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Saberes O desafi o dos Debates Universitários

Ganhar pela força das ideias Debates universitários

O Torneio Nacional de Debates Universitários (Tornadu) realiza-se, no Porto, entre os dias 21 e 23 de fevereiro. Sabe mais sobre esta atividade, conhecendo os seus benefícios e a forma como podes participar.

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A palavra “torneio” ou poderá ser facilmente associada a imagens de esforço físico. Contudo, desde 2012, o Torneio Nacional de Debates Universitários (Tornadu) mostra como nem todas as competições fazem suar uniformes. Neste exercício, o objetivo é simples, explica o Conselho Nacional de De bates Universitários (CNADU), no seu site: através de argumentos, defender uma moção que poderá “propor uma alteração” ou fazer “uma declaração” sobre qualquer tema. “De certa forma, é um desporto. Inte lectual, mas um desporto. Temos regras e treinamos”, explica a Presidente da Comissão Executiva do CNADU, Ana Cláudia Freitas, que sublinha: “Como em qualquer desporto, há pessoas com mais talento e qualquer pessoa pode melhorar através do treino”. O torneio segue o modelo competitivo British Parliamentary – a forma mais utilizada de debate académico. Quatro equipas de duas pessoas debatem uma moção, sendo que metade é a favor e outra metade contra. Cada participante tem direito a uma intervenção de 7 minutos. Será a performance agregada de cada equipa que decide o vencedor. Os participantes conhecem a moção e o respetivo tema em debate (bem como a sua posição) apenas 15 minutos

antes do seu início – tempo que utilizam para se preparar, sem recurso a meios eletrónicos. “Os debates não se focam no conhecimento sobre deter minado assunto”, realça Ana Cláudia Freitas, mas sim “sobre o raciocínio”. “A ideia é mostrar, a partir de uma certa premissa, se ela é boa ou má”, reforça.

Como “aprender a pensar” Bianca Francisco tinha 18 anos quando, acabada de entrar no Curso de Relações Internacionais no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), soube que poderia participar num debate universitário. O desejo de experimentar esta atividade era já antigo. “Durante o Ensino Secundário, gostava de debater ideias nas aulas sempre que possível”, conta. Por essa razão, assim que alguns colegas de curso referiram a possibili dade, aceitou imediatamente o desafio. Durante o seu primeiro debate, estava “um pouco nervosa, mas sobretudo entusiasmada”. No final, a experiência foi muito positiva, conta: “Foi muito divertido e gostei logo imenso”. Nesse primeiro debate, rapidamente foi confrontada com a necessidade de defender ideias com que não concordava totalmente. Algo que

A partir do momento em que entrei nos debates, comecei a refletir sobre a informação de uma outra maneira. Esta é uma ferramenta que se pode levar para a vida. Ana Cláudia Freitas, presidente do CNADU

Esta é uma forma de ganhar ferramentas que permitem outro tipo de participação cívica e política, bem como desenvolver competências pessoais. Aprendemos a pensar nas coisas. Bianca Francisco, estudante do ISCSP

acontece com frequência nos debates universitários e que Bianca considera ser “bastante importante”, pelo valor empático envolvido. “Somos levados a experimentar outros pontos de vista e aprendemos coisas que, à partida, desconhecíamos”, explica. Durante o Ensino Secundário, Bianca já

E o Ensino Secundário?

Enquanto estrutura nacional, o CNADU reúne representantes das várias sociedades de debates das instituições de Ensino Superior. Isto não signica, contudo, que o debate de competição não esteja presente noutros níveis de ensino, como o Ensino Secundário. “Algumas sociedades já estão presentes em Escolas Secundárias”, revela, a presidente do CNADU, explicando que está prevista, ainda para este ano, a criação de uma competição exclusivamente dedicada para estudantes deste nível de ensino (modalidade schools). Por outro lado, o CNADU está a trabalhar no sentido de criar “uma sociedade de debates para o Ensino Secundário”. Para já, qualquer estudante do Ensino Secundário poderá inscrever- -se nas sociedades que compõem o CNADU e participar nos treinos semanais e, mais tarde, nos torneios organizados. Para além da re‰exão sobre os temas em debate, esta poderá ser também uma forma dos estudantes do Ensino Secundário saberem mais sobre a experiência no Ensino Superior, “tirando dúvidas e colocando questões”. “Têm muito a ganhar com esta experiência e no arriscarem em participar e conhecer”, conclui. sentia já vontade de participar nestes debates. Para a estudante natural de Torres Vedras, debater poderá ser uma atividade especialmente importante, nessa fase da vida (ver caixa): “No [Ensino] Secundário, começamos a ter ideias sobre Política ou Sociedade e, por vezes, não conseguimos explicar - -nos. Isso limita-nos e faz com que possamos não ser levados a sério”. Por essa razão, para a estudante que participará na edição de 2020 do Tornadu, este tipo de debates são “uma forma de ganhar ferramentas que permitem outro tipo de participação cívica e política, bem como desenvol ver competências pessoais”. Acima de tudo, destaca, encontra-se um complemento importante a uma educação formal focada na “memorização de informação”: “Aprendemos a pensar nas coisas”.

