Resumidamente, a política está cada vez mais presente na minha vida. FD - O seu projeto cultural é um projeto político? CB - A política está presente em todas as sociedades humanas e é através dela que conseguimos realizar nossos objetivos sociais, econômicos, humanos, culturais, nossos sonhos. Quem trabalha com cultura tem esse entendimento nato sobre as relações humanas. Falamos das pessoas, dos sentimentos, das ambições. Construímos mundos idealizados e, portanto, sabemos da necessidade de projetos e de estratégia de realização. Na vida como na arte é preciso planejar, colocar energia para as coisas acontecerem e o processo político nada mais é do que um instrumento a favor de novos projetos, de novos sonhos. Para alguém ligado ao mundo artístico saber exercer a política cultural é fundamental para que se possa não apenas realizar produtos e bens culturais, mas defender um modo de vida, valores de nossa sociedade. Para que se possa preservar a cultura de nossos ancestrais e ao mesmo tempo buscar inovações para nossos desafios atuais. Na cultura se encontram depositados os valores mais nobres de nossas sociedades e fazer politica cultural é corroborar para que eles existam e se mantenham. Além disso, a cultura cria sempre oportunidades de negócios, de construção estética, de intercâmbio, de conhecimento. Através da cultura agregamos valor aos objetos do cotidiano, ao vestuário, aos alimentos, aos homens, ao trabalho. Estes valores contribuem para a sociedade como um todo, mas também diretamente para a economia dos países. A cultura hoje movimenta grande parte do PIB das nações desenvolvidas e aqui fica evidente sua relação com a política. No caso específico do Brasil e da Itália, que já movimentam uma quantidade bastante considerável de divisas com a moda, a gastronomia, a arte, a universidade, o teatro, o cinema, os cursos de língua e de formação técnica; imaginem o quanto mais de recursos não se poderiam gerar com um programa político específico, voltado para uma maior integração cultural entre os dois países?
FD - Como esse programa político-cultural entre o Brasil e a Itália pode ser efetivamente realizado? CB - Já existem mecanismos de aproximação dos dois países que podem ser melhorados e voltados mais diretamente para a cultura. Existem programas governamentais de cooperação bilateral operantes, fundos binacionais e internacionais que podem ser direcionados para o incremento dos bens culturais e do intercâmbio na área de formação. Não precisamos reinventar a roda, mas apenas utilizá-la de modo mais assertivo e direcionando programas institucionais que estão aí, mas que muitas vezes não saem do papel. Outras nações latino-americanas se utilizam de maneira mais intensa destas oportunidades, mas no Brasil ainda estamos iniciando esse caminho. Dou-lhes um exemplo prático: o filme Estômago, no qual atuei e que foi uma coprodução oficial com a Itália, usou para sua realização um mecanismo binacional de produção cinematográfica que existia desde a década de setenta e que não tinha ainda sido usado. O filme aconteceu, virou binacional, obteve um certificado europeu e com isso foi comercializado em mais de 26 países. Não fosse essa possibilidade de coprodução a comercialização teria provavelmente ficado restrita ao Brasil... Como se vê, os mecanismos existem, podem gerar negócios, mas é preciso formar uma equipe focada na utilização destes mecanismos. Eu, com a experiência que tive na área executiva da cultura e das grandes emissoras de televisão, acredito que estou preparado e que tenho capacidade de tornar operantes os mecanismos existentes para a promoção cultural e para a geração de negócios entre o Brasil e a Itália. Essa convicção me fez refletir, estruturar um programa político-cultural e me propor como candidato ao Senado nas próximas eleições políticas na Itália. Como disse, sou um homem de dois mundos, me considero apto ao desafio.
FD - Qual é a mensagem que você gostaria de deixar com seu trabalho? CB - Gostaria de deixar a imagem de um homem honrado, ético, um bom pai de família, que sempre trabalhou para a manutenção e promoção dos valores mais nobres das sociedades brasileira e italiana. Manter a coerência entre aquilo que penso e o modo como ajo. Dizendo assim parece pouco, mas dá um trabalho incrível. Setembro / Outubro 12
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Fabio Porta “Italia e Brasile sono Paesi destinati a camminare insieme.” FD - Tra pochi mesi in Italia ci saranno nuove elezioni. Lei è stato eletto per la prima volta in Parlamento proprio all’inizio di questa legislatura, nel 2008. Qual è il suo personale bilancio di questi quattro anni e mezzo?
FP - Sono stato eletto nel 2008 nella Circoscrizione Estero, Ripartizione America Meridionale. Avevo davanti a me una grande sfida: rappresentare gli italiani nel mondo con, in più, la grande responsabilità di essere l’unico parlamentare residente in Brasile ed il solo eletto del Partito Democratico in Sudamerica. Credo di avere onorato questo impegno, per la qualità e la quantità del mio lavoro, in Italia e qui in Brasile e Sudamerica. Sono il deputato più presente e attivo di quelli eletti in America Meridionale, con l’80% di presenze in Parlamento. Con quasi un centinaio di interventi in aula ed in commissione (mentre quelle dei miei due colleghi si contano sulle dita di una mano…) ho sostenuto e difeso in ogni occasione le più importanti battaglie per i diritti dei nostri connazionali all’estero e degli italo-discendenti. Al tempo stesso ho lavorato costantemente per rafforzare i forti legami esistenti tra Italia e Brasile e ho mantenuto un forte collegamento con la collettività italo-brasiliana anche grazie all’organizzazione ed alla partecipazione a centinaia di incontri ed iniziative sul territorio. FD - Eppure questi anni non sono stati dei migliori per gli italiani all’estero. Tagli e ancora tagli su tutti i programmi a loro destinati; le elezioni dei Comites rinviate più di una volta. Come spiega questa situazione e cosa avete fatto in Parlamento per impedirla?
