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Da crise do planejamento ao fragmento urbano

Da crise do planejamento ao fragmento urbano

Paisagem informe estratégias para aprender (e transformar) a cidade. Apreensível como o próprio espaço. Tanto Lynch como Cullen procuram despertar para as qualidades urbanas existentes. Uma paisagem urbana qualificada, que leva em conta o espaço construído. A new Town não tem adensamento, tem natureza, não tem estresse nem poluição urbana. A ideia de multidão está relacionada a industrialização e modernidade, a maquinização do sujeito.

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Para que não houvesse a massificação do espaço. Estabelece-se um primeiro limite de crescimento da cidade, o cinturão verde. Contudo, depois dele, há criação de novos centros urbanos. Com a industrialização, as pessoas procuram outra forma de vida, mais saudável. A new Town apresenta soluções mais interessante para as necessidades comuns.

As ideias de Jacobs, Lynch e Cullen circulavam e se rebatiam em outros contextos, cada um com suas particularidades, mas muito em comum. A ideia de cidade real, tal como ela existe, e foi de fato construída e organizada ao longo do tempo. No caso de Cullen, a maneira como vai se colocar ainda no contexto da primeira guerra mundial, pensando estratégias de conter o crescimento urbano em Londres. Logo após a guerra, vai ser aprovado um plano para a construção da new town ao redor da grande Londres, com a ideia de pensar as new towns orbitando a grande Londres para captar a população do núcleo de Londres.

O modelo de cidades jardim começa a se expandir. Howard parte de uma grandeza muito radical da paisagem industrial urbana, que traz como modelo proposto as cidades-jardim, trazendo ideias para o contexto urbano e rural. Núcleos de cidades chamadas cidades-jardim, com crescimento controlado sobre o campo e não descontrolado, sem escassez de habitação, espaços urbanos e áreas verdes.

A questão da metrópole é importante para a modernidade: por um lado o nascimento do urbanismo, uma disciplina que pensa a cidade, adquirindo uma série de funções centenárias as cidades (europeias). Esse descolamento traz uma reorganização social imposta pela indústria, a cidade regida pelo tempo natural é substituída por uma cidade que se reorganiza através de processos abstratos como jornada de trabalho e vai se perdendo a relação com a natureza, substituída por uma organização abstrata (dia com 24 horas), coisas bem abusivas do ponto de vista da exploração. Dessa forma, surge a ideia da metrópole.

O texto de Simmel “metrópole e vida mental”, fala do impacto da cidademetrópole sobre o indivíduo e a forma com a qual este consegue resistir a isso (encontro com desconhecidos o tempo todo, impessoalidade, estranheza). Como preservar a ideia de manter a identidade na cidade contemporânea.

A ideia do Howard traz a cidade sem os seus problemas negativos (ausência de relação de sociabilidade, poluição da indústria, etc.), a cidade é reduzida ao essencial, não é o retorno ao campo pré moderno. A cidade-jardim vira um movimento que ganha adesão rápida e estendida na Europa e nos EUA. E tem em Londres o seu maior investimento para cumprir a proposta ao longo dos anos com várias new towns e aprender com os casos concretos para ir melhorando sempre que possível. É muito criticada, chegando a um limite, até que ponto pode-se construir uma cidade artificial,

a cidade se molda, se constrói com o tempo, com personalidades. Criam uma alternativa menos poluidora para a cidade moderna industrial. Nas cidades jardim não podia consumir álcool, tinha várias outras “normas”.

Na década de 50 havia uma falta de urbanidade dessas cidades, a aposta em um novo tipo de vida da perspectiva dos new towers era contra essa vida urbana, esse tecido urbano concentrado em certos pontos e uma dispersão enorme do tecido urbano. Criam uma resposta controlada a isso, mas geram uma vida mais urbanorural, que não se compara com a vida urbana mesmo de cidades pequenas que crescem de maneiras gradativas e dão vigor a vida urbana. A crítica ao desenho da new town é “de que maneira é possível instigar para viabilizar a vitalidade urbana satisfatória em um lugar artificial.” A ideia de tentar criar variedade e evitar monotonia.

Ian Nairn e Gordon Cullen lançam uma edição da architectural review com anotações que eles fazem em uma viagem. Pensar espaços urbanos das cidades inglesas, fazem uma leitura destas a fim de tentar aprender o que é a dimensão da cidade inglesa pós industrialização. Cada vez mais há uma tendência a diluição que se impõem, ela domina e passa a ser a norma e é contra isso que vão se posicionar. Há a mesma ausência de atributos na saída de Southampton e da chegada de Carlisle. A ideia de vida do campo da proposta das new towns é meramente utópica.

Várias imagens que Cullen faz de repetições, perda daquilo que distinguia o que a cidade tinha como sua anteriormente, da vida urbana que se desenvolvia em cada contexto. Diluição das cidades sobre o campo que é sub-utópica, procura-se despertar a consciência para que esse processo não se expanda, na intenção de pensar a cidade já existente de forma a melhorar seus problemas. A penetração massiva da sociedade de consumo, com elementos que deturpam as qualidades urbanas do local.

O pitoresco entra como a defesa de uma paisagem urbana com atributos, que aparece em Paisagem Urbana, 1996 Gordon Cullen. A condensação com liberação de espaço livre que cria um tecido urbano muito mais marcado por vazios do que por espaços construídos. Para Cullen, não há como igualar a paisagem urbana à paisagem natural. Ele sempre embebe os desenhos de natureza subjetiva, uma complementação da forma de pensar a cidade, essa dimensão subjetiva faz pensar nas possibilidades para a cidade.

Há reivindicação de uma metrópole que procura reforçar o contraste, Cullen procura despertar o sujeito caminhante e observador para esse contraste, as sensações que explorar a cidade causam e o processo de descoberta deve saltar a vista de acordo com que o sujeito vai explorando a cidade. Opondo-se à ideia de visão serial. Cria-se possibilidades de percepções diferenciadas e apreensões gerais do todo.

Todo o repertório anterior é baseado na ideia de funcionalidade, pensar a cidade como fragmentos e não um grande plano gera soluções interessantes para os detalhes contexto urbano e sua vivência. As paisagens urbanas criadas pelo acúmulo histórico onde o tempo é o protagonista no processo de moldar a cidade.

Em “The image of the city” Kevin Lynch, 1960, há um esforço para tentar restituir o controle da imagem urbana, Lynch tem a intenção de que seu livro pudesse nortear, de uma forma generalizada, as pessoas a entenderem a cidade. Pensando na elaboração de um método mais abrangente possível. Ele coloca a arquitetura como uma arte passageira, fala da ideia da incorporação da história, mesmo uma cidade com temporalidade menor. No planejamento moderno, isto teve um desdobramento

cheio de problemas, principalmente com relação a espacialidade na cidade, como em Brasília. Principalmente por não conciliar as dinâmicas políticas, sociais e econômicas, deixando tudo fragmentado ou setorizado.

Cria vários mapas mentais e, a partir deles define uma imagem coletiva da cidade, que compõe-se individualmente. Faz entrevistas, mapas, formas visuais, etc. a fim de mapear elementos marcantes, comuns e outras características.

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