Nona Arte | setembro 2020

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1490 les differentes etapes de la fabrication du pain, Missel franciscain, Lyon, Lyon BM

Entretanto acende-se o forno, tarefa que na maior parte das vezes é tarefa masculina, para que tudo se conjugue em tempo útil e se liberte a mulher para outras tarefas, inclusive ligadas ao dia de cozer o pão. O homem limpa o forno retirando as brasas com uma pá e as cinzas com vassoura de giesta e de seguida a mulher tende a massa em escudela, dando a forma de uma bola, que é colocada na pá, segura pelo homem, que por sua vez coloca dentro de forno e assim sucessivamente até conclusão da totalidade da massa e capacidade do forno. O forno é tapado com tampa metálica e vedada com restos de massa ou barro para não perder temperatura, ficando a cozer até ao dia seguinte. Para o dia de cozedura normalmente era feito pão da mesma massa, em formato redondo e achatado, a que chamamos bolo, para fácil cozedura e ser comido no mesmo dia. Este pão já era uma iguaria em que os mais abastados recheavam com sardinhas ou carne de porco, que acompanhava a caldeirada. Havia também outros faziam sopas de leite (acabado de ser mugido da vaca) e até de vinho. Era bom ver a alegria de todos neste dia. No dia seguinte era o tempo para desenfornar o pão “broa” que de imediato era colocado no armário da cozinha e ou em tabuleiro suspenso sobre a lareira através de arames para os roedores não lá chegarem. Normalmente e em função do agregado familiar e criados, uma fornada (cozedura) daria para 15 dias. Por tudo isto e para não esquecer um passado recente, manter as tradições e fazer jus a uma boa gastronomia, a broa continua e continuará a ser servida à “boa mesa” acompanhando e ou fazendo parte do prato principal e assim nasceu a Confraria da Broa d’Avanca, para defender e prover o pão de milho, a “Broa”, fabricada a partir da farinha de milho amarelo. Como nota o milho amarelo era destinado mais para a alimentação de animais e aves, face a que o milho branco era mais nobre. Havia um senão, é que o milho amarelo era mais produtivo e por isso mais barato e assim mais favorável aos mais carenciados. Haveria muito mais a dizer sobre esta matéria, para além de uma ilustração adequada, outras histórias e mitos, mas repito, apenas escrevi estas letras porque foi solicitado e porque me deu gozo reviver a minha infância e recordar com muita saudade estas tarefas desenvolvidas pelos meus pais e muito em particular pela minha querida mãe. (desculpem-me este desabafo), nas quais os filhos tinham de participar. NONA ARTE | SETEMBRO 2020 d´Avanca - 18 Texto: Confraria da Broa


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