REVISTA FOTOMANYA NR 16

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Edição NOV/DEZ 2018

Nº 16

ENTREVISTA COM H U G O S Ó

PORTOFOLIO DE B E A T R I Z V A Z L O P E S Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Hugo Só


BIOGRAFIA NESTE NÚMERO

Entrevista com HUGO SÒ #4

Paginação, Grafismo e Coordenação FERNANDA MAGALHÃES Editorial ANA LUAR Jornalista FILIPE MORAIS ROQUE

Portefolio de BEATRIZ VAZ LOPES #32

Galeria Fotomanya # 54

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Fotografia de Capa © HUGO SÓ


Editorial A fotografia além do prazer que dá pode também ser uma fonte de rendimento magnifica, se, se souber estruturar a fotografia como negócio rentável. Se a pessoa tem uma habilidade que dá cartas entre pessoas que gostam do que faz, se o resultado do seu trabalho é sinal de procura por parte de futuros clientes, então porque

não enveredar pelo negocio? Mas desiludam-se se acham que basta pegar numa câmera e começar um negócio. Não! É preciso algum conhecimento, para nunca defraudar a expectativa do cliente. A melhor forma de iniciar um negócio, seja ele qual for, é investir em conhecimento do mesmo, quem pensar o contrário depressa vai perceber o grande erro de pensar somente em dinheiro. Quando alguém nos procura, essa pessoa quer os seus momentos eternizados em foto e nós somos responsáveis pela realização desses sonhos, por isso é bom sabermos o que estamos a fazer,

disparar não basta. Não seja como muitos que preferem uma carteira cheia a um bom nome no mercado. Um bom nome no mercado, com trabalhos consistentes e bem construídos, além de lhe encher a carteira dá-lhe o estatuto de fotografo. Ser fotografo não é usar uma câmera.... Canso-me de dizer isto. Pense sempre antes de tornar a sua habilidade num negócio e estruture de raiz esse negocio para que nunca venha a arrepender-se.

Ana Luar

Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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HUG

“Fotografar é amor, é partilha (…

uma f

-

Hugo Amendoeira,

Arquiteto de profissão.

fotografias, ver boas fo

forma peço que me aju go, uma boa fotografia

car a olhar para ela dur go, que nos faz sentir o

queles que é considera ©Hugo Só 4

temáticas:


GO SÓ

…) a minha grande realização é criar

fotografia”

ou Hugo Só como é conhecido no mundo da fotografia, tem 35 anos e é Para ele a fotografia é encarada como “(…) Amor, é partilha (…) adoro ver

otografias e isso faz-me feliz, adoro ajudar um amigo a evoluir e da mesma

udem e critiquem para poder eu também melhorar e evoluir (…) Para o Hu“é a que mexe de alguma forma connosco, é a que nos faz voltar atrás e fi-

rante diversos segundos, é a que conta uma história ou nos faz imaginar alvento na cara como se lá estivéssemos”. Em seguida, a entrevista a um da-

ado por muitos um dos melhores em fotografia de paisagem, entre outras

Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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Como surgiu o “pseudónimo” Hugo

fazia na época e “vender” melhor as ideias nos

“Só”?

concursos em que ia entrando ou para facilitar ao cliente uma melhor perceção de como iria

A ideia do “pseudónimo” surgiu na faculdade,

ficar o projeto.

embora acidentalmente, por brincadeira de um professor e que acabou por se manter até hoje. Posteriormente, na fotografia, visto que para mim esta é uma arte que me faz perder no tempo e no espaço percorrendo um caminho maiori-

tariamente solitário, influenciou a escolha.