FP - E’ vero: dal 2008 in poi abbiamo assistito ad una progressiva diminuzione dell’attenzione del governo italiano verso gli italiani all’estero. Anzi, siamo stati davanti ad una vera e propria aggressione ai diritti conquistati dagli italiani nel mondo dopo
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decenni di lotte e impegno democratico. Mi riferisco a misure come l’introduzione del limite di dieci anni di residenza in Italia per la concessione della pensione sociale, che colpiva gli immigrati ma anche gli anziani che rientravano nel nostro Paese; mi riferisco ovviamente alla gravissima e ripetuta proroga della scadenza naturale per rinnovare gli organismi di rappresentanza degli italiani all’estero: i Comites ed il Cgie. E parlo ovviamente dei ripetuti e violenti tagli a tutti gli interventi a favore degli italiani nel mondo: assistenza, lingua e cultura, servizi e rete consolare. Tutto ciò ha dei responsabili precisi: il governo di centro-destra guidato da Silvio Berlusconi e il Sottosegretario per gli italiani nel mondo Alfredo Mantica. Io e i miei colleghi eletti all’estero del Partito Democratico abbiamo fatto una continua e dura opposizione a questi provvedimenti, evitando in tante occasioni che conseguenze potessero essere più gravi. Ma non dobbiamo dimenticare che chi governa è l’esecutivo, mentre il legislativo fa le leggi e controlla l’operato del governo. FD - Il rapporto tra Italia e Brasile, lo diceva lei, è speciale. E ciò soprattutto grazie alla presenza della maggiore comunità di italo-discendenti al mondo. Lei è l’unico parlamentare residente in Brasile. Come giudica l’evoluzione delle relazioni italo-brasiliane negli ultimi anni?
FP - Italia e Brasile sono Paesi destinati a camminare insieme. In Brasile vivono oltre 35 milioni di italo-brasiliani: un patrimonio di relazioni umane, sociali e culturali che nessun altro Paese può vantare. Oggi, grazie ad una ripresa di relazioni istituzionali al massimo livello voluta dal governo di Mario Monti, si sta cercando di recuperare il tempo perduto negli anni del governo Berlusconi. Purtroppo il “caso Battisti” ha
contribuito negativamente in questo senso; sono certo che il prossimo governo italiano, per il quale noi del PD ci candidiamo ad essere la principale forza della coalizione, saprà con intelligenza e lungimiranza riprendere la strada di una relazione privilegiata tra i due Paesi. FD - Lei ha dichiarato di essere pronto a candidarsi nuovamente per continuare il suo lavoro in Parlamento. Perché questa scelta e, nel caso di una nuova elezione, quali le sue priorità?
FP - Sarò candidato per sottoporre il lavoro del mio primo mandato al giudizio degli elettori e anche perché sono convinto che con la vittoria del Partito Democratico alle prossime elezioni sarà possibile riprendere la strada intrapresa dal governo Prodi a favore degli italiani nel mondo. Le priorità sono tante. In primo luogo voglio eliminare una volta per tutte, con l’aiuto del nuovo governo, quella vergognosa “fila della cittadinanza” che si concentra in Brasile e che mortifica la nostra grande e importante collettività; in secondo luogo lavorerò per valorizzare le giovani generazioni di italiani nel mondo, a partire dagli italo-brasiliani che costituiscono una formidabile risorsa per la ripresa, anche economica, del Paese; infine continuerò a lavorare come Presidente dell’Associazione di Amicizia Italia-Brasile per consolidare e rilanciare i rapporti bilaterali a livello politico-istituzionale ma anche economico e commerciale.
