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Outubro 2009 Revista Mensal 3 Euros

Mutualismo de Qualidade e Modernidade premiado no Dia do Mutualismo

Cooperativa Agrícola da Feira e S. João da Madeira: A expansão, a fusão e o sucesso!

Fundação Caixa Agrícola do Noroeste: Um exemplo social que se estenderá pelo País

Adega Cooperativa de Borba investe cerca de 11 milhões de euros em nova Adega

COOPLisboa: “O consumo em Portugal vive tempos difíceis



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Como espantar o tempo? Índice Editorial................................ 3 Associação Mutualista Benéfica e Previdente........... 4 Mútua dos Pescadores.......... 6 Caixa de Crédito Agrícola do Noroeste............................... 8 Adega Cooperativa de Pegões de Santo Isidro....... 10 Associação Social Recreativa Cultural e Bem Fazer “Vai Avante”....................... 11 COOPLisboa...................... 12 Coopcastrense – Cooperativa de Consumo Popular Castrense, Crl..................... 14 Adega Cooperativa de Borba............................. 16 Economia Social................. 18 Ex-Inscoop......................... 19 Cooperativa Agrícola da Feira e S.João da Madeira.. 20

Ficha Técnica Propriedade, Redacção e Direcção: NewsCoop - Informação e Comunicação CRL • Rua António Ramalho 600E Apartado 6024 • 4461-801 Senhora da Hora Matosinhos • Publicação periódica mensal registada na E.R.C. com o número 125382 • Tiragem: 12 000 exemplares • Contactos: Tel./Fax: 22 9537144 • Tlm.: 915236663 • ana.lima@newscoop.pt • www.newscoop.pt• Director: Sérgio Oliveira • Editor: António Sérgio • Coordenador Editorial: Ana Lima • Jornalistas: António Sérgio e Elda Lopes Ferreira • Produção Gráfica: Ana Oliveira • Impressão: Ginocar - Indústria Gráfica, Lda.

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Envelhecemos desde o dia que nascemos… E, a cada dia que passa desenvolvemos a recusa desta certeira verdade. A «Jornada: a Saúde no Envelhecimento Activo», promovida pela Associação Mutualista Benéfica e Previdente fez-me repensar como o ciclo da vida é tão efémero… Retive as vozes intervenientes. O relógio do tempo não pára. Confesso que é pena não podermos inverter as ampulhetas do ‘nosso’ tempo como se de um jogo se tratasse… Segundo a Organização das Nações Unidas, nos próximos 50 anos a população idosa mundial passará dos 600 milhões para os 2.000 milhões, uma realidade que a indiferença não pode acompanhar. Há sobejamente a recusa da ideia de que os nossos idosos, a quem os espanhóis concretizam tão bem ao apelidá-los de “Los Mayores”, fazem parte da nossa história, uma vez que são de facto eles, aqueles que sempre estiveram disponíveis para nós e que numa fase em que se perdem capacidades, por vezes faculdades, precisam igualmente do nosso maior apoio, carinho e amor. Marginalizamos os afectos para com estas pessoas, perdemo-nos no défice pessoal de laços e criamos um desfasamento entre o ‘nosso tempo’, que tomamos como nosso e, a falta dele com quem sempre conviveu connosco. Questiono-me: será mais falta de tempo ou falta de vontade? Entregamo-los a instituições com uma determinação vertiginosa, sem lhes perguntar quais as suas intenções para o final da caminhada... A resposta que lhes damos, julgamos ser a mais adequada, mas continuamos a ocultar a vontade do ‘outro’… Será que as pessoas preparam devidamente a sua própria velhice? E, quando se sentirão efectivamente velhos? Vulgarmente confunde-se o conceito de entrada no período de reforma, com o conceito da velhice provida de incapacidade. Assim como cada caso é um caso, também tem que haver máxima cautela na actuação efectiva da circunstância de cada ente. Já alguém se questionou se os ‘lugares de idosos’ poderão limitar capacidades, da mesma forma que poderão empobrecer quem lá vive por não haver diversidade de gerações com quem possam interagir? Não existirá uma manifesta desvalorização e exposição do indivíduo? As instituições de acolhimento deveriam quebrar barreiras nas respectivas hierarquias, pois no fundo são todos intervenientes importantes no processo do cuidado humano. E a vida das pessoas é um processo contínuo, não faz férias, nem qualquer tipo de pausa. A atenção dada a cada pessoa deve ser o mais individual e menos massificada possível, promovendo desta feita, o envelhecimento inclusivo. Pouco importa se a família é de sangue ou afectiva, há que considerar sobretudo a não alteração de papéis e respeitar a pessoa idosa. Tem que acabar a concepção de que a vida termina quando materialmente já não se é útil. Todavia, é importante o autónomo poder de encaixe, até porque devemo-nos manter indivíduos até ao fim, considerando sempre que a vontade da própria pessoa idosa prevalece e se encontra consagrada no Código Civil. Felizmente têm havido incentivos aos projectos de inovação social que ultimamente têm surgido. Estes promovem o envelhecimento activo e para que isso aconteça concorrem inúmeras parcerias, que são cada vez mais necessárias, no sentido de se valorizar a qualidade dos serviços prestados aos idosos. Se outrora a idade e os cabelos brancos eram sinónimos de sabedoria, hoje ao que parece a Internet acaba por os substituir, e porque não destruir, remetendo-os à invisibilidade ou ao descrédito. Nas mãos do governo estará a eventualidade de repensar e criar medidas que ajudem os idosos ao nível de benefícios fiscais, uma vez que hoje manter o idoso no seu lar é deveras complicado; há que apoiar os acolhimentos temporários; apoiar familiares ou responsáveis pelos idosos e rever o facto dos mais velhos serem considerados de “segunda linha” face aos familiares descendentes. Sinto que uma maioria dos nossos idosos percorrem o caminho da solidão, e quanto mais fragilizados, menos partilham dos laços familiares… É urgente a criação de novos objectivos, novas metas para escapar ao isolamento, à depressão e em última instância à demência. É importante reencontrar a auto-estima destas pessoas, de modo a não se criar o estigma da não reciprocidade do ‘investimento’ feito nas novas gerações, que se traduzirá naturalmente numa expressa desilusão para os mais velhos… Tenho a vã esperança de não acreditar que este retrato seja maioritariamente fiel… mas ao passo que reflicto nestas últimas palavras tento convencer-me delas, desejando enganar-me a mim mesma. Neste discurso tão pouco optimista, a minha única intenção é alertar para esta parte menos positiva… Seguramente existirão casos de sucesso em que a entrada na terceira idade se reduzirá a uma mera designação. É assim que pressinto e/ou prevejo a minha. Vivemos numa sociedade cada vez mais individualista e não menos individualizante, e enquanto não se proceder à alteração de comportamentos, grande parte dos nossos ‘Mayores’ vão permanecer desenquadrados e desintegrados. E todos sabemos o quanto precisamos ser reconhecidos perante a sociedade em todos os momentos da nossa vida… O ser humano é um Homem de relações. É o que nos distingue dos demais seres vivos. Já a longevidade compadece-se com um estado contínuo de momentos de felicidade… Elda Lopes Ferreira


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Associação Mutualista Benéfica e Previdente

“Há que promover um Mutualismo activo e não reactivo”

Foi em ambiente de fraternidade e solidariedade que se comemorou o Dia Nacional do Mutualismo em Vila Nova de Gaia, no auditório da Liga das Associações de Socorros Mútuos de Vila Nova de Gaia, no passado dia 24 de Outubro. Numa Sessão Solene celebrativa do dia recordou-se o 30º Aniversário da fundação a 19 de Maio de 1979 da Federação Nacional das Associações de Socorros Mútuos e evocou-se o 25º Aniversário da Constituição da Assembleia Geral de Março de 1984, por imperativo legal dominativo da União das Mutualidades Portuguesas (UMP). Foram ainda entregues três prémios «Mutualismo e Solidariedade», que distinguem uma pessoa individual ou colectiva, em função do mérito do trabalho desenvolvido e, correspondente contribuição para o desenvolvimento das práticas da solidariedade mutualista.

Alberto Ramalheira, presidente do conselho de administração da UMP

“Sempre se fez sentir a necessidade de um organismo que aglutinasse, que dinamizasse, que representasse todo o nosso movimento mutualista. Nesta cerimónia celebramos a história, na procura de construção de um futuro. Está em lançamento o projecto da oferta mutualista, que se encontra descrito no MUT, um projecto de carga social mutualista. É um pouco ambicioso, mas muito interessante. É a tentativa de termos uma capa social mutualista conhecendo bem o terreno e potenciando todas as nossas capacidades. Atentos também à formação dos dirigentes mutualistas, está em estudo um programa de formação que irá ser disponibilizado em breve. Consideramolo fundamental para o futuro do nosso movimento. Através dessa formação de dirigentes, vamos sair daqui mais fortalecidos e mais unidos, dispostos a continuar e se possível redobrar os nossos esforços para fazermos cada vez mais e melhor. Contamos com todos, porque todos não somos demais, dada a grandiosidade da tarefa e as dificuldades a vencer. A nossa responsabilidade é grande, mas a nossa vontade é maior.”

Maria de Belém Roseira, presidente da mesa da Assembleia Geral da UMP “Háquelembrarastrêsfacesquemelhorcaracterizamestemovimento:liberdade, democracia, solidariedade, tudo isto unido num espírito de modernidade. Só faz

Luís Amorim

sentido invocar valores, se esses valores forem postos sempre ao serviço da época em que vivemos como pressuposto da construção de um futuro melhor. Toda a nossa intervenção é uma intervenção que se dirige não apenas às gerações presentes, mas às gerações futuras. Parabéns a todos os mutualistas e muita força, muita sensibilidade também por parte dos governos em nos aceitarem como parceiros privilegiados. Vamos à luta, os problemas precisam de nós mutualistas!”

Premiados Luís Amorim, presidente da direcção da Liga das Associações de Socorro Mútuo de Vila Nova de Gaia recebeu o Prémio Mutualismo e Solidariedade 2007 “Agradeço a atribuição deste troféu que nos deixa extremamente sensibilizados. O nosso lema é: «Um mutualismo de acção e não um mutualismo de reacção!» Um mutualismo para quem dando é a forma mais gratificante de receber.” Carlos Salgueiral, presidente da direcção da Benéfica e Previdente – Associação Mutualista recebeu o Prémio “Mutualismo e Solidariedade” – 2007 “Em nome dos órgãos sociais da Benéfica e Previdente gostaria de expressar o nosso agradecimento por esta distinção: Prémio “Mutualismo e Solidariedade”, pela actividade desenvolvida nos últimos anos que nos sensibilizou e nos motiva para novos desafios. A Benéfica e Previdente resulta da fusão de duas instituições centenárias: a Benéfica dos Empregados do Comércio e a Previdente. Extinguiram-se duas associações que fizeram o seu percurso e história, que não renegamos pelo que aproveitamos este momento para homenagear os seus dirigentes. Consideramos que foi um facto assinalável e de grande alcance nas mutualidades portuguesas. Esta fusão foi um processo difícil, corajoso e audaz, perspectivando com êxito a sua visão, e uma intervenção inovadora do movimento mutualista, alargando-o a novas iniciativas de solidariedade e considerando as novas necessidades sociais. Temos sido persistentes na conquista permanente destes nossos ideais, na implementação de projectos de combate à exclusão, ao desemprego, ao isola-

Carlos Salgueiral

Pe. Vítor Melícias


Associação Mutualista Benéfica e Previdente mento social e a melhoria das condições de vida dos mais vulneráveis, através do alargamento das nossas respostas sociais, que tentamos sempre que sejam integradas e complementadas. Temos pela transversalidade dos nossos serviços consolidado e mantido ao longo dos anos parcerias com organizações privadas com ou sem fins lucrativos, serviços públicos de saúde, de ensino, cultura e de Segurança Social, que muito nos tem enriquecido e motivado para a melhoria contínua dos serviços. Por último, mas com grande importância, a preocupação pela qualificação dos nossos trabalhadores foi constante através da requalificação escolar e da formação profissional contínua que são fundamentais no desempenho e eficácia dos serviços prestados. E para elas (temos mais de cem trabalhadores e colaboradores) envio uma saudação de agradecimento porque são parte integrante deste projecto, que nos identifica como um projecto inovador com um século de experiência.” Padre Vítor Melícias, Prémio e Homenagem Individualidade do Mutualismo e Solidariedade 2008 Enquanto refundador do mutualismo português, dedicando-se intensamente 25 anos ao espírito de serviço, pondo as suas capacidades e o ideal de frater-

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nidade franciscana ao serviço da sociedade civil organizada, por tudo isso é credor duma profunda gratidão e toda a estima no seio do movimento mutualista. “Agradecendo, aceito porque dedico este prémio aos mutualistas, à nossa união, a esta liga, às associações e a todos aqueles homens e mulheres que como eu acreditam que o mutualismo teve e tem hoje e no futuro um papel essencial na criação de uma humanidade verdadeiramente humana. Conhecendo as dimensões sociais e humanas actuais, é preciso reencontrar para a humanidade em globalização uma alma mutualista, ou seja, uma alma de solidariedade de co-responsabilidade em que os seres humanos sintam, saibam e pratiquem que não são só responsáveis por si e pelos seus mais directos familiares ou membros de grupo, mas que somos todos responsáveis pelo todo da humanidade. Tudo o que há é de todos e ao serviço de todos. As prioridades são de quem estiver em extrema necessidade. Esta deve ser a lógica do futuro da humanidade em globalização. A causa do mutualismo merece tudo. Guiemo-nos pela lógica da solidariedade e não pela lógica de lucro. Dedico este prémio ao mutualismo e a todos vós para que o mutualismo seja em Portugal como sempre foi – uma força de esperança.”