Depois, por paixão às artes, desde que me conheço e que tenho olhos para ver e sentir o que me rodeia, tentei sempre registar o que via ou criar algo que imaginava só meu através do desenho, da pintura e de certa forma até da escultura. Neste sentido, e aliado à falta de tempo

Há quantos anos fotografas?

para poder fazer “a arte” que gostava a fotogra-

Desde que me conheço que tenho a fotografia

fia artística, surgiu de forma gradual e como ne-

como parte integrante na minha vida, lembro-

cessidade de um escape ao trabalho, às obriga-

me ainda criança passar os serões em família a

ções e contaminou de forma significativa toda a

ver fotos, sobretudo retratos de familiares que

minha vida.

já tinham perecido, de momentos de convívio

A primeira máquina fotográfica digna desse no-

em família ou das viagens passadas. Depois, da-

me foi uma DSLR Nikon D5100 por volta de

da a minha ligação às artes e mais tarde à arqui-

2011, depois de uns euros gastos nuns filtros e

tetura, a fotografia surgiu naturalmente, sobre-

outros tantos numas lentes saltei de gama em

tudo pela necessidade que tinha de registar situ-

gama até à Nikon D810 que hoje tenho.

ações que facilitavam no ato de solucionar um problema ou poder divulgar o meu trabalho aos outros.

Como começaste e com que equipa-

mento? Qual o equipamento que usas hoje em dia?

Qual a ideia inicial que tinhas da fotografia e qual a que tens agora? É apenas um “hobby” ou algo mais? A ideia inicial da fotografia (exceto os registos de arquitetura) era um escape, um “hobby” por completo, não me importava de andar horas a

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Comecei nesta arte, talvez acidentalmente, pri-

experimentar, a fazer parvoíces, a gastar tempo

meiro por necessidade de melhorar as imagens

e “rolo” para descobrir todas as potencialidades

que ia tirando das minhas obras e assim as po-

da máquina fotográfica e de poder criar num

der publicitar no “site” da empresa ou em algu-

“frame” em centésimos de segundos que na pin-

ma revista da especialidade, para melhorar as

tura, por exemplo, demorava dias e semanas a

fotomontagens dos estudos tridimensionais que

ficar satisfeito com algo.


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Depois, começou evolução natural e que to-

numa boa formação ao fim de uma semana já

dos temos aquando praticamos sem parar e

faria longas exposições”.

tentamos fazer mais e melhor, os primeiros resultados começaram a surgir, o primeiro concurso que participei, a primeira menção honrosa, o primeiro livro, etc., e assim foi até hoje! Mesmo com tantas situações que ultrapassam um “hobby”, a fotografia, ainda não é, e espero que nunca seja, um trabalho. Eu fo-

tografo para mim e se alguém gostar de um

Ainda hoje compro livros de outras áreas fotográficas para perceber como as coisas são feitas e vou a Workshops para adquirir outras valências, perceber outras técnicas pois não há receitas em fotografia e perceber que a forma certa de fazer as coisas não é apenas como eu as faço, ter consciência disso é uma forma para poder evoluir.

boneco que faço e o quiser comprar ainda melhor, caso contrário não fico melindrado

Como encaras este “boom” que a fo-

nem desiludido pois a minha grande realiza-

tografia tem tido e ao que é que o

ção é criar uma fotografia.

atribuis?

Tens algum tipo de formação especi-

Existem hoje inúmeros “Boom´s” aliados aos

fica ou és só autodidata? Achas a

“hobby’s” como o ciclismo, o culturismo, o

formação pratica e teórica impor-

“jogging” etc., e a fotografia é mais um.

tante? Porquê?

Quase todos nós levamos vidas muito apres-

Não me considero um autodidata no termo lato da palavra, pois como referi venho das artes e muitas regras da pintura foram passadas para a fotografia, claro que depois para criar algo mais e sair do modo automático houve um grande investimento da minha parte na aquisição de diversos livros da especialidade e no passar dias a ver tutoriais no “youtube” e aplica-los no terreno.A fotografia como arte pode ser feita sempre por forma autodidata, mas a formação no geral permitenos evoluir mais rápido e melhor, como costumo dizer “eu passei dois anos a fotografar relógios e testar os “sets” da máquina quando

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sadas, trabalhamos muito mais que as 7 ou 8 horas que o contrato de trabalho diz, saímos de casa antes das oito da manhã e regressamos muitas vezes para além das dezoito da tarde, depois de filas para ir e vir do emprego, transportes que se atrasam, chefes a quere-

rem que façamos mais e melhor, clientes mal humorados, colegas com problemas que potenciam ainda mais o peso do nosso trabalho, e assim, estes “hobby’s” são os nossos pequenos momentos de felicidade em que desligamos do mundo e temos algo que é só nosso, sem qualquer tipo de problema que possa afetar-nos naquele momento.