Uma ferramenta para a vida Participar neste tipo de debates, sublinha a presidente do CNADU, pode ajudar as pessoas “a analisar informação, a pensar por elas próprias, refletindo e questionando a informação que lhes chega”. No seu caso, Ana Cláudia não tem dúvidas: “A partir do momento em que entrei nos debates, senti isso mesmo, comecei a refletir sobre a informação de uma outra maneira”. Este desenvolvimento poderá ser

especialmente pertinente, acredita Ana Cláudia Freitas, face à grande quanti dade de notícias ou conteúdos falsos existentes online, numa era em que “o acesso à informação é muito facilitado, mas a filtragem dessa informação nem sempre é fácil”. De igual forma, embora discussões se multipliquem pelos vários canais de social media, essas trocas de argumen tos poderão “não ser tão produtivas” – “Muitas vezes, as pessoas não estão atentas ao que os outros dizem. É o que falta um pouco hoje, nomeada mente nas caixas de comentários ou redes sociais, e é isso que queremos colmatar”. Independentemente do curso ou da carreira de um estudante universitário, destaca Ana Cláudia Freitas, “irá sempre existir a necessidade de falar em público e de convencer ou per suadir outras pessoas”. Nesse sentido, esta é uma oportunidade de estimular capacidades como o raciocínio rápido e competências transversais como comunicação e autoconfiança. Simultaneamente, esta é também uma forma de oferecer aos estudantes universitários uma oportunidade que poderá ser rara nas suas vidas: “conhe cer pessoas de outros cursos e áreas, num contexto intelectualmente estimulante”. “Esta é uma ferramenta que se pode levar para a vida”, conclui.

Faz Delete ao Ciberbullying!

“Juntos por uma Internet Melhor” é o slogan do Centro Internet Segura. A 11 de fevereiro, celebra-se o Dia da Internet mais Segura, com o tema do ciberbullying a ocupar lugar de destaque nas comemorações em Portugal.

O principal objetivo do dia passa por promover a discussão sobre o ciberbullying convidando diferentes especialistas a partilhar com o público a sua perspetiva sobre este fenómeno, nas dimensões social, escolar e familiar, incluindo a importância de envolver a escola e a família nesse processo. Pretende-se destacar a importância de eliminar o ciberbullying, de forma concertada, envolvendo a escola, os profi ssionais de educação e os alunos, garantindo que todos se comprometem com o respeito pelo outro e pela não violência. Por outro lado, a escolha deste tema também tem por objetivo reforçar e promover o lançamento do plano nacional de prevenção e combate ao bullying e ao ciberbullying, do Ministério da Educação que visa “sensibilizar para a prevenção e para a defi nição de mecanismos de intervenção em meio escolar, com o envolvimento de vários serviços”. O plano completo está disponível para consulta no site: www. sembullyingsemviolencia.edu.gov.pt.

Quem participa? Os oradores convidados para o seminário do Dia da Internet Mais Segura incluem Elizabeth Milovidov, Vitor Cotovio e Iolanda Ferreira, que irão partilhar com os presentes a sua perspetiva e a experiencia sobre o ciberbullying e de que forma é possível combate-lo. De notar a participação especial de um painel de jovens convidados para apresentar a sua perspetiva sobre o ciberbullying. O Centro Internet Segura considera esta participação fundamental promovendo, desta forma, o seu envolvimento ativo na eliminação do ciberbullying, e discutindo formas de agir para criar ambientes livres de ciberbullying. O Dia da Internet Mais Segura é uma iniciativa internacional, que envolve cerca de 150 países e que tem por objetivo principal a criação de uma Internet Melhor, aproveitando ao máximo o potencial da Internet para aproximar as pessoas. No Dia da Internet Mais Segura, o objetivo dos Centros Internet Segura é inspirar mudanças positivas online, promovendo a sensibilização para a temática da utilização segura, responsável e saudável da Internet, através da promoção e da participação em eventos e atividades. O plano completo das atividades a realizar pelos vários países participantes encontra-se disponível no site: saferinternetday. org/about. O programa detalhado do seminário do Dia da Internet Mais Segura está disponível no website do Centro Internet Segura: www.internetsegura.pt

Estar online pode ter impacto na saúde

O Centro Internet Segura lançou o Guia de Dependências Online, que apresenta um conjunto de orientações para a gestão saudável dos comportamentos online.

Trata-se de um guia realizado em parceria com o CIS | FCT - Centro Internet Segura | Fundação para a Ciência e a Tecnologia - para pais, educadores, professores e todos aqueles que aceitem o desafi o da gestão saudável do comportamento online. A verdade é que a forma como utilizamos o mundo online pode ter impacto na saúde. De forma positiva, a utilização das novas tecnologias de informação e comunicação (TIC) na edução pode possibilitar o desenvolvimento de várias competências e aprendizagens. É o caso, por exemplo, das aplicações que atualmente são utilizadas para promover o sucesso escolar ou para estimular o interesse pela aprendizagem de línguas estrangeiras.

De forma negativa, o uso excessivo das TIC pode colocar em causa a saúde no geral, e em particular, nos planos físico (alterações na postura aumento ou diminuição do peso), psicológico (alterações no humor e nas rotinas de sono), social (difi culdades na socialização e de autonomia emocional e económica). O uso excessivo das TIC é uma questão premente para a saúde mental, transversal a todas as idades. É uma preocupação nas etapas da infância e adolescência, uma vez que existe uma zona de desenvolvimento potencial de várias competências, que podem fi car comprometidas quando a criança e/ou o jovem tem um uso excessivo das TIC, podendo vir a apresentar uma dependência online (DO).

Faz o teu diagnóstico

Um utilizador da Internet é considerado dependente se:

Frequência A atividade online torna-se predominante na sua vida ou põe em causa necessidades básicas (sono, alimentação, higiene) e as rotinas (estudo, trabalho, lazer)

Mudança no humor A atividade online altera os estados de humor: procura da Internet para tranquilização ou excitação

Tolerância A necessidade de passar cada vez mais tempo em atividades na Internet para obter satisfação

Privação Sensações desagradáveis (físicas e/ ou psicológicas) quando o individuo é privado do uso da Internet

Con ito Di‚ culdades interpessoais com o círculo próximo, acompanhadas muitas vezes de perda do funcionamento académico e/ou ocupacional

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