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b r a s i l
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Fausto Longo O projeto político dos socialistas nas eleições de 2013. Com a palavra Fausto Longo. “Agora, com as eleições de 2013, temos uma nova e promissora oportunidade! Cabe lembrar que somos mais de 35 milhões de ítalo-descendentes neste imenso e multicultural continente sul-americano. Deste impressionante contingente de pessoas que carregam a mesma origem, os mesmos direitos, apenas 1,3 milhões conseguiram obter sua cidadania! Não porque os demais renegam seu próprio direito, mas sim pela manutenção de uma mal-intencionada ou incompetente burocracia que opera na contramão do bom-senso. Precisamos fazer valer nossos direitos e os direitos daqueles que os desconhecem, dada a passividade inoperante das autoridades em dispor de comunicação simples e objetiva aos ítalo-descendentes. Somente com a eleição de representantes efetivamente comprometidos, iremos construir um conjunto de leis e políticas públicas que proporcione podermos desfrutar o forte sentimento de sermos um só povo, mesmo que espalhados por todos os cantos do planeta! Essas posições, por vezes, soam românticas ou carregadas de certo idealismo que não tem mais lugar na dura realidade que enfrentamos, porém, estamos nos referindo também à realidade social e econômica. Se todos esses italianos, natos ou descendentes, tivessem sido incluídos como cidadãos, se os governos, ao longo do tempo, lhes tivessem dado a devida atenção, mesmo que a mais simples, um estímulo ao aprendizado da língua, o pronto reconhecimento e respeito aos seus direitos, com certeza, a Itália teria hoje um potente conjunto de consumidores espalhados pelo mundo. Numa economia altamente globalizada, seria um considerável diferencial competitivo.” Fausto Longo Arquiteto, Urbanista. Mestre em Planejamento Habitacional pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Gerente do Departamento de Ação Regional da FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Membro da Direção do Partido Socialista Italiano – Circoscrizione America Meridionale.
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FD - O senhor foi candidado, nas eleições de 2008, na chapa do Partido Socialista Italiano, partido que na América Meridional teve um bom resultado. O Partido Democrático, agremiação mais importante do campo progressista, só conseguiu eleger o deputado Fabio Porta, perdendo a vaga no Senado. A divisão enfraqueceu as forças progressistas. Qual é a sua opinião para as eleições do ano que vem?
FL - Em 2008 os diversos partidos de tendência progressista, praticamente defendendo os mesmos princípios de ética e justiça social, disputaram as eleições italianas cada um com sua própria lista de candidatos, ou seja, uma imensa força potencial, fragilizada, porém, por uma incompreensível divisão entre iguais. Fato esse que, aliás, permitiu que correntes partidárias menos comprometidas com a nação, chegassem ao poder e produzissem um dos mais vergonhosos períodos de sua história política moderna, deixando o país a mercê de uma situação praticamente falimentar em todos os aspectos e sentidos. Hoje, às portas de um novo processo eleitoral, as principais lideranças e dirigentes partidários, eticamente comprometidos com um novo projeto para a Itália, preocupados em reestabelecer um ambiente favorável ao desenvolvimento social e econômico sustentável, estão empenhados na organização de uma forte aliança de centro-esquerda, democrática, plural, séria e consequente que possa, de forma ousada promover o resgate de nossa dignidade. É nesse contexto que, também aqui na América do Sul, caminhamos para seguir o mesmo compromisso, a mesma intenção de fazer reverberar os mesmos pensamentos, os mesmos ideais, a mesma vontade de lutar pelos direitos e pelo respeito que cada cidadão italiano, nato ou descendente, tanto
espera e, quem sabe, dar-lhes razão para sentir, ainda mais, orgulho de suas origens. FD - O senhor pensa em representar o seu partido, o glorioso Partido Socialista Italiano, nesta ampla iniciativa unitária?
FL - Seria uma honra. Participar de um processo desta natureza é entusiasmante e desafiador. Cada um de nós pode e deve exercer um papel importante na construção de uma sociedade justa e igualitária, particularmente nós, italianos da América do Sul, temos a missão de romper as barreiras que nos mantêm distantes e lutar para nos tornarmos um só povo, unido e solidário. É assim que somos tratados constitucionalmente, uma unidade geopolítica única e, apesar das peculiaridades características de cada nação sul-americana, devemos valorizar e assumir as coisas que temos em comum, nossa consanguinidade, nossas tradições, nossa cultura e, principalmente respeito às gerações passadas e um forte compromisso com as gerações vindouras. FD - Qual é a sua opinião sobre as prioridades que a centro-esquerda deve apresentar às comunidades italianas nos países da América Meridional?
FL - As eleições se aproximam. 2013 pode ser o ano da “virada”. Em primeiro lugar, torna-se imprescindível estimularmos o pleno exercício de cidadania. No último pleito eleitoral, em 2008, pouco mais de 30% dos eleitores cumpriram seu dever e seu direito, vimos no que deu! Não podemos mais permitir que, por nossa omissão, aventureiros inescrupulosos repitam o desastre que testemunhamos nos últimos anos. f o r u mDEMOCRATICO
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Extravag창ncias Cristina Farage
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Alex Pitanga: “Arte
Marisa Oliveira
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Liberdade”
Baiano de Salvador, casado, leitor de Manoel de Barros e de Clarice Lispector, Alex Sandro Pitanga dos Santos é o artista plástico entrevistado desta edição. Valoriza sensações, estética e conceito na produção da arte, que para ele nada mais é do que a materialização do sentimento.
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cultura FD - Tornar-se um artista plástico aconteceu em que momento da sua vida? AP - A arte entrou na
Mostras de que participou: Casa Amarela, Casa de Cultura de Angra dos Reis, Centro Cultural Laurinda Santos Lobo e no próprio Ateliê.
minha vida em todos os momentos, sempre tive este envolvimento com a arte em geral. FD - Como foi sua formação como artista? AP - Fiz Liceu de Artes e
Ofício, licenciatura de Artes no Instituto Metodista Benett, Desenho no Ateliê com Lídio Bandeira de Mello. Pintura a óleo com Clenio Ferreira em seu ateliê particular. FD - De que técnicas o sr. mais se utiliza? Qual delas considera de maior efeito ou a qual delas o sr. tem mais apego?