Jornada: “A Saúde no Envelhecimento Activo” Nesta Jornada pela manhã escutaram-se as vozes dos especialistas e à tarde apresentaram-se projectos de inovação tecnológica. Que balanço faz a esta iniciativa da Benéfica e Previdente? Carlos Salgueiral (CS) – Penso que o balanço é positivo. Apresentamos muita informação com muita qualidade. Foi nosso propósito trazer pessoas com experiência nestas temáticas e penso que isso foi conseguido. De tarde tivemos iniciativas que conhecemos e que estão no terreno e outras que estão a avançar e que são extremamente inovadoras, ou seja, parece-me importante dar a conhecer estas novas experiências. A partilha de todas estas experiências resultará certamente no aprofundamento e melhoria dos espaços. Quanto ao facto de termos tido na sessão de abertura a vereadora Guilhermina Rego do pelouro do Conhecimento e Coesão Social da CMP é sinal que há reconhecimento da importância do trabalho que se faz, o que nos obriga a assumir uma postura de responsabilidade redobrada.

curamos obviamente que os nossos idosos intervenham e participem nas actividades que promovemos no sentido de se sentirem activos. Investimos muito na formação e nas melhores qualificações dos nossos especialistas e técnicos para que seja dada uma resposta adequada no dia-a-dia.

De que forma é que a Benéfica promove o envelhecimento activo? CS – Procuramos fazê-lo. Trabalhamos na área do idoso, temos o apoio domiciliário, uma residência de acolhimento temporário, o centro de convívio e o centro comunitário onde temos algumas oficinas e algumas actividades para os idosos. E, é um propósito nosso juntamente com instituições desta área facultarmos este know-how e experiência que temos às instituições que têm menos condições. O nosso objectivo é darmos aquilo que podemos às nossas congéneres e partilhar aquilo que sabemos e conhecemos. Internamente pro-

De entre as ideias que foram debatidas e expostas ao longo do dia, vai pensar na possibilidade de alterar alguma coisa na instituição futuramente? CS – Houve algumas ideias provocatórias que vou sem dúvida reter para que internamente possamos ver como dar resposta. Estas são preocupações legítimas destas pessoas que são mais experientes e que estudam a temática do idoso, elas alertaram-nos para vários aspectos a considerar. Com esta partilha aprendemos sempre muito.

Dado que nesta Jornada se falou que ao compartimentar uma mesma geração se poderá potenciar uma eventual perda de capacidade individual, qual o feedback que recebe ao nível da instituição? CS – De facto foi um recado que também assimilei, por aquilo que vejo nas nossas valências não compartimentamos tanto assim, porque temos um infantário e vamos criando alguma interacção entre todos, partilhando-se experiências. Há aqui uma intergeracionalidade que é muito boa para todos. Só não é em permanência, porque para já não é possível.

O Seminário realizou-se na Casa das Glicínias, Campanhã


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Mútua dos Pescadores

Dia Internacional das Cooperativas 2009 O Relatório de 2009 publicado pelo Secretário Geral das Nações Unidas sobre as Cooperativas sublinha a importância das cooperativas para o desenvolvimento sócio-económico e sobre a forma como as Cooperativas Agrícolas e Financeiras contribuem para as soluções de longo prazo relativamente à Segurança Alimentar e a um Sistema Financeiro mais Resistente e Inclusivo, face à crise alimentar e financeira mundial. Sugere ainda que a proclamação de um Ano Internacional das Cooperativas, com a intervenção do movimento cooperativo e o envolvimento e apoio dos governos de cada país constitui uma oportunidade para realçar a importância das cooperativas no desenvolvimento. O agendamento deste ano está em discussão e conta com o envolvimento de todos nós. Para isso é também importante fixar alguns momentos de vitalidade do movimento e deixar algumas sementes para que num futuro próximo as cooperativas e os cooperativistas possam marcar as estratégias de desenvolvimento social e económico mundial. Depende também de nós, trabalhadores e cooperativistas. Recordamos aqui as celebrações do dia 4 de Julho em Vila do Conde, o Dia Internacional das Cooperativas. Resistir à Crise

O Dia Internacional das Cooperativas, 4 de Julho, é tradicionalmente celebrado pelas cooperativas e cooperativistas de todo o mundo, tendo como mote a mensagem anual da Aliança Cooperativa Internacional ACI. Este ano, no contexto de crise mundial que se vive, a ACI, com a sua mensagem “Orientar a reforma global por intermédio da empresa cooperativa”, deixa-nos esta certeza, a de que as cooperativas souberam resistir à crise e prosperar para além dela...

Em Portugal também se resiste!

À semelhança de anos anteriores em Portugal as celebrações são organizadas pelas duas confederações cooperativas, Confecoop - Confederação Cooperativa Portuguesa, e Confagri - Confederação das Cooperativas Agrícolas e de Crédito Agrícola de Portugal, com o apoio do INSCOOP - Instituto António Sérgio para o Sector Cooperativo. Alternadamente, as duas Confederações assumem para si a maior responsabilidade do evento. O ano passado coube à Confecoop fazer as honras da grande família cooperativa, em Beja, sendo a Cooperativa de Produção e Consumo Proletário Alentejano, a anfitriã da iniciativa. Este ano foi a vez da Confagri, que nos levou até ao Norte, Póvoa de Varzim, e elegeu como cooperativa anfitriã a Agros - União de Cooperativas de Leite de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes. Para os dirigentes da Agros este foi um dia triplamente feliz, já que se inauguravam as instalações da sua nova sede em Argivai, onde decorreu toda a cerimónia, e se celebrava também o seu 60º aniversário. Marcaram presença cerca de duas centenas de pessoas, entre cooperativistas, dirigentes e trabalhadores de cooperativas. Entre os membros da mesa contavam-se os Presidentes das duas Confederações, o Presidente do Inscoop, o Governador Civil do Porto, o Director Regional de Agricultura e Pesca do Norte, e os representantes das Câmaras Municipais de Vila do Conde e da Póvoa de Varzim. Uma vez mais se repetiu

Jerónimo Teixeira, Presidente

a ausência do Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, ausência notada e lamentada por todos os presentes como um sinal de alheamento dos altos representantes do Estado Português para com este Sector. A sessão solene ocupou os presentes durante a manhã, seguindo-se um belíssimo almoço servido no espaço exterior da sede, e no futuro refeitório dos trabalhadores da União. Para terminar o dia, fez-se uma visita aos escritórios e a todo o edifício da nova sede.

Sessão solene

Depois da leitura da mensagem da ACI, intervieram os membros da organização. Jerónimo Teixeira, pela Confecoop, deu o mote: “Para nós cooperativistas, a vossa presença representa o reconhecimento do trabalho realizado em todo o Mundo, e em particular em Portugal, pelo Sector Cooperativo, em prol das comunidades em que se insere e que serve pela sua acção quotidiana. Trabalho mais de formiga que de cigarra e exactamente porque tem essas características, torna mais necessário valorizar actos deste tipo.” Respiga da mensagem da ACI três linhas de reflexão, que aqui reproduzimos: 1ª “A empresa cooperativa é um modelo alternativo que, em lugar de se concentrar no lucro, se concentra nas pessoas”, 2ª “A ACI faz apelo aos cooperadores do mundo inteiro para que reforcem o seu compromisso nos valores e princípios cooperativos”, 3ª “O Movimento Cooperativo deverá trabalhar com os responsáveis políticos para assegurar que reconheçam a particular natureza das cooperativas”. Este último ponto centraliza-se nas batalhas mais recentes que as cooperativas têm pela frente, como o Código dos Regimes Contributivos da Segurança Social em aprovação na Assembleia da República, que, caso seja aprovado, originará um aumento das taxas a pagar pelo sector cooperativo e social, e consequentemente uma redução da diferenciação positiva consagrada até à data, para estes sectores...


Mútua dos Pescadores

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A Mútua marcou presença nestas celebrações. Representada pelo seu director do Norte, pelo Departamento de Acção Social e Cooperativa e pelos colegas da Zona. O director-geral da Mútua, Jerónimo Teixeira, esteve também presente na qualidade de Presidente da Confecoop - Confederação Cooperativa Portuguesa, CCRL. Nas suas palavras salientou a sua ligação pessoal e profissional ao mar e à pesca, muito vincada nesta região costeira, e a missão mais recente, desde 2008, à frente dos destinos da Confecoop. O mesmo espírito de partilha e solidariedade une estas suas duas dimensões.

O Comendador Fernando Mendonça, pela Confagri, começa por recordar um aniversário da Cooperativa de Vila do Conde, nos anos noventa, que teve como convidado, contrariamente ao que se tem vindo a tornar um hábito, o Ministro Valente de Oliveira, na altura o responsável pelo acompanhamento do sector... Ao longo da sua intervenção Fernando Mendonça enumera as qualidades intrínsecas das cooperativas que fazem delas elementos fundamentais na resposta à crise que se vive. “Nós transformamos produtos nacionais, nós produzimos mais-valia, nós não deslocalizamos, nós criamos trabalho”. Num mundo “cada vez mais capitalista” as cooperativas respondem com “humanismo”, trazendo com elas “pessoas que se juntam em prol de um objectivo, que agem de acordo com o primado do Homem e não do dinheiro”. E é aqui, neste “mundo cooperativo” que as “pessoas se encontram melhor”! Pelo Inscoop, Eduardo Graça, o mais recente membro da grande família cooperativa, e que pela primeira vez participou nesta iniciativa, partilhou com os cooperativistas presentes “a esperança do futuro do sector”, que, recorda, vem consagrado na Constituição, e de uma forma particularmente original, não havendo qualquer hipótese de retirar o texto respeitante ao sector! Da mensagem da ACI respiga a pergunta deixada… “as vantagens do sector perante a crise, e para lá dela? A resposta: o modelo cooperativo em vez do lucro”. Um modelo, reforça, de “gestão sustentável”. Recorda a Resolução do Parlamento Europeu de 19 de Fevereiro que fala da importância do “Sector da Economia

Social como parceiro social e reconhece as componentes da Economia Social para a concertação e diálogo social”. Quanto ao Inscoop, no novo quadro que vier a ser desenhado para a instituição, trabalhará no sentido de “juntar vontades” para uma estratégia concertada de dar visibilidade ao sector. A sessão solene terminou de forma diferente, homenageando um cooperativista muito especial, que em Dezembro de 2008 deixou os destinos do Inscoop, mas não o Sector Cooperativo, que continuará sempre a acarinhar, Manuel Canaveira de Campos. Das qualidades exaltadas pelos presentes destacamos a sua capacidade de mobilização, de criação de consensos, de orientar caminhos... e finalmente a sua disponibilidade para o sector. Canaveira respondeu emocionado às palavras de apreço e de reconhecimento, recordando a sua ligação ao movimento desde antes do 25 de Abril, quando fundou uma cooperativa de livros. Tendo desistido por causa da pressão da censura, o bichinho ficou para sempre. E em 1990 voltaria a abraçar esta causa, até 2008, à frente do Inscoop. Recorda que foi também no Norte, numa cooperativa de Vila do Conde que celebrou o seu primeiro Dia Internacional. Nessa altura foi-lhe também transmitido, como hoje a Eduarda Graça, o testemunho do que é o movimento. Canaveira deixou-nos por fim a parábola do feixe de vime, que termina com esta lição... “Quando um homem luta sozinho todos os homens o vencem; quando os homens se juntam, mesmo os mais fortes, não conseguem vencê-los!” Assim deverá ser o movimento cooperativo.