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Como descreverias o teu estilo? Se é que existe um? É uma coisa do momento/ inspiração ou é algo pensado ao detalhe? Não sei se tenho um estilo, talvez ainda não o tenha encontrado, pois ainda pesquiso por novas técnicas, novas formas de fotografar, de criar uma imagem, de revelar ou editar. Mas tudo o que eu

faço é pensado ao detalhe e é momento de inspiração ao mesmo tempo. Por exemplo, quando faço uma viagem fotográfica a determinado lugar costumo ver tudo primeiro, a localização GPS dos sítios a fotografar, como chegar aos locais, posição solar ao Nascer e ao Pôr do sol, as marés (se for paisagem costeira), vejo inúmeras imagens do local para perceber tudo ao máximo, mas sobretudo para tentar fazer uma imagem diferente, claro que muitas vezes acabo por cair em algo já feito ou próximo disso, mas pelo menos conscientemente tento fazer diferente do que já vi.

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O que é que achas fundamental num

mais ênfase a determinado elemento. Hoje na

bom fotógrafo? E o que distingue

Câmera Clara fazemos muita coisa que outros

um bom de um mau fotógrafo?

antes de nós fizeram com a diferença que se nos enganarmos ou não gostarmos podemos

Sem querer parecer politicamente correto acho que não há maus fotógrafos, há sim aqueles com mais disponibilidade para fotografar e outros com menos, há aqueles com mais cultura fotográfica e outros com menos,

há fotógrafos com mais sensibilidade e outros com menos e neste sentido acredito mesmo que fotografamos com o todo de nós, com tudo o que fizemos e vivemos dentro e fora da fotografia. Fotografamos com toda a nossa experiência por isso há uns mais evoluídos e sensíveis que outros.

Costumas editar muito as fotos?

facilmente reverter a situação. Para mim cada um deve fazer o que gosta conforme gosta, eu no meu caso e no meu “workflow” edito as minhas fotografias de duas formas: por norma tento ser fiel ao momento que vi e que senti quando fotografei (numa entrevista, disponível no “youtube”, o Sebastião Salgado diz isto e eu acho o mesmo), isto quando revelo uma fotografia de paisagem ou um urbano, mas se estou a fazer “Fineart” o meu chip muda e aí vale tudo para mim. A base do meu processo é sempre o

“LightRoom” depois uso o Photoshop para al-

Qual a tua opinião acerca disso e que

gumas tarefas que embora o primeiro já o faça

editor usas habitualmente? Serão as

não tem a destreza nem a qualidade final que

fotos excessivamente tratadas fotos

o segundo consegue.

ou não?

Quanto tempo demoras, em média,

O ato de editar ou revelar a fotografia é assun-

para chegar ao resultado final de

to muito controverso no nosso meio, sobretu-

cada foto? E quais os passos segui-

do para os fotógrafos paisagistas, para os foto-

dos?

jornalistas, para os fotógrafos sociais e para os fotógrafos de rua, mas desde sempre a fotografia viveu da revelação de um negativo que nem sempre foi fiel como muitos “puristas”

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Não consigo contabilizar, há imagens que levo uns dez minutos a revelar e outras que levo dez horas.

defendem. Mesmo na Câmera Escura, os fotó-

O meu processo de revelação tem muito a ver com

grafos usavam técnicas de sobreposição de

as fotografias conseguidas no terreno, eu faço mui-

outros negativos, entre outras coisas, para cri-

tos disparos, com diversos pontos de foco e diver-

ar efeitos, metiam mais luz ou menos para dar

sas exposições e profundidades de campo.