AP - Já me ultilizei de várias técnicas, atualmente trabalho com intervenção em fotografia.
FD - Como o sr. desenvolve essa técnica? AP - Após escolher uma foto, utilizo vários materiais por cima dela - como aqueles
que citei anteriormente. Quando uso resina, primeiramente faço um berço, ou seja, uma cama para acomodar a primeira camada da resina liquida e tenho um prazo de 24h para então colocar a imagem escolhida sobre esta camada; logo em seguida, coloco minhas varas de vergalhão sobre a imagem, e para finalizar venho com mais uma camada de resina sobre a imagem e o vergalhão finalizando assim o trabalho. FD - Fale um pouco dos materiais de que o sr. se utiliza nas suas obras. AP - Os materiais com que trabalho são variados de acordo com o que o trabalho
me pede... Mas, entre os mais utilizados, posso citar o ferro (barra de vergalhão), tinta a óleo, tinta acrílica, goma laca, folha de ouro, resina liquida transparente e outros mais. FD - Que artistas exerceram influência na sua arte? Quais os que ainda o inspiram? O público influencia sua arte de que maneira? AP - O artista de que mais gosto hoje...Cildo Meirelles, pois ele é um artista que
consegue juntar três elementos fundamentais no conceito de artes para mim: sensações, estética e conceito. Na época em que meu trabalho era mais ligado à pintura, vários artistas me influenciavam. Já com relação ao público, considero que, hoje, têm influência direta na minha obra de todas as maneiras, porque trabalho com o meu próprio corpo, conforme a foto enviada. FD - Como o sr. vê a evolução nas suas obras artísticas? AP - Todo mundo que trabalha muito tende a evoluir, vejo o meu trabalho mais
maduro, em relação a tudo que leio, vejo e sinto. FD - Produzir arte significa o que para o sr.? AP - Significa a materialização do sentimento. FD - Quais são os temas que predominam na sua arte? AP - Atualmente, o corpo. Setembro / Outubro 12
FD - O que é arte para Alex Pitanga? AP - Arte para mim é liberdade. FD - O sr. exerce outras atividades profissionais? AP - Trabalho como restaurador... Restauração é uma
atividade apoiadora do meu trabalho de artista. Uma fonte de captação de recursos. FD - Com que tipo de restauração o sr. trabalha? AP - Todo mundo que trabalha muito tende a evoluir,
vejo o meu trabalho mais maduro, em relação a tudo que leio, vejo e sinto. FD - Com que tipo de restauração o sr. trabalha? AP - Faço restauração de pinturas murais, ornatos e
trabalho com douramento. FD - Alex Pitanga nos próximos cinco anos... AP - Não sei... amanhã para mim já é muito longe,
que dirá daqui a cinco anos...
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c u l t u r a
Luis Maffei luis.maffei@terra.com.br
Surdezes 2, em forma de carta ao meu filho sobre o ensurdecimento do mundo
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ngmar,
ferramentas como a buzina automotiva; pelo contrário, em realidades como Luis Maffei a de nossa cidade, por exemplo, estamos perto é da inexistência do bom uso segunda década do século XXI, de entender o que direi e problematizá-lo. luis.maffei@terra.com.br escrevo-te porque és meu filho mais velho, já capaz, neste começo de
O que me move é teu hábito de não saíres à rua sozinho sem ter fones nos
desses aparatos. Não obstante, por mais que seja improvável, por mais que
ouvidos, o que me leva a considerar muita coisa a partir da metáfora de uma
seja raro, em algum momento uma buzina poderá indicar que alguém está
surdez que ouve música, e do paradoxo, ainda que artificial, possibilitado
correndo perigo, e teus fones te impedirão de salvar um semelhante – se a
por isso. Por um lado, a relação do sujeito, tua portanto, com o mundo; por
criatura em perigo for tu, estarás indefeso.