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Caixa de Crédito Agrícola do Noroeste

Caixa do Noroeste A Caixa do Noroeste é mais um caso notável de expansão baseada numa política de fusões, visando o desenvolvimento económico do Distrito de Viana do Castelo e do Concelho de Barcelos. A evidenciar este compromisso com a comunidade e respectivas instituições locais, na base do cooperativismo, surge, este ano a Fundação Caixa Agrícola do Noroeste, um projecto pioneiro do sistema integrado das caixas agrícolas do País, que poderá ser naturalmente “um exemplo a seguir” noutras regiões. O próximo passo nesta fase de desenvolvimento será a construção de uma nova sede, que, poderá estar pronta dentro de dois anos. Assim, tudo aponta para que seja na ‘casa nova’ a comemoração da longevidade desta Instituição bancária, que em 2015 vai acender 100 velas.

Uma história feita de histórias…

“A primeira Caixa nesta região remonta a 1915, com a fundação da Caixa de Monção, a Caixa mais antiga de todas. Quer isto dizer que dentro de 6 anos comemoraremos o nosso centenário e já estamos a preparar isso! Nas décadas de 1920 e 1930 começaram a surgir outras caixas concelhias, terminando o ciclo com a constituição da de Viana do Castelo, da qual eu próprio tenho a honra de ser um dos fundadores. E porque é que sendo a capital de distrito foi a última a ser formada? Só em 1982/83 começamos a criar essa Caixa. A razão para isso só ter acontecido cerca de 77 anos mais tarde deveu-se ao facto de, nesse período, haver já uma grande oferta da banca na cidade de Viana do Castelo, o que não acontecia nos outros concelhos, ditos rurais. Em 1994/95 demos um grande passo na consolidação do Crédito Agrícola no distrito, pois fizemos a fusão das 7 Caixas existentes nos 10 concelhos nascendo então, a Caixa de Crédito Agrícola do Alto Minho. Foi um trabalho moroso e delicado que durou cerca de um ano ficando concluído em 17 de Dezembro de 1994 com a solene cerimónia de assinatura da respectiva Escritura Pública, no salão nobre do Governo Civil de Viana do Castelo. Em 2008 (27 de Dezembro) realizamos nova fusão, desta vez com a Caixa Agrícola de Barcelos, surgindo então a actual Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Noroeste. Diga-se que para a concretização destas fusões muito tem contribuído a política definida pela Caixa Central do Crédito Agrícola Mútuo, como órgão de cúpula do Sistema Integrado do Crédito Agrícola Mútuo (SICAM). Bastará dizer que das mais de 200 Caixas existentes há cerca de 20 anos apenas existem hoje 89 no SICAM e 5 que não aderiram a este grupo. Outro marco importante da nossa história será a construção da nova sede em Viana do Castelo, cujo projecto está para aprovação na Câmara, esperando-se que dentro de dois anos esteja concluída. Actualmente temos os serviços centrais instalados provisoriamente na Estrada da Papanata, nº 223, pois as instalações de Ponte de Lima, onde trabalhamos desde 1995, eram muito acanhadas. Actualmente operamos comercialmente em 23 agências, dispersos em várias localidades pelo Distrito de Viana do Castelo e do concelho de Barcelos.”

Fundação CCA do Noroeste

“Outro aspecto marcante da nossa actividade é o desenvolvimento de protocolos com várias entidades culturais, desportivas, recreativas do distrito. Dessa experiência de apoio social nasceu a ideia de constituição da Fundação Caixa Agrícola do Noroeste, uma Instituição para a qual reverterá uma parte dos seus resultados anuais conforme deliberação da Assembleia Geral, e que está a dar os primeiros passos. A Fundação integra no seu conselho consultivo várias instituições locais, nomeadamente as câmaras municipais e os Institutos Politécnicos de Viana do Castelo e do Vale do Cávado e Ave. Esta medida visa o envolvimento tanto quanto possível das forças vivas e administrativas da região nas tarefas que a Fundação poderá e deverá desenvolver. Há, portanto,

Avelino Meira, Presidente


Caixa de Crédito Agrícola do Noroeste

muito que fazer. A Fundação terá, obviamente, de criar estruturas de apoio e gerar fundos, além dos que resultam da dotação da Caixa Agrícola instituidora. Contamos com doações de beneméritos, que generosamente queiram atribuir à Fundação, beneficiando do regime fiscal que lhe é inerente, se for reconhecida, como se prevê, como Instituição de Utilidade Pública.”

Agricultura Hoje

“A Caixa do Noroeste abrange, actualmente, na vertente bancária, todas as actividades económicas instaladas na região, concentrando ainda uma fatia importante na actividade agrícola sobretudo no concelho de Barcelos, que é um dos maiores concelhos de produção leiteira no País. Aliás, a actividade agrícola e o mundo rural foram a base da fundação das Caixas Agrícolas. Os agricultores sempre confiaram na sua Caixa Agrícola criando uma empatia especial connosco. Daí a razão de nos reclamarmos, ainda, de “banco de proximidade”. Neste aspecto salientamos as boas relações existentes com todas as cooperativas agrícolas e adegas cooperativas da região. Continuamos a apoiar também todos os projectos que são co-financiados pelo Estado e pela União Europeia. Isto para além do apoio a todas as outras actividades económicas protagonizadas pelas empresas, pelos particulares e demais instituições locais. A nossa missão é, pois, colaborar no desenvolvimento integrado da Região onde estamos inseridos.”

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A Caixa Agrícola do Noroeste em números

“Possuímos actualmente mais de 14 mil sócios/cooperadores e cerca de 40 mil clientes. Aos sócios tem sido distribuída, desde o ano 2000, uma remuneração calculada normalmente a taxas superiores às de mercado. A Caixa tem actualmente 367 M€ de Activo líquido, 270 M€ de Crédito Concedido e 340 M€ de Recursos Totais, cifrando-se o volume de negócio em mais 600 M€.”

Contagem decrescente para o centenário…

“Faltam cerca de 6 anos para chegarmos ao Centenário. Tentaremos comemorar a efeméride com toda a dignidade e naturalmente já na nova Sede. Mas, a curto prazo, o nosso projecto é consolidar as estruturas da Caixa dando prioridade à formação permanente dos seus 108 colaboradores. Diga-se que mais de metade possui já formação superior”.

Conclusão

“Com essas premissas a Caixa de Crédito Agrícola do Noroeste é hoje uma Instituição de referência no tecido social e económico da vasta região onde opera. Com o reiterado apoio dos seus associados, clientes e colaboradores continuará, pois, na senda do progresso e da inovação de que tem dado sobejas provas”.


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Adega Cooperativa de Pegões de Santo Isidro

“O consumidor reconhece a nossa qualidade” Reconhecida internacionalmente, por ser uma adega moderna e competitiva, as distinções ano a ano sucedem-se, exemplo disso são as inúmeras distinções e prémios nos mais conceituados concursos mundiais de vinhos. O segredo do sucesso? A sua localização ímpar entre duas reservas naturais, a do Estuário do Tejo a Noroeste e a do Sado a sudoeste, a Serra da Arrábida a poente e, a nascente de Barros Alentejanos. Toda esta riqueza na diversidade faz com que a região de Pegões apresente condições edafo-climáticas únicas. Com um clima de influência mediterrânea localizado na mancha de solo plano denominado por “Pliocénio de Pegões”, que se caracteriza por ser um solo arenoso pobre formado ao longo de milhões de anos pelo depósito das areias transportadas pelos rios Tejo e Sado, origina vinhos de características ímpares, próprios de um terroir existente apenas em Pegões. Com uma área vinícola de 1200 hectares, Pegões produz em média 10.000.000kg de uva, sendo maioritariamente tinta (74% tinta e 26% branca). As castas tintas produzidas são o Castelão (Periquita) 92%, Touriga Nacional, Aragonês, Trincadeira, Cabernet Sauvignon, Shiraz, entre outras, com 8 %. Nas brancas há um predomínio do Fernão Pires em 40%, seguido do Moscatel com 25%, e 35 % nos Tamarez, Arinto, Antão Vaz, Chardonnay, entre outros. A sua gama de produtos é bastante diversificada, por isso apresentam vinhos de mesa incluindo os regionais, DOC, Garrafeira, Colheita Seleccionada, Moscatel, Aguardentes, Espumantes. Pegões vende a sua produção engarrafada na íntegra (mais de 7.500.000 litros) 85% para o mercado nacional e 15% para o internacional.

A Direcção Com meio século de existência, a Adega Cooperativa de Pegões de Santo Isidro começou com a doação de um grande proprietário rural e industrial de cerveja, José Rovisco Pais, que cedeu as suas herdades de Pegões aos Hospitais Civis de Lisboa. Estas terras receberam o maior projecto de Colonização Interna com a fixação de centenas de casais agrícolas e a plantação de 800 hectares de vinha. A 7 de Março de 1958 constitui-se a Cooperativa Agrícola que veio colmatar as falhas no apoio técnico e logístico para a elaboração dos primeiros vinhos de Pegões. Num primeiro momento, a Cooperativa beneficiou dos indispensáveis e importantes apoios financeiros e tecnológicos do sector estatal. Entretanto, com a queda do regime salazarista, seguiu-se uma fase de ocupação e desequilíbrio. Nos últimos 15 anos, a Cooperativa empreendeu uma estratégia sistemática de modernização e estabilização financeira no intuito de melhorar e valorizar os vinhos. Nesta fase, a Cooperativa investiu cerca de 10.000.000 euros para dotar a Adega com sistemas de vinificação e estabilização a frio, revestimento a “EPOXY” dos primitivos depósitos de cimento, complexo de cubas de INOX para fermentação com controle de temperatura, prensas de vácuo e pneumáticas, modernas linhas de enchimento e rotulagem, ETAR, caves para estágio de vinhos com mais de 1.000 barricas, obras de beneficiação e conservação geral de edifícios e pavimentação dos acessos fabris. No plano da organização interna, avançou-se na informatização da empresa que se encontra neste momento certificada pela norma NP EN ISO 9001: 2000 e HACCP.

Investimentos em Modernização

“O primeiro investimento que fizemos foi em 1992/94 aquando dos quadros comunitários, que davam 60 por cento a fundo perdido, e veio na altura certa, apostou-se na parte comercial e a adega teve resultados, mas não é de um dia para o outro que se monta um mercado e uma empresa destas. Todos os investimentos que fizermos terão sempre a finalidade não só de produzir qualidade mas de aumentar a quantidade de vinho que produzimos em qualidade e baixar os custos, porque no fundo o mercado é global e competitivo. Apostamos na qualidade, na tecnologia que produz essa qualidade e nos custos baixos da produção de qualidade para sermos competitivos no mercado.”

Cooperativa e sócios cooperantes…

“A relação entre a cooperativa e os associados é excelente. Se calhar somos a adega cooperativa do país com a maior área por associado. Não chegamos a 150 associados e temos 1200 hectares de vinha, o que nos possibilita essa capacidade de ter uma relação óptima. Nós coordenamos e marcamos as vindimas, aconselhamos as castas, há uma interligação muito grande. No caso da formação, eles são totalmente independentes, apenas os aconselhamos.”

