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TOPONÍMIA
from Retalis2023
Desta vez esta regular rubrica que acompanha a revista da Retális há uns anos, tem como alvo a avenida Almirante Reis.
Escolha que não foi inocente, pois esta artéria tem sido nos últimos anos motivo de polémica e até um símbolo nas últimas eleições autárquicas de Lisboa, pelo facto de nela ter sido construída uma ciclovia que além de a descaracterizar destruiu um dos principais eixos rodoviários da cidade. Todos esperamos ansiosamente uma rápida e certeira solução para este grave problema. A avenida Almirante Reis que antes teve o nome de avenida Dona Amélia (1903) e também de avenida dos Anjos (1895), deve o seu nome a Carlos Cândido dos Reis, militar republicano que juntamente com Miguel Bombarda e Machado Santos, che ou o movimento revolucionário do 5 de outubro de 1910. Cândido dos Reis era um republicano convicto, anticlerical e carbonário ativista tanto que quando fracassou o golpe que aprontara para 28 de janeiro de 1908, dedicou-se logo a preparar nova revolução. Na tarde de 3 de outubro de 1910 impediu o adiamento da revolta declarando: «A Revolução não será adiada. Sigam-me se quiserem. Havendo um só que cumpra o seu dever, esse único serei eu». Na madrugada de 5 de outubro, dirigiu-se aos Banhos de São Paulo para conferenciar com os companheiros e como as notícias não eram boas já que a maior parte das unidades militares comprometidas não tinham chegado a revoltar-se, julgaram perdida a causa republicana e decidiram fugir. Cândido dos Reis suicidou-se na Azinhaga das Freiras em Arroios, e foi considerado um dos primeiros mártires da revolução, tendo tido um funeral conjunto com Miguel Bombarda no dia 6 de outubro de 1910. Re ra-se ainda que o Carlos Cândido dos Reis era um dos deputados eleitos na lista republicana para a vereação da Câmara de Lisboa em 1910. No 1º Edital após a proclamação da República, além da avenida Almirante Reis foram também xados na memória da cidade a avenida Cinco de Outubro, a avenida da República, a avenida Miguel Bombarda e a avenida Elias Garcia.
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Pedro Lopes