outro, a relação do sujeito, tua portanto, com a música, e muito que, a partir
Há também gritos de socorro, dirigidos a mim, a ti, a quem quer que possa
Surdezes
V
ários são aqui os estranhamentos. O primeiro é o plural incomum do título, registro que pouco ouvi desde que ouço de ti, é metonímia ou contraste. O que digo aqui já disse, em grande medida, – ouçam o verbo: ouvir, pretensioso, contrário à surdez. Rascunho noutro texto, “Surdezes”. O novo ensaio se justifica, apesar das inevitáveis eu desvio de certa frase feita para compor previsível nova-velha frase repetições, não apenas porque é em forma de carta a ti, mas porque me feita: o pior surdo é quem que não quer ouvir. Vamos à outra face da permite avançar um pouquinho em certas miradas. aparente tolice, numa primária geometria: o melhor surdo é quem Há som nos lugares do mundo. O som do mundo, sua música, tal como quer ouvir. Neste caso, está-se falando de Beethoven. pensada por Pitágoras, não vem ao caso aqui. Estou pensando em sons Após sua progressiva perda de audição, o genial compositor não audíveis, por exemplo, na cidade, como os motores, as britadeiras, o vento deixou escrever Pelo contrário, é naFora condição de quase forte, as de buzinas, algunsmúsica. pássaros, anúncios sonoros. do ambiente urbano, surdo quemais Beethoven algumasmais de vento suas obras-primas. O pior ouvem-se pássaros ecompôs menos buzinas, e menos britadeiras; surdovivo é quem não melhor é quemUm quer: o autorcomo da como e vives na quer cidade,ouvir, é nelaoque me detenho. indivíduo, Eroica nunca se tornou incapaz de notar a música, ou ouvi-la, pois tu, que evita ouvir os sons do mundo através da armadura dos fones, perde essa aquilo, sensívele parte e bárbara expressão à característica sonora de tudo da perda pode seratende vista como ganho: por que escutar ser onda, coisa física, passível de ser sentida por quem quer. britadeiras e motores? Alguém poderia responder: porque estão no mundo, a música, ouçam, anda não pouco sensível, bárbara. eMas estamos no mundo, enfiados apenas numa pouco paisagem, ou numQuancenário, do sensível, a música é sentida no limite de sua possibilidade, aí mas em comprometimentos, seguirá dizendo esse alguém, que verá ecomcostuma conviver bem apenas com experiências radicais: o drama prometimento como implicação ética, que deve chegar inclusive a motoresda e ópera, a cena uns filmes, transe místico, adedança Fora britadeiras, pois de deve chegar ao o outro, responsável fundoprofunda. por motores e isso, a música, os animais que somos, quer-se britadeiras – essemesmo outro é para um humano, a nósvisuais semelhante, e alguém ainda mais sensivelmente soberana, sem obstáculos que a impeçam de chegar radical poderá dizer que nosso comprometimento deve chegar aos pássaros melhor, eaos aoscorações, cães, entreou outros, poisaos deveouvidos chegar ados tudoouvintes. que vive, e a tudo que diz Mas como pode a música ser sensível se não consegue vir ao mundo respeito ao que vive. sem más companhias? Sem maus hábitos? Ouçamos, nãocaso a música, Isso porque alguma resposta tem de ser dada ao latido do cão; contrário, a observação dumvã.fato: hoje emque dia?realiamas atitude canina terá sido Essaquando respostaouvimos pode ser música a mera audição, Nunca, pois sempre, especialmente numa cidade como o Rio de za o latido, fá-lo existente na relação, e relação, em resumo, é o que estamos Janeiro,no sabidamente plástica,não para o bem e para o mal,apara a lidae e fazendo mundo. O mesmo se aplica necessariamente motores para o conflito, caríciamotores e para ae agressão faltaoao carioca britadeiras, nem apara quema move britadeiras,–pois objetivo da certa ação vocação para uma formalidade que, no fundo, seria, em relação, dessa gente não é exatamente ser ouvida. No entanto, não sei se exageradecoro. Um passeio queinsistir o indivíduo percorra damente, alguém ainda em poderá na implicação éticamenos de estarde noquinhenmundo metros pode oferecer-lhe corrometos ouvir no mundo, ou seja, ouvir odiversas mundo,experiências de que fazem sonoras, parte motores e pidamente musicais. Uma delas: automóveis vomitando seus sons britadeiras. altos. Outra: transeuntes portando que arrotam êxitos Existe, além disso, caráter muitas vezes aparelhinhos imediato nas relações propostas por comerciais. Mais uma: criaturas menos socialmente desagradáveis sons do mundo, caso de alguns latidos e muitas buzinadas que servem de
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protegidas por seus fones de ouvido. Estamos, ouçam, numa altura da história em que o processo de ouvir. Escolher o alheamento sonoro em relação ao mundo pode representar dessensibilização chegou a esta deflagrada demonstração de surdez a escolha por não salvar o outro que, no caso extremo, pedirá socorro, ou coletiva. João Barrento, intelectual português muito interessado em procurará olhos solidários a fim de pedir uma informação; nesse último caso, questões do contemporâneo, escreveu que em nossa cultura, que ou teus olhos darão conta de ler os olhos alheios e, depois, seus lábios, ou “oferece uma estúpida resistência ao pensar”, se perdeu “o sentido obrigarás o concidadão a repetir a pergunta, pois a primeira, decerto, não dos valores mais (humanamente) elementares”, “o sentido estético terás conseguido ouvir. 1 do que mundo” . Penso nisto,sair ouço isto sem enquanto penso comportaEu, digo tudo isso, evito de casa meus fones de no ouvido,
mento musical que apreciso meu redor se mostra.públicos. O melhor quem, especialmente quando usar transportes Sabessurdo bem, émeu surdamente, leva a música seu apogeu romântico e alicerça bases filho, o quanto barulhos podema causar-me incômodo, e mesmo prejuízo em
sobre asde quais viriam a existirdeo conciliar impressionismo atonalismo. O situações escrita ou tentativa meu difícil ee otemperamental sono.