Qualidade premiada

“Os nossos vinhos são dos melhores que existem no mercado. Além disso fazemos vinhos bons a preços bons. O segredo é conseguir fazer vinho muito bom, com muita quantidade e conseguir vendê-lo a um preço justo. Temos vinhos premiados internacionalmente com Medalhas de Ouro que têm um custo abaixo do dos nossos concorrentes e isso distingue-nos. Esse reconhecimento o consumidor deu-nos.

Mesmo nos momentos em que os vinhos subiram muito o preço, apenas subimos o que era justo. É essa a nossa compensação perante o consumidor. Quanto a lançamentos, lançamos agora um Espumante Rosé. Temos também uma linha de varietais, que de ano para ano é um sucesso. 2009 tem sido um óptimo ano de vindimas, as uvas são boas, a produção é boa, o grau é bom. Em suma é tudo bom!!! Já quanto ao vinho de eleição, destaco o Adega de Pegões Colheita Seleccionada. É o nosso grande vinho tinto. O branco já ganhou 6 vezes consecutivas, o prémio de Melhor Vinho da Região em prova cega, portanto, é porque o vinho é mesmo bom. Com o tinto passa-se o mesmo. Ambos têm o nome da Adega e são as mais importantes referências que temos.”

Futuro

“Desejamos que esta Adega seja uma referência dos vinhos de Portugal e o suporte da viticultura da região e, essencialmente dos nossos associados. Ou seja, queremos que o negócio da agricultura tenha futuro. Queremos a sustentação da agricultura. O agricultor não pode ser um ser humano abandonado que não morre à fome porque tem a terra e pode comer. A margem deles neste momento é negativa. Já introduzimos o Enoturismo, pois onde vemos negócio, apostamos. É evidente que temos muita confiança nesta região porque ela se vai desenvolver muito, pois teremos o TGV e o aeroporto. É uma questão de tempo. Tróia é um pólo turístico forte e já está a crescer, vai haver muito turismo, muito negócio e muito mais Enoturismo, isto é, vai ser uma vertente importante, mas será apenas uma fonte de rendimento adicional. A nossa grande fonte de rendimento será a parte comercial a nível nacional e internacional. Esta é uma empresa de dimensão que vende milhões, não milhares.”


Associação Social Recreativa Cultural e Bem Fazer “Vai Avante”

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Mais de 4 décadas de Associativismo de Intervenção Social Voltada para as pessoas

“Esta associação foi fundada oficialmente em 1962 com o grande objectivo de ajudar os mais carenciados de uma freguesia essencialmente mineira. A associação na altura foi criada no âmbito das cruzadas do bem-fazer, pois não era comum ainda o termo: solidariedade social. Inicialmente começamos por distribuir donativos pelos povos da freguesia, mas também se promoviam eventos para a construção da igreja, organizávamos excursões e torneios de futebol. A associação funcionava assim. Com o 25 de Abril o movimento cooperativo ganhou um novo dinamismo, com muitos jovens motivados pelo desenvolvimento do mesmo. Quando há 25 anos cheguei à associação, o que achei mais interessante foi o trabalho social que se estava a desenvolver. O próprio trabalho voluntário dos associados era muito importante para nós. Só que nessa fase a instituição encontrava-se numa fase de estagnação, existia apenas o atletismo e o futebol. Por isso começamos a apresentar novos projectos, continuamos a ter protocolos com o IPJ e começou-se a dinamizar a associação. E foi crescendo. Temos mais de mil associados, que se subdividem no associado que o é porque é prestado um serviço ao utente, que representa cerca de 90 por cento dos associados, ou seja, os serviços que prestamos abriga-os de certa forma a serem associados e, temos o associado que gosta do associativismo e que continua apegado a esta tradição.”

Actividades sociais, culturais e recreativas

“No âmbito social somos hoje uma IPSS, temos protocolos com a Segurança Social, é uma Instituição de Utilidade Pública, depois extra parte social temos várias actividades na parte cultural e recreativa como o teatro, a dança, as equipas de damas clássicas, futsal, intercâmbios a nível internacional, no âmbito do Programa da Juventude da Europa e também promovemos outro tipo de intercâmbio ao nível de trabalho, onde trazemos jovens estrangeiros nos meses de Julho e Agosto, que desenvolvem uma actividade durante duas semanas. É um programa que já conta 15 edições de sucesso. As actividades recreativas e culturais têm chamado muitos jovens, os encontros que realizamos são muito participados. Os encontros de dança são a mostra pública de como os grupos existem e, uma forma de justificarem os apoios dados pela câmara municipal. Todas as modalidades e actividades são voluntárias. Em competição temos a pesca desportiva federada, mantemos a tradição, participamos nas competições e estamos na I Divisão nacional e, temos as equipas de damas clássicas que são bastante participadas diariamente e também temos equipas em competição. Na área da formação ensinamos informática e também formamos os nossos colaboradores em diversas áreas. Trabalhamos com cerca de 90 colaboradores, diariamente actuamos junto de 618 crianças de segunda a sexta. No centro de dia temos 35 utentes. Já no serviço de apoio domiciliário contamos com 35 utentes se bem que prestamos assistência a 55. Em lista de espera encontram-se cerca de 70 pessoas. Portanto, aguardamos a possibilidade de podermos alargar os nossos préstimos também a esses utentes.”

Novas instalações na lista de prioridades

“É necessário dotar estas associações de equipamentos e portanto, a solução que temos é não só alargar a sede da associação, mas também o centro de dia. Desejávamos por isso construir uma valência, à qual já nos candidatamos, que desse resposta aos utentes em lista de espera. Vamos ter que aguardar para ver se é possível levar a cabo a obra, mas o projecto base era interessante que continuasse. Para já contamos com uma boa abertura por parte da Câmara Municipal de Gondomar, para negociar os terrenos e, o presidente mostrou-se disponível. Assim, esperamos que este ano, consigamos dar um grande passo nessa obra para depois avançarmos para umas futuras instalações da instituição, pois estas já não correspondem à realidade da instituição. Mas o mais prioritário é sem dúvida o centro de dia. Estamos ainda a preparar a candidatura para a criação de uma Empresa de Sessão que irá funcionar não na área de apoio domiciliário, mas no apoio a idosos que estão acamados em casa, ao nível de limpeza, acompanhamento médico, ou seja, um acompanhamento a vários níveis e, será uma forma de criar emprego a várias pessoas de S. Pedro da Cova que estão desempregadas. Dispomos de um gabinete de apoio aos desempregados e temos um acordo do RSI através de um protocolo coma Segurança Social. Apercebemo-nos que

Fernando Duarte, Presidente muitas pessoas estão a receber o Rendimento Social de Inserção e preferem trabalhar. O nosso objectivo não é fiscalizar quem está a receber o subsídio, mas a integração dessas pessoas na vida activa.”

Associativismo semi-profissional precisa-se!

“O associativismo tem que funcionar semi-profissionalizado porque senão não resiste. Tem que haver acompanhamento por parte dos dirigentes associativos. Se assim não for, o associativismo cai. Se as coisas mudam, penso que o associativismo tem que mudar. Acho importante que funcionem em regime voluntário mas tem que ser avançado e semi-profissional, para acompanhar a evolução dos tempos. Penso que o associativismo em Gondomar tem evoluído nesse aspecto, isto é, funciona porque há uma excelente colaboração e um excelente protocolo entre a Câmara de Gondomar e as associações do concelho. O que quer dizer que para todas as actividades que as associações desenvolvem, há um programa ao qual as associações se candidatam e são apoiadas para a realização desses eventos e actividades. Em Gondomar o associativismo tem dado passos muito importantes. Presumo que deva haver poucas câmaras que tenham ao nível de apoios um protocolo como este, mas se não existisse também as associações do concelho não teriam forma de subsistir. Estamos a propor a formação dos dirigentes associativos, pois é fundamental e determinante para um maior desenvolvimento das associações. Quanto ao futuro do associativismo, do que conheço dos países europeus, estes são muito diferentes de nós, só a América, a Argentina e o Brasil é que se assemelham mais ao nosso espírito associativo. O Europeu é mais profissional. Para nós, o mais importante é dar respostas ao nível social. Acho, por isso, que o voluntariado se vai manter, o nosso associativismo une mais as pessoas e penso que por isso tem futuro, mas terá que haver uma componente semi-profissional. O Estado terá que apoiar mais e descentralizar alguns serviços para estas instituições, como já o está a fazer, porque nós é que estamos no terreno e conhecemos a realidade das populações.”

“Seria um vazio em S. Pedro da Cova se esta associação não existisse” “Esta é uma associação que tem grandes possibilidades de continuar com um grande projecto. É uma associação com um grande futuro, temos quem de facto goste da instituição e por isso nunca a deixarão cair, porque é muito necessária à freguesia, não só pela criação de postos de trabalho, mas também pelas respostas que dá nas áreas: social, cultural e desportiva, ou seja, seria um vazio se esta associação não existisse. Esta associação ao longo dos tempos foi evoluindo, melhorou muito pois tem uma equipa de qualidade. Estou aqui porque gosto de cá estar, sempre gostei de estar no associativismo, e sempre acompanhei este movimento desde que me conheço. Comemoramos 50 anos daqui a 3 anos e gostaria que se festejasse o aniversário nas novas instalações, umas instalações modernas que dessem resposta ao trabalho que a associação desenvolve. Esse era o meu sonho, porque no caso do centro de dia tenho a certeza que brevemente será uma realidade.”


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COOPLisboa

“As Cooperativas são uma organização económica de vanguarda” Sendo a Cooplisboa uma União de Cooperativas de Consumo, com influência por todo o país, como é que vê neste momento o consumo em Portugal? Fernando Parreira Rosa (FPR) – O consumo em Portugal está a viver uma situação que não é fácil. Em primeiro lugar a situação social e económica não tem tido evolução, muito pelo contrário. Cada vez mais verificamos que há empresas a deslocarem-se do nosso país para o exterior, há aumento do desemprego e agravamento das condições de vida dos trabalhadores e das po­pulações em geral. Naturalmente que esta situação cria dificuldades, principalmente na redução do poder de compra das pessoas, o que, obviamente, se reflecte no sector do comércio. Paralelamente, verifica-se que ao nível governamental não havido uma política de adaptação do sector do mercado à nossa realidade, verificámos que há, isso sim, um excesso de construção de grandes superfícies que criam também algumas dificuldades. Aliás, segundo os últimos dados, Portugal tem, na actualidade, mais supermercados que o resto da Europa e isso é extremamente negativo. Como analisa a criação de incentivos à introdução dos produtos nacionais em detrimento dos exportados nesses mercados? FPR – Nós, nas cooperativas sempre estimulámos e promovemos os produtos nacionais. Temos experiências enriquecedoras de acções que estabelecemos com cooperativas agrícolas, em diversos – do vinho, às frutas ou queijos – que pelo facto de a COOPLISBOA ter privilegiado esses produtos, não só, demos visibilidade aos mesmos, como contribuímos para que algumas dessas cooperativas tenham afirmado os seus projectos e, hoje, sejam hoje uma referência no mercado nacional e até grandes fornecedores de importantes cadeias nacionais. O nosso exemplo de cooperação, contribuiu para consolidar emprego local e valorizar produtos nacionais. Nós apostámos porque acreditamos na qualidade dos nossos produtos. E, sentimos que valeu e vale a pena continuar a apostar nesta cooperação, mesmo sem qualquer incentivo. Mas, hoje, aquilo que assistimos diariamente nos media é que não há uma política séria de apoio à agricultura portuguesa. Há apenas limitações e exigências que não têm nada a ver com a nossa realidade. Sem dúvida, penso, que deveria existir uma estratégia de promoção dos produtos nacionais, estimular até, a criação de uma espécie de “rede de comércio justo nacional”, de apoio à produção nacional e de estímulo à distribuição desses produtos no mercado. O sector do comércio teve e tem uma influência negativa, demonstrada pela crise financeira internacional, que criou mais dificuldades, globalizando a economia e, impondo produtos de outras origens. A Cooplisboa congrega várias cooperativas. Acha que a fusão de cooperativas será do interesse das cooperativas que estão com dificuldades em sobreviver? FPR – O que posso afirmar é que se não tivéssemos desenvolvido uma gestão estratégica de integração económica, se calhar hoje não estaríamos aqui… Ou seja, a criação da Fenacoop, com uma visão política estratégica, e, posteriormente, a criação da Coop Lisboa, tendo em vista dotar de dimensão as economias de escala, foram importantes passos para o desenvolvimento do sector cooperativo de consumo em Portugal. A entrada de Portugal na CEE, que gerou profundas alterações no comércio em Portugal, porque na circunstância, ditava que quem comprava muito fazia uma boa compra e, quem comprava pouco, comprava menos bem. Esta realidade foi decisiva para do ponto de vista da gestão estratégica, consolidarmos a União – a Coop Lisboa – com o objectivo central de fazer a compra para todas as associadas, e depois fazer a distribuição, no sentido de obter benefícios de escala na ‘grande’ compra- Ho­je, podemos dizer que esse objectivo evoluiu significativamente, pois o objectivo não é só comprar, mas também armazenar, distribuir e responder a todos os problemas que ligados à actividade económica das cooperativas, des­de o projecto, à contabilidade, à informática, à política alimentar, o HCCP, em suma, tudo o que tem a ver com o funcionamento operacional das lojas. A COOP Lisboa tem uma estrutura que responde, nos dias de hoje, a tudo isso. Aliás, após a constituição da CoopLisboa, as cooperativas sentiram a necessidade de reduzir custos de funcionamento, avançando para a implementação de uma estratégia de integração económica, unindo cooperativas de base nas