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Para dar um exemplo, quando fotografo con-

move a cada imagem. A profundidade dos

tra o sol, ao nascer ou pôr, faço várias foto-

seus monocromatismos deixa-me completa-

grafias com exposições diferentes, para de-

mente esmagado pois consigo sentir o calor

pois conseguir juntar e ter a maior gama dinâ-

de cada cor que não vejo.

mica possível, mas sem recurso a métodos paramétricos como o HDR, ou seja, sou que escolho que parte a usar de cada “Frame” para ter uma imagem composta.

Em terceiro, destaco Annie Leibovitz, talvez a que o trabalho me inspire mais, embora a área fotográfica da Annie não seja paisagem, o dramatismo que consegue em cada imagem

Quais os teus autores e sites que

é aterrador e que me faz procurar na minha

mais segues nesta área e porque?

fotografia essa sensação.

Que te tenham servido ou sirvam de

Para terminar, deixo aqui um conjunto de no-

inspiração?

mes contemporâneos que merecem ser conhecidos e onde encontramos pura arte, no-

Há cinco ou seis autores que não consigo deixar de pensar quando falo de fotografia e um deles é português, o Joel Santos é para mim

uns dos melhores fotógrafos do mundo e digo isto sem qualquer tipo de amizade ou interes-

mes como Erin Babnik, Alexandre Deschaumes, Elia Locardi, Guillermo Garcia, Chip Phillips, Daniel Fleischhacker, Enrico Fossati, Joel

Sartore, Flore Zoé, Benjamim Von Wong e Joel Tjintjelaar.

se, temos de dar valor a quem o tem, ele anda sempre na crista da onda e há mais de 10

Tens alguma área especifica da foto-

anos que é assim. É o nosso Cristiano Ronaldo

grafia que gostes mais? Porquê?

da Fotografia e é um prazer seguir o seu trabalho, depois o primeiro livro técnico de fotografia que adquiri foi escrito por ele, e talvez tenha me relacionado mais com a área de paisagem por isso.

ve, embora goste de fotografar eventos, fotografia de rua, retratos pois assim que fico com

a máquina na mão só me apetece fotografar. Mas a fotografia de paisagem é a que mexe

Depois, para mim, existe Sebastião Salgado,

mais comigo e que faz com que eu deixe lite-

talvez o meu favorito, não só pelo fotografo,

ralmente tudo para trás e vá em busca de um

mas muito pela pessoa, eu nunca consigo dis-

momento perfeito, de uma luz que será sem-

sociar a pessoa do artista seja em que área

pre única em cada instante e que a quero con-

for. O Sebastião tem uma obra fantástica, car-

gelar para a eternidade.

regada de sentimento pela vida que me co-

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A fotografia de paisagem é a que mais me mo-


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Por outro lado, esta área é particularmente inconstante, embora tenhamos conjunto de modelos ou previsões que nos ajudam para fazer determinada fotografia as condições a cada momento podem sempre mudar e fazer com que tenhamos um ou vários momentos que nos marcaram para o resto da vida ou por vezes nem a maquina do saco tiramos e voltamos para casa com o cartão vazio, assim este desafio do incerto aumenta o meu libido pela busca da fotografia e da perfeição.

Algum tipo de projeto para o presente/futuro nesta área? Fala-nos, entre outros, de como começou e quais os objetivos da Photonatour e outros projetos em que estejam, individuais ou coletivos. O maior projeto em que estou a participar neste momento é sem dúvida a Photonatour, esta surgiu com mais quatro amigos sendo que um deles retirou-se do projeto por motivos pessoais ainda este não passava de um esboço, mas tenho de o referir pois está na génese da Photonatour e é essa que queremos preservar. A nossa génese enquanto grupo está na amizade e na partilha de conhecimento que começou num grupo fechado do Facebook onde trocávamos diariamente para não dizer de hora em hora diversas ideias, tutoriais, imagens, sites de fotógrafos e tanta coisa que me ajudou