pior surdo é que nãoque quer ouvir: música.éNa cultura de nosso tempo, Acima de todos, o som mais me molesta o que aparelhos portáteis (ou a perda do “sentido do mundo” que o mundo não) me forçam a ouvir,estético especialmente na rua exige – a circunstância do larnão aindabaste ao indivíduo. Alguémnão poderá não sem razão, quetem o mundo oferece alguma proteção, muita,dizer, mas alguma. O incômodo dupla
não por basta a não ser que o por entendamos umaaparelhos, série de face: ummesmo, lado, a violência embutida quem portacomo os citados acontecimentos que devem progressivamente guardar em si algo de novo, ou manter violência, aliás, descaracterizada enquanto violência; por
acesa,aainda que ilusoriamente, a ideia de novo, do uma novo. outro, submissão dos donos dos radinhos ao que lhesoépotencial imposto por Mas essa ilusão émais estética, sensível o quenunca possibilita o cultura de massas cínica que nunca,(estético pois ativaécomo numa época
sentir, diz-me etimologia), a quemdeestá no mundo a hipótese que oferece umaa série de capas:ea dá liberdade movimento propiciada pela inde fertilizar, estetizando-a, a escuta. ternet, o estilhaçamento das escolhas, a atomização dos gostos. Tudo mentira, Que que escuta? A escuta mundo, que é, por sua que vez,aavelha escuta do ainda haja defesa parado cada uma dessas afirmações e renovada que acontece. Algocom da deletéria ordem do que meu amigo Mauricio Murad indústria cultural usa destreza. chamou, à Pirandello, de personagens a procura de autor, após Estou sendo redutor, admito. Admito também a periculosidade (e logo a obsotermos feito silêncio, num café,raciocínio para ouvir a conversa lescência?) das simultâneo duas expressões-chave de meu anterior. Mas o entre um indivíduo a moça trabalhava no estabelecimento. Nada fato é que ando de e ônibus, ao que contrário, por exemplo, de baluartes também demais: vinha romper um namoro, justo(contrária o primeiro cínicos doele quedizia eles que chamam dede convívio, liberdade, democracia que seelitismo) metia após de prefiro solidãochamar erótico-amorosa – ilação do aem pretenso etc., eanos que eu de exclusão, opressão, próprio: desacostumado que está, será difícil entabular outro romanimpossibilidade de qualquer escolha. Falo mais claro: uma quantidade notável ce.notáveis Nada demais, uma manifestação da vida mesma, de defende apenas certas expressões do que chamei de cultura de uma massas, experiência, dois personagens poderão figurareles numclaramente dos próximos considerando-as saudáveis e a elas que se aliando. Percebem que romances defenômenos Murad e que já figuram neste texto de muitos desses são alimento para a repetição do ficcionalidade mesmo, que, em reduzida.nem é tão “mesmo” assim, pois a complexidade de boa parte disso verdade, Que escuta?cada A escuta dodaoutro, discreta pontocomplexidade de não o constran se aproxima vez mais nulidade. O queapossui nula, o
aviso, e a resposta a certas ocorrências desses sons pode significar a seguran-
que não propicia enfrentamento algum, desrespeita o receptor; alguém que,
ça do outro ou mesmo a própria. Não quero dizer que inexista mal uso de
desrespeitado, sequer percebe que o é, se encontra em perigosa debilidade
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cultura
de leitura de mundo.
sentido: hoje em dia, os barulhos urbanos foram acrescidos de agressivos sons
Leitura de mundo, pois, Ingmar, é coisa que exige que ouçamos o mundo.
supostamente musicais, e tudo é a mesma coisa.
Saio com meus fones no bolso porque, quando alguém saca uma mídia portátil
Os indivíduos estão ensurdecendo, e, consequentemente, gritando muito.
qualquer e a liga em alto e bom som, o som é via de regra mau, não apenas
Outro dia, andando pela rua (sim, sempre o mundo a ter minha atenção), vi
pela miserável amplificação desses aparelhinhos, mas pelo que eles veiculam:
um carro parado, junto ao qual três ou quatro jovens conversavam; o veículo
é sempre coisa mentecapta. Nos instantes que separam a chegada do som a
exalava som tão alto que obrigava os sujeitos a gritar para superar o que vinha
mim e a entrada dos fones em meus ouvidos, dá tempo para eu pensar em
do aparelho. Sabe-me absurdo: põe-se o que se entende por música para
muita coisa. A primeira delas costuma ser o espanto que me causa a pasmacei-
duelar com isso, maltratando (e aqui não é uma avaliação de caráter estético)
ra coletiva, pois ninguém contesta um gesto que reputo como violento, mas
ouvidos e gargantas em estapafúrdias competições sonoras. Segue o bonde:
que deve ser urgentemente repensado, diz-me o real: hipótese 1: nos tempos
quanto mais barulho, mais surdez, quanto mais surdez, mais barulho.
que correm, submeter o semelhante a uma audição involuntária, em volume
E eu sigo, com meus fones à espera de saírem do bolso, em situações
sonoro incontornável, não é mais tido como violento. Se assim for, o mundo,
nas quais descreio de entendimento. Em outro texto, “Um problema de
ou melhor, as pessoas estão ensurdecendo.
