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Confraria da Broa d´Avanca 12

1490 les differentes etapes de la fabrication du pain, Missel franciscain, Lyon, Lyon BM

Entretanto acende-se o forno, tarefa que na maior parte das vezes é tarefa masculina, para que tudo se

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conjugue em tempo útil e se liberte a mulher para outras tarefas, inclusive ligadas ao dia de cozer o pão. O homem limpa o forno retirando as brasas com uma pá e as cinzas com vassoura de giesta e de seguida a mulher tende a massa em escudela, dando a forma de uma bola, que é colocada na pá, segura pelo homem, que por sua vez coloca dentro de forno e assim sucessivamente até conclusão da totalidade da massa e capacidade do

forno. O forno é tapado com tampa metálica e vedada com restos de massa ou barro para não perder temperatura, ficando a cozer até ao dia seguinte. Para o dia de cozedura normalmente era feito pão da mesma massa, em formato redondo e achatado, a que chamamos bolo, para fácil cozedura e ser comido no mesmo dia. Este pão já era uma iguaria em que os mais abastados recheavam com sardinhas ou carne de porco, que acompanhava a caldeirada. Havia também outros faziam sopas de leite (acabado de ser mugido da vaca) e até de vinho. Era bom ver a alegria de todos neste dia. No dia seguinte era o tempo para desenfornar o pão “broa” que de imediato era colocado no armário da cozinha e ou em tabuleiro suspenso sobre a lareira através de arames para os roedores não lá chegarem. Normalmente e em função do agregado familiar e criados, uma fornada (cozedura) daria para 15 dias. Por tudo isto e para não esquecer um passado recente, manter as tradições e fazer jus a uma boa gastronomia, a broa continua e continuará a ser servida à “boa mesa” acompanhando e ou fazendo parte do prato principal e assim nasceu a Confraria da Broa d’Avanca, para defender e prover o pão de milho, a “Broa”, fabricada a partir da farinha de milho amarelo. Como nota o milho amarelo era destinado mais para a alimentação de animais e aves, face a que o milho branco era mais nobre. Havia um senão, é que o milho amarelo era mais produtivo e por isso mais barato e assim mais favorável aos mais carenciados. Haveria muito mais a dizer sobre esta matéria, para além de uma ilustração adequada, outras histórias e mitos, mas repito, apenas escrevi estas letras porque foi solicitado e porque me deu gozo reviver a minha infância e recordar com muita saudade estas tarefas desenvolvidas pelos meus pais e muito em particular pela minha querida mãe. (desculpem-me este desabafo), nas quais os filhos tinham de participar. Texto: Confraria da Broa d´Avanca

LENDA DAS FOGACEIRAS

Escutai, nobres senhores…

Escutai nobres senhores Da fogaça apreciadores Esta lenda que vos canto, E se achardes encanto Ou algum merecimento Dela dai conhecimento Aos gentios e demais Que a nossa terra visitem Nas viagens medievais. Ide e mandai mensageiros Pelo mundo apregoar Esta lenda encantada, Que este mundo anda perdido Em mil guerras entretido. Melhor fora que essas guerras Fossem para conquistar Os corações das donzelas Que anseiam, puras e belas Que um príncipe encantado As queiram vir conquistar. E, aos pares de namorados Solteiros ou já casados Que do amor se hajam enfastiado, Dizei, que na gruta do castelo Com juras de amor renovado De amor puro e verdadeiro Suas almas magoadas Serão de novo inundadas De amor como o primeiro. Para a lenda não terminar Vamos todos acreditar Que a lenda da Fogaceira De Santa Maria da Feira Não é lenda, é verdadeira!

Francisco Pinho Confraria da Fogaça Fornos-Feira 2020

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