particularmente a evoluir. Assim, eu e o Hugo Augusto, o Hugo Santos, o Paulo Benjamim e o Paulo Carvalho começamos a Photonatour cerca de um ano antes de ser laçada ao publico e por volta de 2015, idealizamos o que seria o nosso projeto e percorremos Portugal continental e ilhas em busca de fotografias que permitissem no futuro publicitar eventos e sobretudo conhecer, sentir e viver as condições de cada lugar para poder apoiar melhor as pessoas que connosco vão. Neste sentido a Photonatour tem dois pilares fundamentais, o proporcionar aos participantes os melhores locais para fotografar e apoiar sempre que chamados à realização das fotografias. Mesmo que os eventos não sejam workshops a nossa ideia enquanto formadores ou guias no terreno é ser o mais prestá-

veis possível e apoiar quem necessita e sempre que o quiser. Ao nível particular estou a participar num livro com outros 19 autores, pessoalmente não gosto muito deste tipo de coisas, pois acho que para a realização de um livro deve haver algo que una o conjunto e o torne numa obra. Mas dado a forma como me fizeram o convite e a pessoa que o fez não poderia recusar e digamos que até estou positivamente surpreso com o resultado.

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Gostaria que escolhesses 3 fotos que consideres mais marcantes e explicasses porquê? É sempre difícil escolher fotografias que nos marcaram, que me marcaram, pois como fotografo sempre com o todo de mim e me lembro do momento em que fiz cada fotografia que já partilhei é injusto destacar esta ou aquela, talvez por isso tenha apenas duas fotografias minhas em casa, ambas para ver a qualidade de impressão a convite de lojas e gráficas da especialidade. Mas posso referir as três fotografias que mais se destacaram das outras e que acabaram por aumentar a minha visibilidade perante os meus similares. A primeira foto que destaco é a “Eternity”, foi talvez aquela que me fez perceber que fotografar paisagem é a minha praia, é o que me faz verdadeiramente feliz. Naquele dia cinzento de maio adquiri os meus primeiros filtros dignos desse nome, um conjunto de vários ND gradientes e um “Full” de 10 Stops, não resisti e fui até à Carrasqueira, por volta das 16h fazer umas longas para experimentar a potencialidade dos filtros e fiquei lá até ao por do sol, perdido no tempo e no espaço, nem o bater da água ouvia, nem o vento, nem o ranger do caís palafítico, era só eu, a máquina e o motivo fotográfico num s ilencio absoluto.

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Uns anos mais tarde há um momento que me fez perceber que fotografar não é apenas carregar no obturador e saber colocar bem a exposição, a abertura ou a sensibilidade ISO da máquina fotográfica, é sim tentar fazer diferente e melhor dos demais. A fotografia “Manarola” tem o nome da vila que pertence a Cinque Terre, um conjunto de vilarejos situados na província de La Spezia em Itália. Quem conhece o local sabe que fotografamos da Via Dell’Amore para sul e para a vila, deste percurso pedonal tem um gradeamento que nos impede de saltar e ir para as rochas e onde diversas placas em outras tantas línguas diziam “proibido ir para as rochas” , ora mas não em português (risos) e como estávamos mais de vinte ou trinta pessoas a fazer a “mesma” foto pensei, vou arriscar e tentar fazer diferente, assim saltei o gradeamento e fotografei, aí percebi que podemos todos estar a fotografar basicamente

lado a lado mas o simples facto de descer um metro ou dois em relação aos demais muda completamente a visão sobre o motivo e aí podemos inovar.

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Por fim, e sem duvida alguma a fotografia “StrongMan” foi aquela que mais destaque teve, foi foto da semana e do mês no “site” Olhares, apareceu num telejornal da SIC e foi comentada num programa da SIC Radical e numa rubrica que tinham sobre fotografia, e ao contrário do que o comentador disse “nota-se claramente que o fotografo esperou pelo momento” ora, eu tinha ido comprar peixe para o jantar à praia, pois vivo a 2km da Costa de Caparica, mas levo sempre a máquina comigo, estava um dia farrusco a visão sobre o motivo e aí podemos inovar.