condução”, editado nesta mesma revista, comento três cenas de incomunica-
Hipótese 2: exposições como essas, as dos radinhos nos coletivos, passaram
bilidade humano-urbana que o destino me impôs coprotagonizar; uma delas
a ser vistas como parte de nosso panorama sonoro. Já participa dos sons
te cita, outra diz respeito a um pedido de redução de volume sonoro. Todas
urbanos, ao menos em cidades como a nossa, o som muito forte que advém
redundaram na mais extrema incompreensão. É por essas e outras que tenho
de veículos em movimento ou, em certos casos, parados. Como há indivíduos
apostado pouco na possibilidade de levar irmãos meus na mortal condição
no interior desses carros, eles estão ensurdecendo, em estágio avançado.
humana à escuta, eu que tanto tento escutar. Por isso, costumo recorrer aos
Claro que é pateticamente exibicionista esse gesto, mas penso: quem se
fones e não a tentativas de interlocução que podem terminar em ofensas
exibe assim, por possantes caixas de som móveis, está, em todos os casos, de
imediatistas e impensadas – não porque impulsivas, mas porque ocas. Algumas
fato sofrendo com o volume sonoro? Caso sim, isso encerraria psicose social
vezes, como o citado texto revela, eu tento, mas não é sempre, nem pode
extrema. Suponho que, em boa parte dos casos, não há qualquer sofrimento,
ser, infelizmente.
pois os indivíduos estão realmente, literalmente, ensurdecendo.
Sou induzido à mais rápida das conotações a partir da ideia de surdez: à física
Em 28 de agosto de 2012, O Globo editou uma matéria assinada por Renato
se segue uma evidente, e evidentemente triste, surdez interpessoal. Isso me
Grandelle, intitulada “Ruído, o mal do século”. Segundo o texto, a relação de
assusta tanto que, a fim de continuar a ouvir o mundo, mesmo que na forma
nossa época com o barulho causa patologias concretas, e aparelhos reprodu-
de uma britadeira, de um motor, de um cão ansioso, evito ao máximo lançar
tores de pretensa música estão no balaio de aviões, britadeiras e liquidifica-
mão dos fones que não deixo de levar comigo. Acima de tudo, o mundo, que
dores. Problema dos fones de ouvido, filho, que tanto usas: a especialista em
também é sons de aves e sinais do metrô, se oferece a mim pelas criaturas
zumbido ouvida pela reportagem, a professora da USP Tanit Ganz Sanchez,
que comigo dividem a cidade, e não gosto de silenciá-las. Não me custa, essa
“recomenda que ninguém passe mais de duas horas seguidas com os fones”,
escolha, esforço algum, pois gosto de ouvir o outro: gosto de vozes humanas,
“e que o som da música nunca passe da metade da potência do tocador”.
de sotaques, de timbres, de ouvir conversas, sem que isso represente
Outra especialista, Alexandrina Meleiro, também da USP, descreve quadro
qualquer indiscrição, pois as conversas que me chegam estão no mundo parti-
assustador: “Vivemos uma mudança de comportamento que se reflete, de
lhado, não em quartos escuros, não em recônditos domésticos. Nesse espaço
forma negativa, em nosso padrão auditivo. A tecnologia aumentou os sons, e
comum, não tenho o menor interesse na bisbilhotice e enorme interesse na
também os quadros de ansiedade e apatia”. As últimas palavras foram usadas,
escuta, o que, em rigor, me parece inevitável, pois não possuir interesse no
obviamente, em sentido clínico.
outro equivale a não possuir interesse em relação; se relação, em resumo, é
Após a reportagem, uma entrevista com o otorrinolaringologista Marcelo
o que estamos fazendo no mundo, negá-la é gesto de autocentramento e, no
Hueb, feita pelo mesmo Renato Grandelle; o médico diz algo semelhante
limite, desprezo.
ao que disse eu nesta carta: “um estudo americano recente demonstrou que
Assim, se me cabe algum conselho a ti nesta carta, ele pode ser condensado
triplicou, entre 2004 e o ano passado, o número de acidentes envolvendo
na vontade que tenho de que ouças o mundo, com abertura, e de que te
pedestres usando tocadores pessoais de som”. Enfim, o ensurdecimento
ponhas em condição de postular ser ouvido pelo mundo, com gana de nele
medicamente diagnosticado: “certamente os nossos avós escutarão menos do
interferir. Aspectos do que expus neste texto deixam evidente que os fones
que os avós de antigamente, seja pela maior idade alcançada ou pela maior
de ouvido não são a pior escolha que se pode fazer na ruidosa cena urbana
exposição a ruídos durante a vida”.
