A RELIGIOSIDADE DOS GUARANI-KAIOWA DE MATO GROSSO DO SUL
Mesmo com toda essa modificação histórica do seu territorio e a influência da cultura não-índia na sua maneira de viver, os Guarani-Kaiowá resistem e tentam salvar sua tradição até hoje. Os Guarani-Kaiowá acreditam que atráves de suas rezas e da relação com Nhanderu (Deus) é que se mantém a estabilidade do mundo. Nessa lógica toda esse quadro de violência e a expulsam de suas terras, nao geram problemas apenas para eles, mas para a natureza - que é uma coisa só. Eles resistem culturalmente e religiosamente dentro das áreas de retomadas, nas rodovias, nas aldeias, na cidade, para que o mundo não acabe. Pois, na cultura desse povo, se eles não conseguirem agradar Deus sofreremos vários castigos. É associado os problemas ambientais como a respostas de Deus para a relação que hoje os não-indios tem com Deus e com a terra.
Ritual religioso dos Guarani-Kaiowá para Nízio Gomes, cacique da Aldeira Guaiviry assassinado há um ano.
A tradição religiosa dos Guarani-Kaiowá Os Guarani-Kaiowá são um dos povos mais religiosos do mundo. Sua tradição é renovada atraves das gerações, mesmo que haja uma forte inserção da cultura não-índia, que se mostra na utilização de roupas, celulares, computadores, fotografias, CD`s, velas, etc. Os indígenas preservão sua tradição. O território tradicional dos Guarani-Kaiowá situava-se entre a Serra de Maracajú, o Rio Apa, Rio Paraná e a fronteira com o Paraguai antes do processo de colonização. A primeira investida contra seus territórios foi em 1770 na construção do Forte Iguatemi, a margem esquerda do rio. A segunda investida foi a Companhia Matte Laranjeira, que trouxe grande impacto e mudou de forma irreversível o seu teko arandu – modo sábio de viver. Na década de 30 o Serviço de Proteção ao Índio (SPI) divide os territórios indígenas em 8 pequenas aldeias. Em 1943 há uma nova modificação nas terras indífenas com o Território Federal de Ponta Porã e a Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND), que fazia parte do projeto de Marcha para o Oeste, no Governo de Getúlio Vargas.
Em 1970 a chegada da produção de monoculturas de soja e o avanço do gado bovino, com forte estímulo governamental, no sul do Mato Grosso – atual de Mato Grosso do Sul - acelerou o processo de utilização de mão-de-obra indígena, ampliando assim, os impactos do confinamento nos pequenos pedaços de terra. A população indígena de Mato Grosso do Sul é a segunda maior do Brasil, com 73 mil indígenas, que não ocupa nem 0,5% do território do estado. São 40 mil GuaraniKaiowá que sofrem a pior violação dos Direitos Humanos do mundo. Nos últimos oito anos 254 índios foram assassinados no estado. Esse número é maior que a soma de todos os outros assassinatos de indígenas no país no mesmo período, que chega a 202 assassinatos. O que nós presenciamos é um verdadeiro genocídio dos Guarani-Kaiowá.
Casa de reza tradicional Guarani-Kaiowá
Homenagem ao cacique Nízio Gomes no primeiro ano de sua morte
Líder relioso Guarani-Kaiowá na Aldeia de Guaiviry, município de Aral Morei-
A Opy (Casa de Reza) é o centro cultural da aldeia. Sua posição no tekoha (terra sagrada) e a sua função social são estrategicamente planejadas em conformidade com a orientação espiritual das divindades. A entrada da casa de reza é sempre voltada para o leste, por conta do nascer do sol. O sol é onde é a morada Nhanderu, que para os Guarani é regente dos dias. Este deus sol é quem dita os caminhos a serem seguidos pelos Guarani. Essa foto foi tirada na Aldeira Guaiviry, município de Aral Moreira (MS), ao centro a casa de reza e ao lado esquerdo a escola que contribui para a formação cultural das crianças Guarani-Kaiowá.
A Opy e a religião foi resignificada, transformada e adapatada devido as influências dos não-indídios e seu modelo de desenvolvimento. As expulsões que os Guarani-Kaiowa sofreram nos anos 30, a política de Marcha para o Oeste e os surtos de mecanização no campo que se inicia em 1970 e se intensificam na implementação das usinas de etanol no estado modificaram seu modo de vida e aumentaram os conflitos no campo. Essa foto foi tirada na Aldeia Taquara, que fica no município de Caraapo(MS). O indígena que aparece no banner que se localiza na entrada da Aldeia é de Marcos Veron, cacique asassinado em 2003.
Casa de reza inagulgurada em 18 de novembro de 2012 em homengem ao assassinato do cacique da Aldeia Guaraivy, município de Aral Moreira. Nizio gomes foi assassinado por pistoleios armados com um tiro na região do tórax. Hoje 23 pessoas respondem por homicídio qualificado, ocultação de cadaver, fraude processual e corrupção de testemunhas. O corpo do cacique foi carregado por uma camionete e nunca mais foi encontrado. Era sonho de Nízio Gomes que fosse construido uma Casa de Reza na sua Aldeia, seus familiares no primeiro ano de sua morte realizaram seu sonho.
Esse é o Centro da Associação de Moradores da Comunidade Indígena Agua Bonita localizada em Campo Grande. Nessa aldeia urbana existe 5 etnias que vivem em um mesmo local. Os Guarani-Kaiowá por falta da Casa de Reza acaba fazendo seus rituais no centro comunitário ou na casa do próprio líder espiritual, Nito. Ao uma igreja católica cercada por grades que foi recém construída.
Há um grande número de igrejas evangélicas que competem culturalmente com a religião e a tradição dos indígenas nas Aldeias Urbanas de Campo Grande. A falta de Casa de Reza, a influência da igreja católica e evangélicas tentam modificar o modo de vida dos indígenas. Os Guarani-Kaiowá é a etnia indígena que mais faz enfrentamento a cultura do não-índio.
Diagramação e fotografia: Rafael de Abreu Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo Universidade Federal de Mato Grosso do Sul 2013