Fernando Parreira Rosa, Presidente

regiões. Na região de Setúbal, existe a maior cooperativa de consumidores, a PluriCoop que resultou dessa política de integração económica através de um conjunto de fusões de cooperativas, inicialmente de todo o distrito de Setúbal e, posteriormente, alargando pela Área Metropolitana de Lisboa. Após esta decisão de fusões, dinamizámos um plano de modernização, de valorização da qualidade das lojas, de afirmação de uma imagem COOP. Todos os espaços das anteriores cooperativas, e até algumas que estavam fechadas, estão a funcionar modernamente. Hoje, a PluriCoop tem um impacto reconhecido do ponto de vista económico e social na região, quer pela consolidação do emprego local, quer pela actividade associativa, quer pela presença institucional, contando com cerca de 70 000 associados. Talvez seja das maiores associações do país. Portanto, se não tivéssemos desenvolvido esta estratégia de integração económica não teríamos conseguido chegar até aqui, nem teríamos sobrevivido. E, este exemplo, pode ser avaliado com resultados idênticos no Alentejo, no Ribatejo, ou na região do Porto. Acha, então que o futuro passará por mais fusões noutros ramos de actividade das cooperativas? FPR – A integração económica só valoriza o cooperativismo. E, quanto à intercooperação cooperativa é essencial para a valorização do sector cooperativo em Portugal e, também para que as cooperativas possam ter um papel determinante na valorização do sector da economia social. Somos da opinião que a integração económica e a intercooperação devem ser alavancas de desenvolvimento do cooperativismo e da economia social. No quadro da Coop Lisboa já fizemos a alteração aos próprios estatutos para nos adaptarmos a essa realidade. A União, na altura da constituição destinava-se a responder às cooperativas de consumidores, hoje introduzimos uma alteração, podendo ser sócios da União todos os sectores cooperativos, bem como as organizações com fins não lucrativos. E nesta relação, as organizações que se têm vindo a associar à Coop Lisboa têm todos os benefícios dos outros associados. Com esta medida estamos a promover um aumento da base social, um aumento de capacidade no quadro do movimento cooperativo e social e, que se permita dar um contributo e prestar um serviço a essas organizações que trabalham duma forma individual não têm, dado que os seus sectores e as suas organizações não têm estruturas capazes para responder a isso. Estamos a alcançar este objectivo. Actualmente temos 33 organizações não cooperativas ligadas à União, ligadas à economia social: as misericórdias, colectividades, cercis… E, julgamos que dentro desta dinâmica poderemos num espaço curto ter um alargamento muito grande. Se o conseguirmos vai ser muito importante para o movimento cooperativo que tem sido discriminado, apesar de ser um sector económico que a Constituição consagra com um conjunto de direitos, os governos não lhe têm dado ouvidos. Se estivéssemos num plano de igualdade, isto é, por exemplo, se o Governo tomasse uma atitude para com as cooperativas e economia social, igual à que tem tido com o sector público e o privado, a situação do sector cooperativo social estava com uma dinâmica muito mais forte. E, mesmo com as dificuldades inerentes não temos dúvidas que em relação à situação que se está a viver,


COOPLisboa aos problemas sociais, à dificuldade do mundo empresarial, que o movimento cooperativo é o único que oferece condições de garantir emprego com direitos e prestar serviços de qualidade que contribuam para valorizar a economia local, regional e nacional. Para isso, é preciso que haja compreensão, que não tem havido, e um reconhecimento, que não tem havido, por parte do governo com o sector cooperativo, estabelecendo uma estratégia de cooperação entre o sector cooperativo e o sector público. Acredito que este, pode ser um caminho para encontrar respostas e intervirmos, conjuntamente, na resolução dos problemas da crise. Estamos convictos que a solução da sociedade passa por organizações que tenham como princípio a promoção da pessoa e o serviço às comunidades em detrimento do lucro ou da exclusão social, desvirtuando o conceito cooperativo humanista. É tempo de pensar em Portugal, no papel do cooperativismo e em todo o sector de economia social. Que recado gostaria de deixar ao governo ou aos seus ministros? FPR – Nós não damos recados. Nós temos uma experiência vivida, uma prática no terreno que nos diz como é possível desenvolver a economia de uma forma sustentada. Só que continua a achar-se que não são as pessoas e os povos que determinam a estabilidade, e continua a valorizar-se o papel das grandes multinacionais, com benesses fiscais que nós não temos, e essas, depois de findo o lucro calculado, abandonam o país quando querem sem penalizações, deixando as pessoas no desemprego e deixando-nos dependentes dos nossos poucos meios. Nós acreditamos que é necessário valorizar a produtividade nacional. Dar força a economias locais e criar condições para que, sejamos capazes de afirmar Portugal na Europa com as suas próprias forças. O governo tem que começar a pensar nisto e contar com as cooperativas e o sector da economia social. Recordo, que não é à toa que o Relatório sobre o Impacto Socioeconómico das Cooperativas da ONU, na situação de crise que vivemos descreve que os países que apresentam menores dificuldades no efeito da crise são aqueles em que a economia cooperativa é mais forte e maioritária. O que é um indício importante. Por isso é que a ONU se prepara para definir um dos próximos anos como o Ano Internacional das Cooperativas, em reconhecimento do peso e do trabalho que o movimento cooperativo tem a nível mundial. E isso dá-nos confiança. Voltando ao universo Coop Lisboa, quantos associados compreende e quais as principais vantagens desta ligação? FPR – Temos 45 cooperativas e 114 lojas. Em relação aos benefícios, a cooperativa não vive para ter resultados, é organizada para ter actividade económica, actividade associativa, isto é, um conjunto de pessoas que se juntaram para constituir uma organização que responda aos seus problemas económicos, sociais e culturais. Em conformidade com isto, o capital social da pessoa não visa o lucro, mas a prestação de serviços por parte da cooperativa. Ou seja, estamos aqui perante uma situação em que o utilizador, o administrador e quem distribui os resultados, é o sócio. Se compararmos isto com o sector privado, o utilizador é o povo, o administrador é o dono e quem distribui os resultados, é o dono em benefício da família, do grupo e dos amigos. Essa é logo uma diferenciação brutal. O objectivo essencial é servir o cooperador e responder por essa via aos problemas das comunidades. Portanto, as vantagens são estarmos numa organização que é nossa, gerida democraticamente em que nós intervimos na economia e na sociedade na solução dos nossos próprios problemas. Na quadratura actual vemos que o individualismo não é solução para se intervir na economia, porque não há condições ao nível internacional, para essa economia do ‘salvese quem puder’. Por isso é que afirmamos que as cooperativas são uma organização económica de vanguarda. Estou convencido que as cooperativas vão ter uma importância relevante no futuro, pois têm enormes potencialidades: a pessoa como valor, a democracia, a participação e a ligação à comunidade. Esses são 4 aspectos que tenho interiorizado. É portanto o indivíduo em acção com o colectivo – um colectivo que gere democraticamente – em partilha. As cooperativas são um espaço de liberdade e, na verdade, só com liberdade criamos, competimos, de forma sustentável, no respeito pelo homem e pelo seu papel na sociedade. Há que fazer o esforço de articulação entre produtores e consumidores. O Governo não nos tem ajudado, o que obriga a investimentos que as cooperativas por vezes não têm condições de fazer. E, mais uma vez sublinho, que as cooperativas de diversos sectores são fundamentais para o desenvolvimento local e do país, de forma a privilegiarmos os nossos produtos. Não podemos, naturalmente, esquecer que é essencial aprofundar as parcerias com as autarquias, que são fundamentais para o desenvolvimento económico das regiões e, por exemplo, estimular plataformas de cooperação estratégica, no nosso caso, ao nível Ibérico. As relações com as cooperativas de Espanha são

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indispensáveis ao nosso desenvolvimento. Para a concretização destes objectivos, a formação de jovens dirigentes também é importante? FPR – Começo por dizer-lhe que é pena que no nosso sistema de ensino não se valorize a educação cooperativa. Nós temos apostado na formação profissional, porque consideramos que é fundamental, enriquecer quer a formação profissional dos nossos trabalhadores, quer a formação cooperativa. Mas também alargamos a formação aos nossos dirigentes e cooperadores. A formação é determinante para levarmos adiante este projecto, demonstrando numa ponte entre a teoria e a prática, como nós somos uma forma de economia diferente, que põe o interesse da pessoa e a comunidade acima de tudo. E, nas escolas deviam ser transmitidos estes conhecimentos sobre uma forma de economia interventiva, democrática e social, onde, para além de termos uma forma de viver os dias com um sentir diferente, temos uma forma diferente de vender e aplicar os resultados. Prioridades e projectos FPR – A nossa grande prioridade no plano interno é continuar a desenvolver o debate sobre a cultura, os princípios e os valores cooperativos. Neste enquadramento, continuaremos a discutir de forma permanente qual a gestão estratégica necessária, em cada momento, para alcançar os objectivos definidos no plano das cooperativas: os objectivos económicos, sociais e culturais. Em relação aos objectivos económicos temos uma estrutura altamente qualificada e profissional, que tem a responsabilidade de apresentar soluções para esses mesmos problemas e as direcções têm a responsabilidade de fazer a administração central, fazer o acompanhamento e desenvolver todas as actividades que tenham a ver com a estratégia de natureza política, cultural e social e com a fiscalização dos objectivos económicos que estão definidos. É prioritário fazer tudo dentro desta política integrada no sentido de mantermos normalizada a situação de tesouraria e a situação financeira das cooperativas, porque atravessamos momentos complexos e complicados. Em relação a projectos, vamos concluir o processo da concentração de compra de tudo o que é necessário nas cooperativas; abrir mais lojas nas zonas no interior onde ainda não temos influência, alargando a nossa rota de distribuição, pois sabemos que tal, nos trará grandes vantagens; alargar a massa social e prestando os nossos serviços às organizações de economia social com fins não lucrativos. Pretendemos também fazer a remodelação de lojas e alargar parcerias com outros ramos cooperativos e autarquias. Face à situação que estamos a viver, admitimos que o sector cooperativo e de economia social em parceria com outras organizações, até PME’ s, devem fazer parcerias, trabalhando em conjunto, para resolvermos o problema de cada um e, em simultâneo, resolvermos os problemas de todos, intervindo no desenvolvimento do nosso país. Quanto a campanhas vamos continuar dedicar-nos a educar as cooperativas, a formar o consumidor, alertando-os, para não caírem no endividamento de modo a sobreviverem à situação do mercado. A nossa acção tem presença em colaboração com autarquias e escolas, tentando agir em áreas como fazer frente à obesidade, comércio justo, direitos dos consumidores e ambiente. Por exemplo, no caso da PluriCoop estamos a iniciar um projecto na área da saúde, um centro médico, que vamos alargar a várias áreas. Mas, há outros exemplos no país, em Faro, com intervenção ao nível dos serviços de apoio às crianças – com ATL’s e Jardins de Infância. Temos muito onde intervir. Temos muitos projectos. Acreditamos, por isso estamos aqui e continuamos a ter uma acção única no desenvolvimento das comunidades onde estamos inseridos.