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e fui direto ao peixe pois se começasse a chover vinha logo embora, assim de saco de sardinhas numa mão e máquina na outra vejo, como tantas vezes, o pescador a meter o trator dentro de água para la-

var a lona onde iriam colocar mais peixe assim que viesse outra rede, mas desta vez com uma diferença ele engata o veículo em primeira e vai arrastado lavando a lona, depois as gaivotas que vão que nem flecha para comer o peixe que sobrara da ultima escolha, por sorte a fotografia ficou minimamente direita e bem congelada, pois nem os sets da maquina pude acertar, foi o que saiu, um momento de sorte.

Dos vários eventos que o Fotomanya fez, sobretudo dos que participaste, se é que participaste, qual o que gostaste mais e porquê? Infelizmente, por incompatibilidade de calendário ou por motivos que me ultrapassam nunca tive o prazer de participar num evento “fotomanyaco”, mas falo como curador, como quem está de fora com o tempo e distância necessária para criticar, e digo-vos, de forma sincera, que são dos melhores que vejo por esse mundo fora, grandes produções com modelos, caracterização e guarda roupa de excelência, depois os temas associados, as histórias que são contadas nas fotos que vejo, fico esmagado com tanta beleza e profundidade de conceitos.

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Estou inscrito em inúmeros sites de partilhas de fotografias por esse mundo por forma a beber e a trocar partilhas com várias culturas fotográficas e vejo muitas caracterizações e produções do género, mas nunca com qualidade superior, podem até ser similares, mas superior apenas as de grandes fotógrafos profissionais pagas a peso de ouro para marcas de roupas, filmes ou séries “hollywoodescas”.

Qual a importância e a mais valia desses eventos?

©Hugo Só

Individualmente, cada fotógrafo que vos acompanha dificilmente teria a capacidade de recriar os ambientes que os eventos proporcionam, em conjunto torna-se mais acessível para todos, mais fácil, potenciando por poucos euros a hipótese de fotografar algo único e com grande qualidade. Por outras palavras, os eventos são também uma forma de workshop no sentido que os fotógrafos podem trocar experiências e ideias entre si por forma a melhorar individualmente. E é notório a evolução

de tantos que vos acompanham! Depois a importância que dão aos modelos que, para mim, são a base para uma boa fotografia, meninas e meninos que têm hipótese de ter portfólio e ao mesmo tempo ganhar umas patacas justas e não serem explorados como, infelizmente muita vez acontece. Termino com a caracterização que em cada evento me surpreende, muitas vezes esquecida a sua importância, ora não podia estar mais errado, pois mesmo um bom fotógrafo e uma modelo bonita, não é sinónimo de uma foto que conte uma história, pode ser uma boa fotografia, bem iluminada, bem

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composta, mas faltará aquele conteúdo que só a caracterização dá.

Já ganhaste algum premio na fotografia? Se sim qual? E até que ponto achas isso importante? Já ganhei felizmente diversos prémios, entre os quais destaco uma menção honrosa e um segundo lugar num concurso de um banco conhecido e várias vezes fotógrafo do mês em “sites” da especialidade. Para mim o importante não é os valores dos prémios, esses apenas ajudam a justificar o dinheiro gasto em tanta viagem e material fotográfico, o importante é perceber que estou no caminho certo,

que as pessoas apreciam o que faço, mas caso contrário também não me chateio muito pois fico sempre contente por ver boas fotografias e não têm que, obrigatoriamente, ser minhas.