contemporânea; ao menos, seu uso impede que se viole diretamente um
O trabalho de Grandelle é jornalismo sério de inclinação científica, e não
concidadão. Quanto à música, repito sugestão que já te dei, e que já te vi pon-
diferencia tocadores, como já salientei, de outros produtores de ruído – nem
do em prática: ouve-a, simplesmente, ainda que em vários momentos ouvi-la
deveria, pois a preocupação do texto não é musical, ou musicológica. A mim,
seja dançá-la, cantá-la junto, delirar com ela; mas te tornes capaz de ouvir
Ingmar, chama a atenção o fato de que a mistura entre o que toca música
música, dando-te o trabalho que a música merece, dando-lhe um ouvinte cada
e qualquer outro ruído poder ser feita sem espanto. E a falta de espanto
vez mais capaz de ouvir – música, inclusive.
causa-me ainda mais espanto quando percebo que a indiferenciação faz todo
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e s p o r t e s
Danielle Lima daniellecomunicacao@gmail.com
Vencedores sem pódio
O
Brasil mostrou mais uma vez o que é superação. Muitos recordes foram quebrados nos Jogos Paralímpicos de Londres, resultados esses que ganharam as manchetes mundiais e emocionaram os brasileiros sempre que a bandeira verde e amarela era hasteada no lugar mais alto. O jovem Alan Fonteles quebrou o favoritismo do sul-africano Oscar Pistorius nos 200m livres (T44) e encheu de orgulho até o mesmo quem o não conhecia. Uma vitória para também ser contabilizada fora das pistas, afinal de contas as lentes estavam voltadas para o Pistorius, que além de ter participado dos Jogos Olímpicos também contava com fotos circulando nas redes sociais caminhando ao lado de uma menininha amputada das duas pernas com o ídolo. Para cada atleta que desembarcou na Terra da Rainha há uma história marcante porque todos são vencedores. Este número é bem superior ao número de medalhas conquistadas. O Brasil, por exemplo, trouxe 43 (21 de ouro, 14 de prata e 8 de bronze) e a Itália 11 (3 de ouro, 4 de prata e 4 de bronze) ficando em 23º
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lugar no quadro geral. A delegação brasileira atingiu a meta subindo duas colocações e chegando ao 7º lugar. Sétimo ou vigésimo terceiro, 11 ou 43 são símbolos das ciências exatas que refletem, mas não mostram em sua totalidade, a vitória já conquistada por cada atleta. A equipe azzurra ganhou destaque pelos nomes de Alex Zanardi, no handbike, e de Cecilia Camellini, nadadora com medalha de ouro e recordista mundial nos 100m livres (S11). A conta que deve ser feita é: para cada para-atleta que representou o seu país quantas outras pessoas com e sem deficiência não se motivaram a ir em busca de um sonho? Quantos profissionais não estão empregados como fisioterapeutas, nutricionistas e jornalistas? O quão maior foi o destaque que a televisão e outros meios de comunicação deram ao evento? Não seria ousadia dizer que para cada medalha individual outras 50 pessoas estão envolvidas. Se for em uma modalidade coletiva basta multiplicar pelo número de atletas. Esta conta é bem mais significativa do que 43 ou 11 medalhas por delegação, você não concorda? Danielle Lima, jornalista, 25 anos, amante da cultura italiana e apaixonada por esportes (e-mail: daniellecomunicacao@gmail.com; Twitter: @DandiLima; Facebook: Danielle Lima).
EM OUTUBRO VOCÊ VAI VER, SENTIR, TOCAR A ITÁLIA NO BRASIL.
de 19.10 a 21.10
Praça Virgílio de Melo Franco e Consulado Geral da Itália RJ www.brasitaliario.com.br
19.10
20.10
21.10
11:00 a 24:00 – Mostra de Arte e Produtos Ítalo-Brasileiros.
11:00 a 24:00 – Mostra de Arte e Produtos ÍtaloBrasileiros.
11:00 a 24:00 – Mostra de Arte e Produtos Ítalo-Brasileiros.
16:00 - Trio Jazz Felice Del Gaudio.
16:30 - Quarteto Universalis.
17:30 - Abertura oficial.
18:30 - Show de Stefano Nutti.
18:30 - Ópera Lírica: “As mulheres de Nelson”.
20:30 - Trio de Jazz Felice Del Gaudio.
20:00 - Camerata Tocante convida Marcos Valle.
12:00 - Meninos Cantores do Colégio de São Bento. 13:00 - Itália Cia. Danças Populares de Petrópolis. 18:00 - “Herói”, com Nicola Siri. 19:30 - Orquestra Tocante. 21:00 - Trio Adriano Giffoni e Stefano Nutti.
21:30 – Show de Stefano Nutti.
MOSTRAS PARALELAS Mostra Presencial
Mostra Virtual
DE 19.10 A 31.10
DE 01.10 A 31.10
“BRASITALIA: Fotógrafos e artistas plásticos na revista Forum Democratico”. Salão do 4º andar do Consulado Geral da Itália, das 11:00 a 24:00. Entrada franca.
“BRASITALIA: Fotógrafos e artistas plásticos na revista Forum Democratico”. Projeção na Estação Carioca do Metrô Rio. Entrada franca.
Patrocínio
A Finmeccanica Company
Apoio
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Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A.
REMETENTE: Associação Anita e Giuseppe Garibaldi Av. Rio Branco, 257 sala 1414 Cep. 20040-009 Rio de Janeiro forum@forumdemocratico.org.br
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