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Coopcastrense – Cooperativa de Consumo Popular Castrense, Crl

“Uma Cooperativa modernizada” João Nuno e Victor Silva, Direcção

Localizada no município de Castro Verde, no distrito de Beja, a Coopcastrense é uma cooperativa agrícola, que opera no sector da distribuição alimentar. Obedecendo fielmente aos princípios cooperativos desde a sua fundação, esta cooperativa alentejana foi-se modernizando ao longo da sua existência e possui hoje uma ampla loja, bem diferenciada no tipo de posicionamento que adoptou face ao mercado, patentes no seu layout e na qualidade e diversidade dos produtos comercializados. E mesmo face à actual concorrência das grandes superfícies, é notável o esforço dedicado pelos seus membros, traduzido na oferta de emprego a 25 profissionais, num volume de facturação mensal na ordem dos 200 mil euros e na prestação de inúmeras acções e serviços em prol da comunidade local. Assim se perpetuam ainda as raízes do cooperativismo em Castro Verde…

Em que contexto surgiu a Coopcastrense e qual é, concretamente, o seu core business? Victor Silva (VS) - A Coopcastrense foi fundada em 1978 por um grupo de pessoas a partir da constatação de uma necessidade eminente no concelho. Na altura, havia o tradicional comércio mas não existia qualquer tipo de infra-estrutura que permitisse, por um lado, aos agentes locais escoarem os seus produtos e, por outro, aos habitantes locais disporem de um local onde pudessem encontrar uma gama muito mais alargada de bens e produtos do que aquela que existia até então… Haveria, certamente, muita gente a viver da agricultura… VS – Sim, havia pequenos quintais que tinham alguma produção em excesso, que tentavam vender à Cooperativa. Entretanto, e até chegar aos patamares que hoje exibe ao nível das suas infra-estruturas, um longo caminho terá sido percorrido… VS – Sim, sem dúvida… A exemplo do que sucedeu em vários locais do País, também a Coopcastrense surgiu no pós 25 de Abril, numa altu-


Coopcastrense – Cooperativa de Consumo Popular Castrense, Crl ra em que o movimento cooperativo “formigava”. Eu estou na direcção há três mandatos mas recordo-me de ouvir pessoas que cá estavam desde a fundação dizerem que isto era uma coisa pequena, que se reuniam em cima de caixas de sabão, que a direcção ajudava a repor os produtos nas prateleiras, cortava bacalhau, ensacava batatas… Hoje, a realidade é completamente diferente. Temos uma Cooperativa modernizada, dotada de condições extraordinárias para servir os nossos sócios e que não fica nada atrás de qualquer outra loja ou hipermercado. Esses mesmos hipermercados que surgiram com “armas” desiguais e que se afiguram como uma concorrência muito agressiva… VS – Não é fácil, de facto, posicionarmo-nos num segmento de mercado em que operam agentes que dispõem de “armas” que nós não usamos… Mesmo optando nós por oferecer produtos diferenciados pela qualidade, face à crise que atravessamos as pessoas privilegiam o preço baixo. Actualmente, existem no concelho duas grandes superfícies, o Intermarché e o Ecomarché, capazes de produzirem campanhas com grande agressividade que, até hoje, ainda não conseguimos acompanhar porque não dispomos dos mesmos recursos nem capacidade negocial. Quantos associados tem a Coopcastrense? VS – Actualmente, são cerca de 2800 famílias consumidoras. Onde se abastece a Cooperativa? VS – Essencialmente na CoopLisboa, que é a nossa central e, para alguns produtos que esta não oferece, temos outros fornecedores. Já agora, e no sentido inverso – também aqui procurámos modernizar-nos – oferecemos o serviço de entregas ao domicilio a quem prefira não ter que vir à nossa loja fazer as suas compras. A vossa loja está aberta ao público em geral ou exclusivamente dedicada aos associados? VS – Esta é uma loja que tem associados mas, dadas as circunstâncias, não temos alternativa senão vendermos a toda a gente que nos procura. Há que perceber que não temos a força concorrencial das outras grandes superfícies. E qual é a vantagem de ser cooperante? VS – As principais vantagens traduzem-se em prémios que distribuímos anualmente, na possibilidade de serem eleitos para a direcção da cooperativa e participarem nas decisões. Quantas pessoas emprega a Coopcastrense? VS – Actualmente, temos 25 pessoas a trabalhar connosco, o que já é uma dimensão muito significativa, quer para o tipo de empresa que somos, quer para o concelho onde operamos. Neste momento, estamos a atravessar dificuldades, a que não será alheia a crise generalizada e as quebras nas vendas foram significativas mas temos concentrado os nossos esforços no sentido de manter todos estes postos de trabalho. E as pessoas da região sentem algum apreço pelo facto de serem uma Cooperativa, materializando isso mesmo no momento da escolha do local para efectuarem as suas compras? VS – Repare… Noutros tempos, em que imperavam as “vacas gordas”, as pessoas até tinham essa possibilidade e recorriam à Cooperativa, até

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“Eu vejo o cooperativismo, cada vez mais, como uma junção de pessoas. As pessoas têm cada vez mais que se unir e juntar para lutarem pelos seus interesses. O associativismo à volta de uma cooperativa é importante e permite que as pessoas concretizem ideias e defendam os seus interesses”.

porque sabem perfeitamente que a qualidade é um atributo transversal a toda a nossa gama de produtos. Em tempos de crise como os que atravessamos, a qualidade acaba por ser descurada em função do preço. Em que medida será possível oferecer factores de diferenciação neste ramo de actividade, que resultem em mais-valias competitivas? VS – Nós privilegiamos a qualidade e as pessoas sabem-no bem… Os cooperantes e outras pessoas que aqui vêm fazer as suas compras sabem o que procuram e conhecem a nossa oferta. Por isso escolhem algo diferenciado, seja na carne, no peixe, na fruta e em todos os outros produtos que comercializamos.

João Nuno, Vice-Presidente O novo código contributivo “A Economia Social está prevista constitucionalmente e, em vez de se estar a fazer uma descriminação entre a economia tradicional, competitiva e concorrencial e a Economia Social está-se a esbater a diferença que existia até agora. Ou seja, nós não vamos ter um agravamento mas nota-se que a economia concorrencial vai tendo benefícios nessa área”. Economia Social vs Economia Tradicional “O movimento cooperativo é um movimento internacional e de escala global. E, nesse sentido, o cooperativismo no nosso País não é exemplo, desde 2003, quando no governo de Durão Barroso foi feita uma lei que dizia que o licenciamento de pequenas e grandes superfícies dependia do Ministério da Economia, e da realização de estudos de viabilidade e de mercado, independentemente da vontade da região onde se pretendesse instalar… Em 2005, já com o Governo Sócrates, esses estudos deixaram de ser necessários, ou seja, qualquer grupo que se pretenda instalar, desde que reúna os requisitos da lei, obtém essa licença, não havendo sequer a possibilidade de se invocar que não existe mercado para tanta oferta… Em tempos, esta Cooperativa foi a única superfície comercial na região, a Sul de Beja. Nós tínhamos pessoas que vinham de Mértola, de Almodôvar, de Ourique… Neste momento, o que constatamos é que nascem grandes superfícies como cogumelos… Temos duas, um lote comprado para outra, uma urbanização em construção que contempla um lote de 3000 m2 para outras… Neste contexto, as cooperativas, que não existem propriamente para competir, são obrigadas a fazê-lo para poderem existir e subsistir… Se uma cadeia de supermercados tiver 10 supermercados compra vezes 10; se tiver 100 compra para 100. E estamos perante forças negociais completamente desiguais”.


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Adega Cooperativa de Borba

“A qualidade das uvas este ano é fantástica!” O Enoturismo na Adega Cooperativa de Borba começa a ser uma nova resposta à actividade da viticultura. Por sua vez o leque de programas que oferece como não se esgota às instalações da Adega Cooperativa de Borba, servirá de trampolim para relançar e divulgar a própria região, era inevitável? Carlos Monteiro (CM) – A Adega Cooperativa de Borba tem um projecto de Enoturismo já há muitos anos, participamos na Rota dos Vinhos do Alentejo ligada à CPRA. No entanto, estamos a equacionar uma mudança grande, alguns investimentos e no fundo redireccionar toda a área de Enoturismo. Sabemos que o Enoturismo ainda está em fase de desenvolvimento e que representa cerca de 5 por cento do total do turismo o que condiciona o investimento. Neste momento, todo o investimento tem que ser muito bem direccionado, o momento não é fácil. Queremos fazer algo com mais dimensão e acima de tudo promover um maior interesse, cativando um maior número de pessoas. E isso passará primeiramente por uma reestruturação de toda a nossa área de Enoturismo, um redimensionamento das actividades, com diferentes direcções, com parcerias com empresas locais, a câmara, entre outros. Portanto, tudo isso está a ser equacionado e a ser preparado. Acredito que brevemente haverá luz verde para seguir em frente e certamente isso capacitar-nos-á para o futuro para outro tipo de realizações que neste momento não fazemos. A Enogastronomia insere-se no novo projecto, que é bastante mais ambicioso, que atendendo a alguma contenção nos investimentos, deverá passar mais por parcerias bem estabelecidas e fortemente organizadas, do que pela capacidade interventiva de cada um de promover este tipo de eventos e este tipo de gastos. Procuramos ser cautelosos, porque apesar de o momento não ser o mais indicado temos grandes projectos em marcha, nomeadamente a construção de uma nova adega. Avançando para esse grande projecto, as novas instalações vão responder sobretudo a que lacunas da Adega Cooperativa de Borba? CM – É uma adega nova que passa por duas fases de construção que podem ser simultâneas. Com um investimento na ordem dos 11 milhões de euros, a construção iniciar-se-á em breve. Somente aguardamos os acordos com o governo, os contratos, porque obedeceu a alguma ajuda por parte do governo, com os fundos de ajuda comunitária e, entretanto estaremos em condições de arrancar com as obras até ao final do ano, perspectivamos 8 a 10 meses de obras. Gostaríamos que a próxima vindima fosse nas instalações novas, pelo menos parcialmente. Vamos ter que lutar contra o tempo. Importa referir que é fundamental para nós esta nova adega, sobretudo por dois elos fracos na cadeia que temos: na capacidade de armazenagem do produto acabado, estamos realmente muito curtos de espaço. A adega tem crescido, quando foi inicialmente delineada estava na periferia da Vila de Borba, entretanto a vila foi crescendo ao redor da Adega e neste momento não temos por onde crescer. Estamos estrangulados. Isto obrigou-nos a comprar uma parcela de terreno nas proximidades, onde será construída a nova adega, sendo que esta não deixará de existir. Essa nova adega corresponderá então, por um lado à capacidade de armazenamento e por outro lado à capacidade de vinificação e de recepção. Temos uma capacidade para 20 milhões de quilos de uvas, que já foi atingida dois anos e, obviamente gostaríamos de ter alguma flexibilidade adicional, daí que a nova adega seja destinada sobretudo a vinhos tintos, mantendo-se os brancos e os rosés na antiga. Assim ganharemos uma capacidade de resposta completamente diferente, uma capacidade de armazenagem, quer de produto acabado, quer de vinho feito muito superior àquela que temos actualmente e criaremos condições para crescermos de forma sustentada no futuro. Queremos continuar a mostrar uma imagem de seriedade para o mercado, como manda a nossa tradição.