©Hugo Só

Tens algum “site” próprio? Qual é? E até que ponto é importante? Sim tenho um site www.hugoso.net, e para mim o site é a compilação dos meus melhores trabalhos, daqueles que mais gosto, dos que tentam ser diferentes dos demais! Um site para mim, sobretudo na fotografia, deve ser um local arrumado, fácil de interagir, por temas ou separadores que façam sentido e é uma das ferramentas que uso para vender fotografias, pois se me ligam a perguntar onde podem escolher alguma foto, não as mando para o “Facebook”, nem para o “Instagram”, nem para um “site”

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de partilha de fotos, mas sim para o meu, no fundo é uma casa arrumada do trabalho compilado e onde mostro o melhor que sei fazer.

Qual o “segredo” para uma boa fotografia? Equipamento? Técnica? Olhar? Paixão? Em primeiro lugar, o que é uma boa fotografia? É a que mexe de alguma forma connosco, é a que nos faz voltar atrás e ficar a olhar para ela durante diversos segundos, é a que conta uma história ou nos faz imaginar algo, que nos faz sentir o vento na cara como se lá estivéssemos.

Para fazer uma boa fotografia, para mim, são necessários dois elementos fundamentais a sorte pois em paisagem natural não controlamos inúmeras coisas e ter a sensibilidade para agarrar o momento, este ultimo para mim é a soma da técnica, da paixão, do saber olhar em volta, esta sensibilidade que falo vai melhorando em cada “click”, em cada saída fotográfica, em cada momento, depois saber olhar para o que fazemos com algum distanciamento e numa perspetiva crítica, pois nem tudo o que fazemos é bom e nem tudo o que fazemos é mau. Eu, pessoalmente, carrego muito no obturador, chego a tirar, numa viagem fotográfica, mais de 4000 “frames” para depois escolher apenas cinco ou seis fotos que realmente me marcaram. Para terminar, o equipamento ao contrário do que muitos defendem, ajuda imenso a fazer uma boa fotografia, se eu não tiver um filtro de 10 stops e uma máquina que permita modos manuais, nunca conseguirei fazer uma longa exposição de 30 segundos ao meio dia. Mas podemos ver as coisas por outro prisma, o equipamento não faz o fotografo, e nisso concordo, saber compor uma imagem, conhecer as técnicas e aplica-las qualquer fotografo com qualquer equipamento faz uma boa fotografia, mas há casos que o equipamento nos permite ir mais além, que nos ajuda a agarrar aquele momento que de outra forma nunca conseguiríamos.

Que mensagem deixarias a quem se pretende iniciar nesta arte? A maior verdade na vida é, neste caso na fotografia, que sem trabalho nada se consegue, mas isso todos sabemos e quem está iniciar deixo o conselho de lerem muito, experimentarem muito, testarem muito, ir a diversos eventos, workshops para descobrirem qual é a vossa praia na fotografia, o que vos trás felicidade absoluta quando fotografam, depois disso invistam a sério, bons cursos ou workshops, bom material fotográfico e especifico para a área que estão a seguir e nunca mais parem, fotografem até há exaustão e não tenham medo de errar, pois ao fim de uns anos é engraça-

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Partilhem, não tenham medo de ser criticados, não vão atras do “like” mas sim da crítica pois é essa que nos faz evoluir e como dizia o Solnado “façam favor de ser felizes”.

Gostarias de acrescentar algo nesta entrevista que aches pertinente e não te tenha sido perguntado? Acrescento apenas que fotografia para mim é Amor, é partilha e sem me querer repetir eu adoro ver fotografias, ver boas fotografias e isso faz-me feliz, adoro ajudar um amigo a evoluir e da mesma forma peço que me ajudem e critiquem para poder eu também melhorar e evoluir. Por fim, a

maioria de nós não vive exclusivamente da fotografia e por isso não somos profissionais, mas este pequeno pormenor não faz de nós fotógrafos menos competentes, pois muitas vezes a dedicação que empregamos em cada momento é como se de um profissional se tratasse, a isso chamo excelência e é o estágio que persigo em cada “frame” e que tento sempre atingir em cada fotografia.

Entrevista por Filipe Morais Roque

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©José António Cavaco 32


BEATRIZ VAZ LOPES O meu nome é Beatriz Vaz Lopes, tenho 21 anos nascida e criada em Lisboa. Estudei Artes na escola artística António Arroio onde fiz um curso de Fotografia e Cinema. Após várias experiências no mundo da fotografia, (como modelo) televisão (como figurante) e da música (em vídeo clips), veio a da maquilhagem que é uma das que me apaixona e acaba por ligar todo este mundo artístico com o qual me relaciono muito à vontade. Também trabalho na restauração, outro trabalho que adoro pelo contacto com o publico e porque é algo que gosto mesmo de fazer. Sou aquilo a que se chama , numa linguagem popular "Mulher dos sete ofícios". Aprendi com a minha mãe e com a minha irmã mais velha que parar é morrer, e sei, porque sinto que não vou parar e que tudo o que gostar de fazer e me fizer sentir bem comigo e com o mundo em geral, eu irei abraçar sem medo. São experiências maravilhosas que só me podem engrandecer enquanto pessoa. Comecei a apaixonar-me pela fotografia por contacto diário com a mesma. Em ca-

sa respira-se fotografia, fala-se de fotografia e as paredes estão cheias de fotografia ou não fosse a minha mãe uma pessoa para quem a fotografia é pura arte. Além de fotografa a mamy também é produtora de eventos fotográficos, os primeiros a serem realizados no nosso país e que me orgulha muito porque é alguém que do nada conseguiu um nome respeitado por todos e arrasta multidões com ela em prol desta fantástica arte que também me apaixona. Se acham que ela me facilita a vida por ser sua filha, desenganem -se ela é mil vez mais dura comigo do que com as outras e eu sinto que isso me ajudou a caminhar pelos meus próprios pés, talvez por isso eu tenha 21 anos e à 1 ano que vivo na

minha casa unicamente com o fruto do meu trabalho. Se me sinto orgulhosa de mim? Sinto. O caminho faz-se caminhando e o meu ainda só agora começou .

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©Raul Santos Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Fernanda Magalhães Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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Š Jorge Oliveira

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©Jorge Oliveira Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Filipe Morais Roque Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Andreia Dias

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©Filipe Morais Roque

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GALERIA FOTOMANYA VIP O espaço de destaque do que melhor se publica no Grupo Fotomanya Vip Partilhe connosco as suas fotos e veja-as publicadas no próximo número

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©Pedro Quintela

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©Pedro Quintela Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Ana Luar 58


©Carlos Carreto Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Ana Luar

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ŠCarlos Carreto 62


©Carlos Carreto Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Paulo Dias Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Paulo Dias

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©Jorge Oliveira Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Miguel Pereira “Amarante”

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©José António Cavaco Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Filipe Morais Roque Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Filipe Correia

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©Carlos Silva 78


©Hugo Só Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Fernando Gonçalves Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Daniel Vieira 82


©Daniel Vieira

Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Carlos Carreto Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©José António Cavaco Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Filipe Correia Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Filipe Correia Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Filipe Morais Roque Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Hellio Raposo Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Jorge Oliveira

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©Nuno Sousa “Repouso da Libélula”


©Helena Margarida de Sousa Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Helena Margarida de Sousa Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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100


©Hugo Só

Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Pedro Grilo Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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Joaquim Capitão

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©José Fânzeres Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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ŠJorge Oliveira 106


©Jorge Oliveira Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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ŠJorge Oliveira 108


©Jorge Oliveira Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Carlos Carreto Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Carlos Carreto Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Benisa Coutinho Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©José Canelas Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©José Mariano Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©José Mariano

©Leonor Machado Neves

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©Paulo Luis

©Miguel Antunes

Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©José Mariano Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©José Canelas Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Leonor Machado Neves Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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ŠPaulo Medeiros

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©Paulo Medeiros

Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Paulo Medeiros Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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© Raul Santos

© Raul Santos 132


© Raul Santos

Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Raul Santos

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©VItor Hugo Sousa Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Vasco Inglez Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Paulo Pereira Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Nuno Valente Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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© Paulo Pereira Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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©Vitor Ferreira Fotomanya Vip — NOV / DEZ 2018

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