Eng.º Carlos Monteiro Em relação ao mercado dedicam-se a um mercado nacional, exportação? CM – Dedicamo-nos ao mercado nacional e exportamos para mais de 25 países, França, Angola, China, Brasil, EUA, Alemanha, Luxemburgo, Suíça, portanto estes são os países com mais expressão, depois temos outros mercados como Coreia, Japão, Canadá e algumas perspectivas de iniciar actividades noutros países. No nosso país, qual o vosso posicionamento dado que os vinhos do Alentejo são bastante conceituados? A concorrência é muito forte? CM – Penso que há lugar para a maioria dos vinhos nacionais. Nestes últimos 10 anos, as empresas e as marcas proliferaram, hoje serão mais de 6 mil marcas no mercado, vamos ver se esta situação difícil que atravessamos não irá retirar muita gente do mercado. Mesmo assim, os vinhos do Alentejo são muito conceituados e têm um posicionamento muito forte. São responsáveis por 48 por cento do valor do nosso país e cerca de 45 por cento em volume, por isso pode dizer-se que metade do vinho que se vende é alentejano. O Alentejo há muitos anos atrás, quando houve a reconversão dos cereais para outras áreas de oportunidade, nomeadamente a vinha, foi a região do país que mais investiu em inovação, investigação, em novas castas, mecanização e muito por conta das cooperativas deste país, nomeadamente pelas do Alentejo, que são das maiores. Há 5 grandes cooperativas, das quais a Adega Cooperativa de Borba é a mais antiga, fundada em 1955. A dimensão é razoável, o nosso forte é a qualidade, inovação, seriedade, rigor, compromisso com o nosso cliente, temos o cuidado de apostar no binómio preço/qualidade. Grandes partes das medalhas e das nomeações que temos devem-se a esse binómio. E é sobretudo na comunicação, na constante inovação, no controlo da qualidade, nas políticas de segurança alimentar – fomos das primeiras empresas do país a ter certificação – temos duas certificações. Por isso, não tem que haver relutância em relação às cooperativas, comparativamente com as empresas privadas. Que trabalho é feito ao nível de controlo de qualidade? CM – Neste âmbito, temos alguns equipamentos que são extremamente inovadores, por exemplo o “Grape Scanner” onde é feita toda a parametrização e todo o controlo quer do vinho pronto quer das uvas à chegada. O pagamento das uvas é em função da sua qualidade e não em função do peso. Temos o cuidado de comunicar fortemente com todos os nossos 300 associados, todos eles produtores com cerca de 2 000 hectares de vinha. Tentamos envolvê-los o máximo possível em acções de formação, procurando que se perceba que a qualidade de um vinho começa no campo, começa na produção da uva e acaba na garrafa e penso que tem sido uma batalha muito bem ganha, com uma


Adega Cooperativa de Borba

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envolvência enorme, as nossas assembleias gerais são também muito participadas. Há um cuidado por parte dos viticultores em se informarem sobre as últimas técnicas, sobre as épocas correctas para proceder aos tratamentos, os cuidados com a época de vindimas… Também damos apoio técnico no campo com o apoio da ATEVA, que é uma organização que presta serviços aos agricultores. Ou seja, há uma envolvência muito grande começando com os nossos associados, passando pela direcção e continuando com os funcionários da empresa. No fundo, é a herança de muitos anos de qualidade e de rigor que não queremos hipotecar. Dá para perceber que há um óptimo relacionamento entre associados e cooperativa, enaltecendo o próprio espírito cooperativo. Como acha que está o movimento cooperativo na região do Alentejo? CM – Acho que está minimamente forte e que se recomenda, pelo menos no sector a que estamos ligados, a viticultura. Obviamente que há 8 anos atrás houve um incremento muito grande na área da vitícola, no momento que em que as uvas valiam muito dinheiro, em que um 1kg de uva chegava a custar 1,5 euros. Esses tempos não vão voltar. As uvas caíram muito de preço, as brancas mais ainda, o vinho branco desvalorizou imenso e neste momento está a caminhar-se para um equilíbrio, aliás o vinho branco está a valorizar porque há escassez de vinho branco no país. Não há distinção de preço entre uvas brancas e tintas. Penso que há uma afinidade muito grande entre os associados que são os donos da cooperativa e as sucessivas direcções e por isso há união e quando assim é corre tudo muito bem. Nos últimos anos qual foi a melhor colheita? CM – Estes dois últimos anos são muito bons, em parte pelas condições de sol e clima que tivemos. Foram produções muito baixas, principalmente a do ano passado, em que tivemos um decréscimo de 40 por cento na produção. Foi um ano difícil mas de muitíssima qualidade, pois não pode haver um bom vinho sem haver boa matéria-prima. Este ano passa-se o mesmo, as quantidades continuam a ser muito baixas, a falta de água, o inverno pouco chuvoso, as temperaturas altíssimas, inclusivamente começamos uma semana antes do que era habitual com as vindimas. Portanto, não vai ser novamente um ano favorável em quantidade, mas a qualidade das uvas este ano é bastante boa. Das gamas de vinho apresentadas, qual elegeria como a melhor? (Se é que consegue…) CM – É muito difícil escolher pois sou extremamente suspeito. Actualmente, o consumidor procura vinhos fáceis de beber, menos complexos, menos graduados, com menos adstringentes e nesse aspecto o solo do Alentejo, o sol e o clima faz com que isso aconteça. Hoje em dia também se foge um pouco à madeira, procuram-se vinhos mais jovens, mas no meu caso gosto de vinhos complexos, com madeira e há gamas que eu gosto muito. O nosso Rótulo de Cortiça continua a ser um ex-líbris, é das marcas mais antigas do Alentejo que com cerca de 50 anos continua a ser um sucesso e a ter medalhas de ouro. A colheita de 2005 do Rótulo de Cortiça foi medalha de ouro na Feira Mundial de Bruxelas. O Adega Borba PT Reserva, um vinho mais difícil de encontrar no mercado, porque ainda não está totalmente divulgado foi também medalha de ouro em Bruxelas, o Montes Claros, que é a marca

Visitas à Adega de Borba

Grupo de Visitantes à Adega Cooperativa mais antiga do Alentejo continua a ser um vinho muito interessante porque alia toda a complexidade da madeira às castas tradicionais. Tem havido um grande esforço de rejuvenescimento ao nível das novas imagens, nomeadamente do Adega Cooperativa de Borba DOC, que actualmente se designa por Adega de Borba e que foi alvo de um corte radical na imagem. Tem havido um upgrade significativo desta gama de vinhos. O próprio Convento da Vila, outra marca emblemática, recebeu também nova rotulagem e está mais apelativo, mais jovem, mais dinâmico. Para eleger um, é extremamente difícil, mas optaria por um vinho que não é para todos os dias – o Garrafeira – ideal para partilhar com os amigos ou a família. É extremamente agradável e tem um posicionamento de preço completamente diferente. O nosso Cinquentenário é o emblema dos 50 anos da cooperativa, foi lançado há 4 anos e é o topo da nossa gama. Importa salientar, que dada a nossa dimensão temos todas as gamas e todos os preços e encontramo-nos em todos os segmentos do mercado em todas as categorias, passando pelo licoroso, aguardentes vínicas, aguardentes velhas, ou seja, estamos preparados para enfrentar todas as áreas do mercado em que possamos actuar. Ou seja, são 54 anos de Cooperativa, mas também 54 anos a levar o nome de Borba mais longe… CM – Procuramos divulgar o nome de Borba, procuramos lutar para divulgar os vinhos do Alentejo, os vinhos de Portugal. Dentro da nossa dimensão procuramos dotar a cooperativa como empresa. Nós gostamos de dizer que somos uma cooperativa, mas encaramo-la como uma empresa privada, sendo que os nossos associados são os nossos accionistas. Portanto, conseguindo realizar os nossos sonhos, divulgaremos o nome de Portugal, dos vinhos do Alentejo e em última instância de Borba. Vamos sendo reconhecidos principalmente há alguns mercados em que isso é notório, e que nos deixa satisfeitos, a título de exemplo, Macau em que temos uma presença extraordinária e uma cota de mercado muito boa, ou neste momento Hong Kong. Já no interior da China, sobretudo a parte do Cantão. É agradável ir às feiras internacionais e, vamos a muitas e, é agradável ver algum reconhecimento, nomeadamente as pessoas que nos procuram como a empresa do Rótulo de Cortiça. Associam-nos imenso e costumamos referir que é a nossa assinatura. Além das novas instalações… estão previstos novos lançamentos de vinhos? CM – Estão sempre a sair vinhos. Recentemente saiu uma grande série de vinhos. Alteramos a rotulagem do Adega de Borba e do Convento da Vila, foi lançado o Verdelho & Arinto que é um bivarietal muito recente. Foi lançada uma série de novos anos: o 2005, no Rótulo de Cortiça e no Adega Borba PT; em 2006 o Montes Claros, em que o próximo passo é o Montes Claros branco 2008, no 2007 irá proceder-se também à transição. A gama Montes Claros no final do ano vai ser uma família completa, pois das Reservas Branco e Tinto, estamos nos acertos finais para lançar a Colheita e a Garrafeira. Até ao final do ano vão ser lançados mais 4 novos vinhos, mono e bivarietais. Portanto, há sempre novidades. Isto é uma paixão e dificilmente alguém que esteja ligado a esta actividade deixa de se apaixonar por ela.


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Economia Social

As ilhas da cidade do Porto… Porque não existe vontade política

Podia ser mentira… mas não! É mesmo verdade. Em pleno século XXI, e na antiga e “mui nobre e sempre Leal Cidade Invicta”, da qual o senhor Dr. Rui Rio é o legítimo representante, pelo voto popular e democrático do povo da cidade do Porto, existe um local (a que alguém chama de casa) com poucos mais de 20 m2 onde vive um casal de reformados e um filho bastante doente com 40 anos de idade. Tudo é comum sala de jantar, e de estar. Dois quartos (2/4) e cozinha, que também é a porta de entrada… Não tem casa de banho… ou melhor, existe uma casa de banho colectiva na ilha servida “democraticamente” por todos, e onde todos partilham das suas necessidades básicas tais como chuveiro de água fria porque a água quente é um privilégio inatingível. Também existe um “bidé de plástico” neste condomínio (ilha) fechado. Estamos a falar de uma ilha… a maior parte dos moradores são idosos, e habitam lá há mais de 40 anos com baldes espalhados pelos cantos da casa, para aparar a água da chuva e que em muitos casos aproveitam para as lides domésticas. Mal entramos na ilha deparamo-nos com a degradação do edificado, cujas ruínas assustam qualquer ser humano, em que coabitam com ratos, baratas e outros que tais… que por ironia do destino nunca receberam a visita dos homens da ASAE, para fecharem este local onde habitam pessoas. Mas, entre essas pessoas algumas apresentam doenças muito complicadas como a tuberculose e as hepatites B e C. Ao que parece esta situação não preocupa muito as entidades públicas e muito menos se tenta encontrar respostas para a resolução destes problemas. Na travessa das Antas no nº 52. Antónia, Joaquim e o filho, este último bastante debilitado pela doença que carrega nos ombros, respira com dificuldade, temendo que o frio que entra pelas ranhuras da casa lhe possa causar mais danos do que aqueles que já tem. Nos seus olhos vimos a tristeza de quem nunca teve um espaço seu, porque em 40 anos sempre iludiu a solidão, esforçando-se por tentar compreender como seria feliz se tivesse tido um pouco de privacidade, se pudesse partilhar um livro, um espaço com os seus amigos. Sentado na pequena mesa recorda os tempos de menino, e de como cresceu sem nunca ter percebido o que era ter um quarto, um local onde pudesse brincar e onde a esperança do Natal nunca passou disso

uma “esperança”. E neste “pequeno espaço” sem o mínimo de condições vive há mais de 40 anos na expectativa de que um dia possa abandonar o lado negro desta cidade. Pensou que aquando da requalificação de parte daquele território e da intervenção urbanística então realizada, o problema da degradação habitacional fosse resolvida… mas enganou-se porque a Câmara Municipal do Porto tem outras prioridades e essas não passam pela resolução dos problemas sociais e das condições desumanas em que vivem os seus munícipes. Mas a vida é mesmo assim e a estas famílias, resta-lhes apenas viver de esperança, de esperar que um dia, o sonho de ter uma habitação com o mínimo de dignidade possa tornar-se realidade… Se entretanto não acontecer uma desgraça… (Aí, certamente virá o senhor presidente da CMP lamentar o acidente…) Para quê esperar? Sabemos que o senhor presidente já fez o levantamento da situação das ilhas na cidade do Porto, sabemos que algumas das situações não serão de fácil resolução e dependem de acordos e negociações com os senhorios, mas estas pessoas além das condições desumanas em que vivem, correm o perigo eminente de derrocada das casas em que habitam, e isso deveria merecer uma atenção especial, porque é de pessoas que estamos a falar… Não gostaria de escrever este artigo depois de a desgraça ter acontecido… Pode ser que a Câmara Municipal do Porto se lembre também das pessoas que vivem nas ilhas que foram construídas no início do século XX, sem saneamento básico, sem água nem casas de banho e, que hoje em pleno século XXI, na era das comunicações, do mundo global, da banda larga, dum mundo livre e sem fronteiras, homens, mulheres e crianças coabitem com as mais baixas condições de vida. A propósito desta realidade, não podemos fechar os olhos ao mundo hipócrita que nos rodeia e aos conceitos tradicionais da miséria em que vivemos. Haja vontade política e surgirão as respostas… e uma delas será necessariamente a construção de habitações a custos controlados de que o Movimento Cooperativo tem sido um bom exemplo. Pena que não se saiba aproveitar a força e a vontade que o cooperativismo pode proporcionar às pessoas que desejam e que têm todo o direito a viver uma vida melhor.


Ex-Inscoop

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Após extinção do INSCOOP, ultima-se a derradeira fase da nova instituição De acordo com Eduardo Graça estará para breve uma nova fase da organização que abrange as várias instituições da economia social. O atraso deve-se às alterações no Governo devido aos recentes actos eleitorais. “O processo já está em curso há bastante tempo, e corresponde à concretização de uma decisão política consagrada em termos legais da lei orgânica do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, e que consiste na extinção do Instituto António Sérgio do sector cooperativo, uma instituição criada nos anos 70 por impulso do Prof. Henrique Barros, que era um discípulo de António Sérgio, o nosso maior pensador e divulgador da temática cooperativa. Neste momento, portanto, o que se está a passar é à extinção deste Instituto dando lugar a uma outra organização que englobe no fundo as diversas instituições representativas da economia social em Portugal que em toda a Europa têm a mesma configuração com as diferenças de cada um dos países, isto é, a criação de uma instituição que no fundo consiste numa parceria público-social entre o Estado e essas organizações criando um território institucional onde se possa por um lado debater de uma forma aberta toda a problemática de economia social, que tem muitos pontos comuns, embora cada família tenha a sua identidade própria há que fazê-la elevar a um nível que todo este conjunto vasto de intervenções merece e que em abono da verdade, no seu conjunto, não tem sido suficientemente relevada, nem valorizada. Penso que é uma reforma que se destina à valorização de todas as instituições que trabalham no terreno da economia social e denomino-as assim para simplificar porque são diversos, os movimentos que estão na área cooperativa, das mutualidades, das misericórdias, das IPSS’ s e também no território do desenvolvimento local e regional, que de alguma maneira tem pontes para todas as restantes instituições. Portanto, trata-se da criação de uma instituição que permita criar um ambiente de debate aberto entre o Estado, os poderes públicos e este conjunto de instituições, que permita torná-las mais visíveis e dar-lhes uma imagem que corresponda em termos públicos de uma forma mais correcta, à sua verdadeira importância e permitir que o Estado tenha em relação a cada uma dessas famílias uma postura que resulte do debate, do encontro das vontades e que as reforce no

exercício do seu papel na sociedade. Neste momento, já foi publicado o diploma que extingue o Instituto António Sérgio e que autoriza o Estado à criação desta nova instituição. Tudo isto coincidiu em termos temporais com a mudança do Governo. Por isso, nas próximas semanas estaremos em condições de ultimar a derradeira fase desta instituição. Passaremos em termos institucionais para um terreno em que há uma grande falta de comunicação para se ir directo ao assunto entre as diversas famílias. Está toda a gente muito de costas voltadas uns para os outros, para uma tentativa verdadeiramente importante no plano institucional e no plano prático de colocar todas as instituições frente a frente, debatendo problemas e tentando encontrar outras formas de partilha dos recursos, para a contratualização com os poderes públicos dos apoios para que todos fiquem mais fortes nesta batalha que já foi abundantemente identificada na sua natureza e na sua função.”

Eduardo Graça


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Cooperativa Agrícola da Feira e S.João da Madeira

“A Cooperativa da Feira daqui a 10 anos será um Fenómeno”

António Pinheiro, Presidente

A Cooperativa Agrícola da Feira e S. João da Madeira, CRL, é um espaço amplo, renovado e que felizmente se recomenda. António Pinheiro, há 17 anos à frente da Cooperativa, veio mostrar que a actividade da Agricultura está viva no Concelho de Santa Maria da Feira. Em manifesta expansão, o obreiro sente-se orgulhoso pelo reconhecimento da Instituição, não obstante, tudo fará para que a Cooperativa Agrícola de Vila Nova de Gaia também percorra este caminho de sucesso, lutando face aos actuais entraves da fusão. Trabalhador dedicado, António Pinheiro trabalha horas a fio, por amor à arte da sua profissão. Retrato a 68 anos de Cooperativa Agrícola

“A Cooperativa foi formada em 1950 e posteriormente foi construída a sua sede. Tomei o comando em 1992 e esta tornou-se “a menina dos meus olhos”, pois quando se gosta de uma coisa, trata-se bem dela. Quando cheguei à Cooperativa isto estava em declínio total, a pessoa que me antecedeu não teve a melhor gestão. Por isso comecei por montar uma drogaria na Cooperativa para começarmos a vender outras coisas, que não apenas os nossos produtos agrícolas. Felizmente começou tudo a correr bem. A Cooperativa começou a crescer e a ter grande afluência. Nesse sentido, fui

abordado pelo Sr. Presidente da Câmara para a possibilidade de transferir as instalações da Cooperativa, porque com o movimento das cargas e descargas, acabava por congestionar o trânsito. Foi aí que surgiu a ideia das novas instalações. Apareceu-nos um terreno de cinco mil metros, comprámo-lo após alguns avanços e recuos e isso aconteceu no final de apenas dois anos de mandato. Tivemos algumas dificuldades é certo, mas fomos dando andamento ao projecto e a obra fez-se. Ao mudarmo-nos para as actuais instalações, remodelamos as antigas e a de S. João da Madeira.”

Prioridades e Projectos

“Estamos a fazer um novo armazém, destinado aos produtos Agro-químicos e gastámos ali cerca de 100 mil euros, não era uma obra para concretizar de imediato, mas um erro de datas fez com que o projecto fosse aprovado pela Câmara na íntegra e tivéssemos de avançar com todas as obras descritas no projecto. Contudo, neste momento, a nossa prioridade é efectuar a fusão com a Cooperativa Agrícola de Gaia. A fusão é possível. Para além de vermos este caso rapidamente resolvido, do alargamento das instalações da nossa sede, há ainda um projecto para umas bombas de combustível e um projecto de renovação para a Cooperativa de Gaia, porque tem potencial e condições para ser tão boa como a da Feira, daí ter tomado conta dela. Gostaria de ter saúde para ver a Cooperativa de Gaia feita, igual à da Feira e sem dever nada a ninguém.”


Cooperativa Agrícola da Feira e S.João da Madeira

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O sucesso da Loja de Utilidades para os Agricultores

“Introduzi na Cooperativa da Feira algo inovador: uma loja de utilidades, porque os agricultores precisam de tudo e nessa loja temos tudo o que eles necessitam. Obtivemos um sucesso enorme com a loja. Os Agricultores vêm cá e sentem-se servidos e até atraímos Agricultores de concelhos vizinhos. Também me dou conta que toda a gente vem copiar a nossa ideia da loja e até tentam imitar, outros por outro lado, pedem que as visite para introduzirem também uma loja deste tipo. O sucesso desta Cooperativa é que está a vender de tudo e a reduzir nos encargos. Os próprios funcionários estão rentabilizados ao máximo. Se faltar alguém é difícil, nota-se logo nesse dia. Portanto, estamos seguros que temos isto gerido da melhor maneira, daí o nosso sucesso! O que me deixa mais angustiado é sem dúvida as pessoas ligadas à Agricultura, que deveriam colaborar connosco e não colaboram. Há que gerir uma casa como se fosse nossa, gerindo-a com todo o cuidado. É essa a minha postura: com a família e com o trabalho, há apenas que gerir o tempo da melhor forma para que nada falhe! Para que tudo isto funcione há que haver muito dinamismo e acompanhar tudo de perto.

Sede da Cooperativa - Feira

Benefícios dos Sócios Cooperantes

“Temos dividido pelos Associados todos os anos, uma percentagem de lucro. Tem sido pouco, porque temos investido muito e assim não tem dado para dividir, mas anualmente dividimos cerca de 25 mil euros pelos Associados, ou seja; fazemos um apanhado do que cada um comprou e depois dividimos percentualmente por cada um.”

Os Sectores da Agricultura abrangidos pela Cooperativa “Funciona muito à base do pequeno Agricultor, com 1 ou 2 animais. As grandes Agriculturas são poucas. Na pequena Agricultura temos: os bovinos, galinhas, porcos… destinamo-nos apenas ao mercado do Concelho da Feira e Concelhos vizinhos. Temos apostado na Formação dos Agricultores, mas tem sido uma grande luta motivá-los a participar. Fizemos formação de Balconistas, Fitofármacos e não fazemos mais, porque chega à altura das Formações e as pessoas querem o Diploma ou Certificado de presença, sem aparecer… E não pode ser assim, porque há Agricultores que precisavam efectivamente frequentar essas formações. A Formação é imprescindível. Tanto eu como a minha família somos exemplo disso. Não prescindimos dela.”

Cooperativa Agrícola da Feira

Loja no interior da sede

Loja no interior da sede


22 Com uma Agricultura em crise, um País em crise, só mudando os políticos é que isto poderá ter solução. Logo, quando não temos um Governo com capacidade para nos orientar em condições, não temos possibilidade nenhuma. Nós temos que invariavelmente ter quem nos mande. O grande mal do nosso País é que todos querem mandar e nem todos o sabem fazer. Temos um País endividado, dá-se dinheiro a quem não trabalha, a bêbados, a drogados, a pessoas ainda com capacidades que simplesmente não querem trabalhar… Concluo, portanto, que quem tiver o vício de trabalhar está desgraçado, porque é a essas pessoas que vão tirar o dinheiro. Não prevejo o que virá por aí, mas milagres a N.ª Sr.ª de Fátima já se cansou de fazer. Sem ilusões! Ao nível do Cooperativismo, vamos esperar que a Agricultura mude, mas há que ter em conta que se estas casas forem bem geridas, auto-governam-se. Fico triste com a insolvência de outras Cooperativas… Julgo que as pessoas e funcionários têm que honrar e prestigiar a casa onde trabalham! Há que trabalhar unicamente para o cliente e servi-lo da melhor maneira! Naquilo que o meu saber ajudar as outras Cooperativas, estou sempre disposto a ajudar e a colaborar.”

Cooperativa Agrícola em S. João da Madeira Agricultura e Cooperativismo em Portugal

“Há muitos anos que digo que isto tem de mudar. Receio que futuramente chegaremos ao caos das pessoas roubarem quem produz, para comer. Isto porque os próprios Agricultores são muitas vezes da opinião que é melhor comprar milho, batata do que produzir. Enquanto os nossos governantes não se juntarem todos e forem honestos não temos possibilidades nenhumas de evoluir positivamente.

Cooperativa Agrícola da Feira e S. João da Madeira: “Um Fenómeno”

“Se eu tiver saúde e juízo, a Cooperativa da Feira daqui a uns 10 anos é um fenómeno. Só se houver uma “tempestade” muito grande. Esta será uma Cooperativa grande, forte, e competitiva, isto é, com tudo para dar. Até mesmo na própria região o seu impacto será grande, pois esta casa é muito importante para o Concelho, tem uma credibilidade tremenda, é uma casa de exemplo, porque o dinheiro dos nossos investimentos sai do nosso trabalho e empenho. Temos cerca de 2000 Associados, 30 funcionários, 4 lojas abertas e, fazendo a fusão com a Cooperativa de Gaia teremos 6, com perspectivas de 7. Mas sem margem para dúvidas, há que gostar daquilo que se